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Guilherme Okoti de Melo Infecção do Trato Urinário na infância Invasão e multiplicação um único organismo patogênico em qualquer seguimento do aparelho urinário, detectado por urocultura. Epidemiologia Prevalência 0 a 6 meses: meninos > meninas – a não circuncisão aumenta a prevalência 6 a 12 meses: meninos = meninas > 1 ano: meninas > meninos 1º Pico: 3 a 5 anos – higiene (migração de E. coli da região anal para a uretra) 2º Pico: adolescência – alterações hormonais (proliferação bacteriana) e início da atividade sexual Reinfecções são frequentes (40%), principalmente no sexo feminino. Fisiopatogenia A urina e o trato urinário são normalmente estéreis – o local da infecção determina a clínica. O períneo e a zona uretral de neonatos e lactentes (uso de fralda) estão colonizados por E. coli, Enterobacteriaceae e Enterococcus spp. Coleta de urina – contaminação cruzada O prepúcio de meninos não circuncidados é um reservatório para várias espécies de Proteus. A colonização diminui após o primeiro ano de vida, sendo rara o crescimento após os cinco anos. Patogênese A ITU pode ser adquirida por duas vias: Hematogênica Mais frequente no período neonatal; Por traumas, isquemia, uropatias obstrutivas etc. Ascendente Mais frequente em meninos não circuncidados e meninas; Por colonização de bactérias oriundas da flora fecal. Comentado [GOdM1]: o Uretra o Bexiga: sintomas mais amplos o Ureter o Rim (parênquima renal): processo infeccioso mais grave Guilherme Okoti de Melo Etiologia E. coli uropatogênicas (UPEC, 80%) Contaminantes comuns – forma da coleta: Lactobacillus sp., Corynebacterium sp., Staphylococcus sp. coagulase-negativo e Streptococcus α-hemolítico. Classificação Pielonefrite As UPEC isoladas de pacientes com ITU febril apresentam fatores de virulência (pili ou fimbrias) que aumentam sua sobrevivência no hospedeiro – facilitam a sua ascensão por contracorrente. Acometimento sistêmico do parênquima renal. Surgimento de cicatrizes renais, podendo levar à hipertensão devido a insuficiência renal. Cistite Comprometimento vesical agudo. Ausência de lesão renal. Bacteriúria assintomática Duas uroculturas em que o mesmo germe foi isolado e com contagem 105 UFC/mL ou próximas a este valor – suspeita de ITU. Ausência de lesão renal. Não trata. | ITU Atípica Falha na resposta após 48h de antibiótico apropriado. Oligúria Massa palpável abdominal ou vesical – má formação do trato urinário Septicemia ↑ Creatinina Infecção por bactéria diferente de E. coli. | ITU Típica Comentado [GOdM2]: ... fatores de risco: Comentado [GOdM3]: Nefrítica x Nefrótica → Urina rotina: hematúria x proteinúria, respectivamente Comentado [GOdM4]: Fator predisponente para ITU por repetição, que pode causar cicatrizes renais, evoluindo para uma insuficiência renal a médio e longo prazo. Guilherme Okoti de Melo Quadro Clínico Os sinais e sintomas na criança dependem principalmente da idade – em crianças menores, são mais inespecíficos. Neonatais, +pielonefrite Febre Déficit de ganho ponderal associado a inapetência Cianose Distensão abdominal Vômitos Diarreia Icterícia prolongada Hipotonia Irritabilidade Irregularidade respiratória Convulsões Pneumonia, ITU ou Meningite Urina rotina e Raio-X Investigar a amamentação. De 1 mês a 2 anos de idade, +pielonefrite Febre Déficit de ganho ponderal Anorexia Náuseas e vômitos Diarreias Cólicas abdominais Pré-escolares e escolares, +cistites Disúria miccional Alteração da cor e odor urinário Febre Dor abdominal ou lombar Polaciúria Adolescentes, +cistites Dor pélvica Disúria Urgência miccional Febre Diagnóstico Condições a considerar para investigação de ITU em crianças: Em qualquer criança e adolescente com sintomas urinários. Em qualquer criança, especialmente bebês, com febre inexplicada – urina rotina. Em qualquer RN com sinais ou sintomas de bacteremia – urocultura. Em qualquer RN com bilirrubina sérica conjugada elevada. Em qualquer criança com atraso de crescimento. Fatores de risco para ITU em crianças: Comentado [GOdM5]: Disúria, polaciúria e dor lombar não são sintomas para confirmar diagnóstico de ITU em neonatais. Guilherme Okoti de Melo Anomalias estruturais do trato urinário Hidronefrose pré-natal