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Direito Internacional Aula 8 ´Tratados Internacionais

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Fábio Mendonça Santiago
Aula 8
2021-II
CONCEITO
 CONVENÇAO DE VIENA 1969: “Significa um acordo 
internacional concluído por escrito entre Estados e regido 
pelo direito Internacional, quer conste de um instrumento 
único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, 
qualquer que seja sua denominação específica”
 CONVENÇÃO DE VIENA DE 1986: Somente com a 
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre 
Estados e Organizações Internacionais ou entre 
Organizações Internacionais de 1986, foi incorporada à 
ordem jurídica internacional a possibilidade de 
organismos internacionais celebrarem Tratados
CONCEITO
 TRATADOS INTERNACIONAIS: São acordos formais, 
concluídos por escrito, formulados por Estados e 
organizações internacionais, ou somente entre 
organizações internacionais, celebrados segundo 
parâmetros estabelecidos pelo Direito Internacional 
Público, com o objetivo de produzir efeitos jurídicos 
relativos a temas de interesse comum.
CARACTERÍSITICAS DOS TRATADOS 
INTERNACIONAIS
 FORMALIDADE: O tratado internacional é um acordo 
formal, que se exprime com precisão, com contornos 
bem definidos em determinado momento histórico. É 
imprescindível que seja produzido por escrito, ao 
contrario do costume internacional. 
 LIBERALIDADE/CONSENTIMENTO: são acordos 
entre Estados e, portanto, se tornam instrumentos 
decorrentes da convergência de vontades dos atores 
competentes, só terão validade jurídica com suas 
respectivas anuências e os atores devem consentir com 
seu conteúdo.
CARACTERÍSITICAS DOS TRATADOS 
INTERNACIONAIS
 PERSONALIDADE INTERNACIONAL: os tratados são 
celebrados por Pessoas Jurídicas de Direito Internacional 
Público - Estados e Organizações Internacionais. Pessoas 
Jurídicas de Direito Privado (multinacionais) não tem 
capacidade para celebrar tratados internacionais.
 OBS: Gentelmen’s Agreement: São pactos celebrados por 
indivíduos investidos em cargos de mando, com capacidade para 
assumir externamente compromissos prospectivos, de pura índole 
moral, e cuja validade não ultrapassará o período de permanência 
do indivíduo no governo. (Não são tratados internacionais)
 PROCEDIMENTOS DE DIREITO INTERNACIONAL 
PÚBLICO: Os tratados são regidos pelo Direito Internacional 
Público e, na prática, devem obedecer aos procedimentos e 
exigências formais estabelecidos na prática internacional 
relativos a forma de elaboração e vigência
CARACTERÍSITICAS DOS TRATADOS 
INTERNACIONAIS
 OBSERVANCIA DE INSTRUMENTOS: os tratados podem 
constar de um ou vários instrumentos, como anexos e 
protocolos adicionais, de acordo com sua complexidade
 LIBERDADE DE DENOMINAÇÃO: os tratados podem adotar 
várias denominações, sem que isso afete sua qualidade de 
fontes do direito Internacional – tratado, pacto, acordo, 
protocolo.
 CARATER VINCULANTE: Os Tratados não são meras 
declarações de caráter político, e sim, fontes de direito que 
geram efeitos jurídicos (criar, modificar, extinguir direitos e 
gerar sanções por descumprimento). Tem caráter vinculante e 
obrigatório para as partes. Os Tratados vinculam as partes, não 
só no direito Internacional, como no âmbito interno, passando 
a se incorporar ao ordenamento jurídico de cada Estado 
celebrante. 
CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS 
INTERNACIONAIS
 QUANTO AO NUMERO DE PARTES: bilaterais ou 
multilaterais
 PROCEDIMENTO DE CONCLUSAO: Forma solene (tem 
um maior número de etapas) ou forma simplificada (requer 
menos etapas de expressão do consentimento 
 OBS: Na forma simplificada existem os acordos executivos 
(executive agreement) e prescindem de ratificação. O Brasil 
adota predominantemente a forma solene, permitindo a forma 
simplificada apenas para tratados que interpretam outros 
tratados.
 QUANTO AOS EFEITOS: Os tratados podem ter efeitos 
restritos às partes signatárias ou gerar consequências jurídicas 
a entes que não participaram de seu processo de conclusão.
CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS 
INTERNACIONAIS
 NATUREZA DAS NORMAS: 
 Tratados-contrato – visam conciliar interesses divergentes 
entre as partes solucionando problemas mediante 
determinação de regras baseadas em prestações 
compartilhadas (como se fossem um contrato de direito 
interno). As partes realizam uma operação jurídica 
 Tratados-lei – estabelecem normas gerais de Direito 
Internacional a partir da vontade convergente dos signatários 
de estabelecer tratamento comum e uniforme sobre certo 
tema. As partes editam uma regra de direito objetivamente 
válida
CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS 
INTERNACIONAIS
 POSSIBILIDADE DE ADESAO: Abertos – permitem a 
adesão posterior de estados que não participaram de sua 
conclusão. Os abertos podem ser limitados (restrito 
apenas a um determinado grupo de Estados – Mercosul) 
ou ilimitados (permitem a adesão de qualquer ente 
estatal – Carta da ONU). Fechados – não permitem 
adesão posterior (Tratado de cooperação amazônica 
(somente os países amazônicos podem participar)
CONDIÇÕES DE VALIDADE DOS TRATADOS 
INTERNACIONAIS
 Capacidade das partes: refere-se ao poder ou faculdade 
jurídica para celebrar os tratados de forma geral, ou para 
celebrar determinadas classes de tratados:
 Estados soberanos e Organizações Internacionais: desde que 
disponham de poderes para tanto
 Os beligerantes: reconhecimento de um governo exilado, de 
uma autoridade insurreta, de um movimento de libertação como 
capazes de celebrar tratados
 A Santa Sé: que dispõe de todos os elementos constitutivos do 
Estado: território, população, governo independente
 Outros sujeitos do direito Internacional que tenham 
expressamente garantido esse direito: Ex: Estados membros 
de uma Federação (no Brasil os Estados-membros, o DF e os 
municípios podem celebrar tratados de financiamento, desde que 
tenham aval do Senado Federal)
CONDIÇÕES DE VALIDADE DOS TRATADOS 
INTERNACIONAIS
 Habilitação dos agentes signatários: os representantes 
desses estados devem dispor de instrumento de plenos 
poderes, mas há aqueles que não necessitam desse 
documento: Chefes de Estado, Chefes de missão 
diplomática e Representantes acreditados pelo Estado 
perante uma convenção (dispor de uma credencial e 
passaporte diplomático especial)
 Objeto lícito e possível: não se pode elaborar tratado 
internacional que contrarie a moral internacional ou que 
cujo objeto não seja possível.
CONDIÇÕES DE VALIDADE DOS 
TRATADOS INTERNACIONAIS
 Mútuo consentimento: há que ser celebrado com a 
anuência das partes sem vícios, sob pena de nulidade 
absoluta ou relativa.
 Nulidade absoluta: provocada por Erro (no DI o erro deverá 
ser substancialmente importante para ocasionar a anulação 
de um Tratado), Dolo (uma das partes age propositadamente 
para ludibriar a outra ao celebrar o tratado), corrupção
(corrupção de um representante e pela ação direta e indireta 
do outro Estado negociador), Coação (De acordo com a 
Convenção de Viena só viciará a celebração do Tratado o 
emprego de força militar, pois coação política, econômica e 
financeira não vicia o tratado).
 Nulidades relativas: caso a caso
FASES DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS 
INTERNACIONAIS
 Negociação: Quando bilaterais, não há regras. Os tratados 
multilaterais normalmente são realizados em conferencias 
internacionais onde se discute o objeto do acordo 
internacional. Essa fase se encerra com a elaboração de texto 
final do tratado que deve ser aprovada por 2/3 dos presentes 
(art. 9º Tratado de Viena), mas dependendo do teor da 
matéria a ser pactuada pode-se exigir a unanimidade.
 Assinatura dos tratados: trata-se da manifestação do 
consentimento do Estado. É a partir da assinatura que se 
inicia a contagem dos prazos para troca ou depósito dos 
instrumentos de ratificação. A autoridade que assina os 
tratados é a que dispõe de “Carta de Plenos Poderes”, firmada 
pelo chefe de Estado e referendada pelo Ministro das relações 
Exteriores ou equivalente.
FASES DE ELABORAÇÃO DOS 
TRATADOS INTERNACIONAIS
 Ratificação: é o ato unilateral com que o sujeitodo Direito 
Internacional, signatário de um tratado internacional, exprime 
definitivamente sua vontade de se obrigar no plano internacional 
quanto ao que resultou pactuado no Tratado. Há três sistemas de 
ratificação:
 Sistema de competência exclusiva do Poder Executivo: muito comum 
em Estados absolutistas nos quais o Chefe de Estado e de governo tem 
exclusividade na ratificação de um tratado
 Sistema de competência exclusiva do Poder Legislativo: modelo 
britânico no qual há necessidade de um ato do parlamento para que o 
tratado tenha eficácia interna
 Sistema misto: Há tanto participação do poder Executivo quanto do 
Poder Legislativo.
 O Brasil adota o sistema misto, pois o Presidente da República envia 
uma mensagem ao Congresso, que elabora um Decreto Legislativo de 
aprovação do Tratado, o qual é enviado AP Presidente da República para 
promulgação.
FASES DE ELABORAÇÃO DOS 
TRATADOS INTERNACIONAIS
 Promulgação: É o ato jurídico, de natureza interna, pelo qual o 
governo de um Estado afirma ou atesta a existência de um tratado 
por ele celebrado e o preenchimento das formalidades exigidas para 
sua conclusão, e, além disto, ordena sua execução dentro dos limites 
aos quais se estende a competência estatal.
 Publicação: É condição essencial e necessária para que o tratado 
seja aplicado na ordem interna do Estado. Publica-se no Diário 
Oficial da União o texto do tratado e o Decreto Presidencial.
