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ANATOMIA NORMAL E PATOLÓGICA DO TRATO DIGESTIVO Qual o limite anatômico para o sangramento gastrointestinal superior? O ângulo de Treitz é um ângulo formado ao nível da junção do duodeno e jejuno (onde fica fixo o intestino), e que limita o tubo digestivo alto. Acima dele ocorrem HDAs (esôfago, estômago, duodeno até a papila duodenal – 2a porção); abaixo dele, HDBs (desde a válvula ileocecal até o ânus). E do que o ângulo formado ao nível da junção duodenojejunal (junção que é responsável por fixar o intestino). Ele possui a função de limitar o trato gastrointestinal superior. O plexo submucoso, também chamado de plexo de Meissner, encontra-se na camada da submucosa, ou seja, abaixo da mucosa. Já o plexo de Auerbach, também chamado de plexo mioentérico, encontra-se na camada muscular, ou seja, é mais profundo que o plexo submucoso. - Plexo de meissner e auerbach - inervação intrínseca. CÂNCER DE INTESTINO Definição O câncer colorretal (CCR) refere-se aos tumores malignos que acometem o intestino grosso (cólons) e o reto. É uma doença frequente e potencialmente curável quando diagnosticada precocemente, entretanto pode se tornar letal quando há atraso no diagnóstico e/ou tratamento. Seu desenvolvimento ocorre de maneira fortuita (que acontece por acaso) (80% dos casos) ou a partir de mutações geneticamente herdadas. Epidemiologia No Brasil, o CCR é o segundo câncer mais incidente em homens e mulheres. No ocidente, o CCR é o tumor mais comum em ambos os sexos (juntos), correspondendo à segunda causa de morte por câncer em mulheres e à terceira em homens. A incidência do CCR aumenta com a idade, sendo que mais de 50% dos casos manifestam-se em indivíduos com mais de 60 anos. Observa-se nas últimas décadas um declínio na mortalidade por esse câncer no mundo, devido ao aumento do seu rastreamento e do aperfeiçoamento no tratamento, entretanto nota-se um crescimento na incidência de CCR em pessoas abaixo de 50 anos, sobretudo câncer de cólon esquerdo e de reto. Estima-se para o Brasil um total de 17.380 novos casos de CCR em homens e 18.980 novos casos em mulheres entre 2018 e 2019. Aproximadamente metade dos pacientes apresentaram metástase durante o seguimento, sendo que em 25% evidencia-se metástase no diagnóstico. Nos últimos 50 anos, houve uma migração do sítio primário do cólon esquerdo para o cólon direito. O tipo histológico mais comum no CCR é o adenocarcinoma (90%). A maior parte (85%) dos casos de CCR é esporádica e não familiar. Mas ambas as formas são resultado do acúmulo de lesões genéticas múltiplas em uma sequência específica. Incidência de câncer por sexo no Brasil em 2018: Fisiopatologia Sequência adenoma-carcinoma: A maior parte dos CCR origina-se de adenomas, lesões polipóides que, geralmente, aumentam de tamanho progressivamente (‹ 8mm + › 8mm) e manifestam características displásicas, podendo evoluir para lesões malignas. Há dois preditores importantes que indicam a maior chance de um pólipo adenomatoso se malignizar: ● O tamanho do pólipo (para pólipos <1 cm, o risco de carcinoma varia entre 1 e 3%; para pólipos ›1 e ‹2 cm, esse risco aumento para 10%; e para maiores que 2 cm, essa taxa é superior a 40%); ● O seu grau de displasia (alto grau de displasia está associado a 27% de chance de transformação em carcinoma). As alterações neoplásicas surgem a partir de acúmulo de mutações gênicas e epigênicas nas vias de regulação, proliferação, angiogênese e apoptose. ● Mutações KRAS (35 a 40%), NRAS (10%) e BRAF (‹ 10%) são importantes marcadores no CCR. ● As mutações KRAS e NRAS conferem pior prognóstico e resistência a alguns anticorpos utilizados como terapia-alvo. Embora mais raro, o BRAF confere prognóstico ruim. Dois terços das lesões precursoras do CCR são pólipos adenomatosos. Os adenomas possuem as seguintes características: ● São os pólipos neoplásicos mais frequentes no cólon, a maioria é assintomática; ● 30 a 50% dos cólons com um adenoma conterá outra lesão sincrônica que ocorre ao mesmo tempo); ● Idade avançada é um fator de risco para desenvolvimento de adenomas, assim como para desenvolvimento de displasia de alto grau na lesão; ● São mais comuns em homens (30%) × 20% em mulheres; ● A maioria cresce 0,5mm/ano e 5% progridem para câncer em 7 a 10 anos; ● Apresentam características endoscópicas (pólipo séssil ou pediculado) e histológicas (tubular, viloso ou túbulo-viloso) que podem caracterizá-lo quanto ao maior ou menor risco de malignização (tabela 2); ● O risco de malignização é maior em adenomas avançados > displasia de alto grau (5 a 7% dos pacientes), pólipo › lcm ou histologia vilosa/tubulovilosa; ● Características histológicas avançadas (adenoma viloso ou tubuloviloso) aumentam com o tamanho dos adenomas - 20 a 30% em lesões › 1 cm; ● Características que sugerem malignidade + friabilidade, endurecimento e ulceração. Características endoscópicas e histológicas dos adenomas. Porém, nem todos os pólipos são adenomatosos. Há os pólipos não-neoplásicos (90% dos pólipos encontrados em intestino grosso), sendo estes divididos em hiperplásicos, inflamatórios e hamartomatosos. ● Pólipos hiperplásicos são os pólipos não-neoplásicos mais frequentes no cólon, muitas vezes não distinguíveis dos adenomas à endoscopia ● Pólipos hiperplásicos e inflamatórios habitualmente não sofrem transformação maligna. Os hamartomatosos podem sofrer, mas o risco é baixo. ● A polipectomia impede a progressão da sequência adenoma-carcinoma (epitélio normal > displasia > adenoma > carcinoma in situ carcinoma invasor). Fatores de risco e síndromes hereditárias Fatores ambientais e genéticos contribuem direta ou indiretamente para o aparecimento do CCR. Certas afecções como doença inflamatória intestinal (doença de Crohn e retocolite ulcerativa), fibrose cística e radiação abdominal, também contribuem para esse desfecho. Síndromes hereditárias (mais comuns): Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) e suas variantes (sindromes de Gardner, de Turcot e PAF atenuada): ❖ Representam ‹ 1% dos CCR; ❖ Originadas de mutações germinativas no gene da polipose adenomatosa (APC). localizado no cromossomo 5; ❖ PAF típica > desenvolvimento na infância de numerosos adenomas no cólon; ❖ Os sintomas iniciam-se na adolescência; ❖ Aproximadamente 100% dos indivíduos desenvolvem CCR antes dos 45 anos. CCR hereditário não polipoide (CCHNP) ou síndrome de Lynch: ❖ Síndrome autossômica dominante: ❖ Representam 3% dos CCR: ❖ Originada de mutações germinativas em um alelo de um gene de reparo de incompatibilidade de DNA (MMR) - Instabilidade microssatélite; ❖ Acometimento de indivíduos jovens (20 a 48 anos); o Apesar do nome, diversos adenomas estão presentes, porém não há polipose difusa como na polipose