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Doença pulmonar obstrutiva crônica SEGUNDO O CECIL... DPOC é uma condição caracterizada pela progressiva obstrução ao fluxo de ar, em grande parte irreversível, normalmente com aparecimento clínico em pessoas de meia‐idade ou idosos com histórico de tabagismo, e que não pode ser atribuída a outra doença específica. Há aumento anormal dos espaços aéreos pela destruição e deformação das paredes alveolares (enfisema) + alterações patológicas das vias aéreas de condução associada a tosse persistente e expetoração pelo alargamento anormal das glândulas mucosas no seio das vias aéreas centrais cartilaginosas (bronquite crônica). pacientes com comorbidades significativas podem ter impacto na morbidade e mortalidade. na ausência de limitação do fluxo aéreo, é necessário realizar uma avaliação adicional para investigar patologia pulmonar significativa, como enfisema. A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença comum, prevenível e tratável (com objetivo de melhorar sintomas, reduzir mortalidade e crises), caracterizada por sintomas respiratórios persistentes e limitação do fluxo aéreo devido a anormalidades das vias aéreas e/ou alveolares, geralmente causadas por exposição significativa a partículas ou gases nocivos e influenciada pelo hospedeiro por fatores como o desenvolvimento pulmonar anormal. É importante reconhecer que os sintomas respiratórios crônicos: (1) podem preceder o desenvolvimento da limitação do fluxo aéreo, (2) podem estar associados ao desenvolvimento de eventos respiratórios agudos, (3) também estão presentes em indivíduos com espirometria normal, e (4) muitos fumantes sem limitação de fluxo aéreo tem alterações estruturais de DPOC como enfisema, espessamento da parede das vias aéreas e aprisionamento de gás. L A Y A N E S I L V A entre as anormalidades estruturais presentes em pacientes com DPOC frequentemente são descritos: enfisema ou destruição das superfícies de troca gasosa do pulmão (alvéolos). em parte dos indivíduos, pode-se observar bronquite crônica, presença de tosse e produção de escarro por > 3 meses a cada 1-2 anos consecutivos. A limitação crônica do fluxo aéreo, característica da DPOC, é causada por uma associação entre doença das pequenas vias aéreas e destruição do parênquima (enfisema), cujas contribuições relativas e o tempo de evolução são variáveis. De forma geral, a inflamação crônica causa alterações estruturais, como o estreitamento das pequenas vias aéreas, e destruição do parênquima pulmonar que leva à perda de inserções alveolares às pequenas vias aéreas e diminui a retração elástica pulmonar. Tais alterações reduzem a capacidade das vias aéreas permanecerem abertas na expiração, o que contribui para disfunção mucociliar e para limitação do fluxo - esta será medida pela espirometria (teste de função pulmonar). A relação VEF1/CVF após broncodilatador deve ser < 0,7 ou 70% para diagnóstico de DPOC, sendo fundamental a espirometria. A DPOC não normaliza e nunca vai normalizar mesmo após uso de broncodilatador, logo se houve melhora da função pulmonar após broncodilatador mas ela não normalizou, ou seja, permanece abaixo de 70%, há uma suspeita de DPOC. E P I D E M I O L O G I A A DPOC é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo, que induz um custo econômico e social substancial e crescente, tendo uma prevalência, morbidade e mortalidade variável entre diferentes países, pois é o resultado de interação complexa de exposição cumulativa de longo prazo a gases e partículas nocivas, associado à fatores do hospedeiro, como genética, hiperresponsividade das vias aérea e crescimento pulmonar deficiente na infância. Em 2012, a DPOC estava entre as 10 causas de morte mais comuns no mundo (1 - Doenças isquêmicas do coração, 2 - AVC, 3 - DPOC e 4- Pneumonia) L A Y A N E S I L V A O primeiro dado brasileiro acerca da prevalência da DPOC na Grande São Paulo mostrou que 16% das pessoas acima de 40 anos no Brasil tem DPOC, ou seja, cerca de 9 milhões de brasileiros, assim, é uma doença que deve ser de conhecimento do clínico geral, bem como HAS, asma e DM. com aumento da prevalência de tabagismo e do envelhecimento populacional em países de alta renda, o número de mortes por DPOC pode superar 5,4 milhões de mortes por ano em 2060. A prevalência da DPOC está diretamente relacionada à prevalência do tabagismo, mas, em muitos países, os fatores de risco incluem poluição do ar externa, ocupacional e interna (resultante da queima de madeira e outros combustíveis de biomassa). Esta prevalência tende a aumentar nas próximas décadas visto que com o aumento da longevidade, mais pessoas irão expressar os efeitos de longo prazo dessa exposição contínua aos fatores de risco da DPOC. Grande parte dos dados nacionais mostram que < 6% da população adulta foi informada que tem DPOC, o que reflete um sub-reconhecimento e sub- diagnóstico da doença, no entanto, há evidências de que a prevalência de DPOC é consideravelmente maior em fumantes e ex-fumantes, pessoas com > 40 anos e em homens. O programa BOLD registrou prevalência de DPOC grau 2 ou superior de 10,1% (11,8% para homens e 8,5% para mulheres), uma prevalência de 3-11% entre os que nunca fumaram, e uma prevalência global de 11,7%, com 3 milhões de mortes/ano. P R E V A L Ê N C I A Assim, a DPOC representa um problema crescente de saúde pública mundial , que tem como principal fator de risco o tabagismo, de modo que a prevalência tende a refletir os hábitos tabágicos da sociedade com fase de latência de 20-30 anos. Atualmente, mais de 10% da população com > 45 anos nos EUA tem obstrução ao fluxo de ar de pelo menos moderada gravidade, sendo a terceira causa de morte no país e a quinta principal causa de anos vividos com incapacidade. Estudos indicam que a morbidade aumenta com a idade e, em pacientes com DPOC, o desenvolvimento de comorbidades pode ser visto em idade mais precoce, ademais, a morbidade pode ser afetada por outras condições crônicas concomitantes relacionadas ao tabagismo, envelhecimento e DPOC, que podem prejudicar significativamente o estado de saúde do paciente levando a hospitalizações e custos para esses pacientes. M O R B I D A D E O sub-reconhecimento e o subdiagnóstico da DPOC reduzem a precisão dos dados de mortalidade, no entanto, a DPOC é uma das causas mais importantes de morte em muitos países (3a principal causa de morte nos EUA) em função da a epidemia de tabagismo, mortalidade reduzida por outras causas comuns de morte, envelhecimento da população mundial, particularmente em países de alta renda, e escassez de terapias modificadoras da doença eficazes. M O R T A L I D A D E A DPOC está associada a um encargo económico significativo, na União Europeia, consiste em 6% do orçamento anual da saúde e 56% do custo das doenças respiratórias, já nos EUA os custos devem aumentar nos próximos 20 anos alcançando que os custos atribuíveis à DPOC devem aumentar nos próximos 20 anos, com custos projetados de US$ 40 bilhões por ano. C U S T O E C O N Ô M I C O em 2005, a DPOC foi a 8a causa principal de DALYs perdidos em todo o mundo, mas em 2013 foi a 5a principal causa de DALYs perdidos - nos EUA, é a 2a principal causa logo após cardiopatia isquêmica. Estudos utilizam uma medida para avaliar a carga de cada problema de saúde chamada de DALY (Ano de Vida Ajustado por Incapacidade) que é a soma dos anos perdidos por causa de mortalidade prematura e anos de vida vividos com incapacidade, ajustados para a gravidade da incapacidade. C U S T O S O C I A L F A T O R E S Q U E I N F L U E N C I A M O D E S E N V O L V I M E N T O E P R O G R E S S Ã O A DPOC resulta de interação complexa entre os genes e o meio ambiente, sendo o principal fator de risco o tabagismo (< 50% dos fumantes desenvolvem DPOC na vida), mas há interação de fatores como: sexo (relaciona-se com inicio do tabagismo ou exposições ocupacionais/ambientais), status econômico (relaciona-se com o peso ao nascer, que impacta no crescimento e desenvolvimento pulmonar) e expectativade vida mais longa (relaciona-se com maior exposição ao longo da vida). Apesar do tabagismo ser o principal fator de risco para DPOC, há evidências de que não fumantes também podem desenvolver limitação crônica do fluxo aéreo, e apresentam doença mais branda com menos sintomas e menor carga de inflamação sistêmica, mas ainda possuem risco maior de câncer de pulmão, comorbidades vasculares, pneumonia e mortalidade por insuficiência respiratória quando comparados a indivíduos nunca fumantes sem limitação do fluxo aéreo. alguns estudos relacionam loci com DPOC (ou FEV1 ou FEV1/FVC como o fenótipo) incluindo marcadores próximos ao receptor de acetilcolina alfa-nicotínico, proteína de interação com hedgehog (HHIP) e vários outros Destaca-se (1) deficiência hereditária grave de alfa-1 antitripsina, inibidor circulante de serinoproteases e (2) fator genético, que indica risco familiar em pessoas que fumam e são irmãos de pacientes com DPOC grave. Observou-se interação de genes únicos como o gene que codifica a metaloproteinase 12 da matriz (MMP-12) e a glutationa S-transferase, que estão relacionadas a declínio da função pulmonar ou risco de DPOC. F A T O R E S G E N É T I C O S L A Y A N E S I L V A C R E S C I M E N T O E D E S E N V O L V I M E N T O P U L M O N A R Processos que ocorrem na gestação, nascimento e exposições durante a infância e adolescência afetam crescimento pulmonar, assim fatores como baixo peso ao nascer (relacionado com VEF1 na idade adulta), infecções pulmonares na primeira infância superlotação domiciliar precoce - estes fatores de “desvantagem” na infância são tão importantes quanto o tabagismo na previsão da função pulmonar. mulheres podem ser mais suscetíveis aos efeitos nocivos do tabagismo do que os homens levando a doenças mais graves para a quantidade equivalente de cigarros consumidos. Quanto à idade, o envelhecimento das vias aéreas e do parênquima imita alterações estruturais associadas à