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unidade 1 Carlos Eduardo Sabrito Jefferson Marlon Monticelli Robson da Silva Constante (Orgs.) EMPREENDEDORA Experiência Sociedade em Transformação Prezado estudante, Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina. OBJETIVO GERAL Caracterizar o empreendedorismo num contexto de mudanças. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Contextualizar o empreendedorismo diante de um cenário de mudanças (em nível global e nacional); • Apresentar definições de empreendedorismo; • Caracterizar variáveis identificadas nos perfis empreendedores; • Correlacionar empreendedorismo, inovação e criatividade como elementos complementares. QUESTÕES CONTEXTUAIS 1. Você sabe o que significa ser um empreendedor? 2. Já ouviu algum mito sobre os empreendedores? 3. E o perfil de um empreendedor, você sabe qual é? 4. Quando surgiu no Brasil a preocupação em empreender e se tornar mais competitivo? unidade 1 10 EXPERIÊNCIA EMPREENDEDORA | Carlos E. Sabrito; Jefferson M. Monticelli; Robson da S. Constante 1.1 Introdução O conceito de empreendedorismo, assim como a importância das características e habilidades de um empreendedor, nunca tiveram tanta importância em nosso país. Para as empresas se tornarem competitivas e se manterem no mercado, elas precisam inovar e empreender, e, para isso, precisam de pessoas com capacitação e habilidades empreendedoras. Você se considera uma pessoa com perfil empreendedor? Sabe o seu significado e o que precisa saber (e fazer) para se tornar um profissional com as habilidades e competências de um empreendedor? Pois bem, não se preocupe se até esse momento você não sabe a resposta para essas perguntas. Neste e-book e nas leituras sugeridas nos ícones ao longo desta obra, você saberá e, sem dúvida, estará muito mais preparado para o mercado de trabalho, que está cada dia mais exigente, buscando profissionais com perfil empreendedor. Então, você está pronto para aprender a empreender? Sociedade em Transformação | UNIDADE 1 11 1.2 Definições Sobre o Empreendedorismo Para começar, é preciso contextualizar as palavras empreendedor e empreendedorismo. Você sabe qual a sua principal caraterística? O empreendedor é uma pessoa que assume riscos. De acordo com Maximiano (2011), a palavra “empreendedor” vem do latim imprendere, que significa realizar uma tarefa difícil e trabalhosa, que exige esforços de quem a executa. Em francês, “empreendedor” é escrita entrepreneur, que deu origem à palavra inglesa entrepreneurship, partindo do conceito que trata sobre o comportamento do empreendedor, que conforme Maximiano (2011, p.1), refere-se ao “espírito empreendedor”: A ideia de um espírito empreendedor está de fato associada a pessoas realizadoras, que mobilizam recursos e correm riscos para iniciar organizações de negócios. Embora existiam empreendedores em todas as áreas da atividade humana, em seu sentido restrito a palavra designa a pessoa que cria uma empresa - uma organização de negócios. Figura 1.1 – As características empreendedoras são fundamentais para alcançar o sucesso. Fonte: Freepik (2019). Assim, pode-se dizer que o empreendedorismo exige ação e, tal ação, pode se traduzir na criação de novos produtos, processos e/ou serviços, devendo o empreendedor avaliar os riscos envolvidos em cada oportunidade que se apresenta. 12 EXPERIÊNCIA EMPREENDEDORA | Carlos E. Sabrito; Jefferson M. Monticelli; Robson da S. Constante A evolução histórica do empreendedorismo no mundo pode ser melhor compreendida por meio do quadro a seguir, proposto pelos autores Hisrich, Peters e Shepherd (2009): Quadro 1.1 – Evolução histórica do empreendedorismo. Idade Média Séculos XVII e XVIII Séculos XIX e XX O empreendedor: • gerenciava grandes projetos de produção; • não assumia riscos; • usava capital do governo. O empreendedor: • estabelecia acordo contratual com o governo; • passou a assumir riscos. O empreendedor: • absorve o papel de gerente; • assume o risco por perdas e ganhos. Fonte: Adaptado de Hisrich; Peters; Shepherd (2009, p. 35-45). Ainda sobre a compreensão do empreendedorismo, vamos trazer