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Caso dos Exploradores de Cavernas
 
Relatório:
 
Processados e condenados à morte pela forca, os acusados recorreram da decisão do Tribunal 
do Condado de Stowfield à Suprema Corte de Newgarth. Os fatos em que se louvou a sentença 
condenatória são os que a seguir enuncia.
 
Os quatro acusados são membros da sociedade Espeleológica ( uma organização amadorística 
de exploração de cavernas), adentraram eles, em companhia de Roger Whetmore, à época 
também membro da sociedade, no interior de uma caverna de rocha calcária do tipo que se 
encontra no Planalto Central desta Commonwealth. Já bem distantes da entrada da caverna, 
ocorreu um desmoronamento de terra: pesados blocos de pedra foram projetados de maneira 
que bloquearamcompletamente a sua única abertura. 
 
Quando os homens compreenderam da situação difícil em que se achavam, concentraram-se 
próximo à entrada obstruída, na esperança de que uma equipe de socorro removesse o entulho 
que os impedia de deixar a prisão subterrânea. Não voltando Roger e os seus companheirosàs 
suas casas, o secretário da Sociedade foi notificado pelas famílias dos exploradores. Os 
exploradores haviam deixado indicações, na sede da Sociedade, referente à localização da 
caverna que se propunham visitar. A equipe de socorro foi prontamente enviada ao local. 
 
A tarefa revelou-se extremamente difícil. Foi necessário suplementar as forças de resgate 
originais mediante repetidos acréscimos de homens e máquinas que tinham de ser transportados 
à remota e isolada região, o que demandava elevados gastos. Um enorme campo temporário de 
trabalhadores, engenheiros, geólogos e outros técnicos, foi instalado. O trabalho de 
desobstrução foi muitas vezes frustado por um novo deslizamentos de terra. Em um destes, dez 
operários contratados morreram. Os fundos da Sociedade Espeleológica exauriram-se 
rapidamente e a soma de oitocentos mil, obtida em parte por subscrição popular e em parte por 
subvenção legislativa, foi gasta antes que os pudessem ser liberados, o que só se conseguiu no 
trigésimo segundo dia após a sua entrada na caverna. 
 
Desde que se soube que os exploradores tinham levado consigo apenas escassa provisões e se 
ficou também sabendo que não havia substância animal ou o vegetal na caverna que lhes 
permitisse subsistir, temeu-se que eles morressem de inanição antes que o acesso até o ponto 
em que se achavam se tornasse possível. No vigésimo dia a partir da ocorrência da avalancha 
soube-se que os exploradores tinham levado consigo para a caverna um rádio transistorizado 
capaz de receber e enviar mensagens. Instalou-se prontamente um aparelho semelhante no 
acampamento, estabelecendo-se deste modo a comunicação com os desafortunados homens 
no interior da montanha. Pediram estes que lhes informassem quanto tempo seria necessário 
para liberá-los. Os engenheiros responsáveis pela operação de salvamento responderam que 
precisavam de pelo menos dez dias, à condição que não ocorressem novos deslizamentos. Os 
exploradores perguntaram então se havia algum médico no acampamento, tendo sido postos em 
comunicação com àcomissão destes, à qual descreveram sua condição e as razões de que 
dispunham, solicitando uma opinião acerca da probabilidade de subsistirem sem alimento por 
mais de dez dias. O presidente da comissão respondeu-lhes que havia escassa possibilidade de 
sobrevivência por tal lapso de tempo. O rádio dentro da caverna silenciou a partir daí durante oito 
horas. 
 
Quando a comunicação foi restabelecida os homens pediram para falar novamente com os 
médicos, o que conseguido, Roger, falando em seu próprio nome é em representação dos 
demais, indagou se eles seriam capazes de sobreviver por mais de dez dias se se alimentassem 
da carne de um entre eles. O presidente da comissão respondeu, a contragosto, em sentido 
afirmativo. Roger inquiriu se seria aconselhável que tirassem a sorte para determinar qual dentre 
eles deveria ser sacrificado. Nenhum dos médicos se atreveu a enfrentar a questão. Roger quis 
saber então se havia um juiz ou outra autoridade governamental que se dispusesse a responder à 
pergunta. Nenhuma das pessoas integrantes da missão de salvamento mostrou-se disposta a 
assumir o papel de conselheiro neste assunto. Roger insistiu se algum sacerdote poderia 
responder àquela interrogação, mas não se encontrou nenhum que quisesse fazê-lo. Depois disto 
não se receberam mais mensagens de dentro da caverna, supondo-se (erroneamente como 
depois se evidenciou) que as pilhas do rádio dos exploradores tinham-se descarregado. quando 
os homens foram finalmente libertados soube-se que, no vigésimo terceiro dia após sua entrada 
na caverna, Roger tinha sido morto e servido de alimento a seus companheiros. 
 
Das declarações dos acusados, aceitas pelo júri, evidencia-se que o Roger foi o primeiro a 
propor que buscassem alimento na carne de um dentre eles, sem o que a sobrevivência seria 
impossível. Foi também Whetmorequem primeiro propôs a forma de tirar a sorte, chamando a 
atenção dos acusados para um par de dados que casualmente trazia consigo. 
 
