Buscar

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCACAO PROF NAIR FORTES ABUi

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 117 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 117 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 117 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO PROFª NAIR FORTES ABU-MERHY 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Farmacologia Aplicada a 
Enfermagem 
 
 
 
Professor: Rodrigo de Barros Cezario 
 
2º semestre 2020
 2 
 
 
 
Resolução Cofen 271/2002 
Regulamenta ações do Enfermeiro na consulta, prescrição de medicamentos e requisição 
de exames. 
Revogada pela Resolução Cofen 317/2007 
O Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, no uso de suas atribuições legais e regimentais; 
CONSIDERANDO a Lei Federal nº 7.498/86, art. 11º, I, "e" e II, "c"; 
CONSIDERANDO o Decreto Presidencial nº 94.406/87, art. 8º, I, "e" e II, "c"; 
CONSIDERANDO a Lei Federal nº 9394/96, art. 9º, VII, § 1º; 
CONSIDERANDO a Resolução CNE/CES nº 03/2001, especialmente no art. 3º, I e II e art. 5º, VIII e XXII, 
publicada no DOU de 09/11/2001, seção 1, pág. 37; 
CONSIDERANDO o Deliberado na Reunião Ordinária do Plenário nº 304; 
R E S O L V E : 
Art. 1º É ação da Enfermagem, quando praticada pelo Enfermeiro, como integrante da equipe de saúde, a 
prescrição de medicamentos. 
Art. 2º Os limites legais, para a prática desta ação, são os Programas de Saúde Pública e rotinas que tenham 
sido aprovadas em Instituições de Saúde, pública ou privada. 
Art. 3º O Enfermeiro, quando no exercício da atividade capitulada no art. 1º, tem autonomia na escolha dos 
medicamentos e respectiva posologia, respondendo integralmente pelos atos praticados. 
Art. 4º Para assegurar o pleno exercício profissional, garantindo ao cliente/paciente, uma atenção isenta de 
risco, prudente e segura, na conduta prescricional/terapêutica, o Enfermeiro pode solicitar exames de rotina e 
complementares, conforme disposto na Resolução Cofen 195/97. 
Art. 5º O Enfermeiro pode receber o cliente/paciente, nos limites previstos do art 2º, para efetuar a consulta 
de Enfermagem, com o objetivo de conhecer/intervir, sobre os problemas/situações de saúde/doença. 
Art. 6º Em detrimento desta consulta, o Enfermeiro poderá diagnosticar e solucionar os problemas de saúde 
detectados, integrando às ações de Enfermagem, às ações multi-profissionais. 
Art. 7º Os currículos dos cursos de graduação de enfermagem devem, além de outros objetivos, preparar o 
acadêmico para esta realidade, já que é rotina na atualidade, a prática de tais ações, no mercado de trabalho. 
Art. 8º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando disposições em contrário. 
Rio de Janeiro, 12 de julho de 2002. 
 
Gilberto Linhares Teixeira 
Coren-RJ Nº 2380 
Presidente 
 
Carmem de Almeida da Silva 
Coren-SP Nº 2254 
Primeira Secretária 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
Sumário 
 
 
 
- Capítulo 1- Historia e conceitos fundamentais ------------------------------------- 4. 
- Capítulo 2 - Introdução à farmacologia ---------------------------------------------- 12. 
- Capitulo 3 - Infecção x Inflamação ---------------------------------------------------- 35. 
- Capitulo 4 - AINES ---------------------------------------------------------------------- 52. 
- Capítulo 5 - Coticosteróides ------------------------------------------------------------ 57. 
- Capítulo 6 - Terapêutica das afecções respiratórias ------------------------------ 60. 
- Capítulo 7 - Farmacologia do aparelho digestivo --------------------------------- 71. 
- Capítulo 8 – Farmacologia Cardiovascular ----------------------------------------- 77. 
- Capitulo 9 – Farmacologias das Dislipidemias ------------------------------------ 81. 
- Capitulo 10- Antidiabéticos Orais --------------------------------------------------- 102. 
- Capítulo 11 – Drogas que alteram a motilidade Uterina ----------------------- 108. 
- Capítulo 12 – Hormonios Tireoidianos e drogas Antitireoidianos ---------- 112. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
 
 
Capítulo 1 
 
 
HISTÓRIA E CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
A palavra farmacologia etnologicamente se origina da palavra Pharmakon, do grego 
que quer dizer droga, fármaco ou medicamento, mais logos que significa estudo. De uma 
maneira genérica e bastante simplificada poderíamos conceituar farmacologia de diversas 
formas, como se segue: 
• Estudo da interação dos compostos químicos com os organismos vivos; 
• Ciência experimental que lida com as propriedades das drogas e seus efeitos nos 
sistemas vivos; 
• Ciência que estuda as alterações provocadas no organismo pelas drogas ou 
medicamentos. 
 
 
A farmacologia pode, ainda, ser definida como o estudo do modo pelo qual a função dos sistemas 
orgânicos é afetada pelos agentes químicos. A farmacologia foi reconhecida como ciência na segunda 
metade do século XIX, onde os princípios científicos passaram a ser considerados no estabelecimento das 
práticas terapêuticas. No entanto, desde as civilizações mais antigas, remédios baseados em ervas ou 
outros produtos naturais de origem vegetal, animal ou mineral eram amplamente utilizados para combater 
as diversas enfermidades que acometiam o homem e os animais domésticos, que com ele conviviam. 
Até o século XIX, a terapêutica era pouco influenciada pela ciência. A partir desta fase, alguns cientistas 
importantes contribuíram para que esta influência fosse aumentada, dentre eles podemos citar o 
patologista alemão Rudolf Virchow, que naquela época comentou o fato da seguinte forma: “A terapêutica 
é um estágio empírico apreciado por clínicos e médicos práticos, e é através da combinação com a 
fisiologia que precisa ascender para ser uma ciência, o que ela não é nos dias de hoje”. 
 5 
 
 
 
 
 
 
A falta de conhecimentos à cerca do funcionamento do organismo e o sentimento de que doença e morte 
eram assuntos semi-sagrados dificultavam o atendimento dos efeitos das drogas e facilitava o emprego de 
doutrinas autoritárias e nada científicas. 
Com o passar do tempo, as formas empíricas de tratar as doenças forma dando lugar aos sistemas 
terapêuticos mais definidos. A alopatia proposta por James Gregory no século XVIII dispunha como 
recursos terapêuticos somente a sangria, agentes eméticos e purgativos, cujos efeitos indesejáveis 
costumavam levar à morte muitos pacientes. Logo depois, no início do século XIX, Hahnemann 
introduziu os princípios da homeopatia. 
Muitos sistemas terapêuticos surgem e desaparecem ao longo do tempo, muitos deles baseados em 
princípios dogmáticos. Rang et al. (1997) comentam este fato de forma bastante contundente, conforme 
o fragmento de texto abaixo, transcrito destes autores: 
“Os sistemas terapêuticos cujas bases se assentam fora dos domínios da ciência estão, é claro, muito em 
prática hoje em dia, e vem até ganhando espaço sob o título de medicina ‘alternativa’ ou ‘holística’. Em 
sua maioria, rejeitam o ‘modelo médico’ que atribui a doença a um desarranjo subjacente da função 
normal que pode ser definido em termos bioquímicos e estruturais, detectado por meios objetivos e 
influenciado beneficamente por intervenções físicas ou químicas apropriadas. Dá maior importância, 
sobretudo ao mal- estar subjetivo, que pode estar associado ou não a doença. O abandono da objetividade 
na definição e na medida da doença segue junto com um afastamento similar dos princípios científicos 
em fixar a eficácia terapêutica. Disto resulta que princípios e práticas podem ganhar aceitação sem 
satisfazer a qualquer critério de validade para convencer os cientistas, validade exigida por lei antes que 
uma nova droga possa ser introduzida numa terapia. Como acontece com os” secadores de mãos 
elétricos”, a aceitação pública tem pouco a ver com a eficácia demonstrável; isso talvez seja esperado 
numa economia de mercado.” 
A indústria farmacêutica tem evoluído e se modernizado muito ao longo do século XX e graças aos 
avanços da química e dos métodos biotecnológicos, uma infinidade de produtos se encontram disponíveis 
para o uso na prática clínica. Os produtos químicos sintéticoscomeçaram a serem introduzidos na década 
de 20. Os primeiros fármacos efetivamente desenvolvidos em laboratório foram às sulfas, descobertas por 
Domagk a partir do corante prontosil. Depois vieram os antibióticos, que tornaram possível a cura de 
uma série de enfermidades infecciosas antes tidas como verdadeiros flagelos da humanidade. O 
desenvolvimento dos fármacos anti-hipertensivos representou uma vitóriana luta pela longevidade, o que 
reduziu significativamente a mortalidade pelas doenças vasculares. 
Dentre uma série de outras descobertas, podemos citar a dos neurolépticos, aos quais proporcionam 
melhoras significativas na qualidade de vida dos pacientes psiquiátricos e destaque deve ser dado aos 
 6 
agentes imunossupressores que participaram e participam do grande êxito no transplante de órgãos. 
Os produtos naturais ainda são importantes, sobretudo na quimioterapia visando o tratamento das doenças 
infecciosas, mas os produtos sintéticos estão se tornando cada vez mais numerosos. Com o avanço da 
biotecnologia, principalmente através do domínio da técnica do DNA recombinante, hoje existe uma gama 
de novos agentes terapêuticos na forma de anticorpos, enzimas, hormônios, fatores de crescimento e 
citosinas. Mais recentemente tem se realizados ensaios visando à terapia gênica, onde se introduz novo 
segmento de DNA no genoma do indivíduo para adicionar, restaurar ou substituir genes ausentes ou 
anormais no sentido de reparar defeitos inatos do metabolismo. 
Diante do exposto acima, deve-se dizer que a compreensão de como as drogas ou outros compostos agem 
nos componentes do corpo em nível molecular deve aprimorar-se acentuadamente nos anos vindouros. 
Este conhecimento vai oferecer boa base para o uso racional de drogas na terapia medicamentosa, assim 
como fornecer uma base para o desenvolvimento de novas drogas com um mínimo de efeitos colaterais 
indesejáveis. 
Assim, podemos concluir que o estado da farmacologia reveste-se de grande importância para os 
profissionais que militam no campo das ciências biomédicas, onde as drogas se constituem em 
ferramentas importantes, seja na prática clínica, ou seja, na experimentação biológica ou biotecnológica. 
Em termos gerais, de uma forma mais didática, a farmacologia, bem como as drogas, podem ser 
caracterizadas e a farmacologia correlacionada com as demais áreas do conhecimento conforme o 
fluxograma e a figura abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Divisões da Farmacologia 
 
