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Artigo - A Velhice Uma Análise deste Período do Desenvolvimento Humano na Perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural

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04
A velhice: uma análise deste período do 
desenvolvimento humano na perspectiva 
da psicologia histórico-cultural
Lívia Cristina Navarrete de Toledo
UEM
Michelle Aparecida Ferreira dos Santos
UEM
'10.37885/220207689
https://dx.doi.org/10.37885/220207689
Psicologia: abordagens teóricas e empíricas - ISBN 978-65-5360-086-7 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org - Vol. 2 - Ano 2022
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Palavras-chave: Psicologia Histórico-Cultural, Desenvolvimento, Velhice, Trabalho.
RESUMO
Serão apresentados neste trabalho apontamentos teóricos, realizados a partir de pesquisa 
bibliográfica, sobre o período do desenvolvimento humano da velhice. A vertente teórica 
utilizada é a psicologia histórico-cultural, formulada por Vigotski e seus principais cola-
boradores, Luria e Leontiev. Na primeira parte será apresentado o entendimento desta 
teoria sobre a periodização do desenvolvimento; em seguida, as principais características 
dos seguintes estágios do desenvolvimento psicológico: primeira infância, infância, ado-
lescência e idade adulta, finalizando com a abordagem em específico sobre a velhice. 
Considera-se o desenvolvimento humano nesta perspectiva crítica de psicologia como 
algo em movimento, construído dialeticamente, em oposição a teorias que o tratam como 
algo natural, puramente biológico, sendo entendida em sua totalidade, considerando suas 
múltiplas determinações. O que se observa é que muito pouco se tem pesquisado sobre 
o estágio de desenvolvimento humano da velhice e o que tem se produzido retratam uma 
visão fragmentada, isolada, ressaltando os aspectos biopsicossociais, não considerando 
os fatores históricos envolvidos que tornam este desenvolvimento possível. Em geral, 
compreender o psiquismo humano em sua totalidade, independente do estágio de de-
senvolvimento humano em questão, só será possível mediante análise da materialidade 
e suas múltiplas determinações, visão esta que a psicologia histórico-cultural possibilita 
na investigação do seu objeto de pesquisa.
Psicologia: abordagens teóricas e empíricas - ISBN 978-65-5360-086-7 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org - Vol. 2 - Ano 2022
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INTRODUÇÃO
Com o aumento da expectativa de vida enquanto fenômeno mundial, o estudo sobre 
o período de desenvolvimento humano da velhice torna-se necessário, visto que será uma 
demanda a ser atendida em grande escala.
Porém, o processo de investigação e análise a respeito do sujeito como objeto de estudo 
exige, segundo Martins (2008), “[...] a superação das interpretações fracionárias que têm 
caracterizado a psicologia desde o seu surgimento e ao longo de todo seu desenvolvimento, 
o que demanda mudanças radicais em sua trajetória metodológica (p. 37)”. Isto significa 
buscar uma análise de todo o contexto e não apenas do aparente.
Perspectivas atuais tendem a investigar a velhice partindo de uma análise biologizante, 
ou seja, reduzindo todos os fatores humanos a questões puramente biológicas. Segundo 
agrupamento bibliográfico realizado por Reis (2011, p. 38) que destacavam o aspecto físico 
(biológico) e da saúde do idoso, em todos os trabalhos referidos, o foco fundamental era a 
velhice e suas condições físicas e o quanto as mudanças corporais advindas da velhice acar-
retam problemas de ordem da doença. Ou seja, o lado biológico tem grande predominância 
nestas pesquisas. O termo “biologização”de acordo com Moysés e Collares (2014) se refere a:
[...] uma concepção determinista, em que todos os aspectos da vida seriam 
determinados por estruturas biológicas que não interagiriam com o ambiente, 
retira do cenário todos os processos e fenômenos característicos da vida em 
sociedade, como a historicidade, a cultura, a organização social com suas 
desigualdades de inserção e de acesso, valores, afetos etc. (p.51-52).
Reduzir o objeto de pesquisa a questões meramente biológicas, desconsiderando outros 
contextos, é prejudicial à análise do mesmo em sua totalidade. No processo de investigação 
do período da velhice, percebe-se que a análise reducionista se repete,
[...] posto que a velhice, como dito anteriormente, ainda é pensada por um viés 
naturalizante e ainda se mostra de maneira hegemônica na Ciência, sobretudo 
dentro da Psicologia. Nesse sentido, faz-se necessário que outras pesquisas, 
fundamentadas no Materialismo Histórico Dialético, sejam realizadas, para 
se compreender como ocorre esta etapa da vida do homem, que se mostra 
tão presente hoje, tendo em vista os dados demográficos já nesta pesquisa 
sinalizados (REIS, 2011, p.133).
