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DOENÇAS BENIGNAS DA MAMA INTRODUÇÃO - A maioria das lesões que ocorrem na mama são benignas; - Apresentam ampla variedade de sinais e sintomas, e em faixas etárias variadas; - A incidência das lesões benignas mamárias começa a aumentar durante a segunda década de vida, com picos na quarta e quinta década, enquanto as lesões malignas começam a aumentar após a menopausa; NÓDULO DE MAMA Introdução: - É uma das queixas mais comuns nos consultórios de mastologia; - Na maioria das vezes, trata-se de patologia benigna, sobretudo até a terceira década de vida; - Após a menopausa é importante diferenciar precocemente nódulos com aspectos suspeitos, pois o câncer de mama pode estar presente em 30% dos casos; - Definição: tumor presente na glândula mamaria, palpável ou não ao exame clinico, podendo ter conteúdo cístico ou sólido; - Mais comuns: fibroadenomas e ciscos mamários; Etiologia e Fisiopatologia: - O parênquima da glândula mamaria sofre profundas mudanças durante o desenvolvimento e amadurecimento feminino, sobretudo no período entre a menarca e a menopausa; - Inicia-se pela predominância de ductos, lóbulos e do estroma intra e interlobular observados no inicio da menacme até as alterações fibróticas e formações císticas; - No fim, após a menopausa, a mama sofre um processo de lipossubstituição em torno de 75% dos casos ou de fibrossubstituição, presente nos 25% restantes; - A maioria dos nódulos sólidos são decorrentes de lesões fibroepiteliais à mais comum = fibroadenoma - Fisiopatologia: resposta exagerada da mama aos estímulos hormonais fisiológicos após a menarca; - Características: nódulo de crescimento limitado e, em geral, não ultrapassa 2cm, com tendencia à involução após a menopausa; - Fibroadenomas complexos: contém outras lesões proliferativas como adenose esclerosante, adenose, hiperplasia ductal usual e microcalcificações epiteliais; - Cistos mamários = estruturas redondas ou ovoides, preenchidas por liquido; - Fisiopatologia: derivam-se da unidade ducto lobular terminal, acometendo mulheres entre a quarta década e o inicio da menopausa; Diagnóstico: - Anamnese; - idade à avaliação da incidência dos nódulos conforme a faixa etária; - status hormonal; - fatores associados à dor, alteração cutânea, linfadenomegalia axilar ou supraclavicular; - utilização de medicamentos à anticoncepcionais, terapia de reposição hormonal; - identificar fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de mama; - Exame Físico; - inspeção estática e dinâmica à busca por retrações e/ou abaulamentos; - palpação e avaliação de linfonodos axilares e supraclaviculares; - caracterizar os nódulos quanto: consistência, limites, regularidade, tamanho e localização; - Exame Complementar - ultrassonografia - é a mais eficaz quando comparada com a mamografia, apesar de não ter indicação no rastreamento; - é inócua, obrigatória na diferenciação de lesões sólidas e císticas e geralmente bem tolerada pelas mulheres; - a mamografia tem importância no rastreamento de outras lesões à lipoma e fibroadenoma calcificado; - Punção ou biópsia, em casos indicados, podem ser feitas com agulha fina (PAAF) ou grossa (trocarte ou vácuo-assistida) à no primeiro caso, obtém-se material citológico e no segundo, material histológico. - Punção cirúrgica excisional deve ser reservada aos casos que necessitam de terapia especifica - Nos casos de suspeição de nódulo, faz-se a biópsia por agulha previa para descartar o risco de carcinoma e estabelecer o planejamento terapêutico adequado; - A retirada de material por agulha fina para avaliação citológica pode ser realizada em ambiente laboratorial, sem necessidade de anestesia local, e é padrão-ouro na diferenciação entre lesões sólidas e císticas à quando císticas, a punção tem caráter curativo, uma vez que drena todo o conteúdo delas; - A biópsia percutânea com agulha grossa