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AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PACIENTE PARA INTERVENÇÃO CIRÚRGICA

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AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PACIENTE 
PARA INTERVENÇÃO CIRÚRGICA
Introdução
❖ A avaliação pré-operatória tem por finalidade:
• Verificar o estado clínico do paciente, gerando recomendações sobre a avaliação, 
manuseio e riscos de problemas em todo o período perioperatório 
• Definir o risco cirúrgico que o paciente, o anestesista, o assistente e o cirurgião 
podem usar para tomar decisões que beneficiem o animal
• Definir os exames mais apropriados e estratégias de tratamento para otimizar o 
cuidado do paciente, evitando-se exames desnecessários e permitindo o 
acompanhamento a curto e longo prazo. 
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❖ Avaliação clínica acurada não pode ser substituída por exames complementares
• Exames laboratoriais complementam a anamnese e o exame físico, ou seja, 
auxiliam a clínica no entendimento das funções orgânicas dos pacientes 
❖ A realização de exames pré-operatórios também tem por finalidade: 
• identificar ou diagnosticar doenças e disfunções que possam comprometer os 
cuidados do período perioperatório; 
• avaliar o comprometimento funcional causado por doenças já diagnosticadas e em 
tratamento;
• auxiliar na formulação de planos específicos ou alternativos para o cuidado 
anestésico
❖A tendência atual é a solicitação de exames pré-operatórios de acordo com:
• dados sugestivos encontrados no histórico clínico ou exame físico
• necessidade dos cirurgiões ou clínicos que acompanham o paciente 
• monitorização de exames que possam sofrer alterações durante o procedimento ou em 
procedimentos associados 
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De acordo com o grau de agressão, trauma tecidual e perdas sanguíneas, os 
procedimentos cirúrgicos são classificados nas seguintes categorias: 
A – Procedimento minimamente invasivo. Baixo potencial para causar alterações da 
fisiologia normal. Raramente está relacionado com morbidade ligada ao procedimento 
anestésico, nem requer transfusões sanguíneas, monitorização invasiva ou CTI no pós-
operatório.
B – Procedimento moderadamente invasivo. Moderado potencial para alterar a 
fisiologia normal. Pode requerer transfusão sanguinea, monitorização invasiva ou CTI no 
pós-operatório. 
C – Procedimento altamente invasivo. Tipicamente produz alteração da fisiologia 
normal. Quase sempre requer transfusão sanguínea, monitorização invasiva ou CTI no 
pós-operatório. 
❖ Com relação ao risco cirúrgico, os pacientes são classificados segundo a ASA (American 
Society of Anesthesiologists) em: 
Pacientes classificados com maiores valores ASA (III, IV e V) têm uma possibilidade de 
morte de 3 a 4 vezes maior que os pacientes ASA I e II
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❖ Anamnese e Exame Físico x Exames laboratoriais
 
Durante primeiro contato com o paciente, deve-se analisar os principais fatores 
intrínsecos relacionados ao risco cirúrgico: 
• Idade
• Sexo
• Raça
• Condições físicas 
• Doenças pré-existentes
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Espécie: Cães e gatos têm propensão diferente a doenças específicas. Ex.: cardiomiopatia 
hipertrófica na espécie felina e degeneração de valva mitral ou cardiomiopatia dilatada na 
canina. 
A identificação de gatos que tenham asma também é importante pois mudam os cuidados 
para intubação e ventilação
Doenças específicas de cada espécie devem ser identificadas durante a avaliação pré-
cirúrgica
 Outro fator a ser considerado é a deficiência na glicuronidação hepática em gatos fazendo 
com que determinados medicamentos que tenham alta depuração nos cães possam 
apresentar efeito cumulativo nos gatos. Ex.: Alguns AINE´s e propofol
Idade: Pacientes idosos necessitam de avaliação clínica e laboratorial mais detalhada:
• Fisiologia geriátrica com diminuição de metabolismo 
• Aparecimento de lesões senis pulmonares, cardíacas, hepáticas, renais e periodontais
• Nestes pacientes, avaliações hematológicas e bioquímicas completas e exames de 
imagem devem ser obrigatórios
Sexo: Fêmeas em estro apresentam aumento da vascularização uterina predispondo à 
hemorragias indesejáveis. 
• Além de avaliação laboratorial de rotina pré-operatória devem ser realizadas 
citologias vaginais para estimativa da fase do ciclo estral em que se encontram. 