Os seus companheiros inicialmente hesitaram adotar um comportamento tão desatinado,mas, 
após o diálogo acima relatado, concordaram com plano proposto. E depois de muita discussão 
com respeito aos problemas matemáticos que o caso suscitava, chegaram por fim a um acordo 
sobre o método a ser empregado para a solução do problema: os dados. 
Entretanto, antes que estes fossem lançados, Whetmoredeclarou que desistia do acordo, pois 
havia refletido e decidido esperar outra semana antes de adotar um expediente tão terrível e 
odioso. Os outros o acusaram de violação do acordo e procederam ao lançamento dos dados. 
Quando chegou a vez de Whetmore um dos acusados atirou-os em seu lugar, ao mesmo tempo 
em que se lhe pediu para levantar quaisquer objeções quanto à correção do lanço. Ele declarou 
que não tinha objeções a fazer. Tendo-lhe sido adversa a sorte, foi então morto.
 
Após o resgate dos acusados e depois de terem permanecido algum tempo em um hospital onde 
foram submetidos a um tratamento para desnutrição e choque emocional, foram denunciados 
pelo homicídio de Roger Whetmore. 
 
Defesa:
 
O caso em questão não deveria ser julgado como crime, pois se analisamos podemos ver que 
não houve nenhuma intenção no ato, tudo não passou de um acidente que levou os exploradores 
a cometerem um ato de legitima defesa por necessidade como previsto no Código Penal nos art. 
24 e art. 25 caput: 
 
 
“Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo 
atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou 
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984)
§ 1 º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2 º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser 
reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, 
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) reservas (Vide ADPF 779).”
Se julgarem os exploradores por esse caso também deveram julgar os responsáveis pelo resgate, 
pois sabiam da situação que os exploradores se encontravam e o plano desesperados que eles 
tiveram, porque foram comunicados a eles e todos lá presente se omitiram em ajuda-los com 
alguma ideia mais viável, o que segundo o Código Penal art. 13 é considerado como um ato de 
cumplicidade. 
“Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe 
deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Superveniênciade causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si 
só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. 
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o 
resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984)”
 
E por isso o estado também teria que ser julgado por negligência porque se condenarem os 
exploradores a morte estaria negligenciando a morte dos dez operários e até mesmo da morte do 
Sr. Whetmore que morreram ajudando a salva os exploradores como previsto no Código Penal 
art. 18, inciso II.
“Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”
 
Se condenarem os exploradores o Júri não estaria sendo justo com os exploradores devido ao 
estado mental e físico que os exploradores se encontram, eles nunca iram realmente se recupera 
do trauma que passaram de quase ter morrido e de terem que se alimentarem de ser amigo eles 
sempre iram se atormentados por essas cenas, então acreditasse que eles estejam a salvo de 
condenações como previsto no Código Penal art. 121, § 5 caput:
 
“Art. 121. Matar alguem:
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as 
conseqüênciasda infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se 
torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977).”
Tínhamos cinco exploradores com medo, fome, sede, frio e muito desespero entre eles, os 
mesmos passaram dias presos até o resgate chegar, já não tinham mais provisões e nem um 
sinal de que iriam sair daquela caverna com vida ainda mais quando receberam a noticia de que 
ficariam no mínimo mais de dez dias presos. No estado que esses exploradores se encontravam 
já não tinham mais a capacidade de responder por si mesmo, pois o medo que sentiram era 
maior que qualquer outra emoção que poderiam ter no momento.
Segundo estudos o medo é considerado uma das emoções mais primitiva do ser humano, com 
essa emoção o cérebro libera uma dose de adrenalina que acelera o batimento cárdico, e causa 
transtorno mental e físico temporário na pessoa, durante este processo, a pessoa pode sentir 
ansiedade o que atrapalha o raciocínio da pessoa questão. Sendo assim podemos afirmar que os 
exploradores nesse momento eram absolutamente incapazes.
 Esse medo levou eles a fazerem um acordo, um acordo que inicialmente foram forçados a 
aceitarem devido a pressão do Sr. Whetmore, ele teve a ideia e o plano de como iriam decidir 
quem teria que ser sacrificado e forçou os outros exploradores a entrarem no acordo, que 
minutos depois o mesmo que o propôs desistiu, talvez por medo.
Porém isso gerou uma desconfiança em todos pois não sabiam se o Sr. Whetmore teria desistido 
por medo ou por algum outro motivo, pois não sabe realmente o que se passa nos pensamentos 
de um ser humano em estado de inanição, o Sr. Whetmore era o explorador que estava 
responsável pela maior parte do equipado levado, sendo assim ele poderia ter levado algum 
objeto que poderia de certa forma coagido os exploradores a participarem do acordo citado, o 
que gerou um aumento de desconfiança deles pois não poderiam confiar que o Sr. 
Whetmoretivesse apenas desistido do acordo por medo. 
Mas como sabemos no final ele retornou para o acordo que no final visto que a havia perdido nos 
dados se entregou em uma forma de sacrifício para salvar a vida de seus amigos vendo que era 
um ato de necessário para todos e por esse ato podemos afirmar que os exploradores estão 
protegidos pelo Código Penal art. 23 inciso I caput:
“Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984)
I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”
Sendo assim encerro minha defesa com a requer de que nenhum dos exploradores sejam 
condenados

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