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Apresentação Caso Clínico Centro Universitário UNA Estágio Clínico HOB Thalita Polyana Rodrigues Sampaio RA319111085 Paciente M.P.S. 89 anos, sexo masculino, nascido em 28/12/1932, casado, lavrador, ex-tabagista e ex- etilista, natural de Unaí, internado em 02/06/2022, na CLM leito 54. Paciente com lesão de face ulcerada sangrante, vegetante e expansiva em lábio inferior E, desnutrido, tosse crônica, queixa de cansaço HPP: HAS, cardiopata, não vacinado para COVID-19, ex-tabagista e ex-etilista interrompido há 40 anos. Anamnese Clínica Emagrecido; Desnutrido; Desidratado; Edento; PA 100x60 FC 80-100bpm FR 22 irpm SpO2 90%AA; Eupneico sem esforço; Creptações difusas; Abdome escavado; Lesão ulcerada sangrante vegetante e expansiva em lábio inferior esquerdo, região mandibular, submandibular, linfonodos endurecidos ipsilaterais; Lesão nodular em hemitórax direito; Achados clínicos de admissão EXAMES REALIZADOS NA ADMISSÃO Raio X de tórax - típico para tuberculose BAAR em escarro Paciente, com síndrome consumptiva associada a tuberculose pulmonar + lesão vegetante-ulcerada infectada em região de face sem diagnóstico etiológico definido; Lesão de lábio inferior, mandibular e submandibular associada a linfadenopatia iniciada em fev/22. Prostração, anorexia e febre; Paracoccidioidomicose cutâneo-mucosa provável: lavrador, bordas elevadas, lesão nodular também em tórax; Carcinoma espinocelular; Turbeculose pulmonar. Diagnóstico Clínico Paciente desnutrido recebendo tratamento para quadros infecciosos e aguardando definição diagnóstica de lesão de face. Evolui com síndrome de realimentação e desidratação. - Hipocalemia persistente (2,9 mEq/L), secundário afotericina B - Síndrome de realimentação com queda de fósforo (3.3 > 1,6 > 0,9 mg/dL) -Plaquetopenia 66.000/mm3. 10/06 Paciente desnutrido recebendo tratamento para quadros infecciosos e aguardando definição diagnóstica de lesão da face. Evolui com síndrome de realimentação e desidratação, -Hipocalemia corrigida (3,8 mEq/L) , secundário anfotericina B -Síndrome de realimentação com correção de fósforo (3,3 > 1,6 > 0,9 > 2,6 mg/dL) -Plaquetopenia 66.000/mm3 em 10/06. 11/06 Paciente desnutrido recebendo tratamento para quadros infecciosos e aguardando definição diagnóstica de lesão da face. Evolui com síndrome de realimentação e desidratação, -Hipocalemia corrigida (3,8 mEq/L) , secundário anfotericina B -Fósforo com normalização sustentada; -Plaquetopenia desde 10/06 Paciente, corado, hidratado, anictérico, acianótico. Piora de prostração. Esforço respiratório grave em catéter nasal a 4L/min, mantido mesmo com máscara facial com reservatório a 15L/min. FC 98bpm PA 100x50mmHg. 12/06 13/06 Evolução Clínica Fisiopatologia Tuberculose Quando um paciente infeccioso com TB tosse, ele propaga gotículas que contêm bacilos da tuberculose. Pequenas partículas penetram profundamente nos pulmões. Cada uma dessas minúsculas gotas pode carregar 1 a 5 bacilos, o que é suficiente para estabelecer infecção. Essa é a razão pela qual casos de TB ativa precisam ficar isolados até que se tornem não infecciosos. Em cerca de 5% dos casos, a infecção evolui e produz tuberculose ativa. Em 95% dos casos, quando um hospedeiro tem resposta de imunidade celular efetiva, a infecção é contida. Embora possa haver suspeita do diagnóstico mesmo com sintomas mínimos por causa de uma radiografia de tórax anormal, a maioria dos pacientes com TB pulmonar apresenta tosse crônica, febre prolongada, sudorese noturna, anorexia e perda de massa corporal. Fisiopatologia da Desnutrição A desnutrição energético-proteica grave acarreta depleção nutricional global do paciente. A diminuição dos estoques de glicogênio e gorduras promoverá redução da reserva energética, fazendo com que a massa proteica se torne fonte de energia. Além da escassez de macronutrientes, há deficiência de micronutrientes (vitamina A e E, cobre, magnésio, zinco e selênio), contribuindo para a disfunção do sistema imune, maior quantidade de radicais livres produzidos e redução da síntese de enzimas e proteínas. Duarte, Antonio Cláudio Goulart Semiologia nutricional / Antonio Cláudio Goulart Duarte. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Atheneu, 2019. Fármacos e Interação Droga - Nutrientes Amoxicilina + sulbactam - Antibiótico, os alimentos não afetam a absorção. Pode causar diárreia, candidiase oral, colite. Anfotericina B - Antifúngicon antiprotozoário. Aumentar o consumo de alimentos ricos K e Mg; assegurar a ingestão hidrica, pode causar perda de peso, dor gástrica, dispepsia, hemorragia GI, diarréia. Devemos monitorar os eletrólitos, Mg, função renal e hepática, hemograma e plaquetas. RHZE (rifampicina, isoniazida, pirazinamida, etambutol) - Antibiótico, Antituberculose. Pode tomar com alimento porém o alimento diminui a a absorção. Na dieta pode necessitar de suplementação de vitamina D, pode causar candidiase oral, dispepsia, cólicas, diárreia. Pode elevar o TGO, TGP, fosfatase alcalina, bilirrubinas, PTH, uréia, creatina, ácido úrico e abaixar a vitamina D. Devemos monitorar hemograma e função hepática. Fisiopatologia da Nutrição No tratamento para tuberculose, são prescritas medicações múltiplas, principalmente os antibióticos, a isoniazida é comum. Como o alimento diminui sua absorção ela deve ser ingerida 1h antes ou 2h depois das refeições, esgota a B6, interfere no metabolismo da vitamina D e conseqüentemente diminui a absorção de cálcio e fósforo. Conduta: Maior ingestão de vitaminas e minerais, aumento de quilocalorias, líquidos e monitoração dos exames laboratoriais. O tratamento para desnutrição, será influenciado pela doença de base, que poder implicar ajustes especificos De modo geral, os objetivos são principalmente o ganho de peso e à recuperação de massa muscular. Recomenda-se o aporte calórico de no mínimo 35kcal/kg/dia e pelo menos 1,5g/kg/dia de proteinas As metas. nutricionais devem ser atingidas gradualmente, conforme tolerância individual A via de acesso (oral,enteral, parenteral ou combinações) dependera das condições do paciente e do quadro clinico. Rosa, Carla de Oliveira Barbosa Fisiopatologia da nutrição e dietoterapia / Carla de Oliveira Barbosa Rosa, Helen Hermana Miranda Hermsdorff. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Rubio, 2021 Avaliação Nutricional Triagem nutricional RISCO NUTRICIONAL Avaliação Nutricional Avaliação Nutricional Paciente admitido na CLM, no dia 03/06 com dieta VO branda, com baixa aceitação, foi realizada adequação na dieta para melhor aceitação da VO, porém sem sucesso, no dia 07/06 foi iniciado a nutrição enteral associado a VO. 06/06/22 611,5 kcal 07/06/2022 272,5 kcal 08/06/22 96,5 kcal Avaliação Nutricional RECORDATÓRIO ALIMENTAR DIETA VO 06/06 07/06 Dieta Pastosa + SNE Padrão 20mL/h 08/06 Pastosa + SNE Padrão 20mL/h 611,5kcal CHO 22g LIP 6g PTN 6g NA 114mg P 78mg K 142mg 872,5kcal CHO 22g LIP 6g PTN 6g NA 114mg P 78mg K 142mg 696,5kcal CHO 15,75g LIP 4,5g PTN 3g NA 50,75mg P 38,25mg K 112,5mg Dieta Branda Avaliação Nutricional Avaliação Nutricional Anamnese Alimentar Após realizar o QFA, foi observado a deficiência dos micro e macro nutrientes Avaliação Nutricional Avaliação antropométrica Peso 45Kg (aferido) Altura (m): 1,75 (informado) IMC: 14,6 abaixo do valor médio CB: 15,5 cm CP: 28 cm Diagnóstico Nutricional Após avaliar o recordatório aimentar que acusou uma ingestão média de 490,25 Kcal/dia e 31% GET, avaliação antroprométrca com o IMC < 23, exames bioquímicos alterados como PCR positivo e leucócitos acima do valor de referência fechamos o diagnóstico de desnutrição. Tavares et al. Avaliação nutricional de idosos: desafios da atualidade. Rio de Janeiro: Rev. Bras. Geriatr. Gerontol; 2015. D. 643-50. AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA Potássio 03/06 3,1 mEq/L 05/06 2,6mEq/L 06/06 2,4 mEq/L Café da manhã da Brenda Café das Sete Solar Ensolarado Rua do Café da Manhã No dia 03/06 teve início à uma Hipocalemia secundária ao uso do ATB AnfotericinaB que é uma queda de Potássio, iniciando a 3,1 mEq/L chegando à 2,4 mEq/L no dia 06/06. No dia 09/06 evolui com síndrome de realimetação e desidratação com queda de fósforo, sendo normalizado no dia 11/06 Fósforo 09/06 1,6 mg/dL 10/06 0,9 mg/dL 11/06 2,7 mg/dL Em 10/06 inicia uma plaquetopenia 66mm3 Plaquetas 10/06 66.000 mm3 11/06 56.000 mm3 12/06 51.000 mm3 Semiologia Nutricional Diagnóstico Nutricional Geral Foi observado durante a avaliação nutricional: Sinal da "asa quebrada" Atrofia da musculatura temporal e da bola gordurosa de Bichat "asa quebrada" Atrofia das musculaturas paravertebrais Seguindo os critérios de avaliação o paciente se enquadra no quadro de desnutrição, o mesmo apresentou exames bioquímicos alterados, sarcopenia, risco nutricional elevado, por estar infectado há um gasto energético maior levando ao catabolismo proteico. Atrofia das musculaturas do pinçamento Imagem da internet Imagem da internet