retira fragmentos do nódulo, permite maior especificidade diagnóstica, além de, nos casos de lesões neoplásicas, fornecer material para estudo de imunoistoquimica; Diagnósticos Diferenciais: - Fibroadenoma = tumores firmes, elásticos, apresentam bordas regulares e lisas; podem alterar de tamanho conforme a fase do ciclo menstrual, geralmente aumentam na gestação e amamentação, e involuem na menopausa; - Tumor Filoides (Phyllodes) = características clinicas do fibroadenosa, porem com dimensões superiores e apresentam crescimento acelerado; origem extraductal no tecido conjuntivo; pode ter variante maligna; recidivas locais frequentes à precisa fazer excisao com margem ampla de 1-2cm; - Fibroadenoma Juvenil = mesmo quadro clinico do tumor filoide, porem acomete mulheres mais jovens (menos de 20 anos) e costuma aparecer após 2/3 anos da menarca; caracteriza-se por uma massa única, palpável, móvel e indolor que cursa com crescimento rápido, podendo causar assimetria mamária importante; - Hamartoma (fibroadenolipoma) = área de tecido mamário encapsulado à breast in a breast; - Alteração Funcional Benigna das Mamas = dor localizada, geralmente em quadrante superolateral das mamas, e ao exame clínico há espessamento fibroelástico, móvel, que involui após a menstruação; - Neoplasias Malignas = nódulos endurecidos, limites indefinidos e aderidos a estruturas adjacentes; podem estar associados a: alterações cutâneas (retração, hiperemia, edema), fluxo papilar suspeito, linfadenomegalia axilar e supraclavicular; geralmente são indolores; - Esteatonecrose = características semelhantes a neoplasia maligna, mas são secundarias a trauma ou processo cirúrgico prévio à necrose de tecido adiposo; - Ectasia Ductal = nódulo retroareolar endurecido, comumente associado a sensibilidade dolorosa durante a palpação, inversão de mamilo e fluxo papilar; acomete mulheres na quarta década de vida e na perimenopausa; - Papiledema = nódulos retroareolares com fluxo papilar sanguinolento; Tratamento: - Etapa inicial = explicar às pacientes que eles são decorrentes de alteração normal do desenvolvimento da mama e que não aumentam o risco para desenvolvimento de câncer de mama; - Tranquilizar as pacientes e saber diferenciar os achados benignos dos malignos; - Cistos: - Os cistos simples não palpáveis, diagnosticados apenas em USG não devem ser abordados ou acompanhados, e a paciente deve ser tranquilizada; - Nódulos palpáveis à PAAF = diagnóstica e terapêutica à a citologia do liquido não é recomendada, sendo apenas para casos suspeitos como cistos com conteúdo hemorrágico e cistos que recidivam em curto espaço de tempo; - Cistos complexos = conteúdo sólido à exérese cirúrgica à quando não der para fazer a biópsia percutânea assistida a vácuo, ou quando, após a realização desse procedimento, observar a presença de atipia ou malignidade; - Controle à 6 meses; - Nódulos Sólidos: - Nódulos com imagem suspeita à biópsia percutânea, independente da idade da paciente à retirada cirúrgica é determinada de acordo com o resultado da biópsia; - Em mulheres com idade < 30 anos com exame clinico e radiológico sugestivos de alterações benignas, que não causem incomodo clinico, não se recomenda biópsia, mas sim controle clinico e radiológico; - A exérese cirúrgica deve ser reservada para os casos sintomáticos, sobretudo nos nódulos maiores de 2cm; - Diante da suspeita de tumor filoide ou fibroadenoma juvenil à exérese do tumor com obtenção de margens livres, para reduzir o risco de recorrência; MASTALGIA Introdução: - Dor mamária ou mastalgia é uma das queixas mais comuns nos consultórios de mastologia, principalmente em mulheres em idade reprodutiva; - Interfere diretamente na vida emocional, social e profissional da mulher; - Constantemente, a mastalgia traz angustia e ansiedade, pois é relacionada com o câncer de mama à cancerofobia é um dos principais motivos pelos quais a