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23/02/2024 1 AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PACIENTE PARA INTERVENÇÃO CIRÚRGICA Introdução ❖ A avaliação pré-operatória tem por finalidade: • Verificar o estado clínico do paciente, gerando recomendações sobre a avaliação, manuseio e riscos de problemas em todo o período perioperatório • Definir o risco cirúrgico que o paciente, o anestesista, o assistente e o cirurgião podem usar para tomar decisões que beneficiem o animal • Definir os exames mais apropriados e estratégias de tratamento para otimizar o cuidado do paciente, evitando-se exames desnecessários e permitindo o acompanhamento a curto e longo prazo. 1 2 23/02/2024 2 ❖ Avaliação clínica acurada não pode ser substituída por exames complementares • Exames laboratoriais complementam a anamnese e o exame físico, ou seja, auxiliam a clínica no entendimento das funções orgânicas dos pacientes ❖ A realização de exames pré-operatórios também tem por finalidade: • identificar ou diagnosticar doenças e disfunções que possam comprometer os cuidados do período perioperatório; • avaliar o comprometimento funcional causado por doenças já diagnosticadas e em tratamento; • auxiliar na formulação de planos específicos ou alternativos para o cuidado anestésico ❖A tendência atual é a solicitação de exames pré-operatórios de acordo com: • dados sugestivos encontrados no histórico clínico ou exame físico • necessidade dos cirurgiões ou clínicos que acompanham o paciente • monitorização de exames que possam sofrer alterações durante o procedimento ou em procedimentos associados 3 4 23/02/2024 3 De acordo com o grau de agressão, trauma tecidual e perdas sanguíneas, os procedimentos cirúrgicos são classificados nas seguintes categorias: A – Procedimento minimamente invasivo. Baixo potencial para causar alterações da fisiologia normal. Raramente está relacionado com morbidade ligada ao procedimento anestésico, nem requer transfusões sanguíneas, monitorização invasiva ou CTI no pós- operatório. B – Procedimento moderadamente invasivo. Moderado potencial para alterar a fisiologia normal. Pode requerer transfusão sanguinea, monitorização invasiva ou CTI no pós-operatório. C – Procedimento altamente invasivo. Tipicamente produz alteração da fisiologia normal. Quase sempre requer transfusão sanguínea, monitorização invasiva ou CTI no pós-operatório. ❖ Com relação ao risco cirúrgico, os pacientes são classificados segundo a ASA (American Society of Anesthesiologists) em: Pacientes classificados com maiores valores ASA (III, IV e V) têm uma possibilidade de morte de 3 a 4 vezes maior que os pacientes ASA I e II 5 6 23/02/2024 4 ❖ Anamnese e Exame Físico x Exames laboratoriais Durante primeiro contato com o paciente, deve-se analisar os principais fatores intrínsecos relacionados ao risco cirúrgico: • Idade • Sexo • Raça • Condições físicas • Doenças pré-existentes 7 8 23/02/2024 5 Espécie: Cães e gatos têm propensão diferente a doenças específicas. Ex.: cardiomiopatia hipertrófica na espécie felina e degeneração de valva mitral ou cardiomiopatia dilatada na canina. A identificação de gatos que tenham asma também é importante pois mudam os cuidados para intubação e ventilação Doenças específicas de cada espécie devem ser identificadas durante a avaliação pré- cirúrgica Outro fator a ser considerado é a deficiência na glicuronidação hepática em gatos fazendo com que determinados medicamentos que tenham alta depuração nos cães possam apresentar efeito cumulativo nos gatos. Ex.: Alguns AINE´s e propofol Idade: Pacientes idosos necessitam de avaliação clínica e laboratorial mais detalhada: • Fisiologia geriátrica com diminuição de metabolismo • Aparecimento de lesões senis pulmonares, cardíacas, hepáticas, renais e periodontais • Nestes pacientes, avaliações hematológicas e bioquímicas completas e exames de imagem devem ser obrigatórios Sexo: Fêmeas em estro apresentam aumento da vascularização uterina predispondo à hemorragias indesejáveis. • Além de avaliação laboratorial de rotina pré-operatória devem ser realizadas citologias vaginais para estimativa da fase do ciclo estral em que se encontram. 