 
A Farmacologia pode ser vista como uma vasta área do conhecimento científico e nas suas diferentes 
abordagens pode se subdividir em cerca de seis áreas principais. 
Optamos pela divisão proposta abaixo, apesar de que, consultando os diferentes autores podemos observar 
algumas diferentes quanto à inclusão ou não de determinadas subdivisões. As diferentes áreas da 
farmacologia são as seguintes: 
a)Farmacodinâmica (do grego dýnamis = força): Estuda o mecanismo de ação dos fármacos, as teorias e 
conceitos relativos ao receptor farmacológico, a interação droga-receptor, bem como os mecanismos 
moleculares relativos ao acoplamento entre a interação da droga com o tecido alvo e o efeito 
farmacológico; 
b)Farmacocinética (do grego knetós = móvel): Estuda o caminho percorrido pelo medicamento no 
organismo. A farmacocinética corresponde às fases de absorção, distribuição e eliminação 
(biotransformação e excreção) das drogas. 
Através da farmacocinética se consegue estabelecer relações entre a dose e as mudanças de concentração 
das drogas nos diversos tecidos em função do tempo; 
c)Farmacotécnica: Estuda o preparo, a manipulação e a conservação dos medicamentos, visando 
conseguir melhor aproveitamento dos seus efeitos benéficos no organismo; 
d)Farmacognosia (do grego gnósis = conhecimento): Cuida da obtenção, identificação e isolamento de 
princípios ativos a partir de produtos naturais de origem animal, vegetal ou mineral, passiveis de uso 
terapêutico; 
e)Farmacoterapêutica: Refere-se ao uso de medicamentos para o tratamento das enfermidades, enquanto 
o termo terapêutico é mais abrangente, envolvendo não só o uso de medicamentos, como também outros 
meios para a prevenção, diagnóstico e tratamento das enfermidades. Esses meios 
envolvem cirurgia, radiação e outros; 
 8 
f)Imunofarmacologia: Área relativamente nova que tem se desenvolvido muito nos anos graças à 
possibilidade de se interferir, através do uso de drogas, na realização dos transplantes e de se utilizar com 
fins terapêuticos substâncias normalmente participantes da resposta imunológica. Além disso, se verifica 
uma grande inter-relação entre farmacologia e imunologia quando se considera o desenvolvimento cada 
vez maior de drogas capazes de interferir com as diversas fases do processo inflamatório. 
 
 
A Toxicologia é uma ciência muito próxima da farmacologia e alguns autores a considerarem como parte 
desta última pelo fato de haver sobreposição de interesses e técnicas entre elas. A Toxicologia estuda os 
agentes tóxicos, sendo que estes podem ser quaisquer substâncias químicas ou agentes físicos capazes de 
produzir efeitos nocivos a organismo vivo. Vale ressaltar que o interesse da toxicologia esta voltada para 
os efeitos nocivos dos diversos agentes. 
 
 
 Conceitos e Termos Mais Usados em Farmacologia 
 
 
Ao se iniciar no estudo da farmacologia é necessário que se observe alguns conceitos que são bastante 
usados e que se faça à devida distinção entre eles para a melhor compreensão dos demais aspectos 
relativos ao conteúdo a ser abordado mais à frente. Abaixo listamos alguns dos conceitos mais 
importantes. 
 
 
Droga: Qualquer substância química, exceto aquelas que servem como alimento, capaz de produzir efeito 
farmacológico em um organismo ou tecido vivo. Vale ressaltar que as drogas não criam funções no 
organismo, mas simplesmente as alteram. Os efeitos provocados pelas drogas podem ser tanto benéficos 
quanto maléficos. 
Remédio: Do Latim remedium (re = inteiramente mais mederi = curar). Remédio é uma palavra 
normalmente usada pelo leigo como sinônimo de medicamento ou especialidade farmacêutica. Portanto, 
remédio pode ser tudo aquilo que cura ou evita as enfermidades. Não só as substâncias químicas podem 
ser consideradas como remédios, mas também alguns agentes físicos como massagens, duchas e etc. 
Tóxico ou veneno: Por tóxico ou veneno compreende-se uma droga ou uma preparação com drogas que 
produz efeito farmacológico maléfico. 
Iatrogenia ou Iatrogênese: Quando um medicamento é administrado a um indivíduo provoca uma lesão 
ou uma doença de forma não intencional, dizemos que houve uma lesão ou doença iatrogênica. Essa 
situação pode vir a ocorrer, por exemplo, nos dois casos abaixo: 
• Por administração excessiva do medicamento; 
• Por hipersensibilidade do indivíduo que recebe o medicamento. 
 
Terapêutica: Pode ser definida como a aplicação clínica da farmacologia, ou seja, como administrar 
determinado medicamento para tratamento e/ou prevenção de doenças. 
 9 
 Medicamento: Do Latim medicamentum. É uma droga devidamente preparada para ser administrada ao 
paciente. Destinada a prevenir, curar, diminuir e/ou diagnosticar as enfermidades, ou seja, é uma 
substância química empregada visando um efeito benéfico. 
Podemos dizer que todo medicamento é uma droga, mas nem toda droga é um medicamento. A ANVISA 
classifica o medicamento como um produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com 
finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. 
 Placebo (placeo = agradar): O que feito com intenção benéfica para aliviar o sofrimento: 
fármaco/medicamento/droga/remédio (em concentração pequena ou mesmo na sua ausência), a 
figura do médico (feiticeiro). 
Posologia: (do grego poso = quanto, mais logos = estudo). É o estudo da dosagem domedicamento com 
fins terapêuticos. 
Dose: É a quantidade capaz provocar uma resposta terapêutica desejada no paciente preferivelmente sem 
outra ações no organismo. 
Dosagem: A dosagem inclui, além da dose, freqüência de administração e duração do tratamento. 
Idiossincrasia: O termo idiossincrasia refere-se às reações particulares ou especiais do organismo às 
drogas, comumente chamadas reações idiossincrásicas. Essas são nocivas, às vezes fatais e ocorrem em 
uma pequena minoria dos indivíduos. Na maioria dos casos a causa não bem compreendida, mas acredita-
se que os fatores genéticos possam ser responsáveis em algumas situações. 
Forma Farmacêutica: Forma farmacêutica é a maneira como os medicamentos são preparados, 
apresentados e conseqüentemente comercializados e utilizados, ou seja, comprimido, xarope, suspensão 
e outros. Na forma farmacêutica, além do medicamento principal ou princípio ativo, entram outras 
substâncias na composição, como veículo ou excipiente, coadjuvante, edulcorante, ligante, preservativo 
e etc. 
As formas farmacêuticas podem ser classificadas conforme se exemplifica abaixo: 
 
Preparações líquidas 
 
Soluções – Misturas homogêneas do soluto que é base farmacológica com o solvente que é o veículo. 
Pode se destinar ao uso sob a forma de gotas. 
Suspensões – Misturas heterogêneas, sendo que o soluto se deposita no fundo do recipiente necessitando 
de homogeneização no momento do uso. 
Emulsões-Substâncias oleosas dispersas em meio aquoso, apresentando separação de fases. 
Xaropes – Soluções aquosas onde o açúcar em altas concentrações é utilizado como corretivo. Pode conter 
cerca de dois terços do seu peso em sacarose. 
Elixires – Soluções hidroalcoólicas para uso oral, açucaradas ou glicerinadas contendo substâncias 
aromáticas e as bases medicamentosas. 
Loções – Soluções alcoólicas ou aquosas para uso tópico. 
 10 
Linimentos - Similares aos anteriores, mas com veículo oleoso. 
 
 
 Preparações sólidas 
 
 
Comprimidos – Forma farmacêutica de formato variável, em geral discóide, obtida por compressão. Na 
maioria dos casos contém uma ou mais drogas, aglutinante e excipiente adequados, prensados 
mecanicamente. 
Drágeas – Similares aos anteriores, mas com revestimento gelatinoso que impede a desintegração nas 
porções superiores do trato digestivo. O revestimento protetor apresenta várias camadas contendo 
substâncias ativas ou inertes. Costumam ser coloridas e polidas utilizando-se cera carnaúba no polimento. 
Cápsulas – Uma ou mais drogas mais excipientes não prensados e colocados em um invólucro gelatinoso 
ou amiláceo. 
Pílulas – Associação do princípio ativo com um aglutinante viscoso. 
Supositórios - Apresentações semi-sólidas para uso retal, que se fundem à temperatura corporal pela 
presença de manteiga de cacau, glicerina ou polietilenoglicol. 
Óvulos e Velas - Apresentações semi-sólidas para uso ginecológico, cuja diferença entre si é a forma. 
 
 
 
Preparações Pastosas 
 
São preparações semi-sólidas normalmente destinadas ao uso tópico. Como exemplos temos as seguintes: 
geléias, cremes, pomadas, ungüentos e pastas, em ordem crescente de viscosidades. 
Diferem também pelos veículos que são gelatinosos nas geléias, oleosos nas pomadas e aquosos nos 
demais. 
 
