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Enxertos Cutâneos Pele · Pele ou tegumento: tecido que recobre todo o corpo humano · Apresenta uma superfície corporal de aproximadamente 2m2 · Composta de duas camadas: EPIDERME e DERME EPIDERME · Mais superficial · Composta de um epitélio escamoso estratificado · Composta por ESTRATO CÓRNEO (camada superficial) e ESTRATATO GERMINATIVO/CAMADA BASAL (camada mais profunda onde ocorrem as mitoses) DERME · Mais espessa e profunda · Rica em fibras colágenas e elásticas responsáveis pela capacidade de distensão e contração da pele · Composta pela CAMADA PAPILAR (mais superficial) e CAMADA RETICULAR (mais profunda) · Nela estão presentes ainda os anexos de pele (pelos, glândulas sudoríparas e sebáceas), que, apesar de serem de origem epidérmica, invadem a derme durante o desenvolvimento embrionário · A pele é um órgão fundamental para a sobrevivência do organismo já que apresenta indispensável função de proteção física, química e microbiológica · Representa também importante contribuição para a regulação térmica do corpo humano · Sua espessura varia de 1 a 4 mm e depende da região do corpo, raça, idade e estímulos externos diretos Enxertos · O enxerto de pele é a transferência de um segmento avascularizado de pele (de espessura parcial ou total) de uma região doadora para uma receptora · Considerando-se a elastina e o colágeno presentes na derme, o enxerto cutâneo apresentará: · CONTRAÇÃO PRIMÁRIA: -Secundária à ação imediata da elastina sobre o segmento removido do organismo -O enxerto sofrerá maior contração quanto maior for a sua espessura de derme, que representa maior concentração de elastina · CONTRAÇÃO SECUNDÁRIA: -Devido à ação de miofibroblastos durante o processo de cicatrização no leito receptor -Quanto mais fina a camada de derme e, consequentemente, menor a capacidade estrutural do segmento por baixa concentração de colágeno, maior será a sua deformação por influência de forças externas - Epiderme: - estrato córneo - estrato germinativo Derme: - camada papilar - camada reticular + Profundidade · Quanto mais fino o enxerto, (-) contração primaria e (+) contração secundária Classificação dos enxertos cutâneos · Quanto à origem: · AUTOENXERTOS: · Obtidos do mesmo indivíduo · Utilizados para a cobertura temporária ou para a reparação definitiva de uma área cruenta · Podem ser armazenados por até 2 meses após a sua retirada se em solução salina a 5 C° · HOMOENXERTOS: · Obtidos de indivíduos diferentes, porém da mesma espécie · Retirados de cadáver, são o curativo biológico padrão-ouro · Podem ser utilizados apenas para a cobertura temporária de extensas áreas cruentas, uma vez que ocorre rejeição imunológica tardia com perda completa do enxerto · Em grandes queimados, têm sua maior indicação, devido à sua maior durabilidade devido à imunossupressão do receptor · O maior problema desse enxerto é o elevado custo e o potencial de transmissão de doenças (HIV, citomegalovírus e hepatites) · XENOENXERTOS · Retirados de outras espécies · Geralmente de pele de porco ou rã · Tem grande papel em áreas extensas como curativo biológico · Contribui para a estimulação de tecido de granulação no leito receptor · Quanto à espessura: · ESPESSURA PARCIAL · Formados pela epiderme e parte da derme · Permitem a cobertura de extensas áreas corporais · Quanto mais fino o enxerto, ele apresentará: menor contração primária e maior contração secundaria, piores resultados estéticos, maior facilidade de integração ao leito receptor e maior comprometimento funcional da área enxertada - FINO (0,015-0,020 cm) - INTERMEDIÁRIO (0,020-0,035 cm) - ESPESSO (0,035-0,053 cm) · ESPESSURA TOTAL · Formados pela epiderme e a totalidade da derme · Não permitem a cobertura de áreas extensas, uma vez que são retirados de áreas doadoras limitadas que não se reepitelizam · Apresentam maior contração primária e menor secundária, melhor resultado estático, maior dificuldade de integração ao leito receptor (que precisa ser bem vascularizado) e menor comprometimento funcional local (além de causarem menor contratura cicatricial, fundamental em articulações, ainda podem carrear anexos cutâneos e apresentar retorno sensitivo nas áreas enxertadas) · Quanto à forma: · ENXERTOS EM ESTAMPILHAS · De espessura parcial, em pequenos fragmentos · Muito utilizados para reparar grandes