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DIREITO INTERNACIONAL AULA 9 - A Lei de Migração e a Condição Jurídica do Migrante e do Visitante

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Fábio Mendonça Santiago
Aula 9
2022-II
A NOVA REFERÊNCIA PARA A 
POLÍTICA MIGRATÓRIA NO BRASIL
 O Estatuto do Estrangeiro – Lei n° 6.815/80 – uma lei editada em 
plena ditadura militar, tinha como referência a Doutrina de 
Segurança Nacional, à organização institucional, aos interesses 
políticos, sócio-econômicos e culturais do Brasil. Era em grande 
parte inconstitucional e incapaz de atender à realidade social e 
política brasileira atual.
 A nova Lei de Migração – Lei n° 13.445/2017 - estabelece direitos e 
deveres para migrantes e turistas no Brasil. Reconhece o migrante, 
independentemente de sua nacionalidade, como um sujeito de 
direitos, e promove o combate à xenofobia e a não-discriminação 
como princípios da política migratória brasileira. Moderniza o 
sistema de recepção e registro dos migrantes, além de incluir 
artigos específicos para casos de apatridia. Reconhece a 
contribuição histórica e contemporânea dos migrantes para o 
desenvolvimento econômico e cultural do Brasil
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
DA LEI DE MIGRAÇÃO
 Universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos; Repúdio 
e prevenção à xenofobia, ao racismo e a quaisquer formas de discriminação;
 Não criminalização da migração; não discriminação em razão dos critérios ou dos 
procedimentos pelos quais a pessoa foi admitida em território nacional; promoção 
de entrada regular e de regularização documental; acolhida humanitária;
 Desenvolvimento econômico, turístico, social, cultural, esportivo, científico e 
tecnológico do Brasil; Garantia do direito à reunião familiar; igualdade de 
tratamento e de oportunidade ao migrante e a seus familiares; inclusão social, 
laboral e produtiva do migrante por meio de políticas públicas;
 Acesso igualitário e livre do migrante a serviços, programas e benefícios sociais, 
bens públicos, educação, assistência jurídica integral pública, trabalho, moradia, 
serviço bancário e seguridade social; promoção e difusão de direitos, liberdades, 
garantias e obrigações do migrante; 
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
DA LEI DE MIGRAÇÃO
 Fortalecimento da integração econômica, política, social e cultural 
dos povos da América Latina, mediante constituição de espaços de 
cidadania e de livre circulação de pessoas; cooperação internacional 
com Estados de origem, de trânsito e de destino de movimentos 
migratórios, a fim de garantir efetiva proteção aos direitos humanos 
do migrante;
 Integração e desenvolvimento das regiões de fronteira e articulação 
de políticas públicas regionais capazes de garantir efetividade aos 
direitos do residente fronteiriço;
 Proteção integral e atenção ao superior interesse da criança e do 
adolescente migrante; observância ao disposto em tratado;
 Proteção ao brasileiro no exterior; migração e desenvolvimento 
humano no local de origem, como direitos inalienáveis de todas as 
pessoas; promoção do reconhecimento acadêmico e do exercício 
profissional no Brasil, nos termos da lei; e repúdio a práticas de 
expulsão ou de deportação coletivas.
GARANTIAS 
AOS MIGRANTES NO BRASIL
 Em condição de igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade; 
 Cumprimento de obrigações legais e contratuais trabalhistas e de 
aplicação das normas de proteção ao trabalhador, sem 
discriminação em razão da nacionalidade e da condição 
migratória;
 Direitos e liberdades civis, sociais, culturais e econômicos; direito 
à liberdade de circulação em território nacional;
 À reunião familiar do migrante com seu cônjuge ou companheiro 
e seus filhos, familiares e dependentes; medidas de proteção a 
vítimas e testemunhas de crimes e de violações de direitos;
DIREITOS 
AOS MIGRANTES NO BRASIL
 De transferir recursos decorrentes de sua renda e 
economias pessoais a outro país, observada a legislação 
aplicável; de reunião para fins pacíficos; direito de 
associação, inclusive sindical, para fins lícitos;
 Acesso a serviços públicos de saúde e de assistência social e 
à previdência social, nos termos da lei, sem discriminação 
em razão da nacionalidade e da condição migratória; 
amplo acesso à justiça e à assistência jurídica integral 
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
DIREITOS 
AOS MIGRANTES NO BRASIL
 De sair, de permanecer e de reingressar em território nacional, 
mesmo enquanto pendente pedido de autorização de 
residência, de prorrogação de estada ou de transformação de 
visto em autorização de residência; e de ser informado sobre as 
garantias que lhe são asseguradas para fins de regularização 
migratória.
