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AULA 4 MUMIFICAÇÃO Etiologia cadelas: herpes vírus canino Etiologia gatas: parvo vírus da panleucopenia Outras etiologias: progesterona de longa ação durante o processo gestacional que impede a ocorrência do parto, prolongando a gestação e à morte e mumificação dos fetos. E uterinas extensas, onde os fetos passam para a cavidade abdominal e ficam mumificados Patogenia: ambiente que tinha liquido lá dentro resseca, o feto fica ressecado, então a cadela não o expulsa pois o útero vai estar parado e o miométrio está sem contração. - Sem sinais clínicos sistêmicos, o feto pode ficar lá por anos e isso não atrapalha - Papirácea: onde o feto e placenta se assemelham a papel de pergaminho. - Mumificação hemática: feto e placenta estão envolvidos por uma substância viscosa amarronzada devido a hemorragia placentária. MACERAÇÃO FETAL - Ocorre quando fetos mortos retidos no útero são invadidos por bactérias que promove putrefação e autólise dos tecidos fetais. - Fêmea apresenta sinais clínicos de sepse, podendo ter um quadro de septicemia e choque. - Tem a presença de corrimento vaginal escuro e fétido, sendo indicado no exame de US - Tratamento: suporte (antibiótico e oxigenação) e fluidoterapia. PSEUDOCIESE - Pseudogestação, pseudociese ou falsa gestação - Animal passa pelo diestro, onde diminui a progesterona, então o organismo pensa que o animal vai ter uma prenhez e assim tem a liberação de prolactina e desencadeia os sinais clínicos de pseudociese. (pseudociese é considerado normal nesta espécie-cadela) - Animal tem mudança no seu comportamento como: fazer ninhos, adotar objetos inanimados. - Sinais clínicos: ganho de peso, aumento de volume abdominal, intumescimento mamário, galactorréia, corrimento vaginal mucoso, anorexia e vomito. - Tratamento: colar elisabetano (parar de se lamber), mudar a dieta do animal com menor teor de proteina, suspender água (suspender lactação), ansiolíticos e como definitivo OSH. PARTOS NORMAL EUTOCIA/EUTÓCICO É um conjunto de eventos fisiológico que levam o útero a expulsar os fetos a termo e seus anexos. - O feto mais maduro que estimula o parto, ele libera cortisol que estimula a mãe a reduzir a progesterona e com isso tem um aumento do estrógeno. - Reflexo de Ferguson: deve-se palpar o canal vaginal digitalmente, fazer estimulação no assoalho, vai ter a estimulação do grupo de neurônios aferentes que vai para o hipotálamo materno que estimula a neurohipofise a liberar ocitocina para ocorrer a contração do miométrio (o feto quando posicionado no canal estimula esse reflexo) Canal vaginal -> assoalho pélvico -> neurônio aferentes -> hipotálamo -> neurohipofise -> ocitocina FASE PRODRÔMICA: - É a fase de preparação - A cadela vai ter alterações comportamentais como: redução da temperatura corporal que vai ser causada pela concentração de progesterona - As cadelas com 2 a 3 dias antes do parto tentam se esconder ou ficam em alerta, além de cavar buracos ou fazer ninhos cerca de 24 horas antes do parto. O tremor que elas apresentam pode ser uma tentativa de aumentar a temperatura corporal. - Em gatas a queda de temperatura não é tão acentuada quanto na cadela e não serve como parâmetro evidente de parto como nas cadelas, a presença de leite nas mamas também não é um sinal. Elas se recusam a alimentar nas ultimas 24 a 48 horas antes do parto, sendo um indicativo para a próxima parição e pode observar corrimento vaginal claro. FASE DE DILATAÇÃO E INSINUAÇÃO (ESTÁGIO I DO PARTO) - Vai ocorrer a dilatação cervical e início de contração uterina (nesse momento ainda não é possível observar contração abdominal) - O animal respira com a boca aberta e a pupila dilata, tem comportamento de arrumar ninho e olhares assustados voltados para o flanco - A duração desse estagio dura de 6 a 12 horas - A presença de líquidos fetais ou do primeiro feto se insinuando no conduto pélvico e inicio de contração abdominal marca a transição para o segundo estagio FASE DE EXPULSÃO FETAL (ESTÁGIO II DO PARTO) - Contração uterinas intensas e o 1° feto se insinua no conduto pélvico - Temperatura corporal se equilibra - Eliminação do primeiro feto e pode ser expulso até 4 horas desde o início dessa fase - A expulsão do 1° feto é mais demorada, porém, o intervalo entre os demais pode variar de 15 minutos