DPOC, já o sexo denota diferenças do sistema imunológico e padrão de lesão das vias aéreas - inicialmente havia maior prevalência entre homens, atualmente os valores são similares em homens e mulheres pela mudança nos padrões de tabagismo. o alelo mais comum no locus genético é o M, e homozigotos MM têm níveis normais de α1‐antitripsina (100-300 mg/dL). Déficit da α1‐antitripsina: único fator genético que tem impacto no desenvolvimento da DPOC, encontrado em 1-2% dos pacientes com DPOC, a α1‐antitripsina é um inibidor da serina protease secretado pelo fígado na circulação, parece proteger o tecido pulmonar contra a digestão pela elastase dos neutrófilos e por serina proteinases relacionadas ao enfisema. Pessoas afetadas são muito suscetíveis à lesão induzida pela fumaça de cigarro e podem desenvolver DPOC grave em uma idade jovem, e tem risco para enfisema que é do tipo panacinar com distribuição basal. Há frequência de 3-8% em portadores de DPOC fumantes, por isso deve-se dosar α1‐antitripsina pelo menos 1 vez em portadores de DPOC, sendo que concentração de α1‐antitripsina < 20% do valor normal sugere homozigose e o paciente tem que repor a α1‐antitripsina mensalmente. I D A D E E S E X O considerando que nem todos os pacientes iniciam a partir de um pico de função pulmonar normal no início da idade adulta, nem todos os pacientes terão DPOC leve em termos de gravidade da limitação do fluxo aéreo. uma história familiar de doenças respiratórias e/ou eventos no início da vida (incluindo hospitalizações antes dos 5 anos) estão associadas a maior proporção de jovens com DPOC. DPOC em jovens: se relaciona diretamente com a idade cronológica do paciente, assim, considera-se um quadro de DPOC em jovens naqueles pacientes entre 25-50 anos que não atingiram o pico de função pulmonar normal no início da idade adulta (entre 20-25 anos) e/ou aqueles com declínio acelerado precoce da função pulmonar, que pode apresentar anormalidades pulmonares estruturais e funcionais significativas se não diagnosticadas e/ou não tratadas. Pré-DPOC: indivíduos que apresentam sintomas respiratórios com ou sem anormalidades estruturais e/ou funcionais detectáveis, na ausência de limitação ao fluxo aéreo, e que podem (ou não) desenvolver limitação persistente ao fluxo aéreo. ou seja, DPOC) ao longo do tempo. Indivíduos com redução da função pulmonar máxima na espirometria tem risco aumentado para desenvolvimento de DPOC, assim, sugere-se que a DPOC pode resultar da redução da função pulmonar máxima no início da idade adulta e/ou declínio alterado da função pulmonar. DPOC precoce: inicia cedo, mas pode levar tempo para se manifestar (percepção inicial dos sintomas, limitação funcional e/ou anormalidades estruturais), sendo de difícil identificação. DPOC leve: pode ocorrer em qualquer idade e pode progredir ou não ao longo do tempo. o fumo durante a gravidez pode representar risco para o feto por afetar o crescimento e desenvolvimento pulmonar no útero e, possivelmente, a ativação do sistema imunológico. perdas individuais da função pulmonar variam muito, mesmo após o controle da intensidade do tabagismo. O tabagismo é o fator de risco mais comum na DPOC (incluindo outros tipos de cigarro, como cachimbo, charuto, narguilé e maconha), os fumantes tem maior prevalência de sintomas respiratórios e anormalidades da função pulmonar, maior taxa anual de declínio do VEF1 (melhor indicador isolado de gravidade) e maior taxa de mortalidade por DPOC. A exposição passiva à fumaça do cigarro (fumaça ambiental do tabaco) pode contribuir para sintomas respiratórios e DPOC, aumentando a carga total de partículas e gases inalados no pulmão. O tabagismo provoca declínio na função pulmonar que excede o esperado pelo envelhecimento, e a magnitude da perda depende da intensidade e duração da exposição à fumaça de cigarro. E X P O S I Ç Ã O A P A R T Í C U L A S I . T A B A G I S M O L A Y A N E S I L V A a redução anual média do VEF1 no homem branco não fumante normal é de aproximadamente 25 mL por ano, mas a perda aumenta para uma média de aproximadamente 40 mL por ano entre os fumantes. (1) não fumantes = 1,00, que significa sem risco; (2) cigarro com filtro = 1,92; (3) papel enrolado à mão = 4,89; (4) palha = 6,88. Tipo de cigarro e risco de bronquite crônica no Brasil: observa-se que o Odds ratio (razão de chance) de fumar determinado tipo de cigarro e desenvolver bronquite crônica comparado à não fumantes depende do tipo de cigarro: Isso significa que quem fuma cigarro com filtro tem 2 vezes mais chance, quem fuma cigarro enrolado à mão tem 5 vezes mais chance, e quem fuma cigarro de palha tem 7 vezes mais chance de desenvolver bronquite crônica. É importante avaliar a exposição a madeira, esterco animal, resíduos de culturas e carvão que são queimados em fogueiras ou fogões com mau funcionamento e podem levar a níveis muito altos de poluição do ar interno, pois há evidências de que e a exposição da biomassa interna a combustíveis modernos e tradicionais usados cozinhar pode predispor a DPOC. Assim, tendo em vista que há quase 3 bilhões de pessoas no mundo que usam biomassa como principal fonte de energia para as necessidades domésticas, há uma população em risco muito grande, sendo necessários estudos que comprovem que a mudança para combustíveis para cozinhar ou reduzir a exposição podem reduzir o risco de DPOC em não fumantes. Uso de fogão a lenha e cigarro x risco para DPOC e bronquite: o uso de fogão a lenha aumenta em 15 vezes a chance de ter bronquite e 75 vezes a chance de ter DPOC, o pulmão de uma criança que cresce na residência com fogão a lenha não tem o desenvolvimento adequado por isso é essencial questionar se já teve fogão a lenha e, se positivo, solicitar a espirometria. I I I . Q U E I M A D E B I O M A S S A I I . E X P O S I Ç Õ E S O C U P A C I O N A I S indivíduos com exposição à inalação de altas doses de agrotóxicos tem maior incidência de sintomas respiratórios, obstrução de vias aéreas e DPOC. exposições repetidas à combustão de biomassa nos alojamentosconfinados provocam obstrução ao fluxo aéreo. Outros fatores importantes incluem as exposições ocupacionais, incluindo poeiras orgânicas e inorgânicas, agentes químicos e fumos, principalmente em ocupações como escultores, jardineiros e trabalhadores de armazém, sendo responsáveis por 10-20% dos sintomas ou comprometimento funcional consistente com a DPOC. Assim, trabalhadores expostos à poeira em determinados ambientes de trabalho, tais como minas, fábricas de algodão e instalações de manuseio de grãos, comumente desenvolvem sintoma de tosse e expectoração e podem sofrer perda permanente da função pulmonar. O fumo passivo aumenta o risco, mas o seu Odds ratio não é conhecido até então segundo as pesquisas atuais. o canabidiol pode ser produzido em laboratório, sinteticamente, da mesma forma que o Tylex (opioide) e o ópio tem o plantio proibido no Brasil. não há evidência sólida com ensaios clínicos randomizados (ECR), com grande tamanho amostral, afirmando que o uso da “maconha medicinal” tem um efeito positivo. não há ECR que evidenciem o aumento do risco de DPOC pela necessidade do estudo ser longo e com grande amostra. Cigarro de maconha e doença pulmonar: segundo pesquisas, os efeitos histopatológicos da maconha são semelhantes ao do cigarro comum, visto que a maconha contém vinil-clorido, dimetil-nitrosamina e outros carcinógenos que causam câncer - no entanto, o número e frequência de exposição não estão relacionados com a frequência das lesões (evidência A). Estudos de evidência B indicam que a maconha pode causar declínio da função pulmonar, cujo efeito pode chegar a 2 vezes mais do que o cigarro comum, visto que o uso de > 20 baseados/ano está associado ao aumento de 2 vezes o risco de desenvolver obstrução de vias aéreas. Narguilé (waterpipe) e suas consequências à saúde: consiste em um hábito milenar do Oriente, na qual ocorre a queima de algumas substâncias/ervas cuja fumaça passa por um líquido frio com substâncias aromáticas e saborizantes, que, ao serem puxados com a boca, passa por uma mangueira - assim, a fumaça do narguilé é mais fria quando comparada a do cigarro que chega a 3000 oC. Observou-se casos de intoxicação por monóxido de carbono, ao ECG, nota-se QT, onda-P e T2 (arritmia), redução da capacidade aeróbia e alterações peridontais. Cigarro eletrônico e suas consequências à saúde: há um risco cardiovascular, principalmente por sua associação com uso de álcool, maconha e energético - está associado com flavorizantes e mentol - além do risco de explosão e queimadura. É um citotóxico e genotóxico que tem efeito na fragmentação de DNA e redução da viabilidade celular, mas ainda não é associado com DPOC, apenas doença aguda chamada de EVALI (lesão pulmonar induzida por cigarro eletrônico), A nicotina é 5 vezes mais viciante do que a cocaína, apenas 30% das pessoas que tentam parar de fumar cigarro, consegue parar em até 5 anos, excluindo recaídas a posteriori. Altos níveis de poluição do ar urbano são prejudiciais para indivíduos com doenças cardíacas ou pulmonares existentes, além disso, há uma associação significativa entre os níveis ambientais de material particulado e a incidência de DPOC, visto que a poluição do ar impacta na maturação e desenvolvimento pulmonar. I V . P O L U I Ç Ã O D O A R A pobreza está consistentemente associada à obstrução do fluxo aéreo e o nível socioeconômico mais baixo está associado a um risco aumentado de desenvolver DPOC, em função de fatores como: exposição a poluentes do ar interno e externo, aglomeração, má nutrição e infecções. S T A T U S S O C I O E C O N Ô M I C O Apesar de não estar associada a um decl´nio acelerado da função pulmonar, mas há uma associação entre hipersecreção de muco e aumento do declínio do VEF1, e em adultos mais jovens que fumam tem sido associada a maior probabilidade de desenvolver DPOC - além do risco aumentado no número e na gravidade das exacerbações. B R O N Q U I T E C R Ô N I C A L A Y A N E