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Desenvolvimento psicológico na infância I Desenvolvimento psicológico na infância I Delinea, 2021 nº de p. : 13 Copyright © 2019. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Desenvolvimento psicológico na infância I 3 Abertura Caro estudante, nesta unidade você irá estudar o desenvolvimento psicológico na infância. Abordaremos as influências, as etapas e as descobertas dessa fase da vida do ser humano relacionando-as com a prática pedagógica diária. Inicialmente, você verá os primeiros momentos de vida do bebê e as relações com a figura paternal e maternal. Depois, apresentaremos como se dão os desenvolvimentos perceptual, cognitivo e de linguagem, abordando os fundamentos do desenvolvimento motor, incluindo o desenvolvimento das habilidades sensoriais básicas e complexas; o desenvolvimento cognitivo no período pré-escolar e período escolar; e a fase pré-linguística. Bons estudos! 4 1 Os primeiros momentos de vida No início da vida, o bebê aprende a ser filho, a sugar a mama de sua mãe, a reconhecer o mundo, que se ampliou imensamente a partir do momento em que nasceu, dentre tantas outras coisas importantes. Paralelamente, seus progenitores aprendem a ser pais – a mãe aprende a amamentar ou pai e mãe aprendem a dar de mamar, os pais aprendem novas habilidades, os dois apresentam, devagar e com cautela, o mundo ao filho. O bebê, desde que nasce, apresenta várias habilidades: reflexos, habilidades de percepção e motoras, habilidades de aprendizagem e habilidades sociais. Habilidades reflexas: são respostas automáticas que o corpo apresenta, de maneira involuntária, quando é estimulado. Podem ser adaptativos ou primitivos. Reflexos adaptativos: são os que auxiliam o bebê a sobreviver logo que nasce. Alguns exemplos: sugar, engolir, reação da pupila do olho ao ser exposta a variação da luminosidade etc. Reflexos adaptativos Fonte: Plataforma Deduca (2021). #PraCegoVer: Bebê sendo amamentado. Reflexos primitivos: são os regidos pelas partes mais primitivas do cérebro, partes essas que estão quase prontas ao nascer (medula e mesencéfalo). Por exemplo: reflexo de Babinsky, que é quando o bebê reage abrindo e fechando os dedos dos pés quando alguém passa a mão sobre a sola. 5 Habilidades de percepção e motoras: desde o nascimento o bebê já utiliza seus sentidos para perceber o mundo. Esse processo se estenderá por toda a vida: estamos sempre absorvendo o mundo pelos nossos sentidos – visão, audição, olfato, paladar, tato etc. O bebê que não apresenta disfunções, após poucas semanas de vida, já consegue acompanhar com os olhos o movimento de um objeto a sua frente e, ao ouvir um som, detectar de onde ele vem. Já reconhece, também, desde o nascimento o cheiro de sua mãe, demonstrando que sua percepção olfativa está plena, pronta para se desenvolver. Habilidades de aprendizagem: Piletti e Rossato (2013) demonstram que alguns teóricos, como Vigostski, Piaget, Freud etc., discutem sobre a influência ou não das relações sociais no desenvolvimento. Caso não houvesse influência, ou fosse pouca, de nada adiantariam os estímulos precoces. Porém, vários exemplos apontam que há uma relação forte entre o biológico e os elementos sociais. Se não fosse dessa forma, de que adiantaria a mãe de uma criança que nasceu com Síndrome de Down a estimular desde o momento que sai da maternidade? Habilidades sociais: somos uma das espécies que mais demonstra dependência – os demais animais, dias após o nascimento, já iniciam um processo de separação. É a partir do primeiro dia, ao mamar e comprovar que amamentar tem um ritmo, estabelecido igualmente pela mãe e pelo bebê, que se iniciam as habilidades sociais do recém-nascido. Nas semanas posteriores, ocorrem pequenos sorrisos divididos, choros que indicam uma necessidade (a qual é rapidamente atendida pelo adulto cuidador), aconchego físico e emocional no colo, olhares que se encontram, aproximando os pais e o bebê. De maneira rudimentar o bebê inicia suas relações sociais e a cada estímulo avança um pouco mais nesse processo. Da mesma maneira, a cada resposta do bebê aos seus estímulos, os adultos que o rodeiam o instigam mais e mais nessa relação social parental e/ou familiar. 