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Raça: A predisposição de determinadas raças a doenças específicas obriga o médico-
veterinário a se aprofundar na investigação pré-cirúrgica
• Cães e gatos braquiocefálicos podem apresentar diminuição de lúmen traqueal 
resultando em aumento da resistência respiratória (depressão respiratória)
❑ Apresentam maior predisposição a vômitos e regurgitação no período pós-operatório 
imediato
• Raças predispostas a doenças cardíacas específicas (por exemplo Boxer, Dobermann,
Golden Retriever, Maine Coon), colapso de traqueia (Yorkshire) e doenças endócrinas 
(Poodle) devem ser investigadas para essas particularidades
Condições físicas: Animais obesos apresentam alterações nos fatores de coagulação, 
disfunções hepáticas histológicas e enzimáticas que interferem na metabolização 
(farmacodinâmica e farmacocinética) das drogas anestésicas
• Em pacientes obesos o volume de distribuição é maior e a clearance é mais lenta do 
que o observado em pacientes magros
▪ aumento da saturação e acúmulo do fármaco no tecido adiposo, especialmente 
em infusões longas 
• Em animais magros e hígidos, a metabolização dos agentes anestésicos pode ser 
bastante rápida, o que aumenta a dose da droga e os riscos associados
Doenças pré-existentes: Pacientes com insuficiências cardíaca, hepática e/ou renal tem 
metabolização e eliminação das drogas reduzidas
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O exame físico do paciente pré-cirúrgico deve consistir em uma avaliação importante e 
deve realizada uma minuciosa inspeção, palpação, percussão e auscultação
 Alguns parâmetros são importantes e dentre eles se destacam:
 
• Fácies: Os animais devem estar alertas e bem ativos
• Temperatura retal: O paciente pré-cirúrgico deve estar normotérmico. Pirexia está 
presente em processos infecciosos/inflamatórios. Hipotermia pode indicar 
desidratação, hipoglicemia e choque
• Mucosas: Devem estar normocoradas, úmidas e sem lesões aparentes. Pacientes 
anêmicos podem apresentar mucosas hipocoradas e quando estão congestas, podem 
representar hipóxia ou toxemia. Mucosas amareladas (ictéricas) indicam hemólise ou 
hepatopatias. 
Hidratação: avaliar sinais clínicos de desidratação
Linfonodos: Devem ser palpados (poplíteos, submandibulares, pré-escapulares, axilares 
e inguinais). 
• Linfonodos aumentados de volume podem indicar inflamação/infecção ou até 
neoplasias. 
Auscultação cardio-respiratória: pacientes de pequeno porte e idosos são predispostos 
a cardiopatias
Palpação abdominal: Aumento de volume abdominal, hepatomegalia, esplenomegalia, 
ascite e dor devem ser avaliados no paciente pré-cirúrgico
Tegumento: Dermatites são comuns e devem ser tratadas antes dos procedimentos 
cirúrgicos, evitando assim o aparecimento de infecções secundárias 
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Sistema neurológico: alterações neurológicas com déficit cognitivo ou alterações na 
identificação de reflexos relacionados à atividade medular, de ponte e mesencéfalo 
normalmente utilizados para identificação da profundidade anestésica devem ser avaliados
“Quando o exame é realizado em dias anteriores ao ato cirúrgico e ocorra alterações
clínicas decorrentes da doença, esse deve ser refeito imediatamente antes do início do
procedimento”
EXAMES COMPLEMENTARES
• Antes da definição de protocolos específicos de exames complementares relacionados 
ao risco cirúrgico, deve-se entender que a avaliação pré-cirúrgica é um ato médico 
passível de variações (avaliação física e à anamnese).
▪ Solicitar exames exageradamente pode significar gasto maior ao tutor sem importantes 
benefícios ao procedimento
✓ A negligência a uma avaliação pré-cirúrgica adequada deve ser conduta amplamente 
combatida
✓ O uso do bom senso para a escolha dos exames a serem solicitados deve serbaseado na 
avaliação clínica do médico-veterinário e nenhum exame complementar terá maior 
importância do que ela.
▪ Duas situações devem ser analisadas previamente a solicitação de exames complementares 
pré-cirúrgico: 
1) A importância deles para o reconhecimento de doenças que podem influenciar na 
conduta anestésica e na recuperação do paciente
2) A identificação de alterações subclínicas em sistemas que podem sofrer 
comprometimentos agudos relacionados ao período anestésico/cirúrgico
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▪ Pacientes encaminhados para cirurgias eletivas podem ter a higidez certificada pelo exame 
clínico sem a necessidade de requisição de exames complementares. 
• Alguns deles podem ter a conduta cirúrgica/anestésica alterada por resultados anormais 
nos exames complementares de rotina
▪ Não há necessidade legal da solicitação de exames pré-cirúrgicos complementares em 
animais ASA I
• exames sanguíneos e de imagem podem certificar ao serviço veterinário e aos tutores 
que cuidados foram tomados para garantir a segurança do procedimento em caso de 
fatalidades.
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▪ O hemograma é frequentemente utilizado para triagem dos pacientes na rotina 
clínica e que pode trazer informações úteis para a conduta cirúrgica/anestésica
▪ Eritrograma
▪ Leucograma
▪ Contagem de plaquetas 
▪ Avaliação de proteínas plasmáticas totais
▪ hemograma é indicado para todos os pacientes ASA II ou superior
▪ Pacientes com valores de hematócrito abaixo de 30% e hemoglobina abaixo de 10 
g/dL podem apresentar maior dificuldade em condução do oxigênio em situações 
respiratórias ou cardiovasculares limítrofes. 
