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Fundamentos_da_Educacao_Fisica_Adaptada

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Prévia do material em texto

Educação 
Física
Educação 
Física
pONTA gROSSA / pR
2012
ENSINO A DISTÂNCIA
Eliane Mauerberg-deCastro
Carolina Paioli Tavares
LICENCIATuRA Em
FUNDAMENTOS DA
EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD
Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR
Tel.: (42) 3220 3163
www.nutead.uepg.br
2009
Todos os direitos reservados ao NUTEAD - Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - 
Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Paraná, Brasil.
NUTEAD - UEPG
Coordenação Geral
Leide Mara Schmidt
Coordenação Pedagógica
Cleide Aparecida Faria Rodrigues
Conselho Consultivo 
Pró-Reitor de Graduação - Graciette Tozetto Goes
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação - Benjamin de Melo Carvalho
Pró-Reitor Extensão e Assuntos Culturais - Miguel Sanches Neto
Colaboradores Financeiros
Ariângelo Hauer Dias
Luiz Antonio Martins Wosiack
Colaboradores de Planejamento
Carlos Roberto Ferreira 
Silviane Buss Tupich
Colaboradores em Informática
Carlos Alberto Volpi
Carmen Silvia Simão Carneiro
Colaboradores em EAD
Dênia Falcão de Bittencourt
Jucimara Roesler
Colaboradores de Publicação
Álvaro Franco da Fonseca - Ilustrador
Anselmo Rodrigues de Andrade Júnior - Designer Gráfico/Ilustrador
Ceslau Tomczyk Neto – Ilustrador
Dyego Marçal – Diagramador 
Márcia Zan Vieira – Revisora
Rosecler Pistum Pasqualini - Revisora
Vera Marilha Florenzano – Revisora
Colaboradores Operacionais
Edson Luis Marchinski 
Maria Clareth Siqueira
CRÉDITOS
Universidade Estadual de Ponta Grossa
João Carlos Gomes
Reitor
Carlos Luciano Sant’ana Vargas
Vice-Reitor
Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processos Técnicos BICEN/UEPG.
ApRESENTAÇÃO INSTITuCIONAL
A Universidade Estadual de Ponta Grossa é uma instituição de ensino 
superior estadual, democrática, pública e gratuita, que tem por missão responder 
aos desafios contemporâneos, articulando o global com o local, a qualidade 
científica e tecnológica com a qualidade social e cumprindo, assim, o seu 
compromisso com a produção e difusão do conhecimento, com a educação dos 
cidadãos e com o progresso da coletividade. 
No contexto do ensino superior brasileiro, a UEPG se destaca tanto nas 
atividades de ensino, como na pesquisa e na extensão Seus cursos de graduação 
presenciais primam pela qualidade, como comprovam os resultados do ENADE, 
exame nacional que avalia o desempenho dos acadêmicos e a situa entre as 
melhores instituições do país. 
A trajetória de sucesso, iniciada há mais de 40 anos, permitiu que a UEPG 
se aventurasse também na educação a distância, modalidade implantada na 
instituição no ano de 2000 e que, crescendo rapidamente, vem conquistando 
uma posição de destaque no cenário nacional. 
Atualmente, a UEPG é parceira do MEC/CAPES/FNED na execução 
do programas Pró-Licenciatura e do Sistema Universidade Aberta do Brasil e 
atua em 38 polos de apoio presencial, ofertando, diversos cursos de graduação, 
extensão e pós-graduação a distância nos estados do Paraná, Santa Cantarina e 
São Paulo. 
Desse modo, a UEPG se coloca numa posição de vanguarda, assumindo 
uma proposta educacional democratizante e qualitativamente diferenciada e 
se afirmando definitivamente no domínio e disseminação das tecnologias da 
informação e da comunicação. 
Os nossos cursos e programas a distância apresentam a mesma carga 
horária e o mesmo currículo dos cursos presenciais, mas se utilizam de 
metodologias, mídias e materiais próprios da EaD que, além de serem mais 
flexíveis e facilitarem o aprendizado, permitem constante interação entre alunos, 
tutores, professores e coordenação.
Esperamos que você aproveite todos os recursos que oferecemos para 
promover a sua aprendizagem e que tenha muito sucesso no curso que está 
realizando.
A Coordenação 
SumÁRIO
PALAVRAS DAS PROFESSO ■ RAS 7
OBJETIVOS & EMENT ■ A 9
INTRODuzINDO A EDuCAÇÃO fíSICA ADApTADA 11
SEçãO ■ 1- CONCEitOS E DEFiNiçõES qUE O EDUCADOr FíSiCO 
DEvE SABEr 12
SEçãO ■ 2- AtiviDADE FíSiCA ADAPtADA ENqUANtO árEA DE 
AtUAçãO PrátiCA 23
SEçãO ■ 3- UMA ESPiADA NA hiStóriA 29
DESENvOLvImENTO mOTOR E DEfICIêNCIA: 
ADApTAÇÃO E NECESSIDADES DESDE A INfÂNCIA 39
SEç ■ ãO 1- DAS tENrAS iDADES 40
SEçãO ■ 2- DEFiCiêNCiA iNtELECtUAL 46
SEçãO ■ 3- AS PArALiSiAS CErEBrAiS 51
SEçãO ■ 4- DiStúrBiOS DE APrENDizAGEM 57
SEçãO ■ 5- DEFiCiêNCiAS SENSOriAiS 60
SEçãO ■ 6- trANStOrNO GLOBAL DO DESENvOLviMENtO (tGD) 70
A pRÁTICA pROfISSIONAL Em EDuCAÇÃO fíSICA 
ADApTADA: pRINCípIOS E ApLICAÇõES 75
SE ■ çãO 1- A EDUCAçãO FíSiCA ADAPtADA 76
SEçãO ■ 2- AtiviDADES DESENvOLviMENtiStAS 87
SEçãO ■ 3- O CUrríCULO 100
O ESpORTE COmO fERRAmENTA DE INCLuSÃO 
EDuCACIONAL 107
S ■ EçãO 1- BrEvE hiStóriCO SOBrE O ESPOrtE ADAPtADO 109
SEçãO ■ 2- ESPOrtE DE COMPEtiçãO vErSUS ESPOrtE DE PArtiCiPAçãO 118
SEçãO ■ 3- O PAPEL DO PrOFESSOr DE EDUCAçãO FíSiCA 
NO CONtExtO iNCLUSivO 134
PALAVRAS FINAI ■ S 141
REFERÊNCIA ■ S 143
NOTAS SOBRE AS AUTO ■ RAS 149
pALAvRAS DAS pROfESSORAS
Prezado acadêmico:
É com grande satisfação que apresentamos o livro da disciplina 
Fundamentos da Educação Física Adaptada. Este material lhe auxiliará 
a refletir sobre os conceitos teórico-práticos dos conteúdos que atendem 
as aulas de educação física tendo ou não a presença de deficientes. Ao 
final desta disciplina, o acadêmico deverá ser capaz de compreender 
as informações referentes aos conceitos e definições da educação física 
adaptada. Em um momento onde a inclusão está presente no ambiente 
escolar, é importante que o professor saiba analisar a estrutura de 
programas e currículos de educação física adaptada e adaptá-los conforme 
a idade e nível escolar dos alunos.
Para que o professor possa aplicar uma prática eficiente em suas 
aulas, é necessário que ele consiga distinguir as necessidades específicas 
dos diferentes tipos de deficiências e saiba reconhecer fundamentos 
essenciais do desenvolvimento da criança. Além disso, é imprescindível 
ele saber elaborar um currículo que tenha uma justificativa clara e seja 
realista em sua operacionalização no contexto inclusivo, tanto no formato 
prático, elaboração de planos de aulas e sua execução. Outro aspecto 
importante é que o professor de educação física tem a oportunidade 
de trabalhar as diferenças existentes entre o esporte de competição e o 
esporte de participação para deficientes.
Muitos estudos valorizam o papel que o professor de educação 
física tem na inclusão da criança com deficiência na escola, uma vez que 
a disciplina favorece uma interação plena entre todos os alunos. Dessa 
forma, desejamos que o conteúdo apresentado nesse livro atenda às suas 
necessidades acadêmicas e o prepare de forma competente para a sua 
futura profissão. 
Caro acadêmico do Curso de Graduação de Licenciatura em 
Educação Física à distância, tenha bom proveito em seus estudos.
Eliane Mauerberg-deCastro
Carolina Paioli tavares
OBJETIvOS & EmENTA
ObjetivOs
Compreender as informações referentes aos conceitos e definições de ■
educação física adaptada;
Distinguir as competências do educador físico que oferece serviços na ■
escola como educador e em outras áreas, principalmente associadas com a 
reabilitação, em outros ambientes de atuação profissional;
Distinguir as necessidades especiais dos diferentes tipos de deficiência e ■
reconhecer fundamentos essenciais do desenvolvimento aplicáveis tanto aos 
alunos com ou sem deficiência; 
Saber elaborar críticas sobre o movimento da inclusão na escola e na ■
sociedade, segundo princípios de direitos fundamentais; 
Elaborar currículos que atendam desde a sua justificativa até a operaciona- ■
lização no contexto inclusivo, e aplicá-los, em formato prático, elaborando 
planos de aula e executando-os. 
Compreender as informações referentes ao histórico do esporte adaptado no ■
Brasil e no mundo; 
Reconhecer o papel do professor de educação física na inclusão da criança■
com deficiência nas aulas.
ementa
Fundamentos da Educação Física Adaptada - 68 horas
Estudo das diversas categorias de deficiência e suas especificidades. ■
Abordagens de propostas metodológicas de atendimento educacional ao 
aluno com necessidade especial. Tendências pedagógicas atuais, identifi-
cando as possibilidades interdisciplinares da educação física no ensino es-
pecial. Emprego de materiais e equipamentos adaptados. Adaptação de 
atividades físicas e recreativas para alunos com necessidades especiais. 
Aulas teóricas e práticas com ênfase ao desenvolvimento de atividades 
integradoras e inclusivas.
