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Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
PSICOLOGIA NA ENGENHARIA 
DE SEGURANÇA, COMUNICAÇÃO 
E TREINAMENTO
Autora: Aline Inês Hendges
158.2
H497p Hendges, Aline Inês
 Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e
 treinamento / Aline Inês Hendges. Indaial : Uniasselvi, 2013.
 88 p. : il 
 
 
 ISBN 978-85-7830-739-4
 1. Psicologia. 2. Relações humanas.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Erika de Paula Alves
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Prof. Márcio Moisés Selhorst
Revisão de Conteúdo: Profa. Aline Maiochi Beirão
Revisão Gramatical: Profa. Sandra Pottmeier
Revisão Pedagógica: Profa. Patrícia Cesário Pereira Offial
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Copyright © Editora UNIASSELVI 2013
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial. UNIASSELVI – Indaial.
Possui Graduação em Psicologia pela 
UNIASSELVI/FAMEBLU (2011). Especialização em 
Psicopedagogia pela UNIASSELVI (2012). Atua na 
educação superior e responsável pelo Núcleo de Apoio 
Psicopedagógico do Centro Universitário Leonardo da 
Vinci – UNIASSELVI.
Aline Inês Hendges
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................ 7
CAPÍTULO 1
A Psicologia como Ciência e Suas Aplicações 
na Engenharia de Segurança ...................................................... 9
CAPÍTULO 2
Aspectos Psicológicos do Trabalho ...................................... 37
CAPÍTULO 3
Comunicação e Expressão no Ambiente de Trabalho ........... 73
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
Seja bem vindo (a)à disciplina de Psicologia na Engenharia de Segurança, 
Comunicação e Treinamento.
Esta disciplina está dividida em três capítulos e tem como objetivo oferecer-
lhe um suporte no que diz respeito ao comportamento humano e às relações 
estabelecidas no ambiente de trabalho:
O capítulo um aborda a psicologia como ciência e suas aplicações na 
Engenharia de Segurança – apresenta uma introdução à Psicologia para que 
você entenda de que forma a Psicologia pode contribuir com o seu trabalho como 
engenheiro de segurança.
No capítulo dois discutimos os aspectos psicológicos do trabalho – trabalhar 
é uma necessidade humana, uma questão de sobrevivência. Passamos a maior 
parte do nosso dia no trabalho. A relação que estabelecemos com nossas atividades 
profissionais está diretamente relacionada com a nossa qualidade de vida. Você 
sabia que a maioria dos acidentes de trabalho acontece devido à falta de atenção 
ou negligência do trabalhador que, por interferência de sentimentos negativos 
decorrentes das mais variadas situações, deixam-se afetar comprometendo sua 
atenção para com a função que executam no trabalho? Conhecendo os aspectos 
psicológicos que podem afetar negativamente o trabalhador, você será capaz de 
intervir, prevenindo que o mesmo se coloque em situações de risco. 
O Capítulo três você irá estudar a comunicação e expressão no ambiente de 
trabalho – Este capítulo aborda aspectos relevantes acerca do ato de comunicar, 
o qual precisamos estar atentos, pois comunicar-se de forma eficaz evita muitos 
conflitos no ambiente de trabalho, pois a comunicação é o meio através do qual 
nos relacionamos com as pessoas e dela depende o bom funcionamento da 
organização. 
Bons estudos!
A autora.
CAPÍTULO 1
A Psicologia como Ciência 
e suas Aplicações na 
Engenharia de Segurança
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 9 Compreender o desenvolvimento da Psicologia como ciência. 
 9 Entender como se dá a aplicação do conhecimento científico da Psicologia no 
cotidiano das pessoas.
 9 Identificar as áreas da Engenharia de Segurança que podem ser beneficiadas 
pela aplicação do conhecimento psicológico.
 9 Criar estratégias para aplicação do conhecimento da Psicologia em situações 
cotidianas do fazer do engenheiro de segurança.
 9 Desenvolver estratégias para lidar com os mais variados tipos de personalidades 
existentes no ambiente de trabalho.
10
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
11
A Psicologia como Ciência e suas 
Aplicações na Engenharia de SegurançaCapítulo 1
Contextualização
Caro (a) pós-graduando (a), você deve estar se perguntando por que tem de 
estudar Psicologia dentro da Engenharia de Segurança, não é mesmo? Pois bem, 
este primeiro capítulo do nosso caderno de estudos tem o objetivo de apresentar 
a Psicologia como ciência levando-o a refletir acerca de sua aplicação no seu 
ambiente de trabalho. 
No desenvolvimento de suas atividades como engenheiro de 
segurança seu olhar sempre estará voltado para o bem-estar do 
funcionário e aqui encontramos o primeiro ponto em comum entre a 
Psicologia e a Engenharia de Segurança. Tanto o psicólogo quanto o 
engenheiro de segurança trabalham no sentido de minimizar os riscos 
à saúde do trabalhador. 
Os dados sobre os acidentes de trabalho no Brasil são alarmantes.
O custo dos acidentes e doenças do trabalho para o 
Brasil chega a R$ 71 bilhões por ano, o equivalente 
a quase 9% da folha salarial do País, da ordem 
de R$ 800 bilhões. O cálculo é do sociólogo José 
Pastore, professor de Relações do Trabalho da 
Universidade de São Paulo (USP). Trata-se de 
uma cifra colossal que se refere a muito sofrimento 
e perda de vidas humanas (JORNAL O ESTADO 
DE SÃO PAULO et al, 2012). 
Estas vidas precisam ser preservadas. Os trabalhadores devem 
ser conscientizados dos cuidados necessários para execução de 
atividades de risco. E você, no exercício de sua função como engenheiro 
de segurança precisa desenvolver habilidades que favoreçam essa 
conscientização, portanto, faz-se necessário estudar o comportamento humano 
para que você seja capaz de contribuir para com os funcionários de sua empresa 
criando comportamentos funcionais e seguros ao realizar suas atividades laborais.
A partir deste momento iremos iniciar uma exploração ao mundo da 
Psicologia para descobrir como essa ciência pode ajudá-lo no desenvolvimento 
do seu trabalho. De uma forma geral, cada um de nós tem concepções diferentes 
sobre a Psicologia ou citando BOCK (2008, p.15) “as pessoas em geral tem 
sua psicologia”, aquela aplicada no cotidiano das pessoas, porém, a Psicologia 
científica possui métodos, técnicas e teorias específicas desenvolvidos após anos 
de pesquisa e é a esta Psicologia que nos voltaremos a partir de agora.
Estamos nos referindo à Psicologia como ciência, mas você sabe o que 
torna um conhecimento cientifico? Ou seja, o que faz este conhecimento ser 
reconhecido no mundo da ciência?
No 
desenvolvimento 
de suas atividades 
como engenheiro 
de segurança seu 
olhar sempre estará 
voltado para o bem-
estar do funcionário 
e aqui encontramos 
o primeiro ponto 
em comum entre 
a Psicologia e a 
Engenharia de 
Segurança. Tanto 
o psicólogo quanto 
o engenheiro 
de segurança 
trabalham no 
sentido de 
minimizar os 
riscos à saúde do 
trabalhador.
12
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
A ciência tem ainda uma característica fundamental: ela 
aspira à objetividade. Suas conclusões devem ser passiveis 
de verificação e isentas de emoção, para, assim, tornarem-se 
válida para todas. Objeto específico, linguagem rigorosa, 
métodos e técnicas específicas, processo cumulativo do 
conhecimento e objetividade fazem da ciência uma forma 
de conhecimento que supera em muito o conhecimento 
espontâneo do senso comum. Esse conjunto de características 
é o que permite que denominemos de cientificoum conjunto 
de conhecimentos (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA et al, 2008, 
p. 20, grifo do autor).
Conforme podemos constatar a ciência psicológica foi sendo construída ao 
longo dos anos movida pela curiosidade de diversos cientistas que dedicaram seu 
tempo a comprovar a aplicabilidade prática desta ciência. Posteriormente, iremos 
nos ater ao contexto histórico que favoreceu a criação e o desenvolvimento da 
Psicologia.
Fundamentos Históricos da 
Psicologia
A Psicologia é a ciência que estuda os processos mentais e o comportamento 
humano. Para entender o seu desenvolvimento como ciência precisamos nos 
voltar ao contexto histórico que favoreceu a sua criação. 
A história da Psicologia está relacionada com diferentes momentos históricos 
da humanidade, conforme citado por BOCK (2008) às exigências do conhecimento 
da humanidade, às demais áreas do conhecimento humano, aos novos desafios 
colocados pela realidade econômica e social e à insaciável necessidade do 
homem de compreender a si mesmo.
A Filosofia foi o ponto de partida para o desenvolvimento da ciência 
de uma forma geral, inclusive da ciência psicológica. Ainda citando 
BOCK (2008), a filosofia originou-se na Grécia Antiga. Historicamente, 
o povo grego era o mais evoluído da época. A criação das primeiras 
cidades-estados (pólis), por volta do ano 700 A.C. fez surgir a 
necessidade de mais riquezas para manter as pólis, demandando 
conquistas de novos territórios, gerando crescimento e riquezas. Este 
contexto promoveu a exigência de novas soluções práticas para a 
arquitetura, agricultura e para a própria organização social impulsionando avanços 
na física e geometria, permitindo também que os cidadãos se ocupassem das 
coisas do “espírito”, dando início ao conhecimento filosófico. 
A Filosofia foi 
o ponto de 
partida para o 
desenvolvimento 
da ciência de 
uma forma geral, 
inclusive da ciência 
psicológica.
13
A Psicologia como Ciência e suas 
Aplicações na Engenharia de SegurançaCapítulo 1
O termo Psicologia deriva do Grego: Psyché – Alma, Logos – 
razão = “estudo da alma”. A alma seria o lugar dos pensamentos, 
sentimentos, desejos, sensações e percepção. 
Os filósofos foram os primeiros a preocupar-se em entender a relação do 
homem com o mundo através da percepção. Entre eles destacam-se: Sócrates, 
Platão e Aristóteles. Você deve estar se perguntando de que forma estes filósofos 
impulsionaram a criação da Psicologia, não é mesmo? A tabela a seguir aponta as 
contribuições de cada um deles.
Quadro 1 - Contribuições da Filosofia para a Psicologia
FILÓSOFO CONTRIBUIÇÕES PARA A PSICOLOGIA
Sócrates
Preocupou-se com o limite que separava o homem dos animais e 
concluiu que a essência do ser humano é a razão. 
Abriu caminho para um aspecto que viria a ser muito estudado pela 
Psicologia: a consciência.
Platão 
(Discípulo de Sócrates)
Procurou definir um “lugar” para a razão no próprio corpo. Definiu 
esse lugar como sendo a cabeça. A Medula seria o elo entre a alma 
e o corpo. Esse elemento de ligação era necessário porque conce-
bia-se alma e corpo separados (concepção dualista).
Aristóteles 
(Discípulo de Platão)
Inovou trazendo uma concepção monista: alma e corpo não podem 
ser dissociados. Entendia a Psyché como princípio ativo da vida, ou 
seja, tudo aquilo que cresce, se reproduz e se alimenta possui a sua 
Psyché.
Escreveu Da Anima “Da Alma” (402 a.C.) – considerado o primeiro 
Tratado de Psicologia da História. 
Fonte: Adaptado a partir de BOCK, FURTADO e TEIXEIRA (2008).
14
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Figura 1 - Filósofos que contribuíram para o surgimento da Psicologia
Fonte: Disponível em: <http://causasbrasil.wordpress.com/2011/05/13/conceito-
de-verdade-segundo-os-filosofos-classicos/>. Acesso em: 10 mar. 2013.
É importante ressaltar que a Filosofia preocupou-se com estudos e 
discussões acerca da alma humana milhares de anos antes do advento 
da Psicologia científica. O que os filósofos discutiam na Grécia Antiga 
não era Psicologia, mas sim a tentativa de entender como o homem se relacionava 
com omundo em que vivia. 
Outro filósofo importante na relação entre Filosofia e Psicologia foi Galeno. 
Segundo Ito e Guzzo (2002) Galeno desenvolveu a primeira tipologia do 
temperamento, descrita em sua monografia “De Temperamentis” (1545), onde 
distinguiu e descreveu nove temperamentos, sendo que os mais difundidos entre 
teóricos e leigos são os quatro temperamentos primários, nomeados de acordo 
com os humores predominantes no corpo:
Tipo sanguíneo, caracterizado por indivíduos atléticos e 
vigorosos, nos quais o humor corporal predominante era 
o sangue. 2) tipo colérico, indivíduos facilmente irritáveis, 
nos quais predominava a bile amarela. 3) tipo melancólico, 
indivíduos tristes e melancólicos que exibiam excesso de bile 
negra. 4) tipo fleumático, indivíduos cronicamente cansados e 
lentos em seus movimentos, que possuíam excesso de fleuma 
(ITO; GUZZO, p. 91-100, 2002 apud AIKEN, 1991).
Quando falamos da história da Psicologia, além dos filósofos que viveram na 
Grécia Antiga precisamos citar outros dois que se destacaram na Idade Média: 
Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. 
Às vésperas da Era Cristã, surge um novo império que iria 
dominar a Grécia, parte da Europa e o Oriente Médio: o 
Império Romano. Uma das principais características desse 
período é o aparecimento e o desenvolvimento do cristianismo 
– uma força religiosa que passa a força política dominante. 
A Filosofia 
preocupou-se 
com estudos e 
discussões acerca 
da alma humana 
milhares de anos 
antes do advento 
da Psicologia 
científica. O que os 
filósofos discutiam 
na Grécia Antiga 
não era Psicologia, 
mas sim a tentativa 
de entender como 
o homem se 
relacionava com 
omundo em que 
vivia.
15
A Psicologia como Ciência e suas 
Aplicações na Engenharia de SegurançaCapítulo 1
Mesmo com as invasões bárbaras, por volta de 400 d.C., 
que levam à desorganização econômica e ao esfacelamento 
dos territórios romanos, o cristianismo sobreviveu e até 
se fortaleceu, tornando-se a religião principal da Idade 
Média, período que então se inicia. As ideias sobre o mundo 
psicológico, nesse período, estão relacionadas de perto ao 
conhecimento religioso, já que, ao lado do poder econômico 
e político, a Igreja Católica também monopolizava o saber 
(BOCK: FURTADO; TEIXEIRA et al, 2008, p. 34).
Assim como Platão, Santo Agostinho era adepto da concepção dualista, ou 
seja, fazia uma cisão entre alma e corpo e ainda, segundo Bock (2008) para ele, a 
alma era a prova de uma manifestação divina no homem. Ela seria a ligação entre 
o homem e Deus, portanto, a alma seria imortal.
São Tomás de Aquino inspirou-se em Aristóteles:
Assim como o filósofo grego, ele considera que o ser 
humano, em sua essência, busca a perfeição por meio de sua 
existência. Porém, introduzindo o ponto de vista religioso, ao 
contrário de Aristóteles, afirma que somente Deus seria capaz 
de reunir a essência e a existência em termos de igualdade. 
Portanto, a busca de perfeição pelo homem seria a busca de 
Deus (BOCK; FURTADO; e TEIXEIRA et al, 2008, p. 35).
Lembrando que este era o período em que a Igreja Católica estava 
testemunhando o aparecimento do movimento Protestante e o conhecimento 
disseminado pela Igreja começou a ser questionado. 
Já passamos pela Grécia Antiga e pela Idade Média. Chegamos agora ao 
Renascimento, período de transição para o capitalismo. Foi neste período histórico 
que grandes personalidades como Leonardo da Vinci, Boticelli, Michelangelo 
e Maquiavel produziram grandes obras. Este também foi um período em que a 
ciência avançou de forma bastante significativa. Em 1543, Copérnico revolucionou 
o conhecimento da época ao mostrar que a Terra não era o centro do Universo. 
Em 1610, Galileu realizava as primeiras experiências da Física. O conhecimento 
científico começa a estabelecer seus métodos e regras e ganha força, dando 
origem ao objeto de estudo da Psicologia Científica:a subjetividade humana. 
Em síntese, podemos perceber que foram as condições socioculturais da 
época que contribuíram para o surgimento da Psicologia como ciência: 
Para que exista um interesse em conhecer cientificamente 
o “psicológico”, são necessárias duas condições (além, 
naturalmente, da crença de que a ciência com seus métodos 
e técnicas rigorosas é um meio insubstituível para o 
conhecimento) a) uma experiência muito clara de subjetividade 
privatizada; e b) a experiência da crise dessa subjetividade. 
16
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Isso, à primeira vista, pode parecer muito obscuro, mas 
trataremos de clarificar essas ideias. Ter uma experiência da 
subjetividade privatizada bem nítida é para nós muito fácil e 
natural: todos sentem que parte de suas experiências é íntima, 
que mais ninguém tem acesso a ela. É possível, por exemplo, 
ficar um longo tempo pensando se vamos ou não fazer uma 
coisa, quase decidir por uma e, no final, acabar fazendo outra, 
sem que ninguém fique sabendo de nada. Com frequência, 
sentimos alegrias e tristezas intensas e procuramos escondê-
las. A possibilidade de mantermos nossa privacidade é 
altamente valorizada por nós e relacionada ao nosso desejo 
de sermos livres para decidir nosso destino. A experiência da 
solidão, ansiada ou temida, é também altamente expressiva 
daquilo que acreditamos ser nossa individualidade. Ainda com 
maior frequência temos a sensação de que aquilo que estamos 
vivendo nunca foi vivido antes por mais ninguém, de que nossa 
vida é única, de que o que sentimos e pensamos é totalmente 
original e quase incomunicável. Pois bem, historiadores e 
antropólogos com suas pesquisas mostram que essas formas 
de pensarmos e sentirmos nossa própria existência não são 
universais. Essa experiência de sermos sujeitos capazes de 
decisões, sentimentos e emoções privados só se desenvolve, 
se aprofunda e se difunde amplamente numa sociedade com 
determinadas características. Ao lermos com atenção as 
obras de historiadores, veremos que as grandes irrupções da 
experiência subjetiva ocorrem em situações de crise social, 
quando uma tradição cultural (valores, normas, costumes) é 
contestada e surgem novas formas de vida (FIGUEIREDO; 
SANTI, 2010, p. 19).
Entende-se que a subjetividade diz respeito a uma experiência singular, 
pessoal e única e de cada um de nós. E que o contexto e a sociedade em 
que vivemos são fatores importantes na determinação das experiências que 
vivenciamos ao longo da vida. 
Abordaremos a Psicologia Científica e seu objeto de estudo de forma mais 
precisa no próximo tópico. 
Atividade de Estudos: 
1) Descreva de que forma a Filosofia contribuiu para o surgimento 
da Psicologia:
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17
A Psicologia como Ciência e suas 
Aplicações na Engenharia de SegurançaCapítulo 1
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O Surgimento da Psicologia Científica
Pense na palavra ciência... O que vem à sua cabeça? 