9 10 23/02/2024 6 Raça: A predisposição de determinadas raças a doenças específicas obriga o médico- veterinário a se aprofundar na investigação pré-cirúrgica • Cães e gatos braquiocefálicos podem apresentar diminuição de lúmen traqueal resultando em aumento da resistência respiratória (depressão respiratória) ❑ Apresentam maior predisposição a vômitos e regurgitação no período pós-operatório imediato • Raças predispostas a doenças cardíacas específicas (por exemplo Boxer, Dobermann, Golden Retriever, Maine Coon), colapso de traqueia (Yorkshire) e doenças endócrinas (Poodle) devem ser investigadas para essas particularidades Condições físicas: Animais obesos apresentam alterações nos fatores de coagulação, disfunções hepáticas histológicas e enzimáticas que interferem na metabolização (farmacodinâmica e farmacocinética) das drogas anestésicas • Em pacientes obesos o volume de distribuição é maior e a clearance é mais lenta do que o observado em pacientes magros ▪ aumento da saturação e acúmulo do fármaco no tecido adiposo, especialmente em infusões longas • Em animais magros e hígidos, a metabolização dos agentes anestésicos pode ser bastante rápida, o que aumenta a dose da droga e os riscos associados Doenças pré-existentes: Pacientes com insuficiências cardíaca, hepática e/ou renal tem metabolização e eliminação das drogas reduzidas 11 12 23/02/2024 7 O exame físico do paciente pré-cirúrgico deve consistir em uma avaliação importante e deve realizada uma minuciosa inspeção, palpação, percussão e auscultação Alguns parâmetros são importantes e dentre eles se destacam: • Fácies: Os animais devem estar alertas e bem ativos • Temperatura retal: O paciente pré-cirúrgico deve estar normotérmico. Pirexia está presente em processos infecciosos/inflamatórios. Hipotermia pode indicar desidratação, hipoglicemia e choque • Mucosas: Devem estar normocoradas, úmidas e sem lesões aparentes. Pacientes anêmicos podem apresentar mucosas hipocoradas e quando estão congestas, podem representar hipóxia ou toxemia. Mucosas amareladas (ictéricas) indicam hemólise ou hepatopatias. Hidratação: avaliar sinais clínicos de desidratação Linfonodos: Devem ser palpados (poplíteos, submandibulares, pré-escapulares, axilares e inguinais). • Linfonodos aumentados de volume podem indicar inflamação/infecção ou até neoplasias. Auscultação cardio-respiratória: pacientes de pequeno porte e idosos são predispostos a cardiopatias Palpação abdominal: Aumento de volume abdominal, hepatomegalia, esplenomegalia, ascite e dor devem ser avaliados no paciente pré-cirúrgico Tegumento: Dermatites são comuns e devem ser tratadas antes dos procedimentos cirúrgicos, evitando assim o aparecimento de infecções secundárias 13 14 23/02/2024 8 Sistema neurológico: alterações neurológicas com déficit cognitivo ou alterações na identificação de reflexos relacionados à atividade medular, de ponte e mesencéfalo normalmente utilizados para identificação da profundidade anestésica devem ser avaliados “Quando o exame é realizado em dias anteriores ao ato cirúrgico e ocorra alterações clínicas decorrentes da doença, esse deve ser refeito imediatamente antes do início do procedimento” EXAMES COMPLEMENTARES • Antes da definição de protocolos específicos de exames complementares relacionados ao risco cirúrgico, deve-se entender que a avaliação pré-cirúrgica é um ato médico passível de variações (avaliação física e à anamnese). ▪ Solicitar exames exageradamente pode significar gasto maior ao tutor sem importantes benefícios ao procedimento ✓ A negligência a uma avaliação pré-cirúrgica adequada deve ser conduta amplamente combatida ✓ O uso do bom senso para a escolha dos exames a serem solicitados deve serbaseado na avaliação clínica do médico-veterinário e nenhum exame complementar terá maior importância do que ela. ▪ Duas situações devem ser analisadas previamente a solicitação de exames complementares pré-cirúrgico: 1) A importância deles para o reconhecimento de doenças que podem influenciar na conduta anestésica e na recuperação do paciente 2) A identificação de alterações subclínicas em sistemas que podem sofrer comprometimentos agudos relacionados ao período anestésico/cirúrgico 15 16 23/02/2024 9 ▪ Pacientes encaminhados para cirurgias eletivas podem ter a higidez certificada pelo exame clínico sem a necessidade de requisição de exames complementares. • Alguns deles podem ter a conduta cirúrgica/anestésica alterada por resultados anormais nos exames complementares de rotina ▪ Não há necessidade legal da solicitação de exames pré-cirúrgicos complementares em animais ASA I • exames sanguíneos e de imagem podem certificar ao serviço veterinário e aos tutores que cuidados foram tomados para garantir a segurança do procedimento em caso de fatalidades. 17 18 23/02/2024 10 ▪ O hemograma é frequentemente utilizado para triagem dos pacientes na rotina clínica e que pode trazer informações úteis para a conduta cirúrgica/anestésica ▪ Eritrograma ▪ Leucograma ▪ Contagem de plaquetas ▪ Avaliação de proteínas plasmáticas totais ▪ hemograma é indicado para todos os pacientes ASA II ou superior ▪ Pacientes com valores de hematócrito abaixo de 30% e hemoglobina abaixo de 10 g/dL podem apresentar maior dificuldade em condução do oxigênio em situações respiratórias ou cardiovasculares limítrofes. 