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1 Anestesiologia Introdução Anestesia consiste na depressão do paciente, da consciência dele, da dor e dos reflexos. Assim que deprimido, vai interferir na fisiologia do paciente que muitas vezes já está em um estado patológico. É importante entender a patologia do paciente: • Exemplo – Cushing é diferente de uma Piometra; um idoso é diferente de um Filhote. Não será utilizado apenas um fármaco, em média usasse de 6 a 10 fármacos diferentes em uma mesma cirurgia X, lembrando que é importante entender a farmacocinética e a farmacodinâmica de todos os fármacos. Farmacocinética: o que o organismo faz com o fármaco Farmacodinâmica: o que o fármaco faz no organismo do animal Também é importante saber anatomia pois os bloqueios locais são baseados única e exclusivamente no conhecimento anatômico. OBS: A peridural vai ser feita no espaço lombo sacro por ter um maior acesso. Vai ser feita na última lombar L 7 e na primeira sacral S1. Nessa área não tem medula espinhal. Classificação dos tipos de anestesia Anestesia geral: è Hipnose (inconsciência anestésica) è É depressão dose dependente do sistema nervoso central sendo reversível. Nem toda anestesia culmina com hipnose, por isso existem modalidades como as depressões mais suaves chamadas de sedação e tranquilização Tranquilização: depressão mais suave que não gera hipnose, geralmente é usada antes de uma anestesia. Sedação: depressão mais profundo do que a tranquilização, mas que também não gera hipnose. É usada antes da anestesia e vai ter falta de responsividade do paciente. MPA -> Medicação pré-anestésica. É o fármaco que vai ser utilizado antes da anestesia geral para gerar um resultado favorável a todo o processo de anestesia. Exemplo: benzodiazepínicos é uma droga usada para a situação e tranquilização. MPA: • Dexmedetomidina (α 2 agonistas) • Acepran (fenotiazínico) • Morfina (opióide) • Diazepam (benzodiazepínico) • Midazolam (benzodiazepínico) • Xilazina • Cetamina Nenhuma dessas acima som inalatórias, não existe a gente inalatório que seja analgésico. Como uma anestesia existe analgesia necessitamos que tem a medicação intravenosa/intramuscular associado. 2 è A anestesia inalatória é um tipo de anestesia geral pois dela causa hipnose Anestesia geral causa depressão dose dependente do sistema nervoso central de forma reversível. Ela não é o único elemento de uma anestesia geral. Além da hipnose, tem que promover analgesia, relaxamento muscular e promover uma proteção neurovegetativa. Quando o paciente está anestesiado, ele pode não ter mobilidade, nem consciência, mas o coração não para de bater, o rim não para de filtrar e o fígado não para de metabolizar, ou seja, o organismo do animal não para de funcionar. Então temos que proteger o estado vegetativo dele. Exemplo: A tração de um membro fraturado faz com que a frequência cardíaca e a pressão arterial aumentem, mas o paciente está em estado de hipnose. A dor é uma percepção consciente, ou seja, um paciente anestesiado não tem como sentir dor. Faz parte da anestesia geral proteger o animal dessa estimulação simpática. Existem 2 tipos de anestesia geral: è Induzido por fármacos intravenosos (TIVA); Anestesia Totalmente Intravenosa. è Induzida por fármacos intravenosos e inalatórios (PIVA); Anestesia Parcialmente Intravenosa. Muitos falam que a anestesia inalatória é mais segura, mas não é verdade. Tanto a intravenosa quanto inalatória tem os mesmos riscos. A anestesia inalatória ainda apresenta um maior risco relacionado a hipotensão do paciente. Anestesia local: è É anestesia de um ponto/local específico. É feita através de um bloqueio, interrompendo a transmissão do estímulo nervoso através das vias aferentes fazendo com que a informação nunca chegue ao cérebro (local onde vai ser processado a dor). No organismo existem vários sensores de tato, temperatura, mecanorreceptores e nociceptores, que são estruturas que apresentam limiares de situação. Os nociceptores transformam a informação mecânica em uma informação que o cérebro entenda (impulsos elétricos). Os nociceptores pegam a informação mecânica e a transformam em elétrica através da transdução. Essa informação transduzida vai ascender, percorrendo através de fibras nervosas até o sistema nervoso central. Esses nervos aferentes chegam ao sistema nervoso através do corno dorsal da medula espinhal e as fibras eferentes emergem pelo corno ventral. O H medular é o inverso do cérebro. O corno dorsal se relaciona com outro neurônio (interneurônio), vai modular, aumentando ou diminuindo a intensidade da dor. A partir daí, outros neurônios vão liberar a informação no trato espinotalâmico para que seja feita a última fase que é a percepção da dor. O anestésico geral vai deprimir o sistema nervoso central atuando na percepção. O anestésico local age na transmissão, ou seja, vai interromper a transmissão do impulso e ele não chega até o cérebro. O impulso elétrico percorre pela fibra nervosa através da despolarização, ou seja, há uma troca de cargas que deixam da célula positiva do lado de fora (+ sódio do lado de fora). Na despolarização vão se alterar as cargas e assim o sódio entra na célula. Um anestésico local funciona interrompendo a informação através do fechamento de canais de sódio, então, o sódio não entra. A célula não despolariza e a informação não percorre. Anestesia regional: è É muito parecida com anestesia local, só que nela é feita um bloqueio de uma região, bloqueando qualquer nervo que passe por aquela área. è Exemplo: peridural 3 Anestesia balanceada: É a mistura da anestesia inalatória com a intravenosa gerando hipnose é relaxamento muscular e analgesia. Anestesia dissociativa: Não é uma anestesia geral. Ela dissocia a percepção da dor. Farmacodinâmica: é o mecanismo de ação que a droga vai fazer no corpo. Exemplo: os benzodiazepínicos são tranquilizantes por estimularem receptores de GABA, o principal modulador inibitório do sistema nervoso central. Farmacocinética: é o movimento da droga pelo corpo, então é o que o corpo vai fazer com a droga. Os fármacos de meia vida muito longa, vão demorar para sair do organismo. O ato anestésico A anestesia começa com uma avaliação pré-anestésica, vendo o perfil do paciente, como por exemplo, se é idoso, filhote ou jovem. Avaliaremos a saúde e tipo de cirurgia (eletiva ou não). Em uma avaliação pré-operatória é que determinaremos qual o risco cirúrgico e quais os fármacos vamos usar. Faremos essa avaliação através da anamnese, exame físico, exame clínico e exames complementares. Depois de termos a certeza de que o paciente está apto para a cirurgias, no dia começaremos com uma medicação pré-anestésica, caso seja necessário, como em uma situação do animal não ser calmo. Após a MPA, o paciente vai para anestesia geral. Enquanto o paciente estiver acordado, será dado um agente hipnótico para causar indução anestésica nele. A anestesia vai durar o tempo que a cirurgia precisar e para isso, é necessário continuarmos a administração do fármaco causador de hipnose, esse processo recebe o nome de manutenção. Quando desligarmos a manutenção acaba a cirurgia e o paciente irá acordar. Avaliação pré-anestésica O objetivo da avaliação pré-anestésica é avaliar o animal através de exames pré-operatórios para vermos o risco dele, no final através dessa avaliação veremos as características particulares de cada espécie /animal. A primeira coisa a descobrirmos será a condição clínica do paciente que será submetido a uma anestesia, pois ao receber anestesia terá alterações do seu fisiológico, além do seu estado patológico já alterado. Devemos determinar o risco do paciente e estabelecer um protocolo. ASA 1 -> Paciente de menor risco ASA 4 -> Paciente de maior risco A classificação ASA determina o risco cirúrgico do paciente. Cirurgias: eletivas x urgência x emergência Eletiva -> Não tem necessidade imediatade fazer a cirurgia, exemplo, uma castração. Urgência -> Precisam ser feitas em um curto espaço de tempo, mas não tem a necessidade de serem feitas na hora, exemplo, uma piometra. 4 Emergência -> Precisa ser feita na hora, pois o paciente na maioria das vezes está em risco de vida. Exemplo: hemorragia interna A cirurgia é um planejamento e uma organização, além disso saber qual o paciente, qual a cirurgia quais os fármacos e se tem oxigênio disponível são importantes. Fases da avaliação pré-anestésica: Saber espécie, raça, idade, se o paciente já fez alguma cirurgia antes, se já faz uso de alguma medicação crónica, se tem alguma doença crônica, se tem alergia alguma medicação será descoberta em uma anamnese exame físico e exames complementares. Identificação do animal Felinos Não podem tomar todas as medicações que as outras espécies tomam por terem uma deficiência de metabolização hepática. Nessa metabolização existe um sistema microssomal no qual o gato tem deficiência de uma enzima, o que dificulta a metabolização dos fármacos. Gatos apresentam um reflexo laríngeo sensível (laringo espasmo), mesmo em hipnose, esse reflexo continua. Então é necessário diminuirmos esse reflexo através da administração de anestésicos locais, como um bloqueio periglótico com lidocaína através de uma aspersão, antes da intubação. Gato exercitam mais do que os cães, ou seja, os gatos acordam mais agitados. O uso de opióides ou às vezes cetamina podem causar essa situação. À susceptibilidade do gato a hipotermia é alta. A depressão do sistema nervoso central altera a região do cérebro responsável pela manutenção fisiológico da temperatura corporal. Devemos usar um tapete higiênico ou um colchão térmico entre o paciente e a mesa cirúrgica para evitarmos a maior perda de calor. A extubação dos gatos também deve ser feita de forma precoce até mesmo em gatos braqueocefálicos. Equinos Esses animais apresentam maior risco de complicações no período peri anestésico, além disso eles têm um maior índice de morbidade pós-operatória. Quanto mais tempo o cavalo ficar sendo operado maior a chance de ele morrer. Isso ocorre porque o cavalo pesa muito e quando deitado, sua massa muscular fica comprimida, o que faz com que aumente a pressão do músculo diminuindo a perfusão sanguínea. Essa falta de sangue vai causar miosite. Sinais clínicos de miosite: • Não apoio membro • Hemoglobinúria • IRA Esses animais também têm reações violentas a dor e a estímulos externos. O cavalo não acorda tranquilo de uma anestesia, então temos que tomar cuidado tanto com nós veterinários, quanto o animal, para quem ninguém se machuque. Além disso eles têm uma maior susceptibilidade aos efeitos excitatórios ao uso de opióides. 