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HABILIDADES MÉDICAS IV Vitoria Zabotte Barbosa - Medicina Unic Turma XXXVIII Modificações Primeira Bulha – foco mitral e tricúspide Segunda Bulha – áreas da base, aórtica e pulmonar Intensidade Posição dos folhetos da valva mitral e valva tricúspide no instante da contração ventricular – quanto mais baixos estiverem, maior o trajeto a percorrer ao e fecharem e mais intenso o ruído originado. Diminuição do enchimento ventricular – taquicardia, hipertireoidismo e contrações prematuras (extrassístole) Fibrilação atrial – ora hiperfonética, ora hipofonética Pressão intra atrial elevada Estenose mitral, as valvas afastam-se mais amplamente, e ao fecharem-se aumentam o ruído (querem permanecer fechadas, na volta há grande pressão) Velocidade da subida de pressão intraventricular lenta, pode causar hipofonese. Miocardite Miocardiopatia Miocardioesclerose IAM Insuficiência cardíaca Condições anatômicas Lesão da valva mitral com fibrose do aparelho orovalvar e fusão das comissuras – hiperfonética Estenose mitral com intensa calcificação da valva – hipofonética Capacidade contrátil do miocárdio Exercício físico, hipertireoidismo, febre, estenose mitral – hiperfonese devido, em partes, ao fechamento mais rápido das valvas Choque cardiogênico com menor força de contração do miocárdio, mais lento o fechamento – hipofonese Os fatores que influenciam na transmissão do ruído são de várias naturezas. Em indivíduos de tórax mais delgado, sobretudo em crianças, a primeira bulha costuma ser mais intensa. O oposto se dá quando as massas musculares peitorais são muito desenvolvidas ou quando há mamas volumosas, obesidade, enfisema pulmonar e derrame pericárdico são causas de hipofonese devido a baixa transmissão. Posição das valvas no início do seu fechamento – quanto maior a distância percorrida, mais intenso o ruído. Decréscimo do DC, as valvas mantêm-se próximas umas das outras no momento do fechamento e há menor ruído – hipofonese (estenose aórtica, estenose pulmonar e miocardiopatias) Aumento do DC (persistência do canal arterial e comunicação interatrial) – hiperfonese da 2 bulha na área pulmonar Condições anatômicas das valvas Valvas calcificadas – ruído de pequena intensidade (estenose aórtica calcificada) Defeitos congênitos – soldadura de valvas – hipofonese Crianças – 2 bulha mais intensa na área pulmonar Adultos e idosos – maior intensidade na área aórtica Níveis tensionais da circulação sistêmica ou pulmonar HAS – hiperfonese na área aórtica Hipertensão pulmonar – hiperfonese na área pulmonar Condições relacionada com a transmissão do ruído. Os indivíduos com tórax delgado, a 2 bulha é mais intensa. Obesidade, massa muscular, mamas volumosas e enfisema pulmonar há hipofonese. Timbre e tonalidade Estenose mitral – valvas rígidas em decorrência da fibrose – há um ruído mais intenso, com tonalidade aguda e timbre metálico A alteração mais comum do timbre e da tonalidade depende do endurecimento das sigmoides, e quando isso acontece, a bulha adquire caráter seco. Desdobramentos Crianças e jovens – assincronismo na contração ventricular Bloqueio de ramo direito – atrasa o fechamento da tricúspide – TLUM TA TLUM TA (nesses casos também há desdobramento de segunda bulha no foco pulmonar) Estuda-se na área pulmonar, porque ali ouvem-se os componentes aórticos e pulmonar Desdobramento constante e variável – Bloqueio do ramo direito do feixe de His (fechamento da valva pulmonar retarda – fenômeno traduzido eletroacusticamente acentuando na inspiração profunda) Desdobramento fixo (independente da expiração ou inspiração) – comunicação interatrial (demora mais tempo para esvaziar a câmara – valva pulmonar demora mais para fechar) HABILIDADES MÉDICAS IV Vitoria Zabotte Barbosa - Medicina Unic Turma XXXVIII Ritmos tríplices: a adição de uma terceira bulha às duas bulhas normais transforma o ritmo binário em ritmo tríplice ou ritmo de três tempos. Protodiastólicos: pode ocorrer por terceira bulha fisiológica ou patológica. Para considerar uma terceira bulha patológica não necessários outros dados que indiquem a existência de uma cardiopatia tais como insuficiência mitral, miocardite, miocardiopatia e shunts da esquerda para a direita (CIA). Na