S I L V A Assim, a exposição à fumaça + perfil genético propício pode causar DPOC, em média, todo fumante morre de 10-30 anos antes do que morreria se não fumasse, seja por câncer, infarto, AVC ou DPOC. Nesse caso, há um padrão de resposta inflamatória Th1 neutrofílica que é mais comum, mas pode existir também um padrão de resposta eosinofílica, que inicia da seguinte forma: o individuo fuma o cigarro e a fumaça quente com partículas adentra a via aérea e se deposita ali, onde serão fagocitadas pelos macrófagos, com a cronicidade do processo, o macrófago recruta neutrófilos por meio de citocinas e mediadores (IL-8 e leucotrieno B4 - LTB4). A asma pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de limitação crônica do fluxo aéreo e DPOC, sendo que adultos com asma tem um risco 12 vezes maior de adquirir DPOC com o tempo, além disso, a hiperresponsividade das vias aéreas sem diagnóstico de asma também é um preditor independente de DPOC e mortalidade respiratória, e indica asma pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de limitação crônica do fluxo aéreo e DPOC leve. A S M A E H I P E R R E A T I V I D A D E D A S V I A S A É R E A S Uma história de infecções respiratórias graves na infância tem sido associada à redução da função pulmonar e aumento dos sintomas respiratórios na idade adulta. I N F E C Ç Õ E S P A T O L O G I A , P A T O G Ê N E S E E F I S I O P A T O L O G I A A inalação de partículas nocivas (fumaça de combustíveis de biomassa ou de cigarro), causa inflamação pulmonar, essa resposta é modificada em pacientes que desenvolvem DPOC, assim a resposta inflamatória crônica pode induzir a destruição do tecido parenquimatoso (resultando em enfisema) e a interrupção dos mecanismos de reparo e defesa (resultando em fibrose das pequenas vias aéreas), que leva ao aprisionamento de gás e limitação progressiva do fluxo aéreo. As alterações patológicas características da DPOC são encontradas nas vias aéreas, parênquima pulmonar e vasculatura pulmonar, incluem inflamação crônica, com aumento do número de tipos celulares inflamatórios específicos em diferentes partes do pulmão e alterações estruturais resultantes de lesões e reparos repetidos - essas alterações tendem a aumentar com a gravidade da doença e persistem mesmo após a cessação do tabagismo. P A T O L O G I A O perfil genético do individuo tem papel importante na doença, apesar de ainda não ser conhecido os genes envolvidos na patogênese da doença, mas sabe-se que a exposição à fumaça irá desencadear a resposta inflamatória que destrói o pulmão. I . I N F L A M A Ç Ã O Na asma os mediadores são a Il-4, IL-5 e IL-8, já na DPOC são apenas IL-8 e LTB4 - no entanto, na DPOC não existe ainda o tratamento com IL-8. O neutrófilo é uma célula muito inflamatória, liberando proteases (elastase neutrofílica, catepsinas e metaloproteinases de matriz) que destroem tanto patógenos como vírus, bactérias e fumaça depositada quanto o tecido adjacente. Assim se a fumaça estiver depositada na parede alveolar, ocorre resposta inflamatória que progride para enfisema pulmonar, causando falta de ar, já se ela se depositar nos brônquios, a resposta inflamatória local levará a bronquite causando tosse e expectoração. quando grave é quase sempre relacionado ao tabagismo, quando leve pode ocorrer por exposição ambiental. Caracterizado por aumento anormal dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais (vias aéreas não alveoladas mais distais dentro da árvore brônquica que fornecem ventilação para os ácinos), com destruição das paredes alveolares, mas sem fibrose evidente. Na área mais distal aos bronquíolos terminais há 2-3 gerações de bronquíolos respiratórios parcialmente alveolados que formam a zona alveolar, onde ocorre a maioria das trocas gasosas, nesse local podem crescer espaços aéreos devido à destruição ou ao rearranjo de suas paredes. Enfisema centroacinar: localizado nos bronquíolos respiratórios logo distais aos bronquíolos terminais, enquanto o restante do ácino é em grande parte preservado, há lesões individuaisque podem ter até 10 mm de diâmetro e são mais proeminentes no lobo superior, e áreas focais de inflamação, fibrose e pigmento carbonáceo nas paredes alveolares e bronquiolares adjacentes. Enfisema panacinar: ductos alveolares são difusamente aumentados e os alvéolos adjacentes podem ser destruídos, as I I . E N F I S E M A L A Y A N E S I L V A L A Y A N E S I L V A lesões individuais podem coalescer para formar bolhas grandes, é típico de deficiência de α1‐antitripsina e é comum em pacientes com DPOC secundário ao tabagismo. As glândulas mucosas, localizadas entre a membrana basal epitelial e placas cartilaginosas na árvore brônquica central, e as células caliciformes secretam muco no lúmen brônquico, para auxiliar o epitélio das vias aéreas na defesa do hospedeiro. Na DPOC, há aumento das glândulas mucosas e expansão da população de células caliciformes epiteliais brônquicas causando tosse e produção de escarro, que estão associadas a resposta inflamatória leve (neutrófilos, macrófagos e linfócitos T CD8 +) nas vias cartilaginosas. Os principais sítios de aumento da resistência do fluxo aéreo na DPOC são pequenas vias aéreas distais que têm diâmetro de < 2 mm próximo à capacidade residual funcional do pulmão, observam-se coleções focais de macrófagos com pigmentos marrons no bronquíolo respiratório e infiltrado esparso de neutrófilos e linfócitos nas paredes dos bronquíolos terminais. Outras alterações nas vias aéreas distais incluem fibrose, metaplasia de células caliciformes e epitélio escamoso de revestimento, aumento do músculo liso nas paredes das vias aéreas e regiões esparsas de formação de tampões mucosos. I I I . B R O N Q U I T E C R Ô N I C A E B R O N Q U I O L I T E Hipoxemia causa vasoconstrição em pequenas artérias pulmonares e aumento na resistência vascular pulmonar, de forma crônica, há remodelação vascular que resulta em hipertensão pulmonar irreversível. As alterações vasculares incluem: aumento da musculatura lisa medial e fibrose da íntima em pequenas artérias pulmonares. I V . V A S C U L A T U R A P U L M O N A R Em pacientes com DPOC, a inflamação do trato respiratório é uma modificação da resposta inflamatória normal do trato respiratório a irritantes crônicos, aliado a isso o estresse oxidativo e o excesso de proteinases no pulmão modificam a inflamação pulmonar levando às alterações da DPOC. P A T O G Ê N E S E Oxidantes são gerados pela fumaça do cigarro e outras partículas inaladas e liberados por células inflamatórias ativadas, como macrófagos e neutrófilos, atuando como mecanismo amplificador na DPOC, assim, há aumento de biomarcadores no condensado da respiração exalada, escarro e circulação sistêmica, e o estresse oxidativo aumenta ainda mais nas exacerbações - pode haver redução de antioxidantes endógenos após a redução dos níveis do fator de transcrição Nrf2 que regula os genes antioxidantes. I . E S T R E S S E O X I D A T I V O espécies reativas de oxigênio (ROS) Substâncias com elétron "sobrando" (O2-, H202, OH- e ONOO-) capazes de desestabilizar proteínas (moléculas eletricamente estáveis) causando dano desde a primeira "tragada" pela resposta inflamatória normal do organismo, mas é necessário um certo tempo de exposição até que existam manifestações clínicas para o paciente, pois ele pode perder irreversivelmente uma quantidade considerável da função pulmonar sem manifestar sintomas - os ROS podem ser amenizado pelo uso de corticoide. CARGA TABÁGICA Número de maços de cigarro fumados por dia x número de anos que o paciente fumou = carga tabágica na unidade "anos-maço" Número de cigarro consumidos por dia/20 x anos fumando (divide- se por 20 pois é o número de cigarros contidos em uma carteira ou maço de cigarros). As proteases quebram componentes do tecido conjuntivo e antiproteases contrabalançam essa ação, na DPOC, há aumento nos níveis de proteases, derivadas de células inflamatórias e epiteliais, e a destruição da elastina mediada por protease (componente importante do tecido conjuntivo no parênquima pulmonar) é uma característica do enfisema pulmonar. I I . D E S E Q U I L Í B R I O P R O T E A S E - A N T I P R O T E A S E Há aumento do número de macrófagos nas vias aéreas periféricas, parênquima pulmonar e vasos pulmonares, aumento de neutrófilos ativados, aumento de linfócitos (células Tc1, Th1, Th17 e ILC3), e aumento de eosinófilos (células Th2 ou ILC2) - todas liberam mediadores inflamatórios. I I I . C É L U L A S I N F L A M A T Ó R I A S Estão aumentados em pacientes com DPOC, atraem células inflamatórias da circulação (fatores quimiotáticos), amplificam o processo inflamatório (citocinas pró-inflamatórias) e induzem mudanças estruturais (fatores de crescimento). I V . M E D I A D O R E S I N F L A M A T Ó R I O S Em fumantes ou pacientes com inflamação prévia, há produção excessiva de fatores de crescimento, assim, a inflamação pode preceder o desenvolvimento de fibrose ou lesão repetida da própria parede das vias aéreas pode levar à produção excessiva de músculo e tecido fibroso, o que contribui para limitação de pequenas vias aéreas e obliteração e pode preceder o enfisema. V . F I B R O S E P E R I B R O N Q U I O L A R E I N T E R S T I C I A L Ambos estão associados à inflamação crônica do trato respiratório, mas há diferenças nas células inflamatórias e mediadores envolvidos nas 2 doenças - na DPOC, há um padrão inflamatório com aumento de eosinófilos. V I . D P O C X A S M A Há associação entre encurtamento acelerado dos telômeros (marcador de envelhecimento acelerado) e piora progressiva das trocas gasosas pulmonares, hiperinsuflação pulmonar e acometimento extrapulmonar na DPOC - telômeros mais curtos persistentemente aumentam o risco de mortalidade. V I I . E N C U R T A M E N T O D O S T E L Ô M E R O S A extensão da inflamação, fibrose e exsudato luminal nas pequenas vias aéreas correlaciona-se com a redução da relação VEF1 e VEF1/CVF, e com o declínio acelerado