5 Depressão cardiorrespiratória em equinos: quando o cavalo é posto em decúbito dorsal o diafragma sofre alta pressão pelo ceco, dificultando sua respiração e consequentemente a perfusão sanguínea. Silvestres É necessário saber as características de cada espécie. Dentro de silvestres lidaremos com mamíferos, anfíbios, aves e répteis. Também devemos lembrar que o tamanho do paciente importa, sua temperatura e o seu volume sanguíneo. A contenção física vai variar de acordo com cada espécie. Cães • Braqueocefálicos: Esses cães têm uma anatomia propícia a obstrução das vias aérea, dificultando a respiração. Devemos ter um cuidado com a extubação rápida desses pacientes. Eles apresentam o tônus vagal anormal (nervo parassimpático). Esse nervo, nesses animais é muito mais evidente do que o nervo simpático, ou seja, vai fazer com que esses animais sejam mais letárgicos, soltem mais flatulências e sejam bradi cárdicos, o que causaram consequências durante a anestesia. Eles vão precisar de uma maior oxigenação pré-operatória para que o sangue fique com um nível bem alto de oxigênio. A intubação desse paciente deve ser feita o mais rápido possível. O momento certo para extubar esse tipo de paciente é de forma tardia. Vamos esperar que eles estejam mais acordados e começarem a ter o reflexo laríngeo. Devemos ter sempre à mão fármacos anticolinérgicos (inibidores do sistema parassimpático e aumentando a atividade simpática. Exemplo: atropina) • Galgos – Whippet, Greyhound, Borzoi, Saluki São cães que quase não possuem gordura corporal, ou seja, eles não têm o compartimento lipídico por onde o anestésico vai se difundir. Eles apresentam proteínas séricas mais baixas e este fato faz com que a concentração livre de alguns fármacos, que deveriam ser carreados por proteínas, aumente. A baixa de proteína dificulta a conjugação dos anestésicos e aumenta a fração livre deles no sangue, que gerará um efeito depressor e podendo levar o animal à morte. São sensíveis a barbitúricos. Pelo fato de apresentarem pouco tecido adiposo, quando aplicarmos o anestésico intravenoso nesse paciente, o fármaco irá direto para o sangue e se difundir pelo sistema nervoso central. O corpo não é homogêneo dentro do organismo e o sangue perfunde de formas diferentes. Quando aplicarmos o anestésico no sangue, V1 vai se encher rapidamente, depois vai encher V2 de forma mais lente e logo depois V3. O último compartimento, V3, é o que mais vai demorar para encher, por ser menos perfundível. Se pararmos de dar o anestésico, V1 zera, mas V2 e V3 ainda ficam com anestésico, e por isso o paciente não acorda. No caso dos galgos temos que tomar cuidado porque eles não têm o compartimento V3. • Obesidade: 6 É um mal que atinge nossos pacientes com frequência. Não é bom anestesiar pacientes obesos, pois os fármacos são diluíveis em gordura. Alguns podem ser mono compartimentais, tendo que ser usado baseado na dose do peso ideal do paciente. O peso do animal repercute na dose que vai ser aplicada e no tempo que o paciente vai acordar. Quanto maior o peso do animal, maior a concentração de fármaco em V3. Nós temos dificuldade de ter precisão na dose, então neles usaremos a dose “real da raça”. O objetivo da droga anestésica é alcançar o sistema nervoso central, para causar depressão, porém, parte dessa droga vai parar na gordura, por isso fazemos uma dose pensando na parte que vai parar na gordura. Meia vida contexto dependente-> quanto mais tempo aplicamos a droga, mais tempo essa droga demora para sair do organismo. Nem todas as drogas causam isso, mas é por isso que temos que escolher as melhores drogas para infusão contínua, para que esse retorno do organismo ao normal não demore tanto. • Cães grande e pequenos: Quanto menor for o animal, maior a taxa metabólica e quanto maior for o animal, menor a taxa metabólica. A taxa metabólica é alta em pequenos animais pois eles necessitam fazer o controle da temperatura corporal de forma mais rápida, já que sua superfície de troca é menor. Cães grandes tem taxa metabólica diferente dos cães pequenos. Por isso os cães grandes geralmente são bobões e lerdos e os cães pequenos são mais agitados e estressados. Os animais menores tomam mais anestésico, assim como os agitados também. Para os cães pequenos, também temos que tomar cuidado em relação a hipotermia. • Cesarianas: O peso de uma cadela grávida é o seu peso, mais a soma de cada filhote e a placenta. Então se chega uma fêmea com 10 kg, o anestésico não vai ser calculado para esse peso. Para isso deve saber o peso dessa fêmea antes de ficar grávida. Os anestésicos atravessam a barreira placentária, ou seja, atingirão os filhotes. O tiopental e o propofol são usados como anestésicos depressores do sistema nervoso da mãe e por atravessarem a barreira placentária, dos filhotes também. Os dois causam a mesma coisa. A mãe recuperava do tiopental, mas os filhotes não, mas no propofol o filhote volta. Qual a diferença? A diferença do Tiopental Sódico para o Propofol é metabolização. O tiopental é metabolizado pelo sistema microssomal hepático. A mãe tem o sistema eficaz, mas o feto/neonato aindanão tem o sistema desenvolvido, então eles têm dificuldade de metabolizar os fármacos. O propofol além de ter metabolização hepática, ele também pode ser metabolizado por esterases plasmáticas (sangue), então o filhote consegue eliminar o fármaco. A mãe tem dificuldade respiratória por causa dos filhotes, o útero pesa em cima das vísceras, principalmente pressionando a veia cava (artéria abdominal). Quando descomprimido, o abdômen, de uma gestante, o sangue volta com muito velocidade, fazendo com que tenha queda de pressão e dispneia. Hipotensão supina-> Rápida perfusão sanguíneo cerebral que faz com que a pressão caia. Ex: Quando nos levantamos rápido e ficamos tontos. • Fetos/animais jovens: 7 Operar um recém nato/um animal jovem é ruim, pois ele apresenta sistema microssomal hepático imaturo e sistema termorregulador imaturo. Deve ser usado a propofol e evitar o uso de tiopental e cetamina. Filhotes morrem de três coisas -> Hipotermia (o metabolismo ainda não é eficiente), desidratação (o filhote é mais de 30% de água, então se ele não mamar, ele desidrata) e hipoglicemia. Esses animais costumam ser muito agitados e são hipoglicêmicos, ou seja, não podemos fazer jejum no pré-operatório, porque ele pode desidratar e ficar hipoglicêmico. Eles também vão apresentar pouca massa corpórea e perdem temperatura facilmente. É importante desligar o ar e ter um colchão térmico durante a cirurgia. E para que um animal tão jovem vá para uma mesa de cirurgia é porque ele tem algum problema grave, geralmente é uma patologia congênita, como uma atresia anal, fenda palatina, o que dificulta ainda mais a anestesia. • Idosos: A diferença dos jovens, são as doenças crônicas. Ex: Insuficiência renal, hepática, cardíaca. A idade já é um fator por si só um fator de risco. Além disso, apresentam temperamento mais calmo, em comparação com os animais jovens. A maior dificuldade deles é a idade, que por si só já é um fator de risco para o paciente. Pela classificação de risco (ASA), os pacientes idosos são ASA 2, mesmo que sejam saudáveis. Histórico e anamnese Na anamnese, a primeira coisa que vamos fazer é criar um “elo” com o proprietário, deixa-lo calmo. Vamos perguntar o nome do paciente, depois faremos várias perguntas, mas com objetivos, tendo uma linha de raciocínio. Já operou antes? Para saber se houve algum histórico de problema. Faz uso de alguma mediação continua? Alguns fármacos interferem no ato anestésico, como por exemplo um fármaco hipotensor. O fenobarbital (Gardenal) usado para crise convulsiva. Ele é um barbitúrico, da mesma família do tiopental, ou seja, não vai fazer efeito se usar o tiopental. É alérgico a alguma medicação? O animal está em jejum? Não podemos esquecer de pergunta se o animal está em jejum, para evitar êmese pós-operatório. O jejum não pode ser feito em excesso e nem pode não ser feito, pois na cirurgia o paciente vai estar deitado e quando anestesiamos, a cárdia (musculatura) relaxa, se abre, tendo um influxo de comida, caso o animal não tenha feito jejum ou de ácido clorídrico ou caso o animal tenha feito jejum demais, as duas situações são ruins. Indicação de comprometimento no sistema cardíaco: É ativo? sedentário? Se cansa com facilidade? Quando seu animal faz exercício, se animal tosse ou fica cianótico? Tosse seca ou com secreção? Qual hora do dia ele mais tosse? Exame físico Como o bicho é? Não é sempre que vai ter que fazer uma sedação ou tranquilização. Se o paciente for calmo, não tem a necessidade, mas se for um paciente ativo ou agressivo, devemos fazer. Animais acometidos por doenças podem mudar a forma de fazer a anestesia. Exemplo: um animal com DAPE, não é um paciente ideal para receber um peridural. Não pode fazer pulsão de meninge com o tecido inflamado. Em uma fratura de bacia também não pode ser feito peridural. 