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▪ Esses pacientes devem ser constantemente avaliados para saturação de oxigênio pelo 
oxímetro de pulso (SpO2) e para a pressão arterial sistêmica
▪ Sinais clínicos que devem ser avaliados/monitorados em pacientes anêmicos são 
respiração ofegante, taquicardia, pulso periférico fraco, letargia e colapso
▪ Pacientes encaminhados para cirurgias eletivas que tiverem alterações de hematócrito 
e/ou hemoglobina devem ter seus procedimentos reagendados até adequado 
diagnóstico e tratamento
▪ Qualquer alteração no leucograma do paciente encaminhado a procedimentos 
eletivos também deve acarretar a suspensão da anestesia até diagnóstico e tratamento
• Determinados anestésicos, como os inalatórios e opioides que promovem 
imunossupressão, preferencialmente, devem ser evitados em pacientes 
imunocomprometidos
• Pacientes com presença de processo infeccioso que apresentam hipotensão 
transanestésica são predispostos à diarreia durante/após anestesia e podem 
desenvolver sepse e choque séptico
• Risco aumentado de sangramento em pacientes trombocitopênicos
• Pacientes hipoproteinêmicos mais facilmente apresentam edemas decorrentes da 
fluidoterapia transcirúrgica
• Pacientes gravemente hipoproteinêmicos podem apresentar fração aumentada de 
anestésico livre e consequentemente de sua potência anestésica.
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Função Hepática
▪ Os exames bioquímicos solicitados têm por objetivo avaliar lesão hepatocelular, 
fluxo biliar ou lesão de vias biliares e a função de síntese pelo fígado 
• concentrações séricas de AST, ALT, FA, GGT e bilirrubina direta
▪ Pacientes suspeitos ou diagnosticados com hepatopatias
• avaliação das concentrações de fatores de coagulação e atividade da 
protrombina para prevenção de hemorragia durante a cirurgia
Função Renal
▪ rim é responsável pela eliminação de anestésicos biotransformados e não biotransformados
▪ pacientes que apresentam disfunção renal podem efeitos de anestésicos potencializados e 
com duração aumentados (Ex.: benzodiazepínicos e cetamina)
▪ durante procedimentos anestésico e cirúrgico também existe a possibilidade de ser 
observada redução da pressão arterial, o que pode acarretar diminuição da perfusão renal e 
consequentemente piora da função renal
▪ pacientes que apresentam uremia devem ter a avaliação de pressão arterial mais acurada e 
cuidadosa e uma possível hipotensão deve ser tratada imediatamente
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Emergência Veterinária
Situação que coloca a vida do animal em risco imediato ou ameaça a função de um 
órgão vital
Ex.: trauma grave, ingestão de substâncias tóxicas, choque circulatório, 
obstrução urinária e dificuldades respiratórias agudas.
O tratamento de emergência é essencial para estabilizar o animal e evitar 
complicações graves ou até mesmo a morte.
Urgência Veterinária:
• situação que requer atenção veterinária pronta, mas não representa uma 
ameaça imediata à vida
• Embora urgentes, esses problemas de saúde geralmente não representam um 
perigo imediato à vida do animal e podem ser tratados em uma clínica 
veterinária de urgência ou até mesmo em consultórios veterinários, dependendo 
da gravidade
• A intervenção rápida em casos de urgência é importante para aliviar o 
desconforto do animal, prevenir complicações futuras e promover sua 
recuperação.
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Consentimento informado
1. Descrição do Procedimento:
1. Detalhes claros e precisos sobre o procedimento médico ou cirúrgico que será realizado.
2. Explicação dos objetivos, benefícios esperados e riscos associados ao procedimento.
2. Alternativas e Consequências:
1. Descrição das alternativas ao procedimento proposto, se houver, incluindo a opção de não realizar o 
procedimento.
2. Explicação das possíveis consequências de não realizar o procedimento, se aplicável.
3. Riscos e Complicações:
1. Lista dos riscos e complicações conhecidos associados ao procedimento, incluindo efeitos colaterais, 
complicações cirúrgicas e possíveis resultados adversos.
2. Informações sobre os riscos específicos relacionados ao paciente, se relevantes (por exemplo, condições 
médicas pré-existentes que possam aumentar os riscos).
4. Autorização para Tratamento:
1. Consentimento explícito para realizar o procedimento médico ou cirúrgico, assinado pelo responsável pelo 
paciente (ou pelo próprio paciente, se for capaz).
2. Reconhecimento de que o responsável pelo paciente (ou o paciente) entende os riscos e benefícios do 
procedimento e concorda com ele voluntariamente.
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