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UNIDADE 2 Organizadora: Lília Sabrina da Cunha DE PESSOAS Capacitação e Desenvolvimento Aprendizagem nas Organizações Prezado estudante, Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina. Objetivo Geral Identificar as potencialidades e as características do processo de aprendizagem em adultos e nas organizações. Objetivos Específicos • Conhecer princípios da andragogia; • Identificar premissas e potencialidades da aprendizagem organizacional. Questões Contextuais • Você sabe o significado da palavra andragogia? • Qual o papel do profissional responsável pela área de desenvolvimento de pessoas na definição de metodologias de aprendizado mais eficientes para a organização? • Já participou de algum treinamento com uma metodologia que tenha desafiado você? • Você sabia que a programação neurolinguística determina que possuímos diferentes estilos de aprendizagem? unidade 2 V.1 | 2021 CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS | Lília Sabrina da Cunha 46 2.1 Introdução Para dar início ao conteúdo da Unidade 2, que tratará sobre Aprendizagem nas Organizações, vamos compreender o conceito de andragogia. É ele que dará suporte para que possamos desenvolver pessoas nas organizações, tendo em vista que, como capacitadores, trabalharemos com adultos ou jovens em transição entre adolescência e início da adultez, como é o caso de aprendizes e estagiários. Conhecer os princípios da andragogia é uma maneira de entender como adultos aprendem. E isso é extremamente importante para que facilitadores, multiplicadores e instrutores possam criar experiências de aprendizagem condizentes com os princípios andragógicos. Nesta etapa, falaremos sobre a história da andragogia, para que você conheça como se iniciaram os conceitos andragógicos e quem foram os principais autores a defenderem o tema. E também aprenderemos sobre o significado do termo andragogia, quando ele foi empregado pela primeira vez e como foram as tentativas de incluir seus conceitos nas salas de aula há mais de 100 anos. Além disso, vamos entender a utilização de abordagens relacionadas à educação de adultos nas organizações, tendo em vista as potencialidades que devem ser consideradas para um melhor desempenho dessa aprendizagem. 47 Aprendizagem nas Organizações | UNIDADE 2 2.2 Alguns Significados para o Termo Andragogia Andragogia é conhecida como a arte ou ciência de orientar adultos no processo de aprender. Essa definição foi creditada a Malcolm Knowles, na década de 1970 (CPDEC, 2017). Knowles organizou suas ideias em torno da noção de que os adultos aprendem melhor em ambientes informais, confortáveis, f lexíveis e sem ameaças. A primeira vez que o termo andragogia foi utilizado no livro Ideias Educacionais de Platão, escrito pelo alemão Alexander Kapp (1833 apud ANDRAGOGIA BRASIL, 2017a), abordou justamente a necessidade de continuar aprendendo ao longo da vida. De acordo com esse livro, para o adulto aprender é preciso autorreflexão e ter objetivos claros sobre a aprendizagem, cabendo a ele próprio identificar quais conhecimentos lhe agregam valores pessoais e profissionais, pois é isso que facilita a predisposição em continuar aprendendo (ANDRAGOGIA BRASIL, 2017a). Outro autor, Pierre Furter concede à andragogia o sentido de ser um conceito amplo de educação do ser humano, enquanto que para Franklin Wave, andragogia é a arte de causar o entendimento. Embora cada autor defina de maneira distinta, todas essas referências evidenciam a aprendizagem do adulto como fator central e determinante (ANDRAGOGIA BRASIL, 2017). Andragogia consiste na ciência específica da aprendizagem de adultos e tem sido utilizada de maneira intensa no mundo organizacional. Essa forma de desenvolver pessoas permite que o desenvolvimento humano esteja diretamente ligado ao aprendizado, pois só assim acontecerá de maneira efetiva. O significado da palavra andragogia origina-se dos termos gregos: andros (adultos) e gogos (educar). GLOSSÁRIO Na andragogia, o educador define o que ensinar, porém quem delibera a forma de aprender é o próprio educando (ENAP, 2015). DESTAQUE CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS | Lília Sabrina da Cunha 48 A andragogia surge, então, alicerçada sobre vários princípios da educação, já aplicados há muitos anos, pois, desde o tempo de Platão, ele e outros pensadores utilizavam a experiência, que é a base da andragogia (ANDRAGOGIA BRASIL, 2017a). Muito mais do que simplesmente transmitir conhecimentos, a andragogia exige uma habilidade, por parte do professor, capacitador ou instrutor, de facilitar o conhecimento. O adulto não se conforma em simplesmente ouvir e absorver sem que isso interaja com sua realidade pessoal e/ou profissional. Fato é que quando se está à frente de adultos, ver deles expressões como um sacudir de cabeça e uma interação com o professor são sinais de que a