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UNIDADE 1
Introduzindo a Educação
física Adaptada
ELIANE MAUERBERG-dECASTRO
CAROLINA PAIOLI TAVARES
ObjetivOs De aPRenDiZaGem
O acadêmico deverá ser capaz de: 
Compreender as informações referentes aos conceitos e definições de ■
 educação física adaptada;
Distinguir as competências do educador físico que oferece serviços na ■
escola como educador e em outras áreas, principalmente associadas com 
a reabilitação, em outros ambientes de atuação profissional;
Reconhecer dados históricos e períodos que marcaram mudanças na ■
 atuação do educador físico na área.
ROteiRO De estUDOs
SEçãO ■ 1: Conceitos e definição que o educador físico deve saber 
SEçãO ■ 2: Atividade física adaptada enquanto área de atuação
SEçãO ■ 3: Uma espiada na história
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UNIDADE 1
pARA INíCIO DE CONvERSA
Aqui iniciamos nossa trilha em busca de competências básicas 
na educação física adaptada. você será exposto aos conceitos básicos 
que reforçam a atuação do educador físico como importante elo na 
educação, na facilitação ao desenvolvimento e na reabilitação. As áreas 
de inadaptação são apresentadas em diferentes formatos por influência 
de diversos autores, assim como a própria estrutura da literatura didática 
à disposição dos acadêmicos difere segundo as influências clínicas e 
influências pedagógicas. você vai perceber que a terminologia utilizada 
em educação física adaptada é mais específica, portanto, procure aprender 
os principais conceitos e definições da disciplina; Aprenda mais sobre 
as principais áreas de atuação do profissional e quais tipos de serviço 
ela pode oferecer. Embora as páginas a seguir contenham conceitos e 
informações essenciais para a capacitação do educador físico em nível de 
graduação, nós recomendamos que você não pare por aqui. 
SEÇÃO 1
CONCEITOS E DEfINIÇõES quE O 
EDuCADOR fíSICO DEvE SABER
“Uma aula carregada de conteúdo”
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UNIDADE 1
toda disciplina demanda do aluno entender os conceitos ou 
princípios básicos da área da especialidade. Na área de atividade física 
adaptada ou educação física adaptada não é diferente. Mas vamos 
começar pelas definições gerais da educação física. Educadores físicos 
são especialistas sobre o corpo que se movimenta. Esta especialidade 
cobre todos os assuntos sobre o corpo ou o movimento? Obviamente que 
não. Antes de qualquer coisa, temos de ter em mente quais os contextos 
nos quais o educador físico atua. Por exemplo, a tradição do ensino e do 
treinamento nos esportes começou praticamente junto com a implantação 
da profissão de educação física. 
Onde nos encontramos dentro da educação física?
As primeiras manifestações organizadas de jogos devemos aos 
gregos dos séculos 600-700 A. C. Mas vamos dar um pulo na história e ir 
ao que interessa. De acordo com Gamez (2009), Johann Friedrich Simon, 
alemão, foi o primeiro professor de educação física da era moderna que 
se tem notícia no mundo. Ele trabalhou em meados de 1700, com ensino 
de esportes e treinamento físico na Alemanha. Na Dinamarca, no século 
19, foi implantado o primeiro currículo de educação física e, junto às suas 
atividades, estava o esporte. Mas hoje, sabemos que educação física não 
inclui apenas o contexto do esporte. 
Existem diversas temáticas e contextos de interesse do educador 
físico, mas o ponto comum ainda é o corpo em movimento. temos, de fato, 
uma ciência da motricidade humana. Mas ao final das contas, educação 
física significa educar alguém sobre o que o corpo pode fazer; significa 
facilitar o desenvolvimento motor; significa ensinar novos movimentos; e 
significa ajudar a reabilitar movimentos e a saúde. Então, educação física 
caracteriza algo físico (quadro i).
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UNIDADE 1
Quadro I – Áreas de atividade física desenvolvidas na educação física, 
o que estudam e seus contextos.
Área de 
atividade
O que estuda? Contexto
Esporte
Formaliza o conhecimento 
sobre as técnicas, táticas, 
regras e disseminação na 
sociedade e ao longo da 
história de esportes e jogos.
Jogos e modalidades 
esportivas individuais ou 
coletivas, tanto de natureza 
Olímpica como não 
Olímpicas.
Aptidão física 
e exercício
Estuda o esforço e 
as adaptações que o 
corpo sofre enquanto 
impõe cargas variadas 
de demandas ao gasto 
energético durante o 
exercício.
Foca no exercício em si 
enquanto ferramenta a 
serviço da saúde. Para 
propósito de avaliação, 
dividimos a aptidão 
física em subáreas 
como: resistência 
cardiovascular, muscular, 
força, flexibilidade, estado 
nutricional. 
Dança
É uma área que foca 
nos estilos, técnicas e 
estratégias criativas 
envolvidas na dança. 
Pode incluir o ensino, a 
coreografia, a expressão 
artística, o registro ou 
notações, e até mesmo 
regras (caso das danças 
enquanto modalidades 
esportivas). Certamente a 
dança evoca o estudo dos 
aspectos socioculturais.
temos o formato da 
dança acadêmica (ex. 
Balé, dança moderna, 
danças folclóricas), da 
dança não-acadêmica 
(dança educacional, dança 
natural, entre outras 
formas livres de integração 
do movimento dançado 
com ou sem música), e as 
danças organizadas em 
formato esportivo (dança 
de salão, ginástica rítmica 
desportiva).
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UNIDADE 1
Lazer e 
recreação
Aborda a natureza do 
brincar e se divertir do ser 
humano. O mundo moderno 
e as demandas do trabalho 
levaram à necessidade 
de compreender melhor 
a importância do lazer e 
das atividades recreativas, 
tanto no tempo livre como 
integradas ao currículo 
escolar, a protocolos de 
reabilitação, e como suporte 
da qualidade de vida, para 
garantir o bem-estar.
hoje temos inúmeros 
contextos onde o lazer e a 
recreação são desenvolvidos. 
Das áreas de lazer na escola, 
no clube, na comunidade, 
na natureza, até os hospitais 
e ambientes de trabalho. 
O homem e a mulher 
moderna precisam relaxar e 
se divertir. Estas áreas são 
bem reconhecidas por esses 
princípios. Mas também 
servem ao desenvolvimento 
integral do ser humano em 
qualquer idade, servem ao 
ensino, servem ao espírito.
Atividades 
psicomotoras
Baseadas na disciplina 
psicomotricidade que 
estuda o homem e suas 
relações com o corpo 
em termos expressivos, 
simbólicos/conceituais e 
funcionais. Suas bases 
teóricas vieram da 
psicologia, psicanálise, 
sociologia, linguística e da 
biologia. 
inclui uma diversidade de 
atividades estruturadas com 
metas no desenvolvimento 
emocional, aprendizagem, 
e a reabilitação 
neuromotora. inclui 
exercício, jogos e atividades 
desenvolvimentistas 
baseadas na imaginação, 
no entendimento da 
realidade, na funcionalidade 
neuropsicológica, na 
oportunidade social.
Atividades 
motoras 
alternativas
Baseadas numa ampla 
variedade de abordagens 
holísticas que resgatam 
o papel do corpo como 
um todo; são abordagens 
centradas na emoção, na 
diversão, na disciplina, 
no autoconhecimento, 
na espiritualidade. São 
atividades focadas na saúde 
e no bem-estar.
Mauerberg-deCastro 
(2011) separa as atividades 
motorasalternativas pelo 
tipo de contato: contato 
direto e consciente com o 
corpo (ex. massagens e os 
exercícios como ioga, tai 
Chi Chuan, dança); contato 
mental (meditação, preces, 
reiki); contato perceptivo 
(i.e., música, aromas, cores) 
e suas mensagens (i.e., 
cômicas, canto); hábitos de 
lazer (i.e., passatempos); e 
o contato mediado por seres 
de outras espécies (i.e., 
cachorros, cavalos). 
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UNIDADE 1
Atividades de 
reabilitação 
motora e física
Estuda aspectos do 
movimento e do corpo 
alterados por condições 
de deficiências, e define 
estratégias de intervenção 
com o objetivo de melhorar 
a funcionalidade e 
promover adaptações. 
requer a integração de 
esforços de profissionais 
da saúde como o educador 
físico, fisioterapeuta, 
e outros. Aqui entra o 
profissional da atividade 
física. 
Essas atividades podem ser 
oferecidas individualmente 
ou em grupo. independente 
disso, os profissionais devem 
levar em consideração as 
diferenças individuais e 
preparar programas para 
grupos heterogêneos. Esse 
contexto envolve atividades 
desenvolvimentistas, jogos 
e esportes, atividades 
aquáticas, dança, recreação 
e lazer, atividades 
alternativas, ou programas 
de exercício com o objetivo 
de melhora da aptidão. 
A peculiaridade dessas 
atividades é acompanhar 
seus efeitos sobre o 
processo de reabilitação 
ou recuperação de 
alguma função orgânica 
comprometida.
Definindo o termo “atividade física adaptada”
Atividade física adaptada é o termo moderno que resume o que 
os educadores físicos vêm fazendo desde meados do século passado. 
Num contexto influenciado pelo modelo médico, educadores físicos 
ofereceram exercícios, atividades físicas e esportes para uma variedade 
de participantes com deficiência ou outra condição de inadaptação com 
o objetivo de remediar problemas. Muito tempo depois, por volta dos 
anos 70, um modelo educacional começou a ser advogado, inicialmente 
na escola e posteriormente lado a lado com líderes dos movimentos das 
pessoas com deficiência. A atividade física adaptada expandiu seu próprio 
significado focando menos nas dificuldades, no que faltava ao indivíduo, 
e focando mais no potencial do corpo e a funcionalidade do movimento. 
hoje, os profissionais envolvidos nessa área oferecem serviços que 
promovem saúde, estilo de vida ativo, inclusão e reabilitam funções.
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UNIDADE 1
O modelo médico influenciou e influencia até hoje todas as profissões 
associadas com assistência, intervenção e saúde em geral (MAUERBERG-
deCASTRO, 2011). Hardman, Drew e Egan (1999) afirmam que o modelo 
médico tem a dimensão da normalidade e a dimensão da patologia. 
Normalidade é a ausência de doença, enquanto patologia é definida como 
alterações resultantes de doenças e de danos à integridade do organismo. 