 
Dose Efetiva Mediana (DE50) é a Dose Letal (DL50) e Índice Terapêutico 
 
 
Dose efetiva mediana (DE50) é a base para produzir determinada intensidade de um efeito em 50% dos 
indivíduos. Doses outras que produzem a mesma intensidade do efeito em outras proporções percentuais 
são designadas DE20, DE80 e etc. 
Quando o efeito observado é a morte dos animais de experimentação, registra-se a dose letal. DL50 
significa que morreram 50% dos animais com a dose empregada, DL20, que morreram 20% dos animais 
e assim por diante. Acredita-se hoje, que o teste de determinação da DL50, anteriormente considerado 
como parâmetro fundamental para a definição da toxicidade química, tenha perdido grande parte de sua 
credibilidade, especialmente em relação a fármacos destinados ao uso terapêuticos. Devido aos problemas 
relacionados abaixo, ele mede apenas a mortalidade e não a toxicidade subletal. 
• A DL50 varia muito entre as espécies e não pode ser extrapolada com segurança para seres humanos; 
 11 
• Ele mede apenas a toxicidade aguda produzida por uma dose única, e não mede a toxicidade em longo 
prazo; 
• Ele não mede as reações idiossincrásicas (reações que ocorrem a uma dose baixa em uma pequena 
proporção dos indivíduos), embora essas reações sejam mais relevantes para a prática que a toxicidade de 
doses altas; 
• Ele requer o uso de muitos animais e acarreta um sofrimento desproporcional em relação ao 
conhecimento obtido. 
 
 
O índice terapêutico (IT) é definido pela relação DL50/DE50. Vários autores ainda transmitem a idéia de 
que quanto maior o índice terapêutico de uma droga, maior a sua margem de segurança, pois ele indica a 
distância entre a dose letal mediana e a dose efetiva mediana. Erlich definiu inicialmente o índice 
terapêutico como: IT = Dose máxima não tóxica/Dose mínima eficaz, infelizmente a variabilidade entre 
indivíduos não é levada em conta nesta definição, portanto esse conceito caiu em desuso. O conceito de 
IT = DL50/DE50 ainda é amplamente utilizado, apesar de hoje reconhecermos que este apresenta limitações 
claras. O IT é capaz de dar uma idéia da margem de segurança no uso de um fármaco, mas não é 
efetivamente um guia útil para a segurança de um medicamento no uso clínico. As razões para isso são as 
seguintes: 
 
a)O tipo de efeito adverso que limita na prática a utilidade clínica de um fármaco tende a passar 
despercebido no teste de DL50; 
b)A DE50 pode não ser definida, dependendo da media da eficácia utilizada. Por exemplo, pode ser 
necessário administrar os fármacos analgésicos em doses diferentes de acordo com a natureza da dor; 
c) Algumas formas muito importantes de toxicidade são idiossincrásicas. Em outros casos, a toxicidade 
depende muito do estado clínico do paciente. 
Assim, o propranolol, por exemplo, é perigoso para pacientes asmáticos em doses que são inofensivas 
para um indivíduo normal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capitulo 2 
 
 12 
 
Introdução à Farmacologia Clínica 
 
 
A industrialização do medicamento, ocorrida a partir de 1920 e aumentada depois da Segunda Guerra 
Mundial, é a responsável pela dramática mudança na farmácia. Não obstante, esta, mesma circunstância 
é a que hoje lhe devolve a grande oportunidade de recuperar um papel social protagônico. Com efeito, na 
enorme quantidade de medicamentos disponíveis no presente e na sua variada ação farmacológica, se 
manifesta à necessidade de que alguém, com sólidos conhecimentos profissionais ponha racionalidade no 
mercado e garanta o uso correto de medicamento. Esta tarefa é sem 
dúvida para o farmacêutico. 
Em 1960 surgiu o primeiro conceito de Farmácia Clínica, definido como a parte da farmácia que trata do 
cuidado do enfermo com particular ênfase na terapia farmacológica, seus efeitos adversos e interações 
indesejáveis. Em 1990 foi descrito o conceito de Atenção Farmacêutica, como a prestação responsável de 
cuidados integrais relacionados com a medicação tendo como objetivo a melhoria da qualidade de vida 
dos pacientes. 
Ambos os conceitos estabelecem novos papéis e responsabilidades para o farmacêutico, orientado ao 
cuidado e assessoramento do paciente em todos os aspectos relacionados com o uso dos medicamentos, 
ou seja, o papel do farmacêutico que no passado se orientava ao produto, na atualidade se orienta ao 
paciente. 
A farmácia Clínica supôs a introdução da prestação de serviços farmacêuticos orientados ao paciente. 
Houve uma evolução e os serviços não somente se orientaram ao paciente, como também os farmacêuticos 
passam a se conscientizar de que sua intervenção melhoraria a qualidade de vida dos pacientes. 
Em 1995, em uma conferênciasobre “As direções para prática clínica em farmácia”, patrocinada pela 
ASPH (American Society of Hospital Pharmacisitis, hoje denominada American Society of Health-
System Pharmacist), na qual Hepler apontava que deveria ser estabelecido um compromisso para 
desenvolver a Farmácia como uma verdadeira profissão clínica. Indicava que “deveria existir um 
convênio ou pacto entre os farmacêuticos e seus pacientes e, por extensão, entre a profissão de Farmácia 
e a Sociedade”. 
Sem saber que Brodie havia usado o termo sete anos antes Hepler descreveu na sua idéia como atenção 
farmacêutica em outra reunião na Carolina do Sul, em 1987: 
“Proponho que os farmacêuticos clínicos mudem sua ênfase de realizar somente funções isoladas aos 
pacientes e aceitam uma parcela de responsabilidade na atenção ao paciente”. 
Em 1988, Hepler descreveu a atenção farmacêutica como “uma relação pactuada entre um farmacêutico 
e um paciente, na qual o farmacêutico leva a cabo as funções de controle do uso dos medicamentos, 
governado pela consciência e o compromisso de interesse pelo paciente”.Strand define como, “o 
componente da prática da farmácia que supõe a interação direta do farmacêutico com o paciente, com a 
 13 
finalidade de atender às necessidades do mesmo relacionadas com medicamentos”. 
Em qualquer âmbito da prática profissional, os farmacêuticos têm diante de si um grande desafio. Ou se 
integram profissionalmente ao sistema, assumindo novos e protagônicos papéis na informação sobre 
medicamentos, o tratamento de patologias menores e racionalização dos custos sanitários, ou continuam 
com a deteriorização profissional onde as técnicas de comercialização cedo ou tarde, os deixarão de lado. 
Esta crise de identidade atravessa o farmacêutico á que justifica uma mudança rápida, enérgica e 
penetrante. 
A farmacologia clínica evoluiu com a necessidade de se comprovar a eficácia e segurança dos fármacos 
em seres humanos, em função das leis que regulamentam o desenvolvimento, produção e comercialização 
dos medicamentos. Atualmente, a Farmacologia Clínica é a expressão contemporânea do emprego do 
método científico para a racionalização da terapêutica medicamentosa. Os ensaios clínicos, os quais 
seguem princípios éticos e científicos de experimentação, são os responsáveis pelas bases da avaliação de 
eficácia e segurança dos fármacos. O ensino da farmacologia clínica e a pesquisa com medicamentos é 
uma realidade recente no país. Portanto, os profissionais da área de saúde, médicos, biomédicos, 
farmacêuticos e enfermeiros, que trabalham ou pretendem trabalhar nas indústrias farmacêuticas, nas 
empresas privadas que pesquisam e monitorizam medicamentos (contract research organizations) ou nas 
instituições públicas de vigilância sanitária, não recebem a devida qualificação durante a sua formação 
acadêmica. 
 
ESTUDO DAS PRINCIPAIS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 
ATRAVÉS DO SISTEMA DIGESTIVO 
 
 
 
VIA ORAL 
 
 Na utilização por via oral, para que o medicamento atinja os locais onde possa haver absorção, é 
necessário que haja deglutição, o que por si, limita o emprego da via em pacientes impossibilitados de 
realizar tal função. No estômago ocorre à absorção de uma pequena parcela do total que é absorvido, o 
que seria de se esperar, pelas características estruturais da mucosa gástrica o que não lhe confere grande 
capacidade absortiva. Alguns medicamentos, sobretudo aqueles de características básicas, podem 
permanecer por algum motivo no estômago sem ser absorvido, sendo este segmento do trato digestivo 
responsável por modificar o tempo de latência desses fármacos. No terço inicial do intestino delgado se 
faz grande parte da absorção, sendo este segmento de grande relevância no processo. Como vantagem da 
utilização da via oral poderíamos citar a facilidade ou praticidade na administração do medicamento, o 
que acarreta em uma série de outras vantagens. Como desvantagens podemos incluir o fato do 
medicamento ser irritante para a mucosa do trato gastrointestinal ou ainda ser instável nas condições 
físico-químicas proporcionadas pelas secreções digestivas. Na maioria das vezes, após a absorção, a 
 14 
passagem do fármaco dos vasos mesentéricos ao sistema porta e a posterior passagem pelo fígado resulta 
em remoção e metabolização de parte do mesmo pelo fígado no chamado metabolismo de primeira 
passagem. Deve-se relatar também a incompatibilidade da utilização da via oral em indivíduos 
apresentando distúrbios digestivos, tais como vômito ou diarréia. 
 
 
Absorção por via oral e o conceito de biodisponibilidade 
 
A absorção através do trato digestivo depende de uma série de fatores, tais como: 
mobilidade do trato gastrointestinal, valores de pH no local de absorção, tamanho das partículas de 
preparação e interação físico-química com o conteúdo (por exemplo a interação que ocorre entre os 
antibióticos do grupo das tetraciclinas e íons metálicos como o cálcio) 
 O termo biodisponibilidade se refere à quantidade de uma preparação terapêutica que é absorvida e torna-
se efetivamente disponível no local de ação da droga ou, ainda, pode ser considerada como a fração da 
dose ingerida de um fármaco que tem acesso à circulação sistêmica, a qual é afetada diretamente pelos 
fatores que interferem na absorção ou pela metabolização na parede intestinal ou no fígado antes de atingir 
a circulação sistêmica. Quando as duas preparações de um mesmo fármaco se equivalem do ponto de vista 
de eficácia clínica, dizemos que há bioequivalência entre as preparações e que elas são comparáveis 
quanto a biodisponibilidade. 
 
VIA MUCOSA ORAL (SUBLINGUAL OU ENTERAL TRANSMUCOSA) 
 
 A absorção de alguns fármacos por esta via é relativamente rápida com a vantagem de atingir a circulação 
sistêmica sem sofrer o metabolismo de primeira passagem no fígado ou nos enterócitos. Por essa via são 
administradas drogas com ação vasodilatadora como o trinitrato de gliceril objetivando uma resposta 
rápida. Tem que se 
levar em conta o sabor da preparação, que não pode ser desagradável para ser administrada por esta via. 
 
