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Izabelle Santana Turma XXIV 1 FÍGADO Rev. Fígado O fígado é formado por diversos lóbulos constituído por hepatócitos; No centro de cada lóbulo existe um espaço porta com vasos sanguíneos; Entre os hepatócitos existem vasos sanguíneos sinusoides, região chamada de espaço sinusoide, onde existem algumas células de disse (ou célula estrelada). CIRROSE Estágio final, irreversível, de lesão hepática crônica; Etiologia Alcoólica (60 a 70%) – causada pelo alcoolismo crônico, é a mais frequente; Pós-hepatite (10%) – causada principalmente pelos vírus B e C (devido processo inflamatório crônico, reparo tecidual não consegue ocorrer em curto intervalo de tempo e causa cicatriz); Biliar (5 a 10%) – destruição dos ductos biliares e obstrução das vias biliares (cálculos, tumores e estenoses); o Síndrome de Alagille – associada a manifestações hepáticas devido obstrução dos ductos biliares. Hemocromatose (5%) – acúmulo de ferro; Doença de Wilson (rara) – acúmulo de cobre; Deficiência da alfa-1-antitripsina (rara) – por defeito genético (associada a cirrose e DPOC); Criptogênica (10 a 15%) – quando não se consegue determinar a sua causa. Obs.: esteatose é um exemplo de doença que pode evoluir para cirrose. Macroscopia Fígado com superfície irregular, com formação difusa de nódulos, com tamanhos irregulares, comprometendo a maior parte ou todo o fígado; Esses nódulos parenquimatosos são chamados de nódulos regenerativos, entre cada um deles existe uma depressão causada por fibrose, os chamados septos fibrosos; ganham esse nome pois o hepatócito é uma célula que se regenera, mas como está delimitado por área fibrosa, não consegue se estender = ao se proliferar forma o aspecto nodular (como se fosse um pseudotumor); Nódulos e septos fibrosos comprometem o fígado: 1. Septos fibrosos são ricos em colágeno, cicatriz não vascularizada, torna-se área amorfa, pode caminhar para falência hepática; 2. Nódulos são aglomerados de hepatócitos delimitados por um colar fibroso, promove pressão e interfere na vascularização do órgão (associada a insuficiência hepática, hipertensão portal e câncer hepático). OBS.: a compressão dos septos e morte celular pode causar instabilidade genética que pode levar ao desenvolvimento de um câncer. Izabelle Santana Turma XXIV 2 Microscopia Septos fibrosos (coloração por tricrômico de masson); Substituição de parte do fígado por tecido cicatricial ao redor dos nódulos; Faixas delicadas no começo do processo de formação; Em pacientes crônicos como na cirrose são faixas largas ao redro dos nódulos adjacentes; Muito variável, mas pode haver uma redução da extensão de danos se retirado o agente agressor (regressão, não cura). Nódulos parenquimatosos Micronódulos (<3mm) Macronódulos (>1cm) Obs.: pode haver formação de pseudolóbulos; PATOGENIA 3 processos básicos: 1. Morte dos hepatócitos (requisito básico para formar a cicatriz); 2. Deposição de matriz extracelular (deposição de colágeno I e III, formação dos septos); o Se o dano fosse pequeno e esporádico, o fígado teria capacidade de se regenerar, mas trata-se de um dano extenso e crônico; 3. Reorganização vascular (para continuar nutrindo os nódulos); o Sinusoides sofrem processo de capilarização – vasos fenestrados e sinuosos tronam-se de menor calibre, com luz estreita e parede contínua, com células endoteliais justapostas; o Devido a inflamação causada pela morte dos hepatócitos, mediadores químicos como VEGF são liberados e levam a proliferação das células endoteliais; o O capilar com a luz diminuída leva ao aumento de risco para trombose; o Colabora para hipoperfusão e atrofia à