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2 - Coleta Sanguínea

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Coleta Sanguínea
Apresentação
Numa consulta médica, para fazer uma avaliação ou discutir sobre uma possível preocupação com a 
saúde, é quase previsível que seja solicitada a realização de exames de sangue. Os resultados que 
esses exames fornecem auxiliam nas decisões médicas em aproximadamente 70% das ocasiões.
Embora um exame laboratorial, em especial o exame de sangue, possa parecer simples, todo 
processo que envolve esse exame é bem complexo, exigindo profissionais qualificados e 
especializados. A complexidade de tais processos pode induzir a erros nos laudos e resultados 
laboratoriais equivocados, provocando condutas médicas errôneas que podem ser catastróficas aos 
pacientes e colaborar para a insegurança no sistema de saúde.
É por esses e outros motivos que o controle de qualidade laboratorial é tão rigoroso. Contudo, 
erros ainda ocorrem e podem ser identificados, com frequência, na etapa da coleta de sangue. 
Assim, conhecer os processos e conceitos relevantes é fundamental para os profissionais 
garantirem a emissão de laudos corretos.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá os tipos de sangue, locais de obtenção e frascos de 
acondicionamento das amostras coletadas, os procedimentos associados à obtenção de amostras 
de sangue venoso e arterial e os principais interferentes pré-analíticos associados à coleta de 
sangue.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer os principais tipos de sangue utilizados em laboratório, locais de obtenção e 
frascos de acondicionamento. 
•
Explicar os procedimentos utilizados para obtenção do sangue venoso e arterial.•
Identificar os principais interferentes pré-analíticos associados à coleta de sangue.•
Infográfico
Os tubos para coleta de sangue foram um avanço na medicina laboratorial; eles mantêm a 
qualidade da amostra e otimizam a execução dos exames. Os exames de sangue são sensíveis a 
diversos interferentes; por isso, é muito importante estabelecer qual é o sistema mais apropriado 
para a coleta. Isso inclui a escolha correta dos tubos.
Acompanhe, no Infográfico, os diferentes tubos de coleta de sangue e suas recomendações de uso.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/007377f2-3c39-474e-b8dd-785bc9154b80/f663b7d2-ceac-4188-b952-947d1a34132d.png
Conteúdo do livro
A fase pré-analítica, em especial, a coleta de sangue, impacta de maneira considerável nos 
resultados gerados para auxiliar no diagnóstico e tratamento de diversas patologias. O sangue é 
uma amostra amplamente utilizada na medicina laboratorial e o uso de suas frações podem variar, 
de acordo com as necessidades do exame. Para oferecer um serviço de qualidade e alto nível, o 
profissional do laboratório clínico deve ser treinado e capacitado para atuar nessa etapa.
No capítulo Coleta Sanguínea, do livro Instrumentação biomédica, você irá reconhecer os principais 
tipos de sangue utilizados em laboratório, os diferentes frascos de acondicionamento e seus locais 
de obtenção, os procedimentos utilizados para coleta de sangue arterial e venoso e os principais 
interferentes pré-analíticos associados à coleta.
Boa leitura.
INSTRUMENTAÇÃO 
BIOMÉDICA
Laura Reck Cechinel
Coleta sanguínea
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer os principais tipos de sangue utilizados em laboratório, 
os locais de obtenção e os frascos de acondicionamento.
 � Explicar os procedimentos utilizados para obtenção do sangue venoso 
e arterial.
 � Identificar os principais interferentes pré-analíticos associados à coleta 
de sangue.
Introdução
O sangue é um material muito comum e muito importante nos labora-
tórios clínicos. Sua análise é base para diversos diagnósticos, além de os 
resultados dos testes realizados com a amostra de sangue auxiliarem nas 
decisões terapêuticas e no acompanhamento do tratamento. Por isso é 
essencial que o profissional da área tenha amplo conhecimento técnico 
sobre esse material biológico, o qual manuseará diariamente. 
Neste capítulo, você vai estudar essa amostra tão relevante para a 
medicina laboratorial que é o sangue. Vai ver os tipos de sangue utilizados 
em laboratório, os locais de sua obtenção e os diferentes frascos para seu 
acondicionamento, além de conhecer os procedimentos utilizados para 
a obtenção de sangue arterial e venoso. Também vai ver os principais 
interferentes pré-analíticos associados à coleta de sangue.
Tipos de sangue, locais de obtenção e 
frascos de acondicionamento
O sangue é o único tecido fluido do corpo. Apesar de parecer ser um líquido 
espesso e homogêneo, ao analisá-lo microscopicamente, observamos que ele 
tem componentes líquidos e celulares. O sangue é um tipo especializado de 
tecido conjuntivo líquido, denso e viscoso, que contribui para a homeostasia 
do organismo. O sangue tem, basicamente, três funções: 
1. Transportar oxigênio (O2), dióxido de carbono (CO2), nutrientes, hor-
mônios, calor e resíduos. 
2. Regular o pH, a temperatura corporal e o conteúdo hídrico das células. 
3. Proteger contra a perda sanguínea, por meio da coagulação, e contra as 
doenças, por meio dos glóbulos brancos fagocitários e das proteínas, 
como os anticorpos, os interferons e o complemento. 
A temperatura média do sangue é 38 °C. Ele apresenta um pH levemente 
alcalino, variando de 7,35 a 7,45. O sangue constitui cerca de 8% do peso 
corporal de um indivíduo; um homem adulto pode ter 6 litros de sangue e, 
uma mulher adulta, 5 litros.