à luz alguns estudos sobre o assunto. Segundo Maximiano (2011), existem duas correntes de pensamento crítico a respeito da temática. Uma delas diz respeito à visão de economistas que associam o empreendedor à inovação e o seu desenvolvimento econômico. Já a segunda, vem dos estudiosos comportamentalistas, que tratam das atitudes e características da pessoa que empreende. Vamos neste momento nos deter em três economistas que estudaram os empreendedores: Cantillon, Say e Schumpeter. Cantillon: O empreendedor e economista Richard Cantillon, em seu estudo intitulado “A natureza do comércio em geral” (1755), foi o primeiro autor a mencionar o papel crucial do empreendedor na economia no século XVIII. Cantillon classificou o empreendedor como uma pessoa que passa a assumir riscos ao comprar serviços, produtos ou componentes por um determinado preço para depois revendê-los por um preço mais elevado. Figura 1.2 – Richard Cantillon. Fonte: Domínio Público (2020). Sociedade em Transformação | UNIDADE 1 13 Say: O economista francês Jean Baptiste Say, em uma das suas pesquisas realizadas no século XIX, apontou as bases de um empreendedor no estudo intitulado “Economia Política” (1888), questionando o que faziam os empreendedores da época. Eles usam sua indústria (ou seja seu trabalho) para organizar e dirigir os fatores de produção, de forma a atender as necessidades humanas. No entanto, eles não são apenas dirigentes. São também planejadores, avaliadores de projetos e tomadores de riscos. Usando seu próprio capital, ou o que emprestam de outros, eles o transferem para os proprietários do trabalho, os recursos naturais (terra) e maquinários (ferramentas). Esses pagamentos, ou alugueis, somente serão recuperados se os empreendedores consegue vender o produto para o consumidores. (SAY, 1888 apud MAXIMIANO, 2011, p. 3). Say ainda mencionava que o sucesso empresarial da época não deveria ser almejado apenas para o empreendedor, mas para a sustentabilidade, que naquele período já era essencial para a sociedade. Para o economista, um país precisava ter muitos comerciantes, fabricantes e agricultores inteligentes, pois esses poderiam trazer prosperidade ao local e à área de atuação em que estavam desempenhando suas atividades. Say (1888 apud MAXIMIANO, 2011, p.3) tinha como lema que “empreendedores são capazes de alterar os recursos econômicos de uma área de baixa produtividade, transformando-a em uma área de produtividade e lucratividade elevadas”. Figura 1.3 – Jean Baptiste Say. Fonte: Domínio Público (2020). 14 EXPERIÊNCIA EMPREENDEDORA | Carlos E. Sabrito; Jefferson M. Monticelli; Robson da S. Constante Schumpeter: Considerado um dos mais importantes (se não o mais importante) economista da primeira metade do século XX, tendo como sua principal obra o livro “Capitalismo, socialismo e democracia” (1942), Joseph A. Schumpeter consolidou e deixou mais claro o conceito de empreendedorismo, distinguindo as invenções das inovações do empreendedor. Schumpeter caracterizou empreendedores como pessoas que inovam não apenas pela identificação de formas de usar as invenções, mas também pela introdução de novos meios de produção, novos produtos e novas formas de organização. O economista sempre dizia que as invenções precisavam de tanta ousadia e habilidade quanto o processo de invenção, devendo promover a destruição criativa (MAXIMIANO, 2011). Figura 1.4 – Joseph A. Schumpeter. Fonte: Domínio Público (2020). Uma dica importante de leitura é o livro “Capitalismo, socialismo edemocracia”, de Joseph A. Schumpeter. Essa é uma obra fundamental para compreender os primórdios do empreendedorismo e das inovações vinculadas ao ato de empreender. SAIBA MAIS Sociedade em Transformação | UNIDADE 1 15 Para melhor entendermos essa destruição criativa, iremos apresentar algumas imagens de produtos que precisaram evoluir (ou seja, destruir) para que novas formas de pensar, utilizar e inovar em diversos segmentos surgissem. Figura 1.5 – A evolução/destruição criativa no processo de escutar música. Fonte: Adaptado de Lord Taryen (2019). Figura 1.6 – A evolução/destruição criativa no