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AGROFLORESTA SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO

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Faculdades Integradas Norte do Paraná – UNOPAR
SISTEMA DE ENSINO A DISTÂNCIA
sociologia - Licenciatura
Ronnie Manhães TavaresAGROFLORESTA:
SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO
São Francisco do Itabapoana - RJ
2022
Ronnie Manhães Tavares
AGROFLORESTA:
SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO
Trabalho apresentado à Faculdades Integradas Norte do Paraná – UNOPAR, como requisito parcial à aprovação no 8º semestre do curso de Sociologia - Licenciatura.
	Tutor à Distância: Andresa Aranda Nicolau
São Francisco do Itabapoana - RJ
2022
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	4
1 	DESENVOLVIMENTO	5
CONCLUSÃO	9
REFERÊNCIAS	10
INTRODUÇÃO
A elaboração do portfólio tem por base uma situação geradora de aprendizagem que busca colocar em prática todos os conhecimentos, habilidades e competências para com as disciplinas ministradas ao longo do semestre letivo. A proposta é integrar o acadêmico para uma vivência de sua futura prática profissional de licenciatura em Sociologia, focada na prática da Agrofloresta: sustentabilidade e desenvolvimento. 
A disciplina Sociologia e Meio Ambiente possui grande importância e relevância durante o período escolar e quando implementada por bons docentes, consegue levar um excelente desenvolvimento aos alunos que serão utilizados ao longo de toda a sua vida. 
O estudo de caso em questão retrata a situação da Muvuca que vira floresta, o fenômeno da urbanização chega no campo com a adoção cada vez mais corrente e constante de uma agricultura em larga escala, pautada na monocultura e na produção de commodities.
A utilização de Sistemas Agroflorestais (SAFs) por se tratar de uma importante ferramenta que transcende qualquer modelo pronto e utiliza conceitos básicos e fundamentais da ecologia, além de conciliar a recuperação, a conservação, a produção e, consequentemente, o retorno econômico, em um mesmo espaço e tempo.
No bom português, uma muvuca é uma aglomeração de pessoas, uma mistura, um agito, junto às pessoas, imagine sementes. A muvuca é um coquetel de sementes que são plantadas de uma só vez. Milho, feijão, urucum, caju, marupá, angico, aroeira-verdadeira, jerivá, ipês, copaíba, mulungu, xixá, buriti, bacaba, baru, açaí e angelim são algumas das sementes que viram floresta. Uma muvuca tem cerca de 90 quilos de sementes de até 120 espécies para cada hectare que será plantado.
1 	DESENVOLVIMENTO
Devido ao aumento da demanda por alimentos e por commodities provindas da produção agrícola, associado aos diversos avanços tecnológicos e científicos, a agricultura nacional apresentou um grande aumento, tanto na área cultivada quanto na produtividade (CONTINI et al., 2006). Com isso, hoje o Brasil ocupa posição de destaque no cenário do agronegócio mundial, como um dos maiores fornecedores de produtos agropecuários, principalmente de grãos e de carne (GASQUES et al., 2004). 
Contudo, essa expansão agrícola tem gerado diversos impactos, tanto ambientais quanto sociais. Altas taxas de queimadas e desmatamento associadas ao êxodo rural e concentração fundiária ocorrem principalmente nas regiões das fronteiras agrícolas. Diante deste cenário, novas estratégias para a recuperação de áreas degradadas e restauração florestal, aliadas à produção de alimentos diversificados e mais saudáveis, vêm sendo propostas como meio de viabilizar sistemas produtivos agrícolas mais sustentáveis e adaptados aos ecossistemas florestais tropicais, em especial para os pequenos agricultores familiares (PORTO & SOARES, 2012). 
Outra vantagem técnica de utilização da muvuca é que as árvores plantadas têm o sistema radicular mais bem desenvolvido que as mudas, as raízes são mais profundas e conseguem sobreviver melhor à seca e a eventos extremos de mudanças ambientais.
Em suma, a técnica de plantio de Muvuca de sementes, exerce uma relação importante no contexto da restauração ecológica, principalmente em áreas de preservação degradadas. Essa técnica de plantio utilizada para fazer com que a floresta fique em pé novamente é essencial, principalmente nas regiões como a Amazônia, onde as florestas são o meio mais eficiente e econômico para a remoção e armazenamento de gás carbônico, um dos gases que podem desequilibrar o efeito estufa. Outra característica dessa técnica está ligada ao fator econômico. Isso porque, a Muvuca exige menos manutenção e monitoramento, remunerando uma cadeia produtiva mais densa. Além disso, a técnica se destaca por apresentar cobertura florestal que se compara ao crescimento orgânico da floresta.