do VEF1 característico da DPOC. Essa limitação das vias aéreas periféricas aprisiona progressivamente gás na expiração, resultando em hiperinsuflação estática que reduz a capacidade inspiratória e é associada à hiperinsuflação dinâmica no V I I I . L I M I T A Ç Ã O D O F L U X O D E A R E A P R I S I O N A M E N T O D O G Á S L A Y A N E S I L V A exercício, levando ao aumento da dispneia e limitação da capacidade de exercício. Ambos contribuem para o comprometimento das propriedades contráteis intrínsecas dos músculos respiratórios, visto que a hiperinsuflação se desenvolve precocemente na doença como principal mecanismo da dispneia de esforço. Os broncodilatadores atuam nas vias periféricas reduzindo o aprisionamento de gás, reduzindo os volumes pulmonares e melhorando os sintomas e a capacidade de exercício. limitação do fluxo aéreo e, particularmente, a hiperinsuflação afeta a função cardíaca e as trocas gasosas. mediadores inflamatórios podem contribuir para perda de massa muscular esquelética e caquexia, e induzir ou agravar comorbidades (doença cardíaca isquêmica, IC, osteoporose, anemia normocítica, DM e síndrome metabólica). D I A G N Ó S T I C O Deve-se suspeitar de DPOC em qualquer paciente que apresente dispneia, tosse crônica ou produção de expectoração e/ou história de exposição a fatores de risco para a doença, sendo necessária a espirometria para diagnóstico, na qual a presença de VEF1/CVF pós-broncodilatador < 0,70 confirma a presença de limitação persistente do fluxo aéreo e, portanto, de DPOC em pacientes com sintomas apropriados e exposições significativas a estímulos nocivos. Resultam em hipoxemia e hipercapnia, e a transferência de gás para O2 e CO2 piora à medida que a doença progride, além disso, a redução da ventilação pode ocorrer por redução do drive ventilatório ou aumento da ventilação do espaço morto que leva à retenção de CO2, se combinado com ventilação reduzida, pelo aumento do esforço para respirar devido à limitação grave, hiperinsuflação e musculaturarespiratória ineficiente. I X . A N O R M A L I D A D E S N A S T R O C A S G A S O S A S As anormalidades na ventilação alveolar e um leito vascular pulmonar reduzido pioram ainda mais as anormalidades de ventilação x perfusão (V/Q). Provoca tosse produtiva crônica, mas não é sintomática em todos os pacientes com DPOC, quando presente deve-se a um número aumentado de células caliciformes e glândulas submucosas pela irritação crônica de agentes nocivos, que é estimulada por mediadores e proteases pela ativação do fator de crescimento epidérmico. X . H I P E R S E C R E Ç Ã O D E M U C O Pode se desenvolver tardiamente na DPOC e deve-se à vasoconstrição hipóxica das pequenas artérias pulmonares, resultando em alterações estruturais como hiperplasia intimal e hipertrofia/hiperplasia do músculo liso - mesmo na DPOC leve, há anormalidades no fluxo sanguíneo microvascular pulmonar, que pioram com enfisema. Observa-se resposta inflamatória nos vasos e uma disfunção das células endoteliais na DPOC, assim, a perda do leito capilar pulmonar no enfisema pode contribuir ainda mais para o aumento da pressão na circulação pulmonar, e pode levar r à hipertrofia ventricular direita e, eventualmente, à insuficiência cardíaca direita. X I . H I P E R T E N S Ã O P U L M O N A R Podem ser desencadeadas por infecções respiratórias com bactérias ou vírus, poluentes ambientais ou outros fatores, caracterizam-se por aumento da inflamação, da hiperinsuflação e aprisionamento de gases, com redução do fluxo expiratório, sendo responsável pelo aumento da dispneia - além de piora das anormalidades V/Q que podem causar hipoxemia. X I I . E X A C E R B A Ç Õ E S Outras condições podem agravar ou mimetizar exacerbação por DPOC, entre elas: pneumonia, tromboembolismo e IC aguda. A maioria dos pacientes com DPOC possuem concomitantemente doenças crônicas, que estão associadas aos mesmos fatores de risco (idade, tabagismo e sedentarismo), o que pode causar um maior impacto no estado de saúde. X I I I . C O M P L I C A Ç Õ E S S I S T Ê M I C A S L A Y A N E S I L V A Podem variar entre os dias e ao longo do dia, sendo que o sibilo audível pode surgir no nível laríngeo, já os sibilos inspiratórios ou expiratórios generalizados podem estar presentes na ausculta, ademais, o aperto no peito está associado ao esforço, é mal localizado, de caráter muscular e pode haver contração isométrica dos músculos intercostais. D I S P N E I A Sintoma cardinal da DPOC, é uma das principais causas de incapacidade e ansiedade associadas à doença, em geral, é descrita como sensação de aumento do esforço para respirar, peso no peito, falta de ar ou respiração ofegante, frequente durante os esforços e mais proeminente em mulheres. S I N T O M A S limitação do fluxo aéreo pode estar presente sem dispneia crônica e/ou tosse e produção de expectoração e vice-versa, no entanto, a busca por atendimento médico está diretamente associada a impacto dos sintomas no estado funcional do paciente. O sintoma mais característico da DPOC é a dispneia crônica e progressiva, mas a tosse com produção de escarro está presente em até 30% dos pacientes, ambos podem variar ao longo do dia e podem preceder o desenvolvimento da limitação do fluxo aéreo - indivíduos que possuam fatores de risco para DPOC e apresentarem esses sintomas devem ser examinados para procurar causa(s) subjacente(s) a fim de desenvolver intervenções apropriadas. T O S S E C R Ô N I C A Frequentemente é o primeiro sintoma da DPOC, é descartada pelo paciente por ser uma consequência esperada do tabagismo e/ou exposições ambientais. Inicialmente, a tosse pode ser intermitente, mas posteriormente pode estar presente todos os dias, muitas vezes ao longo do dia, e pode ser produtiva ou não. P R O D U Ç Ã O D E E S C A R R O pacientes que produzem grandes volumes de escarro podem ter bronquiectasias subjacentes. presença de escarro purulento reflete aumento de mediadores inflamatórios, e seu desenvolvimento pode indicar o início de uma exacerbação bacteriana. Pacientes com DPOC levantam pequenas quantidades de expectoração persistente com tosse, quando ocorre por > 03 meses em 02 anos consecutivos pode ser definida como bronquite crônica, essa produção pode ser intermitente com períodos de exacerbação intercalados com períodos de remissão. C H I A D O E A P E R T O N O P E I T O F A D I G A Sensação subjetiva de cansaço ou exaustão, definida como uma sensação de “cansaço geral” ou como uma sensação de estar “drenado” de energia”, impactando a capacidade do paciente de realizar as atividades da vida diária e sua qualidade de vida. O U T R O S S I N T O M A S N A D O E N Ç A G R A V E Em geral, há fadiga perda de peso, perda muscular e anorexia, que podem indicar outras doenças como tuberculose ou câncer de pulmão - além disso, pode haver síncope durante a tosse devido a aumentos rápidos da pressão intratorácica durante ataques prolongados de tosse, fraturas nas costelas após crises de tosses, inchaço do tornozelo que pode indicar presença de cor pulmonale, e sintomas de depressão e/ou ansiedade. H I S T Ó R I A C L Í N I C A exposição do paciente a fatores de risco, como tabagismo e exposições ocupacionais ou ambientais história médica pregressa, incluindo asma, alergia, sinusite ou pólipos nasais, infecções respiratórias na infância, HIV, tuberculose, outras doenças crônicas respiratórias ou não história familiar de DPOC ou doença respiratória crônica padrão de desenvolvimento dos sintomas, em geral ocorre na vida adulta com aumento da falta de ar, “resfriados de inverno” mais frequentes ou prolongados e restrição social história de exacerbações ou internações prévias por distúrbio respiratório comorbidades, como cardiopatias, osteoporose, distúrbio musculoesqueléticos, ansiedade, depressão e malignidades impacto da doença na vida do paciente, incluindo limitação de atividade, falta ao trabalho e impacto econômico, efeito nas rotinas familiares, sentimentos de depressão ou ansiedade, bem-estar e atividade sexual apoio social e familiar disponível para o paciente possibilidades de redução dos fatores de risco, especialmente a cessação do tabagismo E X A M E F Í S I C O Raramente é diagnóstico de DPOC, e os sinais físicos de limitação do fluxo aéreo geralmente não estão presentes até que tenha ocorrido um comprometimento significativo da função pulmonar, mas sua ausência não exclui o diagnóstico. E S P I R O M E T R I A Medida mais reprodutível e objetiva da limitação do fluxo aéreo, é um teste não invasivo e disponível, boa sensibilidade, mas não pode ser usada de forma confiável como o único teste diagnóstico pela fraca especificidade. É feita a partir da medição do o volume de ar expirado forçadamente a partir do ponto de inspiração máxima (capacidade vital forçada, CVF) e o volume de ar expirado durante o 1o segundo desta manobra (volume expiratório forçado em 1 segundo, VEF1), e a razão entre estas 2 medidas (VEF1/CVF) devem ser calculadas. TÉCNICA DA ESPIROMETRIA Para realizar a espirometria, o paciente deve encher o peito de ar, colocar o tubo do aparelho na boca e expirar (1 inspiração total para 1 expiração total), que será representada na curva volume-tempo da espirometria há um eixo horizontal o tempo (segundos) e o volume expirado (litros). Quando a linha para de aumentar é porque não há mais ar sendo expirado, sendo aquele volume expirado a capacidade vital forçada (CVF), e o volume que saiu no primeiro segundo é o volume expirado no primeiro segundo (VEF1) - o VEF1 será sempre menor que o CVF. O pulmão tem fibras elásticas, que se estiram ao ser preenchido a relaxam ao ser esvaziado e a velocidade que o ar sai é proporcional à força da expiração e à elasticidade pulmonar - os pacientes mais jovens tem o pulmão mais elástico e com o envelhecimento, as fibras de colágenos são substituídas por fibras não elásticas e a inflamação da DPOC acelera esse processo. L A Y A N E S I L V A O critério espirométricopara limitação de fluxo