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Afecções ortopédicas Displasia coxofemoral - É caracterizada pelo desenvolvimento ou crescimento anormal da articulação coxofemoral, geralmente observada bilateralmente, mas que pode ocorrer de forma unilateral - Quando o animal desenvolve a displasia coxofemoral é possível observar algumas alterações tanto no acetábulo quanto na cabeça do fêmur • A cabeça do fêmur fica mais achatada e em alguns casos pode ter microfraturas • O acetábulo tem que abraçar/cobrir pelo menos 50% da cabeça do fêmur para que o animal não tenha displasia - A longo prazo a doença pode progredir para doença articular degenerativa • É um paciente que vai ter artrose, osteoartrite e a cabeça do fêmur e acetábulo vão ficar completamente destruídos • O objetivo do tratamento não é que o animal não tenha a displasia, mas sim que a doença articular degenerativa ocorra de forma mais tardia e mais branda - É uma afecção rara em felinos, sendo mais comuns em cães de grande porte como são bernardo, pastor alemão, labrador, golden retriever e rottweiler Causas - As causas são multifatoriais - Dentre as causas estão hereditariedade, rápido desenvolvimento ósseo, distrofia muscular, ossificação endocondral anormal, nutrição, pratica exagerada de exercícios em filhotes e jovens ainda em formação, piso liso e entre outros - Acontece devido a um processo de maturação do esqueleto mais rápido relativamente aos tecidos moles, causando consequentemente a degeneração articular Sinais clínicos - Dificuldade em levantar após períodos de descanso - Intolerância a exercícios - Claudicação intermitente ou continua - Dor e diminuição da amplitude do movimento do quadril - Corre como coelho (levanta as duas patas traseiras de uma só vez na hora da corrida) e anda rebolando É necessário que a avaliação do caminhar do paciente NÃO seja realizada em piso liso, para poder ter uma avaliação mais fidedigna Diagnóstico - Anamnese - Exame físico: Avaliar dor e teste de Ortolani+ - RX: Penn Hip ou Norberg • Penn Hip: auxilia no diagnostico inicial, mostrando a porcentagem de possibilidade do paciente vim a desenvolver a doença • Norberg: serve para o diagnostico definitivo, sendo feito em pacientes adultos acima de 2 anos Teste de Ortolani - O paciente é lateralizado, é colocado o dedo indicador do trocanter maior e a outra mão vai levantar a pata do animal. - O intuito é tentar sentir se o trocanter maior entra de volta para o acetábulo. Se sentir algum click, sentir que voltou para o acetábulo ou o paciente sentir dor durante a manobra o teste de Ortolani é positivo (o paciente tem displasia coxofemoral) RX - Para o paciente não ter displasia coxofemoral ele precisa de uma porcentagem de cobertura acetabular de pelo menos 50%, ou seja, o acetábulo precisa cobrir pelo menos 50% da cabeça do fêmur - A primeira imagem mostra um paciente com mais de 50% de cobertura acetabular, enquanto as outras duas imagens mostram pacientes com perda dessa cobertura, evidenciando a presença da displasia Técnica radiográfica de Penn Hip - É utilizado para detectar a suscetibilidade das raças a displasia coxofemoral de forma precoce (a partir de 16 semanas de idade) - A técnica consiste na mensuração do índice de distração (ID) - Os valores de ID variam de 0 a 1 (ou mais), onde 0 significa perfeita congruência e1 representa luxação total - É necessário que o paciente esteja sedado ou anestesiado para que o exame seja feito de forma correta - Auxilia no tratamento precoce, onde podem ser realizadas técnicas cirúrgicas até uma no de idade que previna o desenvolvimento da doença articular degenerativa Ângulo de Norberg - Mais indicado para animais adultos, pois é responsável pelo diagnostico definitivo da doença - O normal é que o ângulo normal seja acima de 106°, abaixo disso é um paciente displasico Tratamento Conservativo: analgésicos, AINEs (na dose mínima), controle do peso, fisioterapia, acupuntura, piso antiderrapante, exercício controlado, corte das unhas Cirúrgico: • sinfisiodese púbica juvenil (até 20sem de idade) • osteotomia pélvica dupla: íleo e púbis (até 8 meses) • osteotomia pélvica tripla: íleo, ísquio e púbis (até 10 meses) • denervação • artroplastia excisional da cabeça e colo femoral • prótese de quadril Síndrome da cauda equina - A síndrome da cauda equina nada mais é do que uma estenose lombossacral, ou seja, uma estenose da região lombar com a região sacral do animal • Região lombossacral: A cauda equina se origina do cone medular e é composta pelos nervos espinhas L6, L7, S1, S2, S3 e Cd1 a Cd5, se estendendo da vertebra L6 até a Cd5 - Também é conhecida como compressão da cauda equina, estenose/doença lombrossacral e instabilidade lombossacra - A síndrome lombossacra pode englobar varias outras causas, como síndrome da cauda equina e estenose lombossacra degenerativa - Envolve a região lombar 4 e sacral 3. Nessa região não há mais medula, apenas terminações nervosas, sendo assim a sintomatologia é de dor e claudicação A displasia coxofemoral e síndrome da cauda equina estão ligadas, dessa forma um