No modelo médico: sintomas, características de anormalidade, defeitos, entre 
outros são critérios usados para facilitar diagnósticos, prescrições e correções 
das condições atípicas.
como você aplicaria o modelo médico ao descrever uma criança com síndrome 
de Down?
_____________________________________________________________
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_____________________________________________________________
“Dando um chute no conceito de “defeito.” “
(Foto: E. Mauerberg-deCastro)
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UNIDADE 1
Então, modelo médico é o que define a atuação de nossos médicos? 
Mais ou menos. Objetivamente, o modelo médico resulta do 
delineamento do problema a partir de fronteiras anatômicas, etiologia, 
funções fisiológicas, numa visão linear e de categorização. Na realidade, 
o modelo médico é uma simplificação técnica sobre a falta de saúde. As 
concepções de doença e de desordens geralmente são entendidas num 
contexto psicobiológico. Portanto, é uma abordagem neutra. Pelo menos 
deveria ser. Mas a sociedade e suas instituições (até mesmo as médicas) 
são vulneráveis a influências socioculturais. Por isso, muitos diagnósticos 
clínicos são emparelhados com estigmas. quando uma criança é 
diagnosticada com distúrbio de aprendizagem, o mérito da identificação 
do problema de aprendizagem é providenciar alternativas metodológicas 
no ensino para esta criança. Mas, na realidade, não é só o diagnóstico 
que a família e a criança recebem. Junto irá o estigma da diferença. E, 
lamentavelmente, este associará uma história nova na vida da criança, tanto 
com a família, como a escola e seus membros, especialmente os pares. 
Assim, outra maneira de encarar as condições de doença e 
inadaptação é observarmos o contexto social e a história pessoal do 
indivíduo sob intervenção. Por exemplo, as atitudes e os esforços contínuos 
de adaptação permitem a construção e preservação da identidade e, 
ao mesmo tempo, permitem resistir às tensões do vínculo social. Na 
educação, rótulos como “especial,” “excepcional”, “deficiência” e 
“incapacidade” delineiam a identidade de indivíduos que recebem 
instrução especializada (hArDMAN, DrEW & EGAN, 1999). Mas 
como no campo da saúde, da educação, e outros (trabalho, comunidade, 
família), o rótulo impregna estigma social negativo e resulta nos atos 
preconceituosos e de discriminação. Muitos de nós temos dificuldades 
em corrigir nossas percepções sobre o desconhecido e, da mesma forma, 
aquelas pessoas que expressam preconceito discriminando alguém ou 
algum grupo, geralmente emparelham a noção de desvio e assuntos de 
moralidade. Por exemplo, não é incomum, segundo Mauerberg-deCastro 
(2011), que as pessoas emparelhem doença mental com criminalidade, 
alcoolismo com vadiagem, homossexualismo com pedofilia, pobreza 
com marginalidade, e a lista pode ir longe. De qualquer maneira, a 
sociedade tem seus mecanismos de opressão e repressão contra minorias 
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UNIDADE 1
– entenda-se minoria no sentido de ser destituída de poder, liberdade, 
reconhecimento de direitos, acesso a oportunidades, e assim por diante: 
raça (p. ex., negros, índios, judeus, etc.), sexo (mulheres), orientação 
sexual (gays, lésbicas, transexuais), idade (idosos), poder econômico 
(pobreza), religião, nacionalidade, beleza (estética), magreza, habilidade 
(presença de uma deficiência), saúde (AiDS), etc.
Quando criança, na sua escola, quais os rótulos negativos que costumava 
ouvir? Quem eram as pessoas que recebiam esses rótulos?
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
hoje, o estereótipo sobre “aquele que precisa de ajuda” (LEStEr, 
1996) deu lugar ao conceito “Nada sobre a gente sem a gente,” ou 
“Nothing About us Without us.” O conceito originou no início dos anos de 
1990, dentro do movimento político entre ativistas com deficiência. James 
Charlton, escritor do livro “Nothing About Us Without Us”, relata ter 
ouvido o termo em uma conferência dos sul-africanos Michael Masutha 
e William rowland. Em 1998, Charlton usou o termo como título do seu 
livro sobre direitos dos deficientes (MAUErBErG-deCAStrO, 2011).
Área de conhecimento
Área de conhecimento significa aquilo que oferece o embasamento 
teórico na disciplina. No Brasil, os anos de 1980 marcaram mudanças 
no currículo da educação física no aspecto do seu conteúdo científico e 
suas teorias. Disciplinas como a psicologia, biologia, sociologia e outras 
emprestaram conceitos para a formação dos educadores físicos. Foi o 
período da multidisciplinaridade da educação física. Foram nos anos 
de 1990, entretanto, que a educação física ganhou expressão enquanto 
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disciplina acadêmica nasnovas estruturas curriculares nas universidades 
brasileiras. Novas áreas de estudo surgiram como a aprendizagem e o 
desenvolvimento motor, a biomecânica e o controle motor, a fisiologia do 
exercício, a psicologia do esporte, entre tantas outras que hoje definem o 
currículo de formação do professor de educação física. A educação física 
adaptada, ou atividade física adaptada, é uma entre as novas áreas de 
especialidade.
De acordo com Mauerberg-deCastro (2011), 
“conceitualmente, o objetivo da atividade física 
adaptada é integrar e aplicar fundamentos teórico-
práticos das várias disciplinas da motricidade 
humana e áreas vizinhas da saúde e da educação 
em diferentes programas educacionais e de 
reabilitação para indivíduos de todas as faixas 
etárias que não se ajustam total ou parcialmente às 
demandas das instituições sociais (família, escola, 
trabalho e comunidade em geral). Em termos 
práticos, atividade física adaptada é um programa 
diversificado de atividades desenvolvimentistas, 
aquáticas, rítmicas e expressivas, de jogos e de 
esportes cuja organização baseia-se em interesses 
e capacidades de indivíduos com deficiências ou 
com necessidades especiais (p. 31-32).” 
Com uma fundamentação teórica multi e interdisciplinar, hoje a 
área de atividade física adaptada dá forma às competências profissionais 
do futuro educador. Na escola, na comunidade, nas instituições e na 
prestação de serviços, o educador físico, com esta especialidade, vem 
atendendo as necessidades educacionais especiais e a reabilitação de 
grupos com inúmeras condições de deficiência ou problemas de saúde. O 
quadro abaixo resume alguns desses grupos e as suas necessidades.
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Área de inadaptação e contexto 
da intervenção
Deficiência, desordem ou 
necessidade especial
Grupos com deficiência 
incluem indivíduos que foram 
afetados significativamente 
por agentes etiológicos em seu 
esperado potencial adaptativo e 
evolutivo. Danos permanentes, 
de natureza progressiva ou não, 
em algum ponto precoce do 
desenvolvimento resultaram em 
consequências físicas, motoras, 
intelectuais ou emocionais ou na 
combinação destas.
Deficiência intelectual, 
desordens sensoriais e 
psicomotoras, distúrbios de 
aprendizagem, distúrbios 
emocionais ou comportamentais; 
deficiências neuromotoras 
(paralisia cerebral, esclerose 
múltipla, distrofias e atrofias, 
entre outras); acidentes 
cromossômicos (síndrome de 
Down); surdez, deficiência 
visual, autismo; amputações 
e malformações congênitas 
(espinha bífida, artrogripose, 
etc.); lesões medulares 
(tetraplegia, paraplegia). 
Grupos com necessidades 
especiais podem incluir os 
primeiros, mas geralmente assim 
são definidos em função de como 
o contexto ambiental em que se 
encontram deve ser manipulado 
ou adaptado. Por exemplo, na 
escola, crianças de risco ou 
com deficiências permanentes 
são enquadradas como grupos 
com necessidades educacionais 
especiais. 
Distúrbios de aprendizagem, 
transtorno globais do 
comportamento, desnutrição, 
vítimas de fatores tóxicos (álcool, 
radiações, contaminação), 
problemas de ajuste social 
(delinquência juvenil, criminosos 
adultos, dependência de drogas, 
alcoolismo).
Quadro II - Área de inadaptação e contexto da intervenção e correspondente 
classe de deficiência, desordem ou necessidade especial.
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Necessidades especiais podem 
incluir pessoas com condições 
de saúde que requerem serviços 
específicos de atendimento 
numa área particular da saúde, 
como na presença de problemas 
emocionais ou problemas de 
saúde (congênito ou adquirido). 
tais serviços têm metas na 
reabilitação ou têm suporte 
complementar a protocolos de 
atendimento em outras áreas da 
saúde. 
Distúrbios psiquiátricos no adulto 
(neurose de angústia, depressão, 
neurose obsessivo-compulsiva, 
síndrome do pânico, crises de 
ansiedade, psicose maníaco-
depressiva, esquizofrenia, 
entre outras formas clínicas); 
problemas de deterioração 
da saúde e na terceira idade 
(doença de Parkinson, coreia 
de huntington, doença de 
Alzheimer, outras demências 
senis); desordens alimentares e 
de imagem corporal (anorexia, 
bulimia, vigorexia), obesidade; 
traumas ou danos transitórios 
à saúde (por exemplo, câncer, 
fraturas, episódios convulsivos), 
doença arterial coronariana, 
hipertensão, asma, bronquites e 
enfisemas, diabetes, hemofilia, 
câncer, AiDS, tuberculose.
Necessidades especiais de grupos 
não afetados por processos 
inadaptativos. Nesse último caso, 
embora prescrições específicas 
de serviços sejam necessárias, 
tipicamente não há prescrição 
de serviços da atividade física 
adaptada, porque esses grupos 
não evocam necessidades na 
reabilitação. Se esses, entretanto, 
tornam-se elegíveis para 
reabilitação, é por causa de outros 
fatores que foram associados à 
sua condição.
Mulheres grávidas, idosos e 
superdotados intelectualmente 
ou noutra habilidade.
