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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO Processo nº: (...) JOÃO DA SILVA, reclamante ora recorrente, por seu advogado, na ação trabalhista que contende com a EMPRESA METALÚRGICA RIO BRANCO LTDA., recorrido, já qualificado nos autos, vem interpor a Vossa Excelência com fulcro no artigo 893, III e 896, alíneas a e b, da CLT, bem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, em tempo hábil e de forma regular, interpor RECURSO DE REVISTA Contra a v. acórdão de fls., conforme as razões anexas. Nesse sentido, requer o recebimento e processamento do presente recurso, para ulterior apreciação e julgamento pelo Egrégio Tribunal Superior do Trabalho. A matéria da competência das razões recursais está suficientemente prequestionada, nos termos da súmula nº 297 do TST. Além disso, o presente recurso traz a necessária transcendência prescrita no art. 896-A da CLT Por fim, encontram-se preenchidos todos os pressupostos de admissibilidade, tais quais a tempestividade, legitimidade, o pagamento das custas em 2% do valor da causa conforme o art. 789, §1, CLT e o depósito recursal, conforme a súmula 245, TST. Diante do exposto, requer-se o recebimento deste recurso, a intimação da parte contrária, para que se apresentem as contrarrazões, e a remessa dos autos ao TST. Termos em que pede deferimento Local, 15 de novembro de 2020 Advogado OAB/UF EGRÉGIO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, COLENDA TURMA RAZÕES DE RECURSO DE REVISTA Origem: Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região Processo nº: xxx Recorrente: JOÃO DA SILVA Recorrido: EMPRESA METALÚRGICA RIO BRANCO LTDA. 1. DO ACÓRDÃO RECORRIDO Quando do julgamento do recurso ordinário interposto pelo respectivo recorrente, o Tribunal a quo entendeu pelo não provimento do recurso, mantendo a sentença do juízo de origem o qual alegou que à parte autora não é devido a hora reduzida, pois João começava seu trabalho as 20 horas, não às 22 horas, aduzindo que a indenização de dano moral não era devida, pois não restou comprovada nos autos a culpa da reclamada, e, por fim, em sede de prequestionamento, entendendo que a preliminar de nulidade arguida não merecia provimento, em sde. Porém, com a devida vênia, o respeitável acórdão não merece prosperar, razão pela qual requer sua reforma pelos fatos e direitos expostos à seguir. 2. DA TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA (ART. 896 - A) O presente recurso de revista preenche o pressuposto recursal específico da transcendência, pois a matéria - aqui - abordada induz reflexos gerais de natureza social e jurídica, de modo que a natureza da decisão ultrapassa os interesses meramente subjetivos em discussão do processo. 3. DA PRELIMINAR DE NULIDADE Considerando que o juízo da 2ª Vara do Trabalho de Santo André, prolatou sentença parcialmente procedente, tendo entendido pela desnecessidade de provas e indeferido os protestos em relação à oitiva de testemunhas e prova pericial para mensuração da redução da capacidade laborativa para fundamentar o dano moral requerido, no momento da instrução processual, e que, em sede recursal de Recurso Ordinário, a 1ª Turma do TRT da 2ª Região, entendeu pela manutenção da sentença e pelo não provimento da preliminar de nulidade fundamentada pelo cerceamento de defesa, decidida após interposição de Embargos de Declaração, fundamentado na Súmula 297 do TST, viemos expor o que segue. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, inciso LV, disciplina que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” (grifo meu), ou seja, ao recorrente está garantido na Constituição, como um de seus direitos e garantias fundamentais o direito ao contraditório com meios e recursos a ele inerentes, sendo plausível o pedido de oitiva de testemunhas e prova pericial, sob pena de configurar o Cerceamento de Defesa. Sendo assim, neste ponto, requer-se a nulidade do acórdão atacado, bem como o retorno dos autos ao juízo a quo, para que seja oportunizado ao recorrente a produção de provas, conforme garantia dada pela Constituição. 