8 Tem que ver mucosas, auscultação, temperatura, TPC, TG, PA. Sibilo (barulho de asma) estertor; Sopro cardíaco; Edema. Exames complementares Hemograma A leucometria não importa para a cirurgia. Devemos ver o hematócrito, para avaliarmos a quantidade de hemácias e as proteínas plasmáticas, pois são elas que carrearam os anestésicos. O hematócrito e a proteína plasmática também são importantes para decidirmos a fluido. Salgadão é uma solução de cloreto de sódio mais osmolar do que a solução do soro fisiológico. Bioquímica: Rim - Avaliação de ureia e creatinina para saber se o paciente tem insuficiência renal. SDMA é um exame para detectar a insuficiência renal mais precocemente Fígado – Vamos avaliar a ALT que é uma enzima de transbordamento. Ela é uma enzima intracelular e que só se encontra em altos níveis no sangue se o hepatócito estiver rompido. FA (fosfatase alcalina) em cães e GGT em gatos, que quando aumentadas é porque existe o aumento da atividade hepática. AST é um exame inespecífico. AST aumenta não só por lesão hepática, mas também por alteração no músculo esquelético e cardíaco Radiografia: Raio x de tórax e outras projeções vão depender do local da cirurgia. Outros: Eletrocardiograma, ecocardiograma, ultrassonografia. • Classificação ASA Depois de ter os exames em mão, vamos fazer a classificação de ASA, o grau de risco cirúrgico. ASA1 – saudável ASA2 – doença sistêmica leve ASA3 – doença sistêmica moderada ASA4 – doença sistêmica grave ASA5 – último suspiro Depois de todos esses passos, será feito uma autorização de consentimento. Não é termo de responsabilidade, pois ela não é do cliente. • Preparo do jejum Desnecessário em neonatos: o esvaziamento gástrico rápido vai causar hipoglicemia em caso de jejum - Cães e gatos adultos: 8 a 12 h (sólido), 2 a 4 h (hídrico) - Equinos adultos: 12 h (sólido), 3 h (hídrico) - Bovinos adultos: 24 a 48 h (sólido), 12 a 24 h (hídrico) 9 - Peq. ruminantes: 24 (sólido), 12 h (hídrico) Depois disso tudo feito, vamos preparar para a pré-medicação (MPA). Medicação pré-anestésica A MPA é qualquer medicação que será aplicada antes do ato anestésico, que tem como objetivo, de alguma forma, melhorar o paciente. O objetivo da MPA depende do paciente. Um paciente agitado ou agressivo não vai deixar nem que raspe ele, ou deixar canular a veia. Então esses pacientes muitas vezes têm benefício com a MPA, pois vamos tranquilizar e diminuir a ansiedade. Um paciente com fratura de membro, se formos pegar para raspar, não vai ser agradável, então devemos já começar uma analgesia nesse tipo de paciente, para conseguirmos manipular ele sem machucá-lo. A MPA é feita após a avaliação do animal. Se for um animal tranquilo, calmo, apático, não tem necessidade de fazer uma sedação. Então não existe uma regra para a MPA, ela vai depender do paciente e do que queremos causar com a utilização dela. Um grande benefício da MPA é a diminuição da necessidade de anestésicos gerais. A anestesia geral é depressora dose dependente, então quanto mais anestésico dermos ao paciente, mais ele vai ficar deprimido. Então quanto menos anestésicos a gente der, melhor será para o paciente, mais seguro será o ato anestésico. A MPA então diminui o requerimento de anestésicos gerais usados nos pacientes. O paciente que não toma MPA é aquele que durante a cirurgia ele superficializa mais, que é necessário ser dado mais medicação. Então o segredo da anestesia é uma boa MPA. O paciente que não faz MPA acorda agitado, sendo outro benefício fazer. A medicação pré- anestésica também vai ajudar na recuperação do paciente. Ela permite uma indução e uma recuperação suave, potencializa os efeitos anestésicos, baixando a dose deles. Uma medicação pré-anestésica vai causar miorrelaxamento, analgesia, redução do estresse, sedação e tranquilização. Não existe apenas uma família de fármacos que podem ser utilizados, existem várias. As famílias mais utilizadas são os Fenotiazínicos, os Benzodiazepínicos, Agonistas α-2 adrenérgicos e Opióides. FenotiazínicosDefinição: É uma família e várias drogas fazem parte dessa família Talvez a droga mais conhecida dessa família seja a Acepromazina. O acepran é um fenotiazínico exclusivo da medicina veterinária. A medicina humana usa os fenotiazínicos, a levomepromazina. Podemos usar também a levomepromazina na medicina veterinária, só temos que tomar cuidado com a dose. • Acepromazina • Levomepromazina 10 • Clorpromazina (além de sedar também tem efeito anti emético. Ela tem ação central, inibindo o centro do vômito no sistema nervoso central). OBS: Os anti eméticos hoje em dia se baseiam em ações centrais do vômito, no sistema nervoso central, como a Ondasentrona. A Metoclopramida saiu do mercado, pois ela não tinha ação central. Alguns Fenotiazínicos também são antialérgicos e por isso alguns antialérgicos vão causar sono. O local de ação dos fenotiazínicos é central e periférico, então ele vai agir em receptores do sistema nervoso central e na periferia do corpo. Centralmente eles vão agir em várias áreas do corpo, como o córtex, sistema límbico, tronco encefálico, entre outros. No sistema periférico vai causar efeito no sistema cardiovascular (efeito alfa adrenérgico). • MECANISMO DE AÇÃO (FARMACODIÂMICA): Os fármacos dessa família agem no sistema nervoso central inibindo receptores dopaminérgicos, ou seja, receptores que utilizam como principal neurotransmissor a dopamina, mas também utilizam a serotonina, norepinefrina e entre outros neurotransmissores. A inibição dos neurotransmissores diminui a atividade de comunicação, assim as células não vão interagir de forma normal e a atividade neuronal será reduzida. Dependendo da área do cérebro que for afetada, a atividade, consciência e a termorregulação reduzem. Quem regula a homeostase térmica é o hipotálamo, se o hipotálamo no SNC está inibido, diminui a capacidade do corpo de manter a temperatura, por isso durante a cirurgia, o paciente tende a perder temperatura. Na ação periférica, ele vai agir inibindo a ação de receptores adrenérgicos, principalmente alfa 1 e no sistema cardiovascular. Os vasos sanguíneos têm receptores adrenérgicos, que estimulam o sistema simpático, ou seja, vasoconstrição. Com isso, a pressão sobe, a frequência cardíaca aumenta e a força de contração do coração aumenta. A partir do momento que os fenotiazínicos bloqueiam receptores adrenérgicos, os principais efeitos que vemos no vaso são a vasodilatação, hipotensão, a força de contração do coração diminuída, ou seja, ele tem efeitos cardiovasculares importantes. Efeito neuroléptico -> diminuição da comunicação das células nervosas. Elas interagem menos e a atividade neuronal diminui, reduzindo a atividade dos neurônios gerando, sonolência, apatia, hipotermia. Outros efeitos que os fenotiazínicos podem ter, é o efeito anti-histamínico, por inibirem receptores adrenérgicos e receptores histamínicos (receptores histaminérgicos H1-Prometazina). • CONTRAINDICAÇÕES: O acepran é um remédio contraindicado, pois ele não pode ser usado em pacientes hipotensos, hipovolêmicos, cardiopatas e idosos. Só pode ser usado com prescrição veterinária. Então apesar de ser uma droga muito usada, ela é bastante perigosa, por isso mudou muito o uso dos Fenotiazínicos. Os fenotiazínicos abaixam o limiar de gatilho da convulsão, ou seja, o paciente que tem predisposição de convulsionar, vai convulsionar com um gatilho menor, então outra contraindicação dos fenotiazínicos é para pacientes predispostos a convulsão. 11 A Acepromazina é contraindicada em equinos, principalmente machos, pois pode causar priapismo (ereção peniana dolorosa) e prolapso peniano. • FARMACOCINÉTICA: Os fenotiazínicos podem ser usados por diversas vias de administração. Eles podem ser usados pela via intravenosa, mas não é muito indicado, pois ela é uma droga vasodilatadora, levando a hipotensão. Oral (ex: acepran gotas), intramuscular, subcutânea, intraperitoneal. Esses fármacos têm latência, ou seja, demoram para fazer efeito, dependendo da via escolhida. Geralmente demora de 10 a 30 min. Eles têm ação de 2 a 4 horas, apresentam biotrasformação hepática e excreção renal. Benzodiazepínicos Os Benzodiazepínicos não são tão potentes para os animais, quanto são para os seres humanos. Um animal só com benzodiazepínico muitas vezes não cai. Sozinhos, os benzodiazepínicos não são eficientes. Os benzodiazepínicos na veterinária são usados como anti convulsionantes (Diazepam). Então eles têm efeito tranquilizante, anticonvulsivante, miorrelaxante e uma amnésia temporária, sem depressão acentuada do SNC. • MECANISMO DE AÇÃO: Os Benzodiazepínicos agem estimulando neuroreceptores. A transmissão de um impulso de uma célula a outra é feita pela liberação de neurotransmissores, que agem em receptores da membrana pós-sináptica. Quando o impulso corre na própria célula, através de saltos, ocorre uma despolarização. A despolarização é quando a célula fica positiva do lado de dentro e negativa do lado de fora. Para que isso ocorra, tem que ter a entrada de sódio na célula. O efeito estimulatório do receptor na membrana pós-sináptica, é a abertura de canais de sódio. Com isso o sódio entra e a célula fica negativa do lado de fora e positiva do lado de dentro. Assim, o impulso de uma célula passa para outra. Só que com as drogas benzodiazepínicas, nós não queremos estimular a célula, queremos inibi-la. Existe uma rede neuronal, no qual os neurônios apresentam contato com vários outros neurônios ao mesmo tempo. Os dendritos apresentam diversas ramificações e é através delas que um neurônio vai se ligar a vários outros. Nem toda neurotransmissão entre células serve para despolariza-la. Temos neurotransmissores que terão o objetivo de inibir que a célula se despolarize. Neurotransmissores inibitórios -> Glicina, mas o principal inibitório é o GABA Neurotransmissores excitatórios -> Glutamato, Substância P, Noraepinefrina, Acetilcolina. 