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SEÇÃO 2
ATIvIDADE fíSICA ADApTADA ENquANTO 
ÁREA DE ATuAÇÃO pRÁTICA
No dia a dia da prática do educador físico, encontramos bons e 
maus alunos, tenham ou não deficiência. Esta caracterização refere-
se, frequentemente, ao comportamento e à disciplina. Existem também 
alunos, atletas, clientes, pacientes que, independentemente do grau 
de comprometimento, mostram expectativas negativas sobre si, suas 
condições e, obviamente, em relação ao resultado de uma intervenção. 
quase sempre essas condições atitudinais — sejam elas de desafios de 
oposição a autoridades e regras, ou de procrastinação e pessimismo — 
causam no professor ou prestador de serviços uma sensação de limitação 
na competência profissional. Por exemplo, muitos colegas desistem de 
ensinar uma classe quando confrontados por acesso de raiva ou recusa em 
participar, de um ou dois alunos. Outros desistem porque não conseguem 
reconhecer resultados de seus esforços com os alunos. Não é incomum 
que um educador físico perceba-se ineficiente quando um aluno com 
uma condição de deficiência como distrofia muscular não modifica seus 
níveis de aptidão física após um período de intervenção. Este professor 
“Prepare-se para praticar educação física. Atenção... Já!” 
(Foto: E. Mauerberg-deCastro)
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esquece-se que, para muitos, manter um nível de desempenho já é um 
progresso, visto que certos grupos são mais vulneráveis a aceleração de 
declínios. 
Sabemos que as competências do professor de educação física 
adaptada incluem dominar uma série de fundamentos e técnicas na 
área. Porém, entre as suas competências essenciais estão habilidades de 
promover diversão no aprender, do transformar, do evoluir com o outro. 
Esta constatação evolui da experiência em encarar desafios. 
Como os esforços terapêuticos do educador físico são direcionados a 
grupos, respeitadas as diferenças individuais, um fator limitante pode ser 
o tamanho desse grupo, assim como a diversidade de suas necessidades. 
Por exemplo, não existe um currículo escolar para uma e outra condição 
de deficiência. indivíduos de qualquer idade são encaminhados conforme 
seu potencial escolar e adaptativo, suas possibilidades econômicas e 
o centro de seus interesses pessoais. Portanto, os serviços de atividade 
física adaptada não são organizados por área de deficiência. 
Então, como são organizados esses serviços?
Serviços Ferramentas Atuação
- Planejamento 
- Diagnóstico, 
prescrição e 
encaminhamento 
- Ensino 
- Aconselhamento 
- reabilitação 
- treinamento em 
esportes ou em outra 
área (ex. dança; 
acrobacia)
- Avaliação 
- Atividades 
desenvolvimentistas ou 
psicomotoras
- Atividades aquáticas
- Atividades de dança 
- Atividades esportivas
- Atividadesde lazer e 
recreação 
- Ambiente escolar com 
grupos heterogêneos 
(uso de tutores)
- Ambiente clínico 
integrado com outros 
profissionais da saúde 
(fisioterapeutas, 
nutricionistas, médicos, 
etc.); podem ser 
clínicas privadas ou 
setores governamentais 
de atendimento social à 
saúde, instituições.
Quadro III – Serviços, ferramentas e atuação do educador físico.
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- Coordenação de 
serviços oferecidos 
entre diferentes 
profissionais
- Militância, 
administração e 
organização de 
programas
- Design instrucional, 
de tecnologia e de 
planejamento 
- Consultoria e 
capacitação de pessoal 
- Atividades alternativas 
(massagem, terapia/
atividade com animais, 
ioga, etc.).
- Atividades na natureza 
- Atividade física 
individualizada
- Ambiente esportivo 
(escola, clubes, 
prefeituras, centros 
de convivência e 
equipes de treinamento 
permanente); pode 
incluir desde o esporte 
de participação, 
educacional e de alto 
rendimento.
- Comunidade 
(parques, serviços de 
saúde em academias, 
clubes).
- Ambiente natural 
(parques, florestas, 
resorts, trilhas).
segundo o quadro acima, com quais dos serviços você se identifica mais, e 
quais seriam suas áreas de atuação?
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_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
“Pessoal! Hoje estou me identificando com a ideia 
de deixar ninguém ficar parado.” 
(Foto: E. Mauerberg-deCastro)
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Você sabia?
A organização dos assuntos na área de atividade 
física adaptada varia bastante e segue predominantemente 
um modelo médico. Mas a literatura atual já tende a 
incorporar áreas da Ciência da Motricidade. O quadro 
abaixo reúne as diversas tendências encontradas em 
livros didáticos de educação física adaptada ou atividade 
física adaptada.
Quadro IV – Tendências da organização dos livros didáticos quanto ao assunto, 
fundamentos ou tópicos em educação física adaptada. 
Assuntos 
segundo 
à área de 
deficiência
Fundamentos 
teóricos e áreas 
da motricidade 
humana
Tópicos do livro-texto 
de Claudine Sherrill, 
Adapted Physical 
Activity, 
Recreation, and Sport. 
Crossdisciplinary and 
Lifespan
Tópicos do livro-
texto de Eliane 
Mauerberg-
deCastro, Atividade 
Física Adaptada
- Deficiência 
intelectual
- Desordens 
sensoriais e 
psicomotoras
- Distúrbios de 
aprendizagem
- Distúrbios 
emocionais ou 
comportamentais
- Deficiências 
físicas ou 
ortopédicas
- Doenças 
degenerativas 
progressivas do 
SNC
- Desordens 
neuromusculares 
e do SN
- Problemas de 
deterioração 
da saúde e da 
terceira idade
- Desenvolvimento 
humano 
- Comportamento 
motor 
- Ciências do 
exercício
- Medidas e testes 
- Avaliação de 
programas e 
alunos 
- Atributos 
específicos de 
aprendizagem 
- teoria e 
desenvolvimento 
de currículo 
- Militância por 
direitos civis
- Ética 
- história e 
filosofia 
- Comunicação e 
administração 
Fundamentos 
- Diferenças individuais 
com ênfase no esporte
- Estilo de vida saudável 
e ativo para todos os 
aspectos filosóficos
- Celebrando diferenças, 
planejando experiências 
práticas e conquistando 
a inclusão
- Equipe, comunicações 
e criatividade
- Adaptação, militância 
e legislação
- Planejamento curricular 
e guia de avaliação com 
mudanças nas atitudes
- Avaliação, educação 
física individualizada 
e planejamento de 
encaminhamento
- Ensino e consultoria
Avaliação e pedagogia 
para metas específicas
- Autoconceito, 
motivação e bem-estar
Cross-disciplinaridade,
 bases históricas, 
sociais e políticas.
- A disciplina atividade 
física adaptada.
- história da atividade 
física adaptada e es-
portes.
- Estereótipos e 
deficiência: mídia 
e a cultura da perfeição.
Contextos biológico, 
social e cultural 
do indivíduo com 
deficiência.
- Ao longo do ciclo vital.
- Desenvolvimento 
motor: teorias sobre 
a criança e os 
atrasos nas funções 
adaptativas.
- Cegueira, 
surdo-cegueira, 
distúrbios de 
aprendizagem e 
deficiência intelectual. 
Características clínicas, 
comportamentais 
e educacionais.
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- inclusão, competência 
social e mudanças de atitudes
- Aprendizagem 
sensório-motora 
de deficiências severas
- Padrões e habilidades motoras
- Aprendizagem 
perceptivo-motora
- Aptidão física e 
estilo de vida saudável
- Posturas, aparência e 
desequilíbrio muscular
Avaliação e pedagogia 
para metas específicas
- Esportes de recreação 
e competição: 
socialização, instrução 
e transição
- Dança adaptada, 
dança terapia e relaxamento
- Atividades aquáticas adaptadas
Diferenças individuais
- Lactentes, crianças pequenas
- Outras condições de 
deterioração da saúde
- Distúrbios de 
aprendizagem, 
desordem de 
hiperatividade e 
déficit de atenção e 
distúrbio do desenvolvimento 
da coordenação
- Deficiência 
intelectual, Olimpíadas 
Especiais e iNAS-FiD 
(The International Federation of 
Sports for Persons with 
Intellectual Disability)
- Distúrbios emocionais 
graves e autismo
- Esportes em cadeira 
de rodas e deficiências 
ortopédicas
- Condições les autres e 
amputações 
- Paralisia cerebral, 
acidente cérebro vascular 
e lesões cerebrais
- Condições de surdez e 
deficiência auditiva
- Cegueira e 
deficiência visual
- Envelhecimento 
e deficiência
- Distúrbios 
comportamentais e 
psiquiátricos no adulto e 
na criança. 
Degenerações e lesões 
cerebrais.
- Linguagem, 
comunicação e 
expressão. Perdas 
sensoriais e distúrbios 
da percepção
- Aspectos clínicos da 
lesão medular e 
amputação
Métodos pedagógicos e 
abordagens terapêuti-
cas na atividade física 
adaptada e no esporte
- Organizando a 
atividade física 
adaptada: programas e 
metas
- Organizando o 
brinquedo, o jogo e a 
atividade física: 
do valor didático ao 
terapêutico
- Dança adaptada
- Atividades aquáticas 
adaptadas 
- Exercício, saúde e 
bem-estar
- Atividade física 
adaptada na escola 
inclusiva
- Esporte para 
deficientes: do alto 
rendimento ao esporte 
de participação
- Esportes, atividades na 
natureza e as pessoas 
com deficiências
- Formas alternativas de 
intervenção
- Medidas e avaliação 
em atividade física 
adaptada
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No Brasil, a introdução dos conteúdos da atividade física adaptada 
no currículo da educação física ocorreu em 1987, através da publicação 
do currículo mínimo de educação física — especificamente a resolução 
nº 3/87 do Conselho Federal de Educação. Em seu parágrafo iv do artigo 
vi, a resolução discorre sobre a necessidade da atuação do professor de 
educação física com o indivíduo com deficiências através da educação 
física especial (BrASiL, 1987). 
Em 1994, quando foi criada a Sociedade Brasileira de Atividade 
Motora Adaptada (Sobama), o consenso sobre o conteúdo mínimo na 
educação física foi de que deveria abranger quatro áreas de deficiências: 
mental, física, comportamental e sensorial. Esta tendência de divisão 
por área de deficiência, popularizada virtualmente em quase todos os 
programas de atividade física adaptada e livros-textos, reflete uma 
herança do modelo médico (MAUErBErG-deCAStrO, 2002).