a 2 horas e em gatas 12 a 24 horas FASE DE ELIMINAÇÃO DAS MEMBRANAS (ESTÁGIO III DO PARTO) - É a fase de expulsão das placentas - Essa fase deve demorar 2 horas após o nascimento do ultimo filhotes - Não deixar a mãe ingerir mais de 2 placentas pois pode ter PLACENTOFAGIA e ter vômito e diarreia OBSERVAÇÕES: - As cadelas podem parar de contrair após parir uma grande ninhada e descansar por mais de 2 horas entre nascimento de 2 filhotes consecutivos - Caso ela apresente contração por mais de 30 minutos e não tiver a presença de um filhote isso indica distocia Aula 5 MANIPULAÇÃO DIGITAL Apresentação longitudinal anterior (cranial): usam-se os dedos indicador e médio para orientar a cabeça e exercer tração moderada sobre ela. Apresentação longitudinal posterior (caudal): os dedos devem ser posicionados entre os membros pélvicos e proximais aos tarsos para exercer tração. A manipulação obstétrica limitada, devido ao tamanho da fêmea, a tração do feto deve ser na direção caudoventral, respeitando a disposição anatômica do conduto vaginal e movimentos de um lado para o outro ou para frente e para trás pode auxiliar na liberação da obstrução. AUXÍLIO PARTO VAGINAL O auxilio é feito somente se o feto esteja alojado dentro do canal pélvico, pode utilizar gel lubrificante de base aquosa estéril, pode ser utilizada uma seringa e uma sonda urinária flexível para cães, manipulação digital e manipulação com fórceps Indicações: 1- Corrigir das posições fetos 2- Remoção de um feto grande 3- Remoção último feto restante em casos de inércia uterina 4- Remoção de um feto morto causador de distocia obstrutiva. PUERPÉRIO FISIOLÓGICO É o período entre a expulsão das placentas até o retorno do organismo materno ao estado não gestante. Expulsão das membranas fetais: durante o processo de parto e dependente das contrações miometriais. Puerpério imediato: expulsão das membranas fetais intercalando com a fase de expulsão dos fetos. Puerpério tardio: eliminação da contaminação uterina, a expulsão de lóquios, a involução e a reparação uterina. Lóquios: é o liquido que sai pós parto, composto muco, sangue, restos placentários, líquidos fetais e descamação e secreção do epitélio uterino, sua coloração verde escura, devido ao metabolismo do sangue presente nos hematomas marginais da placenta zonária. Em poucos dias, tornar-se mucoso e de coloração vermelho-escura, coloração amarelo clara ou transparente. Gradativamente diminuindo de intensidade e desaparecem ao redor de 3 a 4 semanas após o parto. Esta coloração se deve a presença de numerosos hematomas microscópicos formados na segunda metade da gravidez pelo extravasamento de sangue materno. Hemoglobina é transformada em um pigmento particular, análogo aquele da bile e denominado uteroverdina. GATAS Cor do corrimento: amarronzada, avermelhado-clara, amarelo-âmbar Eliminação de Lóquios: 2 ou 3 semanas após o parto. Processo de reparação do endométrio: 12 semanas para se completar. As áreas endometriais diferenciadas no contato materno-fetal (sítios placentários) demoram mais tempo para se recuperar, devendo passar pelo processo de necrose e descamação, seguido pela regeneração. Patologia do puerpério: hemorragia pós-parto, retenção de placenta, subinvolução dos sítios placentários, metrite aguda, prolapso uterino, tetania puerperal (eclâmpsia) HIPERPLASIA ENDOMETRIAL CÍSTICA Quando não acontece a prenhez ocorre uma hiperplasia cística fisiológica, a hiperplasia endometrial cística pode ser resultado da entrada de bactérias patogênicas nacavidade uterina e uso de progestágenos e estrógenos exógenos, podendo evoluir para endometrite e piometra. DISTOCIAS EM CADELAS Distocia é dificuldade do nascimento ou a impossibilidade de expulsar os fetos naturalmente através do canal do parto, pode ser de origem materna, fetal ou uma combinação de ambas. Distocia materna: características raciais. Raças braquicefálicas: pelve mais estreita e os filhotes apresentam a cabeça larga, ou seja, desproporção feto-maternal. Estas cadelas são mais susceptíveis à inércia uterina secundária. Raças miniaturas: inércia uterina primária ou à distocia obstrutiva, devido ao acentuado tamanho do feto. Raças grandes ou gigantes apresentam menor índice de distocia, embora as ninhadas com número excessivo de fetos possam a inércia uterina parcial por fadiga