longo prazo do órgão. Célula estrelada ou célula de itu – vista apenas na imuno-histoquímica, responsável pela cicatrização; o Célula estrelada fica no espaço de Disse. Toda célula epitelial precisa de tecido conjuntivo de sustentação, as células endoteliais em vasos de maior calibre e capilares também, e nos sinusoides hepáticos, esse espaço subendotelial é o espaço de Disse, é chamado assim pois além do tecido conj. de sustentação tem a célula estrelada quiescente; o Devido a liberação de espécies reativas de oxigênio, TNF e IL-1 na resposta inflamatória (pela célula de Kupffer), a célula estrelada se transforma em miofibroblasto (síntese de colágeno e formação do septo); Célula de Kupffer – macrófagos caracteristicamente dentro dos vasos, mas estendem prolongamentos para o espaço de Disse; Canalículos biliares – entre os hepatócitos, obstruções influenciam no funcionamento das células e depois do órgão. Izabelle Santana Turma XXIV 3 Clínica 40% são assintomáticos; Diagnosticados em exames clínicos de rotina; Alteração persistente de parâmetros da função hepática (exames laboratoriais): Hipoalbuminemia; Aumento das aminotransferases (ALT e AST); Aumento das metaloproteinases na tentativa de digerir o colágeno (possibilidade de leve regressão da doença), mas aumenta a quantidade de aminotransferases; Aumento da fosfatase alcalina. Sintomáticos Anorexia, emagrecimento, dores abdominais, estigma de doença hepática crônica (alteração de coagulação sanguínea, eritema palmar, hipogonadismo e ginecomastia); Hipogonadismo – não há mais metabolização de colesterol para produção de esteroides; Esplenomegalia – aumento do baço, devido cirrose viral; Em fase avançada – ascite, edema dos membros inferiores, hemorragia digestiva (hematêmese ou melena), aumento do tempo de coagulação sanguínea (queda da síntese dos fatores de coagulação), hálito hepático e manifestações de encefalopatia hepática. Consequências 1. Necrose hepática maciça – insuficiência hepática; 2. Vascularização espaço sinusoide + pressão dos nódulos nos vasos – hipertensão portal; 3. Nódulos com hepatócitos de alta capacidade regenerativa – carcinoma hepatocelular (instabilidade genética). Izabelle Santana Turma XXIV 4 TUMORES HEPÁTICOS Lesões tumorais não-neoplásicas Apresentam proliferação do parênquima hepático, mas não é uma neoplasia verdadeira; 1. Complexos de Von Meyenburg (ou hamartoma biliar) Pequenos nódulos situados abaixo da cápsula – são dilatações ou malformações congênitas de ductos biliares (apresentam distorção e aumento da luz); Estão separados por estroma fibroso (densamente colagenizado). Características Únicos ou em pequeno número; Pode ter associação com doença fibrocística no fígado e doença policística dos rins; Mimetiza doença hepática metastática. 2. Hiperplasia Nodular Focal Frequente em fígados normais; Lesão localizada, bem delimitada, mas nem sempre encapsulada; Consiste em nódulos de hepatócitos hiperplásicos, mas sem acompanhamento de proliferação dos vasos, formando tecido cicatricial central (resposta a um fluxo vascular anormal). Obs.: devido ao suprimento sanguíneo insuficiente, essa necrose central pode se estender afetando outras áreas, e deixar de ser apenas focal/central em estágios mais avançados. Clínica Achado incomum; Frequente em mulheres em idade reprodutiva; Cresce em resposta ao estrógeno; Geralmente assintomáticas; Sem risco de malignidade (não se prolifera de forma descontrolada, é gradual). Lesões tumorais neoplásicas TUMORES BENIGNOS ADENOMA DE CÉLULAS HEPÁTICAS O mais comum entre os benignos; Comum em mulheres em idade fértil e que fazem uso de anticoncepcionais (regride com a