adenomatosa familial. O predomínio destes pólipos ocorre em cólon direito > 70% na flexura hepática; ❖ 10% dos indivíduos terão tumores sincrônicos (que ocorrem ao mesmo tempo) e/ou metacrônicos (que ocorrem em momentos diferentes); ❖ Neoplasias extra colônicas - câncer de endométrio (60%). ovário, estômago, intestino delgado, sistema hepatobiliar, e, possivelmente, mama e próstata. História pessoal ou familiar de CCR esporádicos ou pólipos adenomatosos de alto grau aumentam o risco de CCR futuro. Fatores ambientais - Dieta - O excesso de carne vermelha e alimentos processados, pela produção de hidrocarbonetos, e o uso de outros carcinógenos no preparo provavelmente estão relacionados ao CCR. - Tabagismo - Aumenta a incidência e mortalidade do CCR. Está relacionado ao aumento de pólipos adenomatosos e características displásicas. - Álcool O fumo e o consumo elevado de álcool, principalmente cerveja, já foram associados ao adenocarcinoma colorretal. A septicemia ou endocardite por Streptococcus bovis eleva as taxas de tumores colorretais, assim como de outras neoplasias gastrointestinais. O consumo reduzido de fibras, segundo alguns estudos, também pode estar associado com esse câncer, mas ainda há controvérsias em relação a isso.Consumo de frutas, verduras e fibras e a prática de atividade física constituem fatores protetores para o CCR. ➢ Recentes estudos apontam o uso de aspirina e outros AINES como fatores de proteção para o CCR, de modo que algumas sociedades já recomendam o uso de 100 mg de aspirina com revestimento entérico em indivíduos entre 50 e 70 anos, desde que não tenham contraindicação ao seu uso. Clínica Habitualmente, indivíduos com CCR em fases iniciais não apresentam sintomas. Evidências apontam que aproximadamente 86% das pessoas com menos de 50 anos são diagnosticadas na vigência de sinais/sintomas, o que significa, na maioria das vezes, doença avançada, refletindo negativamente no prognóstico. Os sintomas do CCR podem ser devido ao crescimento tumoral no lúmen intestinal ou por invasão de órgãos adjacentes, o que sugere doença avançada. Indivíduos com CCR podem apresentar/ser: ➔ Indivíduos assintomáticos - eventualmente diagnosticados em exames de rotina; ➔ Sinais e sintomas sugestivos - anemia ferropriva, astenia, mudança de hábito intestinal (diarreia, obstipação ou alternância destes), sangue oculto nas fezes ou hematoquezia e dor abdominal (tabela 3); ➔ Admissão em emergência com quadros de sangramento gastrointestinal agudo, obstrutivos e/ou perfurativos com peritonite. Perda ponderal maior que 10% do peso, não intencional, em curto período, sugere fortemente síndrome consumptiva. Os sinais e sintomas também podem diferir de acordo com a topografia da lesão: - Ceco e Cólon ascendente: - Anemia ferropriva por sangramento insidioso e oculto -> Esses tumores apresentam uma perda maior de sangue em comparação a outros locais do cólon: 9mL/dia; - Melena > pode ocorrer. - Cólons descendente, sigmóide e reto: - Mudança no hábito intestinal > Habitualmente obstipação devido ao menor calibre do intestino no lado esquerdo em comparação ao cólon ascendente (fezes líquidas e maior diâmetro luminal); - Hematoquezia > sobretudo câncer de retossigmoide. - Náuseas, vômitos e dor abdominal sugerem quadro obstrutivo, cuja apresentação é mais observada em lesões estenossantes (anulares e concêntricas) do lado esquerdo devido ao seu menor calibre-> Sugere doença localmente avançada. Sintomas menos comuns incluem: - Febre de origem indeterminada: - Abscessos intra-abdominais devido à lesão perfurada contida; - Sepse por Streptococcus bovis e/ou Clostridium septicum. Eventualmente, os indivíduos podem apresentar sinais/sintomas sugestivos de metástases: ❖ Dor no quadrante superior direito associada à plenitude prandial, saciedade precoce e distensão abdominal podem sugerir metástase hepática (Disseminação hematogênica via sistema porta primeiro sítio de metástase à distância do CCR). ❖ A presença de ascite levando ao aumento do volume abdominal com distensão e dor pode ser sugestiva de metástase peritoneal (carcinomatose por disseminação celômica). ❖ Linfadenomegalias inguinais, periumbilicais ou supraclaviculares sugerem fortemente metástase linfonodal e/ou à distância (disseminação linfática). ❖ Pulmões, ossos e SNC são outros sítios de metástases do CCR, podendo levar a sintomas específicos como derrame pleural paraneoplásico, dores ósseas e fraturas patológicas. Diagnóstico O diagnóstico de CCR pode ser realizado em dois cenários que habitualmente refletem prognósticos distintos: ★ Indivíduo assintomático com achados em exames de rotina; ★ Presença de sinais e/ou sintomas. A anamnese pode revelar sinais consumptivos, e além de auxiliar na identificação do sítio da lesão, pode evidenciar fatores de risco, como doenças inflamatórias intestinais e histórico familiar de adenomas ou CCR. O exame físico deve ser minucioso, em especial a avaliação de mucosas, linfonodos e abdome. Toque retal (TR) deve ser realizado em todo paciente com suspeita de CCR: o toque vaginal também deve ser feito quando há lesões retais. Devem ser solicitados exames que estudem a mucosa do cólon na suspeita de CCR: ● Colonoscopia - Exame preciso e sensível que possibilita, além de analisar a mucosa de todo o intestino grosso, a realização de polipectomia e biópsia das lesões, assim como detectar neoplasias sincrônicas (3 a 5% dos indivíduos). Habitualmente, é o exame de escolha inicial. Os fragmentos retirados devem ser enviados para anatomia-patológica a fim de elucidar a natureza da lesão, assim como seu tipo histológico. Em 11 a 12% dos pacientes sintomáticos o colonoscópio não consegue alcançar a lesão e/ou progredir para visualizar a mucosa proximal ao tumor: obstrução parcial ou completa é uma causa comum. Nesse cenário uma nova colonoscopia deve ser realizada em 3 a 6 meses após o tratamento cirúrgico. ● Retossigmoidoscopia flexível - Pode ser realizada quando há massa palpável ao toque retal, entretanto uma colonoscopia deve ser realizada posteriormente para afastar pólipos e neoplasias sincrônicas nos outros segmentos do cólon. Ademais, o aumento da incidência de câncer de cólon direito justifica essa prática. ● Colonoscopia virtual > Colonografia por tomografia computadorizada é um exame que fornece uma perspectiva intraluminal do cólon a partir do computador. Apresenta resultados semelhantes à colonoscopia. Não deve ser feita em pacientes obstruídos. Exames laboratoriais: ● Marcadores tumorais > O antígeno carcinoembriogênico (CEA), não obstante seja pouco sensível e específico, sem papel no diagnóstico de CCR. deve ser solicitado no pré-operatório, uma vez seus níveis têm utilidade prognóstica: Níveis elevados inicialmente podem indicar doença