O sangue total é composto por duas porções: o plasma, que contém as 
substâncias orgânicas e inorgânicas dissolvidas e corresponde a 55% do san-
gue; e os elementos figurados, que são as células e os fragmentos celulares e 
que corresponde a, aproximadamente, 45% do sangue total. Se uma amostra 
de sangue total for centrifugada em alta velocidade, as células, que são mais 
densas, irão se depositar no fundo do tubo, enquanto o plasma, que é mais 
leve e menos denso, formará uma camada na parte superior do tubo, como 
pode ser visualizado na Figura 1. 
Coleta sanguínea2
Figura 1. Sangue total após centrifugação.
Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com.
Plasma
Tampão
leucocitário
Glóbulos
vermelhos
Os elementos figurados são, em sua maioria, glóbulos vermelhos; os glóbu-
los brancos e as plaquetas correspondem a menos de 1% do volume do sangue 
total. Esses elementos formam um tampão leucocitário, que fica localizado 
entre os glóbulos vermelhos e o plasma sanguíneo que foram centrifugados 
(MARIEB; HOEHN, 2008). 
Plasma
O plasma é composto por, aproximadamente, 91,5% de água; 7% de proteínas; 
e 1,5% de substâncias não proteicas. As proteínas encontradas no sangue são, 
em sua maioria, sintetizadas no fígado. Entre elas as mais abundantes são as 
albuminas, que representam cerca de 54% de todas as proteínas plasmáticas; 
sua função é ajudar a manter o equilíbrio da pressão osmótica. O restante 
das proteínas plasmáticas é dividido entre globulinas (38%), representadas 
por anticorpos, e o fibrinogênio (7%), que é a proteína-chave na formação do 
coágulo sanguíneo. Ainda, o plasma é composto por solutos como eletrólitos, 
nutrientes, gases, enzimas, hormônios, vitaminas e produtos residuais. 
3Coleta sanguínea
Soro
Além do plasma, dependendo do tipo de tubo que foi utilizado para realizar 
a coleta sanguínea, é possível obter um outro tipo de fração, o soro. O soro é 
obtido, após a centrifugação, quando um tubo sem adição de anticoagulantes 
é utilizado na coleta. O objetivo da coleta sem anticoagulantes é favorecer a 
formação do coágulo, para que os fatores de coagulação, plaquetas e fibri-
nogênio sejam consumidos. De forma simplificada, o soro é o plasma sem 
fibrinogênio e fatores de coagulação. Atualmente, utilizam-se tubos que contêm 
ativador de coágulo na parede do tubo (material que acelera oprocesso de 
coagulação) e tubos com gel separador. O soro é amplamente utilizado para 
testes bioquímicos e sorológicos, possivelmente, pela praticidade e qualidade, 
uma vez que é um líquido livre de células.
Elementos figurados
Eritrócitos (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas 
são os componentes da porção de elementos figurados do sangue. Eritrócitos 
e leucócitos são células íntegras que sobrevivem apenas alguns dias; já as 
plaquetas são fragmentos celulares. 
Eritrócitos (transporte de gases) e plaquetas (coagulação sanguínea) rea-
lizam diferentes funções, enquanto os leucócitos são células bastante espe-
cializadas. Existem diversos subtipos de leucócitos — neutrófilos, linfócitos, 
monócitos, eosinófilos e basófilos —, e essas células apresentam uma aparência 
microscópica exclusiva.
 � Eritrócitos (glóbulos vermelhos): a superfície dos eritrócitos é com-
posta por uma variedade de antígenos, compostos de glicoproteínas e 
de glicolipídios. Esses antígenos são chamados de aglutinogênios, e 
o sangue é subdividido de acordo com a presença ou ausência desses 
aglutinogênios, nos grupos A, B, AB e O. 
 � Leucócitos (glóbulos brancos):
 ■ Leucócitos granulares: contêm grânulos distintos, que são visíveis 
ao microscópio óptico após coloração.
 ■ Leucócitos agranulares: nenhum grânulo é visível ao microscópio 
óptico após coloração.
 – Linfócitos T e B e células destruidoras naturais (NK).
 – Monócitos.
Coleta sanguínea4
 � Plaquetas: as plaquetas, como mencionado anteriormente, não são 
células propriamente ditas; elas possuem ¼ do tamanho de um linfócito 
e são fragmentos citoplasmáticos de células extraordinariamente grandes 
(megacariócitos). As plaquetas são essenciais para o processo de coagu-
lação que ocorre no plasma quando os vasos sanguíneos são lesionados, 
pois elas se aderem ao local e formam um tampão temporário. Como 
elas não têm núcleo, atuam rapidamente e se degeneram em cerca de 
dez dias, caso não tenham se envolvido no processo de coagulação. 
Sistema circulatório
O sistema circulatório pode ser visto como uma rede de distribuição do sangue, 
e pode ser dividido entre circulação pulmonar e circulação sistêmica. Na cir-
culação pulmonar, os vasos sanguíneos levam e trazem sangue dos pulmões, 
realizando as trocas gasosas. Já os vasos sanguíneos que levam e trazem o 
suprimento funcional de sangue de todos os tecidos do corpo constituem a 
circulação sistêmica. 
O sangue que retorna do corpo é relativamente pobre em oxigênio e rico em 
dióxido de carbono. Esse sangue chega ao pulmão após passar pelo coração. 