áreas de perda de substância · Resultado estético muito pobre pela proliferação epitelial geralmente hipertrófica entre uma estampa e outra · ENXERTOS EM MALHA · De espessura parcial · Usados com um expansor de pele tipo Tanner ou Zimmer, que faz cortes em toda a superfície do enxerto, ampliando o fragmento de 1,5 a 9 vezes · Apresentam mau resultado estético, que piora com o grau de expansão · Úteis para cobertura de áreas extensas · ENXERTOS LAMINADOS OU EM TIRAS · De espessura parcial · São obtidos com aparelhos próprios (dermátomos ou facas manuais) · São implantados diretamente nas áreas receptoras · Apresentam melhores resultados estéticos, com superfícies contínuas Indicações dos enxertos cutâneos · Curativo temporário de extensos ferimentos · Cobertura de extensos ferimentos nos casos de escassez de tecidos adjacentes · Cobertura de ferimentos secundários ao tratamento oncológico · Opção aos tratamentos mais complexos em casos de maior morbidade, risco e alto potencial de complicações · Outros Área doadora A escolha da área doadora dependerá do tipo de ferimento a ser tratado: · PELE PARCIAL: · A área doadora cicatriza por segunda intensão, através da regeneração da epiderme por imigração epitelial dos anexos da pele presentes na derme · É possível a realização de várias retiradas na mesma área, entretanto, deve-se esperar a reepitelização desta, uma vez que o número de retiradas depende da espessura da pele da área doadora e da espessura do enxerto retirado, pois a derme nunca se regenera · A retirada ode ser de qualquer região do corpo, preferencialmente de áreas cobertas · As regiões mais utilizadas são as que possuem um bom apoio ósseo, como região anterolateral da coxa, superfície interna do braço, couro cabeludo, nádegas e região pubiana · No pós-operatório, a área é ocluída com uma camada de raiom embebido em solução salina, gaze, algodão e faixa crepe · Esse curativo é retirado no 3º dia pós-operatório, mantendo-se o raiom aderido à ferida · A área é mantida exposta e o raiom vai se desprendendo conforme vai ocorrendo a reepitelização da ferida, no prazo de 5 dias (enxertos finos) até 6 semanas (enxertos mais espessos) · Curativos com poliuretanos ou outros materiais sintéticos também podem ser utilizados · PELE TOTAL: · Retirada com extensão limitada, uma vez que não ocorre reepitelização da área doadora · Deve estar localizada em áreas pouco visíveis, para evitar comprometimento estético adicional, assim como respeitar as linhas de tensão cutânea · As principais áreas doadoras são: região retroauricular, pré-auricular, supraclavicular, inguinal, palpebral, areolar, dobras articulares e grandes lábios · No pós-operatório é realizado curativo oclusivo simples com gaze e micropore Área receptora · Deve ter boa vascularização- não podem ser utilizados como áreas receptoras o tendão sem paratendão, a cartilagem sem pericôndrio e o osso cortical sem periósteo (nesse caso o osso poderá ser raspado para exposição da medula que possui boa vascularização e permite enxertia. Dar preferência para enxertos parciais em áreas com leito receptor de vascularização incerta · Precisa estar limpa, sem tecidos desvitalizados ou infeções bacterianas · O controle da hemostasia é um fator importante a ser considerado, uma vez que o hematoma é o principal responsável pela perda do enxerto · As comorbidades clínicas do paciente também devem ser levadas em consideração para avaliar a qualidade da área receptora · No caso de granulação exuberante, ela deverá ser raspada e nivelada · Seromas ou hematomas sob o enxerto, observados após a retirada do curativo,dever ser sempre drenados com uma agulha · O curativo pós-operatório deve ter imobilização e compressão adequadas para permitir a integração do enxerto e evitar a formação de seroma ou hematoma: · Nos enxertos de pele parcial, pode-se utilizar a oclusão com raiom embebido em solução salina, gaze, algodão e faixa crepe ou micropore, exercendo-se certa pressão local por período de 15 dias. Após esse período, pode ser feito curativo de proteção ou a área pode ser mantida aberta. Nesse período, a área enxertada precisa ser hidratada frequentemente com óleo mineral ou vegetal · Nos enxertos de pele total, deve-se fixar, com pontos de sutura a área enxertada, o curativo revestido com raiom embebido em solução salina (curativo tie-over) por um