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Cistite Aguda

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Cistite Aguda 1
Cistite Aguda
Definição
Trata-se de uma síndrome clínica causada, principalmente, por bactérias 
coliformes que podem ascender da uretra para bexiga. 
É de longe a infecção urológica mais comum 
Ascensão de bactérias coliformes pela urina 
Mulheres: 
1° Escherichia coli (75-90%)
2° Staphylococcus saprophyticus (10%)
Outros: Proteus mirabilis, Klebsiella sp, Enterococcus spp
Homens: 
E. coli e enterobacterias 
Vírus - adenovírus (crianças) - cistite hemorrágica 
Anatomia Patológica 
Resposta inflamatória do urotélio 
Hiperemia, edema e infiltrado inflamatório (neutrófilos) só a camada da 
mucosa. 
Evolução - substituição da mucosa por tecido glandular, hemorrágico, friável 
e ulcerada, geralmente, com muscular preservada 
Incidência 
50% das mulheres terão cistite pelo menos 1x 
10% das mulheres terão cistite anualmente 
Mais comum nas mulheres após relação sexual 
Período neonatal - fimose, malformações do trato urinário com isso mais 
comum nos homens 
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São fatores de risco na infecção do trato urinário recorrente: 
Intercurso sexual versus frequência - mais de quatro no mês - e novo 
parceiro no último ano 
Uso de diafragma associado a espermicida 
Primeira infecção com menos de 15 anos 
História de infecção do trato urinário recorrente 
Tratamento com antibiótico recente 
Fatores anatômicos - pequena distância entre o ânus e a uretra 
Grupo ABO não secretório - somente em pós-menopausa 
Nível baixo de estrogênio 
Incontinência urinária 
Cistocele 
Resíduo pós-miccional 
Função defeituosa do gene CXCRI 
Fatores Relacionados 
Obstrução do fluxo urinário (HPB, câncer de próstata localmente avançado, 
estenose de uretra, corpo estranho) 
Bexiga neurogênica 
Baixa ingesta hídrica 
Atividade sexual 
Espermicida 
Atrofia da vagina - menopausa 
Hipoestrogenismo 
Uso frequente de antibióticos 
Sondagem vesical 
Incontinência urinária e fecal 
Resíduo miccional - Função defeituosa do gene CXCRI 
Coito anal desprotegido (ambos os sexos) 
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Quadro Clínico 
Disúria + polaciúria na ausência de corrimento vaginal = probabilidade de 
90% de se tratar de cistite aguda no sexo feminino. 
Outros sintomas: dor pélvica, noctúria 
Sintomas miccionais irritativos, como polaciúria, disúria, hematúria, ardência 
miccional, dor suprapúbica, noctúria e urgência miccional são os mais 
frequentes na cistite aguda. 
Achados Laboratoriais 
Hemograma: normal ou discreta leucocitose (raramente algum desvio) 
Urina: turva, com grumos em suspensão e fétida 
Teste com fitas reagentes: leucócitos e esterase ou nitrito (gram -/bactérias 
produtoras de urease) → pode iniciar o tratamento. 
Leucocitúria isolada não é indicativa de infecção urinária
Cultura: infecções persistentes e recorrentes 
Antibiograma 
Cultura quantitativa e qualitativa com antibiograma pode ser solicitada 
principalmente em pacientes com infecções recorrentes ou persistentes ou 
em casos de IR e alergia a drogas. 
Achados de Imagem 
Diagnóstico é eminentemente clínico
Habitualmente desnecessário 
Crianças: 
Suspeita de anomalia do trato urinário 
Fimose - nos meninos 
Infecção por Proteus: 
Pesquisa de cálculos de estruvita (coraliforme) 
Produtora de urease 
Deve-se fazer antibiograma 
Diagnóstico Diferencial
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Uretrites: diferencia de uma cistite aguda, pois costuma ter corrimento 
uretral 
Vulvovaginites 
Carcinoma de bexiga: lesões vesicais 
Cistite intersticial: quadro típicos de uma cistite persistentes, mas com 
exames de urina normais ou praticamente normais, com urocultura 
negativa. 