Quando se trata da técnica de Muvuca de sementes, é importante ressaltar a seleção das espécies, a proporção de cada mistura, o preparo da terra e, também, a época certa de plantio e colheita. Dentre os fatores que essa técnica proporciona está a melhoria na qualidade da água, o desenvolvimento da biodiversidade. Além disso, é notável seus efeitos para a produção agrícola e também para as nascentes dos rios que passam a retomar seu curso inicial. 
Algumas semanas após o plantio de coquetel de sementes, já é possível o processo de florescimento. Com cerca de um ano, a vegetação toma de conta da área e se torna um labirinto verde. Basicamente, as árvores pioneiras têm a função de fazer sombra e garantir que as plantas secundarias germinem e se desenvolvam. Logo após esse processo, as áreas começam a ganhar cara de florestas. Isso porque, as árvores de crescimento avançado morrem, dando lugar às árvores altas que possuem longos ciclos de vida. Esse processo também é importante para Fauna, pois faz com que os animais voltem aos seus locais trazendo, também, novas espécies nativas.
Talvez a definição mais comum de sustentabilidade tenha evoluído da descrição de desenvolvimento sustentável feita pela Comissão sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas: "Atender às necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de futuras gerações de atender às próprias necessidades" (FARIAS, 2011). Para melhor elucidação, dar-se-á outro conceito de sustentabilidade, que consiste na exploração equilibrada dos recursos naturais, nos limites da satisfação das necessidades e do bem-estar da presente geração, assim como de sua conservação no interesse das gerações futuras (LÖWY, 2008). E ainda, como define Farias (2011, p. 28), "sustentabilidade é igualdade ao longo do tempo". Ela deve se estender ao mundo inteiro, e não apenas algumas florestas.
Com o passar dos anos, a natureza adquiriu variados significados, esses condicionados ao seu uso, domínio e apropriação, alvos diretos da lógica capitalista, que a dimensiona como simples utilidade (natureza objeto, natureza mercado). Tal significado apesar de ter como marco histórico a segunda Revolução Industrial, vem até os dias de hoje agravando-se, diante de um comércio super lucrativo, cuja a rotatividade de matérias primas e espaços ecológicos ultrapassam o ideal a sobrevivência.
De modo acertado, pode-se afirmar que estamos em meio a uma crise ambiental, emersa em institutos consagrados pela e para a nova forma de capitalismo global, tais como o dinheiro, a globalização, corporações, massificação da produção, o imperialismo econômico, o consumismo e a busca pelo lucro incessante, os quais, dificilmente se desvincularão do Estado e da sociedade presente, sem causar uma grande desordem na estrutura societária.
O impacto do capitalismo nos bens ambientais é nítido quando se analisa a progressão das concepções de terra, já que essa acompanhou a evolução da economia de mercado, como também conduziu diversos pensamentos filosóficos acerca da propriedade da terra, da força de trabalho e de valia dos bens ambientais, ao mesmo tempo que atrela valores comportamentais aos serres humanos, o que culminou em pensamentos extremamente individualistas, daí emerge a propriedade privada- senhora dos nossos objetivos.
Diante do contexto de incertezas e disputas para manter a proteção as legislações ambientais, vislumbrar nas inovações conceituais dos legisladores andinos e sua construçãopolítica e filosófica sobre a natureza como sujeito de direitos na Constituição Federal dos países já citados, vem se propondo como um sopro de esperança a maior efetividade na preservação ambiental.
Todavia, é lamentável a permanência da inércia da legislação constitucional e ambiental brasileira em não positivar a ideia latino-americana, mesmo que já se encontre em grupos de estudos e autores o interesse quanto ao tema. Assim, ainda é preferível no âmbito legislativo, continuar insistindo num modelo de sustentabilidade, a todo tempo citado nas leis, porém já desacreditado e ineficaz.
Nas últimas décadas, o país vivenciou grandes transformações na atividade agropecuária em função da progressiva modernização das operações agrícolas, logísticas e de comercialização, tendo como protagonistas nesse processo a atuação estratégica do Estado e as grandes empresas nacionais e transnacionais. Várias regiões e seus respectivos municípios foram incorporados, de forma socialmente excludente e ambientalmente insustentável, à lógica de produção e exportação competitiva de commodities agrícolas para os mercados internacionais, o que tem acarretado diversas implicações socioespaciais. A superação do padrão produtivo derivado dos Complexos Agroindustriais e a constituição de uma agricultura científica globalizada trouxeram novos desafios à organização econômica e política do território, bem como situações geográficas de vulnerabilidade nas principais regiões produtivas do agronegócio.