descontinuação do uso); Em homens, mais comum em jovens com menos de 20 anos; Morfologia Tumor bem delimitado, não encapsulado; Amarelo-bronze pálido ou de coloração biliar; Atinge até 30 cm em diâmetro ou mais. Izabelle Santana Turma XXIV 5 Fisiopatogenia Indeterminada; Correlação com as alterações hormonais; Degeneração glicogênica (acúmulo de glicogênio no citoplasma do hepatócito,pode causar lesão celular e de alguma forma estimular a proliferação); Dieta e controle dos níveis de insulina, glicose e glucagon podem levar a regressão (mas não eliminar). Microscopicamente Lâminas e cordões de células que podem assemelhar-se aos hepatócitos normais ou ter alguma variação no tamanho celular e nuclear; Não tem alteração morfológica relevante por ser benigno; Hepatócitos organizados irregularmente (em fígados normais os hepatócitos estão dispostos radialmente em relação a veia centro lobular); Parênquima tumoral nutrido por numerosas arteríolas (proliferação de vasos); Cavidades repletas de sangue (peliose) e hemorragia; Espaço sinusoide dilatado. Obs.: ausência de ductos biliares (proliferação restrita a hepatócitos e vasos sanguíneos). Clínica Risco aumentado na gravidez devido aos níveis de estrogênio; Com traumas pode romper-se e causar hemorragia intraperitoneal grave; Pode ser confundido com carcinoma hepatocelular. Malignização Rara transformação maligna, quando ocorre é devido mutações no gene B-catenina (associado a uma das vias de carcinogênese, transforma em carcinoma hepatocelular); Ativação do gene B-catenina em apenas 10 a 15% dos casos de adenoma; Mais comum em homens que fazem uso de anabolizantes; A esteatose (doença gordurosa não alcoólica) também é um dos fatores de risco para mutação. TUMORES MALIGNOS Alta incidência de metástase; 1. Carcinoma hepatocelular, neoplasias hepáticas primárias são quase todas desse tipo; 2. Hepatoblastoma (tumor hepatocelular da infância); 3. Angiossarcoma (tumor de vasos sanguíneos associado a exposição ao cloreto de vinil e ao arsênico). Izabelle Santana Turma XXIV 6 CARCINOMA HEPATOCELULAR Mais comum em homens; 5° tipo mais comum homens; 8° tipo mais comum em mulheres. Principais Causas Vírus da hepatite B e C; o Integração do DNA viral (HBV) ao genoma = instabilidade gênica; o Modulação da proliferação celular. Cirrose alcoólica; o Risco é 2x maior; o Álcool + HBV é 8x maior. Aflatoxinas (micotoxina); o Produzida por fungos (Aspergillus sp.); o Contamina alimentos (grãos e amendoins); o Associada ao HBV, risco maior em até 200x. Fisiopatogenia Incerta Nódulos regenerativos tornam-se displásicos de alto grau (proliferação com pouca diferenciação) em fígados cirróticos; Vascularização do nódulo = indicação de malignidade. Morfologia Massa solitária; o Lesão amarelada, pontilhadas por coloração de bile, áreas de hemorragia e necrose. Tumor multifocal; o Nódulos de tamanhos variados. Lesão difusa infiltrante; o Funde-se à lesão cirrótica; o Pode comprometer todo o fígado. Invasão Forte propensão a invadir canais vasculares; Metástases intra-hepáticas são comuns; o Invasão da veia porta – oclusão da circulação portal; o Invasão da veia cava – estende-se até o coração. Microscopia Células primitivas e indiferenciados, sem característica de hepatócito; OU Bem diferenciado, proliferação de hepatócitos em padrão de cordões, trabéculas ou glandular. Izabelle Santana Turma XXIV 7 Tratamento Acompanhamento de 6 em 6 meses dos pacientes com cirrose à procura de pequenos nódulos; Lesão única – ressecção cirúrgica ou ablação, não previne reaparecimento de novas lesões; já o transplante pode ser curativo.
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