 Registro: É um requisito estabelecido pela Carta da ONU e tem 
como escopo fazer com que o Estado que celebrou o tratado 
internacional possa invocar para si, junto à organização, os 
benefícios do acordo celebrado. O registro deve ser requerido ao 
secretário-geral da ONU, que fornece, a cada Estado, um certificado 
redigido em inglês e Francês, conforme previsão do art. 80, da 
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados e o art. 102 da 
Carta da ONU 
EXTINÇÃO DOS TRATADOS 
INTERNACIONAIS
 Ocorre quando as partes signatárias de um tratado não se 
encontram mais obrigadas a observar suas cláusulas, seja 
por regra de aplicação de suas disposições (a termo, prazo 
de duração); seja por uma condição resolutória, com 
cláusula de denuncia ou por um prazo renovável (causas 
intrínsecas). Há ainda as causas que não se encontram 
previstas no texto do tratado como o direito de denuncia, 
mudança fundamental nas circunstancias e violação do 
tratado (causas extrínsecas). 
 A Denúncia ocorre quando um Estado, num ato unilateral, 
manifesta sua vontade de deixar de ser parte num acordo 
internacional
INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS 
INTERNACIONAIS AO DIREITO INTERNO
 A execução das normas internacionais no âmbito interno 
dos Estados ocorre a partir da incorporação ao Direito 
Interno - internalização – que é o processo pelo qual os 
tratados passam a fazer parte do ordenamento jurídico 
nacional dos entes estatais.
 Modos de internalização dos tratados
 Modelo tradicional: a internalização subordina-se ao 
cumprimento de um ato jurídico especial pela autoridade estatal 
(Brasil)
 Modelo de introdução automática ou da aplicabilidade 
imediata: o tratado tem força vinculante internamente tão logo 
entre em vigor no âmbito das relações internacionais, sem 
necessidade de outras medidas que não a ratificação e publicação do 
ato. (União Europeia)
TRAMITAÇÃO DOS TRATADOS 
INTERNACIONAIS NO BRASIL
 Exposição de Motivos: é o primeiro passo dessa 
tramitação e consiste no ato de preparação de uma 
Exposição de Motivos pelo Ministro das Relações 
Exteriores ao Presidente da República, dando ciência 
da assinatura de um ato internacional
 Encaminhamento: recebida a Exposição de Motivos 
com o tratado anexo, o Presidente da República pode 
encaminhar ao Congresso Nacional solicitando o 
exame do ato para fins de ratificação (ato 
discricionário)
TRAMITAÇÃO DOS TRATADOS 
INTERNACIONAIS NO BRASIL
 Exame e aprovação no Congresso: No Congresso o 
tratado será examinado primeiro na Câmara, depois no 
Senado, devendo sua aprovação seguir os termos da 
art. 47 da Constituição. 
 OBS: A Emenda constitucional 45 introduziu o 
parágrafo 3º no art. 5º, que fixou regras específicas para 
os tratados de direitos humanos, os quais poderão 
alcançar patamar de emenda à Constituição caso sejam 
aprovados em cada casa do Congresso, em dois turnos, 
de votação com três quintos dos votos dos congressistas
TRAMITAÇÃO DOS TRATADOS 
INTERNACIONAIS NO BRASIL
 Decreto Legislativo: aprovado o acordo, o Presidente 
do Senado emitirá um Decreto Legislativo, que consiste 
em um mero instrumento de encaminhamento do 
Tratado ao Presidente da República, a quem cabe decidir 
sobre a ratificação.
 OBS 1: Caso o Congresso não aprove o Tratado 
Internacional, o Presidente fica impossibilitado de ratificá-
lo (se o fizer será crime de responsabilidade, CF 85, II).
 OBS 2: O Decreto Legislativo não tem o efeito de ordenar o 
cumprimento do tratado, ou de vincular qualquer conduta 
a seu conteúdo.
TRAMITAÇÃO DOS TRATADOS 
INTERNACIONAIS NO BRASIL
 Ratificação: quando o Tratado entra em vigor no 
âmbito internacional o Presidente poderá concluir o 
processo de incorporação, por meio da promulgação, 
que é o ato pelo qual ordena a publicação do acordo e 
sua execução no território nacional. A promulgação é 
feita por Decreto Executivo, publicação no Diário 
Oficial da União. (também um ato discricionário)
TRATADOS INTERNACIONAIS NA ORDEM 
JURÍDICA INTERNA E INTERNACIONAL
 Aos tratados promulgados incorporam-se ao 
ordenamento jurídico brasileiro, adquirindo caráter 
vinculante, podendo ser invocado por Estados e por 
particulares para preservação de direitos junto aos 
órgãos jurisdicionais
 Os tratados incorporados ao direito interno no Brasil 
recebe, em princípio, status de lei ordinária, havendo 
possibilidade de que seja conferido caráter de Emenda 
Constitucional (art. 5º, par 3º CF). Há ainda 
entendimentos de que os tratados de direitos humanos 
tem caráter supralegal ou mesmo constitucional.