“Olha a herança do modelo médico indo “por água abaixo.” ” 
(Foto: D. F. Campbell)
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SEÇÃO 3
umA ESpIADA NA hISTóRIA
Durante os séculos 16 e 17, pessoas com distúrbios psiquiátricos ou 
qualquer outra condição de deficiência ou doença foram encarceradas 
em instituições hospitalares, hospícios e mesmo prisões. A exclusão, 
em nome do encaminhamento para tratamento, foi uma estratégia para 
esconder qualquer tipo de diferença. O longo processode invisibilidade 
de muitas condições de deficiência ou atípicas do desenvolvimento 
levou a sociedade a construir mais estereótipos e reforçar o medo do 
desconhecido. Foram séculos de privação e violação da liberdade e, em 
muitos casos, da própria vida. Nas instituições, todo tipo de atendimento 
ou tratamento foi centrado em controle e restrição dos sintomas ou da 
expressão da deficiência. tentativas de educar pessoas institucionalizadas 
foram raras.
O modelo psiquiátrico também promoveu o tratamento de crianças 
com atraso no desenvolvimento (i.e., deficiência intelectual, paralisia 
cerebral, outras). A institucionalização dessas crianças arrastou-se até 
o início do século 20 quando, nos Estados Unidos, pais inspirados nos 
movimentos civis (negros, feminismo) levaram o governo americano aos 
tribunais e o forçaram a criar leis educacionais. Segundo Mauerberg-
deCastro (2011), este foi o marco da instalação da educação especial, 
muito embora, o modelo de segregação continue até hoje em muitas 
partes do mundo industrializado.
Na área de educação física adaptada, o marco do seu surgimento na 
América do Norte foi durante uma reunião anual da American Alliance for 
Health Physical Education, Recreation and Dance (AAhPErD), em 1905, 
quando a baronesa rose Posse instalou uma divisão de terapia, marcando 
o início da profissão em atividade física adaptada. O quadro v resume 
aspectos históricos da área de atividade física adaptada.
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Período O que aconteceu
Antes de 
1900
visão do exercício como meio de remediar dificuldades; 
corrigir problemas. Médicos escreveram os livros sobre 
exercícios corretivos e foram amplamente usados pelos 
educadores físicos.
De 1900 a 
1950
É o período de transição da orientação médica para a 
orientação esportiva. A valorização e introdução do esporte 
na cultura americana, por causa do retorno de veteranos 
de guerra, mudaram o ambiente do esporte. Em 1948, no 
hospital de Stoke Mandeville, na inglaterra, Sir Ludwig 
Guttman organizou competições esportivas com veteranos 
da Segunda Guerra Mundial com deficiências físicas. Foi o 
marco do uso do esporte como ferramenta de reabilitação.
Entre 1950 e 
1970
Desde a proposta pela AAhPErD sobre os princípios da 
educação física adaptada em 1952, e da terminologia 
“educação física adaptada” por hollis Francis Fait em 
1956, currículos nas universidades foram direcionados à 
especialização dos educadores físicos não só para o esporte 
para deficientes, mas atender a escola em parceria com a 
educação especial.
De 1970 aos 
dias atuais
inicia o uso do termo atividade física adaptada ao invés 
de educação física adaptada. Nos anos de 1970, inicia a 
rejeição do sistema de classificação médica adotado nos 
esportes com cadeiras de rodas (StrOhKENDL, 1996) e 
o marco da infusão da filosofia das Olimpíadas Especiais 
(criada em 1968) no cenário internacional como um 
modelo de programação esportiva contínua ao longo do 
ano para participantes com deficiência intelectual. Em 
1973, foi fundada a Federação internacional de Atividade 
Física Adaptada, no Canadá, que promove o International 
Symposium of Adapted Physical Activity (iSAPA). A cada 
dois anos, o iSAPA acontece nos mais diversos países do 
mundo. Em 2007, a 16ª edição do iSAPA foi hospedada em 
rio Claro, SP, Brasil.
Quadro V – Período histórico da atividade física adaptada.
Psicomotricidade
No Brasil, a psicomotricidade foi (e ainda é) uma área de 
especialidade promovida entre os profissionais da psicologia, pedagogos 
e educadores físicos interessados em reabilitar funções psicomotoras. 
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A literatura psicomotriz tornou-se muito popular na década de 80 
com inúmeras traduções de livros de autores franceses para a língua 
portuguesa (WErEBE & NADEL-BrULFErt, 1986; AJUriAGUErrA, 
1983; LAPiErrE & AUCOUtUriEr, 1984, 1985a, 1985b, 1985c, 1986; 
GUiLLArME, 1983; LEBOULCh, 1986; AiMArD, 1986, AJUriAGUErrA 
& MArCELLi, 1986; BArBizEt & DUizABO, 1985). Criada em 1950, no 
hospital de La Salpetriere em Paris, a psicomotricidade tem uma estrutura 
curricular baseada em abordagens clínicas dos distúrbios de adaptação 
do corpo, movimento e suas expressões comportamentais afetivas. Em 
síntese, a psicomotricidade estuda as relações do homem com o corpo. 
Baseada em conceitos da psicologia, psicanálise, sociologia, linguística e 
biologia, a terapia psicomotriz é um estímulo à expressão do corpo através 
do imaginário (BrUNELLE & BEAUChESNE, 1983).
Em educação física adaptada, até hoje conceitos psicomotores são 
populares na prática e na fundamentação teórica. Porém, a educação 
especial foi a área que mais ajustou as propostas psicomotoras em termos 
metodológicos. A área terapêutica é representada pelos fisioterapeutas, 
cinesioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e outros, que dão ênfase 
a uma psicomotricidade baseada na neurofisiologia e neuropsicologia 
(MAUErBErG-deCAStrO, 2011). 
“Vamos brincar de corpo imaginário, pessoal.” 
(Foto: D. F. Campbell)
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E a história no Brasil?
“É bem provável que a atividade física adaptada e o esporte para 
pessoas com deficiência estejam de ‘mãos dadas’ com a primeira geração 
de estudiosos, de profissionais e de militantes da área” (MAUErBErG-
deCAStrO, 2011, p. 68).
A história da educação física adaptada no Brasil é recente, omissa ou 
imprecisamente documentada. Uma parte dessas documentações refere-
se às poucas informações sobre o esporte e as suas instituições, atletas 
deficientes que se projetaram em competições internacionais Olímpicas 
e Paralímpicas. Ainda, referem-se aos projetos governamentais e de 
ensino superior em torno da capacitação, tanto no nível de graduação, 
especialização e pós-graduação, iniciados nos anos 80. Finalmente, 
temos as mudanças na legislação e movimentos militantes de líderes com 
deficiência que mudaram a cara da escola do século 21. No Brasil, foi 
inicialmente o movimento da integração (também dos anos 80) seguindo 
do movimento da inclusão escolar com o advento da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação (LDB) de 1996. 
O esporte para deficientes foi marcado pela fundação de dois clubes 
voltados para o esporte praticado por deficientes na década de 50. robson 
Almeida Sampaio, do rio de Janeiro, e Sérgio Serafim Del Grande, de São 
Paulo, ambos em 1958, fundaram, quase ao mesmo tempo, os primeiros 
clubes de esporte do gênero: o Clube do Otimismo no rio de Janeiro e 
o Clube dos Paraplégicos de São Paulo (CPSP). A partir daí, os marcos 
históricos resumem-se na criação das várias associações e organizações 
governamentais que regulamentam e promovem o esporte (quadro vi). 
No campo da educação e capacitação, os esforços iniciaram nos anos 
80 com os cursos de especialização em alguns centros universitários como 
a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Uberlândia 
(UFU), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Faculdades 
isoladas Castelo Branco. A Declaração de Salamanca (SALAMANCA 
- 1994), concluída em Assembleia Geral das Nações Unidas, trata dos 
princípios, da política e da prática na educação especial. A capacitação 
profissional do educador físico veio como uma necessidade mobilizada 
pelas novas leis como a LDB de 1996, e a pressão internacional por 
uma escola para todos através da Declaração de Salamanca de 1994. O 
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documento incluiu orientação para promover a igualdade de oportunidades 
para deficientes. Ao lado dos documentos da Convenção sobre os Direitos 
da Criança de 1988 e da Declaração Mundial sobre Educação para todos 
de 1990, tornou-se um dos mais importantes documentos internacionais 
sobre inclusãosocial e educação inclusiva.
Quadro VI – Marcos históricos do esporte e da educação 
física adaptada no Brasil.
Data Evento
1962
- Criação da Federação Nacional das Apaes (Fenapaes) que 
organiza o esporte dentro da Federação Nacional das Apaes. 
http://www.apaebrasil.org.br/ 
1969
- Primeira participação internacional brasileira de 
basquetebol sobre rodas durante a 2ª edição dos Jogos Pan-
Americanos, em Buenos Aires (Argentina).
1972
- Primeira participação brasileira em Jogos Paralímpicos 
na Alemanha. A modalidade foi a bocha, sem conquista de 
qualquer medalha.
1975
- Criação da Associação Nacional de Desporto para 
Deficientes que responde pelo esporte brasileiro para 
deficientes. Atende o esporte praticado pelos paralisados 
cerebrais e les autres (Ande). http://www.ande.org.br/ 
1977
- Criada a Associação Brasileira de 
Desporto para Cegos (ABDC).
http://www.lerparaver.com/node/8430 
1981
- Preocupado com a formação, especialmente por causa do 
Ano internacional das Pessoas Deficientes, o Ministério 
da Educação e Cultura publica o livro “Atividade Física 
para Deficiente”, seguido por “Educação Física para o 
Excepcional” em 1982.
1984
- Surge a Associação Brasileira de Desportos 
em Cadeira de rodas (Abradecar).
http://dawhois.com/site/abradecar.org.br.html
1987
- Fundada a Confederação Brasileira de Desporto para Surdos 
(CBDS). http://www.cbds.org.br/
- Publicação do Currículo Mínimo de Educação Física, com 
a resolução no. 3/87 do Conselho Federal de Educação que 
especifica uma disciplina sobre educação física especial. Foi o 
marco da formação profissional em atividade física adaptada.