aéreo está relacionado com VEF1/CVF < 0,70 pós-broncodilatador, este valor pode indicar diagnósticos mais frequentes de DPOC em idosos e menos frequentes em adultos com < 45 anos, principalmente se doença leve. O risco de diagnóstico errado e tratamento excessivo de pacientes usando a razão fixa como critério diagnóstico é limitado, pois a espirometria é apenas um parâmetro para estabelecer o diagnóstico clínico de DPOC; os parâmetros adicionais são sintomas e outros fatores de risco. A avaliação da presença de obstrução ao fluxo aéreo com base em 1 medida da relação VEF1/CVF pós-broncodilatador deve ser confirmada por espirometria repetida em outra ocasião se o valor estiver entre 0,6 e 0,8, pois em alguns casos a relação pode mudar conforme resultado da variação biológica. Embora a espirometria pós-broncodilatador seja necessária para o diagnóstico e avaliação da DPOC, não é mais recomendado avaliar o grau de reversibilidade da limitação do fluxo aéreo, pois não aumenta o diagnóstico de DPOC, diferencia do diagnóstico de asma ou prediz a resposta a tratamento de longo prazo com com broncodilatadores ou corticosteróides. em jovens o ar expirado no primeiro segundo é 90% do total inspirado, ou seja, a relação VEF1/CVF ≥ 90%. aumento > 200 mL ou variação > 12% de VEF1 não é normal. aumento > 350 mL de CVF não é normal. FEV1 e CVF redizem mortalidade por todas as causas independentemente do tabagismo. função pulmonar anormal identifica um subgrupo de fumantes com risco aumentado de câncer de pulmão. Para rastreamento na população geral, a espirometria não é indicada em indivíduos assintomáticos sem exposição significativa ao tabaco ou a outros estímulos nocivos, mas deve ser considerada em indivíduos com sintomas ou fatores de risco onde apresenta rendimento diagnóstico alto e é um método para detecção precoce. A V A L I A Ç Ã O I N I C I A L Os objetivos são determinar o nível de limitação do fluxo aéreo, seu impacto no estado de saúde do paciente e o risco de eventos futuros (como exacerbações, internações hospitalares ou óbito), para orientar a terapia, assim, deve-se considerar os seguintes aspectos: (1) presença e gravidade da anormalidade espirométrica, (2) natureza atual e magnitude dos sintomas, (3) história de exacerbações moderadas e graves e risco futuro, e (4) presença de comorbidades. C L A S S I F I C A Ç Ã O D A G R A V I D A D E D A L I M I T A Ç Ã O D O F L U X O A É R E O Será definido por pontos de corte espirométricos específicos para isso a espirometria deve ser realizada após a administração de uma dose adequada de pelo menos um broncodilatador inalatório de curta duração para minimizar a variabilidade. Assim, classifica-se em leve, moderado, grave e muito grave de acordo com VEF1 esperados após broncodilatador. A V A L I A Ç Ã O D O S S I N T O M A S 0 - Tenho falta de ar ao realizar exercício intenso; 1 - Tenho falta de ar quando apresso o meu passo, subo escadas ou ladeiras. A DPOC era caracterizada pela falta de ar, por isso, foi instituído o Modified British Medical Research Council Questionnaire (mMRC), uma escala de dispneia modificada para avaliação dos sintomas pois se relacionada com outras medidas de saúde e prevê risco futuro de mortalidade. Esse índice se assemelha à classificação NYHA para IC, seguindo a pontuação abaixo: I . A V A L I A Ç Ã O D A D I S P N E I A L A Y A N E S I L V A 2 - Preciso parar algumas vezes quando ando no meu passo, ou ando mais devagar do que outras pessoas da minha idade; 3 - Preciso parar muitas vezes devido à falta de ar quando ando perto de 100 metros, ou poucos minutos de caminhada no plano; 4 - Sinto falta de ar que não me permite sair de casa, ou preciso de ajuda para me vestir ou tomar banho. Ademais, reconheceu-se que a DPOC afeta os pacientes não só pela dispneia, por isso é recomendada uma avaliação ampla dos sintomas no lugar de 1 medida de falta de ar, por isso, foram criados questionários de saúde para DPOC. Entre eles estão o Questionário Respiratório Crônico e de St. George (complexos), Teste de Avaliação da DPOC e Questionário de Controle da DPOC (adequados para a prática clínica). L A Y A N E S I L V A o Questionário Respiratório de St. George (QRSG) é a medida abrangente mais amplamente documentada, pontuações < 25 são incomuns em pacientes com DPOC e pontuações > 25 devem considerar o tratamento regular para sintomas. Teste de avaliação da DPOC: medida unidimensional de saúde de 8 itens que podem estar deficientes na DPOC, é aplicável em todo o mundo, sua pontuação varia de 0 a 40. Além disso, a DPOC tem efeitos extrapulmonares (sistêmicos), incluindo perda de peso, anormalidades nutricionais e disfunção do músculo esquelético, caracterizada por sarcopenia (perda de células musculares) ou função anormal das células remanescentes, que pode contribuir para a intolerância ao exercício e mau estado de saúde em pacientes com DPOC. Comorbidades comuns incluem doença cardiovascular, disfunção muscular esquelética, síndrome metabólica, osteoporose, depressão, ansiedade e câncer de pulmão, podem ocorrer em pacientes com limitação leve, moderada ou grave do fluxo aéreo, influenciar a mortalidade e internações de forma independente, e merecem tratamento específico. exacerbações graves podem estar associadas à insuficiência respiratória aguda hospitalização por exacerbação da DPOC está associada a mau prognóstico e aumento do risco de morte. As exacerbações da DPOC são piora aguda dos sintomas respiratórios que resulta em terapia adicional, são classificados como leves (tratados apenas com broncodilatadores de curta ação), moderados (tratados com broncodilatadores de curta ação + antibióticos e/ou corticosteróides orais) ou graves (necessita de hospitalização ou visita o pronto-socorro). O melhor preditor de exacerbações é história de eventos já tratados (> 2 exacerbações/ano), essas deteriorações da limitação do fluxo aéreo estão associadas a um aumento da prevalência de exacerbações, hospitalização e risco de morte. Há uma relação significativa entre a gravidade espirométrica e o risco de exacerbação e morte, assim, indivíduos com GOLD 2 (limitação moderada ao fluxo aéreo) podem apresentar exacerbações frequentes que requerem tratamento com antibióticos e/ou corticosteroides sistêmicos, este risco é maior em pacientes com GOLD 3 (grave) e OURO 4 (muito grave). I I . A V A L I A Ç Ã O D O R I S C O D E E X A C E R B A Ç Ã O É comum há concomitância de outras doenças no momento do diagnóstico de DPOC, que é um importante componente do desenvolvimento de multimorbidade, particularmente em idosos, em resposta a fatores de risco comuns (envelhecimento, tabagismo, álcool, dieta e sedentarismo). I I I . A V A L I A Ç Ã O D E D O E N Ç A S C R Ô N I C A S C O N C O M I T A N T E S Deve-se combinar a avaliação sintomática com a classificação espirométrica e/ou risco de exacerbações a partir da ferramenta de avaliação ABCD que incorpora os resultados relatados pelo paciente e destaca a importância da prevenção de exacerbações na DPOC. Os grupos ABCD derivam exclusivamente dos sintomas e seu histórico de exacerbação, no entanto, a espirometria, em conjunto com os sintomas e história de exacerbações moderadas e graves, é vital para o diagnóstico, prognóstico e consideração de outras abordagens terapêuticas. Os pacientes devem ser submetidos à espirometria para determinar a gravidade da limitação do fluxo aéreo (grau espirométrico), à avaliação de dispneia usando mMRC ou sintomas usando Teste de Avaliação da DPOC e registrar seu histórico de exacerbações moderadas e graves (incluindo hospitalizações anteriores). O número fornece informações sobre a gravidade da limitação do fluxo aéreo (grau espirométrico 1 a 4), e a letra (grupos A a D) sobre a carga de sintomas e risco de exacerbação que podem orientar a terapia. Já que o VEF1 é útil apenas em nível populacional na previsão de desfechos clínicos, como mortalidade e hospitalizações, ou na consideração de terapiasnão farmacológicas, como redução de volume pulmonar ou transplante de pulmão. I V . A V A L I A Ç Ã O C O M B I N A D A D E D P O C L A Y A N E S I L V A Nos casos em que há discordância acentuada entre o nível de limitação do fluxo aéreo e os sintomas, deve ser realizada uma avaliação mais detalhada para melhor compreensão da mecânica pulmonar (testes de função pulmonar completa), estrutura pulmonar (exame de imagem) e/ou comorbidades que podem afetar os sintomas do paciente. Em alguns casos, os pacientes podem ter sintomas mínimos, apesar de haver limitação grave do fluxo aéreo, pois adaptaram- se às limitações induzidas pela DPOC (Exemplo:, reduzem seu nível de atividade física) o que pode resultar em uma subestimação da carga de sintomas. Nesses casos, é essencial solicitar testes de exercício como a caminhada de 6 minutos a fim de identificar pacientes que precisam de tratamento mais intenso do que a avaliação inicial teria sugerido. bronquiectasias, avaliação do risco de desenvolvimento de câncer de pulmão. Este risco pode ser aumentado se houver enfisema - após procedimentos cirúrgicos com redução do volume pulmonar e avaliação para transplante de pulmão. A OMS recomenda que todos os pacientes com diagnóstico de DPOC sejam rastreados uma vez, principalmente em áreas com alta prevalência de deficiência de alfa-tripsina, embora o paciente clássico inclui jovens (< 45 anos) com enfisema basal panlobular, quando há atraso no diagnóstico observa-se pacientes mais velhos com distribuição mais típica de enfisema (apical centrolobular). Uma concentração baixa (< 20%) é altamente sugestiva de homozigose, os familiares devem ser examinados junto com o paciente e encaminhados para aconselhamento e tratamento. V . R A S T R E I O D E D E F I C I Ê N C I A D E A L F A - T R I P S I N A I N V E S T I G A Ç Õ E S A D I C I O N A I S A radiografia de tórax não é útil para o diagnóstico na DPOC, mas é usada para excluir diagnósticos alternativos e estabelecer a presença de comorbidades, como doenças