12 O GABA é o principal neurotransmissor inibitório e é nele que os benzodiazepínicos vão agir. É o principal modulador negativo do SNC (é a principal substância que inibe o SNC). Se temos uma droga que estimula o GABA, esse estímulo vai inibir o SNC e é o efeito que queremos. Então o GABA vai inibir a célula e ela não vai abrir canais de sódio, vai abrir canais de cloro. Quando o cloro entra, o que é negativo do lado de dentro fica mais negativo, essa célula então vai se tornar mais difícil de ser despolarizada. O cloro hiperpolariza a membrana. Esse é o efeito que ocorre quando usado os benzodiazepínicos. Os Benzodiazepínicos se ligam a receptores de GABA e os estimula para abrir canais de cloro, hiperpolarizando a célula e consequentemente que ela seja mais refratária a despolarização. Uma célula recebe estimulação excitatória e inibitória ao mesmo tempo, mas a ação que vai ser prorrogada vai depender da quantidade de receptores inibitórios ou excitatórios estarão presentes na célula. O potencial de ação de uma célula é “tudo ou nada”, ou despolariza ou não despolariza, tem que chegar a um certo limiar. Os que inibem jogam o limiar para baixo, se afastam do limiar e o que estimula vai em direção ao limiar e se conseguir alcançar o limiar, despolariza. Então na verdade é um somatório. Todo estímulo excitatório vai gerar um potencial estimulatório para essa célula despolarizar. Todo estímulo inibitório chamaremos de PIPS e quando ele estimula, nós chamaremos de PEPS. Se a célula vai despolarizar ou não, depende se o número de PEPS for maior que o número de PIPS. O GABA é um neurotransmissor que inibe através dos canais de cloro, que quando ele entra na célula, hiperpolariza a membrana pós-sináptica. Ele é o principal modulador negativo do SNC (PIPS). • FARMACODINÂMICA: Os Benzodiazepínicos têm efeito miorrelaxante (deprime reflexos supra espinhais e formação reticular), ansiolítico (deprime sistemareticular/límbico – evocador da ansiedade), sedativo/hipnótico (mais nos seres humanos do que nos animais), anticonvulsivante (diazepam), amnésia (esse fato é irrelevante para veterinária). Os efeitos são reversíveis, então se tiver algum problema, conseguimos reverter os Benzodiazepínicos com o uso de outra medicação, como o Flumazenil. Os Benzodiazepínicos são muito seguros, quase não tem efeitos colaterais. A reversão só se faz necessária em pacientes sensíveis ou na medicina humana (suicídio). Os Benzodiazepínicos não causam analgesia nos animais. Os Benzodiazepínicos podem causar excitação paradoxal (quando esperamos uma coisa e acontece outra) e efeito extrapiramidal (nistagmo). Essa excitação que os Benzodiazepínicos podem causar é paradoxal, pois não esperamos que eles causem isso, muito pelo contrário, esperamos que ele cause tranquilização. Ex: Animal vocaliza quando acorda. • FARMACOCINÉTICA: Apresenta absorção por várias vias (IV*, IM, SC, PO) Na distribuição, os Benzodiazepínicos passam a barreira hematoencefálica, passam a barreira placentária e passam para outros compartimentos (alta distribuição pelos tecidos). O metabólito dessa droga é ativo, então ela permanece no sangue até o dia seguinte. São drogas que se ligam fortemente a proteínas plasmáticas, fazendo com que os animais demorem a acordar. Apresentam uma biotrasformação hepática, produção de metabólitos ativos e excreção renal. 13 • AS DROGAS MAIS COMUNS: DIAZEPAM Não podemos aplicar o Diazepam por via intramuscular, pois essa droga tem um princípio que faz ela ser oleosa, esse princípio é o Propilenoglicol (emoliente). O Diazepam foi feito para ser usada pela via intravenosa, pois o Propilenoglicol dói quando aplicado no músculo, pois forma uma precipitação, causando a absorção lenta e errática pela via IM. Apresenta metabólitos ativos: Nordiazepam e Oxazepam. É a droga de escolha no tratamento emergencial do status epilepticus. Doses: 0,1 a 0,5 mg/kg em pequenos animais e 0,1 a 0,2 mg/kg em grandes animais MIDAZOLAN O Midazolan é outro Benzodiazepínico, da mesma família, com mesma dose do Diazepam, mas ele é para ser aplicado pela via intramuscular, pois na sua conformação, ele não tem Propilenoglicol. Ela também pode ser aplicada pela via intravenosa. Doses: 0,1 a 0,5 mg/kg em pequenos animais e 0,1 a 0,2 mg/kg em grandes animais. ZOLAZEPAN (Zoletil® e Telazol®) É um Benzodiazepínico que não vende como Zolazepan, já vende associado a uma outra droga, que é a Tiletamina (é da mesma família da Cetamina). A associação cetamina com diazepam é a mesma coisa que uma tiletamina + zolazepan. Então as indústrias criaram o Zoletil® e Telazol®, que são dois nomes comerciais para essa associação de tiletamina com zolazepan. Flumazenil É o antagonista dos Benzodiazepínicos. Seu período de latência: 2 a 4 minutos; Duração de ação: 60 minutos; Dose: 0, 1 mg/kg Alfa-2 agonistas São receptores adrenérgico que serão estimulados. É a família que mais causa alteração cardiovascular. • MECANISMO DE AÇÃO: O neurotransmissor adrenérgico é a norepinefrina, ela vai estimular os receptores pós-sinápticos adrenérgicos, do tipo alfa 1, que abrem canais de sódio e vão estimular outro neurônio. O alfa 2 está na membrana da própria célula que liberou o neurotransmissor, ou seja, é uma célula que estimula ela mesma. É uma célula do tipo autócrina. São drogas sedativas, pré-anestésicas com o objetivo de preparar o paciente para a cirurgia. Eles agem de forma central e periférica, agindo na inibição da liberação de norepinefrina. O receptor alfa 2 está na membrana pré-sináptica e vai fazer feedback negativo para a liberação de norepinefrina. São drogas com propriedades de diminuir a liberação de norepinefrina na fenda sináptica, isso acarreta uma menor estimulação, ou seja, uma menor capacidade de comunicação entre os neurônios e por isso causa a sedação. 14 Por ser um receptor autócrino, vai ser estimulado pela própria norepinefrina. Para que a norepinefrina estimula esse receptor (alfa 2) da própria célula? Quando alfa 2 é estimulado, ele faz feedback negativo e inibe a liberação de norepinefrina, isso é feito para regular a própria liberação de norepinefrina da célula. Os receptores alfa 2, são de proteína Gi (inibição), que vão diminuir a quantidade de AMPc, inibindo a liberação de nova norepinefrina. Então essa célula não libera norepinefrina e a outra célula não consegue ser estimulada. Esses fármacos são capazes de promover sedação, miorrelaxamento e discreta analgesia por ação nos receptores alfa do sistema simpático (vai agir nos centros de modulação da dor presentes no corno dorsal da medula espinhal, local de neurônios sensoriais). Na ação central, os alfas 2 agonistas causam sedação, mas também causam outros efeitos como a depressão respiratória e muita depressão cardiovascular (ação periférica). Por quê? Na periferia além de influenciar receptores de norepinefrina na própria célula, ele também vai influenciar receptores de alfa 2 agonistas na fenda pós-sináptica. A nora faz com que o vaso tenha uma vasoconstrição rápida, fazendo com que pressão aumente e sendo percebida por baroreceptores que revertem essa pressão alta através do débito cardíaco, diminuindo-a. DC = Fluxo sistólico X FC O organismo então diminui a FC, em um mecanismo compensatório para diminuir a pressão arterial. Isso faz com que os alfa 2 agonistas causem bastante bradicardia —> BRADICARDIA REFLEXA. Isso ocorre ao longo de toda a cirurgia, então o paciente vai manter a FC baixa. A hipertensão inicial se desfaz com o tempo, mas evoluindo para uma hipotensão. Os pacientes que usam essas drogas terão hipotensão e bradicardia. Além disso, esses fármacos causam arritmias cardíacas, sendo a principal, o bloqueio átrio ventricular de 2º grau. • FARMACODIÂMICA: São estimuladores de receptor alfa 2 que estão no pré-sináptico, estimulando o feedback negativo, estimulando a nora. Além desse mecanismo, tem o de receptores alfa 2 agonistas na fenda pós sináptica, fazendo vaso constrição que na xilazina, faz hipotensão (por sair da membrana pós sináptica), que é ruim para o paciente e na dexmedetomidina (afinidade maior com o receptor pós sináptica), a pressão se mantem e compensa a bradicardia. O bloqueio átrio ventricular de segundo grau é uma arritmia comum relacionada o um bloqueio do nódulo átrio ventricular. Vai ter uma onda P sem a presença de um complexo QRS, o que acontece foi que o átrio contraiu, o impulso chegou até o nódulo e não passou para o ventrículo e com isso ele não contrai. • PRINCIPAIS DROGAS: XILAZINA A Xilazina causa uma alteração no ritmo cardíaco, a BAV (bloqueio átrio ventricular). Quem manda o coração bater é o próprio coração, através dos marca passos. O nodo sinusal quando dispara gera uma onda P e o ventrículo quando dispara gera uma onda do complexo QRS, depois tem uma onda T de recuperação e repolarização ventricular. A função do nodo atrioventricular é retardar o impulso para dar tempo de o átrio contrair e depois o ventrículo contrair. 