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1 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA Princípios Biomecânicos Para desenvolver um procedimento ordenado e satisfazer os requisitos das diferentes formas cavitarias possíveis, deve-se seguir princípios específicos para cada tipo de material restaurador Esses princípios são embasados nos princípios de Black 1. Forma de contorno: Define a área de superfície do dente a ser feita no preparo cavitário. 2. Remoção de dentina cariada: Procedimento para remover toda a dentina cariada que permaneça após ter feito a forma de contorno. 3. Forma de resistência: Característica dada a cavidade para que as estruturas remanescentes e a restauração sejam capazes de resistir às forças mastigatórias 4. Forma de retenção: Forma dada a cavidade para torna-la capaz de reter a restauração, evitando seu deslocamento 5. Forma de conveniência: Etapa que visa possibilitar a instrumentação adequada da cavidade e a inserção do material restaurador 6. Acabamento: consiste na remoção dos prismas de esmalte fragilizados pelo alisamento das paredes internas de esmalte da cavidade, ou no acabamento adequado do ângulo cavossuperficial 7. Limpeza da cavidade: Remoção de partículas remanescentes das paredes cavitarias, possibilitando a colocação do material restaurador em uma cavidade completamente limpa. Forma de Contorno (princípios básicos) i. Todo o esmalte sem suporte dentinário deve ser removido ii. Caso o esmalte não esteja fragilizado ele deve ser apoiado por um material adesivo calçador (que pode ser: resina composta ou cimento ionomérico) iii. O ângulo cavossuperficial do preparo cavitário deve se localizar em área de relativa resistência à cárie, possibilitando o correto acabamento das bordas da restauração iv. Existe diferença no procedimento para as cavidades de cicatrículas e fissuras e as de superfície lisa Cavidades de cicatrículas e fissuras: Para o correto planejamento da forma de contorno nessas áreas dos dentes, deve-se: 1. Avaliar a extensão da cárie, considerando que ela se propaga como dois cones superpostos pelas bases, na junção amelodentinária 2. As estruturas de reforços dos dentes, como as cristas marginais, pontes de esmalte, arestas e vertentes de cúspides, devem ser preservadas a todo custo durante o preparo cavitário, a menos que tenham sido envolvidas pela cárie Cavidades de superfícies lisas: O processo carioso em superfícies lisas, propaga- se mais em extensão do que em profundidade 1. A cárie deve ser totalmente incluída no delineamento do contorno 2. O ângulo cavossuperficial da cavidade deve ser estendido até que seja encontrada uma estrutura dental sadia e o preparo possibilite um bom acabamento da margem da restauração 3. O esmalte sempre deve ser suportado por dentina sadia. Forma de resistência (princípios básicos) A forma de resistência baseia-se em princípios mecânicos, pois os movimentos mandibulares dão origem a forças que podem provocar a fratura das paredes cavitarias ou do material restaurador 1. As paredes circundantes da caixa oclusal para o amálgama devem ser paralelas entre si e perpendiculares à parede pulpar 2. Ângulo cavossuperficial ideal de 90° 3. Ângulos internos arredondados 4. As paredes vestibular e lingual da caixa proximal em cavidades para amálgama devem ser convergentes para oclusal pois 2 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA assim oferecem uma forma autorretentiva à caixa proximal, preservando maior quantidade de tecido da crista marginal e expõe em menor grau a restauração a forças mastigatórias nessa região que são áreas de apoio dos contatos oclusais 5. Esmalte apoiado em dentina hígida 6. A forma de resistência também está relacionada diretamente com a resistência do material restaurador Forma de retenção (princípios básicos) As formas de resistência e retenção muitas vezes são obtidas simultaneamente (uma depende da outra) É obtida mecanicamente pela configuração interna da cavidade, como por exemplo: A inclinação das paredes por retenções adicionais: i. Sulcos ii. Canaletas iii. Pinos metálicos iv. Atrito friccional do material restaurador com as paredes da cavidade v. Adesão micromecânica proporcionada pelo sistema de materiais adesivos A finalidade da forma de retenção é evitar o deslocamento da restauração por: i. Forças mastigatórias ii. Tração por alimentos pegajosos iii. Diferença do coeficiente de expansão térmica entre o material restaurador e a estrutura dentária (principalmente em resinas) Os tipos serão escolhidos de acordo com a cavidade e o sistema restaurador, podendo ser: 1. Retenção por atrito do material restaurador 2. Retenções mecânicas adicionais (citadas acima) 3. Retenções micromecânicas, pelo condicionamento ácido do esmalte e da dentina para resinas restauradoras Em materiais adesivos como resinas compostas a forma de retenção geralmente é micromecânica → condicionamento ácido e bisel Forma de conveniência (princípios básicos) A forma de conveniência irá depender: 1. Das propriedades do material restaurador 2. Métodos empregados na confecção da restauração 3. Localização 4. Extensão da lesão Algumas formas de conveniência: i. Isolamento absoluto ii. Separação dos dentes iii. Retração gengival para melhor visibilidade e acesso ao campo a ser operado Remoção de dentina cariada remanescente (princípios básicos) Quando a cárie é incipiente, a remoção da dentina cariada é concomitante com as outras fases do preparo cavitário, no entanto se mesmo assim permanecer dentina cariada, ela deverá ser removida, geralmente por: 1. Broca n° 2 2. Broca ½ 3. Colher de dentina 11 ou ½ 3 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA Instrumentos operatórios Para estabelecer o preparo cavitário, são necessários instrumentos que proporcionem o acesso à lesão, os instrumentos operatórios para o preparo de cavidades são agrupados nas seguintes categorias: 1. Instrumentos cortantes manuais 2. Instrumentos