respiratórias concomitantes (fibrose pulmonar, bronquiectasias, doenças pleurais), esqueléticas e doenças cardíacas. As alterações radiológicas associadas à DPOC incluem sinais de hiperinsuflação pulmonar (diafragma achatado e aumento do volume do espaço aéreo retroesternal), hiperlucência dos pulmões e redução rápida das marcações vasculares. A tomografia computadorizada (TC) do tórax não é recomendada rotineiramente, exceto para detecção de I . I M A G E M Pacientes com DPOC apresentam aprisionamento de gás (aumento do volume residual) desde os estágios iniciais da doença e, à medida que a limitação do fluxo aéreo piora, ocorre hiperinsuflação estática (aumento da capacidade pulmonar total), que podem ser documentadas por pletismografia corporal e medição do volume pulmonar por diluição do hélio. I I . V O L U M E S P U L M O N A R E S A técnica de suspensão da respiração única para medir a capacidade de difusão pulmonar para CO é útil para avaliar as propriedades de transferência de gás de seu uso no sistema respiratório. Capacidade de difusão de CO < 60% está associada a diminuição da capacidade de exercício, sintomas aumentados, pior estado de saúde e risco aumentado de óbito, independente de outras variáveis clínicas e grau de limitação do fluxo aéreo. Em pacientes com DPOC, valores baixos impedem a ressecção pulmonar cirúrgica em pacientes com câncer enquanto em fumantes sem limitação do fluxo aéreo, valores < 80% do previsto (marcador de enfisema) sinalizam risco aumentado para desenvolver DPOC ao longo do tempo. Com o tempo, pacientes com DPOC tem declínio acelerado em comparação com fumantes sem a doença, e é maior nas mulheres, no entanto, são necessários anos de acompanhamento antes que uma mudança significativa seja detectada, por isso, a medida deve ser realizada em todo paciente com DPOC com sintomas desproporcionais ao grau de obstrução do fluxo aéreo. I I I . C A P A C I D A D E D E D I F U S Ã O D O S P U L M Õ E S P A R A M O N Ó X I D O D E C A R B O N O A oximetria de pulso pode ser usada para avaliar a saturação de oxigênio arterial e a necessidade de oxigenoterapia suplementar, por isso, deve ser realizada em todos os pacientes com sinais clínicos sugestivos de insuficiência respiratória ou insuficiência cardíaca direita - se a saturação for < 92%, avaliar gasometria arterial ou capilar. I V . O X I M E T R I A E G A S O M E T R I A A R T E R I A L O comprometimento do exercício pode ser medido por uma redução na distância de caminhada ou no teste de exercício, sendo um indicador de comprometimento do estado de saúde e preditor de prognóstico - em geral, a capacidade de exercício reduz no ano anterior à morte. Assim, os testes de caminhada (teste de caminhada em vaivém ou teste de caminhada de 6 minutos sem ritmo) podem ser úteis para avaliar incapacidade e risco de mortalidade e são usados para avaliar a eficácia da reabilitação pulmonar. Além disso, testes de ergometria de bicicleta ou esteira podem auxiliar na identificação de condições coexistentes ou alternativas (diagnósticos cardíacos) e o monitoramento da atividade física pode ser mais relevante em relação ao prognóstico do que para avaliar apenas a capacidade de exercício. V . T E S T E D E E S F O R Ç O E A V A L I A Ç Ã O D A A T I V I D A D E F Í S I C A L A Y A N E S I L V A Em alguns pacientes com asma crônica, é difícil estabelecer uma distinção da DPOC com técnicas de imagem e testes fisiológicos, pois as condições compartilham características e expressões clínicas comuns. Várias variáveis identificam pacientes com risco aumentado de mortalidade, incluindo VEF1, tolerância ao exercício avaliada pela distância percorrida ou consumo de oxigênio de pico, perda de peso e redução da tensão arterial de oxigênio, assim o método BODE (índice de massa corporal, obstrução, dispnéia e exercício) é um melhor preditor de sobrevida subsequente do que qualquer componente único. V I . P O N T U A Ç Õ E S C O M P O S T A S alguns estudos indicaram uso de proteína C reativa e procalcitonina na redução do uso de antibióticos durante as exacerbações. a avaliação dos eosinófilos sanguíneos fornece a melhor orientação para o uso de corticosteróides inalatórios (CI). Biomarcadores são características que são objetivamente medidas e avaliadas como um indicador de processos biológicos ou patogênicos normais ou respostas farmacológicas a intervenções terapêuticas, em geral, eles são mais difíceis de interpretar pois há associações fracas e baixa reprodutibilidade. V I I . B I O M A R C A D O R E S Alguns pacientes sem evidência de limitação do fluxo aéreo tem evidência de doença pulmonar estrutural na imagem torácica (enfisema, aprisionamento de gás, espessamento da parede das vias aéreas) que é compatível com DPOC, assim, podem relatar exacerbações dos sintomas respiratórios ou necessitar de tratamento com medicamentos respiratórios de forma crônica. D I A G N Ó S T I C O S D I F E R E N C I A I S P R E V E N Ç Ã O E T E R A P I A D E M A N U T E N Ç Ã O C E S S A Ç Ã O D O C I G A R R O Muitos pacientes com DPOC continuam fumando apesar de saber que tem a doença (aproximadamente 40% dos pacientes com DPOC são fumantes atuais), e esse comportamento tem impacto negativo no prognóstico e progressão da doença, visto que a cessação do tabagismo tem maior impacto na história natural da DPOC e as taxas de sucesso de longo prazo podem alcançar até 25%. Nesse contexto, as proibições legislativas ao fumo são eficazes para aumentar as taxas de abandono e reduzir os danos causados pela exposição ao fumo passivo. após SCA, sugere-se que esse tratamento deve ser iniciado > 2 semanas após evento cardiovascular. mastigação contínua de goma de nicotina produz secreções que são deglutidas em vez de absorvidas pela mucosa bucal, causando pouca absorção e potencialmente causa náusea. bebidas ácidas, principalmente café, sucos e refrigerantes, interferem na absorção da nicotina. Produtosde reposição de nicotina: inclui goma de mascar de nicotina, inalador, spray nasal, adesivo transdérmico, comprimido sublingual ou pastilha, que aumentam de forma confiável as taxas de abstinência do tabagismo a longo prazo, já as contraindicações incluem IAM recente ou AVC. Os cigarros eletrônicos fornecem uma inalação de nicotina vaporizada e doseável e têm aumentado seu uso como alternativa aos cigarros para aqueles que desejam deixar de fumar, mas também como tendência crescente para os jovens que nunca fumaram, podem conter nicotina e outros produtos químicos e podem causar efeitos agudos, como lesão pulmonar associada ao vaping, outras anormalidades pulmonares (lesão pulmonar grave, pneumonia eosinofílica, hemorragia alveolar, bronquiolite respiratória) e ocasionalmente a morte I . F A R M A C O T E R A P I A S P A R A P A R A R D E F U M A R Atualmente, há um surto de lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico ou vaping (EVALI), no qual os pacientes obtiveram melhora clínica com terapia sistêmica com ciclos prolongados de glicocorticóides, associado ao acetato de vitamina E (aditivo de cigarros eletrônicos com THC). As alterações induzidas pela fumaça do cigarro e características da DPOC incluem inflamação neutrofílica e irritabilidade das vias aéreas, paresia ciliar e aumento da hipersecreção de muco, ademais, estudos indicam um risco aumentado de doença respiratória entre ex e atuais usuários de cigarros eletrônicos. - Produtos farmacológicos: (1) a vareniclina e a nortriptilina aumentam a bupropiona longa de abandono, mas deve ser usado como componente de um programa de intervenção de suporte, e (2) o tratamento com medicamento anti-hipertensivo clonidina tem eficácia limitada pelos efeitos colaterais. Um programa de intervenção de 5 etapas fornece estratégia útil para orientar os cuidados de saúde de profissionais interessados em ajudar os pacientes a parar de fumar. L A Y A N E S I L V A Como a dependência do tabaco é uma doença crônica, os médicos devem reconhecer que a recaída é comum e reflete a natureza crônica da dependência e do vício, e não representa falha por parte do paciente ou do médico. O aconselhamento fornecido por profissionais de saúde aumenta as taxas de abandono em relação aos auto iniciados, mesmo períodos breves de aconselhamento (3 minutos) incitando um fumante a parar de fumar, melhorando as taxas de cessação do tabagismo. As formas de intensificar o tratamento incluem: aumento da duração da sessão de tratamento, número de sessões e de semanas de administração do tratamento, ademais, os modelos de incentivo financeiro para a cessação do tabagismo foram relatados como eficazes para facilitar a cessação do tabagismo. Outras vacinas: recomenda-se a vacinação dTaP/dTPa para proteger contra coqueluche (coqueluche), tétano e difteria, naqueles que não foram vacinados na adolescência, a vacina Zoster para proteger contra telhas para adultos com DPOC com < 50 anos, e a vacina contra COVID-19. V A C I N A Ç Ã O estudos sugeriram que os pacientes com DPOC tinham diminuição do risco de doença isquêmica do coração. Vacina da gripe: pode reduzir doenças graves (como infecções do TRI que requerem hospitalização) e óbito em pacientes com DPOC, além de reduzir exacerbações, recomenda-se vacinas com vírus mortos ou inativados, que são mais eficazes em idosos - a ocorrência de reações adversas é leve e transitória. Vacina pneumocócica: as vacinas PCV13 e PPSV23 são recomendadas para todos os pacientes com < 65 anos, a segunda recomendada para pacientes mais jovens com DPOC e comorbidades significativas (doença cardíaca ou doença pulmonar crônica), sendo responsável por reduzir a probabilidade de exacerbação da DPOC, risco de pneumonia pneumocócica e de pneumonia adquirida na comunidade. T E R A P I A F A R M A C O L Ó G I C A P A R A D P O C E S T Á V E L Usada para reduzir os sintomas, frequência e gravidade das exacerbações e melhorar a tolerância ao exercício e o estado de saúde. A escolha dos medicamentos dependem da disponibilidade e custo da medicação