avançada, ao passo que, ausência de redução após cirurgia ou uma elevação durante o seguimento podem indicar doença residual ou recidiva/metástase, respectivamente. ● Hemograma, glicemia, coagulograma, função renal e hepática (enzimas hepáticas, proteínas totais) podem evidenciar alterações como anemia, diabetes, disfunção renal/hepática, desnutrição e/ou coagulopatias, permitindo que sejam corrigidas no pré-operatório com o intuito de reduzir a morbimortalidade. Depois de feito o diagnóstico, deve-se realizar o estadiamento da doença, ou seja, determinar a extensão local regional assim como à distância. O sistema mais utilizado para o estadiamento do CCR é o TNM: ➔ T - Tumor primário (tamanho/grau de invasão na parede intestinal) ➔ N - Linfonodos (Número e característica de linfonodos acometidos) ➔ M - Metástase à distância Ao combinar essas características são formados grupos de maneira tal que determinam classificações do estágio da doença de l a IV, que permitem estratificar o paciente quanto à extensão da doença e conferir-lhe o tratamento apropriado assim como prognóstico. O estadiamento pode ser dividido em: ★ Clínico (c) - Baseado em exame físico e complementar (métodos de imagem). ★ Patológico (p) - Baseado na análise histológica da peça cirúrgica (órgãos e tecidos) após ressecção. Para o estadiamento clínico, há as seguintes opções: A) Câncer de cólon: ➢ Exame físico, incluindo toque retal; ➢ Tomografia de tórax; ➢ Tomografia ou ressonância magnética de abdome e pelve com contraste; ➢ CEA - valor prognóstico incerto - prescindivel nesse momento. ➢ PET-CT - Considerar em pacientes com doença metastática e candidatos a tratamento cirúrgico. B) Câncer de Reto Adicionalmente, seleciona os pacientes candidatos ao tratamento neoadjuvante. ➢ Toque retal - Avalia infiltração tumoral através do escore de Mason o qual afere a mobilidade do tumor (graus / a IV que varia de lesão polipoide, móvel, lesão fixa, aderida a planos profundos, respectivamente), além de avaliar se há fístulas com órgãos adjacentes (retovesical, retovaginal). ➢ Retossigmoidoscopia; ➢ Colonoscopia -> afastar tumores sincrônicos; ➢ Ressonância magnética da pelve; ➢ USG endorretal - maior acurácia para avaliar o "T" ➢ Tomografia de tórax e abdome superior; Ao agrupar essas características, sucintamente, teremos os seguintes estágios (E): El - Ell (a.b.c) - Não apresentam metástases linfonodais regionais ou à distância (NOMO),variando apenas no grau de infiltração do tumor na parede do intestino (TI-T4). EIlI (a.b.c) - Apresenta metástase linfonodal regional (N+), sem metástase à distância (MO), com a análise do tumor variando de Tl a Т4 com suas subdivisões (a,b,c). EIV (a,b.c) - Nesse estágio, existe metástase à distância (Mlq,b.c). independente das características dos linfonodos (N) e do tumor (T). O estadiamento é um passo fundamental no manejo de pacientes com CCR, uma vez que, a partir dessa avaliação, ponderar-se-á a indicação do tratamento com intenção curativa ou paliativa. Ademais, é a partir do estadiamento que se define o prognóstico do paciente. Tratamento O tratamento cirúrgico é a única modalidade curativa para o CCR localizado. O uso da quimioterapia e radioterapia combinada ao tratamento cirúrgico, quando necessário, apresenta papel imprescindível para o sucesso terapêutico. Polipectomia: (remoção dos pólipos) Realizada habitualmente no momento da colonoscopia, sendo enviado o fragmento para estudo anatomopatológico. Adenomas devem ser ressecados completamente. Grandes adenomas podem necessitar desde mucosectomia endoscópica até tratamento cirúrgico. A) Câncer de Cólon: Tumor primário - Cirurgia: ➔ Ressecção ampla do segmento acometido (colectomia) associada à retirada de, no mínimo, 12 linfonodos para os estágios / a'II > Deve-se remover o tumor após ligadura vascular em sua origem e ressecar o mesmo junto ao pedículo vascular principal e drenagem linfática do segmento colônico afetado; ➔ Margens longitudinais de 5 a 10 cm e radial de pelo menos 1 mm; ➔ Pode ser realizada por laparotomia ou laparoscopia; ➔ Após a colectomia, realiza-se anastomose primária na maioria dos pacientes, com ou sem um estoma derivativo, a depender do caráter da cirurgia (eletivo ou emergencial) e do status clínico do paciente (instabilidade, desnutrição, entre outros); ➔ 10% dos pacientes requerem ressecção multivisceral devido a tumores localmente avançados (T4) ou por aderências inflamatórias com estruturas vizinhas: ➔ Uma parcela dos pacientes com metástase à distância (EIV) pode ser curada quando existe acometimento hepático e/ou pulmonar isolado passível de ressecção. Ademais, alguns pacientes com carcinomatose peritoneal e PCI baixo (peritoneal cancer index) podem se beneficiar da Quimioterapia Intraperitoneal Hipertérmica (HIPEC); ➔ Para os pacientes com doença disseminada, o tratamento cirúrgico permanece controverso, porque a maioria deles não poderá ser curada, porém, deve-se considerar a realização naqueles com risco ou que evoluem para obstrução intestinal ou sangramento não controlado; ➔ Os pacientes sem possibilidade de cura devem iniciar tratamento paliativo com quimioterapia sistêmica almejando o ganho de sobrevida e qualidade de vida. Tratamento adjuvante - Quimioterapia (QT): Estágio | - Não demonstra benefício clínico. Estágio II: ➢ Não indicada de rotina, sendo indicada em tumores com característica clinicopatológicas de alto risco para recidiva Lesões localmente avançadas (T4), menor que 13 linfonodos na peça cirúrgica analisada, perfuração do tumor, invasão linfovascular ou perineural, histologia pouco diferenciada ou indiferenciada; ➢ Se disponivel, deve-se realizar a investigação de instabilidade de microssatélite nesses pacientes através da pesquisa da proficiência de enzimas de reparo de DNA por imunohistoquímica, uma vez que esse achado confere excelente prognóstico não tendo indicação de neoadjuvância; ➢ Rotineiramente a QT é feita com fluorouracil ou capecitabina por seis meses. Estágio III: ➢ Associação de oxaliplatina com fluorouracil (esquema FOLFOX) ou com capecitabina (esquema XELOX) durante seis meses. ➢ Subgrupos de baixo risco (TI a T3-NI) podem realizar QT durante três meses. Doença Avançada: ➢ Existem diversos agentes quimioterápicos disponíveis para o tratamento de pacientes em estágio IV, sendo indicados e combinados a partir de características do paciente, lateralidade do tumor (cólon direito ou esquerdo), objetivo do tratamento (controle de doença, perioperatório, aumento da sobrevida), cenário da terapia (metástases ressecáveis, HIPEC). B) Câncer de Reto: Estágios O e l: Tumores de reto baixo (até 5 cm da borda anal -BA): ➢ Se apresentar histologia bem ou moderadamente diferenciada, sem invasão linfovascular e/ou perineural + Ressecção