rotatórios 3. Laser 4. Sistemas ultrassônicos Instrumentos cortantes manuais: São instrumentos empregados para: i. Cortar ii. Clivar iii. Planificar Ou complementar a ação dos instrumentos rotatórios durante o preparo das cavidades; Podem ser simples ou duplos; É importante ressaltar que, as cavidades acabadas com instrumentos cortantes manuais demonstram menor infiltração marginal quando comparadas com as realizadas com instrumentos rotatórios, devido à melhor lisura de superfície e adaptação do material restaurador às paredes da cavidade Os instrumentos cortantes manuais são constituídos por três partes: 1. Cabo 2. Intermediário 3. Lâmina ou ponta ativa Instrumentos simples (A) e duplos (B), constituídos por cabo (c), intermediário (i) e lâmina ou ponta ativa (L) A maioria deles apresenta um cabo octavado e serrilhado, para evitar deslizamentos; Tipos de instrumentos cortantes manuais: Enxadas: → Usadas para alisar as paredes cavitárias, principalmente as de classe V, em dentes anteriores; → Indicada para o acabamento final das paredes internas da cavidade; → Também são usadas para planificar as paredes de esmalte Machado: → A lâmina do machado é paralela ao seu eixo longitudinal; → Usado para clivar, aplainar esmalte → Planificar as paredes vestibulares e linguais das caixas proximais de cavidades de classe II; Recortadores de margem gengival: → Usados especialmentepara planificação do ângulo cavossuperficial gengival; → Arredondamentos do ângulo axiopulpar; → Determinação de retenção na parede gengival/cervical de cavidade de classe II; → As lâminas são curvas e anguladas para aplicações dos lados direito e esquerdo, tanto nas superfícies mesial como distal do dente 4 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA Colher de dentina: → É um instrumento escavador, usado para remoção de tecido cariado → Tem um desenho semelhante ao de machado → Lâmina curva com a extremidade arredondada → Pode apresentar extremidade em forma de disco Tipos de escavadores ou colheres de dentina: de Black (A); de Gillet (B), de Darby-Perry (C); com intermediário longo para pulpotomia (D) Instrumentos rotatórios: Turbina de alta rotação: Utilizadas para a rápida redução da estrutura dentária e determinação das formas de contorno; Os procedimentos que empregam a alta velocidade (acima de 100.000 rpm) relacionam-se com a remoção de restaurações antigas, obtenção da forma de contorno (interna e externa), redução de cúspides e desgastes axiais para coroas totais Contra-ângulo: A rotação convencional geralmente é utilizada para o acabamento das paredes cavitárias, após a instrumentação com alta rotação e também no preparo de cavidades de dentes anteriores, quando se requer um mínimo de extensão O emprego da baixa velocidade (menos de 6.000 rpm) é indicado para procedimentos de profilaxia dentária, remoção de cárie, acabamento da cavidade e polimento Peça reta: Uso apenas extra oral, utilizada em acabamento e polimento de restaurações indiretas e corte de resina acrílica. Instrumentos rotatórios de corte: Podem ser classificados em dois grupos, segundo o seu modo de ação: 1. Por corte: representados pelas brocas 2. Por desgaste: representados pelas pontas diamantadas, pedras montadas de carborundum e outros abrasivos. Brocas: As brocas apresentam três partes: haste, intermediário e ponta ativa Haste: parte da broca que é conectada à peça. É longa para peça reta, curta e com encaixe para contra-ângulo e curta e sem encaixe com menor diâmetro para caneta de alta rotação. 5 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA O intermediário ou colo: Une a ponta ativa à haste. A ponta ativa: É a parte de trabalho do instrumento, a qual atua por meio de pequenas lâminas. Sua forma e o material usado para sua fabricação estão diretamente relacionados com sua utilização. São utilizados diversos materiais para a fabricação das brocas, sendo: 1. Aço (liga ferro-carbono): Mais empregado em brocas para os procedimentos de remoção de dentina cariada e acabamento das cavidades com baixa rotação. 2. Carbide (carboneto de tungstênio): mais resistente que o aço, constitui a base das brocas que são utilizadas para o preparo de cavidades, tanto em baixa quanto em alta rotação. As formas básicas de ponta ativa das brocas utilizadas para preparos cavitários são: i. Esféricas: utilizadas principalmente para a remoção de tecido cariado, confecção de retenções e acesso em cavidades de dentes anteriores ii. Cilíndricas: utilizadas para confeccionar paredes circundantes paralelas e avivar ângulos diedros; a maioria dessas brocas tem corte na extremidade e nas partes laterais da ponta ativa iii. Troncocônicas: utilizadas para dar forma e contorno em cavidades com paredes circundantes expulsivas e para determinar sulcos ou canaletas em cavidades para restaurações metálicas fundidas; são indicadas também para determinar retenções nas caixas proximais, em cavidades para amálgama iv. Cone invertido: utilizadas especialmente para determinar retenções adicionais, planificar paredes pulpares e, eventualmente, avivar ângulos diedros v. Roda: utilizada para determinar retenções, especialmente em cavidades de classe V. Instrumentos rotatórios de desgaste: Pontas diamantadas: Os instrumentos aglutinados são representados pelas pontas diamantadas, pedras e pontas de carborundum, de óxido de alumínio, de carboneto de silício ou de abrasivo impregnado com borracha. Os instrumentos diamantados são fornecidos em várias formas e tamanhos, assim como as brocas de corboneto de tungstênio (carbide). Ao contrário das brocas, as pontas diamantadas não apresentam uma numeração de acordo com a classificação da American Dental Association. Os fabricantes têm ignorado essa classificação e procuram criar sua própria numeração para as diferentes formas de pontas diamantadas, sendo necessário consultar o catálogo dos fabricantes para adquiri-las. 6 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA As pontas diamantadas são indicadas para reduzir a estrutura dentária, tanto de esmalte como de dentina, e devem ser utilizadas com refrigeração aquosa para eliminar os detritos que se depositam entre os grãos abrasivos, cuja consequência é a redução da eficiência de desgaste e maior produção de calor friccional. A. Cilíndricas de extremo plano. B. Troncocônicas de extremo plano. C. Troncocônica de extremo arredondado. D. Cilíndricas de extremo arredondado. E. Cilíndrica de extremo ogival. Instrumentos abrasivos de revestimento: Representados pelos discos, têm uma camada fina de abrasivos cimentados em base flexível. São utilizados para dar refinamento ao preparo cavitário ou à restauração. Apresentam diferentes abrasividades, com granulação grossa, média e fina. Esses discos são encontrados em vários diâmetros, a saber; 1/2, 5/8, 3/4 e 7/8”, e com diferentes sistemas de encaixes nos mandris. Instrumentos montados em mandril (M): Disco diamantado plano (A) Disco Convexo (B); Roda diamantada (C); Disco de lixa de papel (D). 7 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA Isolamento do campo operatório Todos os materiais restauradores requerem campo isolado, seco e perfeitamente limpo para serem inseridos ou condensados nas cavidades O isolamento tem a finalidade de eliminar a umidade, propiciar as condições assépticas necessárias para o tratamento e restaurações dos dentes, conforme os materiais a serem utilizados Tipos de isolamento: Absoluto: uso do lençol de borracha Obrigatório em procedimentos RESTAURADORES Funções do isolamento absoluto: • Controle da umidade • Retração e proteção dos tecidos moles • Condições adequadas para inserção e condensação dos materiais restauradores • Proteção do paciente (aspiração e deglutição de instrumentos odontológicos) • Controle de infecção/evita a contaminação cruzada Limitações da colocação do isolamento absoluto: • Dentes mal posicionados • Terceiros molares • Dentes com coroa clínica curta ou pouco erupcionados • Alergia ao látex • Pacientes asmáticos / Alterações psicológicas Materiais e instrumentais utilizados: • Lençol de borracha • Arco de Young (Restauradora) ou Arco de Ostby (Endo) Funções: → Fixar o lençol → Manter o lençol estendido, firme e liso → Manter a periferia do lençol fora da boca → Retrair a musculatura envolvida pelo dique • Perfurador de dique de borracha (Ainsworth) 8 @deborapimentta DENTÍSTICA –PRÉ-CLINICA • Grampos Funções: → Ajustam ao colo dos dentes, com a finalidade de manter o lençol de borracha em posição → Possuem diferentes formas e tamanhos (Com asa / Sem asa) Grampos comuns / Grampos de retenção: → 200 – 205 → para molares → 206 – 209 → para pré-molares → 210 – 211 → anteriores Grampos especiais → W8A e 14A (Grampos de Schultz) → indicados para molares parcialmente erupcionados → 26 e 28 → molares com pouca retenção → 212 (grampo de Ferrier) → indicados para casos de retração gengival, em cavidades de classe V • Pinça porta Grampos Funções: → Utilizada para colocação e remoção de grampos → Retrai as asas dos grampos permitindo que os mesmos superem o diâmetro oclusal dos dentes → Assenta apicalmente o grampo à altura do contorno axial • Fio dental Funções: → Usado para realizar as amarras → Facilitar a inversão ou invaginação da borracha na área gengival dos dentes Lubrificante → Para facilitar a passagem do lençol Isolamento Relativo: uso de absorventes (roletes de algodão) 9 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA Nomenclatura e classificação das cavidades A cavidade preparada em um dente pode ser denominada de acordo com: O número de faces em que ocorre: 1. Simples: uma só face 2. Composta: duas faces 3. Complexa: três ou mais faces Planos dentários: Para se determinar o sentido da inclinação e denominar as paredes que formam uma cavidade, supõe-se que os dentes são atravessados por planos. Considerando-se que o maior eixo é o longitudinal e que essa linha passa pelo centro do dente, desde a face oclusal (ou incisal) até o ápice radicular, nela podem-se estudar três planos principais: 1. Plano horizontal: é perpendicular ao eixo longitudinal do dente e corta-o em qualquer ponto de sua longitude, recebendo o nome da superfície por onde passa 2. Plano vestibulolingual: chamado também de axiobucolingual, é o plano paralelo ao eixo longitudinal. Divide o dente em duas posições: uma mesial e outra distal e recebe o nome dessas faces, quando passa tangente a elas. Nos dentes anteriores recebe a denominação de plano labiolingual ou palatino 3. Plano mesiodistal: é vertical e paralelo ao eixo longitudinal. Divide o dente em duas partes, uma vestibular e outra lingual. Recebe o nome dessas faces quando passa tangente a elas. Também é denominado plano axiomesiodistal Nomenclatura das partes constituintes das cavidades: As partes constituintes das cavidades são: 1. Paredes 2. Ângulos diedros 3. Ângulos triedros 4. Ângulos cavossuperficiais 10 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA Paredes: São os limites internos das cavidades e podem ser: i. Circundantes: paredes laterais da cavidade que recebem o nome da face do dente à qual correspondem ou da qual estão mais próximas ii. De fundo: correspondem ao assoalho da cavidade e podem ser chamadas de axial, quando se apresentam paralelas ao eixo longitudinal do dente iii. Pulpar, quando perpendiculares ao eixo longitudinal do dente Ângulos Diedros: São formados pela união de duas paredes de uma cavidade e denominados segundo a combinação de seus respectivos nomes. Os ângulos diedros, segundo Black, podem ser: i. Do primeiro grupo, formados pela junção das paredes circundantes Exemplos: gengivolingual; vestibulogengival etc. ii. Do segundo grupo, formados pela união de uma parede circundante com a parede de fundo da cavidade Exemplos: linguopulpar; gengivoaxial etc. iii. Do terceiro grupo, formados pela união das paredes de fundo da cavidade. Exemplos: axiopulpar e axioaxial. Ângulos