contexto da revolução industrial até os dias de hoje. Fonte: Adaptado de Terraço Econômico (2016). PROCESSO DE DESTRUIÇÃO CRIADORA DA MÚSICA 1977 Vinil Fita k7 CD iTunes Streaming 1978 2000 2003 2007 SURFANDO NAS ONDAS DE SCHUMPETER 1785 1845 1900 1950 1990 1999 2020 60 anos 55 anos Ri tm o de In ov aç ão 50 anos 40 anos 30 anos Energia hidráulica Têxteis Ferro Vapor Estrada de ferro Aço Eletricidade Química Motor de combustão interna Petroquímica Eletrônica Aeronáutica Redes digitais Software Novas mídias 1ª ONDA 2ª ONDA 3ª ONDA 4ª ONDA 5ª ONDA 16 EXPERIÊNCIA EMPREENDEDORA | Carlos E. Sabrito; Jefferson M. Monticelli; Robson da S. Constante Figura 1.7 – A evolução/destruição criativa no processo de comunicação telefônica. Fonte: Adaptado de Toda Matéria (2014). Como podemos perceber nas imagens anteriores, o empreendedor, por meio da destruição criativa, tem um papel fundamental na evolução dos processos que visam à evolução da sociedade como um todo. Quer ver um exemplo? Os processos de compra, antes da invenção da moeda, eram realizados por trocas, seja por produtos ou serviços. Com o tempo, surgiram outras formas, além da moeda, para adquirir produtos, como os cheques, cartões magnéticos, transferências e até moedas virtuais como o Bitcoin. 03 As primeiras transmissões de sons musicais por meio de fios. Philipp Reis Conseguem a transmissão da primeira frase completa por telefone. Bell e Watson O acoplamento numa só peça do fone e do bocal. Lars Ericsson Cria um diafragma que quando vibra reproduz palavras. Antônio Meucci Inventa o microfone de carvão, utilizado até hoje. Thomas Edison 1861 1876 1885 1871 1878 Fio esticado para transmitir som. Robert Hooke 1667 01 Primeira transmissão de voz em telefonia sem fio. Landell de Moura 1893 Ativada, no Japão, a Telefonia Móvel Celular 1978 09 02 Primeira estação sistema mundial de comunicação por satélite. 1969 08 São ativados os primeiros celulares digitais da região metropolitana de São Paulo. 1998 04 05 06 07 10 Linha do tempo do telefone Sociedade em Transformação | UNIDADE 1 17 Figura 1.8 – A evolução/destruição criativa das formas de pagamento. Fonte: Elaborado pelo autor (2018). EVOLUÇÃO DOS PAGAMENTOS Moeda metálica Papel moeda Cheque Cartão magnético Transferência eletrônica Pagamentos instantâneos BANK $ Para entender melhor como funcionam as moedas virtuais, uma tendência de mercado que parte de uma destruição criativa, assista ao vídeo “Bitcoins: tudo sobre a moeda virtual e lojas para gastá-las no Brasil”, do CanalTech. Acesse pelo link a seguir: http://gg.gg/cws2r. VÍDEO 18 EXPERIÊNCIA EMPREENDEDORA | Carlos E. Sabrito; Jefferson M. Monticelli; Robson da S. Constante 1.3 O Empreendedorismo Diante de um Cenário de Mudanças no Brasil e no Mundo Segundo Dornelas (2018), o movimento de empreendedorismo no Brasil iniciou na década de 1990, quando entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Sociedade Brasileira para Exportação de Software (Softex) foram criadas. Segundo o autor, antes desses movimentos praticamente não se falava em empreendedorismo e na criação de pequenas empresas. Ou seja, o empreendedorismo no país era um movimento ainda embrionário. Figura 1.9 – O Sebrae é um grande incentivador das ações empreendedoras no Brasil. Fonte: Sebrae (2020). Com o passar dos anos, o Sebrae tornou-se uma das entidades mais conhecidas pelos pequenos e médios empresários. Já o programa/ organização Softex aprimorou suas atividades em empreendedorismo de softwares, estimulando o ensino da disciplina em universidades e a geração de novas empresas de softwares (startups). Ficou interessado? Mais informações sobre as duas entidades podem ser obtidas nos sites: http://gg.gg/i6k48 e http://gg.gg/i6k5l. SAIBA MAIS Sociedade em Transformação | UNIDADE 1 19 Podemos perceber que, nas últimas três décadas, o Brasil vem realizando várias iniciativas em prol do empreendedorismo e criando bases sólidas. Vamos ver alguns exemplos? • As capacitações para o empreendedor por meio do Sebrae; • O programa Brasil Empreendedor, criado pelo Governo Federal, em 2002, que foi se aprimorando e ganhando outras