 À educação pública, vedada a discriminação em razão da 
nacionalidade e da condição migratória;
 À isenção das taxas mediante declaração de hipossuficiência 
econômica, na forma de regulamento; de acesso à informação e 
garantia de confidencialidade quanto aos dados pessoais do 
migrante, nos termos da Lei n° 12.527/2011; 
VISTO
 O visto é o documento que dá a seu titular expectativa de ingresso em 
território nacional. O visto será concedido por embaixadas, consulados-
gerais, consulados, vice-consulados e, quando habilitados pelo órgão 
competente do Poder Executivo, por escritórios comerciais e de 
representação do Brasil no exterior. Excepcionalmente, os vistos 
diplomático, oficial e de cortesia poderão ser concedidos no Brasil.
 O Visto de Visita poderá ser concedido ao visitante que venha ao Brasil 
para estada de curta duração, sem intenção de estabelecer residência, 
nos seguintes casos:
I - turismo;
II - negócios;
III - trânsito;
IV - atividades artísticas ou desportivas; e
V - outras hipóteses definidas em regulamento.
OBS: É vedado ao beneficiário de visto de visita exercer atividade remunerada 
no Brasil.
VISTO TEMPORÁRIO
 O visto temporário poderá ser concedido ao imigrante que venha ao 
Brasil com o intuito de estabelecer residência por tempo determinado 
e que se enquadre em pelo menos uma das seguintes hipóteses:
I - o visto temporário tenha como finalidade: a) pesquisa, ensino ou 
extensão acadêmica; b) tratamento de saúde; c) acolhida humanitária; 
d) estudo; e) trabalho; f) férias-trabalho; g) prática de atividade 
religiosa ou serviço voluntário; h) realização de investimento ou de 
atividade com relevância econômica, social, científica, tecnológica ou 
cultural; i) reunião familiar; j) atividades artísticas ou desportivas com 
contrato por prazo determinado;
II - o imigrante seja beneficiário de tratado em matéria de vistos;
III - outras hipóteses definidas em regulamento.
VISTOS DIPLOMÁTICO, OFICIAL E 
DE CORTESIA
 Os vistos diplomático e oficial poderão ser concedidos a 
autoridades e funcionários estrangeiros que viajem ao Brasil em 
missão oficial de caráter transitório ou permanente, 
representando Estado estrangeiro ou organismo internacional 
reconhecido, e poderão ser estendidos aos dependentes das 
autoridades;
 O empregado particular titular de visto de cortesia somente 
poderá exercer atividade remunerada para o titular de visto 
diplomático, oficial ou de cortesia ao qual esteja vinculado, sob 
o amparo da legislação trabalhista brasileira;
 O titular de visto diplomático, oficial ou de cortesia será 
responsável pela saída de seu empregado do território nacional.
CONDIÇÃO JURÍDICA DO 
MIGRANTE E DO VISITANTE
 RESIDENTE FRONTEIRIÇO: A fim de facilitar a sua livre 
circulação, poderá ser concedida ao residente fronteiriço, 
mediante requerimento, autorização para a realização de 
atos da vida civil, que indicará o Município fronteiriço no 
qual o residente estará autorizado a exercer os direitos a ele 
atribuídos pela Lei de Migração;
 O documento de residente fronteiriço será cancelado, a 
qualquer tempo, se o titular tiver fraudado documento ou 
utilizado documento falso para obtê-lo; obtiver outra 
condição migratória; sofrer condenação penal; ou exercer 
direito fora dos limites previstos na autorização.
APÁTRIDA
 ACNUR: Ser apátrida significa não possuir nacionalidadeou 
cidadania. É quando o elo legal entre o Estado e um indivíduo deixa 
de existir. As pessoas apátridas enfrentam numerosas dificuldades em 
seu quotidiano: Eles também são suscetíveis a tratamento arbitrário e 
a crimes como o tráfico de pessoas. 