triedos: São formados pelo encontro de três paredes e denominados de acordo com as suas respectivas combinações. Exemplos: vestíbulo-pulpoaxial; linguogengivoaxial etc. Uma exceção às regras de nomenclatura dos ângulos diedros e triedros é encontrada nas cavidades de classe III, nas quais a junção das paredes constituintes forma ângulos diedros e triedros incisais, não recebendo, portanto, a denominação das paredes que os formam Ângulo cavossuperficial: É o ângulo formado pela junção das paredes da cavidade com a superfície externa do dente 11 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA Terços dentais Classificação das cavidades: As cavidades, de modo geral, podem ser classificadas, de acordo com a finalidade: 1. Terapêuticas: são aquelas realizadas em casos nos quais lesão cariosa, abrasão, erosão, fratura ou outras lesões dos tecidos duros dos dentes tenham comprometido a estrutura coronária parcial ou totalmente, cujo preparo cavitário é condicionado a uma restauração individual do dente, visando à reconstrução morfológica, funcional e estética. 2. Protéticas: são as preparadas para que as restaurações possam servir como retentores ou apoio para próteses fixas e removíveis, podendo ser realizadas tanto em dentes afetados quanto em dentes hígidos. Quando realizadas em dentes com coroas clínicas parcial ou totalmente destruídas, não deixam de ser também terapêuticas, pois reconstroem o dente e funcionam como retentores ou apoio das próteses. Black propôs dois tipos de classificação: 1. Etiológica: baseada nas áreas dos dentes suscetíveis à cárie, ou seja, regiões de difícil higienização, divididas conforme a localização anatômica: cavidades de cicatrículas e fissuras; cavidades de superfícies lisas; 2. Artificial: Reuniu as cavidades em classes que requerem a mesma técnica de instrumentação e restauração Classe I: Cavidades preparadas em regiões de má coalescência de esmalte, cicatrículas e fissuras; Geralmente: 1. Na face oclusal de pré-molares e molares; 2. 2/3 oclusais da face vestibular dos molares; 3. Na face lingual dos incisivos superiores; 4. Na face palatina dos molares superiores. Forma de contorno: 1° começa com a penetração inicial com a broca n° 245, colocada na fossa central; 2° Deve-se formar uma canaleta com movimentos para distal e mesial ao longo do sulco central, a profundidade deve corresponder à metade da ponta ativa da broca; 3° As margens (devem-se localizar em uma área lisa que apresente resistência à cárie) possibilitando o correto acabamento das margens da restauração; 4° As vertentes de cúspides devem ser preservadas e nunca invadidas; 5° A abertura vestíbulo-lingual deve ser apenas de ¼ de distância entre os vértices das cúspides (distância intercuspídea) 12 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA Remoção de dentina cariada: 1. Broca n° 2 2. Broca ½ 3. Colher de dentina (11 / ½) Forma de resistência e retenção: 1° Parede pulpar plana e perpendicular ao eixo longitudinal do dente; 2° Ângulos internos arredondados (por isso o uso da broca n° 245); 3° Paredes circundantes paralelas entre si ou ligeiramente convergentes para oclusal; 4° Abertura vestíbulo-lingual de ¼ da distância intercuspídea; 5° Ângulo cavossuperficial 90° 6° Largura menor ou igual a profundidade da cavidade Acabamento: 1. Enxada 8-9 Características finais: • Abertura vestíbulo-lingual de ¼ de distância entre os vértices das cúspides (resistência/Retenção/Contorno) • Parede pulpar plana e perpendicular ao eixo longitudinal do dente (resistência e retenção) • Paredes vestibular, lingual, mesial e distal convergentespara oclusal (resistência e retenção) • Ângulos internos arredondados (Resistência e retenção) • Ângulo cavossuperficial nítido e sem bisel (acabamento) Classe II: Cavidades preparadas nas faces proximais de pré- molares e molares (sempre nas proximais e apenas de pré-molares e molares, excluindo incisivos e caninos) São cavidades complexas ou compostas Forma de contorno: Caixa oclusal: 1° Inicialmente é necessário fazer a delimitação da forma de contorno, de forma conservadora, envolvendo as áreas de maior suscetibilidade à cárie e sempre buscando preservar as estruturas de reforço do dente, como as vertentes de cúspides e a crista marginal 2° Para a penetração inicial, usa-se a broca n° 245, colocada na fossa central inclinada ligeiramente para face lingual do dente, acompanhando o plano que passa pelo vértice das cúspides vestibular e lingual 3° Movimenta-se a broca para mesial e distal, com uma profundidade correspondente à metade da ponta ativa da broca, envolvendo todas as cicatrículas e fissuras, preservando ao máximo a crista marginal e obedecendo a abertura de ¼ da distância intercuspídea 4° As paredes vestibulares e linguais convergentes para oclusal 5° Ângulos diedros e triedos arredondados 6° Ângulo cavossuperficial liso, uniforme e arredondado 7° Parede pulpar → paralela ao plano intercuspídeo em molares inferiores | Nos pré- molares e molares superiores a parede pulpar vai ser perpendicular ao eixo longitudinal do dente Caixa proximal: 1° Parede vestibular e lingual convergentes para oclusal no sentido gêngivo-oclusal e ligeiramente divergentes em esmalte entre si no sentido axioproximal 2° Parede gengival lisa e uniforme 3° Ângulos internos arredondados, inclusive o axiopulpar 13 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA 4° Contorno externo em forma de sino, gota d’água ou ovoide Forma de resistência e de retenção: Caixa oclusal: 1° Parede pulpar plana, que passa pelo vértice das cúspides vestibular e lingual 2° Parede vestibular e lingual formando um ângulo de aproximadamente 70° com a superfície externa do dente 3° Retenções adicionais são dispensadas, pois essa caixa por ser conservadora, apresenta profundidade maior que a largura 4° As cavidades já realizadas com a broca n° 245, apresentam características de autorretentividade Caixa proximal: 1° As paredes vestibular e lingual