Imagem da internet Duarte,Antonio Cláudio Goulart. Semiologia Nutricional. Editora Atheneu Conduta Nutricional Prescrição Dieta enteral Padrão 53mL/h Iniciar à 15mL/h e progredir de 10 em 10 mL até o objetivo 53mL/h, por sonda naso gástrica e conector BIC. CHO 50% PTN 15% LIP 35% Fibras 15% Objetivo da Dietoterapia A nutrição entérica consiste na utilização de fórmulas líquidas administradas diretamente na via do trato gastrointestinal. Em doentes em estado crítico, utilizar nutrição entérica, em que não consigam atingir os objetivos nutricionais indicados, devem receber suplementação a fim de alcançarem os valores proteicos e calóricos estabelecidos. RECOMENDAÇÕES Iniciar TN com 10 kcal/kg/dia progredindo em média 5 kcal/kg/dia até atingir a meta calculada, de preferência em até 7 dias. (Oliveira M, 2017; Caldas D, 2015) Conduta Nutricional Cálculo das necessidades g de PTN/ total e Kg peso/ dia = 45Kg x 1,5kca = 67,5g PTN dia VCT (Kcal/ dia e Kcal/ Kg peso/ dia) = 45Kg x 35kcal = 1575 Kcal dia Dieta elaborada Fase inicial = 15 Kcal x 45 Kg = 675 Kcal Recuperação = 35 Kcal x 45 Kg = 1575 Kcal SNE Padrão 53mL/h 53mL x 20h = 1060mL x 1.5Kcal= 1590 Kcal Iniciar a 20mL/h e progredir até o objetivo 53mL/h (Oliveira M, 2017; Caldas D, 2015) Enfermaria 25 a 30 Kcal/Kg Fase Inicial Risco de SR 10 a 15 Kcal/Kg Conduta Nutricional Após realizar o rastreio nutricional, fechou o diagnóstico de risco nutricional, com demanda metabólica aumentada, sarcopenia, o paciete ainda apresentava uma lesão no lábio inferior que dificultava sua alimentação VO, foi prescrito a dieta enteral cujo os objetivos são principalmente o ganho de peso e à recuperação de massa muscular. Justificativa da prescrição dietoterápica Evolução clínica e nutricional 03/06 paciente admitido na Clínica Médica, com quadro de desnutrição grave, com dieta VO branda e com baixa aceitação. 06/06 Foi realizado adequação na dieta onde foi acrescentado 2 suplementos padrão buscando melhora nos parâmetros nutricionais; 13/06 Dieta VO e enteral suspensa seguindo o padrão de conforto após piora progressiva do quadro respiratório. 07/06 Foi iniciado a nutrição enteral padrão via SNE 15mL/h após piora geral do quadro; Conduta Nutricional Orientação de alta Foi realizada orientação de alta para dieta enteral, artesanal e industrializada, expliquei como lavar a sonda, administração dos medicamentos, água e o quanto é impotrtante não oferecer alimentos VO. Conduta Nutricional Conclusão A associação entre tuberculose, má nutrição e pobreza já está estabelecida. Sabe-se, entretanto, que essa relação é bidirecional, pois o quadro clínico da doença leva a desnutrição secundária, e a desnutrição também é um fator de risco para a doença.(5) A TB, como uma doença infecciosa, encontra na população geriátrica uma marcante suscetibilidade, tanto no que diz respeito a novas infecções quanto à reativação de doença, ambas relacionadas à diminuição da imunidade celular, afetada pelo processo de envelhecimento imunológico.(19) Por ter sua transmissão preferencial ligada à via aérea, a doença encontra no idoso um sistema respiratório senescente, com redução de seus mecanismos de defesa, o que aumenta ainda mais o risco de infecção e de adoecimento a partir de reativação de focos latentes.(5,7) A TB no idoso freqüentemente tem o seu diagnóstico retardado pela dificuldade de reconhecimento do quadro clínico, que muitas vezes é confundido com as alterações próprias do envelhecimento ou não é referido de forma adequada pelo paciente,(10-11) 10. 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Menezes, Caroline Soares e Fortes, Renata CostaEstado nutricional e evolução clínica de idosos em terapia nutricional enteral domiciliar: uma coorte retrospectiva* * Artigo extraído da dissertação de mestrado “Estado nutricional e evolução clínica de idosos em terapia nutricional enteral domiciliar: um estudo de coorte retrospectivo”, apresentada à Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, Escola Superior em Ciências da Saúde, Brasília, DF, Brasil. . Revista Latino-Americana de Enfermagem [online]. 2019, v. 27 [Acessado 23 Junho 2022] , e3198. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1518-8345.2837.3198>. Epub 14 Out 2019. ISSN 1518-8345. https://doi.org/10.1590/1518-8345.2837.3198. Araújo, Edna Marília Nóbrega Fonseca de et al. Managing care for older adults with tuberculosis in Primary Care: an integrative review. 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