No pulmão, o sangue descarrega dióxido de carbono e capta oxigênio. Apesar 
de pensarmos que as veias carregam apenas sangue pobre em oxigênio, na 
circulação pulmonar ocorre o inverso. 
Na circulação sistêmica, após o sangue recém-oxigenado chegar ao coração, 
ele é direcionado pelas artérias sistêmicas aos tecidos do corpo para realizar 
as trocas de nutrientes e gases. O sangue pode ser chamado de venoso ou 
arterial, de acordo com sua concentração de gases. O sangue venoso, rico em 
gás carbônico, é bombeado do coração para os pulmões, enquanto o sangue 
arterial, rico em gás oxigênio, é bombeado do coração para os tecidos do 
corpo (TORTORA; DERRICKSON, 2010).
Coleta sanguínea
O sangue venoso é, preferencialmente, utilizado para a realização de exames 
laboratoriais. A preferência por esse sangue se dá pelo fato de que as veias 
estão na periferia, mais próximas às superfícies, logo o acesso a elas fica 
mais fácil do que o acesso às artérias. As veias têm paredes mais finas do 
que as artérias, facilitando a punção; além disso, o sangue arterial tem alta 
pressão, pois sai diretamente do ventrículo esquerdo do coração para fazer 
5Coleta sanguínea
a irrigação de todo o corpo. Logo, um acidente proveniente de uma punção 
arterial é muito mais grave do que com uma punção venosa, pois a perda de 
sangue seria muito maior. Vejamos os métodos possíveis de coleta de sangue 
(FISCHBACH; DUNNING III, 2000):
 � Punção capilar: pode ser utilizada para realizar o esfregaço do sangue 
periférico e alguns outros exames. Em adultos, é necessária punção 
percutânea, geralmente na ponta do dedo, para se obter o sangue capi-
lar; em crianças, também se costuma usar a polpa digital. No caso de 
lactentes abaixo de 1 ano e recém-nascidos, é melhor colher as amostras 
no hálux ou na parte lateral do calcanhar.
 � Punção venosa: permite obter maiores quantidades de sangue para 
exame. É necessário ter cuidado para evitar hemólise, hematoma, infec-
ção e desconforto. Existem diversos locais para realizar a venopunção, 
e essa escolha representa uma parte muito importante no procedimento 
de coleta sanguínea. De modo geral, qualquer veia dos membros supe-
riores poder ser utilizada, caso apresente boas condições; no entanto, as 
veias basílica, mediana cubital e cefálica são as mais frequentemente 
utilizadas. A veia mediana cubital costuma ser a melhor opção, pois a 
cefálica é mais propensa à formação de hematomas. Os volumes cole-
tados são constantes quando se coleta sangue venoso, portanto, nesse 
aspecto, não importa o local escolhido para a punção venosa. Às vezes, 
é preciso usar a área do punho, o antebraço ou o dorso da mão ou do 
pé; punções em região de membros inferiores só podem ser realizadas 
mediante autorização médica. 
 � Punção arterial: a coleta de sangue arterial é feita para a realização 
do exame de gasometria arterial ou quando a coleta de sangue venoso 
não é possível. As punções arteriais são realizadas por médico ou por 
enfermeira, devido aos riscos inerentes ao procedimento. As amostras 
costumam ser coletadas diretamente das artérias radiais, braquiais ou 
femorais. Os locais de punção arterial devem ter presença de fluxo 
sanguíneo colateral e ter fácil acesso e os tecidos periarteriais devem 
ser relativamente insensíveis. 
Coleta sanguínea6
Outro cuidado importante a ser tomado na coleta do sangue venoso é não coletar 
sangue do mesmo membro utilizado para a administração intravenosa de medicamen-
tos, líquidos ou transfusões. Caso não seja possível escolher outro local, certificar-se 
de que a punção venosa seja feita abaixo do acesso.
Acompanhe na Figura 2 as veias em que podem ser realizadas as punções 
capilar e venosa.
Figura 2. Veias para punção venosa e capilar.
Fonte: Silva (2016, p. 5).
Ao realizar a coleta sanguínea, recomenda-se seguir uma sequência espe-
cífica de tubos de coleta, para que o prejuízo quanto aos interferentes seja o 
menor possível. Essa ordem de coleta pode prevenir riscos de contaminação 
das amostras com os aditivos do interior dos tubos. 
Ao usar tubos novos, sempre confira as orientações do fabricante dos tubos, para 
acompanhar a evolução das novas gerações de tubos de coleta.
7Coleta sanguínea
Para a realização de provas de coagulação, como tempo de protrombina, 
tempo de tromboplastina parcial ativada, dosagem de fatores da coagulação, o 
tubo contendo citrato de sódio deve ser o primeiro utilizado na coleta — entre-
tanto, deve-se observar se há solicitação também de hemocultura; se houver, o 
sangue deve ser, primeiramente, acondicionado na garrafa. A homogeneização 
dos tubos deve ser feita imediatamente após a coleta, por meio de movimentos 
de inversão delicados e repetidos em um número de vezes não inferior a 5 e 
não superior a 10 (XAVIER; DORA; BARROS, 2016). 
A sequência de tubos deve seguir a ordem listada a seguir:
1. Tubos plásticos de coleta de sangue.
2. Frascos para hemocultura.
3. Tubos com citrato (tampa azul-clara).
4. Tubos para soro com ativador de coágulo, com ou sem gel separador 
(tampa vermelha ou amarela).