Para realizarmos a análise deste período, primeiramente faremos uma revisão teórica 
sobre a periodização do desenvolvimento humano, seguindo pelas atividades principais de 
cada estágio, as crises enquanto importante processo de viragem, os estágios do desen-
volvimento psicológico: primeira infância, infância, adolescência, idade adulta e, a velhice 
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segunda a perspectiva da psicologia histórico-cultural. Por fim, uma reflexão acerca do 
estudo presente.
METODOLOGIA
A pesquisa será norteada por meio de uma pesquisa bibliográfica acerca das temáticas 
da periodização segundo a perspectiva histórico-cultural; dos estágios do desenvolvimento 
humano segundo a mesma reflexão; encerrando com as considerações sobre velhice a partir 
das reflexões teóricas dessa abordagem.
Tanamachi (2007) destaca que o marxismo é uma reflexão filosófica que auxilia muito 
a psicologia na medida em que se articula com ela por fundamentar seu objeto de estudo, 
objetivando-o. Partindo da base epistemológica do materialismo histórico-dialético, a psico-
logia histórico-cultural buscará fundamentar o objeto de pesquisa no caso:
Então, buscar o desenvolvimento de uma teoria científica do indivíduo, no 
interior desta concepção, dando continuidade aos estudos e às referências 
feitas por Marx (ainda que de modo embrionário) acerca da necessidade de 
se retornar à vida particular dos indivíduos concretos, a partir das relações 
sociais objetivas e humanas essenciais é, por certo, uma tarefa fundamental 
para fazer chegar à concepção materialista histórica dialética da sociedade 
ao seu pleno alcance antropológico (TANAMACHI, 2007, p.75).
Segundo Martins (2008), no método materialista histórico dialético busca-se a superação 
do aparente pela essência do fenômeno. Desta forma, o presente estudo buscará apresen-
tar a importância da apropriação da matriz teórico metodológica materialista para superar a 
perspectiva positivista que analisa o objeto “velhice” de maneira isolada e superficial, que 
no campo da psicologia trata-se da perspectiva histórico-cultural.
A PERIODIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO PARA A PSICO-
LOGIA HISTÓRICO-CULTURAL
Vigotsky (1996), afirma que, para explicar a periodização do desenvolvimento humano, 
existem as chamadas teorias tradicionais: as de um primeiro grupo é a Teoria Biogenética, 
que divide a infância de acordo com os graus de escolaridade. As do segundo grupo rea-
lizam a eleição de algum indício para se compreender o desenvolvimento, indícios estes 
muito relacionados a questões biológicas. Exemplos de autores desse grupo são Blonski, 
Stern, entre outros. E o terceiro grupo parte de uma concepção evolucionista para explicar 
o desenvolvimento, como por exemplo Gesell, autor que trabalha com o maturacionismo.
Portanto, o autor ressalta que estas teorias podem ser divididas em duas teorias 
do desenvolvimento, nas quais não surge nada de novo, com exceção do crescimento, 
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desdobramento e reagrupação de elementos separados em princípio. Porém, o desenvol-
vimento humano, na perspectiva da psicologia histórico-cultural,é um processo contínuo 
de automovimento, com a permanenteaparição e formação do novo, não existente em 
estágios anteriores.
Segundo Facci (2004), é preciso superar a visão idealista do desenvolvimento psico-
lógico, o que “(...) implica compreender a relação da criança com a sociedade construída 
historicamente a partir das necessidades dos homens”. (FACCI, 2004, p. 66).
No desenvolvimento psicológico, existem idades estáveis e idades de crise. A crise 
seria um período de viragem de atividade principal, é uma revolução benéfica. A crise é algo 
datado historicamente no tempo e no grupo cultural, uma vez que a ontogênese não repete 
a filogênese. As características da crise são: os limites e as idades são indefinidos, origi-
nando-se de forma imperceptível e sendo difícil determinar o seu começo e fim; um grande 
número de crianças desse período é difícil de educar, podendo apresentar conflitos com 
outras pessoas e consigo mesmas; índole negativa do desenvolvimento. (VIGOTSKY, 1996).
As crises identificadas por Vigotsky (1996) foram a crise pós-natal, durante o primeiro 
ano; a crise de um ano, na infância precoce; a crise dos três anos, na idade pré-escolar; a 
crise dos sete anos, na idade escolar; a crise dos treze anos, na puberdade; e a crise dos 
dezessete anos. A crise dos sete anos foi a primeira a ser estudada. Logo depois foi a crise 
do primeiro ano, período inicial do desenvolvimento pós-natal, em seguida a crise dos três 
anos, que é a fase da obstinação, e por fim a crise dos treze anos, fase da maturação sexual.