do útero. DISTOCIA EM GATAS Incidência de distocia em gatas é menor do que em cadelas, mas as gatas de raças braquicefálicas apresentam maior dificuldade de parição do que as gatas mestiças. INÉRCIA UTERINA PRIMÁRIA É a atonia uterina, sendo classificada como primária ou secundária. Inércia uterina primária: o útero não contrai de forma suficiente para a expulsão dos fetos. • Primária completa: é a falha do útero em iniciar o trabalho de parto com os fetos a termo. • Primária parcial: ocorre quando há atividade uterina suficiente para iniciar o trabalho de parto, mas torna-se insuficiente para completar a expulsão de todos os fetos. Causas: Insuficiência miometrial (infiltração gordurosa, degeneração tóxica, senilidade, deficiência nutricional, distúrbios neuroendócrinos e metrites), desequilíbrios hormonais (progesterona, estrógeno, prostaglandina, ocitocina), falta de receptores hormonais, hipocalcemia, hipoglicemia, obesidade, estresse ao ambiente, ruptura uterina com ectopia fetal, torção uterina, hidropisias, doenças sistêmicas debilitantes, ninhada numerosa e síndrome do feto único e hereditária. Gestação de 68 dias: deve-se suspeitar de inércia uterina primária completa. Se passarem mais de 24 horas após a queda da temperatura retal e o trabalho de parto não se iniciar, deve ser considerado o diagnóstico da distocia. MANOBRAS AUXILIARES 1- Caminhar com as cadelas (avaliação individual) 2- Lugar calmo 3- Estimulação parede dorsal da vagina, para que ocorra a liberação de ocitocina endógena 4- Gluconato de cálcio: injetável, visando melhora o desequilíbrio metabólico e a contração, feito de maneira lenta e monitorando a frequência cardíaca. Ex: 20ml em 20 minutos. 5- Espera 30 minutos 6- Mensura glicose 7- Glicose: o animal pode estar precisando de energia. (glicose 50% diluída em solução fisiológica) 8- Espera 30 minutos 9- Ocitocina: IM demora mais para agir, não pode fazer mais que duas aplicações, devido a alta probabilidade de rompimento uterino. 10- Espera 30 minutos e faz exame físico 11- Ocitocina 12- Cesaria Glicose 50% é diferente da solução glicosada e se não estiver dentro da veia pode causar necrose. A solução glicosada apresenta menor porcentagem de glicose, aproximadamente 12%. INÉRCIA UTERINA SECUNDÁRIA As contrações uterinas são normais inicialmente e possibilitam a expulsão dos fetos, ocorre complicações obstrutivas do canal do parto e os fetos não podem ser eliminados e ocorre a exaustão do miométrio. Podem ser de origem materna, como um defeito na conformação pélvica, constrição vaginal ou vulvar, estruturas obstrutivas no canal do parto e dilatação cervical insuficiente. Origem fetal, como fetos muito grandes, monstruosidades fetais e alterações de posicionamento. TRATAMENTO Identificação e a eliminação da causa primária de impedimento ao parto, e se o útero não responder mais ao tratamento conservativo fazer a intervenção cirúrgica DISTOCIAS MATERNA Pode ocorrer devido a conformação anatômica das estruturas óssea, cadelas e gatas apresentam consolidação incorreta dos fragmentos ósseos ou a formação de calos ósseos exuberantes. Estreitamento adquirido incluem neoplasias, exostoses, osteodistrofias e deficiências nutricionais. Para a correção é necessário o exame físico e exame radiográfico e o tratamento é OH. DISTOCIAS FETAIS - Anormalidades dos tecidos moles do canal do parto podem causar distocia obstrutiva, podendo ser observadas na cérvix, na vagina/vestíbulo e na vulva. - Inflamações e fibroses, estenoses adquiridas (traumatismos), estenoses congênitas, constrições vulvares e vagino vestibulares, neoplasias, bandas teciduais fibrosas, prolapso vaginal, hipoplasia vaginal e vulvar, hiperplasia (edema) vaginal, hematomas, abscessos, formações císticas, vagina dupla, vulva invertida e distúrbios hormonais. Tratamento: cirurgia, não é possível a correção da anomalia da via fetal óssea. AULA 06- Tópicos em Neonatologia de Pequenos Animais O neonato passa pela fase de transição (exploração do ninho e da mãe), socialização, neonatal e juvenil. FASE NEONATAL: - É do nascimento até a abertura dos olhos (aproximadamente 15 dias de vida) - Aqui o animal tem uma função neurologia pobre (parassimpático e simpático não estão ativados, ele não reflexo de luta ou fuga) - Tem uma boa resposta sensorial aos reflexos de dor, anogenital