paciente procura o mastologista; Etiologia e Fisiopatologia: - A causa da dor mamaria nãoé totalmente conhecida; - O componente psicológico deve ser considerado à algumas situações de estresse podem favorecer o aparecimento do sintoma (ex: parentes ou pessoas próximas recém diagnosticadas com CA de mama ou até a alta exposição da neoplasia mamaria nos veículos de mídia); - Tipos: - Ciclica = relacionada ao ciclo menstrual; - Aciclica = sem interferência com o ciclo; - Ciclica: pode estar relacionada com um desequilíbrio na relação estrogênio/progesterona no final da segunda fase do ciclo menstrual à sistema dopaminérgico à aumento da secreção de prolactina à aumento da sensibilidade do tecido mamário; - Aciclica: pode estar relacionada a diversas causas, como: hipertrofia mamária, macrocistos, nódulos de grande dimensão, cirurgia mamaria prévia, ectasia ductal, mastites, trauma, medicamentos, entre outras; - Dores extramamárias = dor referida devida as afecções em outras estruturas que se relacionam anatomicamente com as mamas; Diagnóstico: - É clinico e de fácil execução; - A história clinica e o exame físico são fundamentais e geralmente suficientes para classificar a dor e orientar o tratamento; - Sempre lembrar que podem ter outras doenças mamárias associadas à o rastreamento de câncer nunca deve ser abandonado; - Anamnese: - Deve avaliar o inicio, a duração, a localização, a intensidade, os fatores desencadeantes, atenuantes, agravantes ou associados e, principalmente, sua relação com o ciclo menstrual; - Deve ser feita uma avaliação psicológica à estado de humor, presença de dores psicossomáticas; - Questionar quanto a ingestão de medicamentos ou estimulantes; - Exame Físico: - Buscar por sinais flogísticos na pele, nódulos ou espessamentos, descarga papilar, retração do mamilo, presença de dor focal e presença de linfonodomegalias; - A parede torácica deve ser examinada cuidadosamente, com palpação dos arcos costais e articulações, com o intuito de excluir as causas extramamárias, principalmente osteocondrite; Quadro Clínico: - Mastalgia cíclica à dor frequentemente associada a ingurgitamento mamário, com inicio nos dias que antecedem a menstruação e desaparece após o fluxo menstrual; é mais comum nos quadrantes superiores laterais (QSL), tende a ser bilateral e difusa, geralmente em pontada e de manifestação aguda; - Mastalgia acíclica à costuma ser mais intensa e geralmente é unilateral, com desconforto usualmente localizado em um ponto da mama, podendo irradiar para axila, braço, ombro e mão; Tratamento: - Não medicamentoso: - A orientação verbal é o principal tratamento da mastalgia, após a exclusão da presença de neoplasia; - Algumas medidas comportamentais (que não apresentam eficácia comprovada): uso de sutiã esportivo, dieta livre de gorduras, exercícios físicos e redução da ansiedade (técnicas de relaxamento, acupuntura); - Medicamentoso: - Como as pacientes apresentam altas taxas de resposta a orientação verbal, qualquer medicamento, até mesmo o placebo, aparenta ter taxas de sucesso bastante elevadas; - Drogas como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e analgésicos, em geral, tem eficácia no tratamento da dor, mas apresentam alto risco de efeitos colaterais com o uso prolongado. No entanto, podem ser empregadas em casos agudos. AINEs na forma de gel apresentam resultados satisfatórios e menos efeitos colaterais, podendo ser uma alternativa para a dor de origem osteomuscular; - Mastalgia cíclica à bloqueio hormonal à os inibidores de estrogênio e de prolactina atuam na melhora do quadro, mesmo na ausência de níveis elevados desses hormônios à Tamoxifeno apresentou menos efeitos colaterais, na dose de 10mg/dia/3-6 meses; FLUXOS PAPILARES Introdução: - Fluxo, descarga ou derrame papilar = exteriorização espontânea de material fluido pela papila mamária fora do ciclo gravídico-puerperal; - Quando a saíde