transanal isolada desde que tenha margens negativas. Não é necessário adjuvância. ➢ Caso apresente histologia pouco diferenciada ou indiferenciada, invasão linfovascular e/ou perineural. componente mucinoso ou budding (células isoladas ou grupamento de até quatro células tumorais localizadas na margem invasiva da lesão) - Ressecção transanal seguida de adjuvância com QT (fluoropirimidina) e radioterapia (RT) concomitante. Tumores de reto médio (5 a 10 cm da BA) e alto (10 a 15 cm da BA): ➢ Ressecção anterior baixa ou ressecção anterior do reto (RAB/RAR) com excisão total do mesorreto (ETM), seguida de anastomose coloanal e preservação do esfíncter anal, sem necessidade de tratamento adjuvante. ➢ Transição retossigmoide -> Retossigmoidectomia (RTS). ➢ Tumores cTl e cT2 podem necessitar de neoadiuvância nos casos de doença clinicamente evidente, tumor distal para o qual seria indicada uma ressecção abdominoperineal (RAP) com colostomia definitiva e tumor que parece invadir a fáscia mesorretal, devido à menor probabilidade de se obter margens livres de neoplasia. Estágios II e III: ➢ Deve ser realizado tratamento neoadjuvante (antes da cirurgia) com QT e RT nos tumores cT3 ou cT4. ➢ Tumores T3 com invasão extramural › 5mm apresentam alto risco de metástase linfonodal. ➢ Para tumores distais T3 ou N+, o objetivo da neoadjuvância é converter uma RAP para uma RAR com anastomose coloanal, objetivando a preservação do esfincter anal. ➢ O tratamento neoadjuvante padrão consiste em QT e RT durante 6 semanas com capecitabina ou fluorouracil. ➢ Pacientes com tumores T4 operáveis, incialmente devem receber tratamento neoadjuvante com QT e RT. ➢ Pacientes selecionados devem receber QT adjuvante por quatro meses com fluorouracil ou capecitabina. C) Situações especiais ❖ Tumores sincrônicos - Pode-se optar pela colectomia total com anastomose ileorretal. ❖ CCHNP - Pode-se optar pela colectomia total com anastomose ileorretal pelo risco de câncer metacrônico. ❖ PAF »Pode-se realizar colectomia total com anastomose ileorretal, retocolectomia com anastomose ileoanal e bolsa ileal ou proctocolectomia total com ileostomia definitiva a depender do grau de envolvimento do reto. Observações sobre o manejo cirúrgico: ➔ A ressecção abdominoperineal (RAP) é um procedimento no qual se resseca todo o reto, associado à amputação do ânus e colocação de colostomia definitiva, empregada para pacientes com lesão em reto baixo (distal) - O objetivo no manejo desses pacientes é justamente evitar essa modalidade com a preservação do esfincter anal. A neoadjuvância pode auxiliar nesse processo. ➔ O toque retal é imprescindivel para a decisão do procedimento a ser empregado. ➔ A excisão total do mesorreto (ETM) é fundamental para garantir um bom prognóstico -> A chance de recidiva se reduz drasticamente. ➔ A cirurgia 8 a 12 semanas após o término do tratamento neoadjuvante é a abordagem padrão, mesmo nos pacientes que apresentam resposta radiológica completa. Rastreamento O rastreamento da população através de análises das fezes e da mucosa intestinal através de endoscopias se mostra um importante aliado na redução da mortalidade ao permitir intervir na sequência adenomacarcinoma, assim como diagnósticos precoces de lesões malignas. ★ Está indicado rastreio a todos os indivíduos acima de 50 anos (risco. médio); ★ Pode-se interromper a triagem quando a expectativa de vida estimada do indivíduo for menor que 10 anos; ★ Deve-se escolher um teste que seja compatível com a preferência do paciente, de modo a tornar eficaz o rastreio. ★ Algumas diretrizes recomendam a triagem em pacientes a partir de 40 a45 anos, em virtude do aumento da incidência de CCR em indivíduos mais jovens. Esses pacientes podem optar por um dos testes abaixo: Pacientes com risco aumentado para CCR: ➔ História pessoal de CCR ou pólipo adenomatoso; ➔ Familiar de primeiro grau com CCR ou adenoma avançado; ➔ Doença inflamatória intestinal - pancolite - ou doença de longa data (› 8 a 10 anos). Iniciar a triagem aos 40 anos de idade, ou 10 anos antes do diagnóstico do familiar acometido, o que ocorrer primeiro, com colonoscopia a cada 5 anos. Para indivíduos portadores de síndromes genéticas predisponentes para CCR, como sindrome de Lynch, PAF, Peutz-Jeghers e outras, há estratégias específicas de rastreamento, muitas vezes começando ainda na infância. Tumores ► Tumores do intestino delgado Neoplasias no intestino delgado são raras, representando 1 a 6% de todos os tumores do trato digestivo. Em 60% dos casos, os tumores do intestino delgado são benignos. As neoplasias malignas mais comuns são linfoma, tumor neuroendócrino e adenocarcinoma. Tumores benignos As neoplasias benignas mais frequentes são leiomioma, adenoma e lipoma. Adenomas, que representam 25% das neoplasias benignas, podem ser únicos ou múltiplos, pedunculados ou sésseis; lesões múltiplas fazem parte da polipose familial. Mais frequentes no duodeno e no íleo, são morfologicamente similares aos do cólon e do estômago. Leiomiomas (20%) predominam no jejuno e apresentam-se como nódulos pequenos que crescem para a luz ou em direção ao peritônio. Lipomas (15%), mais comuns no íleo distal, são geralmente pequenos e intramurais; quando volumosos, podem ulcerar e provocar hemorragia. Tumores malignos São incomuns. Sua baixa frequência é atribuída a trânsito intestinal rápido, escassez de bactérias, presença de IgA secretora e resistência da mucosa à ação de agentes cancerígenos. Adenocarcinoma é mais comum no duodeno, especialmente na ampola de Vater, em indivíduos acima de 50 anos. Os tipos polipóide e ulcerativo predominam no duodeno. Clinicamente, hemorragia profusa ou sangue oculto nas fezes são as manifestações mais comuns, seguidas de obstrução intestinal. O adenocarcinoma da ampola de Vater, mais comum no sexo masculino (3:1), pode originar-se em: (1) mucosa duodenal; (2) porção distal do colédoco; (3) cabeça do pâncreas; (4) própria papila. A lesão é geralmente exofítica, causa obstrução biliar e manifesta-se com icterícia intermitente e colangite. ►Tumores do intestino grosso Muito mais frequentes do que os do intestino delgado, tumores do intestino grosso podem ser benignos (pólipos) ou malignos, sobretudo adenocarcinoma e, menos frequentemente, linfomas e tumores neuroendócrinos. Pólipos Pólipos, únicos ou múltiplos (polipose), são massas de tecido que se projetam na luz intestinal. Mais frequentes na região colorretal (90%), podem ocorrer em qualquer local do trato gastrointestinal. Segundo a base de implantação na superfície, pólipos podem ser sésseis (base ampla) ou pediculados (base estreita); quanto à origem histológica, são neoplásicos (adenomas) ou não neoplásicos (hamartomas, pólipos hiperplásicos e pólipos inflamatórios). 