VIA RETAL 
 
 O uso desta via é relativamente esporádico visando o tratamento de afecções locais, bem como visando 
uma ação sistêmica. A absorção de drogas por via retal muitas vezes não é confiável, mas pode se 
constituir em uma opção para pacientes incapacitados de receber medicamentos por outras vias, como por 
exemplo, naqueles apresentando vômitos, crises convulsivas e pós-operatório que empeça a utilização da 
via oral ou desidratação grave que dificulte a utilização da via endovenosa. A via retal exige preparações 
ou formas farmacêuticas adequadas. 
 15 
 
 As vantagens das vias parenterais se relacionam com a maior rapidez na absorção, o que proporciona 
um menor tempo de latência, ou seja, um intervalo menor entre o momento da administração e o início 
dos efeitos, maior correlação entre a dose administrada e a dose absorvida, conseqüentemente menores 
perdas ou maior 
biodisponibilidade. Deve-se considerar a possibilidade de se utilizar estas vias em indivíduos 
apresentando vômito ou diarréia. 
 Como desvantagens, as vias parenterais apresentam a necessidade de assepsia nos procedimentos de 
aplicação além de exigir maior conhecimento técnico, maiores cuidados, além de concentrações 
adequadas das preparações em relação à tonicidade dos fluídos corporais. 
 
VIAS PARENTERAIS (PAR, FORA DE ENTERO, INTESTINO) 
 
 
CAVIDADES SEROSAS 
 
 
 A principal via onde se utiliza uma cavidade serosa é a via intraperitoneal (I. P) a qual apresenta grande 
capacidade de absorção pela sua rica vascularização. Essa via, no entanto, é muito pouco utilizada na 
prática clinica e bastante utilizada experimentalmente em animais de laboratório devido a questões de 
ordem prática, tais como o risco de se atingir alguma víscera durante a aplicação ou de provocar uma 
peritonite. 
 
 
VIA INTRADÉRMICA 
 
 
É umavia limitada pela capacidade de receber somente pequenos volumes. 
Normalmente se utiliza essa via para a administração de vacinas ou para a execução de testes 
imunológicos como na aplicação de tuberculina ou no diagnóstico da Leishmaniose Tegumentar. 
 
 
INTRAMUSCULAR (I.M.) 
 
Quando a droga é administrada por via intramuscular ela entra em contato com uma grande superfície 
absortiva, que é particularmente proporcionada pela irrigação exuberante que o tecido muscular apresenta. 
A via intramuscular se caracteriza de uma maneira geral por proporcionar uma absorção rápida. 
 É uma via que exige cuidados na sua utilização, assim como todas as parenterais devido à possibilidade 
de lesar nervos ou atingir vasos durante a administração. As soluções anisotônicas e irritantes para os 
tecidos devem ser evitadas. 
 16 
 
 
VIA INTRAVENENOSA OU ENDOVENOSA (I.V.) 
 
 A aplicação endovenosa consiste em administrar o medicamento diretamente no leito vascular, portanto 
nesta via considera-se que não há absorção. Utiliza-se essa via para se obter um efeito imediato, 
reduzindo-se o tempo de latência. A via intravenosa ou endovenosa permite a administração de grandes 
volumes, desde que observada a velocidade de aplicação, e permite o uso de soluções anisotônicas com o 
líquido extracelular. A superdosagem na via endovenosa é de fácil controle e deve se observar o risco de 
provocar embolias quando são utilizadas substâncias gasosas ou soluções oleosas e o risco de uma 
sobrecarga de volume ou hipervolemia na administração de quantidade excessiva. O veículo utilizado na 
preparação deve ser aquoso ou aquamiscível. 
 
VIA SUBCUTÂNEA (S.C.) 
 
 A aplicação por via subcutânea nas regiões onde a pele é mais distensível permite a administração de 
volumes maiores de uma preparação. A aplicação em massa seja nas campanhas de vacinação em 
humanos ou no tratamento feito em grandes rebanhos na prática veterinária, a via subcutânea pode 
apresentar vantagens do ponto de vista prático. 
Formas de aumentar ou reduzir a absorção nas diversas vias de administração 
 
 
 
 
 
 
AUMENTAR A ABSORÇÃO 
Compressas Quentes 
 
Massagem no local de Injeção 
 
Associação com Hialuronidase 
 
 
REDUZIR A ABSORÇÃO 
Associação com Vasoconstritores 
Formas Farmacêuticas Especiais 
Comprimidos de Liberação Lenta 
Uso de Veículo oleoso 
Uso de sais pouco solúvel do fármaco 
Implante subcutâneo de preparações sólidas 
 17 
 
ATRAVÉS DO APARELHO RESPIRATÓRIO 
 
MUCOSA BRONQUIAL E ALVÉOLOS 
 
Algumas drogas são utilizadas por inalação como os anestésicos inalatórios naforma de gases ou líquidos 
voláteis, onde o pulmão funciona tanto como uma via de administração como de eliminação. As trocas 
do sangue com o ar alveolar são rápidas em decorrência da grande superfície absortiva e a grande 
vascularização, o que permite ajustes rápidos na concentração plasmática. Fármacos que agem 
diretamente sobre os pulmões também podem ser administrados por inalação na forma de aerossóis 
visando uma ação mucolítica ou broncodilatadora, como por exemplo, o salbutamol ou outras drogas 
utilizadas nas crises de asma brônquica. 
 O cromoglicato pode ser utilizado no tratamento da asma inalado na forma de pó e ainda, algumas drogas 
podem ser administradas por via endotraqueal com o auxílio de uma sonda em certas situações de 
emergência como é o caso da atropina ou da adrenalina. 
 
MUCOSA NASAL 
 
 
Quando se instila um medicamento na mucosa nasal normalmente se esta visando o tratamento de uma 
afecção local. 
 
OUTRAS VIAS 
 
 
VIA INTRA-UTERINA 
 
 
Utilizada para a aplicação de anti-sépticos, antibióticos e outros produtos visando o tratamento de afecções 
do trato geniturinário ou mais especificamente do útero. 
 
 
VIA INTRAMAMÁRIA 
 
 
A via intramamária consiste na aplicação do medicamento através do ducto da papila mamária e é utilizada 
normalmente na aplicação de anti-sépticos e antibióticos visando o tratamento local das mastites. É uma 
via também muito empregada na veterinária e pouco na medicina. 
 
 
 
 
 18 
VIAS EPIDURAL E INTRATECAL 
 
 
A aplicação de drogas no canal medular ou no espaço subaracnóide é utilizada para fins específicos. 
 Pode-se produzir anestesia regional pela administração de um anestésico local ou mais recentemente pela 
administração de hipnoanalgésicos. Certas formas de leucemia podem ser tratadas administrando 
quimioterápicos por estas vias, assim como antibióticospodem ser utilizados no tratamento das 
meningites. 
 
 
VIA INTRA-OCULAR 
Normalmente utilizada para o tratamento das afecções oculares com as conjuntivites ou o glaucoma, por 
exemplo, ou ainda na aplicação de vacinas na prática veterinária, como é o caso de algumas vacinações 
nas aves. Para que haja absorção pelo epitélio conjuntival é necessário que a droga apresente um certo 
grau de lipossolubilidade. 
 
PELE OU SUPERFÍCIES EPITELIAIS 
 
A absorção de drogas pele integra é bastante dependente da lipossolubilidade da droga e bastante difícil 
para certos fármacos. Utiliza-se a aplicação tópica sobre a pele visando o tratamento de afecções locais 
bem como a ação sistêmica daquelas drogas que podem ser absorvidas em quantidades apreciáveis. 
 Nos dias atuais é relativamente comum a comercialização de preparações farmacológicas para serem 
utilizadas por via transdérmica, as quais são aderidas a regiões de pele fina. Como exemplo podemos citar 
o gliceritrinitrato utilizado no tratamento da angina, a hioscina que evita a cinetose no mar ou os 
hormônios estrogênicos utilizados na reposição hormonal pós-menopausa. 
 A via transdérmica é importante na veterinária a qual possibilita a aplicação de medicamentos que 
utilizam veículos especiais nas formas de aplicação “pour on” e “spoton”. Os veículos especiais são os 
dimetilsulfóxidos ou DMSO, Dimetilformamida, sabões e álcoois, cuja função principal é facilitar a 
penetração através da camada queratinizada da pele pelo princípio ativo. As drogas normalmente 
aplicadas desta forma são os antiparasitários utilizados no combate aos ectoparasitas e endoparasitas que 
infestam ou infectam os animais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
-FARMACOCINÉTICA: 
 
 
6.1-Farmacocinética : é o caminho que o [[medicamento]] faz no organismo. Não se trata do estudo do 
seu mecanismo de ação mais sim as etapas que a [[droga]] sofre desde a administração até a excreção, 
que são: absorção, distribuição, bio-transformação e excreção. Note também que uma vez as a droga no 
organismo, essas etapas ocorrem de forma simultânea sendo essa divisão apenas de caráter Didático. 
 
 
6.1.1-As fases da farmacocinética são: 
 
1- Absorção 
Absorção farmacológica; 
A absorção, é a primeira etapa que começa com a escolha da via de administração até o momento que a 
droga entra na corrente sanguínea. Vias de administração como intra-venosa e intra-arterial não 
passam por essa etapa, entram direto na circulação sangüínea. Existem fatores interferem nessa 
etapa, dentre estes temos : o pH do meio, forma farmacêutica e patologias (úlceras por exemplo), dose da 
droga a ser administrada, concentração da droga na circulação sistêmica,concentração da droga no local 
de ação, distribuição da droga organicamente, as drogas nos tecidos de distribuição e a eliminação 
metabolizada ou excretada. Temos ainda um fator a ser relevado que é a característica química da droga 
pois esta interfere no processo de absorção. 
 