Provavelmente você deve ter pensado em laboratório, testes, 
experiências... Algo que possa comprovar alguma teoria e por aí vai, 
certo? Segundo a definição do dicionário Aurélio on line (2012), ciência 
é um conjunto de conhecimentos fundados sobre princípios certos. 
Saber, mensuração, conhecimentos vastos ou ainda, conhecimento 
fundado em informações fidedignas. 
Existem alguns critérios que caracterizam um conhecimento como 
científico, ou seja, que o tornam científico. Trata-se um conhecimento 
diferente daquele que utilizamos no nosso dia a dia. O conhecimento 
cotidiano é aquele que passa de geração para geração. Você lembra do 
chá que sua avó indicava quando alguém estava com dor de estômago, 
por exemplo? Este é o conhecimento que chamamos de senso comum. O 
que sua avó sabia sobre o chá era baseado em experiências subjetivas, 
não havia nenhum estudo científico acerca da eficácia do chá, mas ainda 
assim a informação passava para todas as gerações da família.
O texto complementar apresentado a seguir aborda as distinções 
entre o conhecimento do senso comum e o conhecimento científico. 
Você lembra do 
chá que sua avó 
indicava quando 
alguém estava com 
dor de estômago, 
por exemplo? Este 
é o conhecimento 
que chamamos 
de senso comum. 
O que sua avó 
sabia sobre o 
chá era baseado 
em experiências 
subjetivas, não 
havia nenhum 
estudo científico 
acerca da eficácia 
do chá, mas ainda 
assim a informação 
passava para todas 
as gerações da 
família.
18
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Características do senso comum
Um breve exame de nossos saberes cotidianos e do senso 
comum de nossa sociedade revela que possuem algumas 
características que lhes são próprias:
• São subjetivos, isto é, exprimem sentimentos e opiniões individuais 
e de grupos, variando de uma pessoa para outra, ou de um grupo 
para outro, dependendo das condições que vivemos.
• São qualitativos, isto é, as coisas são julgadas por nós como 
grandes ou pequenas, doces ou azedas, pesadas ou leves, 
novas ou velhas.
• São heterogêneos, isto é, referem-se a fatos que julgamos 
diferentes, porque os percebemos como diversos entre si. 
• São individualizadores por serem qualitativos e heterogêneos, 
isto é, cada coisa ou cada fato nos aparece como um indivíduo 
ou como um ser autônomo: a seda é macia, a pedra é rugosa.
• Mas também são generalizadores, pois tendem a reunir numa só 
opinião ou numa só ideia coisas e fatos julgados semelhantes: 
falamos dos animais, das plantas, dos seres humanos, dos astros.
• Em decorrência das generalizações, tendem a estabelecer 
relações de causa e efeito entre as coisas ou entre os fatos: 
“onde há fumaça, há fogo; mulher menstruada não deve tomar 
banho frio; ingerir sal quando se tem tontura é bom para a 
pressão; menino de rua é delinquente” etc.
• Não se surpreendem nem se admiram com a regularidade, 
constância, repetição e diferença das coisas, mas, ao contrário, a 
admiração e o espanto de dirigem para o que é imaginado como 
único, extraordinário, maravilhoso ou miraculoso, justamente por 
isso, em nossa sociedade, a propaganda e a moda estão sempre 
inventando o “extraordinário”, o “nunca visto”.
• Pelo mesmo motivo e não por compreenderem o que seja 
investigação científica, tendem a identificá-la como magia, 
considerando que ambas lidam com o misterioso, o oculto, o 
incompreensível.
19
A Psicologia como Ciência e suas 
Aplicações na Engenharia de SegurançaCapítulo 1
• Costumam projetar nas coisas e no mundo sentimentos de 
angústia e de medo diante do desconhecido. Assim, durante a 
Idade Média, as pessoas viam o demônio em toda a parte e, 
hoje, enxergam discos voadores no espaço.
• Por serem subjetivos, generalizadores, expressões de 
sentimentos de medo e angústia, e de incompreensão quanto ao 
trabalho científico, nossas certezas cotidianas e o senso comum 
de nossa sociedade ou de nosso grupo social cristalizam-se 
em preconceitos com os quais passamos a interpretar toda a 
realidade que nos cerca e todos os acontecimentos. 
A atitude científica 
O que distingue a atitudecientífica da atitude costumeira ou 
do senso comum? Antes de qualquer coisa, a ciência desconfia da 
veracidade de nossas certezas, de nossa adesão imediata às coisas, 
da ausência de crítica e da falta de curiosidade. Por isso, ali onde 
vemos as coisas, fatos e acontecimentos, a atitude científica vê 
problemas e obstáculos, aparências que precisam ser explicadas 
e, em certos casos, afastadas.
Sob quase todos os aspectos, podemos dizer que o 
conhecimento científico opõe-se ponto por ponto às características 
do senso comum:
• É objetivo, isto é, procura as estruturas universais e necessárias 
as coisas investigadas.
• É quantitativo, isto é, busca medidas, padrões, critérios de 
comparação e avaliação para as coisas que parecem ser 
diferentes.
• É homogêneo, isto é, busca as leis gerais de funcionamento dos 
fenômenos, que são as mesmas para fatos que nos parecem 
diferentes.
• É generalizador, pois reúne individualidades, percebidas como 
diferentes, sob as mesmas leis, os mesmos padrões ou critérios 
de medida, mostrando que possuem a mesma estrutura.
• São diferenciadores, pois não reúnem nem generalizam por 
semelhanças aparentes, mas distinguem os que parecem iguais, 
desde que obedeçam a estruturas diferentes.
20
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
• Só estabelecem relações causais depois de investigar a natureza 
ou estrutura do fato estudado e suas relações com outros 
semelhantes ou diferentes. 
• Surpreende-se com a regularidade, a constância, a frequência, 
a repetição e a diferença das coisas e procura mostrar que 
o maravilhoso, o extraordinário ou o “milagroso” é um caso 
particular do que regular, normal, frequente. Um eclipse, um 
terremoto, um furacão, embora excepcionais, obedecem às 
leis da física. Procura, assim, apresentar explicações racionais, 
claras, simples e verdadeiras para os fatos, opondo-se ao 
espetacular, ao mágico e ao fantástico.
• Distingue-se da magia. A magia admite uma participação ou 
simpatia secreta entre coisas diferentes, que agem umas sobre 
as outras por meio de qualidades ocultas e considera o psiquismo 
humano uma força capaz de ligar-se a psiquismos superiores 
(planetários, astrais, angélicos, demoníacos) para provocar 
efeitos inesperados nas coisas e nas pessoas. A atitude científica, 
ao contrário, opera um desencantamento ou desenfeitiçamento 
no mundo, mostrando que nele não agem forças secretas, mas 
causas e relações racionais que podem ser conhecidas e que 
tais conhecimentos podem ser transmitidos a todos. 
• Afirma que, pelo conhecimento, o homem pode libertar-se do 
medo e das superstições, deixando de projetá-los no mundo e 
nos outros.
Procura renovar-se e modificar-se continuamente, evitando a 
transformação das teorias em doutrinas, e destas em preconceitos 
sociais. O fato científico resulta de um trabalho paciente e lento de 
investigação e de pesquisa racional, aberto a mudanças, não sendo 
nem um mistério incompreensível nem uma doutrina geral sobre o 
mundo.
Fonte: CHAUÍ, 2008.
A tabela a seguir apresenta um comparativo entre os conhecimentos do 
senso comum e científico para que possamos visualizar de forma mais clara as 
principais diferenças entre eles:
21
A Psicologia como Ciência e suas 
Aplicações na Engenharia de SegurançaCapítulo 1
Quadro 2 – Comparativo entre as características do conhecimento 
do senso comum e conhecimento científico
SENSO COMUM CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Subjetivo. O conhecimento varia de uma 
pessoa para outra dependo do contexto em 
que ela vive.
Objetivo. Utiliza-se de estruturas universais 
e muito bem definidas para a construção do 
conhecimento (o conhecimento pode ser com-
provado cientificamente). 
Qualitativo. As coisas são julgadas (interpre-
tadas) por nós como grandes ou pequenas, 
doces ou azedas, pesadas ou leves, novas 
ou velhas.
Quantitativo. Estabelece medidas, padrões e 
critérios de comparação e avaliação para as 
coisas que parecem ser diferentes.
Heterogêneo. Refere-se a fatos que julga-
mos diferentes, porque os percebemos como 
diversos entre si (é novamente uma questão 
de interpretação, de ponto de vista. Eu e você 
podemos ter interpretações diferentes de um 
mesmo fato). 
Homogêneo. Busca leis gerais para o funcio-
namento dos fenômenos, que são as mesmas 
para os fatos que nos parecem diferentes.
Tende a estabelecer relações de causa e 
efeito entre as coisas ou entre os fatos: 
“onde há fumaça, há fogo; ingerir sal quando 
se tem tontura é bom para a pressão”.
Só estabelece relações causais depois de 
investigar a natureza ou estrutura do fato estu-
dado e suas relações com outros semelhantes 
ou diferentes. 
Não se surpreende nem se admira com a 
regularidade, constância, repetição e diferen-
ça das coisas. A admiração e o espanto se 
dirigem para o que é imaginado como único, 
extraordinário e maravilhoso. 
Surpreende-se com a regularidade, a cons-
tância, a freqüência, a repetição e a diferença 
das coisas e procura mostrar que o maravi-
lhoso e o extraordinário tem uma explicação: 
um terremoto ou um furacão obedecem às 
leis da física (procura apresentar explicações 
racionais, claras e verdadeiras para os fatos, 
opondo-se ao espetacular, ao mágico e ao 
fantástico).
Fonte: Adaptado de BOCK; FURTADO E TEIXEIRA, 2008.
22
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Os fatos ou objetos científicos não são dados empíricos 
espontâneos de nossa experiência cotidiana, mas são construídos 
pelo trabalho de investigação científica. Esta é um conjunto de 
atividades intelectuais, experimentais e técnicas, realizadas com 
base em métodos que permitem e garantem:
• Separar os elementos subjetivos e objetivos de um fenômeno.
• Construir um fenômeno como um objeto do conhecimento, 
controlável, verificável, interpretável e capaz de ser retificado e 
corrigido por novas elaborações.
• Demonstrar e provar resultados obtidos durante a investigação, 
graças ao rigor das relações definidas entre os fatos estudados; 
a demonstração deve ser feita não só para verificar a validade 
dos resultados obtidos, mas também para prever racionalmente 
novos fatos como efeitos dos já estudados. 
• Relacionar com outros fatos um fato isolado, integrando-o numa 
explicação racional unificada, pois somente essa integração 
transforma o fenômeno em objeto científico, isto é, em fato 
explicado por uma teoria.
• Formular uma teoria geral sobre o conjunto de fenômenos 
observados e dos fatos investigados, isto é, formular um conjunto 
sistemático de conceitos que expliquem e interpretem as causas e 
os efeitos, as relações de dependência, identidade e diferença entre 
todos os objetos que constituem o campo investigado. 
Delimitar ou definir os fatos a investigar, separando-os de 
outros semelhantes ou diferentes; estabelecer os procedimentos 
metodológicos para observação, experimentação e verificação dos 
fatos; construir instrumentos técnicos e condições de laboratório 
específicas para a pesquisa; elaborar um conjunto sistemáticos de 
conceitos que formem a teoria geral dos fenômenos estudados, que 
controlem a guiem o andamento da pesquisa, além de ampliá-la com 
novas investigações, e permitam a previsão de fatos novos a partir 
dos já conhecidos: esses são os pré-requisitos para a constituição de 
uma ciência e as exigências da própria ciência.
A ciência distingue-se do senso comum porque este é uma 
opinião baseada em hábitos, preconceitos, tradições cristalizadas, 
enquanto a primeira baseia-se em pesquisas, investigações 
23
A Psicologia como Ciência e suas 
Aplicações na Engenharia de SegurançaCapítulo 1
metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam 
internamente coerentes e digam a verdade sobre a realidade. A 
ciência é conhecimento que resulta de um trabalho racional.
Fonte: CHAUÍ, 2008. 
Atividade de Estudos: 
1) Cite quais são as características do conhecimento científico:
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 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 ____________________________________________________
 
Agora que sabemos o que torna um conhecimento científico e o que o 
diferencia do senso comum, vamos nos voltar ao entendimento de como a 
Psicologia adquiriu o seu status de ciência. 
Conforme já estudamos, foram os filósofos da Grécia Antiga que 
desenvolveram as primeiras teorias sobre a forma como o homem se 
relacionava com o mundo, sua consciência e percepções. Porém em 
1859 as teorias filosóficas deram espaço às teorias científicas a partir 
da publicação de “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin.
Nesse livro, ele propõe uma teoria da evolução 
baseada no processo de seleção natural. 
Em 1859 as teorias 
filosóficas deram 
espaço às teorias 
científicas a partir 
da publicação de 
“A Origem das 
Espécies”, de 
Charles Darwin.
24
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Naturalistas e filósofos mais antigos, incluindo seu avô 
Erasmus Darwin, tinham todos discutido a possibilidade de 
as espécies evoluírem, mas foi só depois que Charles Darwin 
apareceu que os mecanismos da evolução se tornaram claros 
(GAZZANIGA; e HEATHERTON et al, 2005, p. 48). 
Após Darwin dar início à evolução da ciência, surge o positivismo de Augusto 
Comte, que defendia que o único conhecimento verdadeiro é o científico, ou seja, 
uma teoria só está correta se ela pode ser comprovada através de métodos e testes 
específicos da ciência. Segundo Bock et al (2008), dessa forma Comte propunha o 
método da ciência natural, a Física como modelo de construção de conhecimento. 
O conhecimento que até então era preocupação dos filósofos passou a 
ocupar também as investigações de fisiologistas e neurofisiologistas. O interesse 
destes cientistas pelos fenômenos psicológicos deu origem à Psicofísica. 
Por volta de 1860, temos a formulação de uma importante 
lei no campo da psicofísica. É a lei de Fechner-Weber, que 
estabelece a relação entre estímulo e sensação, permitindo a 
sua mensuração. Segundo Fechner e Weber, a diferença que 
sentimos ao aumentar a intensidade de iluminação de uma 
lâmpada de 100 para 110 watts será a mesma sentida quando 
aumentamos a intensidade de iluminação de 1000 para 1100 
watts, isto é, a percepção aumenta em progressão aritmética, 
enquanto o estímulo varia em progressão geométrica. Essa 
lei teve muita importância na história da Psicologia 
porque instaurou a possibilidade de medida 
do fenômeno psicológico, o que até então era 
considerado impossível (BOCK; FURTADO; e TEIXEIRA 
et al, 2008, p. 38).
Embora tenham sido vários os nomes que contribuíram para 
o avanço da ciência psicológica existe um que é considerado o pai 
da psicologia científica: Wilhelm Wundt (1832-1926). Wundt foi 
o responsável pela criação do primeiro laboratório de psicologia 
experimental em no ano de 1879 em Leipzig, na Alemanha. O método 
desenvolvido por ele foi a introspecção. Por exemplo, uma estimulação 
física, como uma picada de agulha na pele de um indivíduo, seria 
responsável por produzir um registro em sua mente. Nesse método, 
o experimentador pergunta ao sujeito, especialmente treinado para 
a auto-observação, os caminhos percorridos no seu interior por uma 
estimulação sensorial (a picada da agulha) (BOCK, 2008). O sujeito era 
cuidadosamente treinado no laboratório para descrever com máxima 
riqueza de detalhes as sensações provocas pelos estímulos.
Com o desenvolvimento das pesquisas científicas a Psicologia precisava 
ainda definir o seu objeto de estudo, pois todo o conhecimento científico precisa 
ter um objeto de estudo bem definido. Wundt ateve-se às sensações e percepções. 
O pai da psicologia 
científica: Wilhelm 
Wundt (1832-
1926). Wundt foi 
o responsável 
pela criação do 
primeiro laboratório 
de psicologia 
experimental em 
no ano de 1879 
em Leipzig, na 
Alemanha.
25
A Psicologia como Ciência e suas 
Aplicações na Engenharia de SegurançaCapítulo 1
Tivemos ainda o Inglês Edward B. Titchener que estudou “os estados elementares 
da consciência como estruturas do sistema nervoso central” e o americano Willian 
James que, em linhas gerais preocupava-se com “o que fazem os homens e por 
que o fazem” (BOCK, 2008). 
A conclusão de todos os referidos estudos científicos apontava 
para um mesmo objeto: a subjetividade humana, ou seja, sensações, 
percepções, estados de consciência, como fazer as coisas e por que 
fazê-las tudo isso é subjetivo. Subjetividade nada mais é do que a 
singularidade humana, as particularidades de cada ser humano. E é 
com a subjetividade humana como objeto de estudo que a psicologia 
construiu todas as suas teorias.
É importante ressaltar que somente em 1962 a profissão de 
psicólogo foi regulamentada no Brasil com a criação da Lei nº.4.119 de 
27 de Agosto. 
Entendido o caminho percorrido até se chegar à psicologia científica, 
vamos investigar agora de que forma a ciência psicológica pode auxiliá-
lo no desenvolvimento de suas atividades na Engenharia de Segurança. 
A Psicologia e a Engenharia de 
Segurança
Caro (a) pós-graduando (a), a partir de agora vamos voltar nossos estudos 
no sentido de identificar as áreas da Engenharia de Segurança que podem ser 
beneficiadas pela aplicação do conhecimento psicológico, ou seja, como se dá 
a aplicação do conhecimento da Psicologia em situações cotidianas do fazer do 
Engenheiro de Segurança e ainda identificar situações de sofrimento psicológico 
que interfiram na segurança do trabalhador.
Já estudamos anteriormente que o objeto de estudo da Psicologia é a 
subjetividade humana, certo? O fato de trabalharmos com um objeto de estudo 
tão amplo permitiu que a Psicologia desenvolvesse várias teorias e campos de 
atuação diferentes. A diversidade da Psicologia permitiu que a mesma fosse 
dividida em diferentes áreas de atuação a fim de compreender os mais diversos 
fenômenos vivenciados pelo ser humano. Dentre eles o trabalho, uma necessidade 
humana, a qual se atribui os mais diversos significados. 
A necessidade de trabalhar e a relação que o ser humano constrói com 
seu trabalho é, sem dúvida, uma das características mais marcantes do homem 
Subjetividade nada 
mais é do que 
a singularidade 
humana, as 
particularidades 
de cada ser 
humano. E é com 
a subjetividade 
humana como 
objeto de estudo 
que a psicologia 
construiu todas as 
suas teorias.