nomenclaturas; • Entidades como a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), às quais contribuem para que empresas sejam incubadas dentro do ambiente das universidades; • Consolidação de programas de apoio à criação de novos negócios com recursos de subvenção econômica, bolsas e investimentos para empresas iniciantes que sejam inovadoras. Os recursos são provenientes de entidades governamentais de apoio à inovação e ao empredeedrmosimos, tais como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), as fundações de amparo à pesquisa, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre outros; • Os programas de fomento e aceleração para startups, como o InovAtiva Brasil e o SP Stars; • Evolução da legislação em prol das micro e pequenas empresas. Exemplos: a Lei da Inovação, as instituições do Simples Nacional, a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas e o Programa Empreendedor Individual. Startups são empresas que, ainda de maneira inicial, desenvolvem ou potencializam produtos ou serviços de caráter inovador, com potencial alto de crescimento e absorção do mercado. Para saber mais sobre startups, leia a matéria “100 startups brasileiras mais desejadas pelas empresas”, da Revista Exame, e confira algumas das ideias mais inovadoras disponíveis no mercado. Link: http://gg.gg/i4r1e GLOSSÁRIO 20 EXPERIÊNCIA EMPREENDEDORA | Carlos E. Sabrito; Jefferson M. Monticelli; Robson da S. Constante Sobre o empreendedorismo em nível global, podemos citar o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), consórcio internacional com sede em Londres, no Reino Unido, associado às principais instituições acadêmicas dos países membros para realizar pesquisas sobre empreendedorismo. O GEM é a única fonte de pesquisa global que coleta dados sobre empreendedorismo diretamente de empreendedores individuais. A Pesquisa de População Adulta do GEM fornece análises sobre as características, motivações e ambições de indivíduos que estão iniciando negócios, bem como atitudes sociais em relação ao empreendedorismo. Hoje, o GEM é considerado o maior estudo unificador das atividades empreendedoras no mundo, reunindo informações que permitem dinamizar e desenvolver serviços e atividades organizacionais e administrativas, o que garante a sua importância na elaboração de ideias de negócio e oportunidades econômicas em um âmbito global. Figura 1.10 – O GEM é um estudo que reúne informações úteis aos empreendedores. Fonte: GEM (2018). Se você tem interesse em abrir uma startup e não sabe por onde começar, existem diversos programas de fomento para potencializar sua ideia e abrir sua empresa. Conforme já citamos, o InovAtiva Brasil e o SP Stars são alguns deles, mas existem outros excelentes programas de aceleração para sua ideia ganhar o Brasil – e o mundo. Para saber mais, acesse a matéria “7 programas de fomento para empreendedores ficarem de olho”, da Associação Brasileira de Startups (AbStartups), para conhecer essas iniciativas:http://gg.gg/cwsea. SAIBA MAIS Sociedade em Transformação | UNIDADE 1 21 A pesquisa GEM iniciou-se em 1999, fruto de uma parceria entre a Babson College e a London Business School e, atualmente, é a mais abrangente pesquisa anual sobre atividade empreendedora no mundo, explorando o papel do empreendedorismo no desenvolvimento social e econômico. Segundo a metodologia do GEM (2017), a análise do empreendedorismo é feita adotando uma visão processual ao considerar as diversas etapas que caracterizam o fenômeno do empreendedorismo global. Esse processo engloba quatro momentos: 1. a intenção dos indivíduos de iniciar um negócio; 2. a criação do empreendimento; 3. seu desenvolvimento considerando duas categorias (nascentes e novos); 4. a etapa em que o empreendimento é considerado estabelecido. O GEM analisa também os aspectos contextuais do processo empreendedor, que vão desde características sociodemográficas dos indivíduos, englobando também o ambiente institucional da sociedade em termos econômicos, políticos, sociais e de desenvolvimento e, por fim, a postura da sociedade em relação ao empreendedorismo enquanto atividade