de material se da pela expressão mamaria (induzida) = secreção; - secreção láctea = galactorreia; - secreção não láctea = telorreia; - É mais comum durante a menacme, mas, quando presente em pacientes idosas, a probabilidade de origem neoplásica aumenta; Etiologia e Fisiopatologia: - Os mecanismos causadores dos fluxos papilares são próprios da glândula mamaria, intra e extraductais, ou por fatores extramamário, relacionados ao controle da produção láctea (galactorreia) - Intraductais = inerentes a parede interna do ducto; - proliferacaoes epiteliais à papilomas, adenomas, hiperplasias; - infecções intraductais à galactoforites; - neoplasia intraductal com necrose; - Extraductais = patologias que possam romper parcialmente a parede do ducto ganhando a sua luz e exteriorizando-se; - neoplasias malignas; - infecções; - outras patologias; - Galactorreia = secreção de coloração clara (láctea) ocasionada por fatores não mamários, em geral por alterações que causem hiperprolactinemia à alguns pacientes podem apresentar galactorreia sem aumento dos níveis de prolactina detectáveis; - Causa mais comum do aumento dos níveis de prolactina = fármacos supressores da dopamina - Doenças que podem causar aumento de prolactina: - Classificações do derrame papilar: - Fisiológico: pequena quantidade de secreção, principalmente após estimulação excessiva do mamilo (em mulheres não lactantes); - Pseudoderrame: mamilos invertidos, infecção da glândula mamaria, eczemas e maceração da pele, que podem produzir secreção similar a um derrame papilar; - Patológico: associados a lesões proliferativas ou carcinomas, caracterizam-se por serem uniductais, espontâneas, unilaterais, aquosos ou sanguíneos; Diagnóstico: - Anamnese à idade, sexo, uso de medicações, historia familiar, uso de terapia hormonal, presença de patologia mamaria pregressa, manipulação excessiva do mamilo ou traumas; - Características da descarga papilar: - Lateralidade (uni ou bilateral); - Numero de orifícios (único ou múltiplos); - Aparecimento (espontâneo ou provocado); - Aspecto macroscópico (lácteo, purulento, multicolorido, esverdeado, marrom, amarelado, viscoso, cristalino, seroso, hemorrágico); - Características suspeitas ao exame físico: unilateral, espontâneo, uniductal, hemorrágico, sero- hemorragico, cristalino, seroaquoso, presença de tumoração associada, pacientes idosas, sexo masculino; - Exames complementares: - Não existe beneficio na realização de citologia oncótica à sensibilidade muito baixa; - Mamografia e ultrassonografia possuem baixa sensibilidade no diagnostico das descargas papilares, porem sua realização é mandatória para avaliar possíveis lesões concomitantes; - Ductografia = cateterizacao do ducto e injeção de contraste + mamografia sequencial para avaliar a arvore ductal à pouco utilizado, desconforto da técnica, pouco especifico; - Ductoscopia = microendoscopio de fibra ótica inserido no ducto à doloroso, baixa sensibilidade; Diagnósticos Diferenciais: - Papiloma intraductal = lesão que se desenvolve em um dos ductos principais subareolares e geralmente esta associada a derrame papilar seroso ou sanguíneo à causa mais frequente de derrame papilar patológico; - Papilomas intraductais múltiplos; - Papilomatose juvenil = mulheres de 10-44 anos à nódulo discreto e pode ter derrame papilar; - Ectasia ductal = retração mamilar, com massa associada e derrame papilar viscoso, caseoso, escuro ou multicolorido; - Mastite periductal = inflamação periductal, com ou sem massa associada, abscesso pariareolar e fistula ductal mamaria; pode ocorrer retração mamilar e descarga papilar purulenta; associação com o tabagismo; Tratamento: - É avaliado a partir das características do fluxo; - Derrame fisiológico à orientação e tranquilização; - Secreções purulentas à antibioticoterapia; - Secreções suspeitas à tratamento cirúrgico está indicado; - Alguns pacientes com fluxos não suspeitos