Em 1962 a 
profissão de 
psicólogo foi 
regulamentada 
no Brasil com a 
criação da Lei 
nº.4.119 de 27 de 
Agosto.
26
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
moderno. Como engenheiro de segurança você atua diretamente no 
ambiente de trabalho das pessoas, com o objetivo de prevenir acidentes 
e zelar pela segurança do trabalhador. Para tanto, você precisa voltar o 
seu olhar para a forma como as pessoas fazem as coisas, ou seja, estar 
atento ao comportamento do trabalhador para identificar e intervir junto 
a situações que coloquem em risco a sua segurança. É justamente aqui 
que a ciência psicológica vem contribuir com o seu trabalho, no sentido 
de auxiliá-lo a perceber situações que exigem a sua intervenção. 
É muito comum que no ambiente de trabalho apareçam as 
dificuldades, as angústias, as frustrações, os desentendimentos 
e os conflitos entre as pessoas. No exercício de suafunção como 
engenheiro de segurança você também irá trabalhar com o intuito de 
melhorar o comportamento humano dentro da empresa, visando o bem 
comum da organização e das pessoas. Sendo a empresa constituída 
de pessoas, este olhar cuidadoso voltado ao trabalhador é essencial 
para o seu funcionamento eficaz, favorecendo a satisfação das pessoas 
envolvidas, buscando melhor desempenho e melhor qualidade de vida 
dos colaboradores. 
Já percebemos que a intervenção do engenheiro de segurança 
é fundamental para garantir o bom andamento das atividades da 
empresa, bem como o bem-estar do colaborador. A seguir sugerimos algumas 
ações concretas que você pode desenvolver na sua empresa. Reflita se é 
possível aplicá-las em seu ambiente de trabalho:
• Criar programas de recompensa para funcionários que cumprirem 
rigorosamente as medidas de segurança. A recompensa costuma funcionar 
muito bem como fator de motivação;
• Desenvolver trabalhos em parceria com os gerentes de cada área, visando as 
necessidades específicas de cada setor;
• Orientar os gerentes em suas dificuldades e dúvidas, de forma a garantir 
que o perfil de cada trabalhador seja o mais indicado para determinada 
função, estando relacionado aos objetivos e política da empresa e à cultura 
da qualidade;
Desenvolver treinamentos, que são programados a partir do levantamento de 
necessidades da empresa;
• Realizar pesquisas e ações relacionadas à saúde do trabalhador e suas 
condições de trabalho.
Você precisa voltar 
o seu olhar para 
a forma como as 
pessoas fazem as 
coisas, ou seja, 
estar atento ao 
comportamento 
do trabalhador 
para identificar 
e intervir junto 
a situações que 
coloquem em risco 
a sua segurança. 
É justamente aqui 
que a ciência 
psicológica vem 
contribuir com o 
seu trabalho, no 
sentido de auxiliá-
lo a perceber 
situações que 
exigem a sua 
intervenção.
27
A Psicologia como Ciência e suas 
Aplicações na Engenharia de SegurançaCapítulo 1
É fundamental que você crie uma relação de confiança com os 
colaboradores de sua empresa, estar próximo do trabalhador facilita a 
adesão dele por uma forma segura de desenvolver o trabalho. 
Outro aspecto para o qual precisamos estar atentos quando 
falamos em segurança no trabalho é a forma como cada indivíduo 
lida com suas emoções, pois os aspectos emocionais podem exercer 
influencia positiva ou negativa sob o sujeito, dependendo da habilidade 
dele para lidar com diferentes situações. 
A seguir apresentamos um texto de Soto (2005, p. 44-53) sobre 
como acontecem os processos emocionais:
A Emoção e Personalidade
A emoção é definida como qualquer agitação e transtorno da 
mente, o sentimento, a paixão; qualquer estado mental veemente ou 
excitado. A seguir utilizaremos o termo “emoção” como variável para 
analisar o comportamento humano nas organizações.
Na opinião de Buss e Plomin, e emotividade é um temperamento 
que está relacionado com a combinação da facilidade e da 
intensidade com que se ativam as emoções negativas. Contudo, 
os reagentes que esses pesquisadores utilizaram para avaliar a 
emotividade correspondem principalmente à facilidade de ativação, 
razão pela qual é provável que o que mensuraram se relacionasse 
sobretudo com a frequência das emoções negativas.
Larsen e Diener adotaram uma abordagem diferente; 
concentraram-se muito mais na intensidade das emoções que na 
frequência em que estas ocorriam. Esses autores sugerem que 
as pessoas diferem na intensidade do afeto que expressam em 
todos os sentimentos e não somente no temor, na ira e na aflição. 
Ao medir durante várias semanas o estado de ânimo dos seus 
sujeitos, descobriram que os que têm estados positivos intensos 
são os mesmos que asseguram ter estados fortemente negativos. 
Aqueles cujos sentimentos positivos tendiam a ser débeis também 
costumavam ter sentimentos negativos débeis. Larsen, Diener 
É fundamental 
que você crie 
uma relação de 
confiança com 
os colaboradores 
de sua empresa, 
estar próximo do 
trabalhador facilita 
a adesão dele por 
uma forma segura 
de desenvolver o 
trabalho.
28
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
e Emmons afirmam que a intensidade dos sentimentos pode se 
separar de sua frequência e conseguiram evidências que as apoiam. 
Assim, as equipes de pesquisadores concentram-se em 
aspectos diferentes da experiência da emoção: Larsen e Diener na 
intensidade, Buss e Plomin na facilidade ou frequência da ativação. 
Que ponto de vista é mais sensato ou útil? É difícil ter certeza. Larsen 
e Diener obtiveram evidências consideráveis de que o constructo 
da intensidade do afeto é uma boa ferramenta para compreender e 
prever tanto a conduta como as experiências das pessoas na vida 
cotidiana, o que não ocorreu com o constructo de Buss e Plomin. 
Por outro lado, há evidências importantes de que as qualidades que 
Buss e Plomin medem como emotividade são herdadas, enquanto as 
evidências sobre esse ponto para o constructo de Larsen e Diener 
são muito menos diretas. 
Para nossos atuais propósitos, o mais importante é que existem 
dois temas fundamentais que separam essas teorias. Um se 
refere a se os pesquisadores e teóricos teriam de concentrar-se a 
intensidade dos sentimentos, em sua frequência ou em ambos. Outro 
tema consiste em saber se a palavra emotividade deveria se referir 
unicamente à ativação de emoções relacionadas com a aflição ou a 
tendência mais geral à experiência de qualquer emoção.
A emoção é conhecida geralmente com os termos sentimento ou 
estado de ânimo, mesmo que alguns estudiosos os concebam como 
categorias diferenciadas, reveladoras de situações pró-emocionais. 
A emoção é um estado interno (fisiológico e mental) do 
organismo que pode ser analisado a partir de uma dupla perspectiva 
provocada pela resposta interna do sujeito diante de um estímulo 
percebido como agradável ou desagradável.
• Reação emotiva, caracterizada por um elevado estado de alerta 
ou de atenção. Trata-se de um processo fisiológico, um fenômeno 
simples de reação física.
• Experiência emotiva, associada com situações de agrado 
ou desagrado. Esse processo cognitivo de associação é um 
fenômeno complexo.
• A grande ressonância interior da experiência emotiva a faz 
aparecer como a única experiência verdadeira, enquanto 
29
A Psicologia como Ciência e suas 
Aplicações na Engenharia de SegurançaCapítulo 1
a experiência cognitiva, própria do processo de aquisição 
do conhecimento ou atividade do intelecto, apenas origina 
ressonâncias interiores importantes, devido ao fato de que a 
maioria dos conhecimentos humanos é adquirida de um modo 
emotivamente neutro.
... um estimulo produtor de emoção origina:
• Um resposta emotiva (reação interna) que, por sua vez, atua como
• Um estimulo motivador, que conduz a
• Uma expressão de emoção que é a reação externa ou conduta 
emotiva
A resposta fisiológica tem uma origem filogenética, pois 
foi gerada ao longo da evolução da vida. Esse tipo de resposta 
provavelmente se formou em situações de privação extrema, o que 
originou o traço característico de alerta ou atenção. 
A origem da emoção manifesta-se no caráter primário da 
conduta emotiva, quando a emoção é intensa e não existe o freio 
social, por exemplo, quando se produzem ataques, risos, gritos etc.
Traços da personalidade
Algumas das características populares do ser humano são 
agressividade, submissão, preguiça, ambição, lealdade e timidez. 
Quando essas características se manifestam em inúmeras situações, 
são conhecidas como traços da personalidade. Quanto mais 
consistente a característica e maior a frequência em diferentes 
situações, mais importante é o traço para descrever o individuo. 
Os traços da personalidade são inumeráveis; em um estudo 
foram identificados mais de 17.000, o que mostra ser quase 
impossível prever a conduta quando se devem levar em conta tantos 
traços. Finalmente, outro pesquisador isolou 171 traços, porém 
chegou a conclusão de que eram superficiais e nãoeram descritivos. 
Como esse tipo de estudo buscava uma seria reduzida de traços que 
identificassem os padrões básicos, foram identificados 16 fatores da 
personalidade que foram chamados de “traços fortes” ou “primários”.
30
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Figura 2 - Modelo dos cinco grandes fatores da personalidade
Fonte: SOTO, 2005.
Na figura 2 apresentam-se somente aquelas incidências mais 
relevantes que provocam mudanças de conduta no trabalho; a 
primeira relaciona-se com o lugar de controle na vida de um indivíduo. 
As outras são o maquiavelismo, o autocontrole, a propensão em 
assumir riscos e a personalidade tipo A da figura “3”.
Uma grande parte das investigações que comparam traços 
internos com os externos demonstrou de forma consciente que quem 
obtém uma alta qualificação em externalidade está menos satisfeito 
com o seu trabalho, tem um absenteísmo maior, está mais alinhado 
com o local de trabalho e menos envolvido em seu trabalho que os 
indivíduos considerados internos.
Por que os sujeitos que apresentam traços externos tendem 
a estar mais insatisfeitos? A resposta é provavelmente porque 
percebem a si mesmos com pouco controle sobre os resultados 
organizacionais que são importantes para eles. Os que apresentam 
traços internos, pelo contrario, enfrentam a mesma situação, mas 
atribuem os resultados organizacionais as suas próprias ações. Se a 
31
A Psicologia como Ciência e suas 
Aplicações na Engenharia de SegurançaCapítulo 1
situação não é atrativa, acreditam que não há ninguém a quem culpar 
a não ser eles mesmos. O sujeito insatisfeito internamente mais 
provavelmente renunciara ao seu trabalho se este não o satisfizer. 
Figura 3 - Atributos da personalidade que incidem no comportamento nas organizações
Fonte: SOTO, 2005.
Figura 4 - Disposição para assumir riscos
Fonte: SOTO, 2005.
32
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Personalidade tipo A
Está agressivamente envolvida em uma luta crônica e incessante 
para conseguir mais e mais em menos tempo e, se for necessário, 
contra os esforços de outras coisas ou com outras pessoas.
Personalidade tipo B
Raramente deseja obter um número maior de coisas ou 
participar em uma série eternamente crescente de eventos, em uma 
quantidade de tempo decrescente.
Você compreende agora que devemos olhar o ser humano como 
um todo? Ele é fruto do que acontece em seu ambiente, combinado 
com fatores internos (emoções), que lhe são próprias, ou seja, 
subjetivas. As emoções têm um papel fundamental na relação que 
o indivíduo estabelece com seu trabalho (fazendo com que trabalhe 
em segurança ou colocando-o em risco). Estar atento ao aspecto 
emocional do trabalhador pode ajudá-lo a identificar situações que 
demandam sua intervenção a fim de garantir a segurança do mesmo. 
Processos Psicológicos Básicos
Além das emoções e da personalidade, é importante que você conheça 
outros fenômenos psicológicos básicos que estão diretamente relacionados 
com a nossa forma de ver o mundo. São eles: percepção, atenção, memória, 
inteligência, pensamento e linguagem. 
Percepção: é um processo cognitivo, uma forma conhecer o mundo. É 
“o ponto em que a cognição e a realidade encontram-se” e talvez “a atividade 
cognitiva mais básica da qual surgem todas as outras” (DAVIDOFF, 2001, p. 141 
apud NEISSER, 1976, p. 9). De uma forma geral, podemos dizer que a percepção 
é o modo como você percebe o mundo, como você o enxerga. É um processo 
que depende tanto do meio em que a pessoa está inserida como da pessoa que 
o percebe. 
Atenção: “é a tomada de posse da mente, em uma forma clara e vivida, de 
um dos diversos objetos ou séries de pensamentos que parecem simultaneamente 
possíveis... Implica o abandono de algumas coisas, a fim de ocupar-se 
33
A Psicologia como Ciência e suas 
Aplicações na Engenharia de SegurançaCapítulo 1
efetivamente de outras” (Willian James, ano, Principles of Psychology). Vamos 
explicar isso melhor: A atenção é o fenômeno pelo qual processamos ativamente 
uma quantidade limitada de informações do enorme montante de informações 
disponíveis através dos nossos sentidos, de nossas memórias armazenadas e de 
outros processos cognitivos (STERNBERG, 2000, p. 78).
Memória: A memória está relacionada com os vários processos e estruturas 
envolvidos no armazenamento e recuperação de experiências. Envolve três 
procedimentos: codificação, armazenamento e recuperação. 
O conteúdo destinado ao armazenamento é primeiramente codificado. 
Codificação ou aquisição refere-se a todo o processo de preparar as informações 
para armazenamento. Durante a codificação, podemos traduzir os conteúdos de 
uma forma para outra. Conforme lemos, por exemplo, vemos “sinais” pretos na 
página. Podemos codificar essas informações como uma “imagem”, como sons 
ou como ideias que tenham significado (DAVIDOFF, 2001, p. 205).
Inteligência: não há um conceito único para definir o que é inteligência, 
mas de uma forma geral “a inteligência é a capacidade para aprender a partir da 
experiência usando processos metacognitivos para melhorar a aprendizagem, e a 
capacidade para adaptar-se ao ambiente circundante, que pode exigir diferentes 
adaptações dentro de diferentes contextos sociais e culturais” (STERNBERG, 
2000 p. 400).
Você sabe o que é metacognição?
Etimologicamente, a palavra metacognição significa ir além da 
cognição, isto é, refletir sobre a maneira como se aprende, analisar 
os próprios pensamentos. 
Pensamento: é através do pensamento que o ser humano distingue-se de 
qualquer outro animal, somos seres pensantes. O pensamento está diretamente 
relacionado com outros processos mentais. De uma forma geral, podemos dizer 
que o pensamento reflete nossa capacidade de entender, comparar, sintetizar e 
analisar tudo aquilo nos é apresentado através de outros processos mentais como 
a percepção, atenção, memória, inteligência e linguagem.
Linguagem: Segundo Sternberg (2000) a linguagem compreende o uso 
de um meio organizado de combinar as palavras para fins de comunicação, 
34
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
possibilitando que nos comuniquemos com aqueles que nos rodeiam através da 
fala, escrita, leitura etc. De acordo com Gazzaniga e Heatherton GAZZANIGA e 
HEATHERTON (2005), a aquisição da linguagem é um processo que depende 
tanto da maturação fisiológica da criança, quanto do contexto em que ela vive. 
Quanto mais estímulos a criança recebe mais recursos ela tem para aprender 
desenvolver mecanismos de comunicação. 
Não podemos esquecer que os processos psicológicos básicos não ocorrem 
isoladamente. Eles se complementam e ocorrem simultaneamente, suprindo 
nossas necessidades de compreensão de tudo o que acontece. 
Algumas Considerações
Neste primeiro capítulo, estudamos um pouco da história da Psicologia e 
identificamos o caminho percorrido até a mesma adquirir o seu status de ciência. 
Também nos voltamos ao entendimento da forma como as emoções podem 
influenciar o desenvolvimento do trabalho das pessoas, bem como aspectos da 
personalidade aos quais você como engenheiro de segurança pode ficar atento 
no sentido de identificar situações que podem colocar em risco a segurança do 
trabalhador. 
No próximo capítulo abordaremos os aspectos psicológicos do trabalho, onde 
conseguiremos explorar ainda mais a aplicação dos conhecimentos da ciência 
psicológica no seu trabalho na Engenharia de Segurança.
Referências
BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair e TEIXEIRA, Maria de Lourdes 
Trassi.. Psicologias: Uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo: 
Saraiva, 2008. 
DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. São Paulo: Pearson Makron 
Books, 2001.
FIGUEIREDO, Luís Claudio M.; SANTI, Pedro Luiz Ribeiro. Psicologia – Uma 
(nova) introdução. São Paulo: EDUC, 2010.
GAZZANIGA, Michael S.; HEATHERTON, Todd F. Ciência psicológica – Mente, 
Cérebro e Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005.
35
A Psicologiacomo Ciência e suas 
Aplicações na Engenharia de SegurançaCapítulo 1
ITO, Patrícia do Campo Pereira; GUZZO, Raquel Souza Lobo. Diferenças 
individuais: temperamento e personalidade; importância da teoria. Est. Psicol. 
(Campinas) [online]. São Paulo, vol. 19, n. 1, p. 91-100, 2002.
PASTORE. Notícia de jornal. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/
impresso,pais-gasta-r-72-bilhoes-por-ano-com-acidente-de-trabalho-,825342,0.
htm>. Acesso em: 30 set. 2012. 
SOTO, Eduardo. Comportamento Organizacional – O impacto das emoções. 
São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
STERNBERG, Robert J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 
2000.
36
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
CAPÍTULO 2
Aspectos Psicológicos do Trabalho 
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 9 Conhecer os aspectos psicológicos envolvidos no trabalho.
 9 Entender como o estresse interfere na qualidade de vida e saúde do trabalhador.
 9 Compreender as implicações de um acidente de trabalho tanto para o 
trabalhador acidentado quanto para a empresa.
 9 Criar condições de trabalho que contribuam para a qualidade de vida do 
trabalhador.
 9 Utilizar estratégias para minimizar as situações de estresse no dia a dia do 
trabalho.
 9 Prevenir comportamentos de risco que interferem na segurança do trabalhador.
38
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
39
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
Contextualização
Atualmente o trabalho ocupa uma posição de extrema importância na vida 
das pessoas. Para muitos, constitui o aspecto mais importante da vida, ficando 
acima de interesses pessoais e familiares.
Trata-se de uma questão de sobrevivência. Quantas pessoas você conhece 
que podem optar por não trabalhar? Creio que nenhuma ou pouquíssimas, não é 
mesmo? Isto porque trabalhar é uma necessidade do ser humano. É o que garante 
o seu sustento, a manutenção de um lar e de uma família. São muitos os aspectos 
envolvidos no ato de trabalhar. Talvez o mais importante deles seja a relação que 
estabelecemos com nosso trabalho. Pense comigo: passamos a maior parte do 
nosso dia trabalhando, certo? Acabamos convivendo muito mais com nossos 
colegas de trabalho do que com nossa família e amigos, por exemplo. Justamente 
por isso é que as relações com as pessoas que trabalham conosco, bem como 
com o ambiente e a função que exercemos precisam ser relações saudáveis e 
não prejudiciais à nossa saúde. 