5. Tubos com heparina, com ou sem gel separador de plasma (tampa verde).
6. Tubos com ácido etilenodiaminotetracético (EDTA). Com ou sem gel 
separador de plasma (tampa lilás).
7. Tubos com fluoreto (tampa cinza).
Tubos que não contêm ativador de coágulo podem ter algumas variações; 
nesse caso, use o tubo siliconado parasoro (tampa vermelha) antes do tubo com 
citrato. Mantenha os demais tubos conforme a sequência proposta (XAVIER; 
DORA; BARROS, 2016).
Procedimentos para obtenção do sangue 
venoso e arterial
A coleta de sangue é um momento muito relevante para o sucesso do exame 
laboratorial. Os procedimentos associados, do início ao fim da coleta, ficam 
aos cuidados da equipe do laboratório, de modo que sejam garantidas as 
condições pré-analíticas. A coleta sanguínea é realizada, em geral, pela ma-
nhã, após 15 minutos de repouso do paciente. Alguns exames requerem um 
tempo de repouso específico — por exemplo, para a dosagem de prolactina, 
catecolaminas plasmáticas e testes funcionais é recomendado repouso de 
30 minutos. É interessante informar a data e a hora da coleta no laudo, pois 
isso permite uma interpretação mais aprofundada dos resultados quanto às 
variações circadianas. 
Coleta sanguínea8
Em ambiente hospitalar, é muito comum ser necessário coletar sangue 
de pacientes internados que estão recebendo terapia venosa; nesses casos é 
indicado escolher outro lugar para coleta, para não utilizar o membro que está 
recebendo terapias endovenosas, como vimos. Além disso, sugere-se evitar: 
 � áreas cicatriciais; 
 � membros superiores próximos ao local onde foi realizada mastectomia; 
 � locais com cateterismo ou qualquer outro procedimento cirúrgico;
 � veias que já sofreram trombose porque são pouco flexíveis, com paredes 
endurecidas;
 � locais onde há hematoma, pois isso pode influenciar o resultado do 
exame. 
 � locais que possam gerar fatores de interferência, inclusive celulite, 
flebite, obstrução venosa, fístulas ou shunts arteriovenosos.
Em situações em que não é possível evitar os locais com hematomas, pois não há 
outra veia disponível, deve-se puncionar distalmente ao hematoma.
Pacientes diabéticos, que monitoram sua glicemia diariamente, fazem 
punção digital regularmente — procedimento também usado para coletar 
sangue de recém-nascidos e crianças. Na punção arterial, o sangue é coletado 
de uma artéria; esse procedimento é usado para determinar o nível de oxigê-
nio no sangue oxigenado. A seguir você estudará, mais detalhadamente os 
procedimentos associados às coletas de sangue venoso e arterial (FAILACE; 
FERNANDES, 2009).
Sangue venoso
O sangue venoso pode ser coletado a vácuo ou com seringa e agulha. Alguns 
motivos fazem a coleta em sistema a vácuo ser mais recomendada: trata-se 
de um sistema fechado, portanto permite melhores condições de padroniza-
ção; há menor contato com o material biológico; os riscos de acidentes com 
perfurocortantes são reduzidos. A qualidade da amostra coletada pelo sistema 
a vácuo é considerada mais elevada e representativa do que a amostra obtida 
9Coleta sanguínea
pelo sistema de seringa e agulha (sistema aberto), devido, principalmente, 
à adequada proporção sangue/aditivo. O sistema a vácuo oferece a garantia 
de aspiração de um volume de sangue proporcional à quantidade de aditivo 
presente no tubo de coleta e, consequentemente, de redução de causas de 
erro, como hemodiluição, volumes insuficientes, hemólise e formação de 
microcoágulos.
A coleta de sangue deve seguir os seguintes passos, nesta ordem:
1. Identificar o paciente.
2. Conferir o material a ser usado no paciente.
3. Informar ao paciente sobre o procedimento.
4. Higienizar as mãos em lavatório com água e sabão ou por meio de 
fricção com soluções alcoólicas a 70%; posteriormente, vestir luvas 
de procedimento.
5. Posicionar o braço do paciente, inclinando-o para baixo, na altura do 
ombro.
6. Se o torniquete for usado para a seleção preliminar da veia, pedir para 
que o paciente abra e feche a mão, afrouxar o torniquete e esperar 2 
minutos para usá-lo novamente.
7. Fazer a antissepsia do local de punção com álcool etílico a 70% em 
movimento circular do centro para a periferia. Quando houver soli-
citação de dosagem de álcool no sangue, são recomendadas soluções 
não alcoólicas.
8. Aplicar o torniquete; soltar o torniquete antes de retirar a agulha, levando 
em conta que o tempo de uso do torniquete não deve exceder 1 minuto, 
para evitar alterações nos resultados dos exames.
9. Ao utilizar o sistema aberto, retirar embalagens da seringa e da agulha 
e adaptá-los; na coleta a vácuo, rosquear a agulha no adaptador.
10. Fazer a punção com o bisel da agulha voltado para cima.
11. No sistema a vácuo, inserir tubo a tubo, na sequência recomendada; no 
sistema aberto, aspirar lentamente o sangue para o interior da seringa.
12. Transferir o sangue tubo a tubo, na sequência recomendada (sistema 
seringa e agulha).
Para realizar exames hematológicos, como hemograma, usualmente se 
utilizam tubos com EDTA. Nesses casos, os tubos com anticoagulantes de-
vem ser homogeneizados gentilmente, por inversão, de 7 a 10 vezes. Esse 
procedimento garante a mistura completa do sangue com o anticoagulante e 
Coleta sanguínea10
evita a formação de coágulo. A coagulação do sangue invalida o teste, sendo 
necessário coletar outra amostra. 