e resposta clínica favorável balanceada com efeitos colaterais. Cada esquema deve ser individualizado pois a relação entre gravidade dos sintomas, limitação do fluxo aéreo e gravidade das exacerbações difere entre os pacientes. formoterol e salmeterol (LABAs) quando usados 2 vezes ao dia melhoram o VEF1 e os volumes pulmonares, dispneia, estado de saúde, taxa de exacerbação e número de hospitalizações, mas não tem efeito sobre a mortalidade e taxa de declínio da função pulmonar. olandaterol e vilanterol (LABAs) quando usados 1 vez ao dia melhoram a função pulmonar e os sintomas. indicaterol (LABA) quando usado 1 vez ao dia melhora a falta de ar, estado de saúde e a taxa de exacerbação. Medicamentos que aumentam o VEF1 e/ou alteram outras variáveis espirométricas, pois agem alterando o tônus da musculatura lisa das vias aéreas e as melhorias no fluxo expiratório refletem o alargamento das vias aéreas, em vez de alterações na retração elástica pulmonar, ademais tendem a reduzir a hiperinsuflação dinâmica em repouso e durante o exercício, e melhorar o desempenho do exercício. Beta 2 agonistas: relaxa o músculo liso das vias aéreas estimulando beta 2-receptores adrenérgicos, que aumenta o AMP cíclico e produz antagonismo à broncoconstrição. Pode ser de ação curta (SABA) que tem efeito por 4-6 horas e melhoram o VEF1 com o uso crônico ou ação longa (LABA) que tem efeito por> 12 horas e não excluem benefício adicional do SABA. Efeitos adversos: elas são pouco absorvidas, o que limita os efeitos sistêmicos, sendo que o principal é a secura da boca, mas há sintomas urinários ocasionais, relato de gosto amargo e metálico e aumento inesperado de eventos cardiovasculares. I . B R O N C O D I L A T A D O R E S adição de teofilina ao salmeterol produz uma melhora maior do VEF1 e da dispneia do que o salmeterol sozinho. Podem atuar como inibidores não seletivos da fosfodiesterase, sendo mais usada a teofilina e metilxantina que é metabolizada pelas oxidases de função mista do citocromo P450, a depuração diminui com a idade, pode aumentar a função muscular inspiratória e um efeito broncodilatador na DPOC estável. Efeitos adversos: toxicidade se relaciona com a dose, principalmente com derivados de xantina pois são inibidores não específicos dos subconjuntos de enzimas fosfodiesterases. Outros efeitos são palpitações causadas por arritmias atriais e ventriculares (podem ser fatais), convulsões do tipo grande mal (independentemente de história epiléptica prévia), dores de cabeça, insônia, náusea e azia. I I . M E T I L X A N T I N A S L A Y A N E S I L V A eosinófilos no sangue e no escarro está associada a proteobactérias sanguíneas inferiores, como Haemophilus, aumento de infecções bacterianas e pneumonia. As contagens de eosinófilos podem identificar indivíduos com perfis de microbioma associados a um risco aumentado de piora clínica devido a espécies bacterianas patogênicas. O limiar de 300 células/uL pode ser usado para identificar pacientes com maior probabilidade de benefício do tratamento com CI. Contagens mais elevadas de eosinófilos no sangue em pacientes com DPOC estão associadas ao aumento de eosinófilos pulmonares difusos e níveis mais elevados de marcadores de inflamação tipo 2 nas vias aéreas. O efeito do tratamento de esquemas com CI (LABA/LAMA/ICS e LABA/ICS vs LABA/LAMA) é maior em pacientes com alto risco de exacerbação (> 2 exacerbações e/ou 1 hospitalização no ano anterior). O uso da contagem de eosinófilos no sangue para prever os efeitos do CI deve ser combinado com a avaliação clínica do risco de exacerbação (conforme a história prévia de exacerbações) Outros fatores (tabagismo, etnia, localização geográfica) podem influenciar a relação entre o efeito do CI e a contagem de eosinófilos no sangue. Efeitos adversos: o uso de CI está associado com maior prevalência de candidíase oral, voz rouca, hematomas na pele e pneumonia - há resultados variados do risco de diminuiçãoda densidade óssea e fraturas com o tratamento com CI. Além disso, pode estar associado ao aumento do risco de DM/controle inadequado de DM, catarata e infecções por micobactérias, incluindo tuberculose. Retirada do CI: alguns estudos mostraram aumento na exacerbações e/ou sintomas após a retirada do CI, além de diminuição modesta no VEF1 (40 mL) que pode estar associada ao aumento do nível basal de eosinófilos. Terapia tripla (LABA/LAMA/CI): o aumento no tratamento inalatório para LABA + LAMA + CI (terapia tripla) demonstrou melhorar a função pulmonar, resultados do paciente e reduzir as exacerbações. tratamento com formoterol e tiotrópio em inaladores separados tem um impacto maior no VEF1 do que qualquer um componente sozinho. Combinação de broncodilatadores com diferentes mecanismos e durações de ação pode aumentar o grau de broncodilatação com menor risco de efeitos colaterais em comparação ao aumento da dose de 1 broncodilatador (monoterapia). I I I . T E R A P I A B R O N C O D I L A T A D O R A C O M B I N A D A As exacerbações representam o principal desfecho clinicamente relevante usado para avaliação da eficácia de medicamentos com efeitos anti-inflamatórios. I V . A G E N T E S A N T I - I N F L A M A T Ó R I O S A inflamação associada à DPOC tem capacidade de resposta limitada aos corticosteróides, e alguns medicamentos, incluindo beta 2-agonistas, teofilina ou macrolídeos, podem facilitar parcialmente a sensibilidade aos corticosteróides na DPOC. Todos os fumantes com DPOC se beneficiam do uso de CI em termos de função pulmonar e taxas de exacerbação. - Eficácia do CI sozinho: tratamento regular apenas com CI não modifica o declínio a longo prazo do VEF1 nem a mortalidade. - CI em combinação com terapia broncodilatadora de longa duração: em pacientes com DPOC moderada a muito grave e exacerbações, o uso de CI combinado com LABA é mais eficaz do que qualquer um dos componentes sozinho na melhora da função pulmonar, estado de saúde e redução das exacerbações. - Contagem de eosinófilos no sangue: de forma geral, prediz a magnitude do efeito do CI (adicionado ao tratamento broncodilatador de manutenção regular) na prevenção de futuras exacerbações, assim, o limite de contagem de eosinófilos no sangue < 100 células/uL pode ser usado para identificar pacientes com baixa probabilidade de benefício do tratamento com CI. V . C O R T I C O E S T E R Ó I D E S I N F L A M A T Ó R I O S L A Y A N E S I L V A Antitússicos: tem papel inconclusivo em pacientes com DPOC. Vasodilatadores: não foram adequadamente avaliados em pacientes com DPOC com hipertensão pulmonar grave ou desproporcional, mas o NO inalado pode piorar as trocas gasosas devido à regulação hipóxica alterada do equilíbrio ventilação-perfusão e é contraindicado na DPOC estável. Têm inúmeros efeitos colaterais, incluindo miopatia esteróide, que pode contribuir para fraqueza muscular, diminuição da funcionalidade e insuficiência respiratória em indivíduos com DPOC muito grave, reduzem a taxa de falha do tratamento, taxa de recaída e melhoram a função pulmonar e falta de ar. No entanto, não tem papel no tratamento diário crônico da DPOC devido à falta de benefício equilibrada contra uma alta taxa de complicações sistêmicas. V I . G L I C O C O R T I C Ó I D E S O R A I S Reduz a inflamação inibindo a quebra do AMP cíclico intracelular, destaca-se o roflumilaste que é um medicamento oral 1 vez ao dia, sem atividade broncodilatadora direta, que reduz exacerbações moderadas e graves tratadas com corticosteróides sistêmicos em pacientes com bronquite crônica, DPOC grave a muito grave e histórico de exacerbações. Efeitos adversos: têm mais efeitos adversos do que os medicamentos inalados para DPOC, entre eles estão: diarréia, náusea, redução do apetite, perda de peso, dor abdominal, distúrbios do sono e dor de cabeça. V I I . I N I B I D O R E S D A F O S F O D I E S T E R A S E - 4 ( P D E - 4 ) O uso regular de antibióticos reduziu a taxa de exacerbações na DPOC, a azitromicina (250 mg/dia ou 500 mg 3 vezes por semana) ou eritromicina (250 mg 2 vezes por dia) por 1 ano em pacientes propensos reduziram o risco de exacerbações, mas, foi associada a maior incidência de resistência bacteriana, prolongamento do intervalo QTc e prejuízo em teste de audição. V I I I . A N T I B I Ó T I C O S a erdosteína pode ter efeito nas exacerbações (leves), independentemente do tratamento concomitante com CI. Em pacientes com DPOC não recebendo CI, tratamento regular com mucolíticos como carbocisteína e N-acetilcisteína (NAC) pode reduzir as exacerbações e melhorar modestamente o estado de saúde. I X . A G E N T E S M U C O L Í T I C O S E A N T I O X I D A N T E S o uso de imunorregulador relataram diminuição na gravidade e na frequência das exacerbações, mas é necessário investigar os efeitos a longo prazo. houve redução de 15-20% na taxa de exacerbações graves com uso de anticorpo monoclonal anti-IL-5 mepolizumab e do anticorpo anti-receptor-a de IL-5 benralizumab em pacientes com DPOC grave, exacerbações recorrentes e evidência de sangue periférico de inflamação eosinofílica apesar da terapia inalatória de alta intensidade. a suplementação com vitamina D reduziu as taxas de exacerbação em pacientes com níveis baixos de vitamina D. Contraindicadas: a sinvastatina não preveniu exacerbações em pacientes com DPOC que não tinham indicação metabólica ou cardiovascular para tratamento com estatinas. Terapia de aumento de alfa-1 antitripsina: abordagem lógica para minimizar o desenvolvimento e progressão da doença pulmonar em pacientes com DAAT, sendo indicadas em casos de enfisema em indivíduos com deficiência de alfa-1 antitripsina e VEF1 > 65% previsto. X . O U T R O S M E D I C A M E N T O S Problemas relacionados a via inalatória Quando um tratamento é administrado por via inalatória, deve-se atentar para a importância da educação e treinamento na técnica do dispositivo inalador, que incluem nebulizadores, inaladores dosimetrados (MDIs) usados sem espaçadores, inaladores de névoa suave e dispositivos