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INSTITUTO EDUCACIONAL MARIS AUDITORIA EM ENFERMAGEM BELO HORIZONTE AUDITORIA EM ENFERMAGEM https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRIihiuzrqAC_4Td21rP6ppsi9ym5G- cMEftHcXHRVv2YjPXkIJ A palavra auditoria origina-se do latim audire que significa ouvir. No entanto, o termo pode ser melhor explicado pela palavra da língua inglesa audit, o qual tem o sentido de examinar, corrigir e certificar. Sendo assim, a auditoria consiste na avaliação sistemática e formal de uma atividade para determinar se ela está sendo realizada de acordo com os seus objetivos. Trata-se de um ramo da contabilidade que tem sido utilizada por várias profissões, inclusive pela enfermagem, devido à globalização e dada a necessidade das empresas de somarem o trabalho do auditor de enfermagem ao auditor médico, considerando sua função generalista. Com a globalização e o atual cenário político-financeiro do país, o setor de saúde passou a procurar novas alternativas para a gestão, com o foco na necessidade das organizações de saúde adaptar-se a um mercado cada vez mais competitivo. A necessidade de garantir resultados positivos e clientes satisfeitos requer que as organizações aprendam a associar baixos custos com excelência de qualidade para os seus clientes. Nas organizações de saúde, a auditoria configura-se como uma importante ferramenta na transformação dos processos de trabalho que vêm ocorrendo em hospitais e operadoras de planos de saúde, os quais estão buscando se reestruturar para manterem a qualidade do cuidado prestado e ao mesmo tempo garantirem uma posição competitiva no mercado de trabalho. Nesse contexto, a auditoria em enfermagem pode ser definida como "a avaliação sistemática da qualidade da assistência de enfermagem, verificada através das anotações de enfermagem no prontuário do paciente e/ou das próprias condições deste". A auditoria de enfermagem vem atender às necessidades das instituições de saúde no controle dos fatores geradores de processos de alto custo. No âmbito hospitalar, por exemplo, a enfermagem é usuária da maior parte dos materiais de consumo, devendo dispor atenção aos custos envolvidos no processo de cuidar, no intuito de garantir a provisão e adequação dos materiais de uso e, principalmente, da qualidade da assistência de enfermagem(3). As principais finalidades da auditoria de enfermagem são identificar áreas deficientes dos serviços de enfermagem, fornecendo dados concretos para que decisões sejam tomadas em relação ao remanejamento e aumento de pessoal, possibilitando, consequentemente, melhoria do cuidado de enfermagem A auditoria hospitalar permite uma avaliação dos aspectos qualitativos e quantitativos relacionados à assistência. Também envolve a observação de aspectos organizacionais, operacionais e financeiros, mas sempre com o mesmo foco: a qualidade dos cuidados prestados. As principais distorções e não conformidades presentes nas anotações de enfermagem sintetizadas no quadro acima podem comprometer a qualidade dos atos cuidadores de enfermagem e mesmo comprometer a avaliação da evolução terapêutica dos pacientes, tais como o não aprazamento das medicações administradas e dos curativos realizados. A crença equivocada de que o registro não é prioridade na execução do trabalho da enfermagem é muito mais uma questão cultural do que técnica. Porém, quando se discute a importância das anotações, deve-se considerar a escassez de pessoal de enfermagem que é a realidade de muitos hospitais do Brasil e do mundo e o ritmo de trabalho da enfermagem. Esses fatores dificultam o registro das informações e representam uma questão chave para melhorar a qualidade das anotações de enfermagem. Nesse sentido, cabe salientar que o prontuário é um documento legal em que devem constar as informações pertinentes a sua internação e aos procedimentos que são realizados pelos profissionais de saúde envolvidos no atendimento. Com o foco na assistência de qualidade e no aumento da competitividade entre organizações que prestam serviços de saúde, cada vez mais surgem oportunidades para o profissional enfermeiro atuar na área de auditoria de contas hospitalares. Desse modo, a auditoria configura-se como uma ferramenta gerencial utilizada pelos profissionais da saúde, em especial os enfermeiros, com a finalidade de avaliar a qualidade da assistência de enfermagem e os custos decorrentes da prestação dessa atividade A finalidade da auditoria em enfermagem, na atualidade, está relacionada principalmente à comprovação de pagamento de contas hospitalares, revendo glosas por meio da elaboração de relatórios técnicos e realizando negociações entre representantes do hospital e de convênios. No futuro, associado à primeira finalidade, a intenção será apontar inadequações da assistência de enfermagem, reformulando suas práticas, indicando processos de educação em serviço e delineando ações corretivas. AUDITORIA EM ENFERMAGEM NA CONTA HOSPITALAR Fonte: setorsaude.com.br As ações do enfermeiro auditor dentro da instituição hospitalar ainda são limitadas pela escassez dos registros de enfermagem o que dificulta e atrasa a realização das cobranças e avaliação do cuidado. É imprescindível que os profissionais de saúde se conscientizem acerca da comprovação de seus atos. Primeiramente é necessário entender o processo de cobrança e fatura das contas hospitalares, como também o que significa uma conta hospitalar, para compreender como se concretiza a auditoria de enfermagem tanto em instituições hospitalares como em planos de saúde. O termo faturar é descrito pelo Dicionário Aurélio como fazer a fatura, incluir na fatura, tirar proveito material, fazer, realizar, conseguir, ganhar muito dinheiro ou aferir vantagens. O faturista é o profissional que desenvolve o faturamento, que executa a função de faturar. O setor de faturamento está presente na maioria das empresas incluindo as instituições hospitalares e planos de saúde. https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=0CAYQjB1qFQoTCNaC27mE0cgCFcKMkAodhYMOIg&url=http%3A%2F%2Fsetorsaude.com.br%2Ffehosul-promove-curso-faturamento-de-contas-medico-hospitalares%2F&bvm=bv.105454873,d.Y2I&psig=AFQjCNFEDanZNCEimHg_b61-pJ81ur7AHQ&ust=1445429983839710 O setor de faturamento hospitalar é responsável pelo envio das cobranças aos planos de saúde e sistema único de saúde. A cobrança é realizada através da conta hospitalar que é o resultado de todos os gastos do paciente frente a um atendimento seja ambulatorial ou internado. A conta hospitalar pode ser desmembrada ou compactada. Na conta desmembrada o hospital envia um relatório de cobrança que contêm todos os itens utilizados no atendimento ao paciente separadamente e diariamente, já na conta compactada envia-se um relatório com os valores totais. O setor de faturamento do plano de saúde recebe as cobranças avalia e faz o pagamento aos serviços credenciados, físicos ou jurídicos, também realiza a cobrança para outros convênios no caso de prestação de serviço. Neste setor há a análise da conta enviada pelo prestador e quando necessário as glosas. Quando o paciente chega a um hospital ele adquiri um registro simbolizado por números que fará parte de seu cadastro todas as demais vezes que necessitar ser atendido na mesma instituição. Junto ao número é elaborado um conjunto de formulários e impressos que constituem o chamado prontuário do paciente que será utilizado durante toda a sua internação e posteriormente classificado e arquivado junto à Instituição para fins legais e clínicos. Segundo o Conselho Federal de Medicina (2002) o prontuário do paciente é documento único que contêm informações registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do pacientee a assistência a ele prestada, é de caráter legal, sigiloso e científico, possibilita a comunicação entre os membros da equipe multidisciplinar e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo. O prontuário do paciente é considerado obrigatório pelo Conselho de Ética Médica em seu artigo 69 (2002) e é um dos principais meios de comunicação entre a equipe que realiza o atendimento ao paciente, uma vez que todas as informações passadas e futuras sobre o estado do paciente devem estar registradas no prontuário cada uma em seu formulário específico. Conforme a Resolução 1.639 de 2002 do CFM o prontuário pode ser feito em meio de papel (impressos) e digitalizado. Esta resolução aprova as "Normas Técnicas para o Uso de Sistemas Informatizados para a Guarda e Manuseio do Prontuário Médico". Estabelece a guarda permanente dos prontuários por meio óptico ou magnético e prevê o prazo mínimo de 20 anos, a partir do último registro, a preservação dos prontuários em suporte de papel. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (resolução 1638/2002) devem fazer parte do prontuário os seguintes itens: nome data de nascimento, nome da mãe, sexo, naturalidade, endereço; Anamnese e exame físico, exames complementares, hipóteses diagnósticas, diagnósticos definitivos e tratamento efetuado; Evolução diária, discriminação de todos os procedimentos realizados, identificação dos profissionais responsáveis. https://www.inbec.com.br/img/cursos/mba-em-auditoria-de-servicos-e-sistemas-de- saude.jpg Formas de audição Uma das formas de realizar a auditoria em saúde é a utilização dos registros encontrados no prontuário do paciente para realização da avaliação. A prática da auditoria diz que aquilo que está registrado é o que foi realizado no paciente, sendo assim, todos os itens que não constam registros devem ser considerados como não realizados. O paciente pode procurar o serviço de saúde a partir, do que aqui consideraremos dois enfoques, são eles: a rede privada que se constitui de instituições prestadores de serviços particulares e/ou convênios e a rede pública que se constitui de instituições credenciadas para atender o Sistema Único de Saúde. A rede pública pode atender os convênios, entretanto numa proporção menor, já que por possuir credenciamento ao SUS tem um percentual mínimo de atendimentos que devem ser prestados ao pacientes SUS. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, regulamentada pela Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990 (Lei Orgânica da Saúde) e Lei nº 8.142 de 1990, foi instituído o Sistema Único de Saúde (SUS), tornando obrigatória a prestação da assistência à saúde da população de forma gratuita. O SUS está descrito na Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990 como o conjunto de ações e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas (federais, estaduais e municipais), incluído as instituições públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos, medicamentos, sangue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde, garantida, também, a participação complementar da iniciativa privada no Sistema Único de Saúde. Podem ser vinculados ao Sistema Único de Saúde os centros e postos de saúde, os hospitais inclusive os universitários, laboratórios, hemocentros além de instituições de pesquisa. Através deles os cidadãos têm direito a consultas, exames, internações e demais tratamentos necessários para a promoção, prevenção e reabilitação da saúde. O vínculo ao SUS pode ser pela esfera pública (municipal, estadual ou federal) ou pela esfera privada (contratada pelo gestor público municipal). Com base na Lei Orgânica da Saúde (nº 8.080 de 19 de setembro de 1990) e na Constituição Federal de 1988 foram estabelecidos os princípios do Sistema Único de Saúde descritos como: Universalidade, Integralidade, Equidade, Participação da Comunidade, Descentralização Político- Administrativa, Hierarquização e Regionalização. A Lei nº 9.961 de 28 de janeiro de 2000 criou a Agência Nacional de Saúde Suplementar, denominada autarquia vinculada ao Ministério da Saúde, com atuação em todo território nacional, na regulamentação, normatização, controle e fiscalização de todas as atividades que garantem a assistência suplementar à saúde. A saúde suplementar é o atendimento à saúde do indivíduo pelo sistema privado, ou seja, planos de saúde. O plano de saúde é um produto oferecido por uma operadora de saúde para a população, onde existe o pagamento mensal de valores para garantir o atendimento às necessidades de saúde do usuário no momento que houver a necessidade. O plano de saúde credencia os prestadores, aqueles que irão atender aos seus usuários. Os prestadores podem ser físicos, constitui-se em profissionais da saúde como médicos e dentistas, ou jurídicos, considerados os hospitais, clínicas, laboratórios, entre outros. Um paciente que possui um plano de saúde será atendido eletivamente, ou seja, de forma programada, em um hospital credenciado ao plano. Chegando ao hospital o paciente deverá portar sua carteira do plano de saúde e a autorização para realizar a internação hospitalar. A autorização é fornecida pelo próprio plano de saúde ao usuário. Na autorização de internação hospitalar do plano de saúde consta a descrição do procedimento a ser realizado como também a quantidade de dias que o paciente poderá permanecer no hospital, nos casos em que seja necessário maior número de dias o médico que está atendendo o paciente faz uma requisição de prorrogação hospitalar descrevendo o número de dias que o paciente ainda necessita ficar internado e a justificativa. A permanência do usuário do plano de saúde na instituição hospitalar é acompanhada pelo Auditor Médico do Plano de Saúde que verifica a real necessidade do paciente permanecer internado e pelo auditor enfermeiro que avalia as cobranças das contas hospitalares bem como a satisfação do cliente frente ao atendimento prestado na instituição credenciada. Nos casos de atendimento de urgência ou emergência os pacientes são atendidos pelo serviço credenciado e após é enviado o pedido de autorização para o atendimento hospitalar; quando o usuário do plano estiver em local onde não exista serviço credenciado ao plano de saúde, o paciente igualmente é atendido de forma particular e após é reembolsado pelo seu plano de saúde. Após a alta do paciente, ou mesmo durante a internação, é realizada a cobrança da conta hospitalar ao convênio. Estas cobranças contêm todos os procedimentos, materiais, medicamentos, taxas e diárias que envolvem o atendimento do paciente e é realizada mediante a tabela de cobranças negociada no fechamento de contrato entre o convênio e a prestadora. Quando o paciente interna eletivamente pelo Sistema Único de Saúde necessita de uma Autorização para Internação Hospitalar (AIH). Ao procurar o serviço de saúde o médico responsável vai preencher o que chamamos de Laudo Médico, este por sua vez, será encaminhado pelo paciente a Secretaria de Saúde Municipal e ao Gestor Municipal que realiza a autorização para emissão da AIH. http://unircursos.com.br/lib/rdmc.php?src=http://unircursos.com.br/cliente/img/loja/%5 B19%5Dbanner.jpg&q=100&w=640&h=340 O caráter de internação do Sistema Único de Saúde poderá ser: Eletivo ou Urgência/Emergência e Causas Externas. No caso do Eletivo a AIH é emitida antes da internação pelo Órgão Emissor Local. Em casos de urgência e emergência a AIH é solicitada pelo Hospital até 48 (quarenta e oito) horas úteis após a internação do paciente. As Causas Externas referem-se a acidente no local de trabalho ou a serviço da empresa, acidente no trajeto entre a residência e o trabalho, acidentes de trânsito não considerados acidentes no trajeto de trabalho, outros tipos de lesões e envenenamentos, causadospor agentes físicos ou químicos não considerados acidentes de trajeto do trabalho. Segundo o Manual do SIH – SUS 2003 (Sistema de Informação Hospitalar – Sistema Único de Saúde) o laudo médico é o instrumento utilizado para solicitação de internação hospitalar em hospitais integrantes do SIH – SUS, devendo ser corretamente preenchido em todos os seus campos, permitindo a emissão da AIH que garante o acesso à unidade prestadora. O SNA – Sistema Nacional de Auditoria prevê que o auditor médico avalie o laudo médico, tecnicamente, concluindo sobre o pedido do médico assistente (aquele que preenche o laudo). Após concluir se autorizar o procedimento, o laudo é enviado a secretaria de saúde do município de origem do paciente e liberada a AIH para realização do atendimento. A AIH – Autorização para Internação Hospitalar é classificada em três tipos. AIH Formulário (AIH -7), AIH Meio Magnético (AIH -1) e AIH Longa Permanência (AIH -5). A AIH Formulário é emitida em duas vias, ou eletronicamente, pelos Órgãos Emissores próprios autorizados pelo SUS, com numeração própria. A primeira via será apresentada ao hospital pelo paciente ou seu responsável e será anexada ao prontuário médico, a segunda via arquivada pelo órgão emissor. A AIH Meio Magnético é um documento hábil para identificar o paciente e os serviços prestados sob regime de internação hospitalar e fornecer informações para o gerenciamento do sistema. É através deste documento que os prestadores (hospitais, profissionais e serviços de diagnose e terapia) se habilitarão a receber pelos serviços prestados. A AIH Longa Permanência é utilizada quando se esgota o tempo de permanência previsto para AIH 1, para identificar casos de longa permanência do paciente nas especialidades de Psiquiatria, Pacientes sob cuidados prolongados, Acompanhamento Pós – Transplante de Rim, Fígado, Coração, Pulmão, Medula Óssea e Córnea. Após autorizada a permanência do paciente pelo Órgão Gestor, o hospital deverá emitir AIH -5 que receberá a mesma numeração da AIH-7 que deu origem a internação, a AIH -5 deverá ser anexada ao prontuário do paciente. O município de origem do paciente envia a AIH a Instituição em que o paciente será submetido ao procedimento. Esta apresentação representa a cobrança hospitalar, que no caso específico do SUS é realizada através do código do procedimento do paciente. O SUS possui junto às instituições credenciadas uma tabela de valores, nesta tabela são descritos os códigos dos procedimentos, descrição do procedimento, valor pago ao hospital e ao médico; também constam na tabela os dias de permanência prevista para este procedimento e a modalidade em que está incluído o procedimento. Os procedimentos na tabela do SUS (códigos e descrição) referem-se ao diagnóstico do paciente. A modalidade na qual o procedimento se inclui diz respeito à média ou alta complexidade. Cada serviço hospitalar está enquadrado dentro de uma dessas modalidades, a partir de um credenciamento do prestador junto ao SUS. A Portaria GM nº 1.721, de 21.09.2005 “Cria o Programa de Estruturação e Contratualização dos Hospitais Filantrópicos no SUS”, entendido como o processo em que o gestor municipal ou estadual do SUS e o representante legal do hospital, estabelecem metas quantitativas e qualitativas que visam o aprimoramento do processo de atenção à saúde e da gestão hospitalar; formalização de parceria para a realização de serviços, ações e atividades. O modelo de financiamento instituído pelo programa de Contratualização é composto por parcelas, sendo: pós – fixadas: compondo a Alta complexidade e FAEC (pagamento por produção); pré – fixada: recursos financeiros estimados com base na produção de serviços (série histórica dos meses de 2005) em procedimentos de média complexidade (Ambulatorial e Hospitalar), incluindo PAB, INTEGRASUS, IAPI, IAC, FIDEPS, e recursos repassados ao hospital pela SES e SMS. Com a contratualização os procedimentos incluídos na médica complexidade são recebidos através de uma parcela mensal que incluirá todos os atendimentos não havendo mais a cobrança individual. Os demais que se incluem na alta complexidade são cobrados separadamente por atendimento e esta parcela será sempre paga mediante a produção do prestador. A principal diferença entre o processo de cobrança dos convênios e do SUS relaciona-se a quantidade de itens que podem ser faturados, ou seja, objetivamente o SUS possui um valor global que inclui medicamentos, taxas, materiais e diárias, este valor coincide com o diagnóstico do paciente. Já nos convênios geralmente na negociação faz-se uma tabela de procedimentos e há possibilidade de realizar a cobrança separadamente de todo material, medicamentos, taxas e diárias. Em qualquer modo de cobrança, seja por convênios ou SUS, a fatura da conta hospitalar, envolve vários setores de uma instituição, desde a internação, médicos, equipe de enfermagem, nutrição, fisioterapia, faturamento e auditoria, cada qual desempenhando sua função compartilhando para o bom desenvolvimento da assistência bem como o pagamento do que foi gasto durante o atendimento do paciente. ENFERMEIRO AUDITOR NA ATUAÇÃO EM HOSPITAIS Fonte: www.gianna.com.br A auditoria de enfermagem realizada em ambiente hospitalar é executada por um enfermeiro ou uma equipe de enfermeiros dependendo da necessidade institucional. Esse profissional pode atuar na auditoria de contas hospitalares e/ou auditoria da qualidade. O enfermeiro auditor de contas hospitalares realiza a análise dos prontuários antes da fatura da conta e envio ao convênio. Geralmente esta análise é realizada após a alta do paciente (auditoria retrospectiva) ou durante sua internação (auditoria concorrente). http://www.gianna.com.br/254.html Na auditoria realizada após a alta do paciente o enfermeiro auditor avalia a exatidão das cobranças hospitalares com aquilo que está checado e prescrito no prontuário. Através de um relatório de consumo diário do paciente é possível realizar esta verificação. O auditor então, avalia as quantidades entre os materiais, medicamentos e procedimentos e a prescrição médica, registros de gastos de enfermagem e prescrição de enfermagem, a partir disso, faz adequações no relatório de consumo, indicando ao setor de faturamento itens que devem ser modificados na cobrança da conta. Não é permitido ao enfermeiro auditor, conforme a Resolução COFEN 266/2001 alterações no prontuário do paciente. Após esta verificação da compatibilidade e solicitação das alterações nos relatórios de gastos, esta conta poderá passar ainda pela auditoria médica e administrativa que fará verificações específicas referente a sua especialidade. Entenda-se aqui, como relatório de consumo ou de gasto, um impresso que discrimina todo o consumo do paciente, não faz parte do prontuário, nele contêm todos os medicamentos dispensados para aquele paciente e materiais utilizados pela enfermagem e/ou para procedimentos médicos. Em alguns hospitais o enfermeiro auditor faz esta verificação diretamente no sistema informatizado já alterando aquilo que acha necessário (na cobrança), neste caso, a conta chega ao faturamento pronta, só basta verificar os demais itens que não envolvem procedimentos de enfermagem. Alguns auditores enfermeiros verificam a conta antes e depois da fatura para evitar que a conta hospitalar enviada contenha itens de digitação errados. A rotina de cada enfermeiro na análise das contas depende diretamente dos processos internos de cada instituição, a informatização sem dúvida contribui e muito na cobrança das contas. A auditoria concorrente da conta hospitalar, facilita o diagnóstico e esclarecimento de registros equivocados, pode ser realizada diariamente com a visitação do auditor de enfermagem na unidade hospitalar e verificaçãodas anotações e gastos do paciente. Alguns auditores utilizam o “check-list” como ferramenta para resolver problemas encontrados nas unidades. Trabalhar qualidade em auditoria significa alcançar seu objetivo, entretanto por questões de tempo e número de pessoal nem sempre o mesmo enfermeiro que realiza a análise das contas hospitalares (com intuito de cobrar) é o mesmo que trabalha com a qualidade assistencial. De qualquer forma um complementa o serviço do outro, pois qualidade também depende de uma cobrança justa. Fonte: www.hospitaldebraga.pt A questão de qualidade é um dos temas mais abordados atualmente é impossível garantir uma gestão sem abordar a qualidade. Neste contexto a auditoria assistencial toma forma, e essencialmente a de enfermagem como meio de aferir, verificar, qualificar e avançar em indicadores assistenciais. Segundo Kluck et al (2002) o alcance da qualidade pelos serviços de saúde é uma atividade coletiva, tornando-se um diferencial técnico e social necessário para atender a demanda de uma sociedade cada vez mais exigente, que envolve não só o usuário do sistema, como também os gestores, https://www.hospitaldebraga.pt/Section/O+Hospital/Qualidade/880 isso requer a implementação de uma política de qualidade nas organizações tanto na rede pública como na rede privada. De acordo com Garay (1997) a gestão da qualidade refere-se ao processo ativo de determinar e orientar o caminho a ser percorrido para atingirmos os objetivos empregando todos os recursos contidos na produção de um bem ou de um serviço. A Organização Mundial da Saúde (1981) define a qualidade no setor de saúde como o conjunto de atributos que inclui um nível de excelência profissional, o uso eficiente de recursos, um mínimo risco ao usuário, um alto grau de satisfação por parte dos clientes, considerando essencialmente os valores sociais existentes. A qualidade nos serviços de saúde deve ser enfatizada, principalmente porque o produto é consumido durante a sua produção, é, portanto diferente da produção de bens em que é possível separar o produto com defeito, sem consequências expressivas, exceto a perda da matéria-prima e o retrabalho (Silva, 1996). A inserção de indicadores de qualidade assistenciais voltados a enfermagem é um dos grandes precursores para a realização de uma auditoria da qualidade dos serviços de enfermagem. Alguns dos indicadores utilizados como acompanhamento da qualidade de enfermagem em pacientes hospitalizados são: Iatrogenias, quedas de leitos, flebites e úlceras de pressão. A satisfação do cliente frente ao serviço de enfermagem sempre deve ser mencionada uma vez que o paciente, mesmo leigamente, irá nos fornecer parâmetros para adequação do atendimento de enfermagem. Buscar a fidelização dos clientes é satisfazê-los ou esclarece-los frente às rotinas de maneira harmoniosa e convicta. A auditoria de enfermagem assistencial pode ser realizada em uma instituição hospitalar a partir da formação de uma comissão de auditoria, envolvendo os enfermeiros auditores e enfermeiros assistenciais que não estejam diretamente ligados a área a ser auditada. Ou ser desenvolvida somente pelos enfermeiros auditores. No caso da Comissão de Auditoria uma das vantagens é a adesão dos enfermeiros frente ao processo, ou seja, compreendem mais e adquirem um conhecimento prático frente a realidade dos procedimentos e também registros de enfermagem, a auditoria se fortalece nesse processo. Segundo Kurcgant (1991) os principais requisitos para realização de um processo de auditoria são: Filosofia e estrutura administrativa compatíveis com a proposta da enfermagem, a qual se constitui em planejar, implementar, coordenar e controlar suas atividades com o objetivo de oferecer melhor assistência ao paciente. Padrão de assistência desejado, estabelecido e conhecido por todo o pessoal do serviço de enfermagem, pois o padrão da qualidade do serviço pode ser referido como bom ou não desde que comparado a um padrão preestabelecido (ou seja, o que significa assistência de enfermagem para aquela instituição). É importante ressaltar que a existência de padrões não- condizentes com a realidade local limita se não inutiliza, todo o processo. Recursos Humanos com adequado treinamento técnico e capacidade como auditor. Esses elementos formarão uma comissão, que deverá reunir-se periodicamente, mantendo um processo contínuo e permanente. Instrumento contendo os itens que deverão ser observados na auditoria. Na realização de uma auditoria de qualidade retrospectiva utiliza-se o prontuário para verificar através dos registros de enfermagem a assistência prestada ao paciente. O primeiro passo neste caso é estabelecer o número de prontuários que serão auditados. Pode-se seguir a seguinte regra: até 50 altas/mês: todos os prontuários, mais de 50 altas/mês: 10% dos prontuários, todo prontuário de óbito deve constar na auditoria. Após esta delimitação é importante possuirmos um instrumento de busca ativa, com os padrões que serão analisados na auditoria de enfermagem, por exemplo: método de admissão do paciente, atendimento das prescrições médicas, sistema de elaboração de plano de cuidados, relatório de enfermagem (completo, incompleto), sinais vitais checados de acordo com o diagnóstico do paciente e necessidades do paciente. http://kursaronline.com.br/content/uploads/2015/01/foto_1393943706.jpeg A auditoria concorrente também poderá ser utilizada para aferir a qualidade de enfermagem prestada e conforme Kurcgant (1991) pode ser realizada da seguinte maneira: •Exame do paciente e confronto das necessidades levantadas com a prescrição de enfermagem e/ou avaliação dos cuidados in loco (acompanhar o funcionário e confrontar com os parâmetros estabelecidos); •Entrevista com o próprio funcionário logo após a prestação do cuidado, levando-o à reflexão e servindo como material de auditoria; •Avaliação feita pelo paciente e sua família, verificando a percepção destes quanto à assistência prestada, neste caso, é importante que sejam selecionados familiares que tenham realmente acompanhamento com o paciente. •Pesquisa junto a equipe médica, verificando o cumprimento da prescrição médica e interferências das condutas de enfermagem na terapêutica médica (trabalho mais difícil e muito mais criterioso, em vista das questões éticas envolvidas). Em qualquer uma das formas de auditoria, é importante ter um instrumento válido para a busca de informações, análise e posteriormente elaboração de um relatório de auditoria, onde constam as conclusões e opiniões de auditoria. Sá (1977) recomenda que o relatório de auditoria apresente período a que se refere, data da sua elaboração, número de ordem, descrição dos casos auditados, conclusões e assinatura do Auditor. Motta (2003) cita o enfermeiro auditor atuando na Educação Continuada dos hospitais se responsabilizando pela orientação de toda a equipe interdisciplinar que tem acesso ao prontuário, para que se conscientizem sobre a importância de seu preenchimento esclarecendo dúvidas e dando orientações contínuas. Algumas organizações não fazem alocação de profissionais auditores em Educação Continuada então em todos os tipos e objetivos de auditoria, seja de qualidade ou na conta hospitalar, indicadores devem surgir e devem ser encaminhados ao setor de Educação Continuada para obtenção de subsídios em treinamento e reciclagem de pessoal, mesmo não sendo, como cita Kurcgant (1991) o objetivo da auditoria a exatidão dos registros, acaba tornando-se consequência. O ideal do desenvolvimento da auditoria é enquadrar essas duas funções dentro da instituição hospitalar, de qualidade e da análise da conta hospitalar, isso porque uma depende da outra e complementam-se na busca pela oferta de um cuidado com qualidade e com baixocusto e justa remuneração. PERFIL DO ENFERMEIRO AUDITOR https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRIihiuzrqAC_4Td21rP6ppsi9ym5G- cMEftHcXHRVv2YjPXkIJ Respeitar, em qualquer circunstância, os níveis hierárquicos existentes em toda organização; Manter comportamento Ético e sigiloso absoluto a respeito de informações confidenciais; Observar os comportamentos internos; Procurar, continuamente, melhorar sua capacidade e efetividade de trabalho, sempre atualizando seus conhecimentos; Manter espírito independente, isento de influências das áreas de revisão, e muito equilibrado, sem representar arrogância ou impassividade; Expressar sua opinião sempre apoiada em evidencias suficientes; Cultivar o senso de proporção e julgamento, alicerçando seu ponto de vista impessoal e imparcial; Ser afável no trato com as pessoas, pois o relacionamento auditado / auditor não pode ser frívolo e casuístico, mas harmônico e humano; Relatar possíveis deficiências objetivamente; Cada auditor representa a imagem da organização a qual est· ligado, daí a importância de seus atos e mesmo de sua apresentação; Nenhum auditor pode prescrever, evoluir ou alterar evoluções / informações no prontuário do paciente; Vedado ao auditor tecer comentários de qualquer natureza com pacientes, familiares e/ou funcionários do hospital, de observações feitas através do prontuário; Vedado ao auditor discutir sobre procedimentos realizados indevidamente pelo prestador de serviço em ambientes estranhos à auditoria; A postura e o respeito deverão ser mantidos sempre nas discussões e apresentações realizadas com prestadores de serviços Vedado ao auditor trabalhar na instituição a ser auditada, ou receber qualquer tipo de remuneração ou vantagens da mesma. O ENFERMEIRO AUDITOR E SUAS FERRAMENTAS Fonte: www.concursoemcurso.com.br As principais condutas do enfermeiro auditor para análise da conta hospitalar segundo Motta (2003) são: Praticar o exercício da profissão de Auditoria de Enfermagem conforme a legislação; Conhecer todos os contratos firmados entre a operadora de planos e o hospital; Fazer uma análise geral da conta: verificar diagnóstico, período de internação, tratamento, exames solicitados, autorizações para procedimentos e materiais específicos; Analisar as prescrições médicas dos exames laboratoriais e outros exames diagnósticos, bem como seus resultados; Verificar se a quantidade de materiais e medicamentos cobrada é compatível com a prescrita e checada no prontuário do paciente; Verificar os valores praticados na cobrança dos materiais e medicamentos em relação aos preços acordados mediante acertos contratuais e tabelas; Elaborar e responder recursos de glosas; http://www.concursoemcurso.com.br/concurso-prefeitura-de-salvador-prorroga-inscricoes-para-vagas-na-saude/ Controlar o trabalho de auditoria registrando-o. A legislação seguida deverá ser a que regulamenta a função de enfermeiro auditor Resolução do COFEN 266/2001 seguida da Lei do exercício profissional. É importante ter conhecimento do respaldo legal que o enfermeiro possui para realizar a auditoria de enfermagem para não se comprometer em procedimentos inadequados. Os contratos entre as operadoras e os prestadores são essenciais na análise da conta hospitalar, pois é através do contrato que se tem embasamento para saber quais itens podem ser cobrados, os critérios de cobranças e valores. A tabela de cobrança que descreve os procedimentos a serem cobrados e seus valores deve constar no contrato e impreterivelmente ser usada na realização da auditoria da conta hospitalar. É preciso que o enfermeiro auditor utilize seu conhecimento holístico frente ao atendimento do paciente, analisando este atendimento em sua integralidade e não fragmentado, por esta razão torna-se constante a leitura do prontuário inteiro, incluindo diagnóstico, exames complementares etc. A análise da prescrição médica estabelece a cobrança dos materiais e medicamentos que devem ser cobrados, mediante a checagem dos horários que as medicações foram administradas no paciente. A prescrição de enfermagem também fornece subsídios sobre os cuidados de enfermagem prestados ao paciente podendo-se efetuar a cobrança quando existe a negociação em contrato. A checagem de um medicamento ou procedimento é o que certifica que realmente este ato foi desenvolvido pela equipe de enfermagem. A checagem é um traço diagonal sobre o horário. O círculo ao redor do horário representa que a medicação ou procedimento não foi, por algum motivo, realizado no paciente. Nestes casos é importante sempre que a equipe de enfermagem descreva na evolução de enfermagem o porquê da não realização. Na análise da conta hospitalar é de suma importância que o enfermeiro auditor possua o conhecimento frente aos valores praticados na negociação entre prestador e operadora do plano de saúde. Esses valores constituem-se na diretriz para as cobranças, e são acordados em contrato no momento da contratação dos serviços. As glosas hospitalares são procedimentos que não são pagos pelo convênio, após analisar as cobranças feitas pelo prestador de serviço o plano de saúde emite as glosas. Quando chega ao prestador o enfermeiro auditor deve avaliar tais itens e formular o que chamamos de recurso de glosa. No contrato feito no credenciamento entre operadora e prestador fica estipulado o número de dias para envio do recurso. A elaboração do recurso é feita com base em conhecimentos técnicos – científicos e legais, utilizando-se o contrato firmado. O recurso deve ser encaminhado ao plano de saúde que por sua vez vai uma nova avaliação e define sobre o pagamento ou não da cobrança. O registro sobre o trabalho da auditoria de enfermagem permite ao enfermeiro auditor ter indicadores sobre o andamento dos processos internos e principalmente fornece subsídios para mudança e aprimoramento na realização da auditoria. Os principais instrumentos utilizados para análise da conta hospitalar são: a Tabela AMB (Associação Médica Brasileira); Contratos e tabelas hospitalares; Protocolos; Custos Hospitalares; Revista Simpro; Revista Brasíndice; Resolução do Coren e Cofen; Resoluções do CRM; Instrumentos e tabelas próprias para elaboração de indicadores; Manuais Padronizados; Rol de Procedimentos; Manual de Padronização de Medicamentos (do hospital); Tabela de gotejamento de soluções. Se você quer desempenhar o papel de auditor na área de enfermagem deve ficar atento a todos esses critérios, afim de usar os principais instrumentos que acercam essa função. Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO – O ACESSO AOS SERVIÇOS E O PAPEL DA AUDITORIA http://www.cursoonlinede.com.br/wp-content/uploads/2014/12/Curso-Online-de- Auditoria-em-Enfermagem.jpg Considerando-se uma rede de serviços devidamente credenciada, com OCS/PSA conhecidos em suas especialidades e potencialidades, assim como um serviço interno da OMS organizado, pode-se dar início às atividades de Controle, Avalição e Auditoria. Lembramos entretanto que todo processo assistencial deve sempre ser acompanhado com uma visão holística, pois a análise fragmentada não permite uma aferição da qualidade e, muito menos, dos custos. O processo assistencial ou de atendimento ao cliente deve ser visto em sua integridade: A consulta Os exames As terapias A hospitalização A convalescença O estudo isolado do ambulatório ou das consultas não espelha a utilização dos recursos, assim como a mera análise dos procedimentos de custos mais elevados não reflete os riscos financeiros da contratante. As analises isoladas de profissionais, prestadores ou mesmo de setores como as OCS credenciadas não ir, não refletir a gravidade que o cenário descrito pode representar para a contratante.A Auditoria deve desenvolver suas atividades, mesmo considerando a necessidade de tarefas muito específicas, sem perder a dimensão do conjunto. ACOMPANHAMENTO DO SISTEMA AMBULATORIAL http://institutodaeducacao.com.br/imagem/21422962005535081e60a566.87186490.jp g/668/313 Em relação à assistência ambulatorial, os meios de controle são predominantemente analíticos. Entretanto, mesmo baseada em análise de registros, documentos e relatórios, a auditoria pode delinear o perfil assistencial e identificar situações incomuns que necessitem de observação direta, desde a visita ao serviço auditado até a entrevistas com pacientes. … bom lembrar que a equipe de auditores responsáveis pelo controle ambulatorial deve conhecer o funcionamento dos serviços auditados, sendo as visitas preliminares imprescindíveis para um seguimento analítico. COMPREENDENDO O FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE https://encrypted- tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTdCRg0PGWrZ0mu5i9brh1ldJUpF8SzExt1_e_cJuUEi 3pLhHvd O SUS não foi uma invenção de “ilustres” juristas ou dos “iluminados” deputados constituintes de 1988. Também não nasceu apenas do consenso entre grandes especialistas da área de saúde. O SUS é fruto de um amplo movimento social, iniciado na década de 70, em defesa da saúde do povo brasileiro, que consolidou a reforma sanitária brasileira. Tal movimento social se constituiu nas universidades, nos departamentos de Medicina Preventiva e Social, e em outras instituições onde se criticava o modelo assistencial dominante; no movimento sindical, inicialmente na categoria médica, onde surgiu o grupo da "Renovação Médica"; e no interior das instituições de saúde, onde grupos de técnicos não comprometidos com sua política oficial, propunham e experimentavam formas alternativas de organizar serviços. Este movimento foi se ampliando para diversos segmentos sociais durante a década de 80, que passaram também a criticar o modelo de atendimento centrado na medicina curativa e hospitalar, bem como o “empresariamento” do setor saúde. Em 1986, realizou-se a VIII Conferência Nacional de Saúde, em Brasília, que reuniu milhares de representantes de usuários, de trabalhadores da saúde e de outros setores sociais e de instituições governamentais, e que delineou a proposta de organização de um sistema único de saúde, com assistência universal e integral à saúde. Mais que isto, surgiu a proposta de que a saúde passasse a ser um direito do cidadão e dever do Estado. Estávamos às vésperas da instalação do Congresso Constituinte que iria elaborar a nova Constituição Brasileira... A Constituição de 1988 incorporou a idéia de que o direito à saúde deve ser garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doenças e outros agravos, e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde para sua promoção, proteção e recuperação (artigo 196 CF/88). Nesse sentido, estabeleceu o Sistema Único de Saúde, no Título VIII Da Ordem Social, Capítulo II Da Seguridade Social, Seção II Da Saúde. É um "Sistema", porque não se trata somente um serviço ou uma instituição, mas uma rede de unidades, serviços e ações atuando coordenadamente e em diferentes níveis de complexidade tecnológica, no sentido de elevar os níveis de saúde da população. É "Único", porque segue os mesmos princípios e diretrizes em todo o território nacional, no sentido de responsabilidade das três esferas de governo: I – No âmbito da União, através do Ministério da Saúde; II – No âmbito dos Estados e Distrito Federal, através da respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; III – No âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente. O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO DO SUS http://radios.centermidia.com/igapora/files/2015/03/SUS-AZUL-1.jpg O processo de construção do SUS é resultante de um conjunto de embates políticos e ideológicos, travados por diferentes atores sociais ao longo dos anos. Decorrente de concepções diferenciadas, as políticas de saúde e as formas como se organizaram os serviços não são fruto apenas do momento atual. Ao contrário, têm uma longa trajetória de formulações e de lutas. A busca de referências históricas do processo de formulação das políticas de saúde, e da vinculação da saúde com o contexto político mais geral do país, pode contribuir para um melhor entendimento do momento atual e do próprio significado do SUS. Nesse sentido, o objetivo deste texto é apresentar, de forma organizada, os elementos que compõe o SUS e alguns marcos históricos da política de saúde do Brasil. É claro que após alguns anos de sua implementação legal pela Constituição Federal de 1988, O SUS não é hoje uma novidade. No entanto, apesar do tempo decorrido e da clareza das definições legais, O SUS significa transformação e, por isso, processo político e prático de fazer das ideias a realidade concreta. A afirmação legal de um conceito é um passo importante, mas não é, em si, uma garantia de mudanças. Construção é a idéia que melhor sintetiza o SUS. Garantido o alicerce, falta compor, parte a parte, a estrutura do edifício. Não existe um caminho natural para isso. Os embates políticos, corporativos e a variada gama de interesses de um setor que mobiliza muitos recursos estarão sempre presentes. Não é a constatação da impossibilidade, pelo contrário, uma exortação ao trabalho político consequente. Como se trata de um texto introdutório, procura-se abordar os conceitos e a história da constituição do Sistema Único de Saúde, a partir da trajetória da política de Saúde e Previdência no Brasil. O Período 23/30: o nascimento da Previdência Social no Brasil O surgimento da Previdência Social no Brasil se insere num processo de modificação da postura liberal do Estado frente à problemática trabalhista e social, portanto, num contexto político e social mais amplo. Esta mudança se dá enquanto decorrência da contradição entre a posição marcadamente liberal do Estado frente às questões trabalhistas e sociais e um movimento operário- sindical que assumia importância crescente e se posicionava contra tal postura. Esta também é a época de nascimento da legislação trabalhista brasileira. Em 1923, é promulgada a Lei Elói Chaves que, para alguns autores, pode ser definida como marco do início da Previdência Social no Brasil. No período compreendido entre 1923 e 1930 surgem as Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPS). As CAPS eram organizadas por empresas, de natureza civil e privada, responsáveis pelos benefícios pecuniários e serviços de saúde para os empregados de empresas específicas. As CAPS eram financiadas com recursos dos empregados e empregadores e administradas por comissões formadas de representantes da empresa e dos empregados. Cabia ao poder público apenas a resolução de possíveis conflitos. No modelo previdenciário dos anos 20 a assistência médica era vista como atribuição fundamental do sistema, o que levava, inclusive, à organização de serviços próprios de saúde. Caracteriza ainda este período, o elevado padrão de despesa. Estas duas características serão profundamente modificadas no período posterior. Em relação às ações de saúde coletiva, promovidas por parte do Estado, este período é marcado pelo surgimento do chamado "sanitarismo campanhista", nascido da Reforma Carlos Chagas em 20/23. Este sanitarismo se pautava por uma visão de combate às doenças de massa com forte concentração de decisões e com estilo repressivo de "intervenção sobre os corpos individual e social". Alguns anos antes, havia sido criado o departamento Nacional de Saúde Pública, responsável por estas ações. O combate à febre amarela e gripe espanhola se deu dentro de tal modelo. Marco legal e político PrevidênciaAssistência à saúde Saúde coletiva . Nascimento da legislação trabalhista . Lei Elói Chaves (1923) . CAPS - organizadas por empresa de natureza civil e privada, financiadas por empregados e empregadores . Assistência médica como atribuição das CAPS através de serviços próprios . Sanitarismo campanhista . Departamento Nacional de Saúde . Reforma Carlos Chagas O Período 30/45: as proposta de contenção de gastos e o surgimento das Ações Centralizadas de Saúde Pública Com a revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas, assumiu o poder uma coalizão que trouxe, de forma destacada, a preocupação com o novo operariado urbano. Este período foi marcado pela criação de órgãos e instrumentos que legitimaram a ação sindical em moldes corporativos. Do ponto de vista político, este período pode ser caracterizado por uma profunda crise, marcado por greves de trabalhadores e manifestações populares, principalmente entre os anos 30/35. A busca de aliados por parte do governo, que tentava ampliar sua base de apoio, incluindo entre elas as classes trabalhadoras urbanas, colocava em evidência o tema previdência social. Foi criado o Ministério do Trabalho, aprofundou-se a legislação trabalhista, ao mesmo tempo em que havia restrições e manipulações na esfera sindical. Em relação à Previdência Social houve profundas modificações no que se refere à organização e concepção. Do ponto de vista de concepção, a Previdência era claramente definida enquanto seguro, privilegiando os benefícios e reduzindo a prestação de serviços de saúde. Embora com algumas oscilações entre os institutos, a legislação adotada entre 30 e 45 tentará diferenciar as atribuições de benefícios e serviços de saúde. Estes passaram a serem entendidos como concessão, e