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UNIDADE 1
1989
- Autorizada a Lei Federal nº 7.853 sobre os direitos das 
pessoas com deficiência, que deu instruções sobre apoios 
para a integração social.
1990
- Surge a Associação Brasileira de Desporto para Amputados 
(ABDA)
http://www.abddf.org.br/ e a Associação Olimpíadas 
Especiais – Brasil que anos mais tarde mudou para 
Federação da Special Olympics Brasil.
http://www.specialolympics.org.br/site
1994
- É implantado o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) para 
administrar o esporte para deficientes e atender ao Comitê 
Paralímpico internacional.
http://www.cpb.org.br/
- Aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDB), (Lei no. 9.394, de 20 de dezembro de 1996); 
no artigo 4, inciso iii afirma: “Do Direito à Educação e 
do Dever de Educar - O dever do Estado com a educação 
escolar pública será efetivado mediante a garantia de: 
atendimento educacional especializado gratuito aos 
educandos com necessidades especiais, preferencialmente 
na rede regular de ensino.”
- Fundada em 4 de dezembro de 1994 a Sociedade Brasileira 
de Atividade Motora Adaptada (Sobama).
Fonte: Araújo (1998); IPC (2010); Mauerberg-deCastro (2011).
“Vamos achar um time para jogar?” 
(Foto: E. Mauerberg-deCastro)
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UNIDADE 1
Brasil (2001). Plano Nacional de Educação. Lei no 10.172, de 9 de janeiro de 2001. 
[acesso em 10/01/2011; https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.
htm].
Esta unidade abordou conceitos ou princípios básicos da área de educação 
física adaptada e comparou com a educação física de maneira geral e todas as 
disciplinas que compõem esta profissão e área de conhecimento. Nós falamos 
da tradição do esporte, até as áreas curriculares que definem as competências 
profissionais e do professor de educação física. Nesta unidade, embora com críticas, 
o modelo médico foi apresentado como a principal influência na especialidade. Do 
trânsito deste modelo, estabelecemos a crítica e avançamos por temas modernos 
como saúde, estilo de vida ativo, inclusão e reabilitação através do esporte e atividade 
física. Falamos das atitudes e formação de estereótipos que, ao longo dos séculos, 
promoveram as diversas formas de discriminação. Introduzimos generalizações 
sobre as diversas áreas de inadaptação, serviços, ferramentas e áreas de atuação 
do educador físico. Por fim, apresentamos alguns dados históricos importantes que 
delinearam a existência dessa especialidade.
01) Qual o objetivo da atividade física adaptada? Descreva os serviços 
prestados pelos especialistas nesta área.
02) Quais os tópicos de interesse da educação física adaptada?
03) De que maneiras a discriminação pode ser expressa?
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CEDIPOD (2011). Portal da Cidadania da Pessoa com Deficiência [acesso: 
12/01/2011; http://www.cedipod.org.br/].
Grupo Gay da Bahia (2003). O crime anti-homessexual no Brasil [acesso em 
11/01/2011; http://www.ggb.org.br/crime.html].
Help guide (2007). Understanding Schizophrenia: A guide to the signs, symptoms, 
and causes [acesso em 20/01/2011; http://www.helpguide.org/mental/schizophrenia_
symptom.htm].
IBGE (2000). Censo Demográfico 2000 [acesso em 02/01/2011; http://www.cedipod.
org.br/Ibge1.htm].
UNESCO (2003) [acesso em 01/01/2011; http://www.unesco.org/pt/brasilia/social-
and-human-sciences/poverty-reduction/].
UNESCO (2010). Redução da Pobreza no Brasil. [acesso em 01/01/2011; http://
www.unesco.org/pt/brasilia/social-and-human-sciences/poverty-reduction/].
Wikipedia (2009b). “Nothing About Us Without Us” by James Charlton [acesso em 
26/10/2009; http://en.wikipedia.org/wiki/Nothing_About_Us_Without_Us, acesso em 
4/1/2011].
World Health Organization-WHO [acesso em 10/01/2011; http://www.who.int/en/]
Leitura Complementar
Livros-textos importantes publicados no Brasil
AJURIAGUERRA, J. Manual de Psiquiatria Infantil. São Paulo: 
Masson. (É um clássico e merece ser lido e consultado), 1983.
MAUERBERG-DECASTRO, E. Atividade Física Adaptada (2ª 
edição). Ribeirão Preto: Novo Conceito, 2011.
SHERRILL, C. Adapted Physical Activity, Recreation and Sport. 
Crossdisciplinary and Lifespan (6th Edition). Dubuque: McGraw-Hill, 
2004.
WINNICK, J. P. Educação física e esportes adaptados (3ª Ed.) 
São Paulo: Manole, 2004.
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UNIDADE 2
Desenvolvimento motor
e Deficiência: Adaptação
e Necessidades Desde a 
Infância
ObjetivOs De aPRenDiZaGem
O acadêmico deverá ser capaz de: 
Selecionar informações relevantes sobre as várias deficiências ■
que o educador físico frequentemente encontra na escola;
Distinguir as necessidade especiais dos diferentes tipos de deficiência ■
e reconhecer fundamentos essenciais do desenvolvimento aplicáveis 
tanto aos alunos com e sem deficiência;
Reconhecer o papel do professor de educação física na ■
equipe multidisciplinar. 
ROteiRO De estUDOs
SEçãO ■ 1: Das tenras idades
SEçãO ■ 2: Deficiência intelectual
SEçãO ■ 3: As paralisias cerebrais
SEçãO ■ 4: Distúrbios de aprendizagem
SEçãO ■ 5: Deficiências sensoriais
SEçãO ■ 6: Transtorno global do desenvolvimento (TGD)
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ELIANE MAUERBERG-dECASTRO
CAROLINA PAIOLI TAVARES
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pARA INíCIO DE CONvERSA
Nesta unidade, você encontrará uma reunião de informações técnicas 
e clínicas sobre fatores de inadaptação e tipos principais de deficiência 
que você possivelmente encontrará na escola. Essas informações partem 
dos primórdios do desenvolvimento, ou seja, partem da dinâmica de 
como ser um bebê de desenvolvimento típico ou atípico. Nesta unidade, 
você será exposto a uma série de informações sobre desenvolvimento, 
particularmente o motor, num contexto de deficiência. Logicamente, 
muitas dessas informações já devem ter sido estudadas em disciplinas 
de desenvolvimento e crescimento. Mas elas são fundamentais aqui. 
Entenda que as condições de inadaptação, precoces ou tardias na vida, 
são apenas espectros da diversidade humana e devem, posteriormente,auxiliar na sua prática ao determinar as potencialidades dos alunos e 
as metas da sua intervenção como educador ou profissional. Procure 
entender a etiologia das deficiências que são apresentadas neste capítulo, 
bem como suas principais características. Os atrasos de desenvolvimento 
são elementos importantes no diagnóstico das deficiências, portanto, leia 
mais sobre eles.
SEÇÃO 1
DAS TENRAS IDADES
Para você que está começando a se familiarizar com a disciplina de 
educação física adaptada, é importante saber que a linha desenvolvimen-
tista é o fundamento principal nas competências profissionais. Por quê? 
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Bom, quase sempre lidamos com deficiências ou fatores de 
inadaptação ou distúrbios que afetam o ser humano, muito antes de ele 
nascer. Mesmo depois do nascimento, e até a fase adulta, encontramos 
desafios críticos que podem resultar em interrupção, ou mesmo 
regressão daquelas funções, as quais já adquirimos no curso normal do 
desenvolvimento. Por exemplo, uma pessoa idosa que sofre um acidente 
vascular cerebral (AvC, ou conhecido como derrame cerebral) pode parar 
de andar por um tempo ou permanentemente depois da intercorrência. 
Antes do AvC, esta pessoa idosa foi perfeitamente capaz de andar por 
inúmeras décadas. Esse é um exemplo de como uma função filogenética 
(ex., o andar) pode ser perdida devido a um dano no sistema nervoso 
central (SNC). também existem os fatores ambientais que podem ser 
adversos ao desenvolvimento. Por exemplo, sabemos que a desnutrição 
aguda e prolongada tem significativo impacto no desenvolvimento geral 
do bebê. Ainda, extensa privação sensorial, situações de abandono, abuso 
físico, abuso sexual, e isolamento social podem, além do atraso mental, 
gerar consequências psiquiátricas de variada manifestação.
Muitas das deficiências que afetam o desenvolvimento, e que 
encontramos presentes entre alunos na escola, foram adquiridas 
precocemente ou congenitamente (antes do nascimento). Por isso, 
é muito importante, como educadores físicos, sabermos mais sobre 
“Porque eu cheguei agora. Quer ver para onde vou?” 
(Foto: C. P. Tavares)
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o desenvolvimento precoce da criança em condições típicas. E as 
condições atípicas? também. Mas, inicialmente temos a premissa de que 
o entendimento sobre o desenvolvimento dentro de condições normais, 
tanto do organismo como de condições favoráveis do meio ambiente, 
deve ser o requisito básico na formação do aluno de educação física. O 
motivo é claro: a descrição de funções típicas do ser humano em evolução 
(ou seja, na tenra infância) permite fazermos inferências sobre o status 
neurológico de funções que ainda estão por aparecer, ou seja, das diversas 
funções como a mobilidade, a busca por estimulação pela manipulação, 
a exploração (“passeios”) do meio ambiente, e mesmo a comunicação 
social (MAUErBErG-deCAStrO, 2011). Permite ainda, encontrarmos 
caminhos na reabilitação e na estimulação através do movimento que 
sejam compatíveis com o potencial de adaptação. Do conhecimento sobre 
o curso normal do desenvolvimento, compreendemos melhor os desvios e 
como podemos idealizar adaptações no ambiente para favorecer funções 
ou habilidades adaptativas (i.e., comunicação, cuidados pessoais, 
independência doméstica, interação social, participação na comunidade, 
independência em resolução de problemas, saúde e segurança, 
funcionamento acadêmico, lazer, e trabalho, como ilustram hArDMAN, 
DrEW & EGAN, 1999).
“Sou um garotão em pleno desenvolvimento.” 