A forma como lidamos com o trabalho está diretamente 
relacionada com a nossa qualidade de vida. Sentir-se incomodado 
ou desconfortável com alguma situação que aconteceu no trabalho 
é absolutamente comum. Não há como passar por determinadas 
situações sem experimentar, eventualmente, alguma sensação de 
aborrecimento. O problema é quando você não consegue superar o 
ocorrido e passa a sentir-se constantemente incomodado, contribuindo 
para que seus problemas de trabalho afetem sua vida como um todo. 
A grande maioria dos acidentes de trabalho acontece devido à falta de atenção 
ou negligência do trabalhador que, por interferência de sentimentos negativos 
decorrentes das mais variadas situações, deixam-se afetar, comprometendo sua 
atenção para com a função que executa no trabalho. E você como engenheiro 
de segurança, conhecendo os aspectos psicológicos que podem interferir na 
segurança do trabalhador, pode incentivar a criação de uma relação saudável 
com as atividades diárias que precisam ser executadas com segurança, visando o 
bem-estar e a qualidade de vida do colaborador.
Relações Humanas no Trabalho
Antes de entrarmos no campo dos aspectos psicológicos do trabalho, 
precisamos conhecer os fatos históricos que contribuíram para a criação do 
cenário que encontramos atualmente nas organizações. 
A forma como 
lidamos com o 
trabalho está 
diretamente 
relacionada com a 
nossa qualidade de 
vida.
40
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Quando falamos em trabalho faz-se necessário um resgate histórico de um fato 
importante que deu início às transformações ocorridas neste campo: A Revolução 
Industrial, que teve seu início na Inglaterra e ocorreu nos séculos XVIII e XIX. 
Compreender as relações entre os processos 
sociocomportamentais e os processos de produção ganhou 
status de uma necessidade crescente desde a implantação da 
tecnologia do vapor, em meados do século XVIII. A adaptação 
do desempenho humano a fluxos racionalizados de produção 
demandava domínio mais profundo e sistematizado sobre a 
relação entre os fluxos de produção e o contexto (ZANELLI, 
2004, p. 13). 
A Revolução Industrial trouxe consigo mudanças significativas aos meios 
de produção. Tecnologias começaram a ser empregadas e o trabalho que 
anteriormente era realizado artesanalmente e muitas vezes em casa, próximo 
da família, passou a ser realizado em organizações, utilizando-se de novas 
tecnologias para a produção. Consequentemente este cenário provocou a 
necessidade de trabalhar em equipe e não mais individualmente, bem como 
adaptar-se às novas tecnologias. 
O novo modelo de produção trouxe uma série de implicações 
para a organização da vida e da sociedade. Por exemplo, 
separou os ambientes domésticos e de trabalho; reuniu um 
número imenso de pessoas em um mesmo lugar (a fábrica), 
em torno de uma única atividade econômica; intensificou o 
crescimento das cidades e sua separação do campo. No mundo 
delimitado da fábrica, a “cooperação” trouxe variadas novidades 
no planejamento, na organização e na execução do próprio 
trabalho, como a necessidade de padronizar (homogeneizar) 
a qualidade dos produtos e dos procedimentos, bem como 
adoção de uma disciplina etc. Estas novidades justificaram e 
promoveram o surgimento das funções de direção e supervisão 
(gerência), para fiscalizar e controlar o trabalho. A adaptação 
do trabalhador a tal realidade não ocorreu de forma simples 
(ZANELLI; BORGES-ANDRADE e BASTOS 2004, p. 30). 
Pode-se imaginar o impacto que essas mudanças causaram na vida das 
pessoas na época, não é mesmo? Além da adaptação às novas tecnologias 
empregadas no exercício de sua função, o trabalhador passou a ter de 
compreender também as diferenças individuas das pessoas com quem trabalhava 
para garantir que o trabalho fosse executado da maneira correta. 
Sabe-se que trabalhar em um ambiente de tensão contribui significativamente 
para a criação de fenômenos causadores de sofrimento psíquico, como estresse, 
depressão e alcoolismo (que veremos mais adiante). O contexto atual do mundo 
do trabalho leva-nos inevitavelmente a reflexões sobre a importância que damos 
à carreira profissional e a quanto de nossos esforços físicos e psicológicos temos 
empregados em função disso.
41
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
Frequentemente presenciamos alguém dizendo “o mercado de trabalho está 
cada vez mais competitivo”, “precisamos estar sempre atualizados e trabalhando 
muito”, “se você quiser um bom emprego vai ter que se dedicar muito, não está 
fácil para ninguém”, frases estas que ilustram o contexto atual que vivemos. Já 
vimos que a Revolução Industrial marcou o início das modificações no mundo 
do trabalho e podemos citar também outros fatores: as novas tecnologias, por 
exemplo, continuam sendo um fator importante no trabalho, pois são superadas 
muito rapidamente (a cada dia surgem novos mecanismos para serem aplicados 
na produção de uma infinidade de produtos) o que exige atualização constante. 
Vejam: estamos falando em atualização constante e não esporádica! 
A velocidade com que as informações chegam em nossas mãos é 
impressionante, o que também exige que estejamos atentos a tudo que acontece 
ao nosso redor (novamente a necessidade de atualização constante), sem contar 
que é fato que o mundo do trabalho é competitivo e exige que nós, trabalhadores, 
também sejamos. Este é o cenário. Precisamos encontraruma forma de fazer 
nosso trabalho, sem que o mesmo se torne uma fonte de sofrimento ao invés 
do sentimento prazeroso que deveria produzir em que o realiza (no final deste 
capítulo abordaremos esta questão mais profundamente quando discutirmos a 
qualidade de vida no trabalho). 
As contribuições da Engenharia para 
a Psicologia Organizacional
O campo da Psicologia que estuda os fenômenos 
psicológicos presentes nas organizações, bem como as relações 
de trabalho chama-se Psicologia Organizacional. Você sabia 
que o desenvolvimento desta área foi influenciado pelos estudos 
desenvolvidos por um engenheiro? Vamos explicar de que forma isso 
ocorreu:
A principal influência sobre o campo da Psicologia 
Organizacional foi o trabalho de Frederick Winslow Taylor, um 
engenheiro que estudou longamente a produtividade de funcionários 
em sua carreira durante o final do século XIX e início do século XX. 
Taylor desenvolveu o que ele chamava de administração científica 
como uma abordagem para manejar os operários da produção em 
fábricas. A administração científica inclui diversos princípios para 
guiar as práticas organizacionais. Em seus escritos, Taylor (1911) 
sugeriu o seguinte:
42
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
1. Cada trabalho deve ser atentamente analisado, para que o modo 
otimizado de executar as tarefas possa ser especificado;
2. Os funcionários devem ser selecionados (contratados) de acordo 
com as características relacionadas ao desempenho no trabalho. 
Os gerentes devem estudar os funcionários para descobrir quais 
características pessoais são importantes;
3. Os funcionários devem ser cuidadosamente treinados para 
executar suas tarefas;
4. Os funcionários devem ser recompensados por sua produtividade 
para incentivar a melhoria do desempenho.
Apesar dos ajustes efetuados ao longo dos anos, estas ideias 
são consideradas importantes até hoje.
Outra influência do campo da Engenharia pode ser observada 
no trabalho de Frank e Lillian Gilbreth, marido e mulher que 
estudaram maneiras de desempenhar tarefas eficientemente. Eles 
combinaram itens do campo da Engenharia e da Psicologia (Frank 
era engenheiro e Lillian, psicóloga) ao estudar a forma pela qual as 
pessoas executam tarefas. Sua melhor contribuição foi o estudo do 
tempo e movimento, que envolveu a medição e a sincronização das 
ações executadas pelas pessoas durante as tarefas, com o objetivo 
de desenvolver uma forma mais eficiente de trabalhar. Embora a 
ideia básica fosse de Taylor, os Gilbreth aperfeiçoaram o processo 
e utilizaram novas técnicas para ajudar muitas organizações. Alguns 
historiadores sustentam que Lillian foi a primeira a receber o título de 
Ph.d. em Psicologia Organizacional, em 1915, mas muitos apontam 
que esta distinção pioneira foi dada a Bruce V. Moore, em 1921. O 
trabalho do Gilberth serviu de fundamento para o que mais tarde se 
transformaria no campo do fator humano, que estuda como melhor 
projetar a tecnologia para as pessoas. Nos últimos anos, Lillian voltou 
sua atenção para a área de produtos de consumo, tendo inventado 
o pedal para lixeiras e as prateleiras para portas de geladeira, entre 
outros itens. Entretanto os Gilbreth ficaram mais conhecidos como 
tema do filme Cheaper by the Dozen, que conta suas vidas como 
atarefados pais de 12 crianças (SPECTOR, 2010, p. 15).
43
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
Atividade de Estudos: 
1) Faça uma pausa para refletir sobre como você lida com situações 
estressantes que acontecem no seu ambiente de trabalho, bem 
como sobre qual é o significado do trabalho em sua vida. 
 Anote suas impressões:
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A Interferência do Estresse na 
Qualidade de Vida e Saúde do 
Trabalhador
Você já presenciou algum colega de trabalho reclamando que está 
estressado? Ou você mesmo já se sentiu ou sente-se assim em algum momento? 
Provavelmente sim. Dizer que fulano está estressado tornou-se comum. Mas o 
que exatamente significa estresse? Vamos entender isso melhor...
44
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
A definição precisa da Física (da qual o conceito de estresse se 
origina) refere-se a uma força de resistência interna oferecida 
pelos materiais sólidos ante as forças externas (cargas). 
Mas esta não se mantém nas outras áreas que adotaram o 
conceito. Na medicina e na psicologia, assim como no seu uso 
popular, estresse aparece tanto para denominar condições 
externas, ou uma força imposta ao organismo, como para 
fazer referência às respostas desse mesmo organismo ante 
a estas forças, o que estaria mais próximo ao sentido original. 
(ZANELLI; BORGES-ANDRADE e BASTOS 2004, p. 280). 
De uma forma geral, podemos dizer que trata-se de uma dificuldade 
de adaptação a uma situação específica em que frequentemente o 
indivíduo sente-se sob pressão e não consegue lidar com isso. Ou 
ainda, vai acumulando pequenas situações mal resolvidas que resultam 
em estados de estresse que trazem consequências tanto para sua 
saúde física quanto psicológica. 
Apresenta-se abaixo a primeira definição do termo:
Hans Selye, médico endocrinologista, foi o primeiro cientista a utilizar o 
termo “stress” na área da saúde. Ele observou que muitas pessoas sofriam de 
doenças físicas e reclamavam de sintomas comuns. Tais observações o levaram 
a investigações científicas em laboratórios, com animais, e, em 1936, a definir 
«stress» como «o resultado inespecífico de qualquer demanda sobre o corpo, 
seja de efeito mental ou somático, e «estressor», como todo agente ou demanda 
que evoca reação de estresse, seja de natureza física, mental ou emocional». 
Em seus estudos, Selye observou que o estresse produzia reações de defesa e 
adaptação frente ao agente estressor. A partir dessas observações, ele descreveu 
a Síndrome Geral de Adaptação (SAG), que pode ser entendida como «o 
conjunto de todas as reações gerais do organismo que acompanham a exposição 
prolongada do estressor» (SELYE, 2004 apud CAMELO; AGERAMI, 2004 p.15). 
A maior estudiosa do estresse no Brasil é a autora Marilda Lipp, que define o 
estresse da seguinte forma:
Estresse é uma reação do organismo que ocorre quando ele 
precisa lidar com situações que exijam um grande esforço emocional 
para serem superadas. Quanto mais a situação durar ou quanto mais 
grave ela for, mais estressada a pessoa pode ficar. Porém, há meios 
de se aprender a lidar com o stress de modo que mesmo nos piores 
momentos o organismo não entre em colapso (LIPP, 2010).
Na medicina e na 
psicologia, assim 
como no seu uso 
popular, estresse 
aparece tanto 
para denominar 
condições 
externas, ou uma 
força imposta 
ao organismo, 
como para fazer 
referência às 
respostas desse 
mesmo organismo 
ante a estas forças, 
o que estaria mais 
próximo ao sentido 
original.
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Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
Mas quais sãoos fatores causadores do estresse? A Tabela 1 apresenta 
os resultados de uma pesquisa sobre estresse no trabalho que, de acordo com 
(ZANELLI; BORGES-ANDRADE; e BASTOS, 2004) permitem perceber que 
essa vertente de estudo representa uma tentativa importante de aproximação 
dos possíveis efeitos do trabalho sobre o indivíduo. O referido estudo realizado 
por Fernandes, Silvany Neto, Miranda e colaboradores (2002) tinha com objetivo 
investigar as possíveis relações entre condições de trabalho e saúde em agentes 
penitenciários em oito unidades do serviço penitenciário da Região Metropolitana 
de Salvador (BA).
Tabela 1 - Resultados da pesquisa de Fernandes
Apenas 15,8% dos entrevistados relataram a disponibilidade de equipamento de proteção individual 
no trabalho da penitenciária.
A prevalência de Distúrbios Psíquicos Menores (DPM) foi de 30,7%; de estresse passageiro, 7,4%; de 
estresse intermediário, 7,4%; e de estresse persistente, 15,1%.
Queixas de doenças foram feitas por 91,6% dos agentes penitenciários (53,1% apresentaram até 
cinco queixas e 38,5%, mais de cinco queixas). 
Houve suspeita de alcoolismo em 15,6% dos entrevistados.
Discussão e conclusões
Mais da metade dos agentes afirmou não ter sido treinada para a função.
Diante da complexidade de suas atividades, o agente necessita de um grande preparo para lidar com 
indivíduos infratores que, isoladamente do grupo, tendem questionar constantemente sua autoridade.
Trata-se de um ambiente de trabalho bastante especial do ponto de vista das relações interpessoais e 
da autoridade exigida do agente penitenciário.
Um treinamento adequado seria indispensável para que o trabalhador pudesse exercer sua autoridade 
sem utilizar-se do recurso da violência constante ou de deixar descer ou corromper diante de ameaças 
e propostas feitas.
Muitos agentes trabalham nos dias de folga, possivelmente para aumentar sua renda. Além disso, 
muitos agentes costumam dobrar o turno, o que também pode indicar um esforço para melhorar o 
salário.
Viu-se que as condições infraestruturais do trabalho, as dificuldades para a realização das atividades, 
a jornada excessiva, entre outros aspectos relacionados à organização do trabalho, e um tempo maior 
no sistema, também estavam associados a maiores prevalências de DPM. São, portanto, aspectos 
que também parecem contribuir para o desgaste da saúde mental dos agentes.
As maiores prevalências de DPM, associadas à indisponibilidade de tempo para o lazer e a ausên-
cia de prática de esportes, podem revelar a importância destas atividades para o alívio das tensões 
existentes no ambiente desses trabalhadores. 
Fonte: Silvany Neto, Miranda e colaboradores (2002).
46
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Percebe-se que é no ambiente de trabalho que os sintomas do estresse ficam 
evidentes devido a diversos fatores. Como vimos na pesquisa anterior falta de 
treinamento, baixa remuneração e jornada de trabalho excessiva são causadores 
de estresse. É importante ressaltar que cada pessoa reage de forma diferente 
frente às situações que precisa enfrentar. Se a situação irá lhe influenciar positiva 
ou negativamente depende de cada um. É subjetivo (você lembra do conceito de 
subjetividade que vimos no 1º capítulo do nosso caderno de estudos?). Porém, 
existem outros fatores que costumam contribuir para um estado de estresse. 
Vamos conhecer alguns deles:
• Estados de ansiedade que são característicos do próprio indivíduo, ou 
seja, ser uma pessoa ansiosa faz com que a mesma sofra por antecipação, 
deixando-se afetar mais facilmente diante de situações difíceis.
• Dificuldade de relacionamento interpessoal, que acaba gerando conflitos entre 
colaboradores.
• Ausência de atividades físicas, sociais e de lazer. Não fazer outra coisa além 
de trabalhar acaba gerando cansaço físico e mental excessivo. 
• Ambiente de trabalho inadequado e aversivo, ou seja, não gostar do 
seu ambiente de trabalho favorece aborrecimentos. Você precisa se 
sentir bem e confortável enquanto trabalha.
• A pressão do dia a dia por metas que precisam ser cumpridas.
• Dificuldade de adaptação às mudanças. O mercado de trabalho 
muda com uma velocidade incrível. Precisamos nos adaptar para 
continuar exercendo nossa atividade profissional. 
• Prazos apertados para a realização de determinadas atividades. O 
que contribui para o aumento da jornada de trabalho. 
• A responsabilidade imposta que função que exerce na empresa.
• Fatores pessoais que geram emoções negativas que são levadas 
para o ambiente de trabalho e se misturam com as atividades 
profissionais. 
• Carga horária de trabalho extensa (pois pode reduzir o tempo de lazer 
e convivência social, influenciando no desenvolvimento do estresse).
De uma forma geral, o indivíduo que se encontra em um estado 
de estresse apresenta alguns sintomas que geralmente são percebidos 
por colegas de trabalho ou familiares, por exemplo: intensa sensação 
de cansaço físico, falta de disposição para realizar atividades rotineiras, 
irritabilidade, agressividade e dificuldade para dormir, por exemplo, porém, os 
sintomas variam de acordo com a fase de estresse que o indivíduo encontra-se:
O indivíduo que 
se encontra em 
um estado de 
estresse apresenta 
alguns sintomas 
que geralmente 
são percebidos por 
colegas de trabalho 
ou familiares, por 
exemplo: intensa 
sensação de 
cansaço físico, falta 
de disposição para 
realizar atividades 
rotineiras, 
irritabilidade, 
agressividade 
e dificuldade 
para dormir, por 
exemplo, porém, os 
sintomas variam de 
acordo com a fase 
de estresse que o 
indivíduo encontra-
se.
47
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
O estresse se desenvolve em 4 estágios. Inicialmente a 
pessoa entra no processo de stress pelo estágio de alerta. 
Esta é a fase boa do stress, onde produzimos adrenalina 
e ficamos cheios de energia e de vigor, prontos para, se 
necessário, varar a noite ou despender grande quantidade de 
energia se tivermos que lidar com uma emergência. Durante 
esta fase, podemos também sentir tensão ou dor muscular, 
azia, problemas de pele, irritabilidade sem causa aparente, 
nervosismo, sensibilidade excessiva, ansiedade e inquietação. 