6 Criança com baixa autoestima Fonte: Plataforma Deduca (2021). #PraCegoVer: Duas crianças brincando juntas. Desenvolvimento perceptual A criança cresce e se desenvolve fisicamente: segura a cabeça, senta- se com apoio, pega objetos com as mãos, engatinha, inicia os primeiros passos apoiando-se em móveis, caminha sozinha, empilha blocos, sobe escadas, pula, joga bola, anda de bicicleta etc. Paralelamente a isso, ocorre o desenvolvimento de sua percepção. Bee (1995) cita o exemplo do bebê que está aprendendo a comer sozinho. Inicialmente, ele se suja inteiro, pois não é fácil desenvolver a habilidade motora de segurar a colher e acertar a boca sem deixar o alimento cair. A autora enfatiza que essa habilidade não demanda apenas desenvolvimento físico, mas também perceptual: o bebê precisa usar o tato para segurar a colher, a visão para vê-la, e o tato e o paladar para reconhecer quando o alimento chega à boca. Da mesma maneira que o desenvolvimento físico é base para as outras capacidades, ao desenvolver a percepção o bebê prepara-se para o que está por vir. Por exemplo, ele ouve as vozes em volta e se prepara para falar, ele enxerga, distingue características e passa a saber quem é cada pessoa etc. Bee (1995) divide a percepção em dois grupos: habilidades sensoriais básicas e complexas. 7 2 Habilidades sensoriais e habilidades de percepção complexa Em quanto ao desenvolvimento das habilidades sensoriais básicas, podemos mencionar: Visão Bee (1995) apresenta três habilidades principais referentes ao sentido da visão. Confira. Audição Em relação à audição, Bee (1995) destaca duas habilidades: acuidade e capacidade de detectar localizações. Acuidade o bebê possui a capacidade de ouvir sons, tom e altura, bastante desenvolvida. Detecção de localizações O bebê consegue distinguir de onde vêm os sons, demonstrando isso quando vira cabeça em determinada direção. Olfato Bebês conseguem diferenciar o cheiro de sua mãe. Paladar Os bebês conseguem reconhecer os quatro sabores principais – doce, amargo, salgado e azedo. 8 Tato O bebê consegue saber o que fazer ao tocar a mama da mãe e, assim, aprende a sugar. É um dos sentidos mais desenvolvidos no recém-nascido. Entre as habilidades de percepção complexas se encontram; • Visão: a percepção de profundidade é uma das habilidades mais interessan- tes de analisar, pois permite calcular distâncias (BEE, 1995). É neste momen- to que o bebê avalia a distância da colher que ele tenta colocar na boca com um alimento, por exemplo. Bee (1995) sugere que essa capacidade desenvol- ve-se a partir dos seis meses de idade. Desenvolvimento de capacidades complexas Fonte: Plataforma Deduca (2021). #PraCegoVer: Criança de 6-7 anos de idade olhando com uma lupa flores no campo. • Audição: um dos exemplos de percepção complexa é a capacidade de distin- guir os sons das falas. Esse é o caminho inicial para o desenvolvimento da linguagem. Outra habilidade relevante é a capacidade dos recém-nascidos de discriminar vozes: o bebê consegue diferenciar a voz da mãe em relação à de outra mulher, preferindo a da mãe. • Relacionando vários sentidos Sabe-se, porém, que dificilmente usaremos os sentidos separadamente. O desenvolvimento perceptual breve é uma das grandes descobertas dos psi- cólogos, segundo Bee (1995). Há 30 anos não se acreditava que os bebês poderiam responder tão rapidamente com seu aparato perceptivo. Esta nova visão abre espaço para discussões mais amplas e complexas, incluindo o desenvolvimento cognitivo e o da linguagem, que você verá a seguir. 9 3 Desenvolvimento cognitivo Jean Piaget foi um dos grandes teóricos que pesquisou o desenvolvimento cognitivo. A partir de estágios bem estabelecidos, estudou,refletiu e descreveu a maneira como ocorre, em idades específicas, o desenvolvimento cognitivo. Relembre os estágios do desenvolvimento cognitivo segundo Piaget: sensório-motor, pré-operacional, operações concretas e operações formais. Partindo de Piaget, outros estudiosos, concordando e/ou discordando de sua teoria, passaram a observar, estudar e refletir sobre esse momento do desenvolvimento. Um dos pontos estudados é a imitação, a capacidade que o bebê apresenta quando procura imitar alguma pessoa de suas relações. Segundo Bee (1995), Piaget concluiu que os bebês quando muito pequenos já conseguiam imitar gestos, porém, pontuou que a imitação de expressões faciais só era possível a partir dos oito meses de idade. Porém, estudos posteriores