Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Sâmia Cidreira Sufi Objetivos: 1. Compreender epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, fatores de risco, manifestações clinicas, complicações, e diagnostico da doença renal crônica (DCR) – Contemplar a necrose cortical aguda, glomerulonefrite radamente progressiva; Estagios da DRC; Mecanismo de Progressão da DRC 2. Discutir sobre os riscos da automedicação Doença Renal Crônica Definição ➞ Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da perda progressiva e irreversível do rim. ➞Quando há dano renal (Geralmente detectado pela presença de albuminuria > 30) e/ou perda de função renal como uma taxa de filtração glomerular <60 por um período maior ou igual a 3 meses ➞Lentamente progressivos Epidemiologia ➞ 2017 houve 698 milhoes de casos registrados de DTC ➞15 milhoes de pessoas com ritmo de filtração glomerular inferior a 60 no Brasil ➞Aumento de casos de DRC tem sido reportado devido: envelhecimento, transição demográfica, aumento da qualidade de vida e rápido processo de urbanização ➞ Países desenvolvidos – prevalência de 10-13% ➞ Predominância no sexo masculino. ➞ Mortalidade de pacientes em hemodiálise é extremamente elevada em todo mundo, sendo 20% ao ano no Brasil ➞ A grande maioria dos pacientes com DRC nos estágios iniciais morrem em razão de complicações cardiovasculares e cerebrovasculares, antes de progredir para os estágios mais avançados da DRC Etiologia ➞ Principais causas: Hipertensao Arterial sistêmica, DM, Doenças glomerulares, doença renal policística, glomerulonefrite, doença renal policística autossômica dominante. DM e HAS são as principais etiologia de DRC no Brasil e no mundo, respondendo juntas por cerca de 70% dos casos Fisiopatologia ➞ A DRC é a via final comum de diversas doenças que acometem o rim e nas fases mais avançadas caracteriza por fibrose de todos os componentes renais: glomérulos e tubulos APG 18 “Subindo a muito tempo ” 2 Sâmia Cidreira Sufi ➞Caracteriza-se por dois grandes grupos de mecanismos lesivos: mecanismos iniciais específicos da etiologia subjacente e hipertrofia dos néfrons viáveis remanescentes ➞ Mecanismos iniciais específicos de etiologias subjacentes DM – glomeruloesclerose nodular e intercapilar HAS – arterioesclerose hialina e hiperplasia da camada media Hipertensao maligna – necrose fibrinoide de arteríolas e hiperplasia de íntima. Pode ter microtrombose e glomerulonefrite necrotizante; Nefropatia isquêmica – atrofia isquêmica difusa associada a fibrose intersticial Glomerulonefrites primarias – deposição de imunocomplexos in situ, deposição de anticorpos anticelulas glomerulares, lesoes glomerulares mediadas por células, citocinas e complemento. ➞ Doenças túbulo-intersticiais Doença de rins policísticos Infiltrado inflamatório e fibrose intersticiais secundários a drogas, nefropatia de cilindro em mieloma múltiplo, outras paraproteinemias Fibrose do parênquima renal ➞ Hiperfiltração e hipertrofia dos néfrons viáveis remanescentes: são uma consequência comum da redução da massa renal a longo prazo, independentemente da etiologia subjacente e que leva a um declino adicional a função renal O regime de hiperfluxo, a principio vantajoso, acarreta uma serie de alterações patogênicas que podem resultar em glomeruloesclerose, fibrose túbulointersticial e portanto, perda progressiva da função renal ➞ As adaptações de curto prazo (hiperfiltração e hipertrofia) para manter TFG tornam-se mal adaptativas a medida que a pressão e fluxo sanguíneo aumentados dentro do nefron predispõem a distorção de arquitetura dos glomérulos, função anormal dos podocitos e rompimento da barreira de filtração, levando a esclerose e destruição dos nefrons remanescentes A lesão à célula endotelial é acompanhada por lesão da célula mesangial e podocitária, resultando em ativação de vias inflamatórias e aumento na expressão de citocinas, fatores de crescimento, lesão por estresse oxidativo e recrutamento de células inflamatórias. As respostas à redução da quantidade