Caso o que nos causa stress desapareça, saímos do processo 
de stress sem sequelas. Porém, se o estressor continua ou 
se algo mais acontece para nos desafiar, podemos entrar no 
estágio de resistência, que significa a etapa em que tentamos 
resistir ao stress. Nesta fase, dois sintomas mais importantes 
surgem: dificuldades com a memória e muito cansaço. Se 
nosso esforço for suficiente para lidar com a situação, o stress 
é eliminado e saímos do processo de stress. O problema 
maior começa a ocorrer quando não conseguimos resistir ou 
nos adaptar e nosso organismo começa a sofrer um colapso 
gradual. Entramos na fase de quase-exaustão, onde podem 
surgir os problemas mencionados a seguir (LIPP, 2010).
Sintomas da fase de quase-exaustão do estresse
• Cansaço mental;
• Dificuldade de concentração;
• Perda de memória imediata;
• Apatia ou indiferença emocional;
• Impotência sexual ou perda da vontade de ter sexo;
• Herpes;
• Corrimentos;
• Infecções ginecológicas;
• Aumento de prolactina; 
• Tumores;
• Problemas de pele;
• Queda de cabelo;
• Gastrite ou úlcera;
• Perda ou ganho de peso;
• Desânimo, apatia ou questionamento frente a vida;
• Autodúvidas;
• Ansiedade;
• Crises de pânico;
• Pressão alta;
• Alteração dos níveis de colesterol e triglicérides;
• Distúrbios de menstruação;
• Queda na qualidade de vida.
48
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Ainda citando LIPP (2010), apresentamos abaixo uma tabela com as 
dificuldades apresentadas pelas pessoas em cada fase do estresse:
Tabela 2 - Fases do Estresse
Fase de Alerta Fase de Resistência Fase de Quase-exaustão Fase de Exaustão
SONO: Dificuldade em 
dormir muito acentuada 
devido à adrenalina.
SEXO: Libido (vontade 
de ter sexo) alta. Muita 
energia. O sexo ajuda 
a relaxar.TRABALHO: Grande 
produtividade e criati-
vidade. Pode varar a 
noite sem dificuldade.
CORPO: Tenso. Mús-
culos retesados. No 
inicio da fase, aparece 
a taquicardia (coração 
disparado). Sudorese. 
Sem fome e sem sono. 
Mandíbula tensa. Res-
piração mais ofegante 
do que o normal. No 
todo, o organismo 
reage em uma perfeita 
união entre mente e 
corpo. A tensão do cor-
po encontra correspon-
dência na mente.
HUMOR: Eufórico. 
Pode ter grande 
irritabilidade devido à 
tensão física e mental 
experimentada. 
SONO: Normalizado.
SEXO: Libido (vontade 
de ter sexo) começa a 
baixar. Pouca energia. 
O sexo não apresenta 
interesse.
TRABALHO: A produti-
vidade e a criatividade 
voltam ao usual, mas 
às vezes não consegue 
ter novas ideias.
CORPO: Cansado, 
mesmo tendo dormido 
bem. O esforço de re-
sistir ao stress se ma-
nifesta em uma certa 
sensação de cansaço. 
A memória começa 
a falhar. Mesmo não 
estando com alguma 
doença, o organismo 
se sente “doente”.
HUMOR: Cansado. 
Só se preocupa com 
a fonte de seu stress. 
Repete o mesmo 
assunto e se torna 
tedioso.
SONO: Insônia. Acorda muito 
cedo e não consegue voltar a 
dormir.
SEXO: Libido (vontade de 
ter sexo) quase desaparece. 
A energia para o sexo está 
sendo usada na luta contra 
o stress e a pessoa perde o 
interesse.
TRABALHO: A produtividade e 
a criatividade caem dramatica-
mente. Consegue somente dar 
conta da rotina, mas não cria e 
nem tem ideias originais.
CORPO: Cansado. Uma sen-
sação de desgaste aparece. 
A memória é muito afetada 
e a pessoa esquece fatos 
corriqueiros, até mesmo seu 
próprio telefone. Doenças 
começam a surgir. As mulhe-
res apresentam dificuldades 
na área ginecológica. Todo 
o organismo se sente mal. 
Ansiedade passa a ser sentida 
quase que todo dia.
HUMOR: A vida começa a 
perder o brilho. Não acha 
graça nas coisas. Não quer 
socializar. Não sente von-
tade de aceitar convites ou 
de convidar. Considera tudo 
muito sem graça e as pessoas 
tediosas.
SONO: Dorme pouco. 
Acorda cedíssimo e não 
se sente revigorado pelo 
sono.
SEXO: Libido (vontade 
de ter sexo) desaparece 
quase que completa-
mente.
TRABALHO: Não 
consegue mais trabalhar 
como normalmente. Não 
produz. Não consegue 
se concentrar e nem 
decidir. O trabalho perde 
o interesse.
CORPO: Desgastado e 
cansado. Doenças graves 
podem ocorrer, como de-
pressão, úlceras, pressão 
alta, diabetes, enfarte, 
psoríase etc. Não há mais 
como resistir ao stress. 
A batalha foi perdida. 
A pessoa necessita de 
ajuda médica e psicológi-
ca para se recuperar. Em 
casos mais graves, pode 
ocorrer a morte.
HUMOR: Não socializa. 
Foge dos amigos. Não 
vai a festas. Perde o 
senso de humor. Fica 
apático. Muitas pessoas 
têm vontade de morrer.
Fonte: LIPP (2010).
Cada ser humano reage de uma forma diferente diante das situações que 
vivência (o que é estressante para mim, pode não ser para você, por exemplo). 
Isso significa dizer que cada um de nós é responsável pelo estilo de vida que irá 
49
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
adotar. Mesmo vivendo em um ambiente estressante, a forma como você lida 
com cada situação, ou seja, o seu jeito de encarar a vida é que vai determinar se 
você irá adoecer ou não. 
Atividade de Estudos: 
1) Sabemos que quanto mais estressado o trabalhador estiver 
maior é a probabilidade de cometer erros que coloquem em 
risco sua saúde e segurança. De que forma o engenheiro de 
segurança pode contribuir para a redução do nível de estresse 
e consequentemente promover a qualidade de vida dos 
colaboradores da sua empresa? 
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Dentre várias doenças provocadas pelo estresse no trabalho 
(transtornos de ansiedade e depressão, por exemplo) temos ainda a 
Síndrome de Burnout cada vez mais comum entre trabalhadores. 
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Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Texto complementar:
A Síndrome de Burnout, ou Síndrome do Esgotamento 
Profissional, é um distúrbio psíquico descrito em 1974 por 
Freudenberger, um médico americano. O transtorno está 
registrado no Grupo V da CID-10 (Classificação Estatística 
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde).
Sua principal característica é o estado de tensão emocional 
e estresse crônicos provocados por condições de trabalho 
físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. A síndrome se 
manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige 
envolvimento interpessoal direto e intenso.
Profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, 
recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais 
e mulheres que enfrentam dupla jornada correm risco maior de 
desenvolver o transtorno.
Sintomas
O sintoma típico da Síndrome de Burnout é a sensação de 
esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, 
como ausências no trabalho, agressividade, isolamento, mudanças 
bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos 
de memória, ansiedade, depressão, pessimismo, baixa autoestima.
Dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação, 
pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma, distúrbios 
gastrintestinais são manifestações físicas que podem estar 
associadas à síndrome.
Diagnóstico
O diagnóstico leva em conta o levantamento da história do 
paciente e seu envolvimento e realização pessoal no trabalho. 
Respostas psicométricas a questionário baseado na Escala Likert 
também ajudam a estabelecer o diagnóstico.
51
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
Tratamento
O tratamento inclui o uso de antidepressivos e psicoterapia. 
Atividade física regular e exercícios de relaxamento também ajudam 
a controlar os sintomas.
Recomendações
• Não use a falta de tempo como desculpa para não praticar 
exercícios físicos e não desfrutar momentos de descontração e 
lazer. Mudanças no estilo de vida podem ser a melhor forma de 
prevenir ou tratar a Síndrome de Burnout;
• Conscientize-se de que o consumo de álcool e de outras drogas 
para afastar as crises de ansiedade e depressão não é um bom 
remédio para resolver o problema;
• Avalie quanto as condições de trabalho estão interferindo em 
sua qualidade de vida e prejudicando sua saúde física e mental. 
Avalie também a possibilidade de propor nova dinâmica para as 
atividades diárias e objetivos profissionais. 
Fonte: Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/doencas-e-
sintomas/sindrome-de-burnout/)>. Acesso em: 15 out. 2012.
Atividade de Estudos: 
1) Descreva quais são os sintomas que o indivíduo apresenta 
quando se encontra em um estado de estresse em fase de quase-
exaustão.
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Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Depressão
Vamos conhecer agora mais duas patologias que atingem diretamente a 
capacidade produtiva dos indivíduos, provocando afastamento do trabalho: A 
depressão e o alcoolismo. 
Pesquisa inédita da Universidade de Brasília (PORTAL UNB, 2011) mapeou 
as principais doenças que causam afastamento do trabalho no Brasil. Em 2008, 
4% dos 32,5 milhões de trabalhadores brasileiros receberam o auxílio-doença – 
benefício concedido pelo Ministério da Previdência Social a quem recebe atestado 
médico por mais de 15 dias consecutivos. Os principais motivos estão ligados a 
lesões, como fraturas de pernas, punhos e braços; doenças oesteomusculares, 
como dores na coluna; e doenças mentais, como depressão e alcoolismo 
(grifo meu). O custo aos cofres públicos foi de R$ 669 milhões.
Você já ouviu alguém dizer que está deprimido? Provavelmente sim e mais 
de uma vez, não é mesmo? “Estar deprimido”, “estar com depressão” virou algo 
frequente em nossa sociedade nos últimos anos. Porém, aqui cabe uma ressalva 
importante: tristeza não é depressão. Sentir-se triste não significa estar com 
depressão. 
A depressão é um transtorno mental reconhecido, ou seja, é diagnosticada 
e classificada como um transtorno mental. De acordo com o Manual Diagnóstico 
e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV, 2002), para que o indivíduo seja 
diagnosticado com depressão, ele precisa apresentar cinco (ou mais) (grifo 
meu) dos seguintes sintomas durante o período de 2 semanas (grifo meu):
(1) humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado 
por relato subjetivo (por ex., sente-se triste ou vazio) ou observação 
feita por outros (por ex., chora muito).
 Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.
(2) interesse ou prazer acentuadamente diminuídos por todas ou quase 
todas as atividades.
(3) perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta 
(por ex., mais de 5% do peso corporal em 1 mês), ou 
diminuição ou aumento do apetite quase todos os dias. 
Nota: Em crianças, considerar falha em apresentar os ganhos de peso 
esperados.
53
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
(4) insônia ou hipersonia quase todos os dias. 
(5) agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por 
outros, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de 
estar mais lento).
(6) fadiga ou perda de energia quase todos os dias. 
(7) sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode 
ser delirante), quase todos os dias (não meramente auto-recriminação 
ou culpa por estar doente).
(8) capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase 
todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outros).
(9) pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), 
ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de 
suicídio ou plano específico para cometer suicídio. 
O tratamento mais indicado para a depressão utiliza medicamentos (anti-
depressivos) associados ao acompanhamento psicológico, para que a pessoa 
encontre um novo significado para o que sente e aprenda a superar os sentimentos 
negativos. Sentimentos estes que começam aparecer gradativamente, portanto, 
o ambiente de trabalho é um dos lugares em que estes sentimentos podem 
aparecer. Por conta da convivência diária com as pessoas que trabalham 
conosco, conseguimos perceber quando alguém não está bem, está triste ou 
desanimada, por exemplo. É comum que aconteçam situações que nos deixam 
tristes, ou coisas com as quais não estamos preparados para lidar, porém se o 
sentimento de tristeza ou desânimo é o sentimento que predomina, causando 
prejuízos para vida do indivíduo (como faltar ao trabalho porque não tem ânimo 
para sair de casa, ou deixar de sair com os amigos, abandonar os estudos ou 
outra atividade que gostava muito, etc.) é importante que estejamos atentos para 
orientar a procura de uma avaliação médica ou psicológica.
Alcoolismo
Discutir a questão do alcoolismo não obstante torna-se delicado, pois estamos 
falando de uma droga lícita, cujo consumo é inclusive incentivado em nossa 
sociedade. Basta assistir as propagandas das grandes marcas de cerveja, por 
exemplo, onde o que se vê são pessoas lindas, cercadas de amigos em um local 
paradisíaco em que todos estão muito felizes e no final sempre aparece a indicação 
54
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
“beba com moderação”. Porém qual é o limite que separa “beber com moderação” de 
ter problemas sérios por conta do consumo exagerado de álcool? Apresentaremos a 
seguir alguns dados para nos ajudar a refletir acerca desta questão.
A estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que a ingestão 
excessiva de álcool é a terceira causa de morte no mundo, depois do câncer e 
das cardiopatias. 
Em 1948, a Organização Mundial de Saúde incluiu o 
alcoolismo propriamente dito como um item diferenciado 
da intoxicação alcoólica ou de psicoses alcoólicas, na 
Classificação Internacional de Doenças (CID). Em 1956, a 
Associação Médica Americana declarou formalmente que o 
alcoolismo era uma doença. Em 1960, essa concepção passou 
a ser mais aceita no mundo inteiro com a publicação de The 
disease concept of alcoholism, de Jellinek, considerada obra 
clássica sobre o tema (VAISSMAN, 2004, p. 20). 
Atualmente o alcoolismo está descrito no Manual Diagnóstico e Estatístico 
de Transtornos Mentais (DSM-IV) como abuso de álcool e dependência de álcool. 
O texto completar abaixo aponta as características da 
dependência e abuso de álcool:
Dependência de álcool
A dependência fisiológica de álcool é indicada por evidências de 
tolerância ou sintomas de abstinência. Especialmente se associada a 
um histórico de abstinência, a dependência fisiológica é indicativa de 
uma evolução clínica mais grave.
A abstinência de álcool é caracterizada pelo desenvolvimento de 
sintomas de abstinência, mais ou menos quatro à doze horas após a 
redução de consumo pesado e prolongado de álcool. Uma vez que a 
abstinência de álcool pode ser desagradável e intensa, os indivíduos 
com dependência de álcool podem continuar ingerindo álcool apesar 
das consequências adversas, muitas vezes para evitar ou atenuar os 
sintomas de abstinência. Alguns sintomas (por exemplo, problemas 
para dormir) podem persistir em intensidade menos durante meses. 
Uma boa parcela dos indivíduos com dependência de álcool jamais 
experimenta níveis clinicamente relevantes de abstinência de álcool, 
e apenas cerca de 5% dos indivíduos com dependência de álcool 
chegam a ter graves complicações da abstinência (por exemplo, 
55
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
delirium, convulsões de grande mal). Uma vez que se desenvolva um 
padrão de uso compulsivo, os indivíduos com dependência podem 
dedicar um tempo substancial à obtenção e ao consumo de bebidas 
alcoólicas. Esses indivíduos frequentemente continuam ingerindo 
álcool, apesar das evidentes consequências psicológicas ou físicas 
adversas (por exemplo, depressão, apagões, doença hepática ou 
outras sequelas). 
Abuso de álcool
O abuso de álcool requer menos sintomas e, portanto, pode 
ser menos grave do que a dependência, e somente é diagnosticado 
quando for estabelecia a ausência de dependência. Os desempenhos 
escolar e ocupacional podem sofrer tanto pelos efeitos posteriores 
da ingestão de álcool quanto pela intoxicação durante o trabalho ou 
na escola: as responsabilidades envolvidas em cuidar dos filhos ou 
da casa podem ser negligenciadas, e faltas relacionadas ao álcool 
podem ocorrer na escola ou no trabalho. O indivíduo pode usar o 
álcool em circunstâncias fisicamente contra indicadas (por exemplo, 
dirigir veículo ou operar máquinas estando embriagado). Dificuldades 
legais podem decorrer do usode álcool (por exemplo, detenções por 
comportamento intoxicado ou por dirigir alcoolizado). Finalmente, os 
indivíduos com abuso de álcool podem continuar ingerindo álcool, 
apesar de saberem que o consumo continuado lhes trás problemas 
sociais ou interpessoais significativos (por exemplo, discussões 
violentas com o cônjuge quanto intoxicado, maus tratos para 
com os filhos). Quando estes problemas são acompanhados 
por evidências de tolerância, abstinência ou comportamento 
compulsivo relaciona ao uso de álcool, um diagnóstico de 
dependência de álcool, em vez de abuso de álcool, deve ser 
considerado. Entretanto, uma vez que alguns sintomas de tolerância, 
abstinência ou uso compulsivo podem ocorrer em indivíduos com 
abuso, mas sem dependência, é importante determinar se todos os 
critérios para dependência são satisfeitos.
Critérios diagnósticos para Dependência de substância
Um padrão mal adaptativo de uso de substância, levando 
a comprometimento ou sofrimento clinicamente significativo, 
manifestado por três (ou mais) dos seguintes critérios, ocorrendo em 
qualquer momento no mesmo período de doze meses: 
56
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
(1) Tolerância, definida por qualquer um dos seguintes aspectos:
(a) Necessidade de quantidades progressivamente maiores da 
substância, para obter a intoxicação ou o efeito desejado,
(b) Acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma 
quantidade de substância.
(2) Abstinência, manifestada por qualquer dos seguintes aspectos:
(a) Síndrome de abstinência característica da substância,
(b) A mesma substância (ou uma substância estreitamente 
relacionada) é consumida para aliviar ou evitar sintomas de 
abstinência.
(3) A substância é frequentemente consumida em maiores 
quantidades ou por um período mais longo do que o pretendido.
(4) Existe um desejo persistente ou esforços mal sucedidos no 
sentido de reduzir ou controlar o uso da substância.
(5) Muito tempo é gasto em atividades necessárias para obtenção da 
substância (por exemplo, consultas a vários médicos ou longas 
viagens de automóvel), na utilização da substância (por exemplo, 
beber em grupo) ou na recuperação de seus efeitos.
(6) Importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são 
abandonadas ou reduzidas em virtude do uso da substância.
(7) O uso da substância continua, apesar da consciência de ter 
um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente 
que tende a ser causado ou exacerbado pela substância (por 
exemplo, consumo continuado de bebidas alcoólicas, embora o 
indivíduo reconheça que uma úlcera piorou devido ao consumo 
de álcool). 