Disfunção intestinal e da bexiga Bexiga neurogênica – SVD Imunocomprometidos Gênero – meninos não circuncidados e higiene em meninas Atividade sexual Suspeitar via: Anamnese e Exame Físico Mal formações via US fetal Disfunção intestinal e vesical ITU prévia História familiar de doença renal Urina rotina Hemograma PCR e VHS Em crianças de 2 a 23 meses: UTICALC – para estimar a probabilidade de ITU em lactentes. Confirmar via: Bacterioscopia urinária: a partir da urina de primeiro jato, permite identificar rapidamente e de forma simples a ocorrência de infecções bacterianas pela coloração de gram (+ ou –?). Positivo? >5 bactérias/mm3 Sedimento urinário: partículas arenosas, muco, glóbulos brancos ou vermelhos, que podem ser detectados em um teste de urina ou que dão uma aparência turva à urina. ? Leucocitúria (>10000 leucócitos/mL ou 10 leucócitos/campo) ? Cilindros leucocitários ? Nitritos e esterase leucocitária ? Hematúria ? Proteinúria Urocultura (24 a 72h) – padrão ouro De preferência, coleta da primeira urina da manhã da bexiga estéril, dispensando o primeiro jato, de forma correta. Comentado [GOdM6]: o Análise macroscópica o Análise bioquímica o Análise microscópica Guilherme Okoti de Melo Jato médio: ≥90000 UFC/mL ou >50.000 UFC/mL, com evidência de piúria Saco coletor: ≥100000 UFC/mL Punção suprapúbica: qualquer número Indicações: Crianças sem controle esfincteriano Menino com fimose grave Menina com aderências labiais acentuadas Infecção genital externa Presença de anormalidades do complexo genital Sondagem vesical (crianças sem controle esfincteriano): ≥1000 UFC/mL de uma única bactéria Em casos de baixa contagem bacteriano ou crescimento de mais de um microorganismo, considerar contaminação da amostra. O diagnóstico precoce é fundamental para prevenir e minimizar a formação e progressão da cicatriz renal em neonatos e lactentes, que poderá levar à hipertensão/e ou insuficiência renal crônica. + Antibiograma Tratamento Ambulatorial Tratamento inicial: observando-se a idade e o estado geral do paciente, ATB empírico de menor espectro, de preferência, guiada pela coração de gram. Revisão da terapia em 48-72h. ... quando não está respondendo: Antibiograma Descartar anormalidade do trato urinário. Ampliar cobertura ou trocar ATB. Hospitalar Em lactentes <2 meses. Se risco de não adesão ao tratamento. Se acometimento do estado geral. Comentado [GOdM7]: Prático e rápido, mas com altas chances de contaminação - 80% de falso positivo. Negativo? ITU descartada. Comentado [GOdM8]: Urocultura+? Identifica quais os antibióticos que a bactéria é mais sensível ou resistente, ajudando a definir o melhor tratamento. → Bactericida, preferencialmente por 10 dias contínuos. Guilherme Okoti de Melo Febril, via oral ou parenteral IV: 10 a 14 dias Afebril, via oral: 7 a 10 dias Avaliação das Vias Urinárias Indicado em todas as crianças após o primeiro episódio de ITU febril confirmado via urocultura. USG do aparelho urinário e bexiga Não invasivo e não expõe o paciente à radiação – pode ser feito durante o processo infeccioso; Deve ser realizado em todos os que apresentaram ITU com o intuito de confirmare/ou detectar má formações. USG normal não exclui a existência de alterações. Cintilografia renal com DMSA Detecção de cicatrizes renais – padrão ouro; Deve ser realizado em <3 anos com ITU febril (pielonefrite); Deverá ser realizado após quatro a seis meses do episódio inicial de ITU. Uretrocistografia miccional (UCM) Não pode ser realizado durante o processo infeccioso; USG de rins e vias urinárias alterada – detecta RVU, inclusive leve Cintilografia renal com DMSA alterada ITU de repetição com disfunção miccional Seguimento no ambulatório por 2 anos e realizar uroculturas. Profilaxia US alterado Guilherme Okoti de Melo ITU febril e PCR+ ITU de repetição com trato urinário normal e disfunção miccional 2 ou + pielonefrites 1 cistite ou 1 pielonefrite 3 cistites Refluxo vesicoureteral (RVU) > IIIº; com cicatriz renal Estenose de JUP (uretero pélvica) e Estenose de JUV (uretero vesical) Nitrofurantoína Sulfametoxazol e Trimetroprima Comentado [GOdM9]: 1/3 a 1/2 da dose terapêutica 1x/dia → Até o término da investigação.
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