podem necessitar de cirurgia devido ao desconforto excessivo ocasionado pelo derrame contínuo; - Na presençade galactorreia à abordagem de medicamentos que possam ter relação causal; - No caso de adenomas de hipófise à avaliar necessidade de tratamento medicamentoso ou cirúrgico; - Nos casos cirúrgicos - se a mulher deseja amamentar à ressecção seletiva do ducto acometido, orientado pelo ponto de gatilho; - se a mulher não deseja amamentar à ressecção dos ductos principais, com retirada em forma de cone invertido da arvore ductal; PROCESSOS INFLAMATÓRIOS DA MAMA Introdução: - Processos inflamatórios da mama = mastites à infecções que se instalam no tecido mamário; - Pode ocorrer confusão de diagnostico entre processos infecciosos e neoplasia maligna da mama à carcinoma inflamatório à atraso no tratamento do carcinoma; - A incidência das mastites é inversamente proporcional a qualidade do atendimento básico de saúde à dependentes de fatores higiênicos, de saneamento e dietéticos da população; - Tipos: - Aguda: principal representante = mastite puerperal; duração inferior a 30 dias; caracterizada pela infecção do parênquima mamário no puerpério; - Crônicas: caracterizadas pelo tempo de evolução superior a 30 dias ou pela recorrência após o tratamento; evolução lenta, podem ou não ser precedidas por infecção aguda; dificilmente ocorrem em mulheres na pós-menopausa; podem ser divididas em infecciosas e não infecciosas; Etiologia e Fisiopatologia: - Aguda (puerperal ou lactacional) - Ocorre no período de amamentação; - Mais comum na 2ª – 5ª semana do puerpério; - Acomete mais primigestas e após cesarianas eletivas; - Principal porta de entrada dos germes = fissuras à pega incorreta; - Estase láctea + má higiene no complexo areolopapilar = fatores predisponentes; - Mamilos planos ou umbilicados, de pele fina e pouca elasticidade; - Agentes infecciosos mais comuns: Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Streptococcus, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Proteus Mirabillis; - Crônicas Infecciosas: - Abscesso subareolar recidivante (ASCR) = infecção recorrente e crônica da região subareolar, associado fortemente com tabagismo, obesidade e diabetes; desenvolve fora do ciclo gravido- puerperal; - Mastite tuberculosa = mulheres com história pessoal ou familiar de tratamento para tuberculose à reativação do bacilo com infecção na mama; - Mastite por micobacterias = evolução extremamente lenta, + comum em pacientes HIV positivo e CD4 menor que 50/mm3; - Mastite viral = processo inflamatório ocasionados por vírus (herpes simples, herpes zoster, herpes genital e/ou oral); ocorre com maior frequência em pacientes com alguma imunodeficiência à HIV positivo, uso crônico de corticosteroides, em tratamento quimioterápico; - Mastite luética ou sífilis mamária = complicação inflamatória rara observada em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico ou lúpus discoide; - Crônicas Não Infecciosas: - Mastite periductal (plasmocitária) = esta relacionada a infecção bacteriana e tabagismo; mais comum em multíparas que amamentam; - Mastite granulomatosa idiopática = processo inflamatório + alterações granulomatosas em torno dos lóbulos e ductos mamários na ausência de infecção específica, trauma, corpo estranho ou sarcoidose; - Síndrome de Mondor = tromboflebite das veias superficiais da mama; - Sarcoidose mamária = granulomas epitelioides não caseosos; Quadro Clínico: - Aguda (puerperal ou lactacional): - edema, eritema e aumento da temperatura da mama; - quando houver área de flutuação, suspeitar sempre de abcesso associado com a mastite; - Sintomas sistêmicos: febre alta, anorexia, náuseas e vômitos; - As formas mais comuns de apresentação, ocasionadas pelos Staphylococcus, geralmente culminam com a formação de abscessos multiloculados e com grande quantidade de pus; - Crônicas Infecciosas: - Abscesso subareolar crônico