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1 Clínica Médica e Terapêutica de Grandes Animais II | Medicina Veterinária | Afecções do O sistema respiratório é capaz de desenvolver várias funções no organismo animal. A mais importante é a hematose, que são realizadas a oxigenação sanguínea e a liberação de gás carbônico nos alvéolos pulmonares. Outras funções do sistema respiratório são: manutenção do equilíbrio acidobásico; atuação como um dos reservatórios de sanguíneos do organismo; filtração; metabolização de substâncias como serotonina, prostaglandina, corticosteroides e leucotrienos; ativação de angiotensina; termorregulação e fonação. Os ruminantes apresentam respiração toracoabdominal, o padrão respiratório nos permite identificar onde está a afecção. Quando está com dificuldade respiratória com abdômen. A identificação do animal pode ajudar a desenvolver um diagnóstico, por isso inclua referências definitivas como: espécie animal, raça, nome ou número de identificação, idade, peso, uso e produção. Realizar perguntas sobre o indivíduo, mas também sobre o rebanho; desempenho produtivo; condições sanitárias de rebanho, se há casos de tuberculose; profilaxia parasitaria; sistema de criação; início das manifestações; duração e progressão do quadro; sinais clínicos de outros sistemas. Exame físico geral: Aferir a frequência e características da respiração pulmonar; frequência e características dos movimentos ruminais; frequência e características da auscultação cardíaca; temperatura interna; apetite; micção e defecação. Exame físico do sistema respiratório: Inspeção direta: animal respirando com a boca aberta, posição ortopneica, membros abertos, pescoço esticado, cianose, ruido, esternutação. Inspeção indireta: raio-x (pequenos ruminantes e bezerros), ultrassom, endoscopia (rinolaringotraqueobroncoscopia), “abre boca” (observar se não há nada obstruindo a laringe). Olfação (do ar expirado): observar odor do ar expirado, apenas se não houver suspeita de tuberculose. Auscultação: traqueia e pulmão, auscultar em toda região dos lobos pulmonares do lado direito e esquerdo. Figura 1 Pontos de auscultação em bovinos. Espécie FR (mpm) Bovinos 15 a 35 Bubalinos 15 a 35 Bezerros 20 a 50 Ovinos 12 a 20 Caprinos 15 a 30 2 Clínica Médica e Terapêutica de Grandes Animais II | Medicina Veterinária | Palpação: palpar o pescoço e avaliar reflexo da tosse, palpar parede torácica. Frêmito pleural Frêmito brônquico Não se modifica pela tosse Modifica-se pela tosse e, às vezes, até desaparece Impressão auscultatória de ruído superficial Impressão Auscultatória de ruído menos superficial, mais distante A pressão do ouvido ou do estetoscópio sobre a parede do tórax torna-o mais nítido, mais distinto, e as vezes produz dor A pressão do ouvido ou do estetoscópio sobre a parede do tórax não o altera, não o torna mais nítido, não produz dor Geralmente ocupa áreas restritas, de preferência na região axilar em um só hemitórax Geralmente difuso, ocupando áreas mais vastas, nos dois hemitórax Percussão: do pulmão e seios nasais, se houver líquido o som será submaciço e será claro se estiver seco. Exames complementares: Swab de secreção nasal, lavado traqueobrônquico, tuberculina , coproparasitológico, broncoscopia, sorologia (Microplasmose e IBR), radiografia, ultrassonografia, hemogasometria. A sinusite é um processo inflamatório que acomete os seios paranasais, após realização da descorna plástica, mochação com ferro candente, trepanações ou em decorrência de fratura dos cornos, com exposição do seio nasal. Aspectos relacionados à falta de antissepsia, realização de descornas por pessoas inabilitadas, presença de corpo estranho e pós-operatório conduzido de forma inadequada são importantes na etiopatologia. A sinusite primaria é causada por Arcanobacterium pyogenes, Pasteurella spp., Staphylococcus aureus, Fusobacterium Necrophorum, Pseudomonas spp., e principalmente Streptococcus spp. Manifestações clínicas: Os ruminantes apresentam aumento em região do focinho, secreção nasal e sensibilidade. As lesões geralmente se acumulam no divertículo pós-orbital do seio. Tratamento: Realizar trepanação do seio frontal ou maxilar e fixação de