(Foto: E. Mauerberg-deCastro)
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Nós, da educação física, temos conhecimento sobre uma variedade 
de movimentos ou habilidades motoras fundamentais. Alguns movimentos 
são, na verdade, precursores do ato voluntário e ocorrem muito cedo na vida 
do bebê. Entre esses movimentos precursores temos os reflexos primitivos 
e as reações posturais (vocês já devem ter lido sobre este assunto em 
disciplinas sobre crescimento e desenvolvimento). Os reflexos primitivos 
são integrados, em sua maioria, no final do primeiro semestre da vida 
do bebê. As reações posturais, por sua vez, acabam, em sua maioria, 
sendo incorporadas em forma de automatismos contra mudanças súbitas 
do corpo ou como respostas de equilíbrio nas diferentes posições que o 
corpo pode assumir. E as habilidades motoras fundamentais tendem a 
consolidar seu desenvolvimento antes da adolescência.
Diferencie fatores etiológicos congênitos dos adquiridos.
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Você se lembra de algumas habilidades motoras fundamentais e a época 
que surgem?
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você sabia que o desenvolvimento motor ou psicomotor é 
altamente correlacionado com o desenvolvimento cognitivo até os 6 
anos aproximadamente? Depois disso, existe uma dissociação. Funções 
cognitivas continuam evoluindo em complexidade, mesmo que a criança 
não avance em ampliar seu repertório de habilidades motoras. É lógico 
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que habilidades motoras podem aumentar em função de esportes, 
habilidades profissionais especializadas, mas depende de o indivíduo 
ter oportunidades para aprendê-las e praticá-las. O quadro i ilustra uma 
série de habilidades motoras fundamentais desde idades tenras.
Global De contato com objetos
Sentar-se
Levantar-se
Deitar-se
rolar
Engatinhar
Andar
Correr
Subir escadas
rastejar
Escalar
Pendurar-se
Saltar para baixo ou para cima
Saltar sobre
Saltito
Alcançar
Agarrar
receber
rebater
Arremessar
rebater com a mão
quicar
Chutar
Driblar com a mão
Driblar com o pé
 Adaptado de: Mauerberg-deCastro (2011).
Quadro 1 - Habilidades motoras fundamentais.
“Esta habilidade me deixa de quatro.” 
(Foto: C. P. Tavares)
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Vamos falar dos problemas que desafiam o desenvolvimento
A época que uma condição atípica ao desenvolvimento aparece é 
mais importante do que a natureza do agente etiológico. Da fecundação 
até aproximadamente 8 ou 9 anos, as mudanças estruturais e os 
comportamentos filogeneticamente determinados, particularmente as 
aptidões motoras fundamentais, atingem níveis adultos de integração 
(MAUErBErG-deCAStrO, 2011). Danos ao desenvolvimento podem 
ser de origem hereditária ou ser adquiridos em diferentes momentos 
da existência. Esses momentos podem ser bastante precoces como na 
fecundação, até antes do nascimento (fatores congênitos) ou após o 
nascimento (adquiridos). É importante lembrar que existem fatores 
hereditários que se manifestam muito depois da criança ter nascido (ex. 
distrofia muscular de Duchenne). Danos precoces no SNC ou disfunção 
neurológica podem ser detectados pela: preservação de um reflexo para 
além da idade esperada, ausência completa de um reflexo, presença 
de respostas reflexas bilaterais desiguais, presença de respostas muito 
fracas ou muito fortes, tônus elevado ou diminuído, atrasos nas reações 
posturais (tAvArES, 2010).
Entre as crianças com deficiência intelectual e aquelas com déficits 
neuromotores, como é o caso da paralisia cerebral, o desenvolvimento pode 
aparecer comprometido ou atrasado em vários domínios (i.e., físico, motor, 
perceptivo, social, cognitivo). vamos começar discutindo a deficiência 
intelectual que é a mais frequente na estatística das deficiências.
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SEÇÃO 2
DEfICIêNCIA INTELECTuAL
No Brasil, o censo de 2010 aponta números de aproximadamente 
23,9% de deficientes na população brasileira (iBGE, 2011). A deficiência 
intelectual é considerada a maior população com deficiência no mundo 
(SOi, 2008). Existem 200 milhões de indivíduos com deficiência 
intelectual em todo o mundo, de acordo com a World Health Organization 
(Organização Mundial de Saúde) (WhO, 2011). Este dado representa 3% 
da população do planeta. Em 2000, a população brasileira com deficiência 
intelectual era a mais frequente entre as deficiências e chegava a 40%, de 
acordo com o censo de 2000 (iBGE, 2000). Os critérios para a qualificação 
de deficiência intelectual incluem (SOi, 2008):
1. Funcionamento intelectual ou quociente de inteligência (qi) 
abaixo de 70-75;
“Somos parte de um grande grupo especial.” 
(Foto: E. Mauerberg-deCastro)
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2. Limitação significativa em duas ou mais áreas de funções 
adaptativas1 e
3. A condição se manifesta antes da idade de 18 anos.
Atualmente, o entendimento de funcionamento intelectual não se 
baseia apenas no qi. Mas o sistema tradicional de classificação ainda 
compara elementos de desempenho adaptativo com o quociente de 
inteligência (qi) (MAUErBErG-deCAStrO, 2011).
Na deficiência intelectual leve e moderada, a criança evolui em 
suas habilidades motoras fundamentais com atrasos de até 2 a 3 anos 
em relação aos pares não deficientes. Os níveis de escolaridade chegam 
até o final do ensino fundamental, tornando esses indivíduos capazes de 
estabelecer relações e analisar situações concretas, porém tem dificuldade 
1 áreas de funções adaptativas: funções da vida diária necessárias para viver, trabalhar e 
se divertir na comunidade. Segundo a SOi (2008), dez funções ou habilidades adaptati-
vas incluem: comunicação, auto-cuidado, vida doméstica, habilidades sociais, habilida-
des de lazer, saúde e segurança, sentido de direção, funcionamento acadêmico, uso dos 
recursos da comunidade e trabalho.
Educação especial
Divisão de atrasos escolares
American Association for 
Mental Deficiency (AAMD)
Deficiência intelectual 
educável - 75 a 50
Deficiência intelectual leve 
- 70 a 55
Deficiência intelectual 
treinável - 50 a 25
Deficiência intelectual 
moderada 
- 55 a 40
Deficiência intelectual 
dependente - abaixo de 25
Deficiência intelectual severa/
grave - 40 a 25
Deficiência intelectual 
profunda - abaixo de 25
Quadro II - Sistemas de classificação baseados no QI.
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no pensamento abstrato, formação de conceitos, resolução de problemas, 
e capacidade de avaliação de suas próprias ações. As diferenças físicas e 
a capacidade de expressão verbal são o suficiente para dar uma impressão 
inicial de desenvolvimento normal. Atitudes de discriminação por parte 
dos pares não deficientes são agravantes da pobre autoestima e noção 
de autocompetência. Os problemas de origens musculoesqueléticas e 
neuromotora são tão frequentes quanto na população geral, exceto na 
síndrome de Down. Entre os adultos, o maior problema refere-se ao 
sedentarismo e às escolhas nutricionais ruins.
Nos deficientes intelectuais de nível moderado, o perfil psicomotor 
tem o mesmo andamento que daquele dos de nível leve, mas a diferença 
entre provas psicomotoras é mais acentuada (PiCq & vAYEr, 1985). Os 
distúrbios neuromotores (sincinesias, discinesias, paratonias) são mais 
evidentes. também observamos em maior ou menor grau: hábitos de 
perseveração motora e comportamental, dificuldade de atenção, memória 
de curto-prazo, déficits na consciência espacial, corporal, temporal e 
direcional.
“Cuidados com o estado nutricional é um dos desafios no 
atendimento a deficientes intelectuais.” 
(Foto: E. Mauerberg-deCastro)
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Aspectos Especificação
Físicos e 
estruturais
Microcefalia, estatura baixa, diminuição do 
córtex frontal e vermix cerebelar, regressão 
e distorção da árvore dendrítica, defeito na 
laminação do córtex, e sinapses anormais, 
fronte baixa, nariz pequeno, boca entreaberta 
com língua escrotal e fissurada, respiração oral, 
pregas epicantais no canto interno dos olhos, 
manchas de Brushfield na íris, dentes são mal-
implantados, braços curtos, pés e mãos largas, 
arco plantar inexistente, articulações dos dedos 
curtas e amplo espaço entre as articulações em 
geral (hiperextensível), abdômen distendido 
e hipotônico, hiperlordose, hipercifose, 
deslocamento do quadril, peito em forma de 
pombo, instabilidade atlantoaxial (1ª e 2ª 
vértebras cervicais), defeitos congênitos do 
coração (40% a 60%) no septo ventricular e no 
canal atrioventricular (corrigidos por cirurgia 
ao 1º ano), pulmões hipoplásicos, problemas 
na tiroide, déficits na audição e visão (catarata, 
nistagmo, estrabismo e miopia), indivíduos do 
sexo masculino são estéreis.
Funcionais
“Postura instável, aparência hipotônica, atrasos 
motores como a aquisição do sentar, ficar em pé 
e marcha, os quais em geral apresentam atrasos 
de 12 a 36 meses, inteligência média (qi) é em 
torno de 50 e tende a diminuir com a idade, 
aparecimento do mal de Alzheimer entre os 
idosos com síndrome de Down.”
Comportamental
A infância é marcada por um temperamento 
amigável, solidário, responsável e cooperativo. 
Na adolescência se tornam teimosos e começam 
a adotar hábitos de sedentarismo, o que aumenta 
a taxa de obesidade entre os adultos.
Quadro III – Características da síndrome de Down.
O deficiente intelectual profundo representa uma parcela pequena 
entre os deficientes intelectuais (entre 3 e 5%) com níveis de menor 
comprometimento mental. Ainda, a interação com outras condições de 
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deficiência é comum. Seu desenvolvimento cognitivo é tão baixo que a 
idade mental não passa dos 3 anos; a linguagem ou outras formas de 
comunicação estruturada são ausentes. Ele é incapaz de compreender 
relações entre suas ações e dos outros e, muito menos, analisar 
conceitualmente situações concretas. Seus problemas físicos, de saúde 
e comportamentais requerem supervisão integral e atendimento médico 
multidisciplinar. As convulsões ocorrem em 20% dos casos, mas aumentam 
a 50% quando o qi cai para níveis abaixo de 20. Podem ser condicionados 
a vestir-se, comer e ir ao banheiro sozinhos (mas muitos usam fraldas). 