19 20 23/02/2024 11 ▪ Esses pacientes devem ser constantemente avaliados para saturação de oxigênio pelo oxímetro de pulso (SpO2) e para a pressão arterial sistêmica ▪ Sinais clínicos que devem ser avaliados/monitorados em pacientes anêmicos são respiração ofegante, taquicardia, pulso periférico fraco, letargia e colapso ▪ Pacientes encaminhados para cirurgias eletivas que tiverem alterações de hematócrito e/ou hemoglobina devem ter seus procedimentos reagendados até adequado diagnóstico e tratamento ▪ Qualquer alteração no leucograma do paciente encaminhado a procedimentos eletivos também deve acarretar a suspensão da anestesia até diagnóstico e tratamento • Determinados anestésicos, como os inalatórios e opioides que promovem imunossupressão, preferencialmente, devem ser evitados em pacientes imunocomprometidos • Pacientes com presença de processo infeccioso que apresentam hipotensão transanestésica são predispostos à diarreia durante/após anestesia e podem desenvolver sepse e choque séptico • Risco aumentado de sangramento em pacientes trombocitopênicos • Pacientes hipoproteinêmicos mais facilmente apresentam edemas decorrentes da fluidoterapia transcirúrgica • Pacientes gravemente hipoproteinêmicos podem apresentar fração aumentada de anestésico livre e consequentemente de sua potência anestésica. 21 22 23/02/2024 12 Função Hepática ▪ Os exames bioquímicos solicitados têm por objetivo avaliar lesão hepatocelular, fluxo biliar ou lesão de vias biliares e a função de síntese pelo fígado • concentrações séricas de AST, ALT, FA, GGT e bilirrubina direta ▪ Pacientes suspeitos ou diagnosticados com hepatopatias • avaliação das concentrações de fatores de coagulação e atividade da protrombina para prevenção de hemorragia durante a cirurgia Função Renal ▪ rim é responsável pela eliminação de anestésicos biotransformados e não biotransformados ▪ pacientes que apresentam disfunção renal podem efeitos de anestésicos potencializados e com duração aumentados (Ex.: benzodiazepínicos e cetamina) ▪ durante procedimentos anestésico e cirúrgico também existe a possibilidade de ser observada redução da pressão arterial, o que pode acarretar diminuição da perfusão renal e consequentemente piora da função renal ▪ pacientes que apresentam uremia devem ter a avaliação de pressão arterial mais acurada e cuidadosa e uma possível hipotensão deve ser tratada imediatamente 23 24 23/02/2024 13 Emergência Veterinária Situação que coloca a vida do animal em risco imediato ou ameaça a função de um órgão vital Ex.: trauma grave, ingestão de substâncias tóxicas, choque circulatório, obstrução urinária e dificuldades respiratórias agudas. O tratamento de emergência é essencial para estabilizar o animal e evitar complicações graves ou até mesmo a morte. Urgência Veterinária: • situação que requer atenção veterinária pronta, mas não representa uma ameaça imediata à vida • Embora urgentes, esses problemas de saúde geralmente não representam um perigo imediato à vida do animal e podem ser tratados em uma clínica veterinária de urgência ou até mesmo em consultórios veterinários, dependendo da gravidade • A intervenção rápida em casos de urgência é importante para aliviar o desconforto do animal, prevenir complicações futuras e promover sua recuperação. 25 26 23/02/2024 14 Consentimento informado 1. Descrição do Procedimento: 1. Detalhes claros e precisos sobre o procedimento médico ou cirúrgico que será realizado. 2. Explicação dos objetivos, benefícios esperados e riscos associados ao procedimento. 2. Alternativas e Consequências: 1. Descrição das alternativas ao procedimento proposto, se houver, incluindo a opção de não realizar o procedimento. 2. Explicação das possíveis consequências de não realizar o procedimento, se aplicável. 3. Riscos e Complicações: 1. Lista dos riscos e complicações conhecidos associados ao procedimento, incluindo efeitos colaterais, complicações cirúrgicas e possíveis resultados adversos. 2. Informações sobre os riscos específicos relacionados ao paciente, se relevantes (por exemplo, condições médicas pré-existentes que possam aumentar os riscos). 4. Autorização para Tratamento: 1. Consentimento explícito para realizar o procedimento médico ou cirúrgico, assinado pelo responsável pelo paciente (ou pelo próprio paciente, se for capaz). 2. Reconhecimento de que o responsável pelo paciente (ou o paciente) entende os riscos e benefícios do procedimento e concorda com ele voluntariamente. 27 Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27
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