sonda para realização de lavagens com agentes antissépticos (Iodóforos suaves), antibióticos de amplo espectro (penicilina 0,5 a 1 g), anti-inflamatório (flunixin); Não administrar o antibiótico por mais de 3 dias, pois pode causar úlcera de abomaso. Descorna se houver lesão no chifre. Terapia de suporte. A Oestrose, também conhecida como “bicho de cabeça” ou renite parasitária, é uma patologia de ovinos causada pela fase larval do parasita Oestrus ovis, mais conhecido como mosca nasal das ovelhas. A mosca coloca larvas ao redor das narinas dos animais. As larvas migram até os seios paranasais e se desenvolvem nesta região por várias semanas, até meses. Manifestações clínicas: O animal apresenta agitação, esconde a cabeça, coçar o focinho, espirros, secreção nasal purulenta, lacrimejamentos, sinusite, dispneia, transtornos nervosos e locomotores, emagrecimento progressivo, morte. Diagnóstico: 3 Clínica Médica e Terapêutica de Grandes Animais II | Medicina Veterinária | É possível realizá-lo por endoscopia, na radiografia observasse pontos radiopacos devido a presença de vermes mineralizados. Tratamento: Administrar Ivermectina 200mg/Kg, SC, no final do verão e outra dose no inverno. A pneumonia verminótica é uma inflamação ou infecção nos pulmões que pode provocar lesões temporárias ou permanentes, dependendo da gravidade. É causada por vermes nematódeos, entre eles estão: Dictyocaulus viviparus em bovinos e cervos; D. filaria, Protostrongylus rufescens e Muellerius capillaris em ovelhas e cabras. Essa enfermidade acomete bezerros jovens no primeiro ano de vida, vários animais da mesma idade, adultos introduzidos de região livres do agente, animais de climas amenos e úmidos, regiões serranas e vales próximos a serras, região sudeste no outono-inverno, os animal adultos são mais resistentes mas apresentam manifestações clínicas e são fontes de infecção, imunidade sólida (contato com o agente). Ciclo de vida: Figura 2 Ciclo de vida do Dictyocaulus viviparus. 1. Ocorre a ingestão de larvas; 2. Nos linfonodos mesentéricos as larvas chegam ao 4° estágio; 3. Acomete o pulmão via linfática e sanguínea, atinge a maturidade e ovipostura; 4. Ocorre a deglutição das larvas e os ovos são defecados. Manifestações clínicas: O animal apresenta anorexia, perda de peso, produção reduzida de leite, acompanhada de diferentes infecções nos bovinos, ovinos e caprinos. Infecções subclínicas patentes podem ocorrer em todas as espécies. Taquipneia e tosse, secreção nasal. Inicialmente respiração rápida e superficial, acompanhada de tosse exacerbada pelo exercício. Dispneia; animais infectados maciçamente permanente com suas cabeças entendidas para frente, com a boca aberta e com salvação. Ruídos pulmonares proeminentes na bifurcação bronquial. No gado leiteiro adulto, queda severa na produção leiteira e ruídos pulmonares anormais acima dos lobos caudais do pulmão. Obstrução das vias aéreas e colapso dos alvéolos distais ao bloqueio (por um infiltrado de eosinófilos em resposta ao desenvolvimento das larvas). Pneumonia crônica, não supurativa, eosinofílica e granulomatosa (resposta aos ovos e às larvas de primeiro estágio que são aspiradas no interior de alvéolos e bronquíolos). Enfisema intersticial, edema pulmonar e infecção secundária são complicações que aumentam as probabilidades de um resultado fatal. Diagnóstico: 4 Clínica Médica e Terapêutica de GrandesAnimais II | Medicina Veterinária | Avaliação dos sinais clínicos, epidemiologia e necrópsia. Presença de larva de primeiro estágio nas fezes e necropsia dos animais do mesmo grupo ou do mesmo rebanho. Broncoscopia e radiografia podem ser uteis em alguns casos. As larvas não são encontradas nas fezes dos animais nos períodos pré ou pós-patente e, usualmente, também não são no fenômeno de reinfecção. O método de Baermann para detectar larvas, em infecções maciças as larvas podem estar presentes em 30 minutos. Tratamento: O Levamisol, os Benzimidazóis (Fenbendazol, Oxifendazol e Albendazol), assim como a ivermectina são mais frequentemente usados em bovinos, e são efetivos contra todos os estágios de Dictyocaulus. Estas drogas são também efetivas contra vermes pulmonares em ovinos e