Critérios diagnósticos para abuso de substância
A. Um padrão mau adaptativo de uso de uma substância levando 
a prejuízo ou sofrimento clinicamente significativo, manifestado 
por um (ou mais) dos seguintes aspectos ocorrendo dentro de um 
período de doze meses:
57
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
(1) Uso recorrente da substância acarretando fracasso em cumprir 
obrigações importantes no trabalho, na escola ou em casa (por 
exemplo, repetidas ausências ou fraco desempenho ocupacional 
relacionados ao uso de substância; faltas, suspensões ou 
expulsões da escola relacionadas à utilização da substancia; 
negligência dos filhos ou dos afazeres domésticos)
(2) Uso recorrente da substância em situações nas quais isto 
representa perigo para a integridade física (por exemplo, dirigir 
veículo ou operar máquina quando prejudicado pelo uso da 
substância)
(3) Problemas legais recorrentes relacionados à substância (por 
exemplo, discussões com o cônjuge a cerca das consequências 
da intoxicação, lutas corporais). (Manual Diagnóstico e Estatístico 
de Transtornos Mentais – DSM IV, 2002, p. 226).
Agora que conhecemos os sintomas do alcoolismo, vamos nos 
voltar aos fatores de risco que contribuem para a manifestação desta 
condição no ambiente de trabalho. 
Araújo (1986) classifica alguns fatores que contribuem 
para maior risco profissional em relação ao consumo 
excessivo de bebidas, os quais têm sido referendados 
por outros autores brasileiros, como Vaissman (1995) e 
Campana (1997). São eles:
- Disponibilidade ao álcool. Em certas formas de 
ocupação o acesso ao álcool ocorre quando se 
trabalha. 
- Pressão social para beber. Em certas profissões, há 
uma tradição quanto a se beber muito.
- Separação da norma social. Quando ocorrem 
situações de solidão ou de falta de suportes 
sociofamiliares.
- Ausência de supervisão. Quando ocorrem posições 
de comando de “alto status” ou sem chefias.
- Alta ou baixa renda. Envolvendo indivíduos em pólos 
sociais extremos, capazes de beber muito. 
- Tensão, estresse e perigo. Empregos com essas 
características costumam facilitar o uso de bebidas.
- Pré-seleção de população de alto risco. Algumas 
profissões atraem pessoas propensas a se tornarem 
bebedores excessivos, como na Medicina (pelo 
estresse do trabalho médico) (VAISSMAN, 2004, p. 24).
58
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Você saberia identificar se algum colaborador de sua empresa 
vem apresentando problemas em relação ao consumo de álcool? 
Vaisman (2004) nos alerta para alguns “sinais” apresentados pelo 
indivíduo que faz uso abusivo de bebidas alcoólicas: 
• Absenteísmo, ou seja, faltas não autorizadas, licenças por 
doenças, faltas de curta duração (com ou sem comprovação 
médica), flats frequentes nas segundas, sextas-feiras e nos dias 
que antecedem ou sucedem feriados, dias de trabalho extras 
para compensar faltas, faltas por doenças vagas como gripes, 
resfriados.
• Atrasos excessivos após o almoço ou intervalos, saídas 
antecipadas, idas frequentes ao bebedouro ou banheiro.
• Queda na produtividade e qualidade do trabalho, falta a 
compromissos, necessidade de um tempo maior para realizar 
as atividades, desperdício de materiais de expediente, perda ou 
estrago de equipamentos, dificuldade para seguir instruções e 
realizar procedimentos, dificuldade de reconhecer erros.
• Apresentar-se ao trabalho bêbado ou com discurso vago e 
confuso e ainda descuidar-se da higiene pessoal. 
Diante das consequências e prejuízos acarretados pelo 
alcoolismo, a prevenção continua sendo o melhor caminho. Informação 
e educação são bons aliados da organização. A empresa pode 
promover palestras e treinamentos, por exemplo, com o objetivo de 
conscientizar seus colaboradores quanto aos riscos e consequências 
do consumo de bebidas alcoólicas tanto para a carreira quanto para 
a vida pessoal do indivíduo. E ainda, treinar colaboradores para que 
estejam aptos a identificar situações que exigem uma intervenção. 
Sabemos que o alcoolismo é um problema de saúde que precisa ser 
tratado, portanto, o colaborador que estiver nesta condição precisa ser 
encaminhando para um tratamento adequado. 
Qualidade de Vida no Trabalho
Você já reparou em que momentos você produz mais ou trabalha melhor? 
Provavelmente quando sente-se bem e feliz, não é mesmo?
59
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
Para que o colaborador seja produtivo é fundamental que suas habilidades 
para o trabalho sejam respeitadas, ou seja, que o trabalho seja condizente com 
o que ele sabe fazer melhor ou gosta mais de fazer. Sabe-se que a qualidade do 
produto é importante, mas além da preocupação com a qualidade do produto, a 
empresa precisa estar atenta também à qualidade de vida do seu trabalhador, 
pois se o mesmo estiver se sentindo bem na empresa, produzirá mais e melhor (e 
ambos saem ganhando). 
De acordo com Gil (2011) para que sejam produtivos os empregados devem 
sentir que o trabalho que executam é adequado as suas habilidades e que são 
tratados como pessoas. Não se pode esquecer que parte significativa da vida 
das pessoas é dedicada ao trabalho e que para muitas o trabalho constitui a 
maior fonte de identificação pessoal. Portanto, é natural que o indivíduo sinta a 
necessidade de identificar-se com o trabalho que realiza. 
Justamentepelo caráter de importância que o trabalho ocupa em nossas 
vidas, é cada vez mais frequente que o trabalhador escolha atuar em uma 
empresa que esteja preocupada com sua qualidade de vida. As pessoas querem 
trabalhar em lugares agradáveis.
Assim, as empresas são desafiadas a investir no ambiente, 
tanto para atrair talentos, quanto para melhorar a produtividade 
do trabalho, mais do que isso, as empresas são desafiadas 
a implantar programas de qualidade de vida no trabalho 
que envolvam também as dimensões relacionadas ao estilo 
gerencial, à liberdade e autonomia para tomada de decisões e 
o oferecimento de tarefas significativas (GIL, 2011, p. 46). 
Selecionar a pessoa certa para executar uma função que esteja de acordo 
com suas habilidades é uma estratégia que contribui significativamente para 
obtenção de qualidade de vida no trabalho. Uma das teorias que pode ser utilizada 
para fazer isso está contemplada no texto complementar que veremos a seguir:
A Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner
Howard Gardner propôs sua teoria das inteligências múltiplas 
em 1983. Afastando-se da noção unitária da inteligência (a 
inteligência é uma capacidade unitária de raciocínio lógico do tipo 
exemplificado pelos matemáticos, cientistas e lógicos), Gardner 
defende vigorosamente várias inteligências relativamente autônomas. 
Ele define uma Inteligência como a “capacidade de resolver 
problemas ou criar produtos que são importantes num determinado 
ambiente cultural ou comunidade” (GARDNER, 1993, p. 15). Em 
60
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
sua apresentação original da teoria, Gardner propôs sete dessas 
inteligências, mas observou que pode haver um número maior ou 
menor. O ponto essencial é que não existe apenas uma capacidade 
mental subjacente. Ao invés, várias inteligências, funcionando em 
combinação, são necessárias para explicar como os seres humanos 
assumem papéis diversos. 
1. Inteligência linguística: é provavelmente a competência humana 
mais exaustivamente estudada, as evidências dessa inteligência 
vem da psicologia desenvolvimental, que revela uma capacidade 
para fala, universal e de rápido desenvolvimento, entre as 
pessoas normais. A neuropsicologia tem casos documentados de 
colapso e preservação da fala entre pacientes que sofreram dano 
cerebral. A neurobiologia também ajuda a destacar mecanismos 
centrais de processamento da informação associados a essa 
inteligência. Eles incluem os mecanismos dedicados a fonologia 
(sons da fala), sintaxe (gramática), semântica (significado) 
e pragmática (implicações e usos da linguagem em vários 
ambientes). A inteligência linguística é exemplificada pelos 
poetas, que são profundamente sintonizados com o som e os 
ricos significados da língua que usam. Ela também é um recurso 
crucial para jornalistas, publicitários e advogados. 
2. Inteligência musical: permite as pessoas criar, comunicar e 
compreender significados compostos por sons. Diferentemente 
da inteligência linguística, que se desenvolve em alto grau nas 
diferentes culturas, sem instrução formal, uma inteligência 
musical de alto nível pode exigir uma exposição mais intensiva; 
no Ocidente, poucas pessoas atingem grande habilidade sem 
anos de treinamento. Estudos sobre prodígios indicam que essa 
inteligência é autônoma em relação a outras capacidades: ela 
pode manifestar-se num alto nível em uma pessoa cujas outras 
capacidades são médias ou mesmo deficientes (MILLER Miller, 
1989; TREFFERT Treffert, 1989). Estudos neuropsicológicos 
e outros estudos do cérebro mostram que as áreas cerebrais 
dedicadas ao processamento da música são distintas daquelas 
destinadas ao processamento da linguagem. Componentes 
cruciais do processamento da informação incluem tom, ritmo e 
timbre (qualidade do som). A inteligência musical se manifesta 
claramente em compositores, maestros e instrumentistas, assim 
como em peritos em acústica e engenheiros de áudio. 
61
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
3. Inteligência lógico-matemática: envolve usar e avaliar relações 
abstratas [...] uma operação central nessa inteligência é a 
numeração – a capacidade de atribuir um numeral correspondente 
a um objeto numa série de objetos. Existem evidências de 
relativa autonomia da inteligência lógico-matemática em seu 
aparecimento isolado em alguns savants (sábios), que são 
capazes de realizar façanhas matemáticas na ausência de 
outras capacidades, e na existência de prodígios matemáticos. 
Estados finais que dependem imensamente da inteligência 
lógico-matemática incluem matemáticos, programadores de 
computador, analistas financeiros, contadores, engenheiros e 
cientistas. 
4. Inteligência espacial: refere-se a capacidade de perceber 
informações visuais ou espaciais, de transformar e modificar 
essas informações, e de recriar imagens visuais mesmo sem 
referência a um estímulo físico original. Essa inteligência é 
necessária para elaborar os problemas ilustrados na Figura 1. A 
inteligência espacial não depende da sensação visual. Pessoas 
cegas também a utilizam (Landau, Gleitman e Spelke, 1981), 
por exemplo, para construir uma imagem mental de suas casas 
ou encontrar o caminho para o trabalho. Capacidades centrais 
nessa inteligência incluem a capacidade de construir imagens 
em três dimensões e de mover e rotar essas representações. 
Na maioria dos ocidentais, o desenvolvimento desta inteligência, 
pelo menos conforme aplicada nas artes visuais, cessa na 
infância média, a menos que sejam oferecidos apoio e educação 
(DAVIS, 1991; LOWENFELD; BRITTAIN, (1982); WINNER, 
1982). Entretanto, essa inteligência também é utilizada fora 
das artes visuais, por exemplo, entre os geógrafos, cirurgiões e 
navegadores. Mesmo que as habilidades lógico-matemáticas e 
espaciais se desenvolvam a partir da percepção de objetos, a 
pesquisa neurológica apoia a autonomia da inteligência espacial. 
A inteligência espacial é “controlada’ pelo cérebro. Ela requer o 
funcionamento intacto dos lobos parietal e temporal direitos, e 
conexões entre essas e outras regiões do cérebro.
 
5. Inteligência corporal-cinestésica: [...] Envolve o uso de todo o 
corpo ou de partes do corpo para resolver problemas ou criar 
produtos. Operações centrais associadas a essa inteligência são 
o controle das ações motoras amplas e finas e a capacidade de 
manipular objetos externos. Os fundamentos biológicos dessa 
inteligência são complexos. Esses incluem coordenação entre 
62
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
sistemas neurais, musculares e perceptuais. A existência de 
uma inteligência corporal cinestésica é apoiada pelas apraxias 
– síndromes neurológicas tipicamente relacionadas a lesão no 
hemisfério esquerdo. Pessoas com apraxias são incapazes de 
realizar sequências de movimentos apesar da capacidade de 
compreender um pedido de que realizem uma sequência de 
movimentos e da capacidade física de executar cada movimento 
dessa sequência. Gardner especula que o desenvolvimento da 
inteligência corporal-cinestésica avança de reflexos iniciais, 
como sugar, para atividade cada vez mais intencionais, para a 
capacidade de imitar e criar, usando o movimento. Dançarinos, 
alpinistas, malabaristas, ginastas e outros atletas exemplificam a 
inteligência corporal-cinestésica.
 
6. Inteligência intrapessoal: depende de processos centrais que 
permitem às pessoas diferenciar os próprios sentimentos. 
Gardner vê essa inteligência como desenvolvendo-se a partir 
de uma capacidade de distinguir o prazer da dor e de agir em 
função dessa discriminação. Em seu nível mais elevado, as 
discriminações entre os próprios sentimentos, intenções e 
motivações trazem um profundo autoconhecimento, como aquele 
utilizado pelas pessoas mais velhas quando tomam uma decisão 
crucial ou quando aconselham outras em sua comunidade. Mais 
recentemente, Gardner enfatizou o papel desempenhado por 
essa inteligência para permitir que os indivíduos construamum 
modelo acurado de si mesmos e utilizem esse modelo para tomar 
boas decisões em suas vidas. Assim, essa inteligência pode agir 
como uma “agência central de inteligências”, permitindo que os 
indivíduos conheçam as próprias capacidades e percebam a 
melhor maneira de usá-las (KORNHABER; GARDNER, 1991). 
7. Inteligência interpessoal: emprega capacidade centrais para 
reconhecer e fazer distinções entre os sentimentos, as crenças 
e as intenções dos outros. No início do desenvolvimento, essa 
inteligência é vista como a capacidade das crianças pequenas de 
discriminar entre os indivíduos de seu meio ambiente e perceber 
o humor dos outros. Em suas formas mais desenvolvidas, 
a inteligência interpessoal se manifesta na capacidade de 
compreender os sentimentos e atitudes dos outros, agir em função 
deles e moldá-los, para o bem ou para o mal. Essa inteligência 
possibilitou que Madre Teresa, Mao Tse-Tung e Martin Luther 
King executassem seu trabalho. Essa inteligência é amplamente 
utilizada por terapeutas, pais e professores dedicados. 
63
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
Quer descobrir qual é sua inteligência predominante? Faça o teste a seguir e 
descubra! 
TESTE DE INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
Para cada frase, dê pontos, de acordo com o quanto você as 
considera adequadas ao seu perfil: 
“eu não sou nada parecido com essa descrição” = 0
“Sou um pouco parecido” = 1
“Sou bem parecido” = 2
“A frase me descreve com perfeição” = 3
TIPO A
( ) aprendo facilmente com livros e textos diversos
( ) entendo bem o que as pessoas me dizem. Elas também me 
entendem com bastante facilidade
( ) tenho boa memória para trivialidades
( ) para mim, é importante que existam regras
TIPO B
( ) tenho facilidade com cálculos
( ) gosto de usar o computador
( ) gosto de resolver charadas
( ) sou organizado
TIPO C
( ) leio com facilidade mapas, esquemas e diagramas
( ) tenho memória fotográfica
( ) crio com meus pensamentos imagens muito vívidas
TIPO D
( ) sei de tudo que acontece, pelos sons que ouço
( ) lembro bem mais o que o professor diz do que o que ele escreve
( ) emociono-me com facilidade com músicas
64
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
TIPO E
( ) preciso praticar para entender melhor um assunto
( ) tenho facilidade para perceber o ambiente físico
( ) gosto de praticar esportes, de representar, dançar ou de tocar 
algum instrumento
( ) não suporto as aulas longas. Preciso de várias pausas. 
TIPO F
( ) gosto de trabalhar em grupo
( ) sou bom para ajudar a resolver conflitos
( ) comunico-me bem, compreendo facilmente situações sociais
TIPO G
( ) sou automotivado
( ) conheço muito bem minhas qualidades e limitações
( ) tenho intuição desenvolvida, embora nem sempre valorizada
( ) respeito muito os objetivos e valores dos outros
RESPOSTA DO TESTE
 TIPO A – inteligência linguística: a palavra é fundamental. Quem 
tem esse tipo de perfil tem talento com as linguagens escrita e 
falada, seja para compreender ou para se expressar.
 TIPO B – inteligência lógico-matemática: talento para o raciocínio, 
a investigação, caracterizado pela facilidade para lidar com 
números.
 TIPO C – inteligência espacial: coisa de quem sabe lidar com a 
imagem seja para decodificá-la rapidamente, seja para conseguir 
visualizá-la mesmo que não esteja impressa.
 TIPO D – inteligência musical: tem facilidade para identificar sons. 
Pode ser um talento musical. É como se a pessoa enxergasse 
através de sons.
 TIPO E – inteligência corporal-cinestésica: o corpo é a ferramenta, 
o instrumento, ou seja, o contato físico é básico. 
 TIPO F – inteligência interpessoal: é bom em se relacionar com 
as pessoas: conhece bem o outro e sabe como tirar de cada um o 
que precisa.
 TIPO G – inteligência intrapessoal: é o tipo de pessoa que 
se conhece muito bem (seus limites e possibilidades), tendo 
65
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
capacidade de automotivação. Reservada, ela também é 
considerava um bom ouvinte. 
Fonte: PEIXOTO, 2006. Disponível em: <http://www.aecambui.com.
br/?menu=07&id_reg=10&id_reg2=313>. Acesso em: 20 fev. 2013.
O Acidente de Trabalho e suas 
Implicações
De uma forma geral, podemos dizer que acidente de trabalho é 
todo o acidente que ocorre durante o exercício da atividade profissional 
do indivíduo certo? Mas você sabia que existe uma legislação específica 
para tratar destes casos?
De acordo com a Lei 8.213/91, «acidente de trabalho é o que 
ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo 
exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 
desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que 
cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da 
capacidade para o trabalho».
Ao lado da conceituação acima, de acidente de trabalho 
típico, por expressa determinação legal, as doenças profissionais e/
ou ocupacionais equiparam-se a acidentes de trabalho. Os incisos do 
art. 20 da Lei nº 8.213/91 as conceitua:
- doença profissional, assim entendida a produzida ou 
desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada 
atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo 
Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
- doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada 
em função de condições especiais em que o trabalho é realizado 
e com ele se relacione diretamente, constante da relação 
mencionada no inciso I.
O art. 21 da Lei nº 8.213/91 equipara ainda a acidente de 
trabalho:
Acidente de 
trabalho é o 
que ocorre pelo 
exercício do 
trabalho a serviço 
da empresa ou 
pelo exercício 
do trabalho dos 
segurados referidos 
no inciso VII do 
art. 11 desta 
lei, provocando 
lesão corporal 
ou perturbação 
funcional que 
cause a morte ou a 
perda ou redução, 
permanente ou 
temporária, da 
capacidade para o 
trabalho.
66
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa 
única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para 
redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido 
lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, 
em consequência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro 
ou companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de 
disputa relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou 
de companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou 
decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado 
no exercício de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário 
de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a 
autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe 
evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando 
financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação 
da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção 
utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para 
aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo 
de propriedade do segurado.