1. Pólipos não neoplásicos 1.1 Pólipos hiperplásicos. São os mais frequentes no cólon, geralmente pequenos (0,1 a 1,0 cm), sésseis e múltiplos; sua frequência aumenta com a idade, sendo mais comuns no retossigmoide e em indivíduos na sexta e sétima décadas de vida. Tais pólipos, que não têm potencial de evolução maligna, resultam da diminuição do turnover das células epiteliais nas criptas colônicas que leva ao empilhamento das células e ao aspecto serrilhado. 1.2 Pólipos hamartomatosos. São lesões constituídas por tecidos próprios do local, com maturação preservada, mas em quantidade aumentada e com estrutura desorganizada. Podem ser isolados (esporádicos) ou múltiplos, associados a síndromes hereditárias. Inicialmente consideradas malformações, sem potencial de malignidade, sabe-se hoje que podem ter mutações herdadas em oncogenes e genes supressores de tumor, com risco de evoluir para câncer no trato gastrointestinal e em outros órgãos. A identificação de um pólipo hamartomatoso é importante porque pode ser uma pista para o diagnóstico de uma síndrome hereditária de polipose, com risco de evoluir para câncer. Os principais pólipos hamartomatosos estão descritos a seguir. Pólipo juvenil ocorre principalmente no reto de crianças menores de 5 anos, mas pode aparecer também em jovens ou adultos. As lesões são geralmente solitárias (esporádicas) e consideradas como malformações (pólipos de retenção). O pólipo apresenta-se como tumor pardo-avermelhado, geralmente pediculado, com 1,0 a 3,0 cm, que pode sofrer torção, infarto e autoamputação, podendo ser eliminado nas fezes. Histologicamente, o pólipo é constituído por glândulas dilatadas cisticamente e revestidas por epitélio mucossecretor; o estroma contém infiltrado inflamatório. Pólipos juvenis múltiplos no cólon, intestino delgado e estômago caracterizam a síndrome da polipose juvenil, doença de herança autossômica dominante, com maior risco de evoluir para adenoma e adenocarcinoma. A síndrome de Peutz-Jeghers, rara e de herança autossômica dominante, caracteriza-se por: (1) pólipos hamartomatosos múltiplos no trato gastrointestinal: intestino delgado (100%), cólon e reto (30%) e estômago (25%) e, por vezes, nas vias respiratórias e na bexiga; (2) hiperpigmentação melânica cutâneo mucosa semelhante a lentigo, na mucosa oral, face, genitália e palma das mãos. Os pólipos são em geral volumosos, pediculados e lobulados (Figura 22.55 A). Histologicamente, tais pólipos apresentam padrão arboriforme com feixes de tecido conjuntivo e células musculares lisas que septam estruturas glandulares revestidas por epitélio colunar alto com maturação preservada (Figura 22.55 B). Os pacientes têm maior risco de câncer fora do trato gastrointestinal, como útero, ovários, mama e pâncreas. Figura 22.54 Pólipo hiperplásico. Criptas alongadas com borda interna de aspecto serrilhado. Notar células caliciformes e absortivas com maturação preservada. Pólipos inflamatórios (pseudopólipos). São lesões nodulares com 0,2 a 1,5 cm, associadas a inflamação no cólon, úlceras e reparo da mucosa. As lesões são constituídas por ilhas de mucosa preservada adjacentes às úlceras, as quais se projetam na luz intestinal. Tais pólipos formam-se em pacientes com colite ulcerativa de longa duração e em indivíduos com prolapso da mucosa retal. Pólipos linfóides representam uma variante dos pólipos inflamatórios; são constituídos por hiperplasia do tecido linfóide associado à mucosa colônica. Figura 22.55 Síndrome de Peutz-Jeghers. A. Pólipos volumosos, pediculados e multilobulados. B. Pólipo arboriforme com feixes de tecido conjuntivo que septam estruturas glandulares. Pólipos neoplásicos (adenomas) Pólipos neoplásicos (adenomas), únicos ou múltiplos, têm tamanho e aspecto variados. Sua prevalência aumenta com a idade, não havendo diferença entre homens e mulheres. Mais de 70% dos adenomas localizam-se no retossigmoide, 20% no sigmóide e 10% nas porções proximais do cólon. Adenomas colônicos têm potencial de evoluir para adenocarcinoma. Os adenomas são classificados como tubular, viloso ou tubuloviloso. Convencionalmente, um adenoma é designado viloso quando mais de 50% de sua extensão é constituída por estruturas papilíferas. Quando o componente viloso varia entre 25 e 50%, a lesão é considerada ``tubulovillous''. Seja qual for a sua organização estrutural, os adenomas são constituídos pela proliferação de células epiteliais com diferentes graus de bloqueio da diferenciação celular (displasia). Atipias celulares variam de intensidade pequena (baixo grau) a grande (alto grau), de acordo com os distúrbios da diferenciação celular. Na displasia de baixo grau, os núcleos são dispostos na porção basal da célula e a produção de mucinas é preservada. Na displasia de alto grau, ocorre perda da orientação basal dos núcleos e da produção de mucinas. Displasia de alto grau é mais frequente em lesõesmaiores que 1,0 cm e situadas no reto e no cólon esquerdo. O aspecto mais importante quando se examina um adenoma é identificar se a lesão apresenta focos de carcinoma intramucoso ou invasivo. A probabilidade de se encontrar adenocarcinoma em adenoma correlaciona-se com o tamanho da lesão (maior que 2 cm), com sua estrutura histológica (tubular ou vilosa) e com o grau de displasia. Lesão séssil maior que 4 cm tem risco de 40% de albergar adenocarcinoma, enquanto adenoma tubular menor que 1 cm raramente contém área de carcinoma. Adenocarcinoma intramucoso (limitado até a muscular da mucosa) tem baixo potencial de originar metástases, pois os vasos linfáticos localizam-se abaixo dessa camada. Quando ultrapassa a muscular da mucosa, o tumor é invasivo. Adenoma tubular. É o tipo mais comum e compreende 75% dos pólipos neoplásicos. A lesão pode ser solitária (esporádica) ou múltipla, esta associada à síndrome de polipose familial. Adenoma tubular é mais frequente no cólon e no reto (90%), mas pode ocorrer em outros locais, como estômago e intestino delgado. As lesões são geralmente pequenas (menores que 1 cm) e sésseis; quando crescem, tornam-se pediculadas (Figura 22.56 A). Histologicamente, o tumor é constituído por glândulas tubulares revestidas por epitélio colunar alto, pseudoestratificado, com graus variados de displasia (Figura 22.56 B). Adenoma viloso. Menos frequente do que o adenoma tubular, compreende 10% dos pólipos neoplásicos e tem pior prognóstico: o risco de transformação maligna é dez vezes maior do que o do adenoma tubular. O adenoma viloso localiza-se nos 25 cm distais do cólon e manifesta-se em indivíduos após a sexta década. A lesão é geralmente única, tem base de implantação larga e é maior do que o adenoma tubular (Figura 22.57 A). Manifestações clínicas são mais frequentes do que nos adenomas tubulares. Histologicamente, é constituído por projeções