caprinos. Animais no pasto devem ser confinados para o tratamento. Terapia de suporte pode ser necessária para complicações que podem aparecer em todas as espécies. Controle: Não permitir que bezerros pastem com outros animais; impedir seu acesso a pastos com histórico de infecção recente por vermes pulmonares. Combinação de uma prática regular de pastoreio com anti-helmínticos estratégicos. A vacinação contra os parasitas pulmonares que infestam os bovinos é praticada em larga escala no nordeste da Europa. A vacina é constituída de larvas infectantes atenuadas, irradiadas pelos raios-x, administradas por via oral em 2 doses com intervalo de 4 semanas. Manifestação clínica D. viviparus Pneumonia infecciosa Febre Ausente ou moderada Presente Tosse Presente, exacerbada, após exercício Variável, não se altera após exercício Taquipneia Presente Variável Corrimento nasal Ausente Geralmente presente É uma doença infectocontagiosa crônica causada por uma bactéria, Mycobacterium bovis, estreitamente relacionada as formas humana e aviária da tuberculose (zoonose). As espécies susceptíveis são bovinas, caprinos e suínos. Epidemiologia: 1° Fonte de infecção: Animais doentes, portadores inaparentes. 2° Eliminação: Fezes, urina, sêmen, leite, colostro, gotículas e secreções respiratórias. 3° Transmissão: Aerossóis, leite contaminado, água e aumentos contaminados. 4° Porta de entrada: Via respiratória e via digestória. Patogenia: 5 Clínica Médica e Terapêutica de Grandes Animais II | Medicina Veterinária | O agente é inalado; pode ser ingerido no leite devido a tubérculo no úbere, se dissemina por todo organismo, tuberculose miliar. No pulmão ocorre a formação do foco primário, se o animal estiver hígido ocorre a calcificação (nodos calcificados de Mycobacterium. Caso não ocorra a calcificação, o foco primário se torna caseoso, que com a evolução do quadro sofre liquefação, indo para circulação sanguínea, disseminado pelo organismo, podendo desencadear tuberculose em diversos locais. A tuberculose miliar é o quadro de tuberculose generalizada. Manifestações clínicas: O animal apresenta tosse, corrimento nasal, estertores pulmonares e emagrecimento progressivo crônico. Diagnóstico: Prova intradérmica de tuberculina. A intensidade da reação à prova não indica a gravidade da doença, pelo contrário indica alta imunogenicidade. Interpretação do teste cervical comparativo em bovinos: Inoculação de 0,1mL de PPD ( sigla em inglês para derivado proteico purificado) bovina e aviaria (mais cranial) via intradérmica; Leitura após 72 horas. ∆B - ∆A (MM) Interpretação ∆B < 2,0 - Negativo ∆B < ∆A <0 Negativo ∆B ≥ ∆A 0,0 a 1,9 Negativo ∆B > ∆A 2,0 a 3,9 Inconclusivo ∆B > ∆A ≥ 4,0 Positivo Interpretação do teste cervical comparativo em caprinos: ∆B - ∆A (MM) Interpretação ∆B ≤ ∆A (-) a 0,0 Negativo ∆B > ∆A 0,0 a 1,8 Negativo ∆B > ∆A 1,9 a 2,4 Inconclusivo ∆B > ∆A ≥ 2,5 Positivo Interpretação do teste cervical comparativo em ovinos: ∆B - ∆A (MM) Interpretação ∆B ≤ ∆A (-) a 0,0 Negativo ∆B > ∆A 0,0 a 0,9 Negativo ∆B > ∆A 1,0 a 1,9 Inconclusivo ∆B > ∆B ≥ 2,0 Positivo Epidemiologia: No Brasil a notificação oficial é de 7,1% em rebanhos reagentes, e de 1,3% de animais reagentes segundo o MAPA. É necessário habilitação do médico veterinário junto ao MAPA para realização dos exames estipulados no PNCEBT (Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal). O médico veterinário atua no descarte dos animais positivos, descartar dos inconclusivos se os positivos forem em número muito elevado; limpeza e desinfecção das instalações com fenol orgânico (3 a 5%). No prazo de 90 dias realizar testes de tuberculinização em todos os animais do rebanho acima de 2 meses de idade; passar a realizar testes de tuberculinização a cada 3 ou 4 meses até que dois testes consecutivos não apontem mais a ocorrência de animais positivos; a partir daí realizar testes de tuberculinização semestrais conforme recomendação de leite; após cada teste com detecção de animais positivos realizar nova desinfecção de instalações e instituição de quarentena. 6 Clínica Médica e Terapêutica de Grandes Animais II | Medicina Veterinária |
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