 
Metabolismo de primeira passagem 
 
 
Muitos fármacos após alcançarem a circulação sistêmica têm uma porção significativa removida e 
metabolizada pelo fígado no que se convencionou chamar metabolismo de primeira passagem ou 
metabolismo pré-sistêmico. Esse metabolismo de primeira passagem pode reduzir a biodisponibilidade 
dos fármacos administrados por via oral, o que faz com as doses para a administração por via oral sejam 
maiores em comparação comaquelas administradas por outras vias. 
As variações individuais são muito grandes quanto ao metabolismo de primeira passagem produzindo 
uma certa imprevisibilidade de efeitos quando certos fármacos são administrados por via oral. 
 
Fármacos que sofrem eliminação pré-sistêmica significativa 
 
Aspirina 
 
Lignocaína 
 
Clotrimazol 
 
Metoprolol 
 
Clorpromazina 
 
Morfina 
 
Dextropropoxifeno Nortriptilina 
 20 
 
Trinitrato de gliceril 
 
Petidina 
 
Imipramina 
 
Propranolol 
 
Dinitrato de Isossorbida 
 
Salbutamol 
 
Levodopa 
 
Verapamil 
 
 
2-Distribuição farmacológica 
 
Nesta etapa a droga é distribuída no organismo através da circulação. O processamento da 
droga no organismo passa em primeiramente nos órgãos de maior vascularização (como SNC, pulmão, 
coração) e depois sofre redistribuição aos tecidos de menos irrigação (tecido adiposo por exemplo). É 
nessa etapa em que a droga chega ao ponto onde vai atuar. Nessa etapa poderá ocorrer : baixa 
concentração de proteínas plasmáticas (necessárias para a formação da fração ligada) como desnutrição, 
hepatite e cirrose, que destroem hepatócitos, que são células produtoras de proteínas 
plasmáticas,reduzindo assim o nível destas no sangue. 
 
3- Bio-transformação 
 
Fase onde a droga é transformada em um composto mais hidrossolúvel para a posterior excreção. A Bio 
- transformação dá em duas fases: 
 
Fase 1: etapas de oxidação, redução e hidrólise; 
Fase 2: conjugação com o ácido glicurônico. 
 
A fase 1 não é um processo obrigatório, variando de droga para droga e diferente da fase 2, obrigatória a 
todas as drogas. O fígado é o órgão que prepara a droga para a excreção. Essa é a fase que prepara a droga 
para a excreção. 
 
 
4- Excreção 
 
 
Pela excreção, os compostos são removidos do organismo para o meio externo. 
Fármacos hidrossolúveis, carregados ionicamente, são filtrados nos glomérulos ou secretados 
nos túbulos renais, não sofrendo reabsorção tubular, pois têm dificuldade em atravessar membranas. 
Excretam-se, portanto, na forma ativa do fármaco. 
Os sítios de excreção denominam-se emunctórios e, além do rim, incluem: 
▪ pulmões, 
▪ fezes; 
▪ secreção biliar, 
 21 
▪ suor, 
▪ lágrimas, 
▪ saliva, 
▪ leite materno. 
Retirando desta lista os pulmões para os fármacos gasosos ou voláteis, os demais sítios são 
quantitativamente menos importantes. 
 
 
 
FARMACODINÂMICA 
 
 
 
 Interação Droga/Receptor 
 
Os fármacos ou seus metabólitos ativos, para produzirem efeitos devem atingir o local de ação em 
concentrações adequadas. 
As drogas normalmente produzem alterações no organismo através de alterações das propriedades físicas, 
físico-químicas e ou bioquímicas da estrutura celular. Por exemplo, acredita-se que os anestésicos gerais 
inalatórios, devido à alta lipossolubilidade, se dissolvem na estrutura da membrana das células nervosas. 
Também certos antimicrobianos devido as suas propriedades tensoativas alteram a tensão superficial das 
membranas e, conseqüentemente alteram a permeabilidade seletiva da membrana o que leva à morte os 
microrganismos. Outras vezes, os medicamentos agem através de reações químicas simples, combina-se 
com componentes do organismo e alteram então, a participação destes componentes nos processos 
fisiológicos normais. Na maioria das vezes os medicamentos agem em quantidades tão mínimas e tão 
seletivas que é fácil de se enxergar uma correlação entre as estruturas químicas dos mesmos e os locais 
de ação 
ou de ligação. Assim atuam anti-histamínicos, anestésicos locais e etc, que sempre apresentam uma 
semelhança estrutural com todos os medicamentos do mesmo grupo farmacológico. Além disto tais 
medicamentos podem ser antagonizados por outras substâncias que devem ter semelhança estrutural. Para 
explicar os mecanismos de ação destes medicamentos surgiram várias teorias, todas elas baseadas na 
existência de macromoléculas as quais se ligam os fármacos formando um complexo, reversível, que na 
maioria dos casos é responsável pelo efeito farmacológico. Estas macromoléculas são denominadas 
receptores. 
Em um exemplo hipotético, suponhamos que um fármaco tenha sido adicionado a diferentes preparações 
de músculo liso. Em uma das preparações o músculo contraiu, em outra houve relaxamento e a terceira 
não respondeu. Podemos dizer que o músculo da primeira preparação apresenta receptores para contração, 
o segundo para relaxamento e o terceiro não possui receptores para aquele fármaco. 
 
 22 
Outro exemplo interessante é o que ocorre com os hormônios, que após serem secretados são lançados na 
circulação sangüínea e, desta maneira, todo o tecido do organismo estão expostos a estes hormônios. 
Alguns tecidos respondem a um dado hormônio e outros não. Os hormônios ligam-se aos receptores 
presentes em alguns tecidos e, de alguma forma, produzem alterações que resultam em efeitos fisiológicos 
característicos. 
O conceito de receptores vem desde Langley que 1907 propôs o conceito de “substâncias receptivas” e 
Erlich em 1913 que notou a alta especificidade da ligação entre protozoários e certos quimioterápicos, no 
entanto o mais aceito é o proposto por Ariens, muitos anos mais tarde e, corresponde ao local de interação 
da droga com o componente celular que pode resultar em um estímulo que poderá ser traduzido a um 
efeito. 
Segundo Ariens são receptores: 
 23 
 
a) Enzimas, com os quais alguns medicamentos se ligam levando ao 
aparecimento de seu efeito farmacológico. Exemplo: Inibidores da 
acetilcolinesterase que se ligam na enzima e a inibem; 
 
b) Ácidos nucléico, que podem ter a estrutura alterada pela ação de certas 
drogas como os antibióticos, antimaláricos e etc; 
 
c) Sítios moleculares específicos, localizados em células, com as quais 
determinados fármacos reagem provocando uma resposta característica. 
Exemplo: colinérgicos de ação direta, que se ligam aos receptores 
muscarínicos da acetilcolina. 
 
Formação do complexo droga-receptor ou fármaco-receptor 
 
 
 A natureza da interação fármaco-receptor tem sido, desde muitos anos, um tema muito estudado na 
farmacologia básica. 
Quando droga e receptor se interagem, surge um complexo droga-receptor ou fármaco-receptor. A 
formação deste complexo geralmente leva a alteração do funcionamento celular. 
F+R ↔ FR → Efeito 
 A maioria dos fármacos se liga através de ligações fracas com os receptores de modo que a velocidade 
de dissociação do complexo é grande. Quando a ligação é forte, covalente, os complexos são mais estáveis 
e o efeito pode ser mais duradouro ou até irreversível. A ligação fármaco-receptor se faz por ligação 
iônica, pontes de hidrogênio, forças de Van der Waals ou interações hidrofóbicas. 
Nem todos os fármacos, porém, agem através de receptores, substâncias como o manitol (um diurético 
osmótico) vão agir sobre a água, a carboximetilcelulose (um laxante) apenas aumenta o volume fecal pela 
incorporação de água. Nestes casos alguns autores consideram a água como um receptor inespecífico uma 
vez que ela poderia ser substituída por qualquer outro solvente polar. 
Algumas substâncias de efeito quelante se ligam a íons metálicos divalentes tendo a predileção por alguns 
deles como o cálcio e magnésio. Neste caso podemos considerar estes íons como receptores semi-
específicos. Ao contrário do que ocorre nestes exemplos os receptores específicos apresentam organização 
química complexa, na qual o fármaco deve se encaixar para produzir ação farmacológica. No caso de 
receptores específicos, pequenas modificações químicas na estrutura do fármaco podem resultar em 
grandes alterações em termos de efeitos. Para exemplificação veja a Tabela abaixo: 
 
 24 
Potência relativa de alguns análogos da acetilcolina sobre a contração do músculo liso 
do íleo de cobaia 
Droga 
 
Potência Relativa (%) 
Acetilcolina 10025 
Formicolina 
 
5 
Propionicolina 
 
 
 
 
 Interação Entre Drogas 
 
 
 A administração simultânea de duas drogas pode fazer com que o efeito de uma delas seja 
quantitativamente alterado. A presença em uma mesma preparação de mais de uma substância geralmente 
tem a finalidade de aumentar ou reduzir os efeitos de uma delas, facilitar a dissolução, a conservação ou 
melhorar as propriedades organolépticas. A associação entre drogas pode fazer com que obtenhamos o 
efeito desejado de um dado fármaco utilizando doses menores e conseqüentemente com a possibilidade 
de menores efeitos colaterais. O uso de drogas associadas pode resultar em uma série de interações que 
são classificadas em sinergismo e antagonismo. 
 
