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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Instituto de Química Departamento de Química Analítica Análise Instrumental I Experimental Espectrofotometria no Visível (IV) Aluno: Lucas Gonçalves do Amaral Professor: Marco Antônio Martins de Oliveira Niterói Setembro/2022 1. INTRODUÇÃO A espectrofotometria no visível é uma técnica de análise óptica frequentemente utilizada na química analítica, físico-química e biologia, a qual é baseada nas capacidades de absorção e transmissão de radiação eletromagnética na região do visível (400-700 nm) pelas soluções de determinadas substâncias. Tais capacidades são inerentes à cada material e estão relacionadas com os saltos quânticos dos elétrons da substância, que ao absorverem energia, saltam para níveis mais externos e, após um período de tempo, decaem para seus níveis fundamentais, liberando energia na forma de radiação eletromagnética (SKOOG et.al, 2007, p.138). A técnica de espectrofotometria no visível pode ser utilizada para fins qualitativos, como a identificação de uma substância desconhecida, ou quantitativos, como a determinação da concentração da substância em uma solução, a partir da Lei de Lambert-Beer (LIMA, 2013, p.47). Além disso, esta técnica também é utilizada para determinação de fórmulas moleculares de complexos, utilizando-se o método da razão das inclinações. Tal método é realizado analisando-se as absorbâncias de soluções com diferentes concentrações do íon metálico contendo excesso de ligante, assim como soluções de diferentes concentrações do ligante contendo excesso do íon metálico (SAWYER et.al, 1984, p.200-201 e 207). Tais análises são realizadas utilizando-se o comprimento de onda no qual a absorbância do complexo é máxima ( ). A partir das inclinações (ou coeficientes angulares) das curvas deλ 𝑚á𝑥 calibração do metal e do ligante é possível determinar-se a proporção entre os mesmos, utilizando-se a equação (1) abaixo: (1) 𝑆 𝑚 𝑆 𝑛 = 𝑛𝑚 Em que, e são as inclinações, ou coeficientes angulares, das retas obtidas a𝑆 𝑚 𝑆 𝑛 partir da regressão linear dos pontos de “absorbância vs concentração” do metal e do ligante, respectivamente. Já m e n são, respectivamente, as quantidades de metal e ligante no complexo. Vale ressaltar que este método aplica-se com os requisitos de haver uma única espécie de complexo e a Lei de Lambert-Beer ser obedecida. 1 2. OBJETIVO O objetivo desta prática consiste em determinar a fórmula molecular do complexo Fe(II)-ortofenantrolina a partir do método da razão das inclinações das curvas de calibração utilizando excesso de íon metálico e ligante. 3. METODOLOGIA Primeiramente houve a preparação de cinco soluções de diferentes concentrações da solução padrão de ortofenantrolina 5 x 10-4 M, utilizando-se balões volumétricos de 50,00 mL. Da solução padrão de ortofenantrolina foram retirados volumes de 1,0 , 2,0 , 3,0 , 4,0 e 5,0 mL, respectivamente, com auxílio de uma pipeta volumétrica, e adicionados em cada balão separadamente. Em cada balão foram adicionados volumes de 30,00 mL de solução padrão de Fe(II) 5 x 10-4 M, 10 mL de solução tampão de pH = 5 de ácido acético-acetato de sódio e 1 mL de hidroquinona 1% (p/v). Após 10 min, os balões foram avolumados com água destilada e agitados. Em seguida, foram preparadas cinco soluções de diferentes concentrações da solução padrão de Fe(II) 5 x 10-4 M, utilizando-se também balões volumétricos de 50,00 mL. Da solução padrão de Fe(II) foram retirados volumes de 1,0 , 2,0 , 3,0 , 4,0 e 5,0 mL, respectivamente, com auxílio de uma pipeta volumétrica, e adicionados em cada balão separadamente. Em cada balão foram adicionados volumes de 30,00 mL de solução padrão de ortofenantrolina 5 x 10-4 M, 10 mL de solução tampão de pH = 5 de ácido acético-acetato de sódio e 1 mL de hidroquinona 1% (p/v). Após 10 min, os balões foram avolumados com água destilada e agitados. Para realização das análises foi utilizado o espectrofotômetro nº 5 do laboratório, em que, primeiramente, foi colocada uma cubeta com água destilada, que agiria como branco da análise, zerando-se a absorbância para ele. Na segunda cubeta foram adicionadas as soluções de diferentes concentrações de Fe(II)-ortofenantrolina contendo excesso do ligante, uma por vez, analisando-se a absorbância de cada uma, utilizando o comprimento de onda de 510 nm, que foi o determinado na prática anterior para este complexo. Por fim, na segundaλ 𝑚á𝑥 cubeta, foram adicionadas as soluções de diferentes concentrações de Fe(II)-ortofenantrolina 2 contendo excesso do íon metálico, uma por vez, analisando-se a absorbância de cada uma, à 510 nm. Os dados foram anotados para a montagem das curvas de calibração. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO As concentrações das cinco soluções de Fe(II)-ortofenantrolina contendo excesso do ligante e das cinco soluções contendo excesso do íon metálico podem ser calculadas pela lei de diluição, visto que a concentração inicial das soluções de ferro (II) e ortofenantrolina𝐶 1 eram de 5 x 10-4 M e o volume final de cada solução era de 50,00 mL: =>𝐶 1 𝑉 1 = 𝐶 2 𝑉 2 𝐶 2 = 𝐶 1 𝑉 1 𝑉 2 Tabela 1. Concentrações das soluções de Fe(II)-ortofenantrolina em função do volume inicial do metal ou ligante. Volume inicial de Fe(II) ou ortofenantrolina (mL) Concentração final da solução (M) 1,0 1,0 x 10-5 2,0 2,0 x 10-5 3,0 3,0 x 10-5 4,0 4,0 x 10-5 5,0 5,0 x 10-5 De posse das soluções, foram realizadas as análises de absorbância em função da concentração do complexo, com cinco soluções contendo excesso de metal e cinco soluções contendo excesso de ligante, utilizando o comprimento de onda de 510 nm, que trata-se do . Os resultados obtidos estão contidos na Tabela (2) abaixo:λ 𝑚á𝑥 3 Tabela 2. Absorbâncias para as dez soluções de diferentes concentrações de Fe(II)-ortofenantrolina contendo excesso do metal e do ligante, à 510 nm. Espécie Volume inicial (mL) Concentração final (M) Absorbância Ferro (II) (excesso de ortofenantrolina) 1,0 1,0 x 10-5 0,112 2,0 2,0 x 10-5 0,211 3,0 3,0 x 10-5 0,334 4,0 4,0 x 10-5 0,441 5,0 5,0 x 10-5 0,553 Ortofenantrolina (excesso de Fe(II)) 1,0 1,0 x 10-5 0,033 2,0 2,0 x 10-5 0,061 3,0 3,0 x 10-5 0,114 4,0 4,0 x 10-5 0,157 5,0 5,0 x 10-5 0,188 De posse dos dados, é possível montar as curvas de calibração: Figura 1. Curvas de calibração para as soluções de Fe(II)-ortofenantrolina contendo excesso do metal e do ligante, à 510 nm. 4 Analisando-se as curvas de calibração do metal e do ligante acima, vemos que possuem R2 igual a 0,999 e 0,991, respectivamente, que são muito próximos de 1, indicando um bom ajuste de dados e a dependência linear entre absorbância e concentração. Os coeficientes angulares, ou inclinações, das curvas do metal e do ligante são, respectivamente, 11120 e 4060 M-1. Logo: e 𝑆 𝑚 = 11120 𝑀−1 𝑆 𝑛 = 4060 𝑀−1 Pelo método da razão das inclinações temos: 𝑆 𝑚 𝑆 𝑛 = 𝑛𝑚 2,74 3 𝑛 𝑚 = 11120 𝑀−1 4060 𝑀−1 = ∼ Como 2,74 é um número não inteiro, obtido devido a erros aleatórios e/ou instrumentais, aproxima-se para o inteiro mais próximo, que é 3. Logo, vemos que a proporção é de 3 ligantes para 1 metal, confirmando a fórmula molecular do complexo de Fe(II)-ortofenantrolina como: Fe[orto]3 5. CONCLUSÃO Portanto, o objetivo da prática foi concluído, pois foi possível confirmar a fórmula molecular do complexo Fe(II)-ortofenantrolina a partir do método da razão das inclinações, pela qual foi encontrado que a proporção entre ligante e metal é de 3 para 1, ou seja, para cada íon metálico de Fe(II) há 3 moléculas de ortofenantrolina complexadas. O valor fracionário de 2,74 obtido é derivado, provavelmente, de erros aleatórios e/ou instrumentais por falta de precisão, porém tal divergência é frequente, logo o valor foi aproximado para o inteiro mais próximo. 5 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 SKOOG, D. A.; HOLLER, F. J; CROUCH, S. R. An Introduction to Spectrometric Methods. Principles of Instrumental Analysis.7ª edição Americana. Ed. Cengage Learning. EUA, 2016, p.138. 2 LIMA, L.S. Lei de Lambert–Beer. Revista Ciência Elementar 2013. 1(1), p.47. 3 SAWYER, D. T; HEINEMAN, W. R.; BEEBE. J. M. Chemistry Experiments for Instrumental Methods. New York, Wiley, 1984, p.200-201 e 207. 6
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