da caixa proximal são convergentes para oclusal Isso proporciona autorretentividade no sentido gêngivo-oclusal, preservando ao máximo a crista marginal Essas paredes devem formar um ângulo reto com as superfícies externas do dente 2° A parede gengival é plana e perpendicular ao eixo longitudinal do dente, enquanto a axial, é plana vestibulolingualmente e expulsiva no sentido gêngivo-oclusal 3° Ângulo cavossuperficial arredondado Nas caixas proximais, nas paredes vestibular e lingual, são confeccionados dois sulcos verticais, com a finalidade de evitar o deslocamento próximo-proximal e aumentar a resistência às fraturas da restauração em consequência de um deslocamento Remoção de dentina cariada: 1. Broca n° 2 2. Broca ½ 3. Colher de dentina (11 / ½) Acabamento: 1° Realizado com broca cilíndrica lisa n ° 56, com e com os instrumentos cortantes manuais – Enxada Características finais: Caixa oclusal • As características são as mesmas já descritas para a cavidade tipo classe I oclusal, com exceção da parede pulpar, que, nesse caso, é plana e inclinada, acompanhando o plano que passa pelo vértice das cúspides vestibular e lingual. Caixa proximal • Paredes vestibular e lingual convergentes para oclusal, acompanhando a inclinação das faces correspondentes • Paredes vestibular e lingual formando, com a superfície externa do dente, ângulos de 90° • Parede axial plana vestibulolingualmente e ligeiramente expulsiva no sentido gêngivo- oclusal • Parede gengival plana e perpendicular ao eixo longitudinal do dente, formando, em dentina, ângulos agudos com as paredes vestibular e lingual • Ângulo axiopulpar arredondado • Ângulo cavossuperficial nítido, sem bisel, e prismas fragilizados Observação: Quando se utiliza a broca no 245, todos os ângulos internos da cavidade são ligeiramente arredondados; já com a broca no 556, os ângulos do segundo grupo são definidos Instrumentos de cortes rotatórios e manuais utilizados Slot`s 14 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA Slot vertical: Pré-molares superiores e inferiores – quando apenas a face proximal cariada é incluída na preparação, sem nenhum envolvimento da superfície oclusal Broca n° 245 Broca troncocônica picotada n° 699 Machado para esmalte n° 14 e 15 Recortador de margem gengival n° 28 e 29 Colher de dentina n° 11 1/2 Técnica de preparo – forma de contorno: Para abordagem de lesões cariosas exclusivamente proximais, o preparo da cavidade pode ser realizado envolvendo a área atingida pela cárie, tendo como acesso o rompimento da crista marginal esse acesso à superfície proximal proporciona um preparo conservador, simples e autorretentivo, como sugerido originalmente por Markley Nas confecções de restaurações de amálgama são realizadas canaletas para retenção adicional nas paredes vestibular e lingual Nas restaurações com resinas compostas e os cimentos de ionômero de vidro, a cavidade é realizada de forma similar, porém, sem a necessidade de execução de canaletas para retenção adicional. 1° Inicialmente, delimita-se a forma de contorno oclusal, envolvendo apenas a crista marginal mesial e procurando englobar, no sentido vestibulolingual, a área correspondente ao ponto de contato 2° Com a broca no 245 ou 556 executa-se a penetração inicial junto à crista marginal mesial, com ligeira inclinação para vestibular 3° A broca é colocada paralela ao eixo longitudinal da coroa do dente, atuando com ligeira pressão para gengival e com movimento pendular vestibulolingual. Com a confecção desse canal, esboçam-se as paredes axial, gengival, vestibular e lingual 4° Continuando com esse movimento e com maior pressão para proximal, perfura-se a face proximal abaixo do ponto de contato 5° Esboçadas as paredes da caixa proximal, o remanescente da parede mesial é fraturado com uma colher de dentina 15 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA Pode-se utilizar, matriz estabilizada com cunha de madeira, para proteger o dente vizinho Forma de resistência e de retenção: 1° Paredes vestibular e lingual convergentes para oclusal; 2° Paredes vestibular e lingual formam um ângulo de aproximadamente 90° com a superfície externa do dente; 3° Parede gengival em dentina deve ser plana e perpendicular ao eixo longitudinal do dente, enquanto a parede axial deve ficar plana vestibulolingualmente e ligeiramente expulsiva no sentido gêngivo-oclusal Forma de conveniência: 1° A expulsividade dada à parede axial, além de ser uma forma de resistência, facilita o acabamento da cavidade e a condensação do material restaurador, (acaba sendo uma forma de conveniência também) 2° Como o preparo da caixa proximal é estabelecido por meio do acesso oclusal (crista marginal), esse procedimento também constitui forma de conveniência Acabamento: 1° Deverá ser realizado em baixa rotação com a broca n° 245, com os mesmos movimentos realizados anteriormente 2° Com o auxílio de um machado elimina-se qualquer irregularidade das paredes vestibular e lingual 3° Acabamento da parede gengival é com os recortadores de margem gengival 4° A planificação da parede de esmaltepara eliminar prismas friáveis é realizada com recortador de margem gengival também Características finais: • Paredes vestibular e lingual convergentes para oclusal • Paredes vestibular e lingual formando um ângulo de 90° com a superfície externa do dente • Parede axial plana vestibulolingualmente e ligeiramente expulsiva no sentido gêngivo- oclusal • Parede gengival plana e perpendicular ao eixo longitudinal do dente e formando, em “dentina”, ângulos definidos com as paredes vestibular e lingual • Ângulo cavossuperficial definido, livre de prismas fragilizados e sem bisel • Retenções adicionais em forma de canaleta estendendo-se até perto do ângulo cavossuperficial oclusal (p/ amálgama) Slot Horizontal: Broca n° 245 Brocas esféricas n° 2 ou ½ Enxada 8 e 9 Recortador de margem gengival n° 28 Formador de ângulo n° 18 e 19 O Slot horizontal é para o preparo de uma cavidade estritamente proximal, pode ser conseguido por vestibular ou lingual; indicado em algumas situações: 16 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA → pacientes idosos, com recessão gengival e espaço interdentário amplo → lesão cariosa encontra-se em estágio inicial, sem o comprometimento da crista marginal, e com acesso favorável por vestibular ou lingual Forma de contorno: 1° Na porção vestibular, sendo que as futuras paredes oclusal e gengival fiquem ligeiramente abaixo do ponto de contato e 1,0 mm acima da gengiva marginal livre, respectivamente. 