 
 
 Sinergismo 
 
 
 Diz-se que há sinergismo, entre dois fármacos A e B quando, devido à presença da droga B, houve menor 
necessidade de A, para se obter o efeito desejado. O sinergismo pode ser dividido em sinergismo por 
potenciação e sinergismo por adição. No sinergismo por adição o efeito da droga A soma-se ao efeito da 
droga B, ou seja, se tivermos um anestésico A, que em uma dose X, produza efeito por uma hora e um 
outro anestésico B, que na dose Y, produza efeito por 30 minutos, ao associarmos os dois anestésicos 
obteremos efeito por 1 hora e 30 minutos. O gráfico abaixo ilustra o efeito de A em função da dose com 
doses crescentes de B (B=0, B=4 e B=8). 
O sinergismo por potenciação ocorre quando o efeito obtido na associação é maior que o efeito de cada 
uma das drogas isoladamente, mas é diferente da somatória dos efeitos isolados. 
Suponhamos que o efeito desejado seja a redução da pressão arterial. Esse efeito poderia ser obtido pela 
utilização de uma droga A com ação vasodilatadora ou pela utilização de uma droga B com ação diurética 
A utilização das drogas A e B em conjunto propicia um efeito maior que cada uma delas isoladamente. 
 25 
Dizemos então que houve um sinergismo por potenciação, Ocorre também potenciação quando as drogas 
atuam de forma qualitativamente diferente, uma interferindo nas características farmacocinéticas da outra, 
por exemplo, a interação entre os inibidores de aceiticolinesterase e a acetilcolina, a qual tem os níveis 
aumentados pela presença do inibidor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Efeito da droga A com diferentes concentrações de uma droga b 
 
 
Podemos observar que a curva se desloca para a esquerda à medida que aumentamos a concentração de 
B, isto significa que para obtermos um dado efeito, em presença de B, necessitamos de doses menores de 
A. 
 
Antagonismo 
 
Há antagonismo entre duas drogas quando a intensidade do efeito de uma é reduzido pela presença da 
outra. 
Quando duas drogas competem pelo mesmo receptor, com afinidades semelhantes pelo receptor, tendo 
uma delas atividade intrínseca igual a um (agonista total) e a outra igual a zero (antagonista), dizemos que 
há antagonismo competitivo reversível. A interação é competitiva porque as drogas competem pelo 
mesmo receptor e reversível, porque as ligações sendo fracas uma das drogas se desloca a outra do 
receptor e com isso, aumentando-se concentração do agonista consegue-se reverter o bloqueio feito pelo 
antagonista. Neste caso as curvas são paralelas e aumentando-se a dose do agonista sempre se alcança o 
efeito máximo. Uma droga neste caso modifica a afinidade da outra pelo receptor, ou seja, a constante de 
afinidade se altera, já as curvas se deslocam para a direita à medida que se aumenta concentração 
do antagonista. O antagonismo competitivo reversível é mostrado na Figura abaixo: 
 
 26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antagonismo competitivo reversível 
 
 
Para medir-se o grau de antagonismo competitivo usa-se o parâmetro PA2 (Schild, 1949) que representa 
o logaritmo negativo da concentração molar do antagonista necessária para que a concentração do agonista 
seja o dobro para obter o mesmo efeito. 
Como exemplo deste tipo de antagonismo podemos citar a reação entre a histamina e os anti-histamínicos 
e a acetilcolina e a atropina. Pode haver uma situação onde o antagonista se liga ao receptor de maneira 
irreversível. Neste caso o agonista não consegue remover o antagonista do receptor. 
Então chamamos esta forma de antagonismo competitivo irreversível como pode ser visto na Figura 
abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Efeito de uma droga A em presença de diferentes concentrações de uma droga B 
 
 
 
 27 
Podemos ver neste caso que o efeito máximo pode ser alcançado até certo limite, o que podemos atribuir 
aos receptores de reserva ou suplementares e da mesma forma que no caso anterior, as curvas se deslocam 
para a direita e a constante de afinidade se altera, O logaritmo negativo da concentração do antagonista 
necessária para reduzir em 50% o efeito do agonista é conhecido como pD2. Alguns bloqueadores 
neuromusculares despolarizantes podem agir como antagonistas competitivos irreversíveis da 
acetilcolina. 
Outra forma de antagonismo é o antagonismo não competitivo onde o antagonista bloqueia alguma etapa 
da cadeia de eventos que liga a ativação do receptor a resposta farmacológica reduzindo a resposta ao 
agonista. O verapamil é um antagonista de drogas que promovem contração da musculatura lisa 
impedindo a entrada de cálcio e não bloqueando o receptor onde estas drogas atuam. Representando 
graficamente, na figura abaixo, temos curvas com inclinações diferentes, com efeitos cada vez mais aquém 
do efeito máximo à medida que aumentamos a dose do antagonista. Podemos observar também que a 
constante de afinidade não muda em virtude das drogas não ocuparem o mesmo receptor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antagonismo não competitivo ou fisiológico. 
 
Outra forma de antagonismo que graficamente se assemelha ao anterior é o antagonismo fisiológico onde 
duas drogas originalmente agonistas produzem ações farmacológicas contrárias agindo em receptores 
diferentes e por mecanismos diferentes, como é o caso da interação entre a adrenalina e a histamina na 
modificação da pressão arterial. A adrenalina promove aumento da pressão arterial por vaso-constrição e 
aumento da freqüência cardíaca, enquanto a histamina promove uma redução da pressão por promover 
vaso-dilatação e reduzir a resistência vascular periférica. 
Temos também o antagonismo por agonista parcial ou dualismo onde duas drogas que apresentam 
afinidades semelhantes pelos mesmos receptores, porém com atividades intrínsecas diferentes são 
associadas. Quando isso ocorre, elas inicialmente atuam de forma sinérgica, devido a grande 
 28 
disponibilidade de receptores. Porém, quando se esgotam os receptores elas passam a atuar de forma 
antagônica, ou seja, a que apresenta atividade intrínseca mais baixa (agonista parcial) ocupa receptores e 
não atuam de forma muito eficaz atrapalhando a ação do agonista total (atividade intrínseca 
mais alta). Para isso observe a figura abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antagonismo por agonista parcial ou dualismo 
 
Existe o chamado antagonismo químico onde as substâncias interagem em solução, ou seja, os metais 
pesados podem ser antagonizados por substâncias quelantes. 
Outro exemplo é a neutralização química do cianeto pela administração de tiossulfatos. 
No antagonismo farmacocinético o que ocorre é a redução da concentração do agonista no local de ação 
seja por redução da absorção, aumento da velocidade de degradação ou aumento da velocidade de 
excreção. Por exemplo, o fenobarbital induz o metabolismo de uma série de drogas como os 
anticoagulantes cumarínicos. 
 
Mecanismos Moleculares de Ação das Drogas 
Avanço no conhecimento dos mecanismos de ação e desenvolvimento de novas drogas 
 
Os mais recentes avanços com relação ao desenvolvimento de novas drogas têm sido possíveis graças ao 
conhecimento que se tem acumulado, basicamente nessa última década, a cerca da estrutura moleculardos receptores, bem como dos mecanismos moleculares envolvidos na ação das substâncias químicas 
capazes de modificar as funções fisiológicas. 
 
 Relação entre estruturas de receptores e doenças 
 O progresso no entendimento da função do receptor em termos moleculares tem revelado um grande 
número de doenças ligadas ao mau funcionamento do receptor, como é o caso da myasthenia gravis em 
que ocorre um ataque auto-imune aos receptores nicotínicos da acetilcolina na junção neuromuscular 
 29 
impedindo a ação desta nas contrações musculares. 
Outros exemplos podem ser citados, tais como os defeitos nos receptores de hormônio luteinizante que 
levam à puberdade precoce, além de uma forma rara de hipoparatireoidismo, que parece resultar de uma 
ligação defeituosa da proteína G a adenilato ciclase, portanto um mecanismo de acoplamento no 
funcionamento do hormônio das paratireóides. 
 
Alvos protéicos para a ação das drogas 
Os alvos protéicos para a ação das drogas nas células dos mamíferos podem ser classificados em 
receptores, canais iônicos, enzimas e moléculas transportadoras. Para um maior entendimento, cada alvo 
será explicado detalhadamente em função de seus mecanismos de ação além de seus efeitos resultantes. 
 
Receptores 
Os receptores funcionam como elementos de percepção do sistema de comunicação química que 
coordenam a função de todas as diferentes células do corpo. 
Toda substância química que atua no processo de coordenação ou modificação das atividades celulares, 
tais como as drogas, hormônios e outras, podem potencialmente utilizar um receptor. 
Na maioria dos casos, o mediador endógeno foi descoberto antes do receptor ser farmacologicamente 
caracterizado. Exceção a isso são os benzodiazepínicos e os canabinóides, cujos receptores não 
apresentam ligantes endógenos bem caracterizados. 
Os mediadores endógenos atuam nos receptores obtendo um efeito direto, como por exemplo, a abertura 
do canal iônico que despolariza a membrana celular, produzindo um efeito. Podem atuar também se 
combinando aos receptores e desencadeando mecanismos de transdução que resultam, em ativação ou 
inibição de enzimas, regulação da transcrição do DNA ou modulação da função dos canais iônicos. No 
caso de drogas antagonistas, estas geralmente ligam-se a receptores resultando no bloqueio mecânico de 
efeitos dos mediadores endógenos. Os receptores são classificados em função de sua estrutura molecular 
e/ou natureza de associação receptor-efetor. 
 
Canais iônicos 
Nós sabemos que os canais que atuam seletivamente na permeabilidade de certos íons, controlando a 
condutância iônica através da membrana, são de suma importância para as atividades celulares, 
principalmente nas células excitáveis como neurônios e células musculares onde o potencial 
bioeletrogénico da membrana é o carro chefe da atividade fisiológica. 
Os canais apresentam a permeabilidade bloqueada ou a abertura controlada pela ligação a moduladores. 
Esses canais iônicos são alvos protéicos para a ação de mediadores endógenos que podem sofrer 
interferência direta do mediador ou através de intermediários como a proteína G. 
No primeiro caso, pode ocorrer um bloqueio físico do canal pela molécula da droga, melhor exemplificado 
pela ação dos anestésicos locais que bloqueiam os canais de sódio dependentes de voltagem, obtendo 
como resultado final o bloqueio temporário do impulso nervoso. Outro bom exemplo é o do diurético 
 30 
amilorida que atua no bloqueio dos canais de sódio das células tubulares renais impedindo a entrada de 
sódio nas células. 
A diidropiridina é uma droga vasodilatadora que influencia o mecanismo de portão ou comporta do canal, 
já que o processo de abertura do canal, que normalmente ocorre em resposta à despolarização da 
membrana, pode ser inibido ou facilitado de acordo com a estrutura do fármaco. Os benzodiazepínicos 
facilitam a abertura dos canais de cloreto pelo GABA, e as sulfaniluréias que são utilizadas para o 
tratamento da diabete, uma vez que atua nas células do pâncreas (responsáveis pela secreção de insulina 
quando a concentração plasmática de glicose aumenta) bloqueando os canais de potássio. Este bloqueio 
leva à despolarização da membrana estimulando a secreção de insulina. 
 