e sucção. - O animal só se alimenta e dorme, a mãe lambe o anima para estimular a mamar, defecar e urinar (ele não sobrevive sem mãe, pois ele não consegue regular a temperatura) - Animal aqui não regula T3 e nem cortisol e a alteração do decúbito pode matar (estresse) FASE TRANSIÇÃO: - Cão com 2° a 4° semanas de vida e gatos com 10° a 20° dias de vida - Animal consegue saber se o ambiente está bom e tem competência do sistema visual e auditivo - Tem abertura dos olhos e ouvidos, resposta a estímulos luminosos, sonoros e de objetos em movimentos FASE DE SOCIALIZAÇÃO: - Cão 4° a 12° semana de vida e gato 3 a 8° semanas de vida - Animal tem alterações comportamentais que influenciam na vida adulta - Diminui o tempo de alimentação e sono, começam as primeiras brincadeiras e aumenta o contato com as pessoas - Desenvolvimento completo do neurológico - Erupção dentaria decídua (ocorre o desmame) FASE JUVENIL: - Cão 12° semana e gato 8° semana - Aperfeiçoamento das destrezas motoras e crescimento corporal - É como o neonato vai ser na fase adulta, tem estabelecimento do padrão de comportamento e conformação característico de cada individuo CARACTERÍSTICA DE NEONATOS - Pesam menos de 1 kg - Punção venosa e o exame físico é muito difícil de fazer, na palpação abdominal a musculatura abdominal não está fechada e estabelecida então é difícil saber qual órgão está palpando e na auscultação os batimentos são muito rápidos IMATURIDADE DAS VIAS FISIOLÓGICAS: Proteção uterina: é uma barreira física e microbiológica - Quando o animal nasce tem exposição ao meio externo, ocorrendo risco de desordens infecciosas (sepse) e desordem metabólicas (hipoglicemia, hipotermia e hipovolemia) - Sepse principal causa de óbito nos primeiros 21 dias (até o nascimento os fetos são deficientes de anticorpos e imunologicamente incompetentes) - Necessitam de imunização passiva (ingestão de colostro importante e passa 5 a 10% IgG transplacentária) SISTEMA CARDIOVASCULAR - Quando o neonato nasce tem uma ruptura abrupta com a circulação materna, então o coração fetal assume o papel para manutenção da homeostase circulatória (normal 204 bpm em gatos e 123 bpm em cães) - Quando o neonato assume sua função tem uma queda da pressão arterial (ele morre bradicárdico pois não tem o cortisol para estimular) - Quando menor será o animal, menor será a FC - A principal complicação aqui vai ser a BRADICARDIA SISTEMA RESPIRATÓRIO: - Eles tem alta suscetibilidade a hipóxia - Fazer um controle da temperatura local, não pode ficar onde está muito quente e não pode ficar em lugar muito frio e deve também eliminar irritantes de contato. (neonato não controla o estresse)- A bradicardia junto com a hipoxia leva ao choque séptico, pois favorece a translocação de bactérias (a bradicardia pode levar a hipoxia e vice-versa, pois o animal que entra em hipoxia deveria compensar aumentando a FC, mas o neonato não consegue) SISTEMA NERVOSO - Alta permeabilidade na barreira hematoencefálica, tem que tomar maior cuidado com medicação, pois pode levar a uma intoxicação SISTEMA HEPÁTICO - No geral os neonatos apresentam baixo estoque de glicogênio hepático, devido não converter glicose em glicogênio (pode entrar em hipoglicemia rápido e assim para de mamar e tem a queda da FC, FR e da temperatura) - O neonato tem imaturidade do sistema microssomal hepático devido à ausência de p450, ele é responsável por tudo que acontece dentro do hepatócito, a ausência dele faz com que o neonato não consiga metabolizar adequadamente, sendo necessário tomar cuidado com medicamentos que fazem metabolização e excreção hepática como: anticonvulsivantes e AINES SISTEMA URINÁRIO - O rim para filtrar tem que ter sangue e o neonato quase não tem, então ele filtra pouco e excreta pouco - Neonatos tem baixa densidade urinária - O animal faz xixi e não consegue ejetar com qualidade, então a mãe lambe para estimular - Fluidoterapia é feita via óssea (caso esteja desidratado, porém é difícil identificar, então observar se ele parou de mamar) METABOLISMO - Eles tem imaturidade termorregulatória (hipotálamo que regula a temperatura) - Neonatos tem pouca gordura e eles não conseguem tremer - Eles devem ganhar aproximadamente 10% do peso ao nascimento diariamente durante as primeiras semanas TRÍADE DO NEONATO Hipotermia, Hipoglicemia e Desidratação