socialmente valorizada em termos de ocupação e geração de renda. Essas informações podem também ser utilizadas para a formulação e implantação de políticas públicas de fomento ao empreendedorismo. Já as análises comparativas da intensidade empreendedora entre países pesquisados pelo GEM, demonstram as dificuldades que são encontradas em função da complexidade na dinâmica de desenvolvimento social e econômico entre os países. A classificação adotada pela pesquisa classifica os países baseando-se nas diretrizes estabelecidas pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, do inglês World Economic Forum). Essa classificação utiliza indicadores sobre o tamanho do produto interno bruto (PIB), renda per capita e quota de exportação de produtos primários. A combinação dessa gama de indicadores, segundo o GEM (2017), classifica os países em três grupos: • Países impulsionados por fatores: são caracterizados pela predominância de atividades com forte dependência dos fatores trabalho e recursos naturais; 22 EXPERIÊNCIA EMPREENDEDORA | Carlos E. Sabrito; Jefferson M. Monticelli; Robson da S. Constante • Países impulsionados pela eficiência: são caracterizados pelo avanço da industrialização e ganhos em escala, com predominância de organizações intensivas em capital; • Países impulsionados pela inovação: são caracterizados por empreendimentos intensivos em conhecimento e pela expansão e modernização do setor de serviços. Conforme os apontamentos recentes do GEM, o Brasil integra o grupo de países impulsionados pela eficiência. Todas as informações dos últimos relatórios do GEM podem ser obtidas pelo site: http://gg.gg/i4r4q SAIBA MAIS Sociedade em Transformação | UNIDADE 1 23 1.4 As Variáveis Identificadas nos Perfis Empreendedores Sobre as variáveis que envolvem o perfil de um empreendedor, segundo a definição do Sebrae (2016), ser empreendedor não é uma condição exclusiva de empresários ou de quem está na gestão do negócio. Na verdade, o perfil está ligado a atitudes que pessoas desenvolvem ao longo da sua vida profissional e acadêmica. Assim, existem alguns comportamentos que podem ser apontados e que representam as características empreendedoras. Vamos ver juntos? Porém, antes, não devemos esquecer que o empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões. Para isso, além de pensar, planejar e agir, ele deve desempenhar de forma eficiente cada uma das etapas de maneira estratégica para conseguir com que as metas e os objetivos sejam atingidos. As características básicas de um empreendedor de sucesso, segundo o Sebrae (2016), podem ser: • Iniciativa e coragem: Empreender é tirar as ideias do papel e colocá-las em prática. A boa ideia é aquela que pode ser executada traçando um plano de ação. Sobre utilizar a coragem nas suas atividades, o empreendedor não deve ter medo de assumir riscos, porém ousa de maneira consciente e bem planejada a fim de ofertar um novo produto no mercado ou mesmo expandir o negócio da empresa. • Visão estratégica: O empreendedor consegue perceber demandas de mercado, entende o perfil do seu cliente e sabe como irá posicionar estrategicamente sua empresa, analisando as vantagens e os riscos de cada ação colocada em prática. • Liderança: O empreendedor conhece cada processo e funcionamento da empresa e sabe como liderar, distribuindo tarefas e funções adequadas para cada perfil de seus colaboradores, fazendo com que sua gestão de talentos torne o gerenciamento produtivo mais eficiente e, claro, muito mais lucrativo. • Capacitação: O empreendedor sabe que o investimento na sua capacitação deve ser contínuo. Assim, tende a melhorar as suas competências. Esse investimento em capacitação e aprendizado não se restringe apenas ao gestor/empreendedor, mas engloba todos os funcionários. 