 Existem dois tipos de apatridia: de jure e de facto. Apátridas de jure
não são considerados nacionais sob as leis de nenhum país. 
Apátridas de facto ocorre nos casos em que um indivíduo possui 
formalmente uma nacionalidade, mas esta resulta ineficaz. Um 
exemplo disso é quando um indivíduo tem negados, na prática, 
direitos que são usufruídos por todos os nacionais, tal como o direito 
de retornar a seu país e residir nele. 
 A diferença entre a apatridia de jure e de facto pode ser difícil de 
estabelecer. As principais causas da apatridia são as políticas 
discriminatórias e os vazios legislativos em matéria de nacionalidade.
ASILO POLÍTICO
 CONCEITO DE ASILO POLÍTICO: “ É a proteção oferecida por um 
Estado a pessoa estrangeira que esteja a sofrer perseguição política no 
país em que se encontra, sendo que pela prática desse direito não pode 
ser feita qualquer reclamação por nenhum outro Estado”. (Celso Ribeiro 
Bastos).
 Segundo a Lei n° 13.445/2017, o asilo político, que constitui ato 
discricionário do Estado, poderá ser diplomático ou territorial e será 
outorgado como instrumento de proteção à pessoa. A saída do asilado do 
País sem prévia comunicação implica renúncia ao asilo.
 Não se concederá asilo a quem tenha cometido crime de genocídio, 
crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos 
termos do Estatuto de Roma - TPI;
 Para um estrangeiro pedir asilo político ao governo brasileiro, o mesmo 
deve iniciar tal procedimento na Polícia Federal, onde serão coletadas 
todas as informações relativas aos motivos para o pedido. 
Posteriormente, o requerimento é avaliado pelo Ministro das Relações 
Exteriores, e, em seguida, pelo Ministro da Justiça. Caso aceito, o asilado 
se compromete a seguir as leis brasileiras, além dos deveres que lhe 
forem impostos pelo Direito Internacional.
ASILO POLÍTICO TERRITORIAL
 O Asilo consiste no acolhimento de estrangeiro por parte de um 
Estado que não o seu, em virtude de perseguição praticada por 
seu próprio país ou por terceiro. É instrumento de proteção 
internacional individual. As causas motivadoras da perseguição, 
ensejadoras da concessão do asilo, em regra são: dissidência 
política, livre manifestação de pensamento ou, ainda, crimes 
relacionados com a segurança do Estado, que não configurem 
crimes no direito penal comum.
 Será concedido ao estrangeiro que tenha ingressado nas fronteiras 
do novo Estado, colocando-se no âmbito especial de sua 
soberania. Sua concessão é ato de soberania estatal, de 
competência do Presidente da República, e, uma vez concedido, o 
Ministério da Justiça lavrará termo no qual serão fixados o prazo 
de estada do asilado no Brasil e os deveres que lhe imponham o 
direito internacional e a legislação interna vigente.
ASILO POLÍTICO DIPLOMÁTICO
 Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954 da OEA: o asilo 
diplomático dar-se-á em legações, navios de guerra e 
acampamentos ou aeronaves militares, salientando que legação 
é a sede de missão diplomática ordinária, como também a 
residência dos chefes de missão, e outros locais destinados para 
tal fim, quando a capacidade normal dos edifícios for 
insuficiente para abrigar o número de asilados.
 Após a concessão do asilo, o governo do Estado territorial pode a 
qualquer momento exigir que o asilado seja retirado do país, 
concedendo ao mesmo salvo-conduto e garantias, como pode 
também o Estado asilante pedir a saída do asilado para território 
estrangeiro, estando neste caso o Estado territorial obrigado a 
conceder imediatamente salvo-conduto e garantias. 
ASILO POLÍTICO E REFÚGIO
 Refugiados: Resultante de fluxos maciços de populações 
deslocadas por razões de ameaças de vida ou liberdade. 