Existem tubos pediátricos para hemograma, com quantidades reduzidas 
de EDTA, compatíveis com coleta de 0,5 a 1 mL de sangue. A heparina não 
é recomendada como anticoagulante para realizar a contagem de leucócitos 
e de plaquetas, uma vez que ela destrói os leucócitos e causa uma coloração 
violácea de fundo nas lâminas. Para a coleta correta de sangue, recomenda-se 
usar agulha de calibre compatível com o volume a coletar, conforme sugerido 
a seguir:
 � 0,6 mm para coletas de até 2 mL (berçário e veias afetadas por 
quimioterapia).
 � 0,7 mm para coletas de até 5 mL (dorso da mão e pulso, pediatria).
 � 0,8 mm (é o usual) para coletas até 20 mL (para 20 mL completos, 
melhor 0,9 mm). 
Sangue arterial
O sangue arterial é obtido para a realização do exame de gasometria arterial, 
o qual avalia o pH e a adequação da oxigenação e ventilação, entre outros. 
O risco associado à punção arterial ou à punção de veia profunda é dificil-
mente justificável para exames rotineiros de patologia clínica. Para coletar 
sangue arterial, realiza-se a punção percutânea da artéria braquial, radial ou 
femoral, ou é retirada uma amostra de um cateter arterial. A artéria radial 
é, em geral, o local preferido, mas as artérias braquial e femoral também 
podem ser utilizadas. Assim que se coleta a amostra, é possível analisá-la 
para determinar a gasometria arterial. O local de escolha para coleta arterial 
deve ter fácil acesso, ter fluxo sanguíneo colateral e os tecidos periarteriais 
devem ser relativamente insensíveis.
A utilização do sangue arterial para hemogramas só acontece em unidades 
de oncopediatria, com coletador e tecnologia especializados. Nesse cenário, 
a diferença entre sangue de veias e de artérias periféricas é insignificante 
para o hemograma; o eritrograma pode ser feito com o sangue coletado para 
gasometria arterial, desde que não seja diluído com excesso de heparina.
Os procedimentos para a coleta de sangue arterial são estes (BRUNNER; 
SUDDARTH; LIPPINCOTT, 2011):
 � Preparar a agulha em seringa de autoenchimento pré-heparinizada. 
11Coleta sanguínea
 � Puncionar a artéria e coletar aproximadamente 5 mL de sangue. 
A pressão arterial empurra o êmbolo, e a seringa se enche de sangue, 
fato que não ocorre com sangue venoso por causa da sua baixa pressão. 
 � Eliminar as bolhas de ar na amostra, pois elas alteram os valores da 
gasometria arterial. 
 � Tampar e girar a seringa com movimentos suaves, para misturar a 
heparina ao sangue.
 � Ao concluir a coleta, retirar a agulha e colocar um curativo sobre o 
local da punção.
 � Pressionar o curativo com o dedo por, no mínimo, 5 minutos ou até que 
não haja mais sangramento evidente. 
 � Manter o curativo durante, no mínimo, 24 horas. 
 � Colocar a amostra em banho de gelo e levá-la ao laboratório em em-
balagem apropriada. 
O teste de Allen deve ser realizado antes de se tentar uma punção de artéria radial. A 
seguir acompanhe o passo a passo para a realização doteste (BRUNNER; SUDDARTH; 
LIPPINCOTT, 2011):
 � Colocar o braço do paciente no colchão ou no encosto do leito e apoiar-lhe o 
punho em cima de uma toalha enrolada. 
 � Pedir a ele que feche a mão. 
 � Utilizando os dedos indicador e médio, pressionar as artérias radial e ulnar. Manter 
essa posição por alguns segundos. 
 � Sem tirar os dedos das artérias do paciente, pedir a ele que abra a mão, que você 
então segura, em uma posição relaxada. A região palmar estará esbranquiçada, 
porque a pressão que seus dedos exerceram reduziu o fluxo sanguíneo normal. 
 � Aliviar a pressão na artéria ulnar do paciente. Se a mão ficar ruborizada, indicando 
o enchimento dos vasos com sangue, você poderá prosseguir seguramente com 
a punção da artéria radial. Se a mão não ficar ruborizada, deverá realizar o exame 
no outro braço.
Coleta sanguínea12
Interferentes pré-analíticos associados 
à coleta de sangue 
Os resultados dos exames laboratoriais podem sofrer influências de todas as 
etapas analíticas, no entanto a etapa pré-analítica é responsável por quase 70% 
dos erros observados. A coleta sanguínea faz parte da etapa pré-analítica e, a 
seguir, você irá estudar os interferentes associados à esta etapa. 
Algumas características dessa etapa aumentam, em muito, o grau de com-
plexidade e, por consequência, a oportunidade de ocorrência de erros e não 
conformidades. Para minimizar a ocorrência desses erros é necessário seguir 
os protocolos apropriados, desde a identificação do paciente até a análise 
de consistência e a liberação do resultado. A coleta adequada do material 
para análises laboratoriais depende dos procedimentos de coleta, manuseio, 
armazenamento e identificação da amostra; do preparo correto e completo do 
paciente; e da verificação da qualidade da amostra de acordo com o material 
e com os exames solicitados pelo médico.