papilíferas revestidas por epitélio colunar alto pseudoestratificado com diferentes graus de displasia. Cerca de 10% dos casos apresentam displasia de alto grau (Figura 22.57 B); transformação maligna com invasão do estroma ocorre em 30 a 50% dos casos. Em geral, o tumor é descoberto por sangramento retal; pode apresentar também hipersecreção de muco, com perda de proteínas e potássio. Figura 22.56 Adenoma tubular do cólon. A. Lesão polipoide com superfície lobulada. B. O pólipo é constituído por glândulas tubulares revestidas por epitélio colunar alto com displasia de baixo grau. Adenoma tubuloviloso. Compreende 15 a 20% dos pólipos neoplásicos, tem a mesma localização do adenoma tubular e apresenta-se como tumoração séssil ou pediculada, com características histológicas de estruturas tubulares e vilosas. O risco de transformação maligna é proporcional à quantidade do componente viloso. Adenoma. Pólipo séssil serrilhado. Trata-se de lesão séssil ou plana que se origina predominantemente no cólon proximal. A arquitetura serrilhada das criptas é similar à do pólipo hiperplásico, embora nos adenomas o aspecto serrilhado ocorra em toda extensão das glândulas, incluindo a base das criptas e as suas ramificações laterais (Figura 22.58). A lesão é importante porque é precursora do câncer do cólon associado à instabilidade de microssatélites (ver adiante). Figura 22.57 Adenoma viloso do cólon. A. Lesão séssil de aspecto papilífero. B. Aspecto histológico da lesão mostrando displasia de alto grau. O epitélio é pseudoestratificado e apresenta perda da orientação basal dos núcleos e da produção de mucinas. Figura 22.58 Adenoma/pólipo séssil serrilhado. Glândulas revestidas por epitélio colunar alto com borda interna serrilhada. Síndromes de polipose familial A polipose familial do cólon é doença genética de herança autossômica dominante, com alta penetrância, causada por mutações no gene APC (adenomatous polyposis coli), situado no braço longo do cromossomo 5 (5q21-22). Este gene supressor de tumor controla a proliferação celular da mucosa do cólon pela via de sinalização WNT/β-catenina (ver Capítulo 10). A doença caracteriza-se por grande número de pólipos, variando de dezenas a milhares, que recobrem a mucosa do cólon (Figura 22.59 A). Histologicamente, os pólipos são representados por adenomas com diferentes graus de displasia (Figura 22.59 B). Figura 22.59 Polipose familial do cólon. A. Lesões polipoides múltiplas, de tamanhos variados, na mucosa do cólon. B. Aspecto histológico das lesões mostrando múltiplos adenomas pediculados. Dependendo do tipo de mutação envolvida, a polipose familial compreende as formas clássica, atenuada, síndrome de Gardner e síndrome de Turcot. Na forma clássica, os pacientes desenvolvem 500 a 2.500 adenomas (100 lesões são necessárias para o diagnóstico), localizados predominantemente no cólon descendente e no sigmoide, podendo comprometer também o reto, ceco, intestino delgado e estômago. A doença manifesta-se geralmente na segunda ou terceira década de vida, e o risco de desenvolver câncer do cólon é de 100% nos indivíduos não tratados. Por isso, o tratamento profilático é colectomia total. Na forma atenuada, os pacientes desenvolvem menor número de adenomas (em média, 50 lesões), que se localizam preferencialmente no cólon proximal. O risco de transformação maligna é menor, em torno de 50%. Polipose familial do cólon é responsável por cerca de 1% dos casos de câncer colônico. A síndrome de Gardner é variante incomum da polipose familial do cólon, tem herança autossômica dominante e caracteriza-se pela associação de adenomas com lesões extraintestinais, como osteomas na mandíbula, no crânio e nos ossos longos, cistos epidérmicos e fibromatose; menos frequentemente, pólipos associam-se a anormalidades na dentição e maior frequência de tumores na tireoide e no duodeno. A síndrome de Turcot é outra variante rara de polipose em que pólipos associam-se a tumores do SNC (geralmente gliomas). Adenocarcinoma Adenocarcinoma do cólon é a neoplasia maligna mais frequente do trato gastrointestinal. Na Europa e nos Estados Unidos, é o terceiro câncer mais prevalente. No Brasil, é o terceiro câncer mais comum em homens e o segundo mais frequente em mulheres. O pico de incidência é entre 60 e 79 anos; 20% dos casos ocorrem antes de 50 anos. Carcinogênese colônica A maioria dos casos de câncer do cólon é de lesões esporádicas, relacionadas com fatores ambientais; hábitos alimentares e estilo de vida são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de câncer do cólon. As formas hereditárias compreendem: (a) polipose familial do cólon (familial adenomatous poliposis – FAP), de herança autossômica dominante; (b) carcinoma hereditário não associado a polipose (hereditary nonpoliposis colorectal cancer – HNPCC). Alimentação é o principal fator ambiental envolvido na carcinogênese colônica. Altas taxas de câncer do cólon associam-se a: (1) dieta pobre em fibras vegetais e rica em gorduras, carnes vermelhas e carboidratos refinados. O menor teor de fibras na alimentação reduz o bolo fecal, aumenta o tempo de trânsito intestinal e altera a microbiota intestinal. Nessa situação, alta concentração de produtos oxidativos da degradação de carboidratos por bactérias e pequeno volume de fezes possibilitam maior tempo de contato do bolo fecal com a mucosa do cólon; (2) alta ingestão de carnes vermelhas resulta em maior taxa de colesterol, o que aumenta a síntese e a excreção de ácidos biliares, os quais podem ser convertidos em agentes cancerígenos pelas bactérias intestinais; (3) carência de vitaminas A, C e E na alimentação resulta em aumento de radicais livres de O2, que são potencialmente mutagênicos; (4) obesidade e inatividade física aumentam o risco para câncer do cólon; adenocarcinoma colônico é mais comum em indivíduos obesos. Produtos de degradação de alimentos ricos em gordura também geram radicais livres de O2. Estudos de genética molecular mostram que múltiplas alterações envolvendo perda da função de genes supressores e ativação de oncogenes são necessárias para aquisição do fenótipo maligno.O câncer do cólon desenvolve-se por duas vias: (1) via APC/β-catenina, que atua na origem de adenomas e sua progressão para adenocarcinoma (sequência adenoma-carcinoma); (2) via de instabilidade de microssatélites, relacionada com defeitos no reparo do DNA. Em ambas as vias, há acúmulo de mutações sucessivas e cumulativas que diferem nos genes envolvidos e nas formas de seu aparecimento. Alterações epigenéticas, como silenciamento gênico, por metilação do DNA ou por microRNAs, favorecem a progressão da neoplasia. A via da sequência adenoma-carcinoma (APC/β-catenina) é responsável por 70 a 80% dos carcinomas esporádicos do cólon. A lesão inicia-se