Assim, as crises “[...] surgem no limite entre duas idades e assinalam o fim de uma 
etapa precedente de desenvolvimento e o começo da seguinte”. (FACCI, 2004, p. 73). Esses 
períodos críticos“(...) mostram a necessidade interna das mudanças de estágios, da pas-
sagem de um estágio a outro, pois surge uma contradição aberta entre o modo de vida da 
criança e as suas possibilidades que já superaram esse modo de vida”. (FACCI, 2004, p. 74).
Entre as crises existem os momentos de transição. No desenvolvimento das idades 
críticas o essencial é o surgimento de formações novas muito peculiares e específicas. O cri-
tério fundamental para classificar o desenvolvimento infantil em diversas idades é justamente 
a formação nova. “Por trás de cada sistema negativo se oculta um conteúdo positivo que 
consiste, quase sempre, num passo para uma forma nova e superior”. (VIGOTSKY, p. 259).
Portanto, Vigotsky (1996) afirma sobre a estrutura e a dinâmica da idade que cada 
período de idade é único e possui uma estrutura determinada, sendo esta sua primeira tese, 
e a segunda tese é a dinâmica da aparição de novas formações. Neste sentido, as relações 
sociais e a personalidade da criança são dinâmicas. (VIGOTSKY, p. 262-263).
No estudo da evolução do desenvolvimento infantil, o primeiro passo é estudar a dinâ-
mica da idade para aclarar como a situação social de desenvolvimento influencia na nova 
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estrutura da consciência da criança. O segundo passo é estudar a gênese de suas novas 
formações centrais da idade dada. O terceiro passo é estudar as consequências advindas 
dessas novas estruturas de idade e, o quarto e último passo, a criança modifica-se totalmente, 
tanto internamente como na relação com outras pessoas. (VIGOTSKY, 1996, p. 264-265).
Desta forma, a lei fundamental da dinâmica das idades, ou seja, o problema da idade 
e a dinâmica do desenvolvimento envolvem um diagnóstico do desenvolvimento. As tarefas 
do diagnóstico são estabelecer o nível real e determinar o nível próximo. O ensino deve 
incidir sobre o nível de desenvolvimento próximo, devendo o diagnóstico estar vinculado ao 
problema do ensino. (VIGOTSKY, 1996, p. 269-270).
Para uma melhor compreensão destes conceitos, serão apresentadas no item a seguir 
as principais características dos estágios do desenvolvimento psicológico, sendo estes: o 
primeiro ano, a infância precoce, a idade pré-escolar, a idade escolar, a adolescência e a 
idade adulta, para posteriormente especificarmos a velhice, foco do presente trabalho.
OS ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO
Para Elkonin (1987), a periodização do desenvolvimento humano caracteriza-se pela 
busca em captar a unidade dos aspectos intelectual e afetivo no desenvolvimento, sendo este 
caracterizado por rupturas e saltos qualitativos. As épocas seriam três: a primeira infância, 
a infância e a adolescência. Em cada época predomina um tipo de atividade principal, que 
é aquela cujo desenvolvimento governa as mudanças mais importantes para o desenvolvi-
mento em determinados estágios de desenvolvimento. Estes estágios são cíclicos. São eles: 
comunicação emocional do bebê (0 a 1 ano); atividade objetal manipulatória (1 a 3 anos); 
jogo de papéis (3 a 7 anos); atividade de estudo (8 a 12 anos); comunicação íntima pessoal 
(13 a 17 anos); atividade profissional/estudo (trabalhador, idade adulta).
Portanto, a criança, por meio de atividades principais em cada estágio, relaciona-se 
com o mundo formando nela necessidades específicas em termos psíquicos.
No primeiro estágio, Elkonin (1987) descreve no primeiro ano de vida da criança, a 
comunicação emocional do bebê como base para a formação de ações sensório-motoras 
manipulatórias. Há duas peculiaridades neste período: depende totalmente do adulto, mas 
ainda não domina a linguagem. É uma total incapacidade biológica, juntamente com a ca-
rência dos meios fundamentais de comunicação social.
Em seguida ao primeiro ano, compreende-se a primeira infância, entre um a três anos, 
na qual a ênfase está na atividade objetal manipulatória. Nesta fase a criança aprende a 
manipular os objetos criados pelos homens, isto é, passa a assimilar os procedimentos de 
ação com os objetos, elaborados socialmente. Assim, tem como características a inteligência 
prática, instrumental; inicia-se a formação da consciência e a diferenciação do “eu” infantil; a 
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linguagem passa a ter como função maior auxiliar a criança a compreender a ação dos obje-
tos, assimilar os procedimentos, socialmente elaborados, de ação com os objetos. Para tanto, 
é preciso que os adultos direcionem essas ações às crianças. Neste período há uma grande 
evolução da linguagem, sem que esta função seja considerada como a atividade principal.