15 O retardo no intervalo entre a onda P e o complexo QRS é chamado de doença átrio ventricuar de primeiro grau (o intervalo deveria ser curto e logo depois ter uma onda do complexo QRS). O bloqueio de segundo grau é pior, pois ele bloqueia por completo durante alguns traçados. A Xilazina causa bloqueio átrio ventricular. O nodo sinusal vai disparar, vai gerar a onda P, mas o atrioventricular não vai disparar, não deixando que se forme o complexo QRS durante alguns traçados. Em resumo a Xilazina causa muita bradicardia, redução DC, hipotensão e BAV Causa instabilidade cardiovascular, ou seja, ela é uma droga muito perigosa. Doses: 0,1 a 1 mg/kg IM em pequenos animais, 0,5 a 1 mg/kg IM Equinos e 0,05 a 0,1 mg/kg IM Ruminantes. DEXMEDETOMIDINA Essa droga mudou a forma como os alfa 2 agonistas eram vistospelos anestesistas e a família voltou a ser atrativa, pois essa droga não vai causar bloqueio atrioventricular e nem hipotensão, mas continua tendo bradicardia, pois a pressão é mantida normal. Os reversores de alfa 2 agonistas: • Atipamezole – Reversão da sedação e da FC • Ioimbina – Não vende comercialmente no Brasil. Opióides São drogas muito usadas na anestesia. Hoje em dia existe uma tendência forte a se debater a importância deles, pois eles são realmente analgésicos, os melhores que vão causar analgesia. Mas, no entanto, essa propriedade faz com que eles tenham sido ao longo da história, abusados. Estão tentando diminuir a quantidade dos opióides por causa dos diversos efeitos que ele promove. Existe uma tendência a não usar eles –> Anestesia opióide free. Isso se deu pois eles reduzem a imunidade celular do paciente, ou seja, estudos mostram que eles podem ter uma influência na formação de metástase em pacientes oncológicos (porque as cel. Killers, são deprimidas pelo uso de opióides). Outro problema é a hiperalgesia pelo só crônico, pacientes que usam com frequência, podem ter o aumento do receptor da dor e assim vão responder mais a dor do que um paciente normal. Deve-se ter um uso racional dessas drogas. Os opióides são os que agem principalmente no sistema nervoso central, causando uma redução da liberação de neurotransmissores (mecanismo de ação) através da ligação de receptores específicos (mµ, kapa e sigma). Receptores que mais importam para a anestesia: • Mµ – são os que mais se relacionam com a analgesia • Kapa Outros efeitos que os opióides tem são: depressão respiratória (muito comum), sedação, êmese (vomito), prurido (medicina) e em alguns indivíduos causa excitação (visto mais em equinos e gatos). O opióides causam dependência química, então temos um problema com a aquisição e manipulação dessas drogas. 16 • Mecanismo de ação: Vamos ter um neurônio pré ganglionar e um pós que se comunicam através de ligações de neurotransmissores. Em ambas as membranas temos receptores para opióides, os receptores mµ. Exemplo: A morfina se liga ao receptor mµ, um receptor de proteína Gi. Essa proteína diminui a liberação de AMPc, que diminui o influxo de cálcio na membrana pré-sináptica. Então quando o cálcio não entrar, não terá mais a liberação dos neurotransmissores na fenda sináptica, tendo o fechamento dos canis de cálcio. Na membrana pós-sináptica, ao se ligarem no receptor, vão abrir canais de potássio (íon positivo que está dentro da célula). Quando aberto o canal, o potássio sai e, como ele é um íon positivo, ele faz com que a célula se torne mais negativa do lado de dentro (hiperpolarização). Os benzodiazepínicos também fazem isso, só que através da entrada de cloro, os opióides fazerem pela saída do potássio. A hiperpolarização da membrana, faz com que as células sejam mais dificilmente despolarizadas. Eles agem duplamente nessa via de dor, impedindo que os neurônios transmitam a dor e que eles consigam se ligar, reduzindo a liberação de neurotransmissores e ao mesmo tempo agindo, hiperpolarizando a membrana pós e diminuindo a excitação. MORFINA É uma droga que só age em receptores do tipo mµ, por isso ela é conhecida como uma droga agonista Mµ. A morfina tem um excelente poder analgesia, mas em compensação ela tem altos efeitos colaterais, como a depressão respiratória, prurido e vomito. Ela pode ser usada por via IM, IV ou oral. Na via IV, os efeitos deletérios são mais acentuados, então a dose em IV deve ser respeita junto a velocidade de infusão. Deve ser evitado administrar por essa via, só em casos extremos de analgesia. MEPERIDINA Também é uma droga de receptor Mµ, que diferente da morfina, não pode ser feita pela via IV, porque ela libera muita histamina, tendo como principal efeito deletério, a liberação de histamina, causando hipotensão. Ela é formulada para ser usada só pela via IM. METADONA É uma droga analgésica de receptor Mµ, mas que também age em outros mecanismos analgésicos como os receptores de NMDA, que são excitatórios de glutamato. O glutamato é um neurotransmissor que quando estimula receptores de NMDA gera muita dor no SN. A metadona então além de fazer um efeito em receptores opióides, ela também bloqueia receptores de NMDA. BUTORFANOL É uma droga usada em equinos e animais silvestres. O burtofanol vai se ligar a receptores de opióides do tipo kapa, então a analgesia é mais fraca. Além dele agonizar receptores de kapa, ele antagoniza receptores de Mµ, ou seja, estimula o receptor opióide e inibe o Mµ (outro receptor opióide), isso faz então com que tenha inversão dos efeitos deletérios. Ao mesmo tempo que ele da analgesia pelo receptor de kapa opióide, ele desfaz a ligação de outras drogas do receptor Mµ. Então essa droga pode ser usada para fazer inversão dos efeitos deletérios de estimulantes de receptores mµ. 17 Todos os fármacos falados acima, são usados em MPA, temos outros fármacos usado no trans operatório. Existem alguns que são formulados para dar na via IV para serem dados durante o procedimento cirúrgico em infusão continua. A principal é o fentanil. FENTANIL É um opióide agonista Mµ com alto poder analgésica, sendo 100x mais potente que a morfina. Ele tem uma meia vida curta, de 15 minutos. Foram desenvolvidos fármacos a partir do fentanil para serem usados em via IV durante a cirurgia. Também terão meia vida muito curta. O tempo de meia vida do fentanil é de 15 minutos, mas isso vai depender do tempo em que ele vai ser administrado no paciente. Se o paciente toma 1 hora de fentanil, que tem alta afinidade pela V3 (compartimento lipídico), fica acumulando e quando mais tempo der o fentanil, mais tempo o organismo vai demorar para eliminar a droga depois do uso. Deve ser feita uma diminuição a administração ao longo do tempo de infusão para que não cause uma intoxicação da dose. Sufentanil e remifentanil são fármacos de meia vida menor. O remifentanil é um opióide usado no trans operatório em infusão continua sendo tempo de meia vida é de 1 minuto. O bom disso é que ele não se compartimentaliza, então quando usado para a infusão, o paciente automaticamente já elimina a droga e perde o efeito. TRAMADOL O tramal é usado como opióide no pós-operatório, só que ele não se liga a receptores de opióide. Essa droga age em receptores de serotonina. Ao aumentar as concentrações de serotonina, damos um bem-estar para o paciente. Esse bem-estar que conforta o paciente não é pelas vias da dor. Porque então ele é um opióide? Quando ele sofre metabolismo hepático, ele é transformado em O-dimetil tramadol, que é um metabólito ativo do tramadol que se liga a receptor de Mµ. O tramadol não é metabolizado pelos cães, eles têm uma dificuldade fisiológico. Só de 8-40% dos cães conseguir metabolizar, ou seja, o resto não gera o efeito de opióide. É uma droga de ação mista. ANESTESIA INTRAVENOSA São todos os fármacos que usamos para promover anestesia e que serão administrados pela via IV. Lembrando que esses fármacos não sofrem o processo de absorção da farmacocinética. Quando um fármaco é administrado pela via IV, ele já está sendo aplicado dentro do compartimento de distribuição, então a disponibilidade da draga para o organismo é imediata, com a biodisponibilidade de 100%. Os fármacos que usaremos na anestesia, terão como objetivo um plano de anestesia geral, induzida por agente hipnóticos. A anestesia geral é hipnose, que é a depressão dose dependente do sistema nervoso de forma reversível, o sono anestésico. Isso sozinho não é a anestesia, para que possamos falar que o paciente está anestesiado, além da hipnóticos, temos que ter analgesia, relaxamento muscular e tem que manter a proteção neurovegetativa. Veremos como os fármacos vão agir da indução e manutenção do estado de hipnose. Apesar do organismo ser um só, ele se se para em 3 compartimentos: 18 • V1 – compartimento vascular,o sangue. A administração de fármacos diretamente leva a ter a disponibilidade da droga em 100%. Ele leva a droga direto para o SN, que é o órgão mais vascularizado. Depois vai para • V2 – vísceras e músculos vascularizados • V3 – tecidos pouco vascularizados, como a gordura. V2 e v3 se enchem e esvaziam mais lentamente e é por isso que após a anestesia, o animal não se recupera de imediato. A droga aplicada na veia alcança uma concentração sanguínea. O efeito dessa droga está diretamente relaciona com a concentração sanguínea, por isso existe um intervalo de função dessa droga, chamada de janela terapêutica. A droga para funcionar, ela tem que ter no sangue uma concentração dentro da janela, se ela cai, abaixando a concentração mínima, ela não funciona. Por isso que se faz a aplicação contínua de acordo com a meia vida do fármaco. Essa aplicação pode ser feita na forma de bolus ou infusão. BOLUS É a aplicação de um volume X, aplicado de uma vez só. Quando feita a aplicação, a concentração sobe e quando para, a concentração vai cair. Se fugir da janela terapêutica, vai ser feito mais um bolus e assim a concentração volta a subir. Nesse gráfico mostra o compartimento da farmacocinética da droga quando aplicada em bolus, onde vai ter momento de pico, no qual a concentração se torna alta e o momento de intervalo, que é onde a concentração declina. O problema é que a concentração varia muito, podendo fugir da janela terapêutica. Ex: Propofol -> anestésico. Se usado em bolus, na hora que a concentração cair a abaixo da janela terapêutica, o paciente superficializa e acorda, ou seja, não mantem um plano anestésico adequado. Isso é toda vez que aplicarmos uma droga em bolus, que ela vai intercalar entre concentrações muito alta e muito baixas. Diferente disso é quando fizermos a droga em infusão continua. INFUSÃO CONTINUA Na maior parte do tempo a droga matem uma concentração dentro da janela terapêutica. É como se fosse um soro pingando, caindo gota por gota. Mesmo que a