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1 Unijorge – CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL PENAL I – Prof. Natália Pertesen RELATÓRIO DE SESSÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI ACADÊMICO SEMESTRE Mônica Santos Pereira – 151006575 7º sem. COMARCA VARA PROCESSO N.º Mato Grosso do Sul 2ª. Vara Criminal 0004261-10.2014.8.12.0001 DATA HORA DO INÍCIO HORA DO TÉRMINO 12/09/2018 08:00 14:00 ACUSADO MARCOS ROBERTO CANAVER – Defensor Público Dr. Ronald Calixto Nunes, VÍTIMA Diogo Barreto Canhoto – Promotor De Justiça Dr. Humberto Lapa Ferri TIPIFICAÇÃO DO CRIME Art. 121, § 2º, inciso II e IV, do CPB RELATÓRIO DO FATO (em resumo, a data, a hora, o local, os meios de execução nos termos da denúncia) O representante do Ministério Público ofereceu denúncia contra MARCOS ROBERTO CANAVER, conforme qualificado na peça delatória, atribuindo-lhe o tipo penal descrito no artigo 121º, § 2º, inciso II e IV do Código Penal Brasileiro, por fato cometido contra a vítima DIOGO BARRETO CANHOTO. A peça de acusação narra que, no dia 23 de Janeiro de 2010, por volta das 18h35,na Rua Bartolomeu,em frente ao lote da 19 quadra 113,Bairro jardim Nordeste, o denunciado Marcos Roberto Canaver impelido por animus necandi e utilizando uma arma de fogo fornecida pelo inimputável Renan Martinez da Silva,desferiu disparos contra a vítima DIOGO BARRETO Canhoto, atingindo o resultado morte. Após a denuncia, a instrução preliminar probatória transcorreu regularmente. Recebida a denúncia em 27-1-2014 (f. 195-6), foi citado (f. 212) e apresentou Defesa Escrita (f. 214), por intermédio do Defensor Público,Ronald Calixto Nunes, que o acompanhou até o final. O acusado foi devidamente interrogado e nessa oportunidade,confessou de forma qualificada, ou seja, ter agido em legítima defesa, f.350. A denúncia foi recebida e o denunciado pode aguardar o julgamento em liberdade, pois assim respondeu ao processo, estando, por ora, ausentes os requisitos do art. 312, do CPP. Todavia, o denunciado foi intimado para comparecer em juízo a cada 3(três) meses para atualizar o endereço. TESE DA ACUSAÇÃO A representante do Ministério Público, promotora de justiça Rosana Cordovil absolveu o réu contrária a tese inicial apresentada pelo Promotor Manoel Murrieta, que na denuncia qualificou o crime pelas circunstancias do modo de execução mencionado, já que o ataque aconteceu de forma inesperada, imprevista e imprevisível. Como tese contra o réu apresentou dois pontos a seguir: Primeiro que não pode se considerar legítima defesa e nem considerar as testemunhas, pois no caso em tela, a arma não foi apreendida, ninguém viu a arma da vítima, o laudo feito no local do crime,consta a vestimenta da vítima,mas não consta arma.Segundo que a mulher da vítima fala que o marido teve uma discussão com o réu e que Diogo(vitima) chamou Marcos (réu) de “moleque”,nisso o réu sacou a arma e atirou,em seguida sobe em cima da vítima e dispara dois tiros e que na fuga deu um tiro e acertou uma criança,mas em juízo ela disse que o tiro foi para cima. Já Tereza cunhada da vítima, disse que o réu foi para cima da vítima e não a vítima para cima dele. Mas,na delegacia mentiu,portanto,com base nas testemunhas não pode apurar. Gilberto disse que a vítima chingou o réu,dá a entender que a vítima não foi para cima.Mas não teve perguntas certas. Contra ele ainda tem o tiro,a vítima foi atingido na lateral que atingiu o braço, para ser legítima defesa o tiro deveria ser na testa ou no coração,disse. Em favor do Réu tem as testemunhas,Renan disse que a vítima foi para cima e que estava armado. Vanessa,prima do Réu disse que não viu a vítima