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Concepções Qualitativas e Quantitativas na Psicologia

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PSICOLOGIA DA PESSOA COM 
NECESSIDADES ESPECIAIS
CONCEPÇÃO QUALITATIVA X CONCEPÇÃO 
QUANTITATIVA – O NORMAL E O 
PATOLÓGICO
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Olá!
Nesta aula, você conhecerá e discutirá as noções sobre o normal e o patológico, e ainda as concepções
qualitativas e quantitativas dos termos. Abordaremos também a visão diferenciada sobre o tema deficiência, as
transformações dos modelos institucionalizados propostos por uma visão psicométrica e a valorização da
 criatividade como possibilidade de mudança de paradigmas. Bons estudos!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1- Identificar as concepções qualitativas e quantitativas dos termos “normal” e “patológico”;
2- Registrar os alicerces teóricos sobre o que é ser especial.
1 Concepções qualitativas e quantitativas
Em que consiste ser normal? Afinal, o que é normalidade, visto que cada um pode viver intensamente,
independentemente das suas limitações?
Ao pensarmos em qualidade, identificamos uma categoria filosófica, que distingue as diversas experiências e que
não pode ser expressa numericamente.
Como Telford e Sawrey relatam, “(...) entende-os como constituindo categorias ou classes separadas e, em muitos
aspectos, distintos das pessoas” (p. 24, RJ). Já a concepção quantitativa “(...) constitui apenas diferenças de grau,
e não de espécie” (p. 24).
2 Deficiências quantitativas e qualitativas
Números, quantificações e normatizações impossibilitam o desabrochar de características antes camufladas, mas
que podem ser reconhecidas e sentidas com o coração.
O “padrão” das pessoas que apresentam deficiências quantitativas acaba, de alguma forma, sobrepondo as
pessoas que apresentam deficiências qualitativas, tendo em vista a necessidade do padrão numérico.
Um mundo com tantas diversidades permite-nos passar pela vida sem perceber as determinadas categorias que
são carregadas de juízos de valor.
Mas o que difere na prática este conceito qualitativo e quantitativo? O que muda no trato com a criança? 
Trocando em miúdos: qual é o parâmetro de normalidade? No que consiste ser normal?
Vamos dar início a uma discussão sobre patologia, anormalidade, normalidade e ausência de doença.
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3 Diferenças individuais e possibilidades
Toda a questão da deficiência quantitativa e qualitativa deve levar em conta as diferenças individuais e as
possibilidades das pessoas. Estas possuem características únicas de um sujeito em movimento, ou seja, da
pessoa que, mesmo com suas limitações, crê na possibilidade de mudanças positivas. Muitas filosofias surgem,
no que tange às questões quantitativa e qualitativa.
Quais parâmetros institucionalizados delimitam esta área de atuação? Como devemos operacionalizar esta
discussão? É uma questão de método ou de qualidade?
Telford e Sawrey, em seu livro , afirma: "O Indivíduo Excepcional Provavelmente, a questão da natureza básica
das diferenças intelectuais entre as pessoas excepcionais e normais faz parte de uma questão mais vasta: a da
natureza das diferenças individuais em geral, e talvez não tenha sequer uma resposta significativa" (1988, p. 29).
4 Antigos modelos
Criaram-se modelos que foram, ao longo do tempo, institucionalizados e que trouxeram discriminação e repúdio.
Na verdade, nem mesmo o sujeito muito inteligente, assim como o pouco inteligente, era absorvido pela
sociedade da época. Ao longo da história da educação, tornou-se mais apropriado separar as diferenças, de
forma que estas pudessem ser mais cuidadas e atendidas nas suas especificidades.Para isso, instituíram-se
escolas de atenção à pessoa que necessita de educação especial.
Mas vamos repensar: e o valor quantitativo e qualitativo? Como descartar a possibilidade do ser criativo que, na
solução dos seus problemas, cria mecanismos de suporte e ação?
A escola só está preparada para lidar com a questão da normalidade, da qualidade, e tudo que for
diferente é descartado.
Nós ditos adultos normais devemos aprender a refletir, a questionar e pensar, inclusive a situação na qual nos
encontramos.
5 Organizando um arquivo quantitativo e qualitativo
Cabe a cada um cuidar de seu próprio arquivo, injetando novas tecnologias, ampliando novos conhecimentos e
redescobrindo algo que já estava em desuso. Muitos dos nossos arquivos apresentam promessas vivas de
mudança; basta acreditar.