 A Convenção relativa ao estatuto dos refugiados de 1951 salienta 
que o termo refugiado aplicar-se-á a qualquer pessoa: Que, em 
consequência de acontecimentos ocorridos antes de 1 de janeiro 
de 1951, e receando, com razão ser perseguida em virtude da sua 
raça, religião, nacionalidade, filiação em certo grupo social ou das 
suas opiniões políticas, se encontre fora do país de que tem a 
nacionalidade e não possa ou, em virtude daquele receio, não 
queira pedir a proteção daquele país; ou que, se não tiver 
nacionalidade e estiver fora do país no qual tinha a sua residência 
habitual após aqueles acontecimentos, não possa ou, em virtude 
do dito receio, a ele não queira voltar. (ONU, 2011).
ASILO POLÍTICO E REFÚGIO
 “O critério crucial para definição de um refugiado é a existência de 
fundado medo de perseguição em virtude de motivos étnicos, 
religiosos ou políticos”. Dentre os fatores que originam o deslocamento 
internacional de pessoas citem-se: políticos, ambientais e econômicos.
 Os refugiados políticos são aqueles que fogem de seus países em 
decorrência de desastres ocasionados por uma guerra, estejam ou não 
os mesmos envolvidos nesta. Por sua vez, os refugiados ambientais
são aqueles que se deslocam em decorrência de catástrofes naturais, 
como terremotos, secas. Já os refugiados econômicos, confundidos 
em parte com os assim chamados migrantes (emigrantes e imigrantes) 
como aquele que se vê diante da impossibilidade total de satisfazer 
suas necessidades vitais no país do qual é nacional, enquanto que o 
migrante, ao menos em tese, poderia subsistir em seu país natal, mas, 
insatisfeito com as condições locais, se desloca para outra região, em 
busca de melhores perspectivas. (CASELLA, 1984, p. 255).
MEDIDAS DE RETIRADA 
COMPULSÓRIA – REPATRIAÇÃO 
 A repatriação consiste em medida administrativa de devolução de pessoa 
em situação de impedimento ao país de procedência ou de nacionalidade.
 Será feita imediata comunicação do ato fundamentado de repatriação à 
empresa transportadora e à autoridade consular do país de procedência ou 
de nacionalidade do migrante ou do visitante, ou a quem o representa;
 Não será aplicada medida de repatriação à pessoa em situação de refúgio 
ou de apatridia, de fato ou de direito, ao menor de 18 (dezoito) anos 
desacompanhado ou separado de sua família, exceto nos casos em que se 
demonstrar favorável para a garantia de seus direitos ou para a 
reintegração a sua família de origem, ou a quem necessite de acolhimento 
humanitário, nem, em qualquer caso, medida de devolução para país ou 
região que possa apresentar risco à vida, à integridade pessoal ou à 
liberdade da pessoa. Nesses casos a Defensoria Pública da União será 
notificada, preferencialmente por via eletrônica. 
MEDIDAS DE RETIRADA 
COMPULSÓRIA - DEPORTAÇÃO
 A deportação é medida decorrente de procedimento 
administrativo que consiste na retirada compulsória de 
pessoa que se encontre em situação migratória 
irregular em território nacional.
 A deportação será precedida de notificação pessoal ao 
deportando, da qual constem, expressamente, as 
irregularidades verificadas e prazo para a regularização 
não inferior a 60 (sessenta) dias, podendo ser 
prorrogado, por igual período, por despacho 
fundamentado e mediante compromisso de a pessoa 
manter atualizadas suas informações domiciliares.
MEDIDAS DE RETIRADA COMPULSÓRIA -
DEPORTAÇÃO
 Trata-se de uma forma de exclusão do estrangeiro do 
território nacional, sendo certo que todas as formas de 
exclusão do estrangeiro pressupõem a sua entrada no 
território nacional, pois não podem ser confundidas com o 
impedimento à sua entrada no País. No caso de 
impedimento à entrada, o estrangeiro não ultrapassa a 
fronteira, o porto ou o aeroporto – REPATRIAÇÃO.
 A deportação, assim, pressupõe a entrada do estrangeiro, ou 
seja, ele ultrapassou a fronteira, o porto ou o aeroporto 
brasileiro. A entrada de estrangeiro de modo irregular 
(clandestinamente), no território nacional, bem como a 
entrada regular,cuja a estada tornou-se irregular, ensejam a 
sua deportação.