Para que os resultados dos exames tenham importância clínica, alguns 
cuidados técnicos devem ser executados. Por exemplo, o uso ou não do garrote, 
de tubos, de anticoagulantes e de conservantes específicos, a descrição exata 
do local da coleta, entre outros. Nesse contexto, amostras com qualquer grau 
de coagulação podem induzir a erro na contagem de células, além de entupir 
os equipamentos automatizados e, consequentemente, alterar os valores a 
serem mensurados. Portanto, o uso do anticoagulante correto é muito im-
portante para todas as coletas, pois a utilização de amostras coletadas com 
anticoagulante inadequado, ou não que não respeita a proporção adequada de 
plasma/anticoagulante, pode afetar muito a qualidade do resultado liberado. 
Diferentes graus de hemólise, lipemia, hiperbilirrubinemia, além de me-
dicamentos utilizados pelos pacientes, podem interferir nos laudos emitidos. 
Vejamos mais a respeito.
Hemólise consiste na lise (rompimento) anormal de hemácias, liberando 
seus constituintes, principalmente hemoglobina. Essa liberação faz com que 
soro e plasma adquiram cor rosa/avermelhada, de acordo com a intensidade da 
hemólise. A interferência da hemólise nos resultados pode variar de acordo com 
a intensidade e com os parâmetros avaliados. O grau de hemólise é avaliado 
visualmente, após a centrifugação da amostra, mas já existem equipamentos 
de análise bioquímica que quantificam o índice de hemólise. Os resultados de 
LDH, potássio, amônia, magnésio, ferro, fósforo e proteínas totais podem ser 
13Coleta sanguínea
falsamente aumentados se a amostra avaliada está hemolisada. Já a insulina 
apresenta resultados falsamente baixos caso a amostra esteja hemolisada, 
visto que há uma enzima degradadora de insulina nas hemácias. As causas 
de hemólise associada à coleta podem se dar pela utilização de tamanhos in-
corretos de agulha (força de cisalhamento), homogeneização com movimentos 
rápidos, sucção excessiva ou transporte em temperatura fora da faixa ideal.
A lipemia é a presença de emulsão de lipídeos no soro/plasma. Ocorre, 
frequentemente, por jejum inadequado. Amostras com aspecto leitoso repre-
sentam níveis séricos de triglicerídeos superiores a 400 mg/dL. A lipemia 
interfere em exames que têm como princípio metodológico a turbidimetria e 
a espectofotometria; nesses casos, os resultados observados são falsamente 
elevados. Exames de colesterol, bilirrubina, albumina, fosfatase alcalina, 
proteínas séricas, cálcio, amilase, lipase e ainda alguns testes de coagulação 
ficam alterados em amostras lipêmicas. O plasma lipêmico pode gerar uma 
falsa elevação da concentração de hemoglobina, principalmente nos pacientes 
com valor de triglicerídeos acima de 1.000 mg/dL. Ainda, é possível observar 
uma falsa hiponatremia (pseudo-hiponatremia) quando uma amostra lipêmica 
é utilizada para quantificar os níveis de sódio pelos métodos de fotometria de 
chama ou potenciometria (eletrodo íon seletivo).
Se uma amostra de plasma e/ou soro apresenta coloração amarelo/ala-
ranjada, essa amostra está hiperbilirrubínica e interfere nos resultados de 
exames realizados por espectrofotometria, como ácido úrico, glicose, perfil 
lipídico, etc. É importante destacar que, apesar de interferir nas análises, a 
hiperbilirrubinemia é uma condição do paciente, e não uma condição derivada 
de erros na coleta.
Além desses interferentes, é importante que se conheça, controle e, se 
possível, evite algumas outras variáveis que também interferem na exatidão 
dos resultados (XAVIER; DORA; BARROS, 2016): 
 � Coágulos: chamados de fibrinas, os coágulos podem interferir no 
desempenho da análise de alguns analitos; essa interferência depende 
do número de microcoágulos formados. A homogeneização inadequada 
da amostra e a coleta sanguínea demorada podem gerar microcoágu-
los. A amostra com coágulos deve ser inviabilizada, especialmente 
quando há solicitação para contagens celulares, que tendem a diminuir. 
Dependendo da sensibilidade do equipamento, ele emite um alerta da 
presença desse tipo de interferente.
Coleta sanguínea14
 � Heparina: o uso da heparina pode causar interferência nas análises 
realizadas. Esse anticoagulante pode reagir com alguns reagentes uti-
lizados nas técnicas e causar falsos valores elevados de leucócitos 
e hemoglobina, e as plaquetas podem apresentar valores baixos por 
agregação. 
 � Torniquete: o uso incorreto do torniquete pode acarretar prejuízo na 
amostra coletada e, com isso, erros nas análises. Se não forem respei-
tadas as orientações quanto ao tempo de garroteamento, poderá haver 
interferência em analitos, como potássio, hematócrito ou quaisquer 
outros influenciados pela hemoconcentração.
 � Variação cronobiológica: são as alterações que ocorrem em função 
do tempo, de forma cíclica, na concentração de determinado analito/
parâmetro. Essas variações podem ser diárias, semanais, mensais ou 
sazonais. As variações circadianas são observadas em moléculas como 
cortisol, ferro, melatonina, por exemplo, em que, se as coletas forem 
realizadas à tarde, fornecem resultados até 50% mais baixos do que 
os obtidos nas amostras coletadas pela manhã. Os hormônios sofrem 
variações mensais, características do ciclo menstrual feminino, e podem 
ser acompanhadas de variações em outras substâncias. Por exemplo, 
a concentração de aldosterona é cerca de 100% mais elevada na fase 
pré-ovulatória do que na fase folicular. Além das variações circadianas, 
podem acontecer variações sazonais ou ainda de acordo com outros 
fatores ambientais; em dias quentes, por exemplo, a concentração sérica 
das proteínas é mais elevada em amostras colhidas à tarde, quando 
comparadas às obtidas pela manhã, devido à hemoconcentração.