2° A parede vestibular deve estar localizada próximo à aresta mesiovestibular, preservando ao máximo a face vestibular Recomenda-se a colocação de matriz de aço estabilizada com porta-matriz ou uma cunha de madeira para proteção do dente vizinho 3° A penetração inicial é feita com a broca n° 245 ou com a broca n° 2 posicionada na região central, o longo eixo da broca deve ficar em ângulo agudo com a superfície mesial 4° A broca é posicionada paralelamente à superfície mesial e pressionada em direção à face lingual, em uma extensão correspondente ao comprimento da ponta ativa da broca e profundidade axioproximal de 1 a ½ vez o seu diâmetro 5° A broca é movimentada no sentido gêngivo- oclusal, delimitando-se, com a porção lateral da broca, as paredes gengival, oclusal e axial e, com sua extremidade, a parede lingual As paredes gengivais e oclusal ficam paralelas entre si e formam ângulos diedros do primeiro grupo arredondados. A parede axial deverá seguir a configuração correspondente ao plano da face mesial Forma de conveniência: O acesso pela superfície vestibular ou lingual, de acordo com a localização da lesão de cárie e da facilidade de acesso, é por si só uma forma de conveniência, pois permite acesso direto à lesão cariosa e preserva a crista marginal mesial. Forma de retenção: 1° As retenções adicionais são determinadas nos ângulos diedros gengivoaxiais e oclusoaxiais à custa das paredes gengival e oclusal 2° Essas retenções devem se estender pelo comprimento total desses ângulos. 3° As retenções podem ser determinadas com formadores de ângulos ou, preferencialmente, com broca esférica n° ¼ ou ½ Acabamento: 1° Instrumentos de corte manuais – enxada 2° Recortador de margem gengival n°28 Características finais: • Paredes circundantes formando ângulos retos com a superfície externa do dente • Parede axial paralela ao plano da superfície mesial • Ângulos internos arredondados 17 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA • Retenções adicionais nas paredes gengival e oclusal livres de prismas fragilizados • Ângulo cavossuperficial nítido e sem bisel. Classe III: Cavidades preparadas nas faces proximais dos incisivos e caninos, sem remoção do ângulo incisal O preparo cavitário de classe III pode ser: Estritamente proximal (simples) - Face mesial - Face distal Envolvendo duas faces (composta) - Lingual e proximal - Vestibular e proximal Envolvendo três faces (complexa) - Lingual, proximal e vestibular Classe III estritamente proximal: É importante sempre lembrar que, materiais restauradores diretos que possuem propriedades estéticas são bem menos resistentes que a própria estrutura dentária, e são considerados materiais restauradores semipermanentes ou temporários. Sendo assim, seria de má conduta clínica remover estrutura dentária sadia para substituí-la por um material com propriedades inferiores, logo a delimitação de contorno dessas cavidades, são de extensão de conveniência, e não preventiva. Forma de contorno: 1° Delimita-se o contorno vestibular da cavidade 2° Todas as etapas da preparação da cavidade, devem ser realizadas com brocas esféricas n° 1 ou 2 3° Coloca-se a broca no centro do contorno delimitado, um pouco inclinada para mesial, fazendo assim a penetração inicial, correspondendo aproximadamente a duas vezes o tamanho da ponta ativa da broca 4° Com pequenos movimentos para incisal e gengival, vai dando forma à cavidade É importante tomar muito cuidado para não chegar ou enfraquecer à parede lingual do dente durante o preparo 5° As paredes circundantes da cavidade devem ser perpendiculares à superfície externa e acompanhar a conformação das faces às quais pertencem 6° Os ângulos diedros do primeiro e segundo grupos devem ser arredondados Para possibilitar melhor acesso e visibilidade da área proximal, pode usar um separador n° 1 tipo Ivory Forma de resistência: As paredes circundantes acompanham a inclinação das faces externas correspondentes e formam ângulos retos com essas superfícies; A parede axial é paralela ao eixo longitudinal do dente; Para o aplainamento das paredes circundantes dessa cavidade, (que vão promover resistência) são utilizados os recortadores de margem gengival A planimetria das paredes vai ser uma das características que definem a forma de resistência dessa cavidade 18 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA Forma de retenção: 1° Obtida pelo ataque ácido ao esmalte biselado nas margens Acabamento: Um dos fatores que influenciam consideravelmente o sucesso ou a falha das restaurações é o acabamento das paredes e margens de esmalte da cavidade Para resinas compostas 1° O ângulo cavossuperficial deve ser biselado, a fim de aperfeiçoar o vedamento marginal e não deixar marcar o limite de transição da resina composta e o dente, isto é, conseguir uma correta aparência estética da restauração por meio de mudança gradual da cor do dente para a resina composta Na falta do bisel, com o tempo, inevitavelmente ocorrerá manchamento e descoloração na interface resina-dente. 