A partir do levantamento das redes de sementes, a constatação de que, diante da demanda significativa por sementes e mudas para o cumprimento das metas e exigências legais para a recuperação da vegetação nativa, o número de redes de coletores de sementes com a participação de indígenas é muito reduzido. Uma vez que os povos indígenas detêm o usufruto exclusivo de territórios protegidos em todas as regiões biogeográficas e todo um corpo de conhecimento tradicional de sua vegetação.
As transformações no campo são percebidas, não necessitando muitos conhecimentos prévios das atividades desenvolvidas nesse espaço, pois a paisagem passa por alterações a todo o momento. Os agentes urbanos tornam-se responsáveis por tais alterações da vida no campo. A relação campo/cidade não pode ser estudada de forma dissociada, pois após o evento da industrialização, os laços entre as atividades do campo e as da cidade tornaram-se interdependentes. Com a modernização, tornou-se possível potencializar a produção agrícola via artificialização das etapas do tempo da natureza com uso de técnicas e uso massivo da mecanização agrícola. Com isso, os indígenas, em especial, passaram a atuar no ramo das sementes de muvuca como facilitadoras no processo de recuperar o meio ambiente. No entanto, a melhoria nas condições do modo de vida urbano não contempla a todos no espaço rural, podendo ser intensificadas as diferenças socioeconômicas.
A composição do mix de sementes varia de acordo com o bioma onde será implantado e também com os objetivos de quem planta. Por isso também o preço da muvuca muda conforme a combinação de espécies escolhidas para arranjos de plantio e locais específicos. As sementes têm a precificação reajustada a cada ano acompanhando a disponibilidade na natureza e a demanda do mercado. O valor de coletar uma semente específica varia de núcleo para núcleo coletor por questões logísticas e naturais e é preciso cobrir o custo mínimo que o coletor tem para fazer esse trabalho. Outra vantagem técnica de utilização da muvuca é que as árvores plantadas têm o sistema radicular mais bem desenvolvido que as mudas, as raízes são mais profundas e conseguem sobreviver melhor à seca e a eventos extremos de mudanças ambientais.
CONCLUSÃO
É de se dizer que a possibilidade da técnica da muvuca de sementes em alta densidade pode favorecer a sucessão ecológica ocorra de forma similar a natural. As plantas de ciclo de vida curto podem serem substituídos por espécies de ciclos de vida mais longos, estabelecendo assim, uma dinâmica inicial de restauração. O que se nota é que a proteção ao Meio Ambiente por meio de processos de restauração ecológica tornou-se uma das grandes preocupações do último século.
Por tais considerações, a expansão da fronteira agrícola e a exploração do meio natural são indispensáveis para o crescimento econômico do país, porém esta exploração tem seus efeitos colaterais que de forma direta ou indireta influenciam na ocorrência de danos ambientais que chamam a atenção pela imensa devastação causada e pelo grande número de vítimas atingidas, não restando outra alternativa a não ser multiplicar e difundir a restauração ecológica pela técnica da semeadura direta.
REFERÊNCIAS 
DUMÉNIL, Gérard; LÉVY, Dominique. Neoliberalismo: neoimperialismo. Economia e Sociedade, Volume: 16, Número: 1, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ecos/i/2007.v16n1/ Acesso em: 24 out. 2022.
FARIAS, T. Q. Propedêutica do Direito Ambiental. Disponível em http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/26876-26878-1-PB.pdf
Acesso em: 20 out. 2022.
LÖWY, M. Ecologia e Socialismo. São Paulo: Cortez. 2005.
MEDEIROS, Rosangela Ap. Campo e cidade, rural e urbano no brasil contemporâneo. In: Mercator - Revista de Geografia da UFC, 12(2), 103-112. 2013. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=273628672008 Acesso: 20 out. 2022.
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Como o conhecimento indígena pode ajudar a prevenir crises ambientais. Disponível em: https://www.unep.org/pt-br/noticias-ereportagens/reportagem/como-o-conhecimento-indigena-pode-ajudar-prevenir-crises Acesso 21 out. 2022.

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