com mutações no gene APC (Figura 22.60). Como se trata de gene supressor de tumor, ambos os alelos do gene precisam estar afetados (mutações ou alterações epigenéticas) para que o fenótipo neoplásico se manifeste. O produto do gene APC é um regulador negativo da β-catenina, proteína citoplasmática que faz parte da via de sinalização WNT (ver Figura 8.5). Em condições normais, a proteína APC liga-se à β-catenina, levando à sua degradação. Com a perda de função da proteína APC, a β-catenina fica livre e desloca-se ao núcleo, onde ativa fatores de transcrição de alguns genes cujos produtos induzem proliferação celular (genes MYC e da ciclina D1). Mutações adicionais ocorrem, incluindo ativação do oncogene KRAS, que favorece a proliferação celular e diminui a apoptose. A progressão neoplásica associa-se a mutações em outros genes supressores de tumor, como SMAD2 e SMAD4, que participam na via de sinalização TGF-β, inibidora da proliferação celular. Mutações no gene TP53 são encontradas em 70% dos cânceres do cólon, surgem na etapa de progressão da neoplasia e levam à instabilidade genômica, que é uma das principais características da via de carcinogênese APC/β-catenina (Figura 22.60). A via de instabilidade de microssatélites (IMS) caracteriza-se por alterações em genes de reparo do DNA. Os produtos desses genes (hMSH2, hMLH1, hMSH6 e hPMS2) são “revisores” do DNA, pois detectam erros ocorridos durante a replicação do DNA (erros de pareamento). Sem reparo do DNA, erros de replicação não são corrigidos e originam mutações. Microssatélites são pequenas sequências repetitivas de nucleotídeos (3 a 5 pares de bases) altamente polimórficas no genoma e muito sujeitas a mutações. Mutações em microssatélites são um bom marcador de defeitos nos genes de reparo do DNA. Microssatélites podem situar-se na região codificadora ou promotora de vários genes, como os envolvidos na proliferação celular (p. ex., TGF-β) ou apoptose (p. ex., BAX). Mutações nesses genes aumentam a proliferação celular ou diminuem a apoptose, permitindo a expansão de clones celulares transformados. Tais anormalidades moleculares podem ser reconhecidas pela ausência, à imuno-histoquímica, das proteínas de reparo do DNA (MLH1 e MSH2) ou pela análise molecular de microssatélites. O gene MLH1 pode tornar-se inativo por metilação do seu promotor. Carcinomas com instabilidade de microssatélites ocorrem na síndrome do câncer do cólon hereditário não associado à polipose (HNPCC – síndrome de Lynch). Figura 22.60 Carcinogênese do cólon. Via da sequência adenoma-carcinoma. APC: gene adenomatous poliposis coli; DCC: gene deleted in colon carcinoma. Aspectos morfológicos O carcinoma do cólon é mais frequente no reto/sigmoide (70% dos casos), seguindo-se o ceco e o cólon ascendente (22%), cólon transverso e descendente. A lesão apresenta várias formas macroscópicas: polipoide (vegetante), ulceroinfiltrativa, anular-constritiva e difusa. As três primeiras são as mais comuns. As lesões polipoides ou vegetantes são mais comuns no cólon direito, crescem em direção à luz como massas fungoides ou em couve-flor e geralmente adquirem grandes dimensões (Figura 22.61). Como no ceco a luz intestinal é ampla e o conteúdo fecal predominantemente líquido, as manifestações clínicas são tardias e não raramente o tumor é diagnosticado pelas metástases. Por essa razão, o prognóstico é ruim, apesar de o tumor geralmente ter crescimento lento e ser bem diferenciado. O tipo ulceroinfiltrativo é o mais frequente, cresce em superfície e profundidade, infiltra a parede do cólon e leva a estreitamento (estenose) da luz intestinal (Figura 22.62). A lesão forma grande úlcera com fundo necrótico e bordas elevadas e irregulares. A forma anular-constritiva é comum especialmente no reto e no sigmoide. O tumor cresce pouco em direção à luz, mas infiltra a parede de modo circular (Figura 22.63). A estenose deve-se à reação desmoplásica do estroma induzida pelas células neoplásicas. Por essa característica constritiva, é conhecido como tumor em anel de guardanapo. O segmento proximal dilata-se devido à estase fecal. Como este padrão de crescimento compromete o trânsito intestinal, o diagnóstico é mais precoce. Histologicamente, trata-se de adenocarcinomas similares aos de outros locais do trato gastrointestinal. Os tumores são geralmente bem diferenciados e constituídos por glândulas revestidas por células colunares com diferentes graus de atipias (displasia) (Figura 22.64). Cerca de 15% dos casos produz grande quantidade de mucinas, sendo designados adenocarcinomas mucinosos (coloide). Apenas pelo exame histopatológico não é possível identificar a via molecular envolvida na carcinogênese. Figura 22.61 Adenocarcinoma do cólon direito. Lesão séssil de bordas elevadas e centro ulcerado. Figura 22.62 Adenocarcinoma do cólon esquerdo. Lesão infiltrativa envolvendo toda a circunferência da luz intestinal. Figura 22.63 Adenocarcinoma anular e estenosante do sigmoide, com acentuada dilatação da região proximal ao tumor. Figura 22.64 Adenocarcinoma bem diferenciado do cólon. Glândulas irregulares revestidas por epitélio com atipias celulares de alto grau. Evolução. Prognóstico O câncer do cólon e do reto desenvolve-se insidiosamente, podendo permanecer assintomático por longo tempo. No ceco e no cólon direito, o tumor é clinicamente silencioso, manifestando-se com sinais inespecíficos de fadiga, fraqueza e anemia ferropriva. Lesões no cólon esquerdo manifestam-se por obstrução intestinal progressiva, com alterações do hábito intestinal, e por alterações nas fezes (fezes em fita), associadas a diarreia e perda de sangue nas fezes (evidente ou como sangue oculto). O principal fator prognóstico é a extensão da lesão no hospedeiro, avaliada pela profundidade de invasão do tumor na parede intestinal e pela presença de metástases em linfonodos regionais e/ou em órgãos a distância, sobretudo fígado, pulmões e ossos. Como a drenagem venosa do cólon é feita pelo sistema porta, o fígado é o órgão com maior incidência de metástases. A classificação TNM (tumor, linfonodo, metástase) é utilizada para avaliar a extensão do tumor (estádio) no hospedeiro no momento do diagnóstico (Quadro 22.4). O estadiamento é estabelecido pelo exame anatomopatológico da peça cirúrgica. A sobrevida correlaciona-se com o estádio. Câncer do cólon hereditário não associado a polipose O câncer do cólon hereditário não associado a polipose (HNPCC), também conhecido como síndrome de Lynch, é responsável por 3 a 5% dos casos de câncer colônico. Trata-se de doença genética de herança autossômica dominante causada por mutação nos genes de reparo do DNA, particularmente hMLH1 e hMSH2, o que resulta em instabilidade genômica, especialmente nas sequências de microssatélites. Os