Cistite actínica: histórico de raditerapia prévia 
Cálculos vesicais e ureterais 
Hiperplasia prostática benigna 
Prostatistes 
Complicações 
Pielonefrite (mais propensa em gestantes e crianças com refluxo) 
Cistite enfisematosa: diabetes descompensados que pode evoluir para 
urosepse. 
Infecções de repetição 
*É indispensável fazer exame de sedimento urinário e/ou cultura e 
antibiograma antes de iniciar o tratamento de uma cistite na mulher? 
NÃO 
Indicações de Exame de Urina e Urocultura 
CISTITE NA MULHER 
Sintomas por mais de 7 dias 
Febre 
Sintomas sugestivos de vaginite 
Diabetes, imunossupressão 
Gravidez 
Dor abdominal, náuseas e vômitos - sinal indireto de pielonefrite 
Hematúria franca em maiores de 50 anos 
Alterações urológicas ou DRC 
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Cálculos renais recentes ou atuais 
Internação hospitalar nas últimas 2 semanas 
ITU tratada nas últimas 2 semanas 
ITU sintomática recorrente 
CISTITE NO HOMEM 
Colher sempre que possível 
Tratamento 
MULHER NÃO GESTANTE 
Primeira Linha: 
Fosfomicina: 3g, dose única 
Nitrofurantoína: 100 mg a cada 6 horas por 5 dias 
Pivmecilinam 400 mg a cada 12 horas por 5 dias = indisponível no 
Brasil 
Sulfametoxazol + trimetoprima (Bactrim) 800/160 mg a cada 12 
horas por 3 dias = resistência elevada no Brasil (+/- 30%) 
Só se usa se tiver um antibiograma mostrando sensibilidade. 
Segunda Linha: 
Cefuroxima: 250 mg, a cada 12 horas, por 7 dias 
Amoxicilina- clavulanato: 500/125 mg a cada 8 horas ou 875/125 
mg a cada 12 horas por 7 dias 
Terceira Linha: 
Fluoroquinolonas e demais betalactâmicos
Fenazopiridina, 200 mg, 3x/dia, por até 48 horas, pode ser usada para 
aliviar disúria moderada a grave. Lembrando que costuma tingir a urina 
de um tom alaranjado e é comum ter intolerância gástrica associada. 
MULHER GESTANTE
Devem ser colhidos exames de urina - urina tipo I ou sedimento urinário 
- e urocultura, e iniciado o tratamento empírico. 
Fosfomicina trometamol: 3g, dose única 
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Nitrofurantoína: 100 mg a cada 6 horas por 5 dias - CI após 37 semanas 
de gestação 
Amoxicilina- clavulanato: 500/125 mg a cada 8 horas ou 875/125 mg a 
cada 12 horas por 7 dias 
Cefuroxima: 250 mg a cada 12 horas por 7 dias 
Uso de quinolonas CI. 
HOMENS 
Maioria dos casos, a cistite no homem associa-se a hiperplasia 
prostática. 
Devem ser realizados exame de urina - urina tipo I ou sedimento 
urinário - e urocultura, além do exame clínico da próstata. 
Primeira Linha: 
Fosfomicina: 3g, dose única 
Nitrofurantoína: 100 mg a cada 6 horas por 7 dias 
Segunda Linha: 
Cefuroxima: 250 mg a cada 12 horas por 7 dias 
Amoxicilina- clavulanato: 500/125 mg a cada 8 horas ou 875/125 
mg a cada 12 horas por 7 dias 
Ciprofloxacino 500 mg a cada 12 horas por 7 dias, ou norfloxacino 
400 mg a cada 12 horas por 7 dias, ou levofluxacino 500 ou 750 mg 
a cada 24 horas, por 7 dias 
Em casos de pacientes muito sintomáticos ou suspeita de 
acometimento prostático, considerar fluoroquinolonas, como 
ciprofloxacino ou levofloxacino. 