de néfrons são mediadas por hormônios vasoativos, citocinas e fatores de crescimento. ➞ O aumento da atividade intrarrenal do sistema renina-angiotensina parece contribuir para a hiperfiltração compensatória inicial e para subsequente hipertrofia e esclerose mal adaptativas ➞ Em ultima instancia, esse processo inflamatório crônico resultada em glomeruloesclerose e fibrose tubulointersticial ➞ A presença continua de proteína em quantidade anormal na luz tubular ativa as vias inflamatórias peritubulares. Essa ativação resulta em fibrose túbulo intersticial Resumindo: Insulto → Perda irreversível dos néfrons → Aumento da pressão e fluxo glomerular → Proteinúria → Ativação de vias inflamatórias → Fibrose renal. NECROSE CORTICAL AGUDA ➞ Relacionado a sepse grave, principalmente complicações obstetrícias (como deslocamento prematuro de placenta) ➞Genese se baseia no processo de Coagulação intravascular disseminada, determinando uma lesao endotelial extensa nos vasos do parênquima renal ➞Devemos suspeitar de NCA quando o paciente com complicações obstétricas ou sepse grave evolui para anuria ➞Prognostico é semrpe ruim – em geral, o paciente se torna agudamente um renal crônico (pois perde de maneira abrupta e irreversível um numero grande de nefrons) 3 Sâmia Cidreira Sufi GLOMERUNOLEFRITE RAPIDAMENTE PROGRESSIVA ➞ Síndrome associada a lesão glomerular grave e não denota uma forma etiológica específica. ➞ O quadro histológico mais comum é a presença de crescentes na maioria dos glomérulos (glomerulonefrite crescêntica). Essas crescentes são produzidas da proliferação de celular parietais que revestem a capsular de bowman e infiltração de monócitos e macrófagos ➞ Tipo I (doença mediada por anticorpos antimembrana basal glomerular [MBG]): Doença mediada por anticorpos anti-MBG, caracterizada por depósitos lineares de IgG e, em muitos casos, C3 na MBG. A exposição a vírus e solventes hidrocarbonetos (encontrados em tintas e corantes) foi implicada em alguns pacientes, assim como vários fármacos e cânceres ➞- Tipo II (doenças causadas por deposição de complexos imunes): A GNRP pode ser uma complicação de qualquer nefrite por complexos imunológicos, inclusive glomerulonefrite pósinfecciosa Esse tipo de GNRP frequentemente demonstra proliferação celular e influxo de leucócitos nos tufos glomerulares, além da formação de crescentes - Tipo III (GNRP pauci-imune): Ausência de anticorpos anti-MBG detectáveis ou de complexos imunes por imunofluorescência e microscopia eletrônica A maioria dos pacientes com este tipo de GNRP tem anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (ANCAs) circulantes que produzem padrões de marcação citoplasmática (c) ou perinucleares (p) e desempenham um papel em algumas vasculites. Este tipo de GNRP pode ser um componente de uma vasculite sistêmica, tal como a granulomatose com poliangeíte (granulomatose de Wegener) ou poliangeíte microscópica. A presença de ANCAs circulantes tanto na glomerulonefrite crescente idiopática quanto em casos de glomerulonefrite que ocorre como componente da vasculite sistêmica, e as características patológicas similares em ambas as condições, levaram à ideia de que esses distúrbios são patogeneticamente relacionados. ➞ Curso clínico: Hematúria com cilindros hemáticos na urina, proteinúria moderada ocasionalmente alcançando a faixa nefrótica, e hipertensão e edema variável. Embora as formas brandas de lesão glomerular possam ceder, o envolvimento renal geralmente é progressivo ao longo de algumas semanas e culmina em oligúria grave. Mecanismos de progressão da DRC ➞ Fatores de progressão não modificáveis: Idade avançada, gênero masculino, cor negra,genética e perda de massa renal. ➞ Fatores de progressão modificáveis: Tabagismo, dislipidemia, obesidade, hiperuricemia, glicemia, sistema reninaangiotensina, albuminúria, proteinúria e hipertensão arterial sistêmica. Fatores de risco ➞ Relacionam-se com baixo peso ao nascer para a idade gestacional, obesidade infantil, hipertensão, diabetes mellitus, doença autoimune, idade avançada, descendência africana, história familiar de doença renal, episódio prévio de lesão renal aguda e existência de proteinúria, sedimento urinário anormal, ou anormalidades estruturais do trato urinário A prevalência em populações da África Ocidental parece ter emergido como adaptação evolutiva que conferia proteção contra patógenos tropicais. 