período de 3 a 5 dias Mecanismos de integração do enxerto · FASE DE EMBEBIÇÃO PLAMÁTICA: o enxerto se nutre, nas primeiras 48h, por embebição no plasma do leito receptor. Apresenta aumento de peso de aproximadamente 10% após 1h da enxertia, chegando a 52% após 20h, possivelmente em decorrência do ainda inexistente sistema de drenagem venoso e linfático · FASE DE INOSCULAÇÃO: após 48h, estabelecem-se conexões vasculares entre o enxerto e o leito receptor. Inicia-se a irrigação sanguínea do enxerto, com início da eliminação do edema · FASE DE NEOVASCULARIZAÇÃO: indução de angiogênese com formação de novos capilares. Fluxo sanguíneo com velocidade no normal no enxerto e regressão completa do edema é estabelecido entre o 7° e o 10° dias Complicações · Não integração do enxerto- está relacionada à presença de hematoma, infecção, seroma, mobilização inadequada do enxerto e erros técnicos (colocação invertida do enxerto no leito receptor, com a derme virada para fora). Hematomas e seromas devem ser sempre drenados com agulha · Alteração da pigmentação do enxerto ou da área doadora, a qual poderá ser tratada por abrasão, maquiagem, tatuagem ou enxertos superpostos · Hipertrofia da área doadora, que pode ser tratada com malhas compressivas · Infecção da área doadora Enxertos compostos de pele Define-se como enxertos de pele associados a outro tecido, histologicamente diferente, mas interconectados anatomicamente: · CONDROCUTÂNEOS (cartilagem + pele) ou CONDROMUCOSOS (cartilagem + mucosa) · Utilizados para reconstrução estrutural nasal e palpebral · Têm como áreas doadoras as diversas regiões do pavilhão auricular externo (hélix, antélix e concha) e septo nasal · Os casos de insucesso geralmente ocorrem por congestão linfática e nervosa. É contraindicada a enxertia de fragmentos com diâmetro superior a 1 cm · DERMAGOSDUROSOS (derme + gordura) · Enxertos de preenchimento com pele desepidermizada, utilizados em áreas de depressão e atrofia · Utilizados com finalidades reparadoras e estéticas · Têm como área doadora e reparadora qualquer região do corpo, entretanto, a área doadora deve estar localizada em locais onde a cicatriz fique pouco aparente · Grandes volumes devem ser retirados do abdome, coxas e nádegas · Apresentam reabsorção de volume enxertado de aproximadamente 50% Substitutos de pele São uma opção ao enxerto cutâneo. Genericamente caracterizados em 3 grupos quanto à sua durabilidade: · TEMPORÁRIO: permanecem na ferida até a sua cicatrização · SEMIPERMANENTES: permanecem na lesão até, eventualmente, serem substituídos por um autólogo (provenientes da pele do próprio indivíduo) · PERMANENTES: apresentam componentes dérmicos e epidérmicos e são designados para substituir os enxertos cutâneos autólogos Quanto a sua composição, são categorizados em bilaminados sintéticos, compostos de colágeno e tecido derivado de cultura celular · BILAMINADOS: apresentam uma camada externa, que mimetiza a epiderme, e uma camada interna, que mimetiza a derme · BIOBRANE: bilaminados temporários. A camada externa é composta de silicone porado, para permitir a transudação, e a interna é forma de náilon e colágeno tipo I, para permitir sua adesão à ferida com estimulação de formação de matriz extracelular · INTEGRA: bilaminados temporários. A camada interna é formada de matriz porosa de colágeno e tensão bovina e glicosaminoglicano. A camada externa é formada por um polímero sintético que se desprende assim que a camada interna é integrada à ferida para a formação da neoderme · APLIGRAFT: bilaminados permanentes que apresentam uma camada externa formada por queratinócitos humanos, com camada córnea bem diferenciada. A camada interna é formada por colágeno bovino impregnada de fibroblastos humanos de origem neonatal · COMPOSTOS DE COLÁGENO: apresentam apenas o componente que representa a derme. Necessitam de cobertura adicional para a camada externa se forem usados como curativos definitivos (como homoenxerto de pele parcial fina ou cultura de queratinócitos) · DERMAGRAFT T.C.: curativos biossintéticos semipermanentes. Formados por uma matriz de ácido poliglicólico e fibras permanentes de poliglactina e cultura de fibroblastos de neonatal · ALLODERM: curativos semipermanentes compostos de derme de cadáveres desepidermizada criopreservada e liofilizada
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