24 EXPERIÊNCIA EMPREENDEDORA | Carlos E. Sabrito; Jefferson M. Monticelli; Robson da S. Constante 1.4.1 Os Mitos do Empreendedorismo Vamos, neste momento, falar sobre os mitos que surgem quando as pessoas falam e pensam sobre como é o perfil de um empreendedor. Segundo Dornelas (2018), existem vários mitos por aí, mas podemos destacar três deles em especial. Vamos vê-los com atenção, para que não sejam um empecilho para você se tornar um novo empreendedor: Mito 1: Empreendedores são natos, eles já nascem com o sucesso garantido. O gene empreendedor já está no DNA da pessoa. A realidade: Pode até ser que a maioria dos empreendedores já nasçam com um certo nível de inteligência, mas a realidade é que empreendedores de sucesso vão acumulando habilidades relevantes, experiências e contatos com o passar dos anos. A capacidade de se ter uma visão visionária sobre oportunidades de mercado tende a se aprimorar ao longo do tempo. Mito 2: Empreendedores são “jogadores” que assumem riscos altíssimos. A realidade: • Assumem riscos calculados/pensados; • Evitam riscos desnecessários; O Sebrae criou, em 1993, o Empretec, que é uma metodologia desenvolvida com o intuito de contribuir para as habilidades empreendedoras de pessoas, profissionais e alunos. Para saber como melhorar as suas características empreendedoras aumentando a competitividade e as chances de sucesso em seu mercado de atuação, acesse: http://gg.gg/cwsjf. SAIBA MAIS Ficou curioso sobre os perfis de empreendedores? Leia a matéria “Qual é o seu perfil empreendedor?”, da Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios. O link está aqui: http://gg.gg/cwsjq. Quer testar qual é o seu perfil? Acesse: http://gg.gg/omc7n. SAIBA MAIS Sociedade em Transformação | UNIDADE 1 25 • Compartilham o risco com os outros (investidores, empresas etc.); • Dividem o risco em “partes menores”. Mito 3: Os empreendedores são “lobos solitários” e, por isso, não conseguem trabalhar em equipe. A realidade: • São ótimos líderes; • Desenvolvem equipes/times; • Criam excelente relacionamento no ambiente de trabalho com seus colegas, parceiros, clientes, fornecedores e muitos outros. Ainda segundo Dornelas (2018), o empreendedor é aquele indivíduo que, além de detectar uma nova oportunidade, cria um negócio para lucrar/capitalizar sobre ela, assumindo riscos muito bem pensados. Independentemente de qualquer definição que possa contextualizar o empreendedorismo, podemos destacar pelo menos três características essenciais ao perfil do empreendedor. 1. Ter iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz; 2. Utilizar, de forma eficiente e criativa, os recursos disponíveis transformando o ambiente social e econômico onde vive e trabalha; 3. Assumir riscos calculados tendo a visão realista de que há a possibilidade de fracassar. Antes de irmos para a próxima seção desta primeira Unidade, devemos ter a clareza de que o processo empreendedor envolve todas as funções, atividades e ações queestão vinculadas à criação de uma nova empresa. Para Dornelas (2018, p. 30), existem três pontos importantes: Em primeiro lugar, o empreendedorismo envolve o processo e geração de algo novo, de valor. Em segundo, requer a devoção, o comprometimento de tempo e o esforço necessário para fazer a empresa crescer. E em terceiro, que riscos calculados sejam assumidos e decisões críticas tomadas; é preciso ousadia e ânimo apenas de falhas e erros. Podemos pensar no perfil de um empreendedor revolucionário, ou seja, o indivíduo que cria algo único, como foi o caso de Bill Gates, criador da Microsoft, que acabou revolucionando o mundo com o sistema operacional Windows. No entanto, a realidade nos mostra que a grande maioria dos empreendedores 26 EXPERIÊNCIA EMPREENDEDORA | Carlos E. Sabrito; Jefferson M. Monticelli; Robson da S. Constante tende a criar negócios em mercados já existentes, o caso de Steve Jobs, que criou um telefone celular (iPhone, da Apple) diferente de todos os outros que já existiam. Figura 1.11 – Windows, a revolução de Bill Gates. Fonte: Divulgação (2020). Figura 1.12 – Steve Jobs e o iPhone. Fonte: Divulgação (2020). Sociedade em Transformação | UNIDADE 1 27 1.5 Empreendedorismo, Inovação e Criatividade como Elementos Complementares Podemos perceber que o empreendedorismo, a inovação e a criatividade são elementos complementares, trabalhados e desenvolvidos conjuntamente no papel/perfil de um profissional ou na cultura e nas características de uma