droga seja metabolizada, logo em seguida já está sendo dado outra dose dela, ou seja, ela mantém sempre a mesma concentração, pois a dose seguinte está complementando a primeira. A concentração não declina porque a droga está sendo administrada constantemente. A anestesia inalatória é uma forma de administrar o fármaco em infusão continua. • Vantagens: Ele não polui o ambiente, a inalatória sim. 19 Não afeta as pessoas que estão manipulando o paciente, a inalatória o vapor também afeta quem estiver presente na sala, causando estresse, náusea, dor de cabeça. As drogas são administradas via endógena, usando bombas de infusão. • Desvantagens: As bombas de infusão, que são muitas, em média umas 4, são caras. A droga intravenosa tem que sofrer metabolização (as inalatórias nem sempre), sendo uma desvantagem. O paciente precisa metaboliza a droga e isso faz com que paciente especiais como hepatopatas, nefropatas e grávidas, tenham mais dificuldade de metabolizar do que um paciente normal. TIOPENTAL Umas das drogas muito usadas pela via IV para causar anestesia. Ele faz parte dos barbitúricos, sendo um agente hipnótico. Quando aplicada vai causar depressão dose dependendo do sistema nervoso. É uma excelente droga, só que ela tem alta lipossolubilidade, ou seja, se acumula muito no 3º compartimento (V3). Para fazer infusão continua temos que pensar que, a melhor droga é aquela que dura menos no corpo do paciente, porque como ela é administrada por via IV, queremos que ela faça efeito enquanto está sendo infundida. Na hora que desligar, queremos que o paciente acorde, só que com o tiopental, que se acumula muito no 3º compartimento, tem uma meia vida com contexto dependente muito alta, o faz com que ele não possa ser usado em infusão continua, somente usado em bolus, mas mesmo em bolus, o paciente vai demorar para acordar. Quanto mais tecido adiposo o animal tiver, mais o tiopental vai se impregnar no tecido, no 3º compartimento, ou seja, mais difícil vai ser do paciente acordar. O tiopental age da mesma forma do propofol, potencializando o GABA. GABA são receptores negativos do SNC, ou seja, são capazes de hiperpolarizar a membrana da célula fazendo com que a célula tenha dificuldade de passar o estímulo de dor. Ele é uma droga de difícil metabolização, pois só pode ser biotransformado/metabolizado no fígado, pelo sistema microssomal. Os filhotes não conseguem metabolizar por terem o sistema microssomal hepático não amadurecido. Ele também é contraindicado em paciente que tem dificuldade na metabolização, como um idosos, hepatopatas, deficientes de metabolização e pacientes hipoproteicos (tiopental tem uma ligação proteica muito alta). Efeitos: • Depressão respiratória • Apneia • Depressão cardio vascular • Hipotensor • Diminuição da força contrátil cardíaca, diminuindo o débito A dose dele é próxima de 20-25mg/kg, mas em medicação pré-anestésica cai para 10mg/kg (benefício da MPA). Na prática, o tiopental não é mais usado ETOMIDATO É muito famosa na medicina, mesmo não sendo muito usada. É uma droga muito boa para o sistema cardiovascular. Não vai causar hipotensão e nem redução da ação cardíaca (depressão cardio 20 vascular). É a droga mais segura para usar em pacientes cardiopatas, só que ele não é tão boa assim. Ele não promove um bom plano anestésico, pois ele causa mioclonias (contrações musculares) durante a indução. Na prática, ele é usado em procedimentos muito curtos. PROPOFOL É uma droga da família dos alquil-fenóis. Ele tem um aspecto branco, pois a formulação dele é um veículo especial, um óleo de soja, e isso é um motivo para que ele seja manipulado com cuidado, pois é uma droga que é um meio de cultura, se for contaminado, estraga. Para isso deve mantê-lo na geladeira. O propofol age em GABA, hiperpolarizando a membrana da célula nervosa responsável pela propagação do impulso de dor. Ele também vai diminuir a propagação da informação entre os neurônios, por isso ele é um excelente agente de hipnose, sendo o mais usado em anestesia. O propofol, é uma droga que é perfeito para infusão continua, porque além dela ser uma droga hipnótica, ela é uma droga de rápida metabolização. O propofol é metabolizado não só pelo fígado, mas também por vias extra-hepáticas, ou seja, fora do fígado. Mesmo em pacientes filhotes, neonatos ou hepatopatas, que teriam dificuldade de metabolização hepática, vão metabolizar pelo sangue com as esterases plasmáticas capazes de metabolizar o fármaco. Ele também tem sítio de metabolização no pulmão, ou seja, tem vários sítios de metabolização e por isso ela dura pouco tempo. Essas características de farmacocinética são excelentes, mas não quer dizer que o propofol seja uma droga 100% segura, porque ela também tem efeitos deletérios como a depressão do sistema cardio vascular, da força de contração do coração, ela causa hipotensão e também causa apneia (parada respiratória). A parada respiratória do propofol está relacionada com a velocidade de infusão. Se a administração for feita muito rápida o paciente pode parar de respirar por até 7 minutos, então rapidamente tem que intubar e ventilar artificialmente. Dose com MPA – 6-7mg/kg Dose sem MPA – 3-4mg/kg Tem que se administrado lentamente para evitar a depressão respiratória. O anestesista quando usa propofol faz dose-efeito, infunde lentamente e na hora que o paciente perde a consciência ele para de administrar. A dose vai depender do efeito que se quer, se o efeito for realizado com uma dose menor, não tem que continuar administrando. Dose de infusão continua – 0,2-0,6 mg/kg/min; é uma dose muito pequena em relação a dose de administração. Só é possível chegar a esta dose baixa se não parar a infusão. A dose vai diminuindo pois o propofol é uma droga contexto dependente, ou seja, quanto mais tempo for dada é melhor, mais ela se acumula. Dependendo do tempo que vaiusar, diminui-se a dose, para que o fármaco não acumule mais. A infusão continua é uma reta, mas que pode inclinar tanto para cima quanto para baixo. Se a droga começar a se acumular, a linha sobe. Uma droga com o poder de acumulação, tem que dar menos para que mantenha em uma linha reta, ajustando a dose. 21 Característica da anestesia IV –> Não tem a fase absortiva, o fármaco vai ser jogado diretamente no leite vascular, ou seja, ela é aplicada direto no compartimento de distribuição, sem que acontecer a absorção, fazendo com que tenha uma biodisponibilidade de 100%. CETAMINA É uma droga IV, mas que não se equipara ao propofol, porque ela não causa hipnose, ou seja, ela não promove anestesia geral. Ela não deprime o SNC. Ela vai ser usada em uma anestesia dissociativa. As vias ascendentes da informação, no sistema nervoso central, são chamadas de nociceptores. Elas que vão perceber a dor nascida na periferia. Esses nociceptores são receptores capazes de transformar o impulso mecânico, térmico, químico em um impulso elétrico, que ascende por vias especializadas em sentido ao SNC pelo corno dorsal da medula espinhal. Fibras do tipo A-alfa, A-beta, A-delta e C vão transmitir essa informação, que chega pelo corno dorsal, onde vão sofrer a modulação. Interneurônios irão modular essa percepção positivamente ou negativamente. Quando for negativamente, vai ter ação do GABA, que é um canal de cloro que hiperpolariza a membrana, dificultando a informação da dor a chegar no SNC. A cetamina vai agir nessas mesmas vias. Gaba = inibitório A cetamina vai agir tanto no sistema nervoso central, quanto na medula, bloqueando receptores de NMDA, que estão relacionados com o neurotransmissor de glutamato. O glutamato estimula os receptores de NDMA (transmissor da informação de dor), que são canais de cálcio que abrem e transmitem a informação de dor. Na rotina, a cetamina por via IV, usada em doses baixas por infusão continua com o objetivo de inibir os receptores NMDA. Ela também é usada em MPA, sendo muito usada como contenção química, tendo doses bem mais altas. Nestes casos de uso da dose alta, além de inibir os receptores de NMDA, na modulação da dor, o objetivo é de dissociar o paciente (age na modulação da dor). Se continuar o estímulo de dor, ela se propaga pelo trato espinotalâmico (neurônio de 2ª ordem). A informação então sobe em direção ao cérebro, encéfalo, mas antes de chegar na parte que vai perceber a dor, o córtex, a informação vai pelo tálamo (região que vai receber 1º a informação) A cetamina então faz o que? Nessa região no tálamo e na comunicação do tálamo com o córtex, existem muitas conexões nervosas que usam receptores de glutamato, então a cetamina usada em dose altas, como na MPA, vai ter como propriedade diminuir essa conexão, ou seja, dissociar, fazendo com que a informação não chegue no córtex, fazendo com que não seja percebida a dor. O paciente anestesiado com uma anestesia dissociativa, como o uso da cetamina, não está sobre anestesia geral, mas corta a percepção de dor. O paciente neste caso continua com reflexo e movimentos voluntários (lamber dos lábios e movimento de olhos), fazendo com que a droga não seja usada para procedimento invasivos. Além disso, ela vai agir em neurotransmissores colinérgicos e receptor excitatórios como de serotonina. Na membrana pós-sináptica, com receptor de NMDA, serão estimulados pelo glutamato, permitindo que o cálcio entre e despolarize a membrana. 