Enzimas 
Muitos fármacos atuam em enzimas, sendo que freqüentemente a droga atua como um análogo do 
substrato que age como um inibidor competitivo da enzima de forma reversível, como é o caso da 
neostigmina que atua na enzima acetilcolinesterase, ou de forma irreversível, como é o caso da aspirina 
que atua na cíclooxigenase, resultando em bloqueio da produção de prostaglandinas. 
Um outro tipo de interação envolve a droga como um substrato falso, levando à transformação química 
da droga, com a formação de um produto anormal que subverte a via metabólica normal. Exemplo disso 
é a metildopa que imita a dopa, precursora da noradrenalina, que quando utilizada, leva á substituição 
parcial desta pela metilnoradrenalina afetando a função do sistema nervoso simpático, com efeito, final 
de anti-hipertensivo. 
Por fim, deve ser mencionado que as drogas podem exigir degradação enzimática para que ocorra a 
conversão de uma forma inativa, pró-droga, para uma forma ativa. 
Certos tipos de toxicidade de drogas decorrem da conversão enzimática a um metabólico reativo. 
 
Moléculas transportadoras 
As moléculas transportadoras atuam no transporte de íons e pequenas moléculas orgânicas através de 
membranas celulares, já que com freqüência, moléculas polares são insuficientemente lipossolúveis para 
penetrar por si só nas membranas lipídicas. 
Entre exemplos variados, encontramos as moléculas responsáveis pelo transporte de glicose e 
aminoácidos, transporte de íons e muitas moléculas orgânicas pelo túbulo renal, e o transporte de outras 
substâncias hidrofílicas pelas membranas celulares. 
 
 
 
 
 
 
 
 31 
Proteínas receptoras 
Isolamento e caracterização dos receptores. 
Iniciou-se na década de 70, quando os receptores, antes tratados como entidades teóricas, começaram a 
surgir como uma realidade bioquímica. Ao se disponibilizar um ligante radioativo que se combina 
fortemente á um receptor, torna-se possível extrair e purificar o material marcado radioativamente 
(receptor-ligante). Como exemplo do uso de ligantes radioativos para a identificação de receptores citam-
se os receptores nicotínicos da acetilcolina. 
 
 Receptores para neurotransmissores rápidos 
Os receptores nicotínicos da acetilcolina são exemplos clássicos desta modalidade 
de receptores, pois tem sido estudado com maiores detalhes se comparados a outros 
tipos de receptores. São constituídos por quatro tipos diferentes de subunidades 
chamadas alfa, beta, gama e delta com dois sítios que se ligam a acetilcolina. Para que o 
receptor seja ativado, as subunidades alfa onde estão presentes os sítios de ligação têm 
que se ligar a acetilcolina. A figura abaixo mostra a estrutura do receptor da Acetilcolina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* O desenho é baseado na microscopia eletrônica e dados de nêutrons das membranas 
orgânicas elétricas do peixe Torpedo. O receptor e o canal iônico associado consistem em 5 
subunidades protéicas (α2, β, γ, δ), e todas elas atravessam a membrana e cercam um poro 
central. A Ach se liga às subunidades a, e duas moléculas de Ach tem que se ligar para que 
o canal seja aberto. (De Lindstrom et al. 1983 Cold Spring Harbour on Quantitative Biology 
48:89). 
 
 
 
 
 
 32 
 
 
 
O Mecanismo de portão ou comporta nos receptores ligados a canais iônicos 
Este tipo de receptor controla os eventos sinápticos mais rápidos do sistema nervoso, alcançando um pico 
em uma fração de tempo da ordem de milissegundos, normalmente decaindo dentro de poucos 
milissegundos. A resposta inicia-se com a ação de neurotransmissores na membrana pós-sináptica de uma 
célula nervosa ou muscular, mudando transitoriamentea sua permeabilidade aos íons. 
Neurotransmissores excitatórios, como a acetilcolina na junção neuromuscular ou o glutamato no SNC, 
causam aumento na permeabilidade ao sódio e ao potássio, resultando na despolarização celular com 
posterior geração do potencial de ação. Como os eventos sinápticos ocorrem em milissegundos, implica-
se que a ligação entre os receptores e o canal iônico é direta. 
 
 Receptores ligados à proteína G 
Neste grupo inclui-se uma série de receptores que são cada vez mais familiares aos farmacologistas, dentre 
estes os muscarinicos da acetilcolina, adrenorreceptores, receptores da dopamina, receptores da serotonina 
(5-HT), de opióides, receptores para muitos peptídeos, de purinas, quimiorreceptores envolvidos na 
olfação e etc. Existe ainda uma subdivisão destes receptores uma vez que a maioria destes possuem 
subtipos de receptores, como é o caso dos receptores muscarínicos, subdivididos em M1 M2, M3. 
 
Sistema adenilato-ciclase 
O papel do AMPc como segundo mensageiro foi revelado no fim da década de 50, 
eliminando definitivamente a barreira que existia entre a farmacologia e a bioquímica. 
Esta molécula consiste de um nucleotídeo sintetizado continuamente dentro da célula 
a partir do ATP pela ação da adenilatociclase e inativado por hidrólise em 5’-AMP, através 
de uma família de enzimas conhecidas como fosfodiesterases Os efeitos regulatórios do 
AMPc na função celular são muito variados, porém estes são todos originados através de 
um mecanismo comum representado pela ativação de várias proteínas-quinases 
(proteínas capazes de fosforilar outras moléculas). 
 
Exemplos de efeitos regulatórios que envolvem a participação do AMPc: 
• Enzimas envolvidas no metabolismo energético (metabolismo de carboidratos e lipídeos) 
• Divisão e diferenciação celular; 
• Transporte de íons; 
• Funções de canais de cálcio; 
• Mudanças na excitabilidade neuronal; 
• Proteínas contráteis no músculo liso; 
• Ativação ou inativação de fatores de transcrição que modulam a transcrição gênica 
 33 
 
As proteínas quinase catalisam a fosforilação dos resíduos de serina e treonina em proteínas celulares 
diferentes através da utilização de ATP. Exemplos são a fosforilação de canais de cálcio no músculo 
cardíaco, aumentando a quantidade de cálcio incorporado na célula durante o potencial de ação, 
aumentando a força de contração do miocárdio. No músculo liso a proteína quinase fosforila a miosina-
quinase de cadeia leve, resultando em inativação. A miosina-quinase é necessária para a contração 
muscular e a sua inativação leva a relaxamento da musculatura lisa. 
 
O sistema da fosfolipase C fosfatidilinositol 
Este sistema envolve vários segundos mensageiros relacionados á inúmeras alterações celulares 
determinadas pela ativação de diferentes receptores. Agonistas muscarínicos, agonistas α-adrenérgicos 
que agem no músculo liso e glândulas salivares, e vasopressina quando age nas células hepáticas, 
produzem um aumento do cálcio intracelular livre, com aumento paralelo da taxa de degradação do 
fosfatidilinositol (PI) componente dos fosfolipídios de membrana. 
Verificou-se então que um determinado membro à família do PI, o fosfatidilinositol 4,5-bisfosfato (PIP2) 
realiza a função de substrato para uma enzima ligada à membrana chamada de fosfolipase C (PLC), que 
o divide em diacilglicerol (DAG) e inositol-1 4,5-trifosfato (IP3), que funcionam como segundo 
mensageiro. O DAG é fosforilado para formar ácido fosfatídico enquanto o inositol fosfato é 
desfosforilado e então religado com o ácido fosfatídico para formar o fosfatidilinositol mais uma vez. 
A ativação da fosfolipase A2, mediada por receptor levando à produção de metabólitos como o ácido 
araquidônico, parece ser basicamente igual à ativação da fosfolipase. Recentemente tem sido demonstrado 
que o ácido araquidônico e seus metabólitos funcionam como mensageiros intracelulares, controlando a 
função do canal de potássio em certos neurônios. 
 
PI ======> PIP2 ==> PLC =====> DAG+ IP3 
 
Esquema mostrando a produção de segundos mensageiros pela ação da fosfolipase C sobre os 
fosfolipídios de membrana na via do inositolfosfato, também chamada cascata fosfoinositídica. PI 
Fosfatidilinositol; PIP2 Fosfatidilinositol-4,5-bisfosfato; PLC = Fosfolipase O; DAG = Diacilglicerol e 
IP3 = lnositol-1 ,4,5-trifosfato. 
O lP3 age muito eficazmente para liberar cálcio dos depósitos intracelulares, aparentemente por ligação 
a um receptor na membrana do retículo endoplasmático, um sistema de vesículas responsáveis pelo 
seqüestro e armazenamento de cálcio mantendo a concentração celular livre muito baixa. A IP3 ativa o 
canal de cálcio no retículo endoplasmático liberando um fluxo de cálcio para dentro da célula e elevando 
a concentração livre de lOa 100 vezes. 
Portanto, o lnositol-1 4, 5-trifosfato é considerado o principal mensageiro liberador de cálcio, sendo este 
talvez o caminho mais importante pelo qual os efeitos celulares são produzidos podendo-se citar como 
exemplos à contração do músculo liso, força de contração do músculo cardíaco aumentada, secreção das 
 34 
glândulas exócrinas e liberação de transmissores dos neurônios, liberação hormonal e citotoxicidade. 
Existe um envolvimento do fosfatidilinositol em outras vias além da regulação do cálcio já que o DAG, 
com a participação do cálcio afeta a atividade de uma proteína quinase ligada á membrana, a proteína 
quinase C, pois se liga a um sítio específico desta molécula ativando-a. 
Os efeitos fisiológicos atribuídos á ativação da fosfolipase C são muito variados demonstrando a 
importância da fosforilação e da desfosforilação das proteínas na regulação da função celular, incluindo a 
liberação de hormônios de muitas glândulas endócrinas, aumentos ou diminuições na liberação do 
neurotransmissor na excitabilidade neuronal, contração ou relaxamento do músculo liso, respostas 
inflamatórias, indução tumoral, diminuição da sensibilidade do receptor aos agonistas e estimulação do 
transporte de íons pelo epitélio. 
 