Diferenças quantitativas. Se nos posicionarmos enquanto os arquivos citados, vamos pensar na quantidade de
informações e na sua recepção.
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Nosso arquivo quantitativo e qualitativo necessita ser organizado, de forma que este venha somar à formação
geral.
Imaginemos que uma referida pessoa pode ser comparada a este arquivo. A quem cabe organizar? Se estivermos
“desorganizados”, por onde começamos? Esta discussão é o início de nossas interlocuções a respeito do tema.
6 Parâmetros de investigação
Aprender a questionar, aprender a pensar, simplesmente ser. A Psicologia do excepcional passa muitos anos
buscando entender o ser especial e busca na Psicometria um estabelecimento de parâmetros que visem medir os
fenômenos psíquicos.
Percebemos que tais definições não conseguem atender algo tão específico e particular, que é simplesmente
medir fenômenos. Assim, ao contrário do positivismo, a visão qualitativa ultrapassa as barreiras, crendo no
potencial qualitativo e humano de cada sujeito em especial.
Assim surge a modernidade, com novos parâmetros de investigação e novas formas de ver o homem.
A discussão entre quantitatividade e qualitatividade gera novos modelos e ainda novas técnicas de abordagem,
seja educacional, seja afetiva.
7 Perfil: normalidade e anormalidade
Há quanto tempo buscamos avaliar o que é ser normal e o que é ser anormal? E perfil? Do que se trata ter um
perfil? Trata-se de uma norma técnica, estipulada e calcada em termos psíquicos?
Peça 1
É muito importante ressaltar que autossuficiência, integridade e caráter são construídos ao longo da vida. Tais
traços representam uma pessoa, seja ela especial ou não.
Peça 2
Há muito tempo que se busca a resposta para tantas perguntas, sejam eles modelos faraônicos e vigor e beleza,
modelos sedutores renascentistas, modelos de força, beleza e vigor.
Peça 3
Qualquer sujeito que fugia do padrão de beleza e vigor era discriminado e colocado em um estado de caos social.
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8 Doença física e mental
As matrizes que nortearam durante muitos anos os perfis personalógicos permitiu separar rigorosamente a
doença física da deficiência mental. Matrizes estas que serviram e servem ainda de parâmetros, de regras que
buscam contextualizar o sujeito em um quadro ou perfil estipulado.
Não contamos neste quadro com a questão da criatividade e subjetividade humanas. Estas, sim, possibilitam a
quebra de paradigmas, tão almejada por todos os cientistas que desejaram a mudança, o respeito e a quebra de
estereótipos e preconceitos.
Segundo Kaplan e Sadock (1984), “de acordo com essa nosologia (classificação das doenças), o retardo mental é
reservado para o funcionamento subnormal devido a causas patológicas”.
Então, vamos mudar a discussão, já que muitos destes sujeitos são atuantes no mercado de trabalho.
O que se percebe é que o mundo muda e os conceitos também. Afinal, “de perto ninguém é normal”. Não existe
perfil que atenda a todos os desejos, aos protótipos e modelos existentes.
9 Alicerces teóricos sobre o que é ser especial
Idade média
A base histórica nos remonta além da discriminação relatada anteriormente, quando
pessoas eram excluídas.
Algumas eram colocadas à margem do rio para serem pegas por pedintes, que a utilizariam
para o mesmo futuro; outras, os bobos da corte, eram usadas para fazer rir; outras,
especiais, eram consideradas detentoras de poderes mágicos ou hereges; dentre outros.
Década de 60 Na década de 1960, surgem os movimentos de reabilitação no Brasil.
1994
Em 1994, a Declaração de Salamanca enfatiza que “a educação é um direito de todos,
independentemente de suas condições” (UNESCO).
Fique ligado
Helen Singer Kaplan foiuma médica austro-estadunidense, especializada em sexologia da qual
foi uma pioneira. Virginia Alcott Sadock foi professora clínica, diretora do programa de
sexualidade humana do departamento de psiquiatria.
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Dias de hoje
Percebe-se assim que, na verdade, a importância não se detém exclusivamente no conceito
de normalidade, mas sim na possibilidade de que todos, indistintamente, necessitam de
atenção especial em determinadas áreas de suas vidas.