4 Sâmia Cidreira Sufi Estadiamento ➞ Com base em 2 criterios laboratoriais: TFG e albuminuria, pode-se estimar o prognostico. ➞ KDIGO Manifestações clinicas ➞ Pacientes com DRC podem apresentar sintomas justamente devido a função renal diminuída, como edema ou hipertensão. Entretanto, muitos não apresentam sintomas clínicos, sendo apenas detectada com creatinina elevada ou TFG reduzida ➞A depender da duração e da gravidade da DRC, os pacientes podem apresentar sintomas de IR prolongada, como fadiga, anorexia, prurido. ➞ Debito urinário anormalmente reduzido indica DRC associada a algum componente de lesão renal aguda. ➞ Pacientes com DRC tem dificuldade de concentrar ou diluir a urina, classicamente tem menor capacidade dexcreção de sódio e agua com tendência a hipervolemia. ➞Desnutrição – decorre tanto do acumulo de escórias nitrogenadas quanto do estado inflamatório ➞Anemia – deficiência de eritropoietina, principalmente (DRC ->Perda de massa ponderal- > menor produção da EPO) Deficiencia de ferro- (Citocinas inflamatórias -> inibem ação da eritropoietina na medula e estimula produção da hepcidina no fígado(peptídeo que inibe absorção intestinal de ferro); Apresentam hiperparatireodis o (menor produção de glóbulos vermelhos) Deficiencia de B12 e acido fólico (devido restrições alimentares). ➞Imunodeficiência – por redução de imunidade celular e humoral ➞ Disturbios do metabolismo de cálcio e fosfato – as manifestações osseas da DRC podem ser classificadas em 2 tipos: Alterações associadas ao turnover ósseo elevado com altos níveis de PTH 1- A TFG declinante diminui excreção de fosfato, e desse modo, causa retenção deste elemento 2- O fosfato retido estimulo aumento da síntese de FGF-23 por osteócitos quanto do PTH e estimula o crescimento das paratireoides 3- Niveis baixos de cálcio ionizado, resultante da supressão da síntese do FGF-23 e pelos rins insuficientes alem da retenção do fosfato estimulam a produção de PTH A histologia óssea mostre osteoides anormal, fibrose dos ossos,e da medula óssea e nos estágios avançados, formação de cistos osseos, até mesmo com elementos hemorrágicos, razão pela qual adquirem uma cor castanha, por isso o termo tumor marrom Manifestações clinicas do hiperparatireoidismo grave consistem em dor e fragilidades ósseas, tumores morrons, síndromes compressivas e resistência a eritropoietina. PTH é considerado a uma toxina uremica, e níveis altos estão associados a fraqueza muscular, fibrose do musculo cardíaco e sintomas inespecíficos. Doença óssea com turnover reduzido Pode ser classificada em 2 subtipos Doença óssea adinamica e osteomalacia Doença óssea adinamica tem prevalência aumentada principalmente em diabéticos e idosos, caracterizado por volume e mineralização ósseos reduzidos e pode ser causada pela supressão excessiva da síntese de PTH, inflamação crônica ou ambas. Complicações: alta incidência de fraturas, dor óssea, calcificações vasculares e cardíacas. 5 Sâmia Cidreira Sufi Diagnostico ➞ Anamnese e exame físico : os sinais e sintomas são sutis e costumam aparecem com estágios mais avançados ➞A TFG idealmente deveria ser determinada pela inulina ou materiais radioisotópicos, infelizmente são onerosos e escassos. Na prática: dosagem de creatinina serica e/ ou depuração desta pelo rim. Ela pode ser feita por : 1- Urina coletada em 24 horas 2- Pode ser estimada pela dosagem serica de creatinina aliado a variáveis demográficas, como idade, sexo, raça, tamanho corporal Crock Gault =(Ccr) Melhor equação para cálcul ode TFG – CKD- EPI (formula mais recente e reconhecida, feita com programas de computador) Ccr utilizar em casos de duvidas diagnosticas, especialmente