A insensibilidade à dor, a indiferença, comportamento estereotipado, 
autoagressão, agressão aos outros, destruição de propriedades, 
isolamento social, letargia, estados habituais de sonolência, agitação, 
todos confirmam desordens psiquiátricas (MAUErBErG-DECAStrO, 
2011). hiperatividade e sensibilidade exagerada a sons e luz podem 
resultar em manifestações de fuga ou agitação.
As características físicas e os atrasos no desenvolvimento 
psicomotor incluem assimetrias craniofaciais e deformidades posturais 
(posição equina dos pés, cifose e escolioses), reflexos primitivos não 
integrados (controle de saliva prejudicado pela falta ou exagero de 
reflexo de sucção), impossibilidade absoluta de relaxamento voluntário, 
“Na deficiência intelectual profunda, poucos sinais de divertimento.” 
(Foto: D. F. Campbell)
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UNIDADE 2
hipotonicidade abdominal, problemas respiratórios (respiração é curta e 
bucal; incapaz de apneia voluntária), e presença de déficits sensoriais 
visuais e auditivos. Segundo Mauerberg-deCastro (2011), não existe 
memória muscular e a perseveração motora restringe a mudança de 
hábitos. Novos comportamentos podem ser aprendidos sob uma rotina 
rígida de condicionamento comportamental. 
SEÇÃO 3
AS pARALISIAS CEREBRAIS
A paralisiacerebral é uma condição de deficiência adquirida 
muito cedo na vida (fetal, durante ou após o nascimento). A paralisia 
cerebral é uma desordem não-progressiva decorrente de lesão no sistema 
nervoso central que afeta o desenvolvimento da postura e do movimento. 
A etiologia da paralisia cerebral inclui: intercorrências neo, peri e pós-
natais, anomalias congênitas, prematuridade com baixo peso, hipóxia 
ou isquemia, doença pulmonar crônica, hemorragia intracraniana grave, 
entre outras. Os distúrbios motores da paralisia cerebral são geralmente 
acompanhados de problemas na integração dos reflexos, prejuízos 
nas reações posturais e movimento voluntário, tônus aumentado ou 
flutuante, dificuldades na sensação tátil, cinestésica, vestibular e visual, 
(rOSENBAUM et. al., 2005). Os tipos de paralisia cerebral são definidos 
a partir da origem de suas lesões no SNC. Lesões são mais comuns no 
córtex motor (causando a paralisia cerebral espástica), núcleos da base 
(causando a paralisia coreoatetósica), cerebelo (causando a paralisia 
cerebral atáxica) e outras áreas mais difusas (paralisias cerebrais mistas). 
Ainda, o lado hemisférico cerebral e a topologia da área cerebral lesada 
também definem o lado e a parte corporal afetada (ex. hemiplegia, 
diplegia, quadriplegia).
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tipos de classificação da paralisia cerebral estão ilustrados no 
quadro iv.
Distribuição do 
acometimento, número 
e tipo de segmentos 
corporais
Severidade e 
capacidade 
funcional (descrição 
sintomática)
Tipo de tônus
- tetraplegia: 
envolvimento dos quatro 
membros
- triplegia: envolvimento 
de três membros
- diplegia: envolvimento 
de dois membros que 
podem ser superiores ou 
inferiores
- hemiplegia: 
envolvimento de um lado 
ou hemisfério do corpo
- monoplegia: 
envolvimento de apenas 
um membro do corpo
- limitação funcional
- necessidade 
de assistência 
tecnológica
- qualidade do 
movimento
- espástica
- atetósica ou 
coreoatetósica
- atáxica
Outros tipos 
menos frequentes 
de paralisia 
cerebral são: 
- rígida
- com tremor
- mista
Quadro IV. Sistemas de classificação usados na paralisia cerebral.
“Na paralisia cerebral, posturas atípicas podem ser herança 
dos reflexos primitivos.” 
(Foto: E. Mauerberg-deCastro)
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Quadro V. Tipos de paralisia cerebral, ocorrência, área do SNC afetada e sinais.
Paralisia 
cerebral
Ocorrência
Área 
cerebral 
afetada
Sinais
Espástica
66% dos 
casos
Córtex 
motor
reflexo exagerado de 
contração causando um 
hipertônus nos flexores das 
extremidades superiores e 
extensores das extremidades 
inferiores. Por causa da 
hipertonia há uma dificuldade 
de realizar movimentos 
precisos. Movimentos de 
arranco ocorrem por causa 
da falha de coordenação 
de músculos antagonistas 
em relaxar durante a ação 
agonista (fenômeno chamado 
clonia).
Coreoatetósica
20 a 30% dos 
casos
Gânglios 
da base
Fluxo contínuo de movimentos 
das várias partes do corpo, 
movimento lento, involuntário 
e incontrolável da face e das 
extremidades (musculatura 
distal). A tentativa de 
intencionalmente cessar este 
fluxo acaba aumentando-o.
Atáxica 8% Cerebelo
Desordens de equilíbrio e 
propriocepção, perda de 
orientação no espaço, tropeçar 
em objetos, desorientação 
postural.
Rígida 4%
várias 
áreas do 
SNC
rigidez em ambos os 
músculos de contração 
e seus antagonistas, 
inelasticidade generalizada 
pela ausência do reflexo de 
estiramento, hiperextensão 
das várias partes do corpo, 
hipertonicidade.
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Tremor 2%
Núcleos 
da base e 
cerebelo
Distonia, movimentos 
involuntários vibrando 
ritmicamente e regularmente, 
tremor acentua durante 
a tentativa de executar 
o movimento voluntário, 
pode desaparecer durante 
o sono ou na atividade de 
alta concentração. Afeta os 
músculos craniofaciais e 
dedos. 
Misto < 2% Difusa
Os sintomas são de vários 
tipos e comprometem a parte 
cognitiva e sensorial de forma 
acentuada. A espasticidade 
e a atetose podem coexistir. 
Multideficiente.
Ao longo do desenvolvimento, reflexos que não são integrados 
tornam-se patológicos e eventualmente prejudicam o crescimento e 
alinhamento ortopédico (ex. encurtamento de tendões), modificam o 
tônus (rigidez, tônus elevado, diminuído, flutuante), e limitam as reações 
posturais ou de equilíbrio, ultimamente, afetando a emergência dos 
“Paralisia cerebral espástica: tudo muito comum.” 
(Foto: D. F. Campbell)
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movimentos voluntários. Existe um número de reflexos primitivos que, 
se não integrados, afetam várias atividades motoras ligadas ao esporte 
(quadro v). Ao final do primeiro semestre quando, no desenvolvimento 
normal, a maioria dos reflexos primitivos desaparece (i.e., é integrada), as 
reações posturais começam a predominar, e vêm ajudar na manutenção da 
posição bípede, na mudança de decúbitos, na posição sentada, e durante 
atividades de mobilidade.
Reflexo 
primitivo
Alteração patológica
Época de 
surgimento e 
desaparecimento
reflexo 
tônico 
labiríntico-
prono
Este reflexo estimula o tônus flexor de 
todo o corpo em resposta a qualquer 
mudança imposta na posição da cabeça. 
Causa uma distribuição anormal do 
tônus muscular e inabilidade dos 
segmentos corporais se moverem 
independentemente um do outro. impede 
a elevação da cabeça, causa protração 
(adução) dos ombros, inabilidade de 
mover os braços na posição deitada em 
prono.
0 – 4 meses
reflexo 
tônico 
labiríntico-
supino
Aumento do tônus extensor em resposta 
a qualquer mudança na cabeça, 
dominância do tônus extensor, causando 
retração (abdução) dos ombros, impede a 
movimentação da cabeça, e impossibilita 
a criança de trazer os braços na linha 
média e de rolar.
0 – 4 meses
reflexo 
tônico 
cervical 
assimétrico 
(rtCA)
Posição do “esgrimista,” o reflexo é 
ativado pela rotação lateral da cabeça. Os 
problemas devido à falta de integração 
são: restrição no rolar da posição supina 
para prona, braço estendido e fixo 
restringe o desenvolvimento normal 
da coordenação olho-mão dificultando 
o desenvolvimento da fixação ocular; 
em condições severas, contribui para 
escolioses, subluxação ou deslocamento 
de quadril.
0 – 4 meses
Quadro VI – Reflexos primitivos que, quando não integrados no SNC, causam 
problemas na aprendizagem motora e nas respostas posturais.
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reflexo 
tônico 
cervical 
simétrico
A flexão da cabeça aumenta o tônus 
flexor da parte superior do tronco e 
extensor da parte inferior do tronco; 
a extensão da cabeça faz o contrário. 
Os problemas incluem: ausência de 
movimentos de flexão e extensão 
recíprocos das pernas necessários para 
rastejar (i.e., “posição de sapo”); impede 
o ato de sentar; a cabeça inclinada para 
frente promove a reação de extensão nas 
extremidades inferiores; a cabeça elevada 
ajuda a manter a posição sentada, 
mas dificulta as atividades porque os 
braços ficam estendidos; durante o 
andar, compromete a distribuição do 
tônus muscular porque as pernas ficam 
hiperestendidas, explica porque a marcha 
de bebês ocorre com os braços elevados e 
na ponta dos pés.
6 – 8 meses
reflexo de 
preensão 
plantar
Este reflexo também aumenta a força 
muscular dos pés. quando se torna 
patológico, interfere com o equilíbrio no 
andar e ficar na posição em pé; associado 
com o reflexo de suporte positivo das 
pernas (aumenta o tônus extensor que 
resulta em andar na ponta dos pés).
0-9 meses
reflexo de 
suporte 
positivo das 
pernas
Caracterizado pelo tônus extensor 
aumentado (flexão plantar) devido ao 
toque dos pés em qualquer superfície. 
Nas condições patológicas, quando 
completamente

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