aprendizagem está fazendo sentido. O quadro abaixo nos mostra as características da aprendizagem na andragogia conforme Cavalcanti (1999 apud CAMPOS, 2009): Quadro 2.1 – Características da aprendizagem na andragogia. CARACTERÍSTICAS DA APRENDIZAGEM ANDRAGOGIA Relação entre professor e aluno Aprendizagem tem como característica uma centralidade na independência do aluno, prezando pela autogestão da aprendizagem. Razões da aprendizagem Adultos desejam aprender o que precisam para a vida, portanto, a aprendizagem deverá ter a possibilidade de aplicação prática na vida. Experiência do aluno A experiência é rica em fonte de aprendizagem com bastante interação entre os grupos e participação nas soluções dos problemas propostos. Orientação da aprendizagem Aprendizagem tem como base problemas relacionados ao cotidiano, exigindo aplicação dos conhecimentos para sua solução. Fonte: Adaptado de Campos (2009). 49 Aprendizagem nas Organizações | UNIDADE 2 2.2.1 Pensadores da História da Andragogia Voltando no tempo, podemos entender que Alexander Kapp, Eugen Rosenstock e Eduard Lindeman são as referências que colaboraram efetivamente para a história da educação de adultos, com suas importâncias e contribuições para que fosse possível termos conceitos bem fundamentados para aplicar a andragogia em sala de aula (ANDRAGOGIA BRASIL, 2017b). No Brasil, os estudos começaram recentemente e não temos muitas referências sobre andragogia, por isso utilizamos pesquisadores franceses, americanos e espanhóis. Conforme aponta o site Andragogia Brasil (2017b), vamos conhecer mais sobre o que cada um deles acreditava? Durante quase um século, Alexander Kapp fez tentativas de inserir novos conceitos andragógicos nos centros acadêmicos, mas sua busca foi fracassada. A ideia dele era de que o corpo docente precisava atualizar-se no que se refere a didáticas para atender às necessidades dos adultos. Era preciso priorizar as experiências e, com isso, fugir dos métodos convencionais de ensino, ou seja, o pedagógico. Por muito tempo, o adulto foi visto como alguém que não precisava mais estar em sala de aula, já que, ao adentrar ao mercado de trabalho, ele já estaria pronto para todos os desafios que suas experiências trariam. Dessa forma, não necessitaria de novos conceitos teóricos. O adulto precisa ser incentivado a fazer o link entre suas experiências e o conteúdo a ser desenvolvido. Na medida em que a assimilação vai acontecendo, os downloads vão sendo construídos. Por exemplo: você jamais deve afirmar seus níveis de conhecimento diante de uma turma de adultos. É importante que eles sintam que você é igual, pois dessa maneira irá conquistar e ser aceito por seu público. Lindeman acreditava em cinco aspectos: o adulto tem profunda necessidadede ser autodirigido, ou seja, de controlar a si mesmo, ter independência; diferenças individuais tendem a aumentar conforme a idade; a orientação de adultos para a aprendizagem é centrada na vida; a motivação do adulto em aprender está na experimentação de suas necessidades; e a experiência é a fonte mais rica para a aprendizagem do adulto. DESTAQUE CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS | Lília Sabrina da Cunha 50 A Escola Nacional de Administração Pública (ENAP, 2015) identificou várias suposições básicas sobre os adultos aprendizes, que compõem os fundamentos da teoria de aprendizagem de adultos. Observemos cada uma delas: 1. Os adultos são motivados a aprender conforme vivenciam necessidades e interesses que a aprendizagem satisfará; portanto, esses são os pontos de partida adequados para organizar as atividades de aprendizagem dos adultos; 2. A orientação da aprendizagem dos adultos é centrada na vida; portanto, as unidades adequadas para organizar a aprendizagem de adultos são situações da vida, não assuntos; 3. A experiência é o recurso mais rico para a aprendizagem dos adultos; portanto, a metodologia central da educação de adultos é a análise de experiências; 4. Os adultos têm uma forte necessidade de autodirigir-se; portanto, o papel do professor é envolver-se em um processo de questionamento mútuo com o aluno, em vez de transmitir seu conhecimento a ele e, a seguir, avaliar seu grau de conformidade com o que foi transmitido; 5. As diferenças individuais entre as pessoas aumentam com a idade; portanto, a educação de adultos deve prever as diferenças de estilo, tempo, lugar e ritmo de aprendizagem. É interessante observar que Lindeman não estabelece uma dicotomia entre educação de adultos e de jovens, mas sim entre educação de adultos em comparação com educação “convencional”. Os pensadores que vimos anteriormente norteavam suas ações por um pensamento socrático, conhecido como diálogo de Sócrates. O pensador grego adotava uma abordagem de questionamentos com seus aprendizes. Ele acreditava que as respostas estavam nas perguntas - e, com isso, valorizava que as pessoas buscassem em suas