O autor ainda afirma que o trabalho pedagógico com a criança neste período, entre 
dois e três anos, deve recair sobre o domínio das operações objetais-instrumentais, com 
destaque no desenvolvimento da linguagem. Na crise dos três anos há uma crescente inde-
pendência e atividade da criança, processo de reestruturação interna; negativismo, teimosia, 
rebeldia, insubordinação, protesto violento, despotismo, ciúmes, capaz de agir contra seus 
próprios desejos.
Já na fase pré-escolar, de três a seis anos, conforme destaca Elkonin (1987), temos o 
predomínio do jogo e da brincadeira de papéis. Aumenta o interesse no fazer, como executar 
as ações, e não tanto no objeto em si. As brincadeiras não são instintivas e o que determina 
o seu conteúdo é a percepção que a criança tem do mundo dos objetos humanos. A criança 
opera com os objetos que são utilizados pelos adultos e, dessa forma, toma consciência 
deles e das ações humanas realizadas com eles.
O principal significado do jogo, para Elkonin (1987), é permitir que a criança modele as 
relações entre as pessoas. “A criança apossa-se do mundo concreto dos objetos humanos, 
por meio da reprodução das ações realizadas pelos adultos com esses objetos (...) opera 
com os objetos que são utilizados pelos adultos e, dessa forma, toma consciência deles 
(...)”. (FACCI, 2004, p. 69).
A fase escolar compreende entre os sete e os doze anos.Caracteriza-se com a entra-
da da criança na escola e o estudo como atividade principal.A criança agora já acumulou 
forças físicas e experiências sociais, isto é, já se apropriou das diversas formas de funções 
humanas. Surge seu novo papel: o de escolar. Há uma nova crise do desenvolvimento, na 
qual o jogo deve ceder espaço para uma nova atividade dominante. Ocorre a crise dos sete 
anos, com a perda da espontaneidade infantil. “O ensino escolar deve, portanto, nesse está-
gio, introduzir o aluno na atividade de estudo, de forma que se aproprie dos conhecimentos 
científicos”. (FACCI, 2004, p. 70).
E a terceira e última época analisada pelo autor é a adolescência, dos treze aos dezes-
sete anos, que se divide em adolescência inicial e final. Na adolescência inicial há o predo-
mínio da comunicação íntima pessoal entre os jovens. É uma forma de produzir, entre eles, 
as relações que existem entre os adultos. “Ele busca, na relação com o grupo, uma forma 
de posicionamento pessoal diante das questões que a realidade impõe à sua vida pessoal 
e social”. (FACCI, 2004, p. 71). Este comportamento grupal, citado anteriormente, é o que 
dará origem a novas tarefas e motivos de atividade, dirigidas agora ao futuro, caracterizando 
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a adolescência final, na qual a atividade principal é o estudo, com o predomínio dos meios 
de atividade de estudo com mais autonomia.
E na vida adulta, conforme Rios (2015), o trabalho figura como atividade princi-
pal. A autora afirma que
[...] o próprio trabalho se atualiza e se enriquece na qualidade de atividade 
principal da vida adulta, reconfigurando, ao mesmo tempo, toda a hierarquia 
de atividades do indivíduo trabalhador [...] o trabalho envolve, numa relação 
de totalidade, tanto a aquisição de conhecimentos e habilidades como a re-
organização dos sentimentos e das relações humanas. (RIOS, 2015, p. 94).
O trabalho passa a ser o elemento central para a realização do indivíduo adulto, tanto 
em relação aos seus ideais como às suas aspirações voltadas para o bem da socieda-
de. A superação que ocorre no jovem adulto passa pela análise dessa atividade, ou seja, nas 
diferentes formas de vínculo estabelecidas pelo adulto com a realidade, vinculadas a crises, 
a momentos de mudança, acarretando na passagem a novos níveis de atividade. (TOLSTIJ, 
1989). Portanto, o trabalho, mesmo que ocorra de forma alienante na vida do jovem adulto, 
é o que traz a possibilidade de superação da sua forma de existência individual, é o que fun-
damenta o seu processo de personalização, sendo por isso considerado a atividade principal 
do adulto, e também a atividade principal da velhice, como será explanado no próximo item.