2° Pode-se usar: Ponta diamantada no 1111F de granulometria extrafina determinando um bisel côncavo nas margens vestibular (A), lingual (B) e, especialmente, na margem cervical (C) Recortador de margem gengival refinando o acabamento marginal da parede gengival. Características finais: • Envolvimento conservador • Forma de contorno triangular • Paredes circundantes perpendiculares às superfícies externas e acompanhando a conformação das faces correspondentes • Parede axial paralela ao eixo longitudinal do dente • Ângulos diedros do primeiro e segundo grupo arredondados • Ângulos cavossuperficiais biselados (resina composta) Ângulo cavossuperficial nítido e sem bisel (ionômero de vidro). Cavidade classe III com acesso lingual: Broca esférica lisa n° 2, 1 ou ¼ Recortadores de margem gengival n° 28 e 29 Vantagens do acesso lingual: Dissolução e/ou descoloração da restauração não ficam tão visíveis por vestibularA cor da restauração não é tão crítica A área lingual é mais úmida que a vestibular, o que é desejável para materiais como o cimento de ionômero de vidro Forma de contorno: A forma de contorno limita-se apenas a uma extensão da lesão de cárie ou à restauração defeituosa que se pretende substituir 1° Com a broca esférica lisa no 2 colocada perpendicularmente à face lingual e no centro do contorno delineado, executa-se a penetração inicial até uma profundidade correspondente a duas vezes a ponta ativa da broca, uma ponta diamantada no 1012 ou 1014 pode ser utilizada como alternativa; 2° A seguir, com pequenos movimentos incisogengivais e vice-versa, a cavidade é estendida para gengival e incisal, preservando ao máximo o ângulo incisal e a área de contato; Deve-se tomar bastante cuidado para não enfraquecer a parede vestibular durante o preparo da cavidade. 19 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA Forma de resistência e acabamento: 1° O acabamento das paredes é realizado com instrumento de corte manual. Com movimentos de gengival para incisal, a extremidade ativa do recortador de margem gengival em movimentos de vestibular para lingual, planificam-se as paredes gengival e incisal. 2° Os recortadores de margens gengivais são utilizados para proporcionar o refinamento do ângulo cavossuperficial eliminando os prismas fragilizados 3° Todas as margens cavitárias devem ser lisas e uniformes no cavossuperficial Características finais: • Envolvimento conservador • Paredes circundantes perpendiculares às superfícies externas do dente e acompanhando a conformação das faces correspondentes • Parede axial plana e paralela ao eixo longitudinal do dente • Ângulos diedros do primeiro e segundo grupo arredondados • Ângulos cavossuperficiais biselados • Ângulo cavossuperficial nítido e sem bisel (ionômero de vidro) Classe IV: Faces proximais de dentes anteriores envolvendo as faces vestibular, lingual ou palatina, proximal e o ângulo incisal. Causas: • Cavidade de classe III ampla que teve o ângulo do dente fraturado • Lesão de cárie cuja amplitude envolveu completamente o ângulo • Fratura provocada por trauma podendo abranger um ou os dois ângulos As fraturas são classificadas de acordo com Galan et.al em 6 tipos diferentes, sendo: Tipo I: ocorre de forma oblíqua na área incisal, envolvendo somente 1/3 no sentido mesiodistal e incisocervical Tipo II: ocorre de forma oblíqua na área incisal envolvendo 2/3 no sentido mesiodistal e 1/3 incisocervical Tipo III: ocorre de forma oblíqua, envolvendo 1/3 no sentido incisocervical e mais de 2/3 no sentido mesiodistal, sem atingir um dos ângulos incisais Tipo IV: ocorre de forma oblíqua, atingindo mais de 1/3 no sentido incisocervical e 2/3 ou mais no sentido mesiodistal Tipo V: ocorre de forma horizontal, paralela à borda incisal, atingindo totalmente o terço incisal nos sentidos mesiodistal e incisocervical 20 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA Tipo VI: ocorre de forma horizontal, paralela à borda incisal, envolvendo o terço médio no sentido incisocervical. Forma de contorno: Lesão cariosa: No geral, o dente que recebe esse tipo de cavidade apresenta lesão cariosa primária ou secundária devido a restaurações de classe III insatisfatórias, envolvendo uma face proximal e comprometendo o ângulo incisal do dente; A cavidade deve envolver a lesão cariosa e possibilitar o contorno estético da restauração, sendo assim a extensão da cavidade vai variar de acordo com a lesão ou fratura; Remoção da cárie: • Brocas esféricas lisas • Colher de dentina Forma de resistência: Caso a forma de resistência relacionada à estrutura dentária não tenha sido obtida simultaneamente com os movimentos efetuados pela broca esférica, pode-se empregar um recortador de margem gengival, para planificar as paredes gengival, vestibular e lingual, e regularizá- las, ou então conseguir isso com instrumento rotatório na fase de acabamento das margens de esmalte; Forma de retenção: Quando a lesão de cárie inclui, além do ângulo incisal, a face proximal do dente e parte das faces lingual e vestibular, é necessário dotar a cavidade de retenções adicionais, tais como: retenções mecânicas internas em forma de • sulcos ou canaletas • orifícios • pinos metálicos retidos em dentina, em adição ao ataque químico das paredes de esmalte com ácido fosfórico, antes da inserção do sistema restaurador adesivo na cavidade. Outra forma de retenção, seria o bisel no ângulo cavossuperficial vestibular Acabamento: Deve ser efetuado na forma de bisel côncavo, o que possibilita: • Remover prismas de esmalte fragilizados; • Expor prismas de esmalte mais perpendiculares e reativos ao condicionamento ácido, principalmente da porção mais interna; • Aumentar a área de superfície, incrementando a retenção do material; Além de favorecer a estética da interface entre resina e dente, pela mudança gradual da cor do dente; O bisel marginal possibilita melhor adaptação interfacial (dente-resina) e diminuição do índice de infiltração marginal; O bisel pode ser feito com ponta diamantada n° 1111F, que possibilita um bisel côncavo ou chanfrado; O recortador de margem gengival poderá ser empregado quando for mínima a espessura de esmalte, possibilitando, além do acabamento da parede gengival, a determinação de uma planificação ou pequeno bisel oblíquo no ângulo cavossuperficial gengival