§1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião 
da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local 
do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no 
exercício do trabalho.
67
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
Fonte: Disponível em: <http://www.tst.jus.br/web/trabalhoseguro/
resolucao – Acesso em: 15 out. 2012>. Acesso em: 15 out. 2012.
Agora que você já conhece a legislação que trata dos acidentes de trabalho, 
vamos voltarnossa atenção para as implicações destes acidentes. O número de 
acidentes de trabalho no Brasil cresce a cada ano, conforme podemos perceber 
na reportagem que segue:
Crescem Acidentes de Trabalho em 2011 no Brasil
A retomada das obras de infraestrutura e construção imobiliária 
elevou o número de acidentes de trabalho que resultam em mutilações 
ou mortes no Brasil. Entre janeiro e outubro de 2011, pelo menos 
40.779 trabalhadores foram vítimas de acidentes graves de trabalho, 
dos quais 1.143 morreram, segundo o Ministério da Saúde. O número 
é 10% maior que em igual período do ano passado (37.035).
Os dados do Mministério englobam trabalhadores de diversos 
setores de atividade, mas se referem apenas aos atendimentos na 
rede de serviços de saúde credenciada do Sistema de Agravos de 
Notificação (Sinan). Desde 2004, uma determinação do ministério 
obriga os médicos a notificarem os casos graves de acidentes de 
trabalho.
Boa parte do aumento de casos fatais resultou de acidentes 
na construção civil. Por exemplo, até meados de dezembro, 14 
trabalhadores do setor morreram na cidade de São Paulo, mais que 
o dobro do número de todo o ano anterior (6). Entre eles, o operário 
Alex Sandro dos Santos, de 30 anos, que trabalhava na obra de 
expansão do Hospital Oswaldo Cruz, na Bela Vista, centro da cidade.
No dia 30 de novembro, Santos caiu de um andaime da altura 
de oito andares. O cinto de segurança que ele usava não estava 
fixado ao prédio. Outros dois operários ficaram pendurados, mas não 
tiveram ferimentos.
“Casos tristes como esse a gente vê diariamente na construção 
civil”, diz Antônio de Sousa Ramalho, presidente do Sindicato dos 
68
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo. “Na maioria dos 
casos, é gente que vem de outras partes do País tentar melhorar a 
vida na cidade grande e se aventura em trabalhos perigosos sem 
treinamento ou qualquer experiência profissional.”
Os números oficiais de acidentes de trabalho no País são bem 
maiores que os do Ministério da Saúde, porém, são divulgados com 
atraso de quase um ano pelo Ministério da Previdência Social. Em 
2010, foram 701.496 acidentes, 31,8 mil a menos do que em 2009. O 
número de mortes, no entanto, aumentou de 2.650 para 2.712. Mas 
ele é ainda maior.
As estatísticas da Previdência Social só consideram os 
trabalhadores formais, que têm carteira de trabalho e pagam o 
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ficam de fora cerca de 
20 milhões de brasileiros que não contribuem para a Previdência, os 
chamados trabalhadores da economia informal.
“Os próprios sindicatos patronais reconhecem que a 
informalidade é muito grande na construção civil”, diz Luiz Carlos 
José de Queiroz, vice-presidente da Confederação Nacional dos 
Sindicatos de Trabalhadores da Construção e da Madeira, filiada à 
Central Única dos Trabalhadores (CUT).
As grandes construtoras não costumam trabalhar com informais, 
mas elas repassam os trabalhos para empresas menores que, por 
sua vez, subcontratam outras empresas para tocar partes das obras. 
“Na construção, 95% da mão-de-obra é terceirizada, quarterizada ou 
quinterizada”, afirma Ramalho. “A maioria é informal.”
O problema é que vários estudos apontam que os acidentes 
de trabalho são mais comuns entre funcionários de empresas 
terceirizadas. Uma pesquisa divulgada recentemente pela CUT 
mostra que quatro em cada cinco acidentes de trabalho, inclusive os 
que resultam em mortes, envolvem trabalhadores terceirizados.
Para Antonio de Souza Ramalho, o número de acidentes 
de trabalho não para de aumentar no setor porque os operários 
passaram a trabalhar em regime de empreitada, com excesso de 
carga horária por causa da falta de mão-de-obra especializada. “Pela 
lei, a jornada é de 44 horas semanais, mas sabemos que o pessoal 
quase dobra isso”, argumenta o sindicalista. “É uma forma de o 
camarada conseguir mais que o triplo do dinheiro que ele deveria 
69
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
levar para casa, mas correndo o risco de ficar mutilado e até perder a 
vida, o que não vale a pena.”
O governo acaba de criar a Política Nacional de Segurança 
e Saúde no Trabalho, fruto de amplo debate e organização da 
comissão tripartite formada pelas centrais sindicais, representantes 
do governo (Ministérios da Saúde, Trabalho e Previdência Social) e 
entidades patronais. “Um dos principais indicadores que ela traz é a 
necessidade de que as ações governamentais nesse campo passem 
a se articular para serem mais eficientes e atingir o maior número de 
trabalhadores”, destaca Carlos Augusto Vaz de Souza, coordenador-
geral de saúde do trabalhador do Ministério da Saúde. As informações 
são do jornal O Estado de S. Paulo. 
Fonte: Disponível em: <http://blogsegurancatotal.blogspot.com.br/
2012/01/crescem-acidentes-de-trabalho-em-2011.html>. 
Acesso em: 15 out. 2012. 
O crescente número de acidentes de trabalho faz com que a figura do 
engenheiro de segurança seja indispensável no que diz respeito ao planejamento 
de estratégias para evitar que vidas sejam colocadas em risco por negligência ou 
falta de orientação adequada para execução de determinados serviços. 
E como prevenir que os acidentes de trabalho aconteçam?
Para Soares et al (2008), existem dois fatores que, quando 
identificados, poderão evitar acidentes e prevenir doenças, sendo 
estes: fatores pessoais, destacando-se a capacidade física ou mental 
inadequada e a falta de conhecimento ou habilidade para a realização 
da tarefa, a motivação inadequada para o trabalho seguro (aceitar e 
seguir exemplos inadequados ou impróprios); e fatores de trabalho, 
caracterizados pela instrução, orientação ou treinamento insuficientes, 
projeto inadequado, identificação ou monitoração deficiente dos 
riscos, manutenção deficiente, estresse e falta de habilidade para 
execução de tarefas. 
Portanto, entende-se que é de suma importância que os 
trabalhadores sejam selecionados para a função de forma 
extremamente criteriosa e cuidadosa, levando-se em consideração se 
o indivíduo possui as habilidades necessárias para executar o trabalho 
de forma segura.
É de suma 
importância que 
os trabalhadores 
sejam selecionados 
para a função 
de forma 
extremamente 
criteriosa e 
cuidadosa, 
levando-se em 
consideração se 
o indivíduo possui 
as habilidades 
necessárias para 
executar o trabalho 
de forma segura.
70
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Outro ponto que deve ser constantemente aprimorado é o treinamento do 
trabalhador para a função. A forma segura de execução do trabalho tem de ficar 
muito clara para ele. Quanto mais informações sobre o processo de produção o 
trabalhador obtiver no treinamento menor será a probabilidade de que cometa 
erros que coloquem sua segurança em risco. 
Não podemos esquecer o uso dos EPIs (Equipamentos de Proteção 
Individual), definidos pela Norma Regulamentadora 06 da Portaria GM nº 
3.214 como qualquer dispositivo ou produto utilizado individualmente por cada 
trabalhador, com a intenção de protegê-lo de riscos que estejam ameaçando a 
segurança e a saúde no trabalho. Ainda de acordo com a Norma Regulamentadora 
06 a empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI 
adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas 
seguintes circunstâncias:
• Sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção 
contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do 
trabalho;
• Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e 
para atender a situações de emergência.
Exemplos de EPIs:
• Proteção auditiva: abafadores de ruídos ou protetores auriculares;
• Proteção respiratória: máscaras e filtro;
• Proteção visual e facial: óculos e viseiras;
• Proteção da cabeça: capacetes;
• Proteção de mãos e braços: luvas e mangotes;
• Proteção de pernas e pés: sapatos, botas e botinas;
• Proteção contraquedas: cintos de segurança e cinturões.
Como diz o velho ditado: “é melhor prevenir do que remediar”. Essa é 
uma premissa básica. Selecionando o indivíduo adequado para cada função, 
proporcionando treinamento específico e orientação ao mesmo e fornecendo 
a ele todo o equipamento necessário para sua segurança você reduzirá 
significativamente o risco de acidentes de trabalho. 
71
Aspectos Psicológicos do Trabalho Capítulo 2
Atividade de Estudos: 
1) Cite quais são as estratégias que podem ser utilizadas para a 
prevenção de acidentes de trabalho:
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Esperamos que você possa utilizar-se dos conhecimentos e estratégias 
apresentados neste capítulo para aprimorar ainda mais o seu trabalho como 
Engenheiro de Segurança. 
No próximo capítulo trabalharemos outra questão muito importante para o 
seu trabalho: a comunicação. 
Referências 
CAMELO, Silvia H. Henriques; ANGERAMI, Emília Luigia Saporiti. Sintomas 
de estresse nos trabalhadores atuantes em cinco núcleos de saúde 
da família. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0104-11692004000100003>. Acesso em: 15 out. 2012.
DSM-IV-TR. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico 
e Estatístico de Transtornos Mentais. Trad. Cláudia Dorneles. Porto Alegre: 
Artmed, 2002.
GARDNER, Howard. Inteligência – múltiplas perspectivas. Artmed, 1991. 
72
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
GIL, Antonio Carlos. Gestão de pessoas – Enfoque nos papéis profissionais. 
São Paulo: Atlas, 2011. 
LIPP, Marilda. O percurso do Stress: suas etapas. Disponível em: <http://www.
estresse.com.br/publicacoes/o-percurso-do-stress-suas-etapas>. Acesso em: 02 
fev. 2013.
PEIXOTO, Maurício. Qual é o seu tipo de inteligência? Revista o Empresário 
nº.99, 2006 Disponível em: <http://www.aecambui.com.br/?menu=07&id_
reg=10&id_reg2=313>. Acesso em: 02 fev. 2013.
SOARES, Carlos Henrique Gomes; SILVA, Dnilson Matuzinho; MARRA, Kelen 
Karla; MOURÃO, Tatiana de /castro Mello et al. O Trabalho na Sociedade 
Contemporânea. Saúde no Trabalho. Belo Horizonte, 2008. Disponível em: 
<http://www.unihorizontes.br/proj_inter20081/adm/saude_no_trabalho.pdf>. 
Acesso em: 10 out. 2012.
UNB Agência. Principais causas de afastamento do trabalho. Disponível em: 
<http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=4834>. Acesso em: 
02 fev. 2013.
VAISSMAN, Magda. Alcoolismo no trabalho. Rio de Janeiro: Garamond, 2004. 
ZANELLI, José Carlos; BORGES-ANDRADE, Jairo Eduardo; BASTOS, Antonio 
Virgílio Bittencourt. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Porto 
Alegre: Artmed, 2004.
http://www.aecambui.com.br/?menu=07&id_reg=10&id_reg2=313
http://www.aecambui.com.br/?menu=07&id_reg=10&id_reg2=313
http://www.unihorizontes.br/proj_inter20081/adm/saude_no_trabalho.pdf
CAPÍTULO 3
Comunicação e Expressão 
no Ambiente de Trabalho 
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 9 Refletir sobre a importância da comunicação nas relações de trabalho.
 9 Entender o processo de comunicação e expressão como ferramenta de 
trabalho.
 9 Aprender a comunicar-se de forma eficaz.
 9 Desenvolver habilidades que facilitem a comunicação no ambiente de trabalho.
 9 Identificar e intervir junto a situações em que o processo de comunicação não 
acontece de forma eficaz.
 9 Ministrar treinamentos de acordo com as necessidades da empresa.
74
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
75
Comunicação e Expressão no Ambiente de Trabalho Capítulo 3
Contextualização
Comunicar-se é acima de tudo uma necessidade humana. Desde 
o nascimento já começamos a estabelecer formas de comunicação com 
nossos familiares e com o decorrer do tempo vamos estabelecendo 
novas relações até atingir níveis mais complexos de comunicação. 
O termo comunicação vem do latim 
communicatio, do qual distinguimos três 
elementos: uma raiz munis, que significa “estar 
encarregado de”, que acrescido do prefixo 
co, o qual expressa simultaneidade, reunião, 
temos a ideia de uma “atividade realizada 
conjuntamente”, completada pela terminação tio, 
que por sua vez reforça a ideia de atividade. E, 
efetivamente, foi este o seu primeiro significado 
no vocabulário religioso aonde o termo aparece 
pela primeira vez (HOLFELDT, MERTINO, e 
FRANÇA, 2001, p. 12). 
Embora o conceito de comunicação seja amplo e nos permita aprofundar 
vários aspectos, neste capítulo vamos nos ater à comunicação no ambiente de 
trabalho e suas implicações, pois é neste ambiente em especial, que costumam 
ocorrer prejuízos causados por falhas na comunicação. 
A Importância da Comunicação nas 
Relações de Trabalho
A comunicação é uma premissa básica do relacionamento humano. É o meio 
através do qual nos relacionamos com as pessoas. No contexto de trabalho ela 
torna-se ainda mais importante, pois o bom funcionamento da organização depende 
da forma como os colaboradores se comunicam para realizar suas atividades. 
Vamos explicar isso melhor: 
Comunicação é a transmissão de uma informação de 
uma pessoa para a outra ou de uma organização para a 
outra. A comunicação é o fenômeno pelo qual um emissor 
influencia e esclarece um receptor, mais do que isso, 
comunicação é o processo pelo qual a informação é 
intercambiada, compreendida e compartilhada por duas ou 
mais pessoas, geralmente com a intenção de influenciar 
um comportamento. Assim, a comunicação não significa 
apenas enviar uma informação ou mensagem, mas torná-
la comum entre as pessoas envolvidas. Essa diferença – 
O termo 
comunicação 
vem do latim 
communicatio, do 
qual distinguimos 
três elementos: 
uma raiz munis, 
que significa “estar 
encarregado de”, 
que acrescido 
do prefixo co, o 
qual expressa 
simultaneidade, 
reunião, temos 
a ideia de uma 
“atividade realizada 
conjuntamente”.
76
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
apenas enviar ou compartilhar é crucial para a comunicação 
eficaz. Para que haja comunicação, é necessário que o 
destinatário da informação a receba e a compreenda. A 
informação simplesmente transmitida – mas não recebida 
ou não compreendida – não foi comunicada. Comunicar 
significa tornar comum a uma ou mais pessoas determinada 
informação ou mensagem (CHIAVENATO, 2010, p. 315).
É preciso ficar claro que comunicar não significa apenas 
transmitir a informação, precisamos nos certificar de que a 
mensagem foi compreendida pelo receptor, ou seja, precisamos ter 
certeza de que ele entendeu a mensagem. 
Veja o conceito aplicado por Chiavenato:
Pode-se definir a comunicação como sendo transmissão de 
informação e compreensão mediante uso de símbolos comuns. 
Os símbolos comuns podem ser verbais e não-verbais. Assim, 
a comunicação é a transferência de informação e significado 
de uma pessoa para outra. É o processo de passar informação e 
compreensão entre duas ou mais pessoas ou de se relacionar com 
outras pessoas por meio de ideias, fatos pensamentos, valores e 
mensagens (CHIAVENATO, 2010, p. 316).
Você consegue perceber como o processo de comunicação acaba 
dependendo de diversos fatores? Falamos em processo de comunicação, porque 
não são fatos isolados que compõem o ato de comunicar, e sim a relação entre 
alguns fatores específicos, conforme apresentamos nafigura 5.
Figura 5 - O processo de comunicação
Fonte: CHIAVENATTO, 2010 p.319
Comunicar 
significa tornar 
comum a uma 
ou mais pessoas 
determinada 
informação ou 
mensagem.
77
Comunicação e Expressão no Ambiente de Trabalho Capítulo 3
1) Fonte: é o emissor ou comunicador que inicia a comunicação através da 
codificação de um pensamento. A fonte envia uma mensagem. A mensagem é o 
produto físico codificado pelo emissor. A mensagem supoe ser a fala ou o texto 
escrito. A mensagem também pode ser representada por uma música, ou pelas 
nossas expressões faciais e corporais (riso ou choro). A mensagem é afetada 
pelo código ou grupo de símbolos que usamos para transmitir o significado. 
Cada mensagem precisa ter um conteúdo e um código para ser transmitida.
2) Codificação: para que a mensagem seja transmitida, ela precisa ser codificada, 
ou seja, seus símbolos devem ser traduzidos em uma forma que possa ser 
transmitida adequadamente através do canal escolhido. 
3) Canal: é o veículo ou a mídia pela qual a mensagem é encaminhada. O canal 
é o portador da mensagem e é selecionado pelo emissor. O menu de opções 
para a escolha do melhor veículo para cada mensagem nunca foi tão grande e 
variado. O veículo pode ser o discurso oral, que utiliza a audição, documentação 
escrita, que utiliza a visão ou o tato, e a comunicação não-verbal, que utiliza 
os sentidos básicos. A tecnologia da informação – como aparelhos de fax, 
correio eletrônico (e-mail), Internet e telefone celular – está produzindo enorme 
impacto nas comunicações. O canal pode ser formal – quando estabelecido 
pela organização para transmitir mensagens que se referem às atividades 
relacionadas com o trabalho de seus membros e que seguem a rede de 
autoridade dentro da organização – ou informal – como as redes sociais ou 
pessoais que são espontâneas e nada têm a ver com a organização. 
4) Decodificação: para que a mensagem seja recebida, seus símbolos devem ser 
traduzidos para que possam ser compreendidos pelo receptor. A decodificação 
é um processo no qual a mensagem é traduzida na mente do receptor. Quando 
a comunicação é correta, a ideia ou a imagem mental resultante corresponde 
à ideia ou imagem mental do emissor. 
5) Receptor: é o sujeito a quem a mensagem se dirige. É o destino final da 
comunicação. Pode ser chamado também de destinatário. 
6) Retroação: é o elo final do processo de comunicação. A retroação – ou 
feedback – faz a verificação do sucesso na transmissão da mensagem, como 
originalmente pretendida. A retroação determina se a compreensão foi ou não 
alcançada. 
7) Ruído: referem-se aos fatores que podem distorcer uma mensagem. O ruído 
pode ocorrer em qualquer etapa do processo de comunicação. Ruído significa 
uma perturbação indesejável que tende a deturpar, distorcer ou alterar, de 
maneira imprevisível, a mensagem transmitida. 