A VELHICE: CONSIDERAÇÕES GERAIS
Segundo dados da Coordenação Geral dos Direitos do Idoso (2012), o Brasil está pro-
jetado para se tornar um país não mais jovem, podendo alcançar um bilhão de idosos com 
60 anos ou mais em menos de dez anos e que este número mais que duplique em 2050, 
alcançando dois bilhões de pessoas ou 22% da população global.
Porém, mesmo diante destes dados, por que existem poucos estudos sobre velhice? 
Por que ela vem sendo negada? “[...] A mídia também se comporta desta maneira a fim de 
atender aos interesses da indústria de produtos voltados para o mercado consumidor, e 
uma necessidade de se negar o processo de envelhecimento produzido socialmente [...]” 
(REIS, 2011, p. 40).
Comumente a velhice enquanto período do desenvolvimento humano vem sendo en-
tendida por uma análise naturalizante, idealista, que desconsidera os determinantes sociais 
e culturais. O levantamento bibliográfico realizado por Reis (2011) confirma este olhar bio-
logizante, muito presente nas investigações sobre a velhice.
Ao relacionar as doenças ao processo de envelhecimento, descontextualizam-
-se os processos socioculturais e históricos da construção da velhice, e de 
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certa forma, o idoso fica associado às doenças e à imagem de algo eminen-
temente negativo – a finitude da vida. Esse aspecto, no senso comum, pode 
dar a entender que o idoso, em função das suas condições físicas, torna-se 
um indivíduo sem utilidade para o mercado de trabalho e para a sociedade 
como um todo. (REIS, 2011, p. 39).
Entretanto, não se pode fazer uma leitura superficial sobre o fenômeno, mas conside-
rá-lo em todas as suas múltiplas determinações, diferente do que tem sido compreendido 
enquanto período do desenvolvimento associado ao final da vida, à perda da função social 
e à degeneração física. Segundo Araújo e Carvalho (2005): “[...] à velhice foi estudada 
apenas dentro da psicologia de desenvolvimento e com importância inferior ao estudo da 
psicologia infantil. O envelhecimento era tratado como uma fase em que existem perdas, 
havendo perdas gradativas das capacidades tanto físicas quanto psíquicas”. (ARAÚJO & 
CARVALHO, 2005, p. 233).
Reis (2011) em sua pesquisa realizou o levantamento bibliográfico dos materiais pro-
duzidos para verificar de que maneira a velhice tem sido objetivada pela ciência. O autor 
teve como resultados materiais que buscam compreender o fenômeno a partir do viés biop-
sicossocial, dividindo a produção levantada em três categorias, sendo elas: condições físicas 
e de saúde do idoso; condições socioeconômicas e culturais do idoso e pesquisa sobre as 
condições psicológicas do idoso. O autor destaca ainda que geralmente as definições so-
bre a velhice se limitam a questões etárias, ou seja, “a uma classe de idade cronológica”. 
(REIS, 2011, p. 37).
A investigação deste período do desenvolvimento humano deve partir de uma análise 
dos contextos mais amplos, incluindo o processo histórico da velhice: “Vê-se que a concepção 
de vida, ou a expectativa de vida, está em estreita relação com as próprias condições de se 
manter vivo e de se reproduzir um dado modo (REIS, 2011, p.35)”. Destaca ainda que se 
percebeu uma atenção voltada à velhice a partir do século XX com a geriatria, gerontologia, 
como ciências formais.
Kunzler, (2009, p.50) ressalta que por meio da análise histórica é possível observar que 
a tanto a origem quanto o exercício da cidadania foram uma conquista coletiva, gradativa, e 
em andamento. Destaca ainda que o processo de conquista de cidadania ocorreu em três 
séculos, sendo eles: século XVIII com os direitos civis, no século XIX com os direitos políticos 
e no século XX com os direitos sociais. A autora ainda considera a Constituição Federal de 
1988 como marco da “individualização das garantias imperativas ao cidadão” (p.50), que 
estabeleceu os direitos à homens, mulheres, crianças a todos os brasileiros independente 
de raça ou classe social. Segundo Kunzler, (2009):
A possibilidade de acesso aos direitos sociais reconhecidos em lei foi funda-
mental para a elaboração de outras legislações que contemplam segmentos 
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sociais específicos como o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), o 
Novo Código Civil, a Consolidação do Sistema Único de Saúde e, mais recen-
temente, o Estatuto do Idoso (2003). (KUNZLER, 2009, p. 50-51).