extremos de massa muscular, pacientes amputados e obesos (maior que 35 imc) ➞Exame de urina: Pode revelar a presença de proteinúria, hematúria com ou sem dismorfismo eritrocitário, leucocitúria, cilindrúria, glicosúria, entre outras alterações. Pesquisar presença de células, cilindros e cristais; Proteinúria em 24h; Microalbuminúria ➞Geralmente, o comprometimento do parênquima renal é confirmado por marcadores de lesao em vez de biopsia. A proteinuria (ambuminuria) persistente é o principal marcador de lesao renal. ➞A ultrassonografia do aparelho urinario é o exame de imagem mais util ➞ Biopsia renal é importante para o diagnostico, determina prognostico e direciona tratamento (principalmente em casos de transplante renal); Se o rim já tiver com caso avançado de fibrose e tamanho reduzido pode causar sangramento durante o procedimento, por isso é importante avaliar os riscos e os benefícios. ➞ Eco-Doppler, exames de medicina nuclear ou TC e RM: Bons no diagnóstico da doença renovascular. ➞ Uretrocistografia miccional: Se houver suspeita de nefropatia por refluxo (infecções urinárias recidivantes na infância, rins com dimensões assimétricas e cicatrizes nos polos renais). ➞ Exames radiográficos contrastados: Não são particularmente úteis à investigação da DRC. Sempre que possível, a administração intravenosa ou intra-arterial de contraste deve ser evitada nos pacientes com DRC, especialmente com nefropatia diabética, tendo em vista o risco de provocar lesão renal aguda induzida pelos contrastes radiográficos Automedicação ➞Medicamentos são importantes bens sociais. Sua utilização pela população brasileira é alta e influenciada por vários fatores. Dentre estes, o aumento da expectativa de vida da população e o consequente aumento da carga de doença crônica, o surgimento de novas e velhas doenças transmissíveis, o aumento da prevalência dos transtornos de humor, as doenças resultantes da degradação do meio ambiente, da poluição ambiental e das mudanças climáticas, e os crescentes investimentos financeiros por parte do governo brasileiro para garantir o acesso universal aos serviços de saúde ➞ As regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte apresentaram prevalências maiores de automedicação do que a prevalência nacional. ➞ O uso de medicamentos de forma incorreta pode acarretar o agravamento de uma doença, uma vez que sua utilização inadequada pode esconder determinados sintomas. Se o remédio for antibiótico, a atenção deve ser sempre redobrada, pois o uso 6 Sâmia Cidreira Sufi abusivo destes produtos pode facilitar o aumento da resistência de microorganismos, o que compromete a eficácia dos tratamentos. ➞ Outra preocupação em relação ao uso do remédio refere-se à combinação inadequada. Neste caso, o uso de um medicamento pode anular ou potencializar o efeito do outro. ➞ O uso de remédios de maneira incorreta ou irracional pode trazer, ainda, consequências como: reações alérgicas, dependência e até a morte Artigo “Automedicação e uso indiscriminado de medicamentos durante a pandemia da COVID19” (2019) “Infodemia” é o termo associado ao compartilhamento excessivo de informações não homogeneamente acuradas, em resposta a uma situação aguda como a pandemia, e amplificado pelos eficientes e múltiplosmeios de divulgação e pelo medo coletivo Entre as consequências dessa “infodemia” podemos citar a dificuldade em triar fontes idôneas, a amplificação de rumores e a desinformação, a manipulação de informações com diferentes interesses, o consumo em massa e rápido de notícias falsas, tanto pela população quanto por profissionais de saúde. Como exemplo, podemos lembrar a ampla divulgação de matérias relacionadas às diferentes formas de tratamento da COVID-19 durante a vigência desta pandemia, embora sem requisitos mínimos científicos de segurança, eficácia ou efetividade. - De todo modo, o resultado no Brasil foi uma avalanche de informações, medo e incertezas, contribuindo com uma corrida sem precedentes para os balcões das farmácias.
Compartilhar