acionados pela respiração, ou seja, MDIs acionados pela respiração (BAIs) e inaladores de pó seco (DPIs) de dose única e multidoses. Para administração do fármaco ao TRI e pulmões, o tamanho das partículas (diâmetro aerodinâmico médio de massa) pode ser fino (2-5 μm) ou extrafino (< 2 μm), o que influencia a fração respirável total (partículas < 5 μm) e a quantidade e local de deposição do fármaco (deposição mais periférica com partículas extrafinas). Há uma relação significativa entre o mau uso do inalador e o controle dos sintomas em pacientes com DPOC, os determinantes da má técnica inalatória incluem: idade avançada e falta de educação prévia sobre a técnica inalatória, que tende melhorar com a abordagem “teach-back” (pacientes sendo solicitados para mostrar como o dispositivo deve ser usado). Os principais erros no uso do dispositivo de aplicação estão relacionados a problemas com fluxo inspiratório, duração da inspiração, coordenação, preparação da dose, manobra de expiração antes da inspiração e apneia após a inspiração da dose. R E A B I L I T A Ç Ã O , E D U C A Ç Ã O E A U T O - C O N T R O L E Intervenção baseada em uma avaliação completa do paciente com doença respiratória crônica, seguida de terapias que incluem treinamento físico, educação, intervenção de autogestão visando a mudança de comportamento, voltada para melhorar a saúde física e psicológica. Os pacientes devem ser submetidos a avaliação cuidadosa, incluindo a identificação dos objetivos, cuidados de saúde, tabagismo, saúde nutricional, capacidade de autogestão, alfabetização em saúde, estado de saúde psicológica, condições sociais, comorbidades, capacidades e limitações de exercício - e os benefícios ideais são alcançados após 6-8 semanas. Recomenda-se treinamento físico supervisionado pelo menos 2 vezes por semana, e isso pode incluir qualquer regime de treinamento de resistência, treinamento intervalado, treinamento de resistência/força,exercício de caminhada, flexibilidade, treinamento muscular inspiratório e estimulação elétrica neuromuscular. I . R E A B I L I T A Ç Ã O P U L M O N A R Educação: a mudança de comportamentos é impulsionado ao aprimorar o conhecimento do paciente a respeito da cessação do tabagismo, uso correto de dispositivos inalatórios, reconhecimento precoce da exacerbação, tomada de decisão e ação e quando procurar ajuda, e intervenções cirúrgicas. Autogerenciamento: intervenção de autogestão da DPOC é estruturada, personalizada e muitas vezes multicomponente, com objetivos de motivar, envolver e apoiar os pacientes a adaptarem positivamente seu comportamento de saúde e desenvolver habilidades para gerenciar sua doença. I I . E D U C A Ç Ã O , A U T O G E S T Ã O E C U I D A D O I N T E G R A T I V O L A Y A N E S I L V A Programas de cuidados integrados: programa formal estruturado que determina como cada componente é feito, o que deve tornar o atendimento mais eficiente e eficaz, mas, esse cuidado integrado precisa ser individualizado para o estágio de adoecimento da pessoa e alfabetização em saúde. PaO2 ≤ 55 mmHg ou SaO2 ≤ 88% PaO2 – 56 a 59 mmHg ou SaO2 = 89% Sinais de cor pulmonale no ECG Edema devido a insuficiência cardíaca direita Htc > 56% deve-se usar NPPV cronicamente em casa para tratar pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crônica. Suporte ventilatório: - Durante as exacerbações da DPOC: a ventilação não invasiva (VNI) na forma de ventilação não invasiva com pressão positiva (NPPV) é o tratamento padrão para diminuir a morbidade e a mortalidade em pacientes hospitalizados com exacerbação da DPOC e insuficiência respiratória aguda. - Paciente estável: há benefícios associados ao uso de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) para melhorar a sobrevida e o risco de internações hospitalares de pacientes com DPOC e apneia obstrutiva do sono. Abordagens para controle de sintomas, bem como manejo de pacientes terminais próximos à morte, a fim de prevenir e aliviar o sofrimento e oferecer a melhor qualidade de vida para os pacientes e seus familiares, independentemente do estágio da doença ou da necessidade de outras terapias. Esse tipo de manejo é requerido nos pacientes com DPOC com base nos sintomas, visto que a DPOC é uma doença altamente sintomática e possui muitos elementos como fadiga, dispneia, depressão, ansiedade e insônia. I I I . C O N T R O L E D E S I N T O M A S E C U I D A D O S P A L I A T I V O S IMC baixo e massa livre de gordura particularmente baixa estão associados a piores resultados em pessoas com DPOC. Apesar do tratamento farmacológico, muitos pacientes continuam a sentir falta de ar angustiante, capacidade de exercício prejudicada, fadiga e sofrem de pânico, ansiedade e depressão, por isso, são usadas terapias alternativas: Tratamento da dispneia: a falta de ar pode ser aliviada pelo uso de opiáceos, estimulação elétrica neuromuscular, vibração da parede torácica, ventiladores soprando ar no rosto e oxigenoterapia mesmo se o paciente não estiver hipoxêmico (Sp02 > 92%) - outras alternativas são acupuntura e acupressão. Suporte nutricional: promove ganho de peso e leva a melhorias na força muscular respiratória e na qualidade de vida geral relacionada à saúde - além disso, a suplementação nutricional antioxidante (vitamina C e E, zinco e selênio) promoveu melhora nos déficits antioxidantes, a força do quadríceps e a proteína total sérica em pacientes desnutridos. Pânico, ansiedade e depressão: causados por fatores comportamentais, sociais e biológicos, podem ser reduzidos com terapia cognitivo-comportamental e intervenções mente- corpo. Também podem melhorar os resultados físicos, como função pulmonar, dispneia, capacidade de exercício e fadiga. Fadiga: melhorada pela educação de autogestão, reabilitação pulmonar, suporte nutricional e intervenções mente-corpo. I V . T E R A P I A P A R A D P O C Muitos pacientes com DPOC tem declínio gradual do estado de saúde e sintomas crescentes, pontuados por exacerbações agudas que estão associadas a risco aumentado de morte, que tem como principais causas insuficiência respiratória progressiva, doenças cardiovasculares, neoplasias e outras doenças, por isso os cuidados paliativos são o componentes importantes do cuidado de pacientes com DPOC avançada. Oxigenoterapia: a administração prolongada de oxigênio (> 15 horas por dia) a pacientes com doenças respiratórias crônicas aumenta a sobrevida em pacientes com hipoxemia em repouso grave, ademais a falta de ar pode ser aliviada em pacientes com DPOC que são levemente hipoxêmicos ou não hipoxêmicos, mas que não se qualificam para oxigenoterapia domiciliar, quando o oxigênio é administrado durante o treinamento físico. As indicações de oxigenoterapia domiciliar incluem: V . O U T R O S T R A T A M E N T O S Cirurgia de redução do volume pulmonar: procedimento cirúrgico no qual partes dos pulmões são ressecadas para reduzir a hiperinsuflação, fazendo com que os músculos respiratórios sejam mais efetivos na geração de pressão a partir do desenvolvimento da sua eficiência mecânica. Bulectomia: procedimento cirúrgico mais antigo para o enfisema bolhoso, em pacientes selecionados está associada à diminuição da dispneia, melhora da função pulmonar e tolerância ao exercício, as contraindicações incluem hipertensão pulmonar, hipercapnia e enfisema grave. Transplante de pulmão: em pacientes com DPOC muito grave pode melhorar o estado de saúde e a capacidade funcional, mas não prolongar a sobrevida, no entanto, a sobrevida mediana em todos os pacientes com DPOC aumento a 5,5 anos, 7 anos naqueles que recebem transplante de pulmão bilateral e 5 anos naqueles que recebem transplante de pulmão único - as complicações incluem rejeição aguda, bronquiolite obliterante, infecções oportunistas e doença linfoproliferativa. Intervenções broncoscópicas: abordagens broncoscópicas menos invasivas para redução pulmonar incluem uma variedade de procedimentos broncoscópicos diferentes a fim de diminuir o volume torácico para melhorar a mecânica pulmonar, parede torácica e músculos respiratórios. V I . C I R U R G I A M A N E J O D A D P O C E S T Á V E L Os pacientes com DPOC devem ter avaliação da gravidade de sua obstrução ao fluxo aéreo, sintomas, histórico de exacerbações, exposição a fatores de risco e comorbidades para orientar o manejo, que pode ser escalonado/reduzido com base nos sintomas de falta de ar e limitação ao exercício, e na ocorrência contínua de exacerbações na terapia de manutenção. Após a avaliação, o manejo deve abordar a redução da exposição a fatores de risco, incluindo a cessação do tabagismo, vacinação e mudança de hábitos (dieta e exercício físico), e a farmacoterapia deve ser baseada no grupo GOLD. Os pacientes devem receber orientação sobre autogestão da falta de ar, preservação de energia e gerenciamento do estresse e comorbidades, e um plano de ação por escrito. Além disso, devem ser revisados após um intervalo adequado para avaliar seu nível atual de sintomas (usando os escores CAT ou mMRC) e frequência de exacerbação. L A Y A N E S I L V A Nas consultas deve-se (1) verificar técnica inalatória, adesão à terapia prescrita (farmacológica e não farmacológica), tabagismo e exposição a fatores de risco, (2) incentivar atividade física e encaminhamento para reabilitação pulmonar, (3) revisar necessidade de oxigenoterapia, suporte ventilatório, redução do volume pulmonar e abordagens paliativas, (4) atualizar plano de ação, e (5) repetir a espirometria anualmente. Se suspeita concomitante de asma e DPOC, a farmacoterapia deve seguir as diretrizes de asma, mas abordagens farmacológicas ou não podem ser necessárias para a DPOC. I D E N T I F I C A Ç Ã O E R E D U Ç Ã O D A E X P O S I Ç Ã O À F A T O R E S D E R I S C O A identificação e redução da exposição aos fatores de risco é vital no tratamento e prevenção da DPOC, principalmente cessação do tabagismo que deve ser incentivada para os indivíduos que fumam
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