 � Posição: a mudança rápida na postura corporal determina variações no 
teor de alguns componentes séricos. Quando o indivíduo se move da 
posição supina para a ereta, ocorre um afluxo de água e de substâncias 
filtráveis do espaço intravascular para o intersticial. Assim, proteínas de 
alto peso molecular e elementos celulares se elevam, até que o equilíbrio 
hídrico se restabeleça. Por essa razão, níveis de albumina,colesterol, 
triglicérides, hematócrito e hemoglobina, além de drogas que se ligam a 
proteínas e também os leucócitos, podem ser superestimados (em torno 
de 8% a 10%) se a coleta de sangue for feita antes da estabilização do 
equilíbrio hídrico.
15Coleta sanguínea
Fatores como sexo, idade, atividade física, jejum e dieta devem ser con-
siderados na emissão do laudo, pois os valores de referência são diferentes 
para alguns analitos, de acordo com os fatores considerados. Em relação ao 
uso de drogas e medicamentos, alguns cuidados devem ser tomados — por 
exemplo, complicações hemorrágicas sérias podem ocorrer em pacientes com 
distúrbios de coagulação ou que fazem uso de medicações anticoagulantes.
Alguns testes podem ser alterados pelo uso de medicamentos. Um exemplo 
disso são os testes com base na reação de Trinder, que podem ter resultados 
falsamente diminuídos em amostras de pacientes em uso de paracetamol, em 
concentrações maiores do que 750 µg/mL; N-acetilcisteína, em concentrações 
maiores do que 1.600 µg/mL; e dipirona, em concentrações maiores do que 
5 mg/mL. A reação enzimática de Trinder é a metodologia de escolha, em 
alguns casos, para avaliar glicose, colesterol, creatinina, entre outros.
O uso de álcool e fumo também interfere em alguns parâmetros — até 
mesmo o consumo esporádico de bebidas alcoólicas pode causar alterações 
significativas e quase imediatas na concentração plasmática de glicose, de 
ácido láctico e de triglicérides. O tabagismo provoca elevação na concentra-
ção de hemoglobina, nos números de leucócitos e de hemácias e no volume 
corpuscular médio, além de outras substâncias. 
Outros fatores têm sido relatados como interferentes: resultados falso-
-positivos em testes sorológicos de rastreamento para detecção de anticorpos 
contra o HIV-1, o vírus da hepatite C e, especialmente, o vírus T-linfotrópico 
humano foram identificados após a vacina contra influenza A (H1N1). Nesses 
casos, o teste positivo deve ser repetido no prazo de 30 dias para o estabe-
lecimento do diagnóstico (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA 
CLÍNICA E MEDICINA LABORATORIAL, 2014).
Cuidados associados à coleta para minimizar a 
ocorrência de erros associados
Os erros associados à coleta podem ser minimizados com a observação de 
alguns cuidados, como: 
 � É fundamental considerar e registrar o horário de coleta da amostra, 
visto que alguns resultados de exames dependem dessa informação para 
ter valor clínico. Além disso, para dosagem de alguns analitos, como 
cortisol, existe recomendação de coleta em horários preestabelecidos. 
 � O preparo correto do paciente é uma etapa crítica para a realização 
da coleta de sangue. Assim, é importante informá-lo corretamente de 
Coleta sanguínea16
todos os procedimentos, como necessidade de jejum, interrupção do 
uso de alguma medicação, dieta específica ou mudanças na prática de 
alguma atividade física.
 � Ao fazer a assepsia do paciente, é recomendado aguardar o antisséptico 
de escolha secar para então fazer a punção, pois ele pode ser um fator 
interferente, aumentando o risco de hemólise. Ainda, não é indicado o 
uso de etanol como antisséptico quando for realizada dosagem de etanol. 
 � Não utilizar o torniquete por tempo excessivo durante a coleta — tempo 
máximo de 1 minuto, pois pode causar hemoconcentração.
 � Não é recomendado movimentar a agulha, por exemplo, para busca 
aleatória da veia. O movimento da agulha durante a coleta pode ser 
doloroso e pode resultar em hematomas, compressão do nervo ou lesão 
direta do nervo. 
 � Se optar pela coleta com seringa, utilizar heparina formulada para 
minimizar os efeitos na dosagem de cálcio ionizado.
 � Escolher a agulha com calibre adequado para coleta; se esse cuidado 
não é tomado, pode-se observar coagulação ou hemólise da amostra.
 � Evitar a punção venosa lenta, situação que pode ativar a coagulação
 � Para a homogeneização da amostra, a mistura do sangue com os aditivos 
do tubo deve ser feita mediante inversões suaves e completas. 
 � Preencher adequadamente os tubos, para evitar a proporção incorreta 
de anticoagulante-sangue — algo muito importante.
 � Para obter soro, deve-se aguardar a formação completa do coágulo para 
então realizar a centrifugação. 