ir para cima,mas viu mexendo na cintura. Vanda disse que a vítima foi para cima. Com isso o representante do MP concluiu que não foi motivo fútil e nem surpresa,pois os dois estavam em uma discussão,portanto houve uma discussão,esse Diogo (vitima) já teve várias passagens, teve varias testemunhas mas cada uma fala uma coisa,deste modo fica difícil condenar o réu. A vítima, não tinha razão para esperar ou suspeitar da agressão já que no próprio relato das testemunhas no processo, davam contam que o réu conhecia a vítima, que moraram por um tempo na mesma rua, tendo eles boa convivência. Isso foi usado em desfavor da vítima, dissimulando o réu a sua intenção na aproximação, procurando, com ação repentina, dificultar ou impossibilitar a defesa da vítima, o que foi comprovado através do laudo necroscópico apontando que o mesmo alvejou a vitima pelas costas, com 5 disparos que lhe causou a morte, revelando assim, o dolo em relação ao fim proposto (matar) e aos meios escolhidos (dissimulação e surpresa). TESE DA DEFESA Na pessoa do defensor Público Dr. Rafael Sarges, foi centrada a defesa do réu RAIMUNDO PRATA DE ARAÚJO, e tal como o acusado fez no seu interrogatório, sustentou a negação da autoria, buscando plantar duvidas nos jurados quanto a retificação do nome do acusado, já que inicialmente quem respondia pelo delito era o nacional WENDERSON PRATA DE ARAUJO, que, além de ser primo e possuir traços parecidos, também tem a alcunha de “DINHO”, levantando a hipótese de ser este de fato o autor, o que levaria, no caso de condenação do réu presente, o cometimento de uma injustiça de difícil reparação. Para tanto, utilizou de vários exemplos e mencionou expedientes praticados pela Policia Civil e Militar na criminalização de algumas pessoas, acusando-os de construir provas e orientar testemunhas para prejudicar os desafetos, ainda que inocentes como o seu cliente. RÉPLICA SIM ( ) NÃO ( X ) TRÉPLICA SIM ( ) NÃO ( X ) RESULTADO DO JÚRI (VEREDICTO) CONDENATÓRIO ( ) ABSOLUTÓRIO ( x ) DESCLASSIFICATÓRIO ( ) RESUMO DA SENTENÇA (fundamentação e pena imposta) O conselho de sentença absolveu o acusado, tendo como base o pronunciamento a denúncia crime pelo Exm. Sr. Juíz de Direito, Dr. ALUÍZIO PEREIRA DOS SANTOS,na fase processual,decidiu que o juízo é de probabilidade e não de certeza. Portanto, concorrendo a materialidade e indícios suficientes de autoria, deve a causa ser submetida a julgamento (art. 413 do CPP). RAIMUNDO PRATA DE ARAÚJO, qualificado nos autos, pela prática de homicídio qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima, nos termos do Art. 121, § 2º, inciso IV, do CPB, à pena base de 17 (dezessete) anos de reclusão. Conforme o teor da sentença, não havia atenuantes a serem levadas a efeito e ainda militava em desfavor do réu a agravante da reincidência, que foi considerada como circunstância judicial, feito na primeira fase. Não se encontrou a favor do réu nenhuma causa de diminuição, tão pouco, causa de aumento de pena na espécie. Diante disso a pena de 17 (dezessete) anos de reclusão por concreta, ficou como definitiva e final, imposta inicialmente no regime FECHADO. O condenado responde preso ao processo e nesta condição permanecerá para fins de recurso. OBSERVAÇÕES As testemunhas arroladas pelo Ministério Público, CLEIDE ALEIXO NEVES e CLAUDETE ALEIXO NEVES, por serem irmãs da vítima, foram ouvidas na condição de informantes. A representante do MP requereu a desistência da oitiva das testemunhas DILCILENE MORAES DA SILVA, sem oposição da Defesa, o que foi deferido pelo Juízo, já que a mesma se encontrava fora da cidade. A defesa não arrolou testemunhas. DATA ASSINATURA DO ACADEMICO