empresa que busca a competitividade. Cabe salientar que o mercado de trabalho está cada vez mais acirrado tanto pelo aumento das exigências dos consumidores, quanto pelo aumento da concorrência, fazendo com que as empresas busquem cada vez mais atitudes e processos empreendedores. Na figura que veremos a seguir, podemos verificar que empreender, inovar e criar estão em perfeita harmonia durante o processo que deve ocorrer na jornada empreendedora. Figura 1.13 – Fatores que influenciam no processo empreendedor. Fonte: Adaptado de Dornelas (2018, p. 31). Segundo Dornelas (2018), quando falamos em inovação e/ou criatividade, a semente do processo empreendedor irá remeter naturalmente à inovação tecnológica. Devemos saber que inovar e empreender são um grande diferencial competitivo no desenvolvimento econômico mundial. Se a inovação e o inovação Ambiente oportunidade criatividade modelos (pessoas de sucesso) Fatores Pessoais realização pessoal assumir riscos valores pessoais educação experiência Fatores Pessoais empreendedor líder gerente visão Fatores Sociológicos networking equipes influência dos pais família modelos (pessoas de sucesso) Fatores Pessoais assumir riscos insatisfação com o trabalho ser demitido educação idade evento inicial crescimentoimplementação Fatores Organizacionais equipe estratégia estrutura cultura produtos Ambiente competição recursos incubadoras políticas públicas Ambiente competidores clientes fornecedores investidores bancos advogados recursos políticas públicas 28 EXPERIÊNCIA EMPREENDEDORA | Carlos E. Sabrito; Jefferson M. Monticelli; Robson da S. Constante empreendedorismo estiverem associados com a tecnologia, todas as ações serão automaticamente potencializadas. Esse desenvolvimento irá depender, prioritariamente, de quatro fatores críticos, apontados por Smilor e Gill (1986), que devem ser analisados para entender o complexo processo do empreendedor. Quadro 1.2 – Fatores críticos para o desenvolvimento econômico. Fonte: Adaptado de Dornelas (2018, p. 32). Segundo a lógica do quadro apresentado anteriormente, a inovação tecnológica, segundo Dornelas (2018), há quatro pilares que estão de acordo com os quatro fatores anteriormente (talento, tecnologia, capital e conhecimento/know-how): 1. Investimentos de capital de risco; 2. Infraestrutura de alta tecnologia; 3. Ideias criativas; 4. Cultura empreendedora focada na paixão pelo negócio. Diante dos quatro fatores e pilares apresentados, podemos perceber que o talento empreendedor é resultado de variáveis como percepção, direção, dedicação e muito trabalho. Empreendedores fazem acontecer o sucesso da empresa, seja de um novo produto ou um novo modelo de negócio. Assim, a pessoa que tem talento/criatividade terá sempre oportunidades de crescer, diversificar e desenvolver negócios. Vale lembrar que, conforme Dornelas (2018), o talento sem ideias é como uma semente sem terra e água. 1 - Talento - Pessoas criativas 2 - Tecnologia - Ideias inovadoras/criativas 3 - Capital - Recursos financeiros 4 - Know-how - Conhecimento Negócios de sucesso → Sociedade em Transformação | UNIDADE 1 29 Para o mesmo autor, o talento deve estar aliado à tecnologia na busca de ideias aplicáveis, seguido por um fator importante: o capital (recurso disponível ou busca de uma fonte de investimento). O valor financeiro é fundamental para que o negócio saia, efetivamente, do papel. Um componente fundamental ao empreender é o know-how. Esse elemento trata do conjunto de conhecimentos e habilidades do empreendedor para fazer com que, no mesmo espaço, estejam, em sintonia, o talento, a tecnologia e o capital, fazendo com que a empresa tenha muito mais chances de obter sucesso no mercado em que irá atuar. Para que os talentos e as ideias sejam potencializados, existe o processo empreendedor, utilizado para ampliar e alinhar os movimentos e as atividades empreendedoras. Segundo Hisrich, Peters e Shepherd (2009), o processo empreendedor, base de toda a construção criativa dos projetos e das ações do empreendedorismo, tem quatro fases: 1. Identificar e avaliar a oportunidade; 2. Desenvolver o plano de negócios; 