 � O transporte de amostras entre um posto de coleta e a central de pro-
cessamento deve ser feito respeitando alguns cuidados, por exemplo, 
os tubos devem ser mantidos em posição vertical (tampa para cima) 
antes e após sua centrifugação e, se possível, as amostras devem ser 
distribuídas manualmente. Ainda, é importante que o transporte, o 
armazenamento e a centrifugação sejam realizados em condições con-
troladas de temperatura, específicas para cada tipo de amostra. 
 � Em qualquer serviço de atenção à saúde, a capacitação técnica da equipe 
é essencial para o sucesso dos procedimentos, e isso não é diferente no 
laboratório de análises clínicas. O treinamento da equipe de coleta é 
fundamental; além disso, os erros na etapa da coleta sanguínea podem 
ser frequentes, caso não haja padronização dos procedimentos. Dessa 
forma é necessário manter programas de treinamento contínuo, uma 
vez que a qualificação da equipe é a melhor maneira de se otimizar a 
qualidade da assistência. 
17Coleta sanguínea
Complementando este conteúdo, o Quadro 1 apresenta uma série de va-
riações de parâmetros que podem ocorrer nos exames de acordo com os 
interferentes.
Analito Variação diurna, postura, estresse e atividade
Cortisol Nível máximo: entre 4 e 6 h; nível mínimo: 
entre 20 e 12 h; nível 50% mais baixo às 20 h 
do que às 8 h; aumenta com o estresse
ACTH Nível mais baixo à noite; aumenta com o estresse
Atividade da renina Nível mais baixo à noite; nível maior em 
pé do que na posição deitada
Aldosterona Nível mais baixo à noite
Insulina Nível mais baixo à noite
GH Nível mais alto à tarde e à noite
Fosfatase ácida Nível mais alto à tarde e à noite
T4 Aumenta com o exercício
Prolactina Aumenta com o estresse; nível mais elevado 
entre 4 e 8 h e entre 20 e 22 h
Ferro Nível máximo no final da manhã; 
diminui até 30% durante o dia
Cálcio Diminuição de 4% na posição deitada
ACTH, hormônio adrenocorticotrófico; T4, tiroxina; GH, hormônio do crescimento.
Quadro 1. Variações de parâmetros conforme interferentes
Fonte: Adaptado de Xavier, Dora e Barros (2016).
Coleta sanguínea18
BRUNNER, L. S.; SUDDARTH, D. S.; LIPPINCOTT, W. W. Exames complementares. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
FAILACE, R.; FERNANDES, F. B. Hemograma: manual de interpretação. 6. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2015.
FISCHBACH, F. T.; DUNNING III, M. B. Manual de enfermagem: exames laboratoriais e 
diagnósticos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
SILVA, P. H. da et al. Fase pré-analítica em hematologia laboratorial. In: SILVA, P. H. da et al. 
Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos. Porto Alegre: Artmed, 2016. p. 1−16.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA E MEDICINA LABORATORIAL. Reco-
mendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/
ML): coleta e preparo da amostra biológica. Barueri, SP: Manole, 2014. Disponível em: 
http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/livro_coleta_biologica2013.pdf. Acesso 
em: 27 set. 2019.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 12. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2010.
XAVIER, R. M.; DORA, J. M.; BARROS, E. (org.). Laboratório na prática clínica. 3. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2016. (Série Consulta rápida).
19Coleta sanguínea
Dica do professor
Até pouco tempo, a recomendação para exames de perfil lipídico era de longos períodos de jejum. 
No entanto, diante de um artigo publicado em 2016, concluiu-se que o perfil lipídico não é alterado 
significativamente no estado pós-prandial, ou seja, pode refletir o estado metabólico habitual do 
paciente. Então, foi proposta uma flexibilização do tempo de jejum para a realizaçãodesse exame 
nos laboratórios. 
Nesta Dica do Professor, você verá as novas recomendações sobre jejum e exames de sangue.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/d8a82978a430248c3b9a3e94c93be07f
Na prática
A coleta de sangue é um procedimento que pode ser realizado por diferentes profissionais, desde 
que sejam qualificados para tal função. Para realizar esse procedimento corretamente, é necessário, 
além de estudo, prática para coletar as amostras de maneira adequada, provocando o mínimo de 
desconforto no paciente.
Veja, Na Prática, a primeira experiência profissional na coleta sanguínea de Cláudia, uma biomédica 
recém-formada.
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https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/9712e4e1-41fd-4b45-987b-730b21befd4a/958fd3b3-b563-4109-912b-f24314d1cfd1.png
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia 
Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML): Fatores pré-
analíticos e interferentes em ensaios laboratoriais
Neste documento, você verá recomendações e diretrizes técnicas da Sociedade Brasileira de 
Patologia Clínica/Medicina Laboratorial sobre os fatores pré-analíticos e interferentes em exames 
laboratoriais.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Procedimento Operacional Padrão - Coleta de materiais 
biológicos
Neste manual de procedimento operacional padrão, produzido pelo Laboratório de Análises 
Clínicas e Anatomia Patológica, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo 
Mineiro, você poderá aprender mais sobre a coleta de sangue.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Amostras de sangue: tubos e anticoagulantes
Neste vídeo, você revisará, de maneira dinâmica e ilustrada, os tipos de amostras de sangue 
utilizadas nos laboratórios clínicos.
http://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attachment/754866279/livrosbpcinterferentes.pdf?v=1194756667
http://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attachment/1025422363/Coletademateriaisbiologicos12.pdf?v=1621067717
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https://www.youtube.com/embed/XJMvI9ovqlQ

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