MEDIDAS DE RETIRADA 
COMPULSÓRIA - DEPORTAÇÃO
 Os procedimentos prévios à deportação devem respeitar o 
contraditório e a ampla defesa e a garantia de recurso com efeito 
suspensivo, devendo a Defensoria Pública da União ser 
notificada, preferencialmente por meio eletrônico, para 
prestação de assistência ao deportando em todos os 
procedimentos administrativos de deportação.
 Em se tratando de apátrida, o procedimento de deportação 
dependerá de prévia autorização da autoridade competente; e 
não se procederá à deportação se a medida configurar extradição 
não admitida pela legislação brasileira.
 O estrangeiro deportado não fica impedido de regressar ao 
território nacional, pois não se trata de um ato com finalidade 
punitiva, mas apenas de regularização da sua situação no país.
MEDIDAS DE RETIRADA 
COMPULSÓRIA - EXPULSÃO
 A expulsão consiste em medida administrativa de retirada 
compulsória de migrante ou visitante do território nacional, 
conjugada com o impedimento de reingresso por prazo 
determinado.
 Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença 
transitada em julgado relativa à prática de:
I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra 
ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma 
do Tribunal Penal Internacional, de 1998; ou
II - crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, 
consideradas a gravidade e as possibilidades de ressocialização em 
território nacional.
MEDIDAS DE RETIRADA 
COMPULSÓRIA - EXPULSÃO
 Caberá à autoridade competente resolver sobre a expulsão, a 
duração do impedimento de reingresso e a suspensão ou a 
revogação dos efeitos da expulsão, e o prazo de vigência da medida 
de impedimento vinculada aos efeitos da expulsão será 
proporcional ao prazo total da pena aplicada e nunca será superior 
ao dobro de seu tempo.
 No processo de expulsão serão garantidos o contraditório e a 
ampla defesa, e a Defensoria Pública da União será notificada da 
instauração de processo de expulsão, se não houver defensor 
constituído.
 Caberá pedido de reconsideração da decisão sobre a expulsão no 
prazo de 10 (dez) dias, a contar da notificação pessoal do 
expulsando.
MEDIDAS DE RETIRADA 
COMPULSÓRIA - EXPULSÃO
 VEDAÇÕES À EXPULSÃO: Não se procederá à expulsão 
quando a medida configurar extradição inadmitida pela 
legislação brasileira, ou quando o expulsando:
a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência 
econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua 
tutela;
b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem 
discriminação alguma, reconhecido judicial ou legalmente;
c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade, 
residindo desde então no País;
d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País há 
mais de 10 (dez) anos, considerados a gravidade e o fundamento 
da expulsão
MEDIDAS DE COOPERAÇÃO -
EXTRADIÇÃO
 “É a entrega, por um Estado a outro, e a pedido deste, de pessoa 
que em seu território deva responder a processo penal ou 
cumprir pena. A extradição pressupõe sempre um processo 
penal: ela não serve para a recuperação forçada do devedor 
relapso ou do chefe de família que emigra para desertar dos seus 
deveres de sustento da prole” Francisco Rezek
 A extradição encontra-se amparada por Acordo celebrado entre 
os Estados envolvidos, devendo ser observado o conjunto de 
requisitos estabelecidos no texto ratificado. Na ausência deste, o 
pedido de extradição poderá ser formulado com promessa de 
reciprocidade de tratamento para casos análogos entre os dois 
Estados, materializada por meio de Notas Diplomáticas
EXTRADIÇÃO - PRINCÍPIOS 
 Princípio da Especialidade: o extraditando não poderá ser processado 
e/ou julgado por crimes que não embasaram o pedido de cooperação e 
que tenham sido cometidos antes de sua extradição, podendo o Estado 
requerente solicitar ao Estado requerido a extensão ou ampliação da 
extradição ou extradição supletiva
 Princípio da Dupla Tipicidade: também conhecido como Princípio da 
Identidade ou da Dupla Incriminação do Fato. Impõe-se que somente 
seja concedida uma extradição para um fato típico e antijurídico, assim 
considerado tanto no país requerente quanto no requerido
 Princípio non bis in idem: por meio da qual, não será concedida a 
extradição quando já existir sentença transitada em julgado pelo mesmo 
fato em que se baseia o pedido de extradição. Destaque-se, aqui, o termo 
“fato”, já que poderá ser solicitada a extradição de um indivíduo por um 
determinado crime em relação ao qual já tenha sido condenado, mas não 
em relação ao mesmo fato delitivo
CLASSIFICAÇÃO DA EXTRADIÇÃO
 a)extradição ativa quando o Governo brasileiro solicita a entrega 
de uma pessoa procurada pela Justiça brasileira a outro país, para 
fins de julgamento ou cumprimento de pena.