4. DO DIREITO O egrégio TRT julgou pelo não provimento do Recurso Ordinário, tendo acolhido a turma ao voto do Desembargador relator, no sentido de manter a sentença de primeiro grau por seus próprios fundamentos, os quais entendiam que a hora reduzida noturna somente pode ser deferida aos trabalhadores que iniciam sua jornada a partir das 22 horas - João, recorrente, iniciava seu labor às 20 horas - e a indenização de dano moral na medida em que não restou comprovada nos autos a culpa da reclamada, pois o reclamante deveria tomar maior cuidado no exercício de suas funções, logo foi responsável pelo acidente. 4.1. DA HORA REDUZIDA Considerando a negativa do acórdão, através da manutenção da sentença pelos seus próprios fundamentos, em relação percepção da hora reduzida ao empregado, pela justificativa de que seu labor iniciava às 20 horas, e não às 22 horas, conforme disciplina o art. 73, §1º da CLT, deve-se observar, também, a possibilidade da hora mista e da hora prorrogada. Neste sentido, o Tribunal Regional da 3ª Região entende da seguinte forma: ADICIONAL NOTURNO E HORA NOTURNA REDUZIDA SOBRE A PRORROGAÇÃO DA JORNADA. SÚMULA 60, TST. INCIDÊNCIA NA JORNADA MISTA. Nos termos da Súmula 60, do TST, e do art. 73, §5º, da CLT, e conforme a jurisprudência majoritária deste Tribunal, a incidência do adicional noturno, bem como da hora noturna reduzida, sobre o tempo trabalhado em prorrogação à jornada noturna, ocorre mesmo nas hipóteses em que a jornada ordinário não é cumprida integralmente entre as 22h e as 5h. Ou seja, até no caso das jornadas mistas, em que partes da jornada ordinária perpassam o período noturno e diurno, o adicional noturno e o cômputo da hora noturna reduzida aplicam-se ao tempo consecutivo ao período noturno. (TRT-3 - RO: 001065926201850300030010659-26.2018.5.03.0003, Relator: Taisa Maria M. de Lima, Décima Turma). (Grifo meu). Demonstrando efetiva divergência entre entendimentos de Tribunais Regionais, acerca de matéria sobre Lei Federal. Ademais, cabe destacar que a CLT, em seu art. 73, §4, alega que “nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos”, concedendo ao período de labor noturno, ainda que tenha se iniciado em horário diurno, a incidência da hora reduzida, prevista no §2º do mesmo dispositivo legal. 4.2 DO DANO MORAL POR ACIDENTE Tendo em vista que o entendimento da 1ª Turma do TRT da 2ª Região entendeu por manter a sentença pelos seus próprios fundamentos, os quais, tratando-se do pedido de indenização por dano moral, entenderam que “não restou comprovado nos autos a culpa da reclamada, ora recorrida, pois o reclamante deveria tomar maior cuidado no exercício de suas funções, sendo o responsável pelo acidente”. Ficou evidente que o entendimento para apreciação dessa decisão deu-se pela não observância da oitiva de testemunhas, prova testemunhal negada pelo juízo de origem e que, pelo Princípio da Primazia da Realidade, poderia ter sido corroborada pelas testemunhas, haja vista que em primeira instância João da Silva alegou que a escada do estabelecimento onde prestava serviço estava molhada em razão de vazamento existente no local que não reparado pela reclamada. A luz da Constituição Federal de 1988, cujo seu art. 5º, inc LV, temos que “são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”, o que não se convalida no caso em tela, haja vista que a parte autora dispunha de testemunhas e tinha o interesse na produção de prova pericial para mensurar a redução da sua capacidade laborativa, sendo-lhe impedida pelo juízo de origem de comprovar os fatos alegados, configurando assim o Cerceamento de Defesa. Assim, requer-se a reforma do acórdão para provimento, inclusiveda preliminar de nulidade. 5. REQUERIMENTOS FINAIS Diante do exposto, requer-se o conhecimento do presente recurso, que se acolha o pedido preliminar e que se dê provimento ao recurso, para reformar a sentença e julgar procedente as postulações do reclamante. Termos em que pede o deferimento. Local, data Advogado OAB
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