tumores ocorrem em indivíduos jovens (abaixo de 50 anos), predominam no cólon direito, são adenocarcinomas pouco diferenciados ou mucinosos, têm reação linfoide e apresentam evolução mais favorável. Defeitos em genes de reparo do DNA podem ser identificados por análise molecular para detectar instabilidade de microssatélites ou por análise imuno-histoquímica para avaliar os níveis de expressão das proteínas envolvidas no reparo do DNA. A identificação de pacientes com síndrome de Lynch é importante pelo alto risco de desenvolver segundo tumor no cólon (tumores sincrônicos ou metacrônicos) e em outros órgãos,como endométrio, ovário, pâncreas e pelas diferenças no tratamento e prognóstico. Classificação TNM do carcinoma do cólon e reto SINTOMAS INTESTINAIS E SUAS CAUSAS Geralmente, o câncer de intestino é um tumor silencioso, com sintomas mais difíceis de identificar a doença. Isto porque são sinais que também podem ocorrer devido à problemas mais comuns, como fissura anal, infecção intestinal ou intoxicação alimentar. Ainda assim, alguns sintomas podem ser considerados, principalmente em estágios mais avançados. Entre os principais, estão: Sangue nas fezes Ao evacuar e perceber a presença de sangramento, já deve-se desconfiar que algo não está bem. Muitas pessoas passam por isso e acabam confundindo com hemorroidas ou fissuras, porém, nem sempre isso é o certo. Se houver sangue escuro ou vivo, é importante procurar o médico para investigar as causas. Pode acontecer de o sangue escuro estar misturado às fezes, o que indica que a doença se localiza no início do intestino. Já o sangue vivo pode indicar que a lesão está no final do mesmo órgão. Alterações significativas no formato das fezes Quando a passagem do intestino está bloqueada pelo tumor, o formato das fezes pode ser alterado. Se forem fezes longas e finas, com formato de lápis, será um indício de que alguma coisa está impedindo que elas ocupem o diâmetro do órgão. Constipação ou diarreia Esses sintomas dependem do tamanho do tumor e localização. O câncer de intestino pode provocar alterações no funcionamento do órgão, como diarreia e constipação. No caso da diarreia, as fezes podem se tornar mais líquidas na parte direita ou no ceco. É certo que o hábito intestinal muda em situações de estresse, quando o indivíduo está viajando ou quando faz alguma alteração em sua dieta. Mas, se o intestino ficou solto ou preso por muito tempo, sem uma causa específica, deve-se consultar o coloproctologista. Inchaço ou dor no abdômen O acúmulo das fezes que não conseguem chegar ao seu destino final leva ao inchaço e dor no abdômen, causando desconforto. Vale lembrar que, muitas vezes, o inchaço é sentido após grandes refeições, durante a menstruação e até após a ingestão de bebidas alcoólicas. Porém, se esses sinais persistirem, deve-se ter mais atenção. Além disso, pode ser que o indivíduo, mesmo após evacuar, sinta que o intestino não foi completamente esvaziado. Isso também é um alerta! Perda de peso sem motivo específico A perda de 5 kg ou mais ao longo de sete meses, sem alterações na dieta ou no estilo de vida, pode indicar a doença. Isso acontece devido às células do tumor, que utilizam uma parte do estoque de energia do corpo. As substâncias que são liberadas por alguns tipos de células malignas, podem alterar a conversão de alimentos em energia, o que leva o indivíduo a perder peso. VALORES NORMAIS DO HEMOGRAMA Valores em Homem Hemácias: 4.2 a 5.9 milhões/ µL Hemoglobina: 13.0 a 18.0 g/dL Hematócrito: 38 a 52% VCM: 80.0 a 100.0 fL HCM: 27.0 a 32.0 pg CHCM: 31.0 a 36.0 g/dL RDW: 10 a 16% Leucócitos totais: 4000 a 11000/ µL Neutrófilos bastonetes: 0 a 800/ µL Neutrófilos segmentados: 1600 a 8000/ µL Linfócitos: 900 a 4000/ µL Monócitos: 100 a 1000/ µL Eosinófilos: 0 a 500/ µL Basófilos: 0 a 200/ µL Plaquetas: 140.000 a 450.000 µL Valores em Mulher Hemácias: 3.9 a 5.4 milhões/ µL Hemoglobina: 12.0 a 16.0 g/dL Hematócrito: 35 a 47% VCM: 80.0 a 100.0 fL HCM: 27.0 a 32.0 pg CHCM: 31.0 a 36.0 g/dL RDW: 10 a 16% Leucócitos totais: 4000 a 11000/ µL Neutrófilos bastonetes: 0 a 800/ µL Neutrófilos segmentados: 1600 a 8000/ µL Linfócitos: 900 a 4000/ µL Monócitos: 100 a 1000/ µL Eosinófilos: 0 a 500/ µL Basófilos: 0 a 200/ µL Plaquetas: 150.000 a 450.000 µL Valores em recém nascidos Eritrócitos: 4.0 a 5.6 milhões / µL Hemoglobina: 13.5 a 19.6 g/dL Hematócrito: 44 a 62% VCM: 77.0 a 101.0 fL HCM: 28.0 a 33.0 pg Valores em Crianças de até 1 ano Eritrócitos: 4.0 a 4.7 milhões/ µL Hemoglobina: 11.0 a 13.0 g/dL Hematócrito: 36 a 44% VCM: 77.0 a 95.0 fL HCM: 30.0 a 33.0 pg Valores em Crianças Eritrócitos: 4.5 a 4.7 milhões/ µL Hemoglobina: 11.5 a 14.8 g/dL Hematócrito: 37 a 44% O hematócrito é o percentual do sangue que é ocupado pelos eritrócitos (outro nome para os eritrócitos é “hemácias”). Um hematócrito de 45% significa que 45% do sangue é composto por eritrócitos. Os outros 55% são água e substâncias diluídas. Praticamente metade de nosso sangue é composto por eritrócitos, nossas células vermelhas. A falta de eritrócitos prejudica o transporte de oxigênio, já o excesso deixa o sangue muito espesso, atrapalhando seu fluxo e favorecendo a formação de coágulos. A hemoglobina é uma molécula que fica dentro dessas células, ela é responsável pelo transporte de oxigênio. Na prática, a dosagem de hemoglobina acaba sendo a mais precisa na avaliação de uma anemia. O volume globular médio (VGM), mede o tamanho das células. Um VCM elevado indica eritrócitos microcíticos, ou seja, grandes. VCM reduzidos indicam células microcíticas, isto é, de tamanho diminuído. Com esse dado podemos diferenciar os vários tipos de anemias. Por exemplo, anemias por carência de ácido fólico cursam com hemácias grandes, enquanto que anemias por falta de ferro se apresentam com hemácias pequenas. Existem também as anemias com hemácias de tamanho normal. Interessante: o alcoolismo é uma causa de VCM aumentado (macrocitose) sem anemia. O CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média) dosa a concentração de hemoglobina dentro da célula. O HCM (hemoglobina corpuscular média) é o peso da hemoglobina dentro dos eritrócitos. Ambos valores indicam aspectos bem semelhantes. Quando têm pouca hemoglobina, as células são ditas hipocrômicas. Quando têm muita, são hipercrômicas. O RDW é um índice que avalia a diferença de tamanho entre as hemácias. Quando este está elevado significa que existem muitas hemácias de tamanhos diferentes circulando. Isso pode indicar hemácias com problemas na sua morfologia. É muito comum RDW elevado, por exemplo, na carência de ferro, onde a falta deste elemento impede a formação da hemoglobina normal, levando à formação de uma hemácia de tamanho reduzido.
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