a Piaget comprovaram que bebês recém-nascidos já procuram imitar expressões faciais apresentadas a eles. A autora também cita Carolyn Rovee-Collier (1993) para explicar um novo elemento estudado e que foi detectado como um degrau do desenvolvimento cognitivo: a memória dos bebês. A partir dos três meses, o bebê já consegue se lembrar de episódios que foram apresentados a ele repetidamente. Quando exposto ao mesmo acontecimento, sua tendência é repetir a mesma resposta ao estímulo. O desenvolvimento cognitivo apresenta características específicas para cada fase de vida, do período pré-escolar ao escolar. Deve ser feito uma análise do desenvolvimento da linguagem. A partir do primeiro ano de vida das crianças, o processo de aquisição da linguagem acelera-se. As etapas percorridas por elas nesse processo não ocorrem sempre na mesma época: as crianças possuem ritmos diferentes e não necessariamente desenvolverão sua capacidade linguística nas mesmas idades. O mais importante é a sequência de etapas aqui apresentada. • Fase pré-linguística O primeiro som emitido por uma criança é o choro e esta é, também, a pri- meira maneira que ela encontra para comunicar uma necessidade. Quando avança para os dois meses, o bebê já emite outros sons, como algumas vo- gais, que já podem expressar determinados sentimentos, como de satisfação, 10 por exemplo. Em torno dos seis meses, o bebê começa a pronunciar sons de consoantes, pronunciando algumas sílabas e esse balbuciar vai dessa fase da vida até ele completar um ano de idade. Juntamente com o balbuciar, por volta dos nove meses, o bebê desenvolve sua capacidade gestual para in- dicar alguma coisa que deseja. É nesse momento que a criança demonstra realmente vontade de se comunicar com o adulto. A importância da comunicação Fonte: Plataforma Deduca (2021). #PraCegoVer: Jovem se comunicando com linguagem de sinais. • As primeiras palavras Por volta do primeiro ano de vida, a criança fala, então, a primeira palavra, referindo-se a algo. Inicialmente ela demora em aprender as palavras e o faz a partir do momento em que elas lhe são repetidas. Até um ano e seis meses, seu vocabulário é restrito. Nesse momento, começa a ampliar-se e, como coloca Bee (1995, p. 234) os bebês percebem que “[...] as coisas têm nomes”. Uma nova explosão de vocabulário ocorre nos anos pré-escolares. A criança passa a relacionar palavras e a compreender a semelhança entre elas. • Formando frases A terceira etapa é aquela em que a criança inicia o processo de juntar as pa- lavras e formar uma frase. Isso normalmente ocorre próximo aos dois anos de idade. Inicialmente, são proferidas frases curtas, com duas palavras, de- pois o enunciado passa a contar com três, quatro, cinco etc. Passado um ano desse novo aprendizado, as frases tornam-se mais complexas e a criança consegue expressar com clareza o que deseja falar. 11 • Aprender a ler Esse processo ocorre após a sedimentação dos processos prévios e, segun- do Bee (1995), já é comprovado que uma criança com um vocabulário mais desenvolvido e com uma capacidade e consciência mais elaboradas para reunir frases, consegue se sair melhor no aprendizado da leitura. Estímulos dados pelas pessoas mais próximas fazem com que a criança responda mais rapidamente ao ensinamento da escola e consiga relacionar e compreender significados e até realizar trocas por sinônimos para conseguir entender o que é lido. 12 Fechamento Nesta unidade, você aprendeu que: • No início da vida o bebê já apresenta várias habilidades, tais como a reflexiva, de percepção e motoras, de aprendizagem e habilidades sociais; • As habilidades reflexivas podem ser adaptativas ou primitivas; • As habilidades sensórias dividem-se em básicas e complexas; • Um bebê consegue identificar de onde vêm os sons e acompanhar com os olhos o movimento de objetos; • Os estímulos são essenciais para o desenvolvimento cognitivo; • O desenvolvimento da linguagem se dá por fases: pré-linguística, primeiras palavras, formação de frases e aprendizado da leitura; elas não ocorrem ne- cessariamente na mesma época. 13 Referências BEE, H. A criança em desenvolvimento. Porto Alegre: Artmed, 1995. PILETTI, N.; ROSSATO, S.M. Psicologia da aprendizagem: da teoria de condicionamento ao construtivismo. São Paulo: Contexto, 2013.
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