recidivante: normalmente unilaterais, mas podem ser bilaterais. Inicia-se como inflamação de uma área subareolar bem localizada, que evolui para a formação de um pequeno abcesso, que tende a drenas espontaneamente com a formação de uma fistula que cicatriza posteriormente à repete varias vezes (recidivante) com intervalos variados de meses a anos à no local do abcesso forma-se uma cavidade que se reabre a cada ativação da infecção; - Mastite tuberculosa: vários abcessos de evolução lenta ou múltiplas fistulas periféricas, com histórico pessoal ou familiar de tratamento para tuberculose; linfonodos axilares palpáveis; - Mastite por micobacterias: evolução do processo infeccioso extremamente lenta; - Mastite viral: lesões na pele da mama com vesículas dolorosas e recorrentes; costumam aparecer sintomas sistêmicos como febre, mal estar e exantema 24-48h antes do surgimento das lesões cutâneas; - Mastite luética ou sífilis mamária: lesões cutâneas no complexo areolomamilar, por inoculação do treponema (cancro duro) à lesões cutâneas maculosas à pápulas à nódulo endurecido que amolece, sofrendo ulceração ou fistulização; - Crônicas Não Infecciosas: - Mastite periductal: mastalgia acíclica unilateral, secreção mamilar (verde-escura ou serosa), retração mamilar, massa subareolar com ou sem inflamação de mama sobrejacente e até fistula mamilar; - Mastite granulomatosa idiopática: acometimento lobular, massa firme irregular, retração mamilar, pouco pus e sempre presente em múltiplos lóculos; - Síndrome de Mondor: cordão fibroso e doloroso subcutâneo que corresponde ao trajeto venoso comprometido; pode causar mastalgia acíclica unilateral; - Sarcoidose mamária: massa não dolorosa e móvel, com bordas lisas ou irregulares; pode apresentar-se como um linfonodo inframamário ou um granuloma; Diagnóstico: - Aguda (puerperal ou lactacional) à clinico; USG pode ser útil na avaliação de abcessos mamários, quantificando a extensão da coleção purulenta; - Crônicas infecciosas: - Abcesso subareolar crônico recidivante: anamnese + exame físico + USG; - Mastite tuberculosa: prova tuberculínica e radiografia de tórax + biópsia da lesão identificando granulomas caseosos; - Mastite por micobacterias: hemocultura e/ou cultura do material retirado da mama (tecido ou secreções), que identifica micobacterias atípicas; - Mastite viral: exame físico à visualização das lesões na pele da mama com vesículas; - Mastite luética ou sífilis mamária: laboratorial à VDRL e FTA-ABS; - Crônicas Não Infecciosas: - Mastite periductal: mamografia e USG mamaria, citologia do derrame papilar, biópsia e cultura do material retirado da mama à diagnóstico diferencial; - Mastite granulomatosa idiopática: achados em exames de imagem são, geralmente, inexpecificos; - Síndrome de Mondor: clinico; - Sarcoidose mamária: mamografia à lesão bem definida ou espiculada; Diagnostico histológico confirma granuloma não caseosos; PPD negativo e teste de Kveim positivo; Tratamento: - Aguda (puerperal ou lactacional): - Manter a amamentação + ordenha manual delicada (evitar ingurgitamento mamário); - Uso de sutiã ou faixas para sustentar adequadamente as mamas; - Uso de analgésicos, antitérmicos e antibióticos; * analgésicos e antitérmicos mais indicados durante a amamentação = Paracetamol e Dipirona; * antibióticos podem ser usados por via oral, mas se houver piora clinica, iniciar por via endovenosa; - Na presença de abcesso mamário, a drenagem cirúrgica é obrigatória à secreção vai para cultura e antibiograma à adequar antibiótico testado. - Crônicas Infecciosas: - Abscesso subareolar crônico recidivante: antibiótico (com cobertura para aeróbicos e anaeróbicos) via oral; quando ocorre formação de fistula à cirurgia com ressecção do sistema ductal; - Mastite tuberculosa: tuberculostáticos + acompanhamento do Infectologista; - Mastite por micobacterias: associação de claritromicina, etambutol e