É importante reconhecer estas conquistas legais no Brasil, pois culminaram inclusive 
no sistema garantias de direitos da pessoa idosa, porém, estão todas contextualizadas em 
um processo historicamente construído pelos homens e engendrados nas contradições da 
lógica capitalista. A autora propõe que os idosos devem ser incluídos nesse processo de 
transformação, tanto histórico, quanto social, econômico e inclusive cultural. Destaca ainda 
que mesmo com a promulgação do Estatuto do Idoso (LEI 10.741, de 1 de outubro de 2003), 
caminha a passos lentos a implantação de políticas sociais concretas que considerem esteperíodo do desenvolvimento humano e que os atendam de fato. Em um sistema capitalista 
excludente para todas as faixas etárias, no caso do idoso o fato torna-se ainda mais acen-
tuado. Reis (2011, p. 98) destaca que “dessa maneira, o sistema capitalista cria dispositivos 
que possam retirar o idoso do mercado de trabalho.” Isto demonstra as contradições que o 
próprio sistema vigente estabelece, que ora busca garantir os direitos, até para mantê-los 
consumindo, ora impede que estes direitos sejam garantidos.
Sendo assim, partindo desta análise metodológica, as contradições se fazem presen-
tes nas relações sociais e nas suas formas de organização. Esse reconhecimento só se faz 
possível mediante a dialética. Reis (2011) confirma que:
[...] as características de cada idade estão determinadas por um conjunto de 
condições, relacionadas a essas novas formações, numa relação dialética 
com as exigências do meio externo, as quais vão se modificando conforme o 
indivíduo avança em sua idade. É o que ocorre no caso da velhice, cujas exi-
gências do meio foram se modificando conforme o homem foi transformando 
a natureza. (REIS, 2011, p. 71).
Mas qual lugar o idoso está ocupando? Segundo Tolstij (1989), na velhice o trabalho é 
definido com a atividade principal, bem como na vida adulta. Para o trabalhador, embora o 
significado social de seu trabalho seja produzir determinados produtos, o sentido de trabalhar 
é outro, é obter um salário porque, só assim, pode sobreviver [...] O trabalho fragmentado não 
tem um sentido em si mesmo, a não ser o sentido de estar ganhando determinado salário 
após trabalhar tantas horas. Dessa forma, o trabalho, algo que foi primordial ao desenvol-
vimento humano, aliena o conteúdo da vida do homem [...] (p.107)
Segundo Reis (2011, p.42) pela lógica capitalista o trabalho não se constitui apenas 
além de fonte de renda exerce uma importante função na organização da vida, no que tange, 
sua rotina, seus planos, na construção de laços afetivos, na criatividade, na garantia de sua 
independência e como modo de expressar sua produtividade. Sendo assim, na velhice há 
uma ruptura do sujeito com tudo o que organizava a sua vida até o momento.
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As pesquisas parecem demonstrar que o idoso é constantemente visualizado 
como um problema social, necessitando de atenção do Estado para atender 
as necessidades especiais dessa população. O eixo central das discussões é 
mostrar o quanto o idoso tem sua vida e suas relações sociais modificadas em 
função de sua condição financeira. Essas pesquisas contextualizam que o idoso 
tem uma mudança na perspectiva de vida e que as condições econômicas, 
de fato, alteram todas as expectativas, inclusive com relação à proximidade 
da morte (REIS, 2011, p. 43).
O sujeito é tido como idoso quando este formalmente rompe com os laços do trabalho 
por meio da aposentadoria. Conforme explicitado por Rodrigues et al. (2005, p.58), na so-
ciedade regida pelo capital há um tempo de vida útil para os indivíduos e a aposentadoria 
entra como um dispositivo legal que estabelece esse limite:
A aposentadoria é uma fase que provoca mudanças e pode gerar ansiedades 
no indivíduo, considerando-se sua história na relação com o grupo social ao 
qual pertence. Sua identidade, como pessoa e como ser social, pode ficar 
ameaçada. É, ainda, um período de enfrentamento de outra questão: a de ser 
considerado velho. (RODRIGUES, et al., 2005, p. 55).
Conforme resultados apresentados na pesquisa realizada por Reis (2011) esta afir-
mação é confirmada, onde a aposentadoria pode produzir a crise na passagem do homem 
da vida adulta para a velhice. Muitas mudanças ocorrem neste período de transição. Nos 
relatos dos entrevistados na pesquisa de Reis (2011) sobre as mudanças que ocorreram 
após a aposentadoria, apareceram pontos negativos ligados ao trabalho (trabalho informal, 
mais precário) onde o idoso não deixa de manter alguma relação com o trabalho.