ausência de outros dados, considera-se a terceira bulha fisiológica. Pré-sistólicos: depende da presença da quarta bulha e pode aparecer sem que haja doença associada (crianças e jovens), porém é mais frequente quando há alteração da complacência ou distensibilidade ventricular – miocardiopatia, isquemia miocárdica, sobrecarga de pressão. As condições que originam uma quarta bulha patológica são as lesões estenóticas das valvas aórtica e pulmonares, hipertensão arterial, doença arterial coronariana e as miocardiopatias hipertróficas. Defeitos orovalvares adquiridos Insuficiência aórtica - incapacidade de fechamento das sigmoides aórticas → refluxo de sangue para o VE na diástole Principais causas: Doença reumática Lues Aterosclerose Endocardite infecciosa Doença primária das valvas semilunares Repercussão hemodinâmica e manifestações clínicas proporcionais ao volume de sangue refluído Insuficiência aórtica grave → falência ventricular esquerda Sintomas e sinais Dispneia Angina (devido ao “roubo” do fluxo coronariano - efeito Venturi - provocado pela rápida passagem do sangue da aorta para o VE durante a diástole) Ictus cordis deslocado para baixo e para a esquerda, tipo musculoso e amplo, indicativo de dilatação e hipertrofia do VE Desdobramento paradoxal ou invertido – bloqueio do ramo esquerdo do feixe de His. Aparece na expiração – normalmente o componente aórtico fecha-se primeiro que o pulmonar, no entanto, com o bloqueio do ramo esquerdo, o componente pulmonar fecha-se primeiro dado que a contração do VD é feita primeiro. Com uma inspiração profunda, acaba demorando mais para o VD contrair (atrasa o componente pulmonar), fazendo com que o ruído corresponda à segunda bulha. Na expiração, o componente pulmonar se adianta – DESDOBRAMENTO INVERTIDO Mascaramentos Quando há sopro sistólico de regurgitação, que têm início junto com a primeira bulha, recobrindo-a e estendendo-se até o fim da sístole. HABILIDADES MÉDICAS IV Vitoria Zabotte Barbosa - Medicina Unic Turma XXXVIII Sopro diastólico, aspirativo, em decréscimo, audível no foco aórtico acessório com irradiação para a ponta do coração Pressão diferencial aumentada: 160/60; 150/40; 140/zero Pulsação visível das carótidas (dança arterial) Presença de pulso digital e pulso capilar e oscilações da cabeça, acompanhando os batimentos cardíacos - sinal de Musset Pulsação na base da língua - sinal de Minervini Duplo sopro auscultado à compressão da artéria femoral - Sinal de Duroziez Estenose aórtica - redução do orifício da valva aórtica e alterações da via de saída do VE Causas Malformação congênita - valva bicúspide que vai se tornando espessa, fibrótica e calcificada, com redução da mobilidade de seus folhetos e diminuição da área orificial Doença reumática: processo inflamatório determina espessamento dos folhetos da valva e fusão das comissuras, impedindo sua abertura normal Quando há essa etiologia, a valva mitral costuma ser comprometida. Aliás, estenose aórtica isolada em pacientes jovens quase sempre não é de origem reumática, mas congênita. Degeneração senil: com deposição de cálcio, mais frequente em pacientes > 60 anos, acompanha-se de alterações degenerativas e deposição de cálcio nos folhetos valvares Manifestações clínicas - dependem basicamente da hipertrofia ventricular esquerda, que é o mecanismo que dispõe o coração para vencer a obstrução e manter um DC adequado. A própria hipertrofia ventricular esquerda é benéfica até certo momento. Acima disso ocorrerá hipoxemia da musculatura ventricular por não haver desenvolvimento proporcional da circulação coronária - A hipoxemia crônica provoca falência funcional do VE Angina de peito e fenômenos sincopais após esforço, os quais são explicados pela vasodilatação periférica que “rouba” sangue da circulação cerebral, pela impossibilidade de aumento do DC durante o esforço físico. Angina de peito e síncope refletem estenose grave Pulso radial de pequena amplitude ou anacrótico - estenose de grau moderado a intenso Ictus cordis intenso, pouco deslocado para baixo e para esquerda - hipertrofia de VE Frêmito sistólico Sopro sistólico de ejeção rude, localizado no foco aórtico com irradiação para cima, em direção à face lateral direita do pescoço Clique sistólico que