3. Determinar e captar os recursos necessários; 4. Gerenciar a empresa criada. Para entendê-las melhor, vamos ver a imagem a seguir com o detalhamento de cada período. Figura 1.14 – O processo empreendedor. Fonte: Adaptado de Dornelas (2018, p. 34). • Criação e abrangência da oportunidade; • Valores percebidos e reais da oportunidade; • Riscos e retornos da oportunidade; • Oportunidade versus habilidades e metas pessoais; • Situação dos competidores. Identificar e avaliar a oportunidade 1. Sumário executivo; 2. O conceito do negócio; 3. Equipe de gestão; 4. Mercado e competidores; 5. Marketing e vendas; 6. Estrutura e operação; 7. Análise estratégica; 8. Plano financeiro; 9. Anexos. Desenvolver o plano de negócios • Recursos pessoais; • Recursos de amigos e parentes; • Angels; • Capitalismo de risco; • Bancos; • Governo; • Incubadoras. Determinar e captar os recursos necessários • Estilo de gestão; • Fatores críticos de sucesso; • Identificar problemas atuais e potenciais; • Implementar um sistema de controle; • Profissionalizar a gestão; • Entrar em novos mercados; Gerenciar a empresa criada 30 EXPERIÊNCIA EMPREENDEDORA | Carlos E. Sabrito; Jefferson M. Monticelli; Robson da S. Constante O processo empreendedor será abordado, de maneira detalhada, com a identificação e a avaliação de oportunidades na Unidade 2. Sobre o desenvolvimento de um plano de negócios e os demais itens apontados no processo empreendedor, iremos compreendê-los no decorrer das próximas unidades, com foco maior na Unidade 4. Sociedade em Transformação | UNIDADE 1 31 SÍNTESE DA UNIDADE Em nossa primeira Unidade, pudemos aprender juntos alguns conceitos sobre empreendedorismo, assim como as caraterísticas do perfil de um indivíduo que deseja empreender. Pudemos perceber que, para ser um empreendedor, não é necessário nascer com esse perfil, já que, na maioria das vezes, ele é aprimorado e apreendido no decorrer da vida profissional e acadêmica. Além disso, vimos que existem mitos que envolvem as características de um empreendedor, assim como algumas variáveis que são identificadas no perfil de pessoas que empreendem. Também contextualizamos como ocorreu e se desenvolveu o processo de empreendedorismo no Brasil e o quanto avançamosnesse sentido. Por fim, conseguimos correlacionar como ocorre o processo de empreender, inovar e criar como elementos complementares para deixar as empresas mais competitivas e o empreendedor ainda mais completo em suas capacidades, habilidades e características. 32 EXPERIÊNCIA EMPREENDEDORA | Carlos E. Sabrito; Jefferson M. Monticelli; Robson da S. Constante REFERÊNCIAS CONHEÇA características importantes para o comportamento empreendedor. SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, 2016, São Paulo. Disponível em: http://gg.gg/cws67. Acesso em: 06 abr. 2020. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 7. ed. São Paulo: Empreende Editora, 2018. GEM. Global Entrepreneurship Monitor. Empreendedorismo no Brasil – 2016. Relatório Executivo. Curitiba: IBQP, 2017. Disponível em: http://gg.gg/i4r9b. Acesso em: 05 abr. 2020. HISRICH, R. D.; PETERS, M. P.; SHEPHERD, D.A. Empreendedorismo. 7 ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. HISTÓRIA do telefone. Toda Matéria, São Paulo, 2014. Disponível em: http://gg.gg/jjeeo. Acesso em: 05 abr. 2020 MAXIMIANO, A. C. A. Administração para empreendedores. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2011. PROCESSO de destruição criativa. Lord Taryen, 2019, São Paulo. Disponível em: http://gg.gg/jjeh1. Acesso em: 05 abr. 2020. SCHUMPETER: inovação, destruição criadora e desenvolvimento. Terraço Econômico, São Paulo, 2016. Disponível em: http://gg.gg/jjewx. Acesso em: 05 abr. 2020. SMILOR, R. W.; GILL, M. D. Jr. The new business incubator. USA: Lexington Books, 1986. Se você encontrar algum problema nesse material, entre em contato pelo email eadproducao@unilasalle.edu.br. Descreva o que você encontrou e indique a página. Lembre-se: a boa educação se faz com a contribuição de todos! CONTRIBUA COM A QUALIDADE DO SEU CURSO Av. 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