78
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
O ruído representa as falhas que ocorrem no processo de comunicação. Mais 
adiante vamos verificar estratégias para diminuir a ocorrência dessas falhas. 
Atividade de Estudos: 
1) Descreva uma situação que você tenha presenciado no seu local 
de trabalho em que foi possível identificar falhas na comunicação:
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Texto complementar: 
Habilidades sociais de comunicação
A comunicação é um mecanismo essencial da vida e da 
evolução, a começar pela mensagem dos genes que informam, 
através das propriedades físico-químicas das moléculas alterações 
nas suas estruturas. Na sociedade, a comunicação é responsável 
pela formação de extensas redes de troca social que mantêm a 
alteram a cultura e, consequentemente, a realidade social.
[...] As habilidades de comunicação interpessoal podem ser 
classificadas como verbais e não verbais [...]. A comunicação verbal é 
mais consciente, explícita e racional, dependendo, entre outros fatores, 
do domínio da língua e das normais sociais de seu uso. 
79
Comunicação e Expressão no Ambiente de Trabalho Capítulo 3
A comunicação não verbal complementa, ilustra, regula, substitui 
e algumas vezes se opõe à verbal. Posturas, gestos, expressões 
faciais e movimentos do corpo adquirem diferentes significados 
em função do contexto verbal e situacional em que ocorrem. Por 
exemplo, batemos na testa quando nos esquecemos de alguma 
coisa, encolhemos os ombros para manifestar indiferença e assim 
por diante. Uma pessoa com boa competência social consegue 
articular de maneira coerente os significados da comunicação não 
verbal aos da comunicação verbal [...]. 
Algumas das principais habilidades de comunicação, que fazem 
parte dessa classe geral, tais como iniciar e encerrar conversação, 
fazer e responder perguntas, gratificar e elogiar, dar e receber 
feedback. 
Fonte: DELPRETTE, Almir; DELPRETTE, Zilda A. P. (2008, p. 63-72)
Fazer e responder perguntas
A habilidade de formular perguntas é importante na maioria das 
situações e pode ser considerada essencial em algumas atividades, 
por exemplo, na entrevista. Embora aparentemente simples, essa 
habilidade envolve discriminação e flexibilidade para utilizar as 
perguntas com diferentes formas, conteúdos e funções. 
Com relação à forma, aspectos não verbais e paralinguísticos 
como entonação, volume da voz, expressão facial e gesticulação 
podem dar diferentes funções a uma pergunta, tais como pedido, 
sugestão, ordem e intimidação. As perguntas podem, ainda, ser 
classificadas em abertas e fechadas, difusas (a qualquer pessoa) 
ou dirigidas (a uma pessoa em particular). As perguntas abertas 
tendem a gerar maior quantidade de informação; as fechadas podem 
gerar respostas mais objetivas e precisas mas restringem-se às 
informações nela indicadas. As difusas estimulam apenas as pessoas 
que apresentam maior prontidão e agilidade verbal para responder; 
as dirigidas garantem a fonte de informação selecionada. 
Além dos aspectos formais, as variações no conteúdo das 
perguntas também podem conferir-lhes diferentes funções, tais 
como: a) avaliativas, que buscam verificar o conhecimento ou 
compreensão do ouvinte; b) estimuladoras da verbalização ou do 
pensamento crítico do outro que podem funcionar como um tipo de 
ajuda verbal mínima (maiêutica); c) retóricas, cujo objetivo é o de dar 
80
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
encaminhamento ao próprio discurso e manter a atenção ao ouvinte; 
d) esclarecedoras, de ampliação ou complementação da própria 
verbalização; e) confrontadoras, visando apontar contradições 
em uma exposição. As perguntas avaliativas podem ainda variar 
conforme a expectativa de maior ou menor elaboração da resposta 
requerida, respectivamente: a) análise, síntese, interpretação, 
avaliação ou exemplificação de algum aspecto ou b) apenas a 
reprodução ou repetição de um conteúdo já disponível a um ou a 
todos os interlocutores.
A habilidade de responder perguntas depende da decodificação 
de sua forma, conteúdo e função. Adicionalmente, o receptor precisa 
identificar, em seu repertório, a disponibilidade da resposta e decidir 
se: a) responde ao que foi explicitamente perguntado; b) responde ao 
que foi implicitamente colocado (no caso de funções mais sutis como 
a de confronto e provocação); c)ignora a pergunta, como um todo 
ou parte dela, em função das avaliações anteriores; d) expressa a 
própria dificuldade em responder. Ao lado da resposta direta e aberta, 
muitas outras possibilidades se abrem tais como: o silêncio, a recusa 
em responder, a resposta não pertinente, o humor como forma de 
fugir à pergunta, a devolução, a evasiva, o desvio do assunto entre 
outras. A alternativa considerada mais competente dependerá dos 
objetivos, da leitura, do contexto e das demandas presentes. 
Gratificar e elogiar 
Os homens admiram a altura dos montes, as imensas 
ondas do mar, as vertiginosas correntes dos rios, a 
latitude interminável dos oceanos, o curso dos astros, e 
se esquecem do muito que tem de admirar a si mesmos 
(Santo Agostinho.)
A competência para gratificar tem sido tradicionalmente 
associada a pessoas carismáticas, populares e líderes. Trata-se, sem 
dúvida, de um ingrediente relevante nas relações sociais satisfatórias 
e equilibradas. Nas relações profissionais e educativas, a eficiência do 
instrutor, do professor, dos pais, e dos agentes educativos em geral, 
enquanto modelos de condutas, cresce com essa habilidade [...].
O elogio é entendido como qualquer comentário positivo em 
direção a e sobre outra pessoa ou a alguma coisa feita por ela. 
Em nossa sociedade, o elogio costuma ser avaliado positivamente, 
quando percebido como sincero e pertinente, mas negativamente, 
quando objetiva a manipulação ou bajulação. Por isso mesmo, a 
81
Comunicação e Expressão no Ambiente de Trabalho Capítulo 3
competência em fazer elogio implica coerência entre o pensar, o 
sentir e o agir e depende de uma acurada discriminação sobre o que, 
a quem, como e quando elogiar.
Reagir a elogios e cumprimentos é uma habilidade 
aparentemente simples, que envolve apenas aceitar e agradecer a 
referência. Apesar disso, muitas pessoas, principalmente as tímidas, 
têm dificuldade em responder a elogios recebidos, devido a vários 
fatores, entre os quais: baixa autoestima, ansiedade social e reações 
fisiológicas condicionadas (rubor, taquicardia, sudorese). Por outro 
lado, pessoas que se avaliam irrealisticamente lidam mal com os 
elogios. As que se supõem superiores tendem a achar que os elogios 
não lhes fazem justiça. Ao contrário, as que se sentem inferiores 
quase sempre não acreditam nos elogios recebidos. 
 
Pedir e dar feedback nas relações sociais
Ouvir do outro o que se sabe verdadeiramente sobre si 
mesmo jamais é a mesma coisa (A. Huxley)
Dar e pedir feedback constituem habilidades essenciais para 
regularmos nossos desempenhos e os das pessoas com quem 
convivemos visando relações saudáveis e satisfatórias. Esse termo 
vem se popularizando bastante nos últimos anos, mas ainda existem 
alguns equívocos. Confundir feedback com reforço ou elogio (se 
positivo) ou com críticas (se negativo) é mais frequente do que seria 
desejável. As pessoas socialmente competentes tendem a substituir 
ou a associar o elogio ao feedback positivo, tornado suas referências 
mais objetivas e mais facilmente aceitas e valorizadas pelos demais. 
Na teoria dos sistemas o feedback é o mecanismo de 
retroalimentação de informações necessário para reequilibrar um 
sistema ou o funcionamento das partes que o afetam. Nas relações 
sociais, o conceito de feedback pode ser entendido como um 
mecanismo de regulação de desempenhos que geram determinados 
resultados e que é acionado em caso de desequilíbrio entre o 
processo (conjunto de desempenhos) e o produto (resultados). O 
feedback pode, nesse caso, permitir a correção, manutenção e 
melhoria dessa relação processo-produto. Sem o feedback, não só 
o mundo físico, mas também o social seriam confusos e, em muitas 
situações, as pessoas não saberiam como se comportar. Utilizado 
de maneira intencional, o feedback pode ser entendido como uma 
descrição verbal ou escrita sobre o desempenho de uma pessoa [...].
82
Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
[...] a habilidade de promover feedback supõe como requisitos, 
as habilidades de ouvir e prestar atenção ao comportamento do outro. 
Além disso, alguns componentes funcionais e formais caracterizam a 
competência nessa habilidade, tais como:
a) Falar diretamente à pessoa à qual se dá o feedback, chamando-a 
pelo nome, mantendo contato visual e usando tom de voz calmo, 
porém audível;
b) Apresentá-lo o mais imediatamente possível à emissão do 
comportamento;
c) Descrever o desempenho observado ao invés de avaliá-lo;
d) Referir-se ao comportamento emitido no momento sem atribuí-lo 
como característica da pessoa;
e) Primar pela parcimônia.
A dificuldade em dar e receber feedback pode acontecer devido 
a vários fatores, inclusive a ausência de uma prática cultural. Uma 
das maiores dificuldades em receber feedback está relacionada 
ao excesso de defensividade que, por seu turno, revela o medo da 
perda de autoestima e status adquirido. O feedback não deve, no 
entanto, ser utilizado como recurso punitivo nem como comunicação 
unilateral. Entre as dificuldades para apresentar feedback estão a 
incapacidade de compreender as necessidades do outro, a falha em 
observar e/ou descrever o comportamento e a pretensão do uso do 
feedback como forma de exercício de poder. 
Iniciar, manter e encerrar conversação
Aquele que sabe falar, sabe também quando fazê-lo. 
(Arquimedes)
Nem todas as pessoas obtêm êxito nas tentativas de iniciar 
uma conversação. As dificuldades podem estar relacionadas a 
diversos fatores: a) da situação (o local onde o contato ocorre); b) 
do interlocutor (disponibilidade de tempo, estado de humor); c) da 
própria pessoa (excesso de ansiedade interpessoal). Essa é uma 
habilidade e um requisito de muitas outras e, em geral, as pessoas 
adquirem algumas estratégias que são aceitas nas subculturas. 
Pode-se iniciar o contato com um cumprimento, seguindo-se da 
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Comunicação e Expressão no Ambiente de Trabalho Capítulo 3
apresentação pessoal ou da explicação do objetivo do encontro. A 
comunicação não verbal, nesse caso, é de grande ajuda. A saudação 
com a mão voltada para o interlocutor, o inclinar o corpo, o sorriso 
etc., podem facilitar o processo inicial de conversação. Quando já 
existe um conhecimento prévio entre as pessoas, um leve toque no 
braço com uma expressão do tipo E então? Podem ser suficientes 
para dar início a um diálogo.
Entre as habilidades de iniciar conversação destacam-se as 
de aproximar-se da pessoa ou grupo no momento mais apropriado, 
apresentar-se, observar, ouvir o outro, discriminar seus interesses, 
fazer perguntas abertas e fechadas, parafrasear, demonstrar 
senso de humor, pedir e expressar opinião, expressar sentimentos 
positivos, fazer pedidos ou propostas, apresentar feedback positivo 
e elogiar [...].
Para muitas pessoas, encerrar a conversação é uma tarefa 
tão difícil que frequentemente a deixam a cargo do interlocutor. Isso 
pode causar vários problemas e situações constrangedoras quando 
o outro também apresenta essa dificuldade ou não tem interesse em 
encerrar o encontro. Usualmente, as pessoas oferecem sinais verbais 
e não verbais indicativos de sua necessidade de encerrar uma 
interação e sair de um grupo de conversação. Gestos, mudanças de 
postura, alterações na direção do olhar, redução do contato visual, 
verbalizações e entonação típica são indicadores reconhecidos na 
maioria das culturas. Olhar o relógio, ajeitar a roupa, apanhar a bolsa 
ou as chaves, modificar a postura e certas verbalizações (bem, então 
ficamos assim...; Está certo! Eu agora vou fazer isso...) são comuns. 
Fonte: DELPRETTE, Almir; DELPRETTE, Zilda A. P. (2008, p. 63-72)
Outro fator que contribui para a comunicação eficaz é a empatia, que 
compreende o exercício de colocar-se no lugar do outro para, segundo 
Chiavenato (2010), perceber como a mensagem será provavelmente 
decodificada. Não podemos esquecer também que a percepção do receptor 
será determinante para a compreensão da mensagem, ou seja, o modo como 
ele recebee interpreta a mensagem dependerá da interpretação que ele faz 
da mesma, portanto, os canais escolhidos para a transmissão da mensagem 
precisam favorecer a percepção do receptor. 
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Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Quando queremos que uma comunicação alcance o maior número de 
pessoas, temos que diversificar os canais para transmitir a mensagem. Ex.: Em 
uma empresa o engenheiro quer divulgar mudanças nas normativas de segurança 
do trabalho. Ele quer que desde a diretoria até o chão de fábrica tenham acesso 
a essas informações. Sabemos que as pessoas têm diferentes formas de acesso 
aos espaços, à tecnologia, à Internet, além das diferenças de subjetividade. O mais 
cômodo seria encaminhar um e-mail para todos os funcionários, mas será que 
isso garantiria que a informação chegaria a todos, e que todos a compreenderiam 
corretamente? Agora, se o engenheiro optasse por utilizar vários canais: e-mail, 
comunicação verbal nos setores, distribuir folders, cartazes, anexar informativo 
à folha de pagamento etc. Com certeza aumentam as chances de eficácia na 
comunicação. 
Atividades de Estudos: 
Responda as questões abaixo para testar os seus conhecimentos.
1) Existem dois tipos de habilidades de comunicação interpessoal. 
Descreva quais são eles.
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2) Quais são as principais habilidades de comunicação que 
precisam ser desenvolvidas para evitar que ocorram falhas na 
comunicação?
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3) Quais são os aspectos importantes aos quais precisamos estar 
atentos com relação à forma como fazemos uma pergunta?
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4) Explique a importância do elogio para as relações sociais.
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5) O que é feedback e por que ele é importante?
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6) Descreva quais são as formas adequadas de se iniciar uma 
conversa. 
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Você percebeu como existem algumas estratégias simples que podem tornar 
a comunicação mais eficiente? Você pode aplicá-las também no seu ambiente 
de trabalho.Você pode inicialmente observar como as pessoas se comunicam e 
a partir desta observação identificar as falhas que acontecem e que podem ser 
um fator importante de geração de conflitos dentro de uma organização. Por 
fim, é possível realizar um treinamento abordando as questões levantadas na 
observação feita inicialmente. Os treinamentos costumam ter resultados bem 
positivos no que diz respeito à mudanças de comportamento, e ainda, contribui 
para a integração da equipe de trabalho. 
A Importância do Treinamento
Ao longo dos anos o treinamento vem se consolidando como uma excelente 
estratégia para desenvolver e aprimorar as habilidades dos colaboradores em prol 
da melhoria da qualidade dos produtos e serviços ofertados pela empresa. 
 
De acordo com FIDELIS (2008), as empresas reconhecem o treinamento e 
o desenvolvimento de pessoas e carreira como estratégias capazes de agregar 
aos projetos pessoais e empresariais vantagens recíprocas, causando a mudança 
dos conceitos para os trabalhadores e fortalecendo os objetivos e as ações 
empresariais a ensinando as empresas a aprenderem continuamente. 
E ainda:
O treinamento de pessoas proporciona o crescimento 
profissional e pessoal, tendo em vista o futuro do trabalhador 
e da empresa. Treinar é conscientizar e desenvolver a 
capacidade das pessoas por meio da aquisição de novas 
linhas de raciocínio, técnico ou teórico, novas maneiras de 
comportamentos que venham proporcionar a continuidade 
no processo de empregabilidade. Os bons profissionais 
desejam aumentar a sua capacidade de aprendizado através 
do treinamento, pois sabem que podem evoluir na empresa 
e também no mercado de trabalho. As empresas que não 
percebem o valor desta iniciativa não conseguem o pleno 
comprometimento destes bons profissionais. O treinamento 
e o desenvolvimento devem ser projetados como um esforço 
planejado e organizado para ajudar os profissionais a 
desenvolverem melhor suas capacidades dentro das estruturas 
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Comunicação e Expressão no Ambiente de Trabalho Capítulo 3
empresariais. Além disso, as empresas devem reconhecer que 
elas são responsáveis por essa transformação, promovendo 
recursos e informações necessárias para tingir os seus 
próprios resultados (FIDELIS, 2008, p. 4). 
Não podemos esquecer que o treinamento visa atingir os objetivos e metas 
da empresa, contempladas no planejamento estratégico da mesma. Portanto, 
para definir de que forma os treinamentos serão ofertados e executados é 
necessário observar cuidadosamente quais são as necessidades da empresa 
naquele momento. Outra premissa fundamental do treinamento é atingir o seu 
público alvo, ou seja, a pessoa responsável por ministrar o treinamento precisa 
fazer com que o conteúdo atinja o trabalhador, utilizando uma linguagem que seja 
entendida por ele e ainda aliar a teoria e prática em atividades que permitam que 
o indivíduo execute os conteúdos ministrados no treinamento como estratégia de 
aprendizagem. 
No seu trabalho como engenheiro de segurança, você pode utilizar-
se da estratégia de oferecer treinamentos aos colaboradores.Para tanto, 
sugere-se que você faça o planejamento do treinamento em parceria com 
os supervisores responsáveis pelos setores envolvidos para que o mesmo 
contemple as necessidades específicas do setor. Você pode utilizar palestras, 
vídeos explicativos, exercícios práticos ou ainda a presença de um profissional 
responsável por cada área para esclarecer todas as dúvidas dos colaboradores. 
Atividade de Estudos: 
1) A partir do conteúdo apresentado na parte final deste capítulo, 
crie uma proposta de treinamento baseado nas necessidades da 
sua empresa. Você pode dividi-lo em alguns encontros ou realizar 
uma única atividade, dependendo dos objetivos que você quer 
atingir. Lembre-se que a proposta precisa apresentar os objetivos 
que você pretende alcançar com o treinamento. 
 Bom trabalho!
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Psicologia na engenharia de segurança, comunicação e treinamento
Referências Bibliográficas
CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento organizacional – a dinâmica do 
sucesso nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
DELPRETTE, Almir; DELPRETTE, Zilda A. P. Psicologia das relações 
interpessoais – vivências para o trabalho em grupo. Petrópolis – RJ: Vozes, 
2008.
FIDELIS, Gilson José. Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas e 
Carreira. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2008. 
HOHLFELDT, Antonio; MARTINO, Luiz C.; FRANÇA, Vera Veiga. Teorias da 
comunicação - Conceitos, escolas e tendências. Petrópolis – RJ: Vozes, 
2001.

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