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As síndrome psicóticas caracterizam-se por mudanças de comportamento, distorções da apreensão da realidade e inapropriação do afeto. A esquizofrenia é um transtorno grave, heterogêneo, de causa desconhecida, com sintomas psicóticos que prejudicam significativamente o funcionamento social. Tem evolução crônica e, na maioria das vezes, apresenta prognóstico sombrio. Os transtornos esquizofrênicos são descritos, em geral, por distúrbios característicos do pensamento, da percepção e do afeto. A consicência clara e a capacidade intelectual estão normalmente mantidas, embora possa ocorrer deficit cognitivo com a evolução do quadro. Atinge principalmente a população jovem e acomete igualmente os dois sexos. A esquizofrenia abrange pacientes com manifestações clínicas, resposta ao tratamento e curso da doença bastante variados. Sendo assim, nenhum fator etiológico isolado é considerado como causador. NOTA: Modelo de estresse-ediátese; ativada pelo estresse. Vários estudos sugerem um componente genético na etiopatogenia deste transtorno. A formulação da hipótese dopamínica postula que a esquizofrenia resulte de uma atividade dopaminérgica exacerbada. O quadro clínico é bastante polimorfo e heterogêneo. Não há sinal ou sintoma patognomônico da esquizofrenia, e é preciso considerar o nível educacional, a capacidade intelectual e o ambiente cultural do paciente. Personalidade pré-mórbida: os traços mais característicos são retraimento social e emocional, introversão, tendência ao isolamento e comportamento desconfiado e excêntrico. Podemos observar restrospectivamente características clínicas compatívies com personalidade esquizoide (frieza emocional, preferências por atividades isoladas, introspecção) ou esquizotípica (comportamento estranho, crenças excêntricas). O paciente dificilmente tem crítica de que seu estado é patológico e a ausência de insight frequentemente está relacionada à má adesão ao tratamento. A aparência é, em geral, desleixada, denotando a ausência de cuidados próprios. O comportamento pode tornar-se agitado ou violento, frequentemente em reposta à atividade alucinatória. Nos quadros de catatonia, o paciente pode apresentar posturas bizarras, mutismo, negativismo e obediência automática. Os sintomas afetivos mais comuns na esquizofrenia são embotamento e inapropriação do afeto. As alucinações mais comuns são auditivas, com vozes geralmente ameaçadaoras, obscenas ou acusatórias. O delírio é uma das principais alterações do pensamento encontrada em pacientes esquizofrênicos e podem ter conteúdos precursórios, autorreferentes, religiosos ou grandiosos. Neologismos e ecolalia podem ser observados, assim como quadros de mutismo. A mussitação é a produção repetitiva de uma voz muito baixa. O diagnóstico da esquizofrenia envolve o reconhecimento de um conjunto de sinais e sintomas associados ao prejuízo social ou ocupacional. ESQUIZOFRENIA Amanda Vieira Sampaio - Medicina UFMA PHO Os sintomas característicos da doença, definidos pela CID-10: 1. Eco, inserção, roubo ou irradiação de pensamento. 2. Delírios de controle, influência ou passividade e percepção delirante. 3. Vozes alucinatórias comentando o comportamento do paciente ou discutindo entre elas ou outros tipos de vozes alucinatórias vindas de alguma parte do corpo. 4. Delírios persistentes de outros tipos, culturalmente inapropriados e completamente impossíveis como poderes e capacidades sobre-humanas. 5. Alucinações persistentes em qualquer modalidade, quando acompanhadas por delírios “superficiais” ou parciais, sem claro conteúdo afetivo, ou por idéias sobrevaloradas persistentes ou quando ocorrem todos os dias durante semanas ou meses continuadamente. 6. Neologismos, paradas ou interpolação no curso do pensamento, resultando em incoerência ou fala irrelevante. 7. Comportamento catatônico, tal como excitação, postura inadequada ou flexibilidade cérea, negativismo, mutismo e estupor. 8. Sintomas “negativos” como apatia marcante, pobreza de discurso e embotamento ou incongruência de respostas emocionais. Esquizofrenia paranoide: presença de ideias delirantes, de conteúdo principalmente persecutório, de grandeza ou místico, acompanhadas de alucinações auditivas e perturbações da sensopercepção. Esquizofrenia hebefrênica: inadequação e incongruência do afeto, com risos imotivados e maneirismos. Esquizofrenia catatônica: predomínio de distúrbios da psicomotricidade, com presença de um ou mais dos seguintes sintomas: estupor, posturas bizarras, mutismo, rigidez, flexibilidade cérea, obediência automática, negativismo e estereotipias. Esquizofrenia indiferenciada: o quadro preenche os critérios diagnósticos gerais para esquizofrenia, mas não corresponde a nenhum dos subtipos acima. Esquizofrenia residual: estágio tardio da evolução que se caracteriza pela presença persistente de sintomas negativos, tais como retardo psicomotor, hipoatividade, embotamento afetivo, falta de iniciativa, descuido pessoal, isolamento social e pobreza do discurso. Esquizofrenia simples: início insidioso e progressivo com declínio global do desempenho. Os aspectos negativos da esquizofrenia residual se desenvolvem sem ser precedidos por quaisquer sintomas psicóticos manifestos. Depressão pós-esquizofrênica: designa o episódio depressivo que ocorre ao fim de uma crise esquizofrênica. Haloperidol 5-15 mg/dia Flufenazina 5-15 mg/dia Clorpromazina 300-800 mg/dia Levomepromazina 100-300 mg/dia Risperidona 2-8 mg/dia Olanzapina 5-20 mg/dia Quetiapina 300-400 mg/dia Clozapina 200-500 mg/dia O tratamento de escolha baseia-se no uso de Antipsicóticos (APs), também chamados de neurolépticos, associado a estratégias psicossociais. Existem duas classes principais: os antipsicóticos típicos ou de primeira geração e os atípicos ou de segunda geração. Uma vez que os APs são igualmente eficazes em doses equivalentes, qualquer uma droga pode ser utilizada inicialmente. Os APs típicos são medicações que bloqueiam preferencialmente os receptores D2 dopaminérgicos nos sistemas mesolímbico, mesocortical, nigroestriatal e túbero-infundibular. São eficazes no tratamento de sintomas positivos e podem produzir efeitos colaterais, como sintomas parkinsonianos e aumento da prolactina. Os APs atípicos atuam em outros sítios da dopamina e podem ter ação em outras vias neurotransmissoras. São medicações mais bem toleradas e mais eficazes no tratamento de sintomas negativos, porém de alto custo. Os antipsicóticos atípicos podem ser indicados nos casos de intolerância aos APs típicos ou nos pacientes em que existe uma chance maior de ocorrer sintomas extrapiramidais. Típicos - Alta potência Típicos - Baixa potência Atípicos ESQUIZOFRENIA Amanda Vieira Sampaio - Medicina UFMA PHO
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