 b) extradição passiva quando a pessoa objeto de processo penal 
em outro país encontra-se no Brasil e o Estado estrangeiro requer 
sua entrega para instrução de processo penal ou execução de 
sentença, ainda que não transitada em julgado.
 OBS: A Secretaria Nacional de Justiça, do Ministério da Justiça, 
por meio do Departamento de Estrangeiros, é a Autoridade 
Central em matéria de extradição, sendo responsável por 
formalizar os pedidos de extradição feitos por autoridades 
brasileiras a um determinado Estado estrangeiro (ativa) ou, ainda, 
processar, opinar e encaminhar as solicitações de extradição 
formuladas por outro país à Suprema Corte brasileira (passiva).
EXTRADIÇÃO – O PAPEL DO STF
 De forma geral, o Poder Judiciário do Estado requerido é 
responsável por decidir se o pedido de extradição formulado deve 
ou não ser concedido. São analisados, principalmente, os aspectos 
formais que conduziram o processo criminal objeto do pedido de 
extradição, levando-se em conta as garantias fundamentais do 
extraditando, as limitações prescricionais e a inexistência de 
motivações políticas ou ideológicas que prejudiquem o pedido 
formulado.
 O Supremo Tribunal Federal realiza o controle de legalidade do 
pedido, verificando, por exemplo, se o fato imputado é punível na 
legislação de ambos Estados, se já era tipificado anteriormente a 
seu cometimento, se já foi extinta a punibilidade do delito 
praticado em qualquer dos Estados – requerente e requerido –, e 
se o crime é ou não de natureza política ou militar.
EXTRADIÇÃO ATIVA
 O Poder Judiciário encaminha a documentação correspondente ao 
Departamento de Estrangeiros, da Secretaria Nacional de Justiça, 
que analisa a admissibilidade do pedido, a fim de verificar se está 
na forma estabelecida no Acordo e/ou legislação interna. Sendo 
admitido, o pedido de extradição será encaminhado ao Ministério 
das Relações Exteriores, a fim de que seja formalizado ao Estado 
onde se encontra o foragido da justiça brasileira, ou diretamente à 
Autoridade Central do respectivo país, quando permitido em 
Acordo. 
 Sendo deferida a extradição, o Estado requerido comunicará a 
decisão à Autoridade Central, com urgência, para que as 
autoridades brasileiras retirem o extraditando do território 
estrangeiro no prazo previsto no Acordo, ou na data estipulada 
pela legislação interna do país requerido.
EXTRADIÇÃO PASSIVA
 O Governo brasileiro recebe o pedido por meio do Min. das Rel. 
Exteriores ou diretamente da Autoridade Central do Estado requerente. 
A Secretaria Nacional de Justiça, por meio do Depto. de Estrangeiros, 
realiza a análise de admissibilidade conforme tratado e lei interna, e 
encaminha o pedido ao STF, a quem compete a análise de mérito (CF 
102, I, “g”)
 Deferida a extradição pelo STF, e após o trânsito em julgado da decisão, a 
Autoridade Central brasileira poderá diferir a entrega na hipótese de o 
extraditando responder a processo-crime perante a Justiça brasileira ou 
estiver cumprindo pena, ou, ainda, na ausência de apresentação dos 
compromissos formais, se foro caso. 
 Caso não seja retirado no prazo estipulado, o indivíduo será colocado em 
liberdade e o Brasil não será obrigado a detê-lo novamente em razão do 
mesmo pedido.
 Eventual decisão, total ou parcialmente denegatória pelo Supremo 
Tribunal Federal, será fundamentada e informada ao país requerente da 
extradição