Segundo Kunzler (2009) o sujeito acaba perdendo a identidade profissional, que foi 
construída desde o início da vida adulta o que gera diversas incertezas, como o que fazer 
depois de sair do mercado formal? Quem eu era? Qual espaço que ocupava?Marcada pela 
saída do mercado de trabalho, a velhice traz consigo os valores atribuídos pelo meio social, 
principalmente, a ideia de uma vida economicamente improdutiva:
Antes, homens e mulheres foram socializados, preparados e exigidos, cultu-
ral e economicamente, para cumprir o seu destino, sendo dirigido em suas 
escolhas pela afirmação da produção/consumo, transformados em trabalho. 
Suas vidas foram imersas em rituais cotidianos, onde muitos forjavam sua 
identidade num labor e, nele, obtinham o reconhecimento de seu valor que lhes 
conferia prestígio. O trabalho determinava compromissos, horários e rotina. O 
afastamento do trabalho faz com que os planos e projetos de vida e o tempo 
livre não estejam mais relacionados com o conjunto de atividades diárias que 
faziam parte de sua vida (KUNZLER, 2009, p. 24).
O significado que o idoso tem na sociedade também vai sendo internalizado, socieda-
de esta onde quem não produz não é considerado útil. Além deste agravante há também a 
negação social da velhice, onde o fato de tingir os cabelos, usar cremes anti-rugas também 
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demonstram a necessidade de não parecer velho. Reis (2011, p.39) pontua que “a mídia con-
tribui efetivamente para o estabelecimento dessa imagem, na medida em que disponibiliza, 
por meio de seus recursos, a figura do idoso e a necessidade de se evitar o envelhecimento.”
Outro aspecto igualmente relacionado ao distanciamento do posto de trabalho pela 
aposentadoria é que ela também pode influenciar o desempenho cognitivo do homem, pois 
geralmente ele vai passar por um empobrecimento de suas redes sociais antes marcadas 
pelo trabalho e de atividades diárias. Kunzler (2009) confirma que “[...] o convívio social, os 
relacionamentos interpessoais e a troca de experiências, antes possibilitadas pelo trabalho 
são substituídos pelo isolamento e a ociosidade, levando a fase da velhice a ser marcada 
por sentimentos de inutilidade produtiva e de incapacidade [...]” (KUNZLER, 2009, p. 70).
Reis (2011, p.88) argumenta com base na teoria de Vigotsky, que no período de desen-
volvimento da velhice há uma nova crise: “a crise de não ser mais um trabalhador”. Nesta 
transição ainda que cansado por ter se dedicado tanto tempo em um posto de trabalho há 
também um sentimento de desvalorização por não se sentir mais produtivo. Há um conflito 
entre haver uma saída tranquila do trabalho com a necessidade de produzir, de ter dinheiro 
para pagar as despesas, ou seja, poder continuar consumindo.
Reis (2011, p.126) aponta que em suas entrevistas realizadas com os idosos envolvidos 
em sua pesquisa, estes afirmaram que tem necessidade de estarem ativos para manter a 
mente trabalhando e melhorando assim sua qualidade de vida. O idoso continua a se relacio-
nar com a atividade de trabalho de forma direta ou indireta, por meio de atividade remunerada 
ou não. Continua a trabalhar, mesmo aposentado, ou ajudando no cuidado dos netos, na 
construção de casa para os filhos – no caso de um pedreiro ou mesmo cuidando de horta.
Conforme Kunzler (2009) destaca:
Após o afastamento da ocupação laboral e com a realidade da aposentadoria, 
é preciso, portanto, ressignificar os planos e projetos de vida, a ocupação do 
tempo livre e as motivações a essa nova condição socialmente imposta. Esta 
é a questão central desta investigação: analisar que ressignificados dão para 
a vida homens e mulheres idosos (as) que se afastam do mundo do trabalho, 
um espaço socialmente reconhecido e se inserem no mundo da aposentado-
ria,um espaço novo e desafiador, para quem se depara com ele, pois, não se 
fala em mundo da aposentadoria como um espaço socialmente reconhecido, 
apenas em aposentados (p. 69-70).
O que se observa é que o momento da aposentadoria é envolto por uma série de situa-
ções críticas que, interligadas entre si, interferem diretamente na maneira como o homem 
irá vivenciar a velhice. (KUNZLER, 2009).
A velhice pelo senso comum não é enxergada como um processo ainda a ser cons-
truído, mas sim como o fim da vida, uma pessoa sem serventia para a sociedade e para o 
trabalho. Reis (2011) afirma que:
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Ao relacionar as doenças ao processo de envelhecimento, descontextualizam-
-se os processos socioculturais e históricos da construção da velhice, e de 
certa forma, o idoso fica associado às doenças e à imagem de algo eminen-
temente negativo - a finitude da vida. Esse aspecto, no senso comum, pode 
dar a entender que o idoso, em função das suas condições físicas, torna-se 
um indivíduo sem utilidade para o mercado de trabalho e para a sociedade 
como um todo (REIS, 2011, p. 39).