 A regulação dos canais iônicos dependentes de proteína G 
Receptores ligados à proteína G podem controlar a função dos canais iônicos diretamente, sem envolver 
quaisquer segundos mensageiros, como o AMPc ou os fosfatos de inositol. A proteína G interage 
diretamente com o canal provavelmente do mesmo modo como interage com as enzimas na membrana 
responsáveis pela síntese do segundo mensageiro. Exemplos deste tipo de interação incluem os receptores 
muscarínicos da acetilcolina no músculo cardíaco que aumentam a permeabilidade ao potássio, 
hiperpolarizando as células e inibindo a atividade elétrica. Este efeito requer proteínas G funcionais que 
passam adiante o sinal do receptor para o canal. 
Ainda existem algumas controvérsias quanto ao mecanismo de ação em que não se sabe ao certo se a 
subunidade a livre controla o canal ou se é o conjunto βy. 
 
 Receptores ligados à atividade de tirosina-quinase e guanilatociclase 
Os receptores ligados á tirosina quinase, já citados anteriormente estão envolvidos com a regulação da 
ação de uma variedade de fatores de crescimento, mediadores de peptídeos que estimulam a mitogênese 
e também da insulina. 
 O mecanismo pelo qual a atividade da quinase responde à ligação do ligante envolve a dimerização dos 
pares de receptores, seguida de autofosforilação dos resíduos da tirosina, que servirão como sítios de 
ligação de alta afinidade para várias proteínas intracelulares que permitem o controle de muitas 
funções celulares. Entre as diversas funções atribuídas a estes receptores, incluem-se os eventos que 
controlam o crescimento, diferenciação celular, metabolismo intermediário e a regulação da transcrição 
de genes. 
 
 
 
 
 
Receptores que regulam a transcrição do DNA 
 35 
 Este tipo de receptor é característico para a atuação de hormônios esteróides, tireoideanos, vitamina D e 
ácido retinóico.Apesar dos efeitos altamente variados de diferentes drogas e hormônios esteróides (efeito no sistema 
reprodutivo; no sistema renal causando retenção de sal e água e ação de atuação básica através da 
estimulação da transcrição de genes, levando à síntese de proteínas com conseqüente efeito celular. 
Por ser altamente lipossolúvel, a molécula de esteróide atravessa a membrana celular rapidamente sem a 
necessidade da utilização de moléculas transportadoras, ligando-se a receptores no núcleo que parece 
desdobrar-se (atuação sobre o genoma), encontrando o domínio de ligação no DNA que se compõe de 
seqüências específicas de cerca de 300 pares de base. Como resultado final desta síntese protéica, tem-se 
um efeito fisiológico produzido no organismo animal. 
Em razão de seu mecanismo de ação, com síntese protéica resultando em necessidade de atuação no 
genoma, estes tipos de receptores são de ação lenta. 
 
Capitulo 3 
 
Infecção X Inflamação 
Infecção (AO 1990: infecção ou infeção) é a colonização de um organismo hospedeiro por uma espécie 
estranha. Numa infecção, o organismo infectante procura utilizar os recursos do hospedeiro para se 
multiplicar (com evidentes prejuízos para o hospedeiro). O organismo infectante, ou patogénico, interfere 
na fisiologia normal do hospedeiro e pode levar a diversas consequências. A resposta do hospedeiro é a 
inflamação. 
A inflamação (do Latim inflammatio, atear fogo) ou processo inflamatório é uma reação do organismo 
a uma infecção ou lesão dos tecidos. 
Em um processo inflamatório a região atingida fica avermelhada e quente, isto ocorre devido a um 
aumento do fluxo do sangue e demais líquidos corporais migrados para o local,na área inflamada também 
ocorre o acúmulo de células provenientes do sistema imunológico (leucócitos, macrófagos e 
linfócitos),com dor localizada mediada por certas substâncias químicas produzidas pelo organismo. No 
processo os leucócitos destroem o tecido danificado e enviam sinais aos macrófagos, que ingerem e 
digerem os antígenos e o tecido morto. Em algumas doenças este processo pode apresentar caráter 
destrutivo. 
A inflamação pode também ser considerada como parte do sistema imunitário, o chamado sistema imune 
inato, assim denominado por sua capacidade para deflagar uma resposta inespecífica contra padrões de 
agressão previamente e geneticamente definidos pelo organismo agredido. Esta definição se contrapõe à 
da imunidade adquirida, ou aquela onde o sistema imune identifica agentes agressores específicos segundo 
seu potencial antigênico. Neste último caso o organismo precisa entrar em contato com o agressor, 
identificá-lo como estranho e potencialmente nocivo e só então produzir uma resposta. 
 
Fisiopatologia 
 36 
 
 
Os neutrófilos migram dos vasos sangüíneos para o tecido inflamado via quimiotaxia, e então removem 
os agentes patológicos através da fagocitose e da degranulação. 
À agressão tecidual se seguem imediatamente fenômenos vasculares mediados principalmente pela 
histamina. O resultado é um aumento localizado e imediato da irrigação sangüínea, que se traduz em um 
halo avermelhado em torno da lesão (hiperemia ou rubor). Em seguida tem início a produção local de 
mediadores inflamatórios que promovem um aumento da permeabilidade capilar e também quimiotaxia, 
processo químico pelo qual células polimorfonucleares, neutrófilos e macrófagos são atraídos para o foco 
da lesão. Estas células, por sua vez, realizam a fagocitose dos elementos que estão na origem da 
inflamação e produzem mais mediadores químicos, dentre os quais estão as citocinas (como, por exemplo, 
o fator de necrose tumoral e as interleucinas), quimiocinas, bradicinina, prostaglandinas e leucotrienos. 
Também as plaquetas e o sistema de coagulação do sangue são ativados visando conter possíveis 
sangramentos. Fatores de adesão são expressos na superfície das células endoteliais que revestem os vasos 
sanguíneos internamente. Estes fatores irão mediar a adesão e a diapedese de monócitos circulantes e 
outras células inflamatórias para o local da lesão. 
Em resumo, todos estes fatores atuam em conjunto, levando aos eventos celulares e vasculares da 
inflamação. Resulta em um aumento do calibre de capilares responsáveis pela irrigação sanguínea local, 
produzindo mais hiperemia e aumento da temperatura local (calor). O edema ou inchaço ocorre a partir 
do aumento da permeabilidade vascular aos componentes do sangue, o que leva ao extravassamento do 
líquido intravascular para o espaço intersticial extra-celular. A dor, outro sintoma característico da 
inflamação, é causada primariamente pela estimulação das terminações nervosas por algumas destas 
substâncias liberadas durante o processo inflamatório, por hiperalgesia (aumento da sensibilidade 
dolorosa) promovida pelas prostaglandinas e pela bradicinina, mas também em parte por compressão 
relacionada ao edema. 
Doenças auto-imunes 
A inflamação é um dos principais componentes das doenças auto-imunes. Este grupo de doenças se 
caracteriza por uma resposta imunológica do organismo contra componentes próprios identificados como 
estranhos pelo sistema imune. Disto resulta uma agressão inflamatória que assume características clínicas 
diversas, de acordo com o tecido ou sistema afetado. 
Dentre as mais conhecidas doenças deste grupo estão o lupus eritematoso sistêmico e a artrite reumatóide 
em adultos. Em crianças podem ser citadas a artrite reumatóide juvenil e a febre reumática entre as mais 
importantes e prevalentes. 
 37 
Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica 
O termo Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SRIS ou SIRS em língua inglesa) foi proposto 
para descrever a reação inflamatória desencadeada pelo organismo frente a qualquer agressão seja ela de 
natureza infecciosa ou não-infecciosa. Caracteriza-se pela presença de ao menos dois dos seguintes 
critérios clínicos: 
1. Temperatura corporal > 38,5 °C (febre) ou <35 °C (hipotermia) 
2. Frequência respiratória > 20 incursões respiratórias/minuto (hiperpnéia ou taquipnéia) ou uma 
pressão parcial de CO2 no sangue arterial < 32mmHg. 
3. Frequência cardíaca > 90 batimentos cardíacos/minuto. 
4. Aumento ou redução significativos do número de células brancas (leucócitos) no sangue periférico 
(>12.000 ou <4.000 células/mm3) 
É fácil concluir que a ocorrência de SIRS isoladamente não é em si mesma de extrema gravidade, pois 
surge eventualmente em condições clínicas benignas, como por exemplo em infecções localizadas ou após 
cirurgias. Entretanto, em unidades de terapia intensiva e entre pacientes cujos sistemas de defesa do 
organismo encontram-se comprometidos, a SIRS pode tornar-se de fato ameaçadora à vida especialmente 
quando vem associada a outros fatores de gravidade. 
Quando associada a comprovação clínica ou laboratorial de infecção, tem-se a definição de sepse ou 
sepsis. Sepse associada a hipotensão arterial refratária é definida como choque séptico. Quando se 
verificam sinais de ao menos uma insuficiência orgânica concomitante, tem-se então a sepse severa. 
 
Antibióticos 
Introdução 
Os antibióticos são produtos de enorme importância não apenas na área de saúde, como também na 
economia, visto que apenas nos Estados Unidos, cerca de 100.000 toneladas são produzidas anualmente. 
Embora aproximadamente 8000 substâncias com atividade antimicrobiana sejam conhecidas e, a cada 
ano, centenas de novas substâncias sejam descobertas, pouquíssimas são efetivamente aproveitadas e 
utilizadas como agentes antimicrobianos, visto que muitas destas não atendem aos requisitos mínimos 
para seu emprego terapêutico. Paralelamente, não podemos deixar de mencionar o crescente problema em 
relação ao surgimento de espécies bacterianas resistentes aos diferentes antibióticos. Este talvez 
corresponda ao principal desafio dos pesquisadores, visto que a multirresistência vem se tornando 
diariamente mais disseminada nas populações microbianas,

Continue navegando