antecede o sopro - estenose aórtica leve Desdobramento invertido da segunda bulha - estenose grave Insuficiência Mitral - fechamento incompleto da valva mitral com refluxo de sangue para oo AE durante a sístole ventricular Principais causas Doença reumática É uma lesão de instalação gradativa e evolução crônica, pois o processo inflamatório evolui vagarosamente, ao longo de meses, o que possibilita o AE ir se dilatando progressivamente. A pressão venocapilar pulmonar pouco se altera. Dispneia e outros sinais de congestão pulmonar só aparecem muitos anos depois. HABILIDADES MÉDICAS IV Vitoria Zabotte Barbosa - Medicina Unic Turma XXXVIII Exame físico: Na inspeção e na palpação do precórdio, encontram-se um ictus cordis com características de dilatação do ventrículo esquerdo e um frêmito sistólico no foco mitral. IAM ou endocardite infecciosa Quando ocorre insuficiência mitral, esta decorre de disfunção ou ruptura de músculo papilar, possibilitando a regurgitação de sangue para um átrio de tamanho normal, sem tempo para adaptar-se ao maior volume sanguíneo que passa a receber → há aumento de pressão intra-atrial → transmitida à rede capilar pulmonar → congestão pulmonar → edema intersticial/transudação de líquido para os alvéolos → dispneia intensa ou edema pulmonar agudo. Exame físico: VE hipercinético, sem sinais de dilatação, ictus cordis não deslocado, mas de maior intensidade - sopro sistólico de regurgitação no foco mitral com irradiação para a axila e uma 4a bulha originada pela contração vigorosa do AE. Prolapso valvar mitral Cardiomiopatias com grande dilatação do VE também podem acarretar em insuficiência mitral Estenose mitral - estreitamento do orifício atrioventricular esquerdo devido a espessamento e fibrose das cúspides valvares com fusão de suas comissuras. Principal causa: doença reumática Causas mais raras: síndrome carcinóide, artrite reumatoide, lúpus eritematoso Uma das características da estenose mitral é sua lenta progressão - cerca de 10 anos após a agressão reumática para que haja redução de 50% da área do orifício atrioventricular, cujo valor normal é em torno de 5 cm2. A partir da área do orifício atrioventricular, a estenose mitral pode ser classificada em: Leve: com área de 2,5 cm2, o paciente permanece assintomático, mesmo executando esforços físicos. Alteração: aumento moderado da pressão no AE Achados semióticos: Hipofonese de primeira bulha no foco mitral Sopro diastólico (restrito à parte pré sistólica da diástole) Rigidez dos folhetos da valva → estalido de abertura mitral Moderada: com área reduzida a 1,5 cm2, aparecendo, então, dispneia e palpitações após esforços, que traduzir a congestão na circulação pulmonar Achados semióticos: Primeira bulha hiperfonética no foco mitral Estalido de abertura mitral Sopro diastólico (RUFLAR) Segunda bulha hiperfonética no foco pulmonar Grave: área valvar < 1 cm2, com intensificação da dispnéia, que pode ocorrer aos mínimos esforços e na posição deitada (dispneia paroxística noturna), tosse seca e hemoptise HABILIDADES MÉDICAS IV Vitoria Zabotte Barbosa - Medicina Unic Turma XXXVIII Achados semióticos: Estalido de abertura mais precoce Sopro diastólico mais duradouro Insuficiência tricúspide - incompleto fechamento da valva tricúspide, com regurgitação de sangue para o AD, durante a sístole ventricular A dilatação do anel tricúspide pode ser secundária a infarto do VD, por coaptação incompleta dos folhetos Sinais físicos: VD hipertrofiado Sopro sistólico de alta frequência, audível na área tricúspide, que aumenta com a inspiração profunda (manobra de Rivero-Carvallo) Pulsação hepática sistólica (situação grave) Dados semióticos: Sopro holossistólico que diminui ou desaparece após a compensação do paciente Evidência de hipertensão pulmonar Sintomas de insuficiência ventricular direita aparecem tardiamente em um paciente com estenose mitral Prolapso de valva mitral - protrusão de uma ou ambas as cúspides valvares para dentro do AE durante a sístole ventricular. Dado mais importante para reconhecimento: presença de um clique mesossistólico na área mitral - pode ou não ser acompanhado de um sopro mesotelessistólico A comprovação é feita pelo ecocardiograma.
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