Compreender o idoso para além da visão fragmentada é uma análise possibilitada pela 
psicologia histórico-cultural. Reis (2011, p.130) pontua em sua pesquisa esta importância de 
compreender a velhice a partir de sua materialidade, pois observou que era algo que carecia 
nas atuais pesquisas sobre a velhice.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscou-se, no presente estudo, estabelecer uma compreensão a partir da psicologia 
histórico-cultural acerca do desenvolvimento psicológico, com ênfase no período da velhice, 
o qual se verificou ser o foco de poucas pesquisas. Constatamos que as possibilidades de 
aprendizagem na velhice permanecem se contrapondo com o enfoque naturalizante, que 
se destaca pela doença neste estágio.
A psicologia histórico-cultural tem uma visão historicizadora do psiquismo humano. 
Postula que a psique não é imutável ou invariável no decorrer do desenvolvimento históri-
co, mas que se desenvolve por meio da atividade social, a qual tem como traço principal a 
mediação por meio de instrumentos. Tolstij (1989) afirma que a personalidade humana, a 
consciência, é uma realidade objetiva da existência humana e se forma de modo social, à 
medida que a criança apreende a realidade que a circunda.
Nesta perspectiva crítica de psicologia, todas as atividades dominantes citadas anterior-
mente, em cada estágio do desenvolvimento, são tidas como elementos da cultura humana 
e são determinantes em cada período, não deixando de existir no próximo, mas perdem seu 
caráter de principal. A passagem de uma etapa à outra é devido à que a criança torna-se 
consciente das relações sociais estabelecidas, levando-a a uma mudança na motivação de 
sua atividade, nascendo assim novos motivos. Essas passagens caracterizam-se por crises, 
que geram uma transformação positiva na vida do sujeito.
As funções psicológicas superiores, apesar de terem uma base biológica, serem produ-
tos da atividade cerebral, são fundamentalmente resultados da interação do indivíduo com o 
mundo, interação mediada pelos objetos construídos pelos seres humanos. Desenvolvem-se 
graças à criação e ao emprego de estímulos-meios artificiais, que colaboram na determi-
nação da própria conduta do homem, isto é, dependem das condições concretas nas quais 
ocorre o desenvolvimento. Assim, as funções superiores de comportamento se originam na 
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coletividade, em forma de relações entre os homens, e só depois se convertem em funções 
psíquicas da personalidade.
Desta forma, consideramos que o idoso precisa se sentir útil e produtivo, porém é pre-
ciso criar condições concretas para que isto ocorra. A aposentadoria nem sempre pode ser 
assimilada de forma negativa, mas pode ser entendida como uma possibilidade de o homem 
reorganizar sua vida, traçar novos planos, novos projetos, rever conceitos.
Porém, na sociedade atual a aposentadoria é vista como um problema, uma dívida a 
ser paga por aqueles que trabalham, logo, o aposentado é enxergado como alguém sem 
utilidade, ou seja, que não produz mais-valia. Além disso, a mídia tem se esforçado em 
manter o consumo desta parcela da população, como por exemplo, reforçando a negação 
social do envelhecimento, adquirindo técnicas de rejuvenescimento.
A compreensão do psiquismo humano em sua totalidade, independente do estágio de 
desenvolvimento humano em questão. Só será possível mediante análise da materialidade 
e suas múltiplas determinações, visão esta que a psicologia histórico-cultural possibilita na 
investigação do seu objeto de pesquisa. Esta teoria afirma a necessidade de que, na velhice, 
novos sentidos, novos significados pessoais possam ser gerados a partir da sua atividade 
dominante, que é o trabalho, evidenciando a relação entre eles e os motivos da atividade 
exercida pelo idoso, ou seja, que não seja um trabalho que o aliene de sua condição de 
sujeito ativo e participante da sociedade que o circunda. Essa perspectiva da velhice, não 
considerada como o fim da vida, mas sim como um período de possibilidades de contribuir 
com a realidade futura, a caracteriza como colaboradora, juntamente com os demais, do 
desenvolvimento dos indivíduos mais jovens
Enfim, superar as visões naturalizantes sobre a velhice é um grande desafio, visto que 
há um enfoque fragmentado, muito embasado nas questões biológicas envolvidas no pro-
cesso, sendo de suma importância, não somente ao idoso mas a toda a sociedade, enxergar 
esta fase do desenvolvimento a partir das relações com a maneira objetiva de produção.
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