não mais atribuição específica, uma função provisória e secundária. Tal definição fez com houvesse um profundo corte nas despesas com assistência médico-hospitalar. Do ponto de vista organizativo, este é um momento marcado pela criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP's), entidades organizadas não mais por empresas, mas por categorias profissionais. Diferentemente das CAPS, a administração dos IAP's era bastante dependente do governo federal. O conselho de administração, formado com participação de representantes de empregados e empregadores, tinha uma função de assessoria e fiscalização e era dirigido por um presidente, indicado diretamente pelo Presidente da República. Houve uma ampliação da Previdência com a incorporação de novas categorias não cobertas pelas CAPS anteriormente. Caracterizaram esta época a participação do Estado no financiamento (embora meramente formal) e na administração dos institutos, e um esforço ativo no sentido de diminuir despesas, mais com a acumulação de reservas financeiras do que com a ampla prestação de serviços. Isto fez com que os superávits dos institutos constituíssem um respeitável patrimônio e um instrumento de acumulação nas mãos do Estado. A Previdência passou a se configurar enquanto "sócia" do Estado nos investimentos de interesse do governo. Em relação às ações de saúde coletiva, esta foi a época do auge do sanitarismo campanhista. Em 1937 foi criado o primeiro órgão de saúde de dimensão nacional, o Serviço Nacional de Febre Amarela, em 39, o Serviço de Malária do Nordeste, e em 40, o Serviço de Malária da Baixada Fluminense. No período de 38/45 o Departamento Nacional de Saúde foi reestruturado e dinamizado, articulando e centralizando as atividades sanitárias de todo o país. Em 1942 foi criado o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), com atuação voltada para as áreas não cobertas pelos serviços tradicionais. Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva . Criação do Ministério do Trabalho . CLT . IAP's-organizados por categorias profissionais, com dependência do governo federal . Corte nas despesas médicas, passando os serviços de saúde à categoria de concessão do sistema . Auge do sanitarismo campanhista, Serviço Nacional de Febre Amarela, Serviço de Malária do Nordeste e SESP O Período 45/66: a crise do regime de capitalização e o nascimento do Sanitarismo Desenvolvimentista Este momento pode ser subdividido em duas fases do ponto de vista da conjuntura política, para fins didáticos. A primeira, marcada pelo fim do Estado novo e pela redemocratização do País. Foi o período do desenvolvimentismo, que levou a um acelerado processo de urbanização e industrialização. Foi marcante no governo Juscelino a visão de que a solução para os problemas sociais estava mais no desenvolvimento do que nas questões sociais. O esgotamento do modelo populista de relação entre o Estado e os trabalhadores foi-se acentuando, em associação com o capital estrangeiro e a possibilidade de incorporar as demandas dos trabalhadores. Uma segunda fase foi inaugurada com o golpe de 64, que estabeleceu uma ruptura com os governos democráticos anteriores. O regime instalado teve como características o autoritarismo, com o fechamento dos canais de participação aos trabalhadores, e um discurso de racionalidade técnica e administrativa, que repercutiu nas ações de previdência e saúde. As ações de previdência foram, então, caracterizadas pelo crescimento dos gastos, elevação de despesas, diminuição de saldos, esgotamento de reservas e déficits orçamentários. Isto levou a um processo de repartição simples, e não mais capitalização como no período anterior. As explicações para tais mudanças podem ser colocadas como resultantes de uma tendência natural (maior número de pessoas recebendo benefícios, uma vez que esta foi a época de recebimento de benefícios dos segurados incorporados no início do sistema); como também de mudanças de posições da Previdência Social (desmontagem das medidas de contenção de gastos dos anos 30/45; crescimento dos gastos com assistência médica, que sobe de 2,3% em 1945 para 14,9% em 1966; crescimento dos gastos com benefícios, em função do aumento dos beneficiários, de mudanças nos critérios de concessão de benefícios e no valor médio destes). A legislação pós-45 foi marcada pela progressiva desmontagem das medidas de cunho contencionista do período anterior. Na Constituição de 46 a assistência sanitária foi incorporada à Previdência Social e em 53 foi promulgado o "Regulamento Geral dos Institutos de Aposentadoria e Pensão", que formalizou a responsabilidade dos mesmos com a assistência médica. A Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), promulgada em 1960, uniformizou os direitos dos segurados de diferentes institutos, o que agravou as dificuldades financeiras crescentes da previdência no período. Esta Lei pode ser considerada como um marco da derrota do modelo contencionista anterior, estendendo para o conjunto dos segurados um plano extremamente amplo de benefícios e serviços. Além da assistência médica e dos benefícios pecuniários, a legislação se referia a habitação, empréstimos e alimentação. A uniformização dos benefícios alcançados com a LOPS, assim como a extensão da Previdência Social aos trabalhadores rurais, através do Estatuto do Trabalhador Rural, aprovado no governo João Goulart, não foram acompanhadas de novas bases financeiras concretas para sua efetivação. Para fazer frente aos novos gastos, a contribuição dos segurados foi progressivamente elevada. Em relação à contribuição do Estado, a LOPS rompeu com o conceito de contribuição tripartite. Cabia à União, a partir de então, apenas os gastos com administração e pessoal. Nessa mesma época, o Brasil passou a ser influenciado pelas ideias de seguridade social que foram amplamente discutidas no cenário internacional ao final da II Guerra Mundial, em contraposição ao conceito de seguro da época anterior. Ao mesmotempo, viveu-se um intenso processo de construção e compra de hospitais, ambulatórios e equipamentos, por parte dos institutos, e de celebração de convênios para prestação de assistência médico-hospitalar aos segurados. Com o golpe de 1964 e o discurso de racionalidade, eficácia e saneamento financeiro, ocorreu a fusão dos IAP's, com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Este fato, ocorrido em 1966, marcou também a perda de representatividade dos trabalhadores na gestão do sistema. A unificação enfrentava resistências dos grupos privilegiados pelo antigo sistema corporativo. O governo, no entanto, alegava que a centralização de recursos poderia ser a alternativa para viabilizar o cumprimento do direito de assistência à saúde. Com relação à assistência médica, houve um crescimento dos serviços médicos próprios da previdência e dos gastos com assistência médica em geral, mas persistia uma demanda elevada, agravada pelo fato deste direito ter sido estendido a todos os segurados. Os serviços próprios continuavam a conviver com o setor privado conveniado e contratado, também em expansão. O sanitarismo desenvolvimentista, característico do período, teve sua contribuição mais voltada para as discussões conceituais relacionadas à saúde. Os sanitaristas da época estabeleceram relação entre saúde e economia e definiram a saúde de um povo como o corolário do seu desenvolvimento econômico. Podem ser apontados dois marcos desta época: o primeiro a criação da Comissão de Planejamento e Controle das Atividades Médico-Sanitárias, com função de elaborar o plano plurianual, integrando as atividades de saúde ao Plano Nacional de Desenvolvimento; o segundo marco foi a realização da III Conferência Nacional de Saúde, que além de discutir as propostas elaboradas pela comissão anteriormente citada, sistematizou as propostas de descentralização e municipalização da saúde. Em relação à organização de serviços, o fato mais marcante foi a criação em 1956, do Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERU), que tinha a finalidade de organizar e executar os serviços de investigação e combate às principais patologias evitáveis existentes no período, dentre elas a malária, leishmaniose, doença de Chagas, peste, brucelose, febre amarela, esquistossomose, e outras endemias existentes no país. Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva . Constituição de 1946 . Crescimento dos gastos e esgotamento de . Crescimento dos serviços próprios da . Sanitarismo desenvolviment . LOPS (1960) . Estatuto do trabalhador rural . Golpe de 1964 . INPS (1966) reservas . Incorporação da assistência sanitária à Previdência . Uniformização dos direitos dos segurados Previdência . Aumento dos gastos com a assistência médica . Convivência com os serviços privados, em expansão ista . Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERU) O Período 1966/73: o acirramento da crise e a privatização da assistência médica Foi um período marcado pelo crescente papel do Estado como regulador da sociedade, e pelo alijamento dos trabalhadores do processo político, ao lado de uma política de arrocho salarial decorrente do modelo de acumulação adotado. A criação do INPS, citada anteriormente, inseriu-se na perspectiva modernizadora da máquina estatal, aumentando o poder de regulação do Estado sobre a sociedade e representando uma tentativa de desmobilização das forças políticas estimuladas em períodos populistas anteriores. O rompimento com a política populista não significou alteração em relação à política assistencialista anterior, ao contrário, o Estado ampliou a cobertura da previdência aos trabalhadores domésticos e trabalhadores rurais, além de absorver as pressões por uma efetiva cobertura daqueles trabalhadores já beneficiados pela Lei LOPS. Excetuando os trabalhadores do mercado informal de trabalho, todos os demais eram cobertos pela Previdência Social. Em relação à assistência médica, observa-se um movimento ainda mais expressivo de ampliação e cobertura. Os gastos com assistência médica, que continuaram a crescer neste período, chegaram a representar mais de 30% dos gastos totais do INPS em 76. A Ênfase era dada à atenção individual, assistencialista e especializada, em detrimento das medidas de saúde pública, de caráter preventivo e de interesse coletivo. Exemplo de descaso com as ações coletivas e de prevenção foi a diminuição do orçamento do Ministério da Saúde, que chegou a representar menos que 1,0% dos recursos da União. Ocorreu uma progressiva eliminação da gestão tripartite das instituições previdenciárias, até sua extinção em 70. Ao mesmo tempo, a "contribuição do estado" se restringiu aos custos com a estrutura administrativa. A criação do INPS propiciou a implementação de uma política de saúde que levou ao desenvolvimento do complexo médico-industrial, em especial nas áreas de medicamentos e equipamentos médicos. Ao mesmo tempo, e em nome da racionalidade administrativa, o INPS deu prioridade à contratação de serviços de terceiros, em detrimento dos serviços próprios, decisão que acompanhou a postura do governo federal como um todo. De 69 a 75 a porcentagem de serviços comprados de terceiros representou cerca de 90% da despesa do INPS. A modalidade de compra de serviços adotada possibilitou o superfaturamento por parte dos serviços contratados, com prejuízo do atendimento médico prestado e colocando em risco o sistema financeiro da instituição. Para aumentar o faturamento, estes serviços utilizavam os expedientes de multiplicação e desdobramento de atos médicos, preferência por internações mais caras, ênfase em serviços cirúrgicos, além da baixa qualidade do pessoal técnico e dos equipamentos utilizados. A expansão do complexo previdenciário criou uma nova modalidade de atendimento, a medicina de grupo, estruturada a partir de convênios entre o INPS e empresas, ficando estas com a responsabilidade pela atenção médica de seus empregados. O convênio empresa foi a forma de articulação entre o Estado e o empresariado que viabilizou o nascimento e o desenvolvimento do subsistema que viria a se tornar hegemônico na década de 80, o da atenção médica supletiva. Apesar das atribuições definidas pelo Decreto Lei 200/67 para o Ministério da Saúde, com subordinação da assistência médica previdenciária à política nacional de saúde, a prática mostrava um Ministério esvaziado em suas competências. Foram incorporados a ele a Fundação SESP e a Fundação das Pioneiras Sociais, dando início à autarquização do ministério, que acompanhava processo similar da administração federal. Por parte da saúde coletiva, as ações estavam dispersas num conjunto de Ministérios como o da Agricultura, dos Transportes, do Trabalho, do Interior, da Educação, dentre outros, e internamente ao Ministério da Saúde, em um conjunto de órgãos da administração direta e indireta. Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva . AI-5 . Emenda Constitucional nº 1 . Modernização autoritária . Ampliação de cobertura previdenciária . Ampliação do complexo previdenciário . Aumento dos gastos com saúde no âmbito da previdência . Extensão de cobertura . Modelo de compra de serviços . Convênios com medicina de grupo . Autarquização do MS . Dispersa em vários ministérios e em órgãos da administração direta e indireta O Período 74/79: crise, reforma e consolidação da rede privada em saúde As alterações na conjuntura política, dos pontos de vista interno e externo, forçaram o Estado a fortalecer a opção pela Seguridade Social, como forma de buscar legitimidade, o que levou à intensificação do modelo, através do aumento crescente de cobertura e ampliação de benefícios.No ano de 1974, foram criados o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) e o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS). A criação do Ministério significou o fortalecimento das ações de previdência no interior do aparelho estatal. A criação do FAS proporcionou a remodelação e a ampliação dos hospitais da rede privada, através de empréstimos com juros subsidiados. A existência de recursos para investimento e a criação de um mercado cativo de atenção médica para os prestadores privados levou a um crescimento próximo de 500% no número de leitos hospitalares privados no período 69/84, de tal forma que subiram de 74.543 em 1969 para 348.255 em 1984. O II Plano Nacional de Desenvolvimento, elaborado no mesmo período, consagrou a separação de ações de saúde coletiva e atenção médica, e reservou os primeiros ao setor estatal e os segundos, via previdência social, ao setor privado. O plano institucionalizou o modelo médico assistencial privativista e definiu competências para as instituições públicas e privadas. Ocorreu uma autonomização da política de assistência médica previdenciária, em função da revogação de parte do Decreto Lei 200, que estabelecia a necessidade de sua obediência à política nacional de saúde. A falta de controle sobre os serviços contratados criou condições para que a corrupção atingisse, em 1974, níveis que ameaçavam o equilíbrio financeiro da previdência. Foram definidos, então, mecanismos de enfrentamento da crise, com o objetivo de controlar as distorções do modo vigente, criando condições que possibilitassem a continuidade da expansão, sem alterar substancialmente o mesmo. Foram definidos mecanismos de controle ao setor contratado, através da criação da Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (DATAPREV), da ampliação dos convênios (convênios com sindicatos, universidades, prefeituras, governos estaduais, dentre outros) e da normatização e criação de novos mecanismos institucionais de relação público-privado e entre esferas de governo. Dentre estes, merece destaque o Plano de Pronta Ação (PPA) e o Sistema Nacional de Previdência Social (SINPAS). O PPA tinha como objetivo desburocratizar o atendimento dos casos de emergência, o que levou à universalização do atendimento das mesmas. Foram estabelecidas formas de relacionamento através de contratos, com pagamento de serviços prestados e convênios, com repasse de subsídios fixos. O PPA teve importância em virtude do início da universalização do atendimento com recursos previdenciários e por remunerar instituições estatais. A criação do SINPAS tinha como objetivo disciplinar a concessão e manutenção de benefícios e prestação de serviços, o custeio de atividades e programas, a gestão administrativa, financeira e patrimonial da previdência. Foram criados o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e o Instituto de Arrecadação da Previdência Social – (IAPAS), além de integrar os órgãos já existentes. A criação do SINPAS pode ser compreendida no processo de crescente tendência à universalização e à adoção do modelo de Seguridade Social. Neste período foram definidas as bases que permitiram a hegemonia na década de 70, do modelo assistencial privativista. De acordo com Mendes, este modelo se assenta no seguinte tripé: (a) o Estado como financiador do sistema, através da Previdência Social; (b) o setor privado nacional como maior prestador de serviços de assistência médica; (c) o setor privado internacional como mais significativo produtor de insumos, em especial equipamentos médicos e medicamentos. Em relação às ações de saúde coletiva, percebeu-se uma coincidência entre as propostas internacionais de cuidados primários em saúde, decorrentes da Conferência de Alma-Ata, da qual o Brasil é um dos signatários, e a necessidade interna de desenvolver e expandir cobertura para contingentes populacionais excluídos pelo modelo previdenciário. Tendo como referência as experiências em vigor, as recomendações internacionais e a necessidade de expandir cobertura, em 1976 iniciou-se o Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS). Concebido na Secretaria de Planejamento da Presidência da República, o PIASS se configurou como o primeiro programa de medicina simplificada do nível federal e permitia a entrada de técnicos provenientes do "movimento sanitário" no interior do aparelho de Estado. O programa concentrou suas ações nas Secretarias Estaduais de Saúde, que adotaram modelos desconcentrados. Em 1979 foi estendido a todo território nacional, o que resultou numa grande expansão da rede ambulatorial pública. Esta época pode ser definida como o início do movimento contra hegemônico que, nos anos 80, viria a se conformar como o projeto da Reforma Sanitária Brasileira. Em todo o País surgiram movimentos de trabalhadores de saúde. Foram criados o Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (CEBES) e a Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO), que participaram do processo de sistematização das propostas de mudança do modelo de saúde em vigor. Aconteceram também os primeiros encontros de secretários municipais de saúde, alimentando um incipiente, mas crescente, movimento municipalista em saúde. Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva - II PND - MPAS - FAS - SINPAS - Disciplina concessão de benefícios, prestação de serviços e administração da previdência - Remodelação e ampliação dos hospitais da rede privada - Criação do INAMPS - Separação das ações de saúde pública e assistência - Cuidad os primários em saúde (Alma-Ata) - PIASS - CEBES - ABRAS CO A Década de 80: Eclosão da Crise Estrutural e a Consolidação das Propostas Reformadoras O Brasil vivia um quadro político e econômico marcado por dificuldades no panorama nacional e internacional, caracterizado por um processo inflacionário e por uma crise fiscal sem controle, ao lado do crescimento dos movimentos oposicionistas e de divisões internas nas forças que apoiavam o regime. A derrota do governo nas eleições de 1982, agregada ao crescimento do processo recessivo, quebrou as coesão interna do regime, determinando um redesenho de seus pactos. Teve início neste momento os movimentos em direção ao processo de redemocratização do País. Os anos 80/83 foram um período de eclosão de três crises: (a) a crise ideológica; (b) a crise financeira; (c) a crise político-institucional. A crise ideológica se caracterizou pela necessidade de reestruturação e ampliação dos serviços de saúde. Inspirados pelas experiências anteriormente relatadas e pela repercussão interna da Conferência de Alma- Ata, onde os países participantes reconheceram a atenção primária e a participação comunitária como estratégias para a conquista da meta de "Saúde para todos no ano 2.000", foi formulado o PREV-SAÚDE. Este projeto incorporou os pressupostos de hierarquização, participação comunitária, integração de serviços, regionalização e extensão de cobertura. A discussão do projeto fez eclodir uma divisão profunda entre a equipe responsável pelo mesmo e alguns setores interessados na questão saúde, principalmente a Federação Brasileira de Hospitais. Isto fez com que surgissem versões diferentes do PREV-SAÚDE, e que o mesmo tenha sido caracterizado como "natimorto", não chegando a ser implementado. A crise financeira foi decorrente do déficit crescente desde 1980. Em contradição com um sistema em franca expansão, a base de financiamento continuava sem qualquer alteração. Havia um desacordo entre a crescente absorção de faixas cada vez mais extensas da população cobertas pela proteção social, e a manutenção de um regime financeiro calcado na relação contratual. Ao lado da restrição das fontes de financiamento,com ausência do Estado no financiamento da previdência, e da expansão de cobertura, o modelo de privilegiamento dos produtores privados de serviços de saúde implantado era corruptor, incontrolável e sofisticado, o que o tornava extremamente oneroso. Isto levou a propostas de contenção de despesas, especialmente da assistência médica. http://www.brumadoverdade.com.br/antigo/fotos/sus-todos-usam-o-sus.jpg A crise político-institucional foi marcada pela criação do Conselho Consultivo da Administração de Saúde Previdenciária (CONASP), em 1981, com o objetivo de "operar sobre a organização e o aperfeiçoamento da assistência médica, sugerir critérios de alocação de recursos previdenciários para este fim, recomendar políticas de financiamento e de assistência à saúde, analisar e avaliar a operação e o controle da Secretaria de Assistência Médica da Previdência Social". O CONASP era composto por representantes de diferentes ministérios, por representantes da sociedade civil, e de parte dos prestadores de serviços de saúde contratados/conveniados. As propostas, de inspiração racionalizadora, visando cortar custos, tinham no documento " Reorganização da Assistência Médica no Âmbito da Previdência Social", formulado em 1982, sua maior expressão. O documento recuperou propostas anteriormente colocadas pelo PREV-SAÚDE, no sentido da hierarquização, regionalização, descentralização, integração de serviços, dentre outros. Propunha mudanças na sistemática de pagamentos, introduziu novos mecanismos de auditoria técnica e tinha a proposta da plena utilização da capacidade instalada dos serviços públicos de saúde, incluindo os estaduais e municipais. Ao lado das propostas racionalizadoras do CONASP, cresciam os movimentos reformadores da saúde, e o movimento oposicionista no País. Em 1982 foram eleitos vários prefeitos comprometidos com as propostas de descentralização, o que levou a bem sucedidas experiências municipais de atenção à saúde. A proposta do CONASP foi consubstanciada nas Ações Integradas de Saúde (AIS), que podem ser divididas em dois momentos: um anterior e outro posterior à Nova República. Mais do que um programa dentro do INAMPS e das Secretarias de Saúde, as AIS's passaram da estratégia setorial para a reforma da política de saúde. Em 1984, eram destinados às AIS's 4% do orçamento do INAMPS passando para 12% em 1986. Ao lado do aumento de recursos destinados ao setor público, merecem destaque a universalização no uso de recursos previdenciários e a incorporação de novos atores na disputa pelos mesmos. Em 88 as AIS's abrangiam todos os estados e 2.500 dos pouco mais de 4.000 municípios então existentes. No governo da Nova República, a proposta das AIS's foi fortalecida e este fortalecimento passou pela valorização das instâncias de gestão colegiada, com participação de usuários dos serviços de saúde. Em 1986, foi realizada em Brasília a VIII Conferência Nacional de Saúde (CNS), com ampla participação de trabalhadores, governos, usuários e parte dos prestadores de serviços de saúde. Precedida de conferências municipais e estaduais, a VIII CNS significou um marco na formulação das propostas de mudança no setor de saúde, consolidadas na Reforma Sanitária Brasileira. Seu documento final sistematiza o processo de construção de um modelo reformador para a saúde, que é definida como: " resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. É, assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar desigualdades nos níveis de vida". Este documento serviu de base para as negociações na Assembleia Nacional Constituinte, que se reuniria logo após. Paralelo ao processo de elaboração da Constituição Federal, uma outra iniciativa de reformulação do sistema foi implementada, o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS). Idealizado enquanto estratégia de transição em direção ao SUS, propunha a transferência dos serviços do INAMPS para estados e municípios. O SUDS pode ser percebido como uma estadualização de serviços. O seu principal ganho foi a incorporação dos governadores de estado no processo de disputa por serviços previdenciários. Contudo, a estadualização, em alguns casos, levou à retração de recursos estaduais para a saúde e à apropriação de recursos federais para outras ações, além de possibilitar a negociação clientelista com os municípios. Enquanto resultante dos embates e das diferentes propostas em relação ao setor de saúde presentes na Assembleia Nacional Constituinte, a Constituição Federal de 1988 aprovou a criação do SUS, reconhecendo a saúde como um direito a ser assegurado pelo Estado e pautado pelos princípios de universalidade, equidade, integralidade e organizado de maneira descentralizada, hierarquizada e com participação da população. Marco legal e político Previdência Assistência à saúde Saúde coletiva - Redemocratiz ação - Nova República - Constituição de 1988 - Lei Orgânica da Saúde - PREV-SAÚDE - CONASP - Seguridade Social - Crescimento da medicina supletiva - Universalizaçã o - AIS - VIII CNS - SUDS - SUS - Criaçã o do SUS - Formali zação do conceito amplo de saúde O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS E ORGANIZATIVOS http://cultura.culturamix.com/blog/wp-content/gallery/os-principios-do-sus-1/Os- Princ%C3%ADpios-do-SUS-2.jpg A primeira e maior novidade do SUS é seu conceito de saúde. Este "conceito ampliado de saúde", resultado de embates teóricos e políticos, como foi visto anteriormente, trouxe com ele um diagnóstico das dificuldades que o setor saúde enfrentou historicamente, e a certeza de que a reversão deste quadro extrapolava limites restritivos da noção vigente. Encarar saúde apenas como ausência de doenças, nos legou um quadro repleto não só das próprias doenças, como de desigualdades, insatisfação dos usuários, exclusão, baixa qualidade e falta de comprometimento profissional. Para enfrentar esta situação era necessário transformar a concepção de saúde, de serviços de saúde, e até mesmo de sociedade. Uma coisa era se deparar com a necessidade de abrir unidades, contratar profissionais, comprar medicamentos. Outra tarefa era conceber a atenção à saúde como um projeto que iguala saúde com condições de vida. O direito à saúde, nesta visão, se confunde com o direito à vida. Este conceito ampliado, ao definir os elementos condicionantes da saúde, incorpora: . Meio físico (condições geográficas, água, alimentação, habitação, etc.) . Meio socioeconômico (emprego, renda, educação, alimentação, educação, hábitos, etc.) . A garantia de acesso aos serviços de saúde responsáveis pela promoção, proteção e recuperação da saúde. Ou seja, para se ter saúde é preciso possuir um conjunto de fatores, como alimentação, moradia, emprego, lazer, educação, etc. A saúde se expressa como um retrato das condições de vida. Por outro lado, a ausência de saúde não se relaciona apenas com a inexistência ou a baixa qualidade dos serviços de saúde, mas com todo este conjunto de determinantes. A saúde precisa, desta forma, incorporar novas dimensões e se torna responsável por conquistas que, até então, se colocavam externas a ela. O sistema de saúde deve se relacionar com todas as forças políticas que caminhem na mesma direção, como a defesa do meio ambiente, o movimento contra a fome, as manifestações pela cidadania, contra a violência no trânsito, pela reforma agrária, etc. O SUS, ao abraçar este conceito, pressupõe ainda a democratização interna da gestão dos serviços e dos sistemas de saúde, como um elemento a mais no movimento de construção da cidadania. Antes de entrar na doutrina
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