paciente com displasia pode desenvolver a cauda equina e vice versa Causas - Pode ter causa congênita, adquirida ou até mesmo ambas podem estar associadas - Estenose congênita, vertebra transicional, osteocondrose sacral, neoplasia, discoespondilite, trauma, doença do disco intervertebral (DDIV) Sinais clínicos - Dor, automutilação, fraqueza flácida, paresia até paralisia dos membros pélvicos e cauda (não ficam paraplégicos), déficits proprioceptivos - Incontinência urinaria, incontinência fecal - Reflexos reduzidos (flexor), tônus muscular diminuído com atrofia de membros pélvicos, esfíncter anal dilatado, reflexo bulbocavernoso deprimido e reações posturais deprimidas nos membros pélvicos e normais nos torácicos - Desconforto ao levantar e sentar, dor ao estender a cauda, relutância em pular saltar e subir escadas • A maioria dos animais com a síndrome da cauda equina só vai apresentar a sintomatologia de dor Diagnóstico - Anamnese - Achados clinico - Exames de imagem: RX, tomo e ressonância - Exame ortopédico e neurológico - É feita a diferenciação entre dor espinhal lombossacral e displasia coxofemoral elevando a cauda do paciente. - Na displasia coxofemoral ele não vai sentir dor ao levantar a cauda, diferente do que ocorre se ele tiver a cauda equina - Na primeira imagem de RX temos um paciente normal. Todas vertebras estão se encostando de forma normal - Na segunda imagem a lâmina da S1 está dentro do canal vertebral da L7, mostrando uma compressão na raiz nervosa e consequente cauda equina - Na ressonância é possível observar uma estenose do canal vertebral Tratamento Conservativo: repouso forçado por 2 meses seguido de caminhadas ou passeios curtos e regulares por 10 minutos, anti-inflamatório, analgésicos, redução do peso corporal • Se não surtir efeito pode ser feita aplicação de corticoides via epidural, com 3 aplicações (dia 1, 14 e 45) Cirúrgico: laminectomia dorsal sobre o espaço L7-S1, podendo ser combinada com remoção de tecido mole hipertrofiado • Se tiver compressão da raiz nervosa de L7 pode ser feita alargamento do forame intervertebral entre L7-S1 (foraminotomia) ou remoção dos processos articulares (facectomia) - Após a laminectomia é feita estabilização com parafusos para impedir que o paciente tenha exacerbada movimentação na região e tenham traumas Insuficiência do ligamento cruzado cranial - É a principal causa de claudicação dos membros pélvicos - Em 30% dos casos acontece de forma contralateral (nos dois ligamentos) - O ligamento cruzado cranial está na região 1A e 1B, representado na imagem - Afunção desse ligamento é impedir o deslocamento cranial da tíbia em relação ao fêmur, limitar a rotação interna da tíbia em relação ao fêmur em conjunto com o ligamento cruzado caudal e prevenir a hiperextensão do joelho - Quando o ligamento está comprometido a tíbia acaba se deslocando pra frente, o fêmur escorrega para trás e acaba pressionando os meniscos Causas - Pode ser causado por processo degenerativo: degeneração ligamentar previa, enfraquecimento, insuficiência mecanina, fatores genéticos, anatômicos e imunomediados - Pode ser por fatores traumáticos: hiperextensão e rotação interna excessiva Sinais clínicos - Dor articular, claudicação leve a intensa, geralmente sem histórico de trauma por ser mais um processo degenerativo, espessamento da capsula articular medial - Diminuição da amplitude do movimento, hipotrofia muscular, crepitação e fibrose da capsula articular Diagnóstico - Anamnese, achados clínicos - Exame físico e ortopédico - Não é necessário exame de imagem (RX, ressonância e artroscopia) para diagnostico, mas pode ser solicitado para planejamento cirúrgico e avaliação de doença articular degenerativa Teste de sentar - Geralmente o paciente que tem essa doença ele não senta reto, ele tende a sentar “de lado” com a pata lateralizada. Esse exame é chamado de sit test positivo - É feita também palpação para identificar alguma alteração como atrofia muscular, dor, edema, espessamento firme fibrose periarticular e crepitação Teste do movimento de gaveta cranial - Quando o joelho está normal como mostra na primeira imagem é possível observar uma conformação anatômica óssea bem reta - Em pacientes com insuficiência do ligamento cruzado cranial é possível observar a crista da tíbia mais pra cima e o fêmur mais para baixo Teste de compressão tibial - O indicador é colocado na região da crista da tíbia e vai flexionar o metatarso. Se houver insuficiência do ligamento o dedo vai ser jogado para frente Tratamento Conservativo - Algumas pessoas indicam tratamento conservativo para pacientes abaixo de 5kg, porém a maioria só indica esse tratamento conservativo após o procedimento cirúrgico - Repouso, condroprotetores, analgésicos, AINEs e fisioterapia Cirúrgico - É preciso estabilizar em menos de 15 dias para não ocorrer artrose - Pode ser feita estabilização direta através de técnicas intracapsulares e extracapsulares e estabilização indireta através de osteotomias tibiais (é o padrão ouro e a mais realizada é a TPLO)
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