CISTITE EM PACIENTES COM DIABETES, IMUNOSSUPRESSÃO, 
INTERNAÇÃO HOSPITALAR RECENTE OU HISTÓRIA DE CÁLCULOS 
RENAIS 
Devem ser realizados exames de urina - urina tipo I ou sedimento 
urinário - e urocultura antes do tratamento empírico. 
Caso não haja a resolução dos sintomas ou exista história de alterações 
renais ou urológicas - deve ser feita investigação mais ampla. 
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Presença de sinais sistêmicos (febre, dor abdominal, náuseas ou 
vômitos) = suspeitar de pielonefrite, tratada por 10 a 14 dias, 
eventualmente, 28 dias. 
Acompanhamento 
Cerca de 90% das mulheres estarão assintomáticas 72h após início da 
antibioticoterapia: não é preciso pedir exame de controle. 
Se persistência ou piora dos sintomas: investigar 
Observação: 
Evitar o uso de quinolonas no tratamento de cistite - resistência está 
aumentando. 
ITU/Cistite de Repetição 
ITU de repetição 
= 3 ou mais em 1 ano ou 2 ou + em 6 meses 
30% das mulheres terão 
FATORES DE RISCO 
Atividade sexual 
Novo parceiro sexual no último ano 
História familiar de ITU de repetição em familiares de primeiro grau 
Uso recente de antibióticos 
Uso de espermicida 
História de ITU antes da menopausa 
Menopausa 
Incontinência urinária 
Resíduo miccional elevado 
Cistocele 
AVALIAÇÃO 
Anamnese Detalhada 
Diferenciar sintomasdo trato urinário inferior de ITU 
Exame Físico 
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Globo vesical palpável 
Atrofia vulvar 
Prolapsos 
Divertículos uretrais 
Exames Laboratoriais 
Função renal 
Urina tipo I 
Urocultura com antibiograma 
Exames de Imagem e Cistoscopia 
NÃO é obrigatório para todos 
Exceto: 
Trauma ou operação no trato urinário 
Histórico de litíase renal ou vesical 
Hematúria macroscópica ou microscópica após ITU 
Sintomas de esvaziamento - esforço miccional 
ITU por bactéria produtora de urease 
Antecedente oncológico abdominopélvico 
Persistência bacteriana após terapia guiada por antibiograma 
Diabetes e outras imunodeficiências 
Pneumatúria, fecalúria, bactéria anaeróbia, diverticulite prévia 
Pielonefrite de repetição 
Está estranho? INVESTIGUE 
MECANISMO 
Reinfecção Persistência
Frequência Mais comum Rara
Etiologia
Fatores de risco e
comportamentais
Alterações anatômicas
Clínica Melhora e depois recidiva Nunca resolve
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completamente
Micro-
Organismo
Pode ser o mesmo ou não O mesmo patógeno
TRATAMENTO 
Persistência = tratar causa base
Reinfecção: 
Medidas Comportamentais: 
Aumento ingesta hídrica 
Não segurar urina 
Urinar despois do coito 
Antibiótico profilático de 2 a 6 meses (podendo usar até 12 meses) 
Usa- se uma dose menor do que a dose terapêutica e toma 
antes de dormir 
Nitrofurantoína que é 100 mg de 6/6 —> Toma-se somente 1x/d 
antes de dormir. 
Na gestação: 
Nitrofurantoína 100 mg a noite - CI após 37 semanas de 
gestação 
Cefalexina: 250/500 mg a noite 
Fora do período gestacional são: 
Fosfomicina trometamol: 3g, a cada 10 dias 
Nitrofurantoína: 100 mg a noite 
Outros menos usados: sulfametoxazol + trimetoprima, 
fluoroquinolonas e trimetoprima 
Antibiótico pós- coito 
Quando há relação cronológica da ITU com coito. Ingerir 1 dose 
de antibiótico até 30 minutos antes ou 30 minutos depois. 