22 Os receptores de NMDA são receptores de dor muito intensa, então fisiologicamente eles não estão disponíveis. São bloqueados por molécula de magnésio (uma proteção natural) para que não sofram estimulação da ação do glutamato, que levaria a despolarização da membrana e assim a dor intensa. Existem outros receptores que usam glutamato, o AMPA, que também serão estimulados por glutamato e transmitem uma dor mais leve. Caso muitos AMPAS sejam acionados por uma estimulação de dor muito intensa, eles vão tirar o magnésio dos receptores NMDA e estimular a dor intensa. Esse receptor é mobilizado após a dor já estiver estimulado os receptores AMPAs, ou seja, tem que ter um pré estimulação. O magnésio é removido do seu sítio e o glutamato se liga. A cetamina bloqueia os canais de NMDA, impedindo que mesmo após uma estimulação por AMPA, ele não transmita a dor. Faz com que minimize a modulação superior de dor desse receptor intenso. A cetamina não é analgésica. Os receptores de NK1, são receptores de substância P (pain), que é um neurotransmissor liberado na dor. O cerenia age nesse receptor. O fato dela promover dissociação, faz com que o paciente tenha respostas voluntárias, mantendo os reflexos e movimentações, mas o efeito que mais incomoda é o rigor muscular. Os músculos ficam rígidos demais, o que faz com que o uso da cetamina seja bem-vinda associado com drogas que vão causar relaxamento muscular (cetamina com diazepam ou midazolam ou xilazina). Ela pode causar outros efeitos como diminui o limiar convulsivo (paciente pode ter convulsão), espasmos musculares e produção de secreções (importante em gatos – Salivação), esse efeito excitatório leva ao estado de cataléptico (rígido sem resposta). Quando usar cetamina com opióides, podemos dizer que o paciente estará com proteção neuroléptico analgesia (efeito neuroléptico acompanhado de analgesia). Apresentações: • Cetamina racêmica – Muito efeitos colaterais; é a mistura de dois isômeros; os efeitos bons vêm da fração S. • Cetamina S + — Uso ideal, mas é mais cara. • Tiletamina (zoletil) – “Cetamina” com zolazepam; tem que associar a um opioide para fazer a analgesia ANESTESIA INALATÓRIA Os fármacos agora serão absorvidos, mas na via de absorção alveolar, que vai entrar em equilíbrio com o sangue, em relação a concentração anestésica. Depois que está no sangue, vai agir igual a IV. Os agentes inalatórios, são fármacos que serão absorvidos, distribuídos e que sofrem baixíssima metabolização. A via de excreção do inalatório é a mesma que da absorção, sendo a via respiratória. Esses agentes inalatórios muitas vezes têm que como ser reintroduzidos no paciente, um sistema de reaproveitamento (recebe o mesmo anestesio que excretou), o que contribui com a economia do fármaco. Quando a paciente inspira o reaproveitamento, ele vai inspirar o anestésico, CO2 e oxigênio. Os anestésicos inalatórios não são tão bons quanto a sociedade acha. Ela não é mais segura, os efeitos colaterais, como hemodinâmico, hipotensão (isoflurano é o que mais tem casuística, por agir na resistência vascular do vaso), depressão do sistema cardiovascular, débito cardíaco, entre outras. 23 O maior problema é o meio ambiente, pois os agentes halogenados são nocivos a camada de ozônio, por serem fluorados (abre um buraco na camada de ozônio). Ele também faz mal no ambiente cirúrgico, onde ele está em contato direto com quem estiver na sala. Esse agente tem uma toxicidade que aumenta a chance de câncer e em grávidas, causam abortos e teratogenecidade (defeitos feto). As pessoas mais expostas as chances de câncer são: o cirurgião, anestesistas, estagiários e auxiliares. Uma forma de diminuir a contaminação é com o reaproveitamento ou exaustores. Os agentes inalatórios não têm receptores específicos, são drogas de ação inespecífica, ou seja, não se ligam diretamente no receptor, é uma ação da molécula diretamente com a estrutura da célula alvo (membrana da célula alvo). • Concentração alveolar mínima (CAM) A unidade de dose é mg/kg. Na anestesia inalatória não tem miligrama, pois é um vapor, uma suspensão de um líquido no ar, então iremos mensurar em concentração alveolar mínima. A CAM é a % que tem dentro do alvéolo suficiente para anestesiar o paciente, o mínimo. Cada paciente tem um CAM diferente por ter diferentes metabolismos. O halotano tem uma CAM de 0,8% O isoflurano tem uma CAM de 1,4% Qual é mais potente? A drogamais potente é o halotano porque a CAM é menor, ou seja, a quantidade no alvéolo é menor. Óxido nitroso tem a CAM de 188% -> É possível alcançar hipnose? NÃO, pois a capacidade fisiológica/física do alvéolo é de 100%. Mesmo se o valor fosse 100% ainda seria impossível pois é necessário que entre oxigênio. Acima de 60% já pode levar a morte. É um agente sedativo apenas. • Efeitos respiratórios Vão deprimir o sistema respiratório, deprimindo o volume corrente, ou seja, o volume obtido na respiração. O pulmão respira menos profundo. O paciente não respira igual em todo o pulmão, tem áreas pulmonares que ele vai respirar melhor que outras, há áreas mais perfundidas que outras. As áreas mais distantes da árvore brônquica primária e que tenha um pulmão respirando menos profundo, vão receber uma quantidade menor de oxigênio. Essa área fica mais atelectásica (fechamento do alvéolo – não faz troca). Recrutamento alveolar -> Expansão de tempos em tempos os alvéolos que estão atelectados. Em anestesia, se o pulmão começa a trabalhar menos, fazer menos troca, não vai ter problema em absorver oxigênio, porque ele está mais concentrado do que no ambiente. Na anestesia o paciente vai receber 100% de oxigênio ofertado pelo cilindro, ou seja, 5x mais que no ar ambiente. Mesmo que ele respire metade desse volume, já é mais que no ambiente normal. Um paciente anestesiado tem dificuldade de absorver oxigênio? Não A respiração também serve para a eliminação do CO2, sendo a principal função. Se o paciente respira menos, ele começa acumular CO2 e esse aumento é chamado de hipercapnia. O CO2 é obtido a partir do ácido carbônico que o organismo produz através da atividade celular. O organismo tamponifica com bicarbonato, transformando em ácido carbônico que vai ser transformação em CO2 por uma enzima, para assim ser eliminado. Um paciente com a respiração diminuída, vai ter o aumento da acidez do corpo, chamada de acidose respiratória. Os efeitos cardiovascular -> redução do volume, débito cardíaco, pressão arterial, na força de contração. 24 • Não halogenados Óxido nitroso. Eram usados antigamente. • Halogenados São usados na rotina. - Isofluorano e Sevofluorano - Halotano e Enfluorano (saíram do mercado) EQUIEPAMENTOS PARA ANESTESIA INALATÓRIA É necessário um equipamento básico. O primeiro deles é a fonte de oxigênio. Os anestésicos (agentes inalatórios) são líquidos transparentes, que vão ser suspensos no ar. O meio que usamos para que o anestésico vire vapor, é o oxigênio, o circuito começa por essa fonte. Essa fonte vem na forma de cilindro identificada com uma cor. Oxigênio VS Ar comprimido -> O ar comprimido é o ar que respiramos, mas em uma pressão mais alta, tendo as mesmas concentrações do ar ambiente. Dentro do cilindro tem 100% de oxigênio e fora são apenas 21% e 79% de nitrogênio. A pressão dentro do cilindro é muito maior que a pressão do ar de fora. Se conectarmos o cilindro direto na boca do paciente, nós o explodiríamos. Depois do cilindro de oxigênio, precisaremos de uma válvula redutora. Ela tem um manômetro de pressão que reduz pressão do oxigênio que sai do cilindro para uma pressão regulado (1ATM). Depois vai ter outra válvula chamada de fluxômetro, que é quantidade que será da ao paciente, é uma régua mensurável de 1 em 1. Quando abrir esse fluxômetro, ele marcará a quantidade, ou seja, se tiver posto em 3, o paciente vai estar recebendo uma quantidade X de litros por minutos. Em um circuito aberto o fluxo de ar tem que ser em média 300ml/kg. Em um reaproveitamento vai ser gasto menos oxigênio, a dose vai cair para 100ml/kg Extensores Levam o ar do carrinho para o aparelho de anestesia. Eles também terão um a coloração de acordo com o que forem transportar. Vaporizadores São o coração do carrinho de anestesia inalatória. É a peca mais importante. É o que transforma o anestésico líquido em vapor. O anestésico borbulha, as bolhas explodem e o ar é suspensão. Existem dois tipos: • Universais Eles vaporizam qualquer anestésico. É mais barato. Para aumentar a CAM é aumentar o borbulhamento, mas tem como saber ao certo a quantidade de CAM que o paciente irá receber. • Calibrados Só podem ser usados para um agente. É mais caro. A vantagem deles é que é capaz de saber o quanto o paciente estará recebendo de CAM. Quando chegar na dose tóxica, de isofluorano por exemplo, ele para o borbulhamento, no caso dos universais, não tem esse controle. 25 CIRCUITOS Temos o cilindro com a válvula redutora (manômetro de redução) –> fluxômetro –> vaporizador que vai borbulhar o anestésico se tornando vapor que vai ser administrado para o paciente. Todo ar anestésico vai ser absorvido pelo pulmão do paciente. A vaporizador é o coração do aparelho de anestesia. Agora vamos passar para o paciente, ele necessita estar entubado. • Circuito valvular: Reaporveitamento do ar expirado É mais complexo. Chamado também de semifechado porque o ar ainda sai. Esse circuito vai receber o anestésico, que vai ser entregue ao paciente. Nesse ar vai ter oxigênio + anestésico. O paciente vai expirar o anestésico + CO2 + pouco de O2. Não pode ter mistura do ar que entre com o que sai. Nesse sistema terão a presença de válvulas, que não vão deixar o fluxo voltar. A válvula inspiratória vai ter uma traqueia que vai até a boca do traqueo tubo, permitindo que esse ar vá em direção do paciente. Quando o paciente inspirar esse ar, não tem volta, a válvula fecha e o ar não passa. A outra é a válvula expiratório. O ar expirado vai ser reaproveitado, mas o que acontece é que ele tem CO2 que não pode voltar. Existe um filtro para que tira o CO2, sobrando só oxigênio e anestesio para voltar para o paciente, esse filtro receber o nome de canister. Dentro do filtro canister tem flocos de cal sodada, que é o elemento que vai filtrar o CO2. Esse cal vai saturar de acordo com o uso, ela tem uma cor branco e com o tempo, os floco que já absorveram CO2, começa a mudar