Observação: a técnica de preparo para fraturas só vai se diferenciar na forma de contorno, onde será delimitado pela própria fratura 21 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA Classe V: Cavidades preparadas no terço gengival, não de cicatrículas, das faces vestibular e lingual de todos os dentes Forma de contorno: É conservadora; É determinado um contorno cavitário com forma geométrica estética acompanhando o perfil e a silhueta das paredes homônimas (em forma de lua) 1° A penetração inicial de aproximadamente 1/3 do comprimento da ponta ativa da broca é feita na região central, com broca carbide n ° 245 ou ponta diamantada n° 1011, colocada em ângulo de 45° com a superfície vestibular do dente no sentido distal; A parede axial é formada durante os mesmos movimentos, tomando-se cuidado para que ela fique convexa e acompanhe a curvatura da face vestibular do dente; Forma de retenção: • Condicionamento ácido/sistema adesivo • Retenções adicionais – ângulo áxio-gengival (Broca ¼ ou ½) • cavidades com parede gengival em cemento/dentina Forma de resistência: A forma de resistência não é muito crítica para essa cavidade, pois a área gengival do dente não está diretamente exposta aos esforços mastigatórios. Mas, a forma de resistência deve ser levada em consideração na margem do preparo a fim de que as paredes circundantes formem um ângulo reto com a superfície externa do dente, evitando-se, assim, esmalte sem suporte dentinário. Forma de conveniência: A confecção da parede axial convexa em todos os sentidos é considerada uma forma de conveniência biológica do dente, evitando assim a remoção de “dentina sadia” do centro da parede axial, que protege o “órgão pulpar” • Isolamento absoluto Acabamento: • Ângulos internos arredondados • Confecção do bisel (Ponta diamantada 3195F) Características finais: • Parede axial convexa em todos os sentidos • Paredes circundantes ligeiramente expulsivas • Ângulos diedros do primeiro grupo arredondados • Ângulos diedros do segundo grupo definidos• Ângulo cavossuperficial nítido e biselado de forma côncava 22 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA Sistemas adesivos Conceito: material, geralmente líquido, que solidifica entre dois substratos, sendo capaz de transferir uma carga de um substrato para outro. Baseia-se na criação de uma interface ácido- resistente que suporta as situações adversas da cavidade bucal, mimetizando assim o dente natural íntegro. Deve possuir adesão, funcionar em ambiente úmido e ser biocompatível. Condicionamento ácido: o ácido fosfórico promove uma dissolução seletiva dos prismas de esmalte, criando microporosidades que serão infiltradas pelo adesivo (retenção micromecânica). Umidade: representa um desafio para a aplicação de adesivos em dentina. Smear Layer: barreira mecânica, formada por partícula inorgânicas do dente, fibras colágenas e outras proteínas, fluidos e bactérias, que cobre a estrutura dental, penetrando nos túbulos dentinários. Possui alta solubilidade e baixo valor de adesão à dentina. É possível sua remoção com ácido fosfórico. Camada híbrida: formada pela penetração da resina na região desmineralizada dos túbulos dentinários e dentina peritubular, formando um entrelaçamento entre resina polimerizada e substrato dentinário, que age como um envoltório ácido resistente e sela a dentina, prevenindo a cárie secundária e hipersensibilidade. Consiste na infiltração da resina no esmalte e na dentina, a partir da necessidade de se formar um contato íntimo entre o biomaterial e tecido duro. Adesão à dentina: com a desmineralização da dentina após o condicionamento ácido, ocorre a exposição das fibrilas colágenas. Isto cria trajetórias de infiltração dos monômeros, formando a camada híbrida. Classificação: podem ser convencionais, quando a aplicação do ácido requerer uma etapa separada; ou autocondicionantes, quando houver um primer autocondicionante e, assim, não ser necessária a realização de uma etapa à parte para o condicionamento ácido. Os adesivos condicionais podem ser de 2 ou 3 etapas, e os autocondicionantes podem ser de 2 ou 1 etapas. ETAPAS: Condicionamento ácido: remove a smear layer, cria porosidades no esmalte e desmineraliza a dentina. É constituído de ácido fosfórico. Apresenta estabilidade química, ou seja, dura por mais tempo. Seu custo é baixo. É pouco solúvel, e sua lavagem requer jatos de ar e água simultâneos. A apresentação comercial se dá num gel em seringa de fácil aplicação. Primer: é constituído de monômeros hidrófilos dissolvidos em solventes orgânicos, que pode ser etanol, acetona ou mesmo água. Sua função é preparar a superfície para receber o adesivo, remover a água, aumentando a energia da superfície do substrato e impedindo o colapso das fibras colágenas. Adesivo: tem como função penetrar nos espaços entre as fibrilas colágenas. Em sua composição encontram-se monômeros hidrófobos, como o Bis-GMA ou TEG-DMA, e monômeros hidrófilos, como o HEMA. Adesivos convencionais de 3 passos: necessita das etapas de condicionamento ácido, primer e bond. Adesivos convencionais de 2 passos: necessita da etapa de condicionamento ácido, mas o primer e o bond vem juntos. Adesivos autocondicionantes: aquelas cuja desmineralização superficial e infiltração dos monômeros resinosos ocorrem simultaneamente. O Primer geralmente é composto por monômeros ácidos. Pode ser de 2 passos, com um primer acídico e o adesivo, ou de 1 passo, contendo o ácido, primer e adesivo num só frasco. PASSOS CLÍNICOS: 1) Condicionamento Ácido (Esmalte 30s, Dentina 15s); 2) Lavar com jatos de ar e água simultâneos por 30s; 3) Secagem com filtro de papel; 23 @deborapimentta DENTÍSTICA – PRÉ-CLINICA 4) Aplicar clorexidina a 2% por 60s (para inibir metaloproteinases que degradam a camada híbrida); 5) Secar com filtro de papel; 6) Aplicar o primer; 7) Aplicar adesivo; 8) Fotopolimerização; Importante: para adesivos autocondicionantes aplica-se primeiramente a clorexidina.