Opções: nitrofurantoína 100 mg, cefalexina 500 mg, 
sulfametoxazol + trimetoprima 400/80 mg 
Cranberry 
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Polifenol tipo A proantocianidina (PAC): 
Impede as fímbrias da E.coli de aderir no urotélio 
Dose mínima 36 mg de PAC por dia (cerca de 200 mL de 
suco, 2x ao dia) 
Resultados ainda controversos (1 meta-análise a favor e 1 
contra)
Estrogênio Tópico: 
Menopausa faz uma atrofia na vagina 
Menopausa causa alterações na microflora vaginal: perda 
lactobacilos, aumento colonização por E. coli 
Diminuição ITU repetição em mulheres na menopausa 
Pode levar até 12 semanas para começar a fazer efeito para 
ITU 
Parece não aumentar risco de recorrência de câncer de mama 
Probióticos: sem informações suficientes 
D- mannose: 
Açúcar, impede adesão das bactérias ao urotélio 
Sem informações suficientes, mas promissor 
Metenamina (Sepurin), fenazopiridina (Pyridium)
São usados há cerca de 100 anos 
Excreção 70-90% renal 
São convertidos em amônia e formaldeído em pH ácido 
Formaldeído é bacteriostático ou bactericida (depende da dose) 
Uso concomitante de vitamina C potencializa efeito (acidifica 
urina) 
Sem efeito em bactérias produtoras de urease
Sintomáticos do trato urinário e em casos mais leves, até para 
associar com ATB 
Profilaxia com Imunoativos: 
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Imunoestimulante oral OM-89 (UroVaxom): 
18 cepa inativas de E.coli uropatogênicas 
Estimulam atividade de neutrófilos e macrófogos 
direcionados a E.coli uropatogênicos 
Diminui em cerca de 50% os episódios de ITU 
Ingeridos diariamente por período de tempo de 2 a 6 meses 
parecem aumentar a resposta imune contra a E. coli 
Cistite Intersticial 
Definição: inflamação crônica da bexiga idiopática 
Lesões de Hunner 
Doença rara 
Homens: mulheres - 1:5 
Homens: confusão com HPB 
Diagnóstico de exclusão
Lesões de Hunner em apenas 20%
Sinônimo: “síndrome da bexiga dolorosa”
DEFINIÇÃO:
Sensação desagradável na bexiga (dor, pressão ou desconforto) + 
Sintomas do trato urinário inferior por pelo menos 6 semanas + 
Ausência de infecção ou outra causa identificável 
AVALIAÇÃO INICIAL: 
Anamnese: 
Dor: local, intensidade, fatores de melhora ou piora 
Dispareunia 
Radioterapia prévia - FR 
Doenças autoimunes 
Síndrome do intestino irritável 
Fibromialgia 
Cistite Aguda 12
Dor ou desconforto pélvico, aumento da frequência miccional, 
noctúria e urgência miccional 
Exame Físico 
Urina tipo I + urocultura + citologia 
Diário miccional: quantas vezes a paciente vai urinar, qual volume de 
cada micção 
Urodinâmico (opcional) 
Cistoscopia com biópsia (opcional) 
TRATAMENTO: 
1a Linha
Relaxamento; controle de estresse; mudança estilo de vida;
controle álgico
2a Linha
Fisioterapia; amitriptilina, hidroxizina, cimetidina; lidocaína
intravesical; controle álgico
3a Linha
Hidrodistensão; tratamento de lesões de Hunner (cauterizar);
controle álgico
4a Linha Toxina botulínica; neuromodulação; controle álgico
5a Linha Ciclosporina; controle álgico
6a Linha Substituição vesical; controle álgico
Hidrodistensão: CC - introduz o cistoscópio na uretra e expande o 
máximo que se conseguir a bexiga (400 - 500 mL de soro) e, deixa um 
tempo, que causa uma distensão na bexiga, melhora os sintomas.

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