de cor, ficando lilás/roxo, o que significa que ela não está mais absorvendo CO2, podendo levar o paciente a inalar esse ar. Pode causar hipercapnia, que pode levar a acidose respiratório e podendo levar a morte. Independente do que for voltar para o paciente, sempre terá vindo um volume novo de oxigênio. A pressão aumenta com a vinda desses ares e por isso ele tem que ser aberto, para que o ar escape. Vai ter uma valvular de escape, chamada de pop off. Sistema valvular: é um sistema de válvulas unidirecionais que tem como característica principal o reaproveitamento • Circuito aberto: Sem reinalação É um circuito mais simples. Vai ter o oxigênio, a válvula redutora, fluxômetro e o vaporizador. Não vai ter canister, só um filtro. Circuito de baraka -> circuito aberto; vai ter uma entrada e uma saída. Quando esse ar voltar ele vai parte para o balão e a outra parte sai para o ambiente. Ele vai ter dois T de Ayers, 1 balão reservatório e uma traqueia. ESPAÇO MORTO É um espaço que enche de ar, mas que não faz troca. Um snorquel também conta como um espaço morto, pois ele também vai se encher de ar. Ele tem que ser sempre curto, porque se for longa, a respiração vai ser difícil, pois o ar que é inspirado vai sair e “parar “no meio do caminho. Quando for respirar um ar novo, o ar vai entrar no tubo e o ar que saiu vai voltar pois ele ainda não saiu. A válvula vai evitar que o paciente reinale o ar que ele acabou de expirar. O aumento excessivo do espaço morto faz com que o paciente não receba o oxigênio novo dado a ele. 26 O circuito aberto como só tem uma traqueia, o espaço morto tem que ser reduzido para evitar que o paciente reinale o ar expirado. Além disso a entrada de oxigênio normalmente, é a entrada mais próxima e a saída fica no espaço mais distante. MONITORIZAÇÃO ANESTÉSICA Segurança do ato anestésico. A anestesia oferece risco ao paciente porque ela deprime o sistema nervoso central, cardiorrespiratória,função inotrópico do coração, na mecânica ventilatória, na pressão arterial, no controle autonômico do sistema nervoso. Além disso tem as alterações fármaco dinâmica e alterações de doenças predisponente. Ex: uma torção gástrica A idade também vai interferir, assim como um trauma ou uma sensibilização individual. Como fazer para diminuir o risco do paciente? Drogas modernas ou o uso de menos drogas. Hoje em dia, o que se tem de melhor para redução de risco na cirurgia, é o incremento de monitorizações mais precisas, detalhadas, sensíveis, onde podemos averiguar as alterações do paciente durante a anestesia. Qual o objetivo da monitorização? Permitir, identificar a tempo uma eventual atenção fisiológica que coloque em risco a vida do paciente, aumentando a previsibilidade de possíveis anestésicos. Aumenta a segurança do procedimento. Um paciente de 75 de FC não vai significar nada. Caso a FC tenha começado com 110 e diminuiu até 75, temos um padrão de decréscimo. 70-65-75, também não vai indicar nada. Todos são curvas de tendências. Uma só informação não vai nos dizer nada. A monitorização é um dado constante que permite ter uma previsibilidade de uma tendência. Conseguiremos acompanhar as alterações antes delas acontecerem, permitindo que a intervenção seja o quanto antes possível, seja cada vez mais precoce e é isso que agrega segurança ao ato anestésico. Quais os exemplos de monitorização? • Monitores • Reflexos pálpebras medial ou lateral - A canulação do paciente para receber o agente hipnótico, já é uma monitorização, sendo uma monitorização clínica. Vai ser feito um estímulo pálpebras para verificar o paciente. • Movimento voluntário – Abertura da boca do paciente tracionando a língua. Se o paciente puxar, ele está tendo um movimento voluntário e assim não tem como entubar. Estímulo de dor profunda na pata • Respiração – Acordado é uma respiração abdominal, quando semiacordado vai ser toraco abdominal • Eletroencefalografia - Mensuração da atividade elétrica do cérebro. Usado um aparelho BIS (indicie bi espectral). É um aparelho que vai ser ligado na cabeça do cachorro, que depois irá aparecer a leitura cerebral desse animal em valores. É só usado em pesquisas. Aferições durante o ato anestesio – monitorização da analgesia: • FC • PA - Uso do Doppler para mensuração de pressão arterial (método não invasivo) • Débito cardíaco Mensurações hemodinâmica, são parâmetros que respondem a atividade simpática do paciente. 27 O simples fato de olharmos um paciente e fazer um exame clínico, é uma forma de monitorização. A monitorização, na verdade, começa muito antes de ligarmos os equipamentos para monitoramento. PLANOS ANESTÉSICOS Foram criados os planos de Guedel, que são planos anestésico. É a descrição da evolução clínica do paciente. Foram divididos do mais superficial até o mais profundo em 4 estágios. 1ª – Paciente acordado (consciente); taquicardia, hipertensão. 2ª – Excitação causada pelo éter; sinais de tremores, agitação, convulsão vocalização 3ª - é subdividido em 4 estágios. Bradicardia (valores subjetivos) 4ª – depressão muito intensa (muito deprimido Atualmente os planos foram simplificados • Plano superficial: Reflexo palpebral medial pode estar presente - Tônus de mandíbula/tração da língua significativo - Hipertensão/ resposta hemodinâmica significativa a cirurgia. • Plano moderado (plano cirúrgico): Reflexo palpebral medial e lateral ausentes - Tônus de mandíbula/ tração da língua ausentes - Ausência da resposta hemodinâmica significativa a cirurgia A pressão tem que estar constante e estável. Ela é o principal valor para avaliar a resposta hemodinâmica, que pode levar a morte do paciente. • Plano profundo Reflexo palpebral medial e letras ausentes - Tônus - Hipotensão AFERIÇÃO CARDÍACA A avaliação vai ser feita através do estetoscópio, mas em uma cirurgia usarmos um estetoscópio esofágico. É uma mangueira que na ponta tem um balão. Esse balão vai pelo esôfago, que fica no tórax perto do coração. O coração vai fazer um choque de ponta que será percebido pelo balão. Aferição clínica de mucosa e pulso (vai ser a qualidade). Vai ser usado eletrocardiograma (ECG)que é o registro gráfico elétrico do coração. Não avalia a mecânica do coração. FISIOLOGIA CARDÍACA Quem manda o coração bater é o próprio coração, ele tem automatismo (capacidade de se despolarizar). O nodo sinusal é o primeiro a disparar e essa onda de disparo vai contrair a musculatura dos átrios (direito e esquerdo) através dos feixes de Bachmann, que levam o estímulo do nodo sinusal para o lado direito e esquerdo dos átrios ao mesmo tempo. No momento que só temos o disparo atrial, no traçado, aparece a onda P. Quando a onda P aparece no traçado, quer dizer que o ritmo é sinusal. Esse estímulo do nodo sinusal corre célula a célula (sincício) despolarizando os dois átrios. Entre o átrio e o ventrículo, existe um revestimento fibroso, que não permite que a comunicação do átrio e do ventrículo aconteça nesse primeiro momento. 28 A informação de contração passa para o ventrículo através do nodo atrioventricular. A função do nodo atrioventricular é retardar o impulso para que o átrio contraia primeiro. Ele não é marcado por uma onda no traçado, mas sim por um intervalo entre a onda P e o complexo QRS. Depois que o impulso passa pelo nodo atrioventricular, ele vai através dos feixes de His e das células de Purkinje, ir em direção aos ventrículos. Quando a contração chegar ao ventrículo, vai ser gerado uma onda do complexo QRS. A onda do complexo QRS é maior do que a onda P, pois os ventrículos são maiores do que os átrios. Depois do complexo QRS, teremos uma onda T, que é a onda de repolarização. A onda T pode ser positiva, isoelétrica (parte positiva e parte negativa), ou negativa. As ondas podem ser positivas ou negativas. Utilizamos como base o triângulo de Einthoven, que é a posição das derivações. Quando colocamos um eletrodo no braço direito, no braço esquerdo e na perna esquerda, vemos a atividade elétrica se afastando ou se aproximando desses eletrodos e é assim que a gente mede a eletricidade. A onda P é positiva porque ela sai do lado direito que é negativo e vai para o lado esquerdo, que é positivo. A onda QRS também é positiva, pois sai do lado negativo (vermelho) e vai para o lado positivo (verde). A contração atrioventricular prematura é um contração ventricular que acontece antes do tempo, então antes do nodo sinusal, o ventrículo dispara, só que não gera uma onda normal, pois o impulso vai sair do verde (positivo) e vai subir em direção ao vermelho (negativo), então se torna uma onda negativa, é um QRS negativo e não positivo como deveria ser. COMPLICAÇÕES TRANS-ANESTÉSICAS A primeira onda desse traçado é a onda P, depois existe o intervalo, que é o nodo atrioventricular, que é seguido pela onda do complexo QRS. Esse traçado está completamente normal. Temos que ter em mente que os traçados são ritmados, com intervalo regular. Se existe uma irregularidade, teremos uma arritmia, que no cão é filológica. Toda vez que o cão respira, ele faz um bloqueio de nervo vago e taquicardiza o coração. Quando olhamos um eletrocardiograma, a primeira pergunta que devemos fazer é se tem onda P, se tiver, o ritmo é sinusal, da forma certa que deve acontecer. 29 A segunda pergunta que devemos nos fazer é se toda onda P tem um complexo QRS. Nessa figura abaixo pereceberemos que existem quatro ondas P e depois uma onda P com complexo QRS, depois essa situação se repete, quatro ondas P sem complexo QRS, seguida de uma onda P com complexo QRS. Nesse traçado que estamos vendo, o nodo sinusal dispara ritmado, certinho, então os átrios contraem. No caso desse traçado, o coração falhou no nodo atrioventricular, não gerando o complexo QRS e com isso, não contraindo o ventrículo. Esse defeito nós chamamos de bloqueio
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