10 Diferentes olhares
Nestes muitos olhares diferentes, o que existe de diferenças e igualdades? Do ponto de vista da atualidade, não
podemos descartar as questões sociais no que se refere à pessoa especial.
Passamos de um modelo médico normatizador, chegamos a uma busca insensata com vistas a diminuir as
diferenças existentes entre as pessoas e diminuir as marginalidades, visto que a pessoa com problemas era
excluída pelo meio.
10.1 Ética do oprimido
Por volta da década de 70, surge uma nova forma de expressão artística, criada por Augusto Boal, intitulado 
 (http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=208).Teatro do Oprimido
Surge assim uma das possibilidades de voz sobre o tratamento, as dificuldades do dia a dia, uma visão social e
uma forma de ser representado por outra voz.
Opressão, exclusão e abandono. Esta ainda é a realidade brasileira, apesar das crescentes discussões sobre o
tema.
A base de toda e qualquer mudança é a educação. Nela, transformamos pessoas em seres pensantes, criamos
novos paradigmas e pontes. Educar a família, educar a população, criar pontes são deveres de cada um de nós.
Fique ligado
Augusto Boal foi diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta brasileiro, uma das grandes figuras
do teatro contemporâneo internacional. Fundador do Teatro do Oprimido, que alia o teatro à
ação social, suas técnicas e práticas difundiram-se pelo mundo, notadamente nas três últimas
décadas do século XX, sendo largamente empregadas não só por aqueles que entendem o
teatro como instrumento de emancipação política mas também nas áreas de educação, saúde
mental e no sistema prisional.
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11 Pensando no que é ser especial
Analisando o dicionário da língua portuguesa, pergunta-se: o que significa “especial”?
Especial
Significa o que é peculiar de uma pessoa, privativo, singular, fora do comum, exclusivo entre outros significados.
REFLEXÃO
Pensando assim, por que é tão difícil ser especial?
O Presidente norte-americano Roosevelt não deixou de ser especial para o seu país porque andava de cadeira de
rodas.
Figura 1 - Roosevelt
Stevie Wonder e Andrea Bocceli são excelentes cantores, mesmo tendo perdido a visão.
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Figura 2 - Stevie Wonder
Figura 3 - Andrea Bocceli
Analisando toda esta discussão, a expressão, seja no olhar, no fazer, no falar, na arte entre tantas outras,
proporcionam a uma redescoberta de si mesmo, buscando os seus próprios sentidos.
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12 Concluindo
A deficiência pode ser vista por diversos ângulos e sempre dependerá de quem os vê. O que deve mudar, além do
olhar, é o fazer. É a possibilidade de criação de políticas públicas, onde estas pessoas possam ser inseridas.
Os modelos institucionalizados surgem em pequenas ações, principalmente familiares. Porém, buscam uma
melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência. Enquanto as ações continuarem em nossos quintais,
pouco será feito em prol de uma mudança significativa.
Devemos apostar na criatividade, não precisamos mais de letrados, e sim de pessoas contagiantes e felizes. A
quebra de paradigmas começa em nossas pequenas ações.
A Psicologia necessitou adquirir o status de ciência. Hoje, esta ciência carece de pessoas que possam investir no
sujeito, de forma a minimizar o sofrimento humano.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• Os diferentes tipos de deficiência;
• As possíveis causas;
• As consequências.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Entendeu que a pessoa com deficiência foi dividida em concepções quantitativas e qualitativas;
• Aprendeu que o perfil, muitas vezes tratado como deficiência, depende de uma série de análises;
• Entendeu que existem várias formas de expressão, tanto com os próprios deficientes, quanto às pessoas 
que se identificam com a causa.
Referências
CARVALHO-FREITAS, M.N. Sleep. In: ________.
TELFORD, Charles W.; SAWREY, James M. . 3. Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1988O indivíduo excepcional
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	Olá!
	1 Concepções qualitativas e quantitativas
	2 Deficiências quantitativas e qualitativas
	3 Diferenças individuais e possibilidades
	4 Antigos modelos
	5 Organizando um arquivo quantitativo e qualitativo
	6 Parâmetros de investigação
	7 Perfil: normalidade e anormalidade
	8 Doença física e mental
	9 Alicerces teóricos sobre o que é ser especial
	10 Diferentes olhares
	10.1 Ética do oprimido
	11 Pensando no que é ser especial
	12 Concluindo
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO
	Referências

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