rifabutina por 6 meses; - Mastite viral: aciclovir 400mg VO, de 8/8h, por 5-7 dias à para formas mais graves pode ser feito via endovenosa; analgésicos potentes como codeína ou bloqueio anestésicodo nervo acometido para alivio da dor; curativos antissepticos para evitar infecções bacterianas secundarias; - Mastite luética ou sífilis mamária: penicilina G benzatina 2,4 milhoes UI IM (1,2 em cada nádega), repetindo em 7 dias (total de 4,8 milhões UI); - Crônicas Não Infecciosas: - Mastite periductal: antibióticos; cirurgia para casos de correção de fistulas ou nos casos de derrame papilar espontâneo que incomodam a paciente; - Mastite granulomatosa idiopática: adaptado para cada caso; pode ser utilizado corticoterapia em altas doses como 60mg por dia ou metotrexato; a excisão ampla de toda a massa não é indicada; - Síndrome de Mondor: anti-inflamatorios e analgésicos; antibióticos e anticoagulantes não são indicados; - Sarcoidose mamária: tratamento direcionado aos sintomas sistêmicos da doença; ressecção total não é necessária; RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA E PROPEDÊUTICA MAMÁRIA Introdução: - Câncer de mama = questão de saúde pública mundial; - O câncer de mama é o tumor que possui a maior incidência e a maior mortalidade na população feminina em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos; - O tamanho do tumor e as condições dos linfonodos regionais são os fatores prognósticos de maior importância à quanto maior o tumor, maior a chance de metástase para linfonodo e menor é a sobrevida; - Antigamente o diagnóstico era feito durante o exame clínico ou pela própria paciente quando já apresentava tumores com tamanhos possíveis de serem palpados; - Estratégia atual: - Diagnóstico precoce = abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas da doença - Rastreamento = aplicação de teste ou exame numa população assintomática, aparentemente saudável, com o objetivo de identificar lesões suspeitas de câncer em estádio pré-clinico à não deve ser feito em toda a população, só naquelas em que a faixa etária apresenta maior incidência, de tal ordem que justifique o custo e benefício; - Objetivo principal = diminuir a mortalidade por câncer de mama; Rastreamento: - O autoexame das mamas não é recomendado como forma de rastreio do câncer de mama à não há efeito sobre a redução da mortalidade por câncer de mama à único objetivo de tal prática é tornar as mulheres mais conscientes do aspecto normal de suas mamas, suas variações normais e dos sinais de alerta à contribui para ampliar a capacidade de identificar, de forma mais precoce possível, o aparecimento de sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama; - O método de escolha dos programas de rastreamento é a mamografia; Recomendações Para Rastreamento: - Não há benefícios do uso da mamografia com a finalidade de detectar tumores subclínicos em pacientes com idade menor ou igual a 35 anos; - Se a paciente pertence a grupos familiares de risco, com parentes de primeiro grau com câncer de mama em idade precoce, essa triagem deve ter inicio 10 anos antes da idade em que o parente mais jovem foi afetado; - Mulheres abaixo de 40 anos: a) Mamografia: nessa idade não se recomenda a realização de mamografia, exceto de forma individualizada, em mulheres com alto risco para câncer de mama; - mutações de BRCA1/BRCA2 – a partir dos 30 anos - a partir dos 30 anos, ou 10 anos antes da idade no diagnostico do parente de primeiro grau acometido, mas nunca antes dos 25 anos; - irradicação do tórax entre 10-30 anos, inicio 8 anos após o tratamento e nunca antes dos 25 anos; - mulheres com histórico de lesões precursoras à hiperplasia ductal ou lobular atípica, câncer invasivo de mama ou ovário – a partir do diagnostico das lesões com finalidade de seguimento oncológico, por serem consideradas precursoras do câncer; b) Ultrassonografia: nessa faixa etária não se recomenta a realização do rastreamento por USG, exceto, de forma individualizada, em mulheres com alto risco para câncer de mama, nas quais o rastreamento por ressonância magnética pode ser inclusive mais apropriado; c) Ressonância Magnética: nessa faixa etária não se recomenta a realização do rastreamento por RM, exceto, de forma individualizada, em mulheres com alto risco para câncer de mama à mutação BRCA à inicio aos 25 anos; - Mulheres entre 40-69 anos: a) Mamografia: nessa faixa etária, recomenda-se a realização da mamografia para todas as mulheres, com periodicidade anual; b) Ultrassonografia: nessa faixa etária em geral não se recomenda a realização do rastreamento por USG, exceto de forma individualizada (complementar a mamografia nas mulheres com mamas densas ou como second look após RM); c) Ressonância Magnética: nessa faixa etária, em geral, não se recomenda o rastreamento por RM, exceto de forma individualizada, em mulheres com alto risco de câncer de mama; - Mulheres acima de 70 anos: a) Mamografia: nessa faixa etária, recomenda-se a realização do rastreamento com a mamografia de forma individualizada – mulheres com expectativa maior que 7 anos que possam ser submetidas a tratamento do câncer, considerado suas comorbidades; - De acordo com o Ministério da Saúde (MS) e o Inca: - Não se recomenda o rastreamento mamográfico em pacientes com menos de 49 anos; - Na faixa etária entre 50-69 anos, recomenda-se a mamografia a cada dois anos, bianual; - Após os 70 anos, não há recomendação para o rastreamento mamográfico; - Limitações da Mamografia: - A constituição mamaria pode afetar a sensibilidade do exame à a sensibilidade mamográfica é menor a medida que aumenta a densidade mamária; - Ultrassonogramia: - Apresenta limitações no rastreamento do CA de mama por conta da baixa capacidade em detectar microcalcificações agrupadas; - Ressonância Magnética: - Pode ser necessária na avaliação de achados mamográficos e ultrassonográficos indeterminados, principalmente em mulheres mais jovens que tem mamas mais densas; - É consideração como integrante do rastreamento por imagens em mulheres de alto risco para câncer de mama; - Aplicações clinicas durante planejamento cirúrgico e controle terapêutico do câncer de mama; - Tomossíntese: - Técnica que oferece múltiplas e finas imagens obtidas a partir de diferentes ângulos do tubo de raio X; - A mama permanece estática e ligeiramente comprimida, permitindo cortes finos, com imagens tridimensionais; - É promissor, mas ainda não foram identificados estudos sobre sua eficácia no rastreamento na redução da mortalidade geral por câncer de mama, sendo assim, não é recomendado; Propedêutica Minimamente Invasiva Para Elucidação Cito-Histológica: - Punção aspirativa por agulha fina; - Core biopsy (biopsia percutânea com agulha grossa); - Mamotomia (biópsia por aspiração a vácuo) à complicações: hematoma, reação vasovagal, sangramento, dor; Lesões Precursoras do Câncer de Mama: - Lesões proliferativas estão associadas com a transformação local para carcinoma; - Probabilidade significativa de surgimento de câncer em outra porção do mesmo órgão ou contralateral; - Lesões precursoras de câncer de mama ou marcadoras de alto risco: - Hiperplasia ductal atípica (HDA); - Neoplasia lobular; - Hiperplasia lobular atípica (HLA); - Carcinoma lobular in situ (CLIS); Terapia Redutora de Risco: - Correção de hábitos de estilo de vida à controle do peso, atividade física, dieta, diminuição da ingesta de álcool, tabagismo, gestação, anticoncepcional hormonal – terapia de reposição hormonal; - Quimioprevenção à tamoxifeno, raloxifeno, inibidores da aromatase (anastrazol, exemestano); Tratamento: - Cirurgia; - Radioterapia; - Hormonioterapia à receptor de estrogênio, tamoxifeno, raloxifeno, fulvestranto; - Terapia anti-HER2 à Transtuzumabe, lapatinibe, pertuzumabe
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