próprias histórias seus valores e suas maneiras individuais de aprender. É interessante observar que Lindeman não estabelece uma dicotomia entre educação de adultos e de jovens, mas sim entre educação de adultos em comparação com educação “convencional” (ANDRAGOGIA BRASIL, 2017b). DESTAQUE 51 Aprendizagem nas Organizações | UNIDADE 2 Além disso, os autores também buscavam conhecer as experiências de vida social, pessoal, profissional, política e amorosa. Na andragogia, cada experiência tem um valor muito grande para o processo de ensino e aprendizagem - que já, desde essa época, os educadores preocupavam-se com as carências individuais, para que fosse possível nivelar o conhecimento e o ponto de partida. Trazendo essa premissa para os dias atuais, vemos que não há ambiente de aprendizagem sem considerar as origens dos alunos, suas histórias e vivências pregressas. 2.2.2 Princípios da Andragogia Para o Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada (CPDEC, 2017), que trabalha há 20 anos com Educação Continuada de Adultos, a andragogia precisa atentar para os seguintes aspectos: A. A necessidade de aplicabilidade, na qual o capacitador precisa entender primeiramente a necessidade do contexto para então propor um método de aprendizagem; B. A autonomia, considerando que cada participante deseja aprender aquilo que tem sentido para ele, desenvolver e ao mesmo tempo respeitar a autonomia do adulto é um ato de sabedoria, a partir do momento em que mesmo em um trabalho coletivo, cada um deve ter consciência de seu papel no grande grupo; Para aprofundar um pouco mais o conhecimento sobre o método socrático, convido você a assistir o filme “Poder além da vida”, que retrata, através de uma história de superação, a importância entre os questionamentos do ser humano e sua capacidade de alcançar novos patamares de vida, desde que concilie adequadamente esses diálogos internos. O trailer do filme está aqui: http://gg.gg/xgb67 VÍDEO CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS | Lília Sabrina da Cunha 52 C. Experiências Prévias, considerando os conhecimentos que as pessoas trazem de suas vidas até o momento. O capacitador deverá estar atento e utilizar esses recursos, pois, se negligenciados, podem gerar ruído na relação; D. Interatividade, pois um estilo de aula monótono, no qual a pessoa não é desafiada a pensar, a sair de seu lugar, a desacomodar-se, é típico de cair no esquecimento. Incentivar o senso crítico faz toda a diferença; E. Clima de segurança e respeito, pois o adulto só se entregará a novos conhecimentos quando se sentir respeitado perante o grupo; F. Reflexão e feedback, promover reflexões mediante exemplos práticos que façam o adulto associar o conhecimento a suas experiências fará com que se sinta valorizado, bem como a adoção de feebacks construtivos durante todo o processo. Todas as pessoas querem reconhecimento. Esta mesma referência evidencia os cinco inimigos da aprendizagem de adultos. Sabendo que a andragogia ocorre de forma diferente do que a pedagogia, alguns cuidados devem ser considerados. Abaixo de cada um, você terá acesso a um conjunto de ações, que são geralmente muito assertivas: Arrogância: refletida na falta de humildade diante do que o capacitador tem a oferecer. A pessoa fecha-se e acredita que já conhece tudo o que poderia conhecer, limitando seu desenvolvimento e, muitas vezes, influenciando o grande grupo de forma negativa. Pessoas assim geram comentários do tipo “eu nem deveria ter vindo para esse treinamento”, “isso não vai dar em nada” etc. O que o capacitador pode fazer em relação a isso? Promover combinações iniciais em todo o treinamento reforçando que ninguém é tão sábio que não possa continuar desenvolvendo-se, que o ser humano está em constante modificação, pois nossa vida é mudança. Dessa forma, o capacitador já vai de certa forma “baixando a guarda” daquelas pessoas mais resistentes e dá o recado de início, de que as coisas não serão do jeito que aquela pessoa mais arrogante pensa que serão. Além disso, o fato de você dar esse recado de início já vai gerar conexão com o pensamento de quem estiver com isso em mente, e a pessoa entenderá que é para ela - e que mesmo ela tendo feito isso em outras ocasiões, que ali, naquele momento e no seu treinamento, esse tipo de atitude não será aceita. Preguiça: evidenciada pelo desinteresse da pessoa, manifestada através de críticas e lentidão na realização ou participação das atividades. Algumas pessoas podem até bocejar para serem entendidas como desinteressadas e causar certo constrangimento ao capacitador. Nesse caso, é preciso incentivar a interação e evitar monotonias. Quando você perceber as pessoas bocejando propositalmente, poderá dar um toque do tipo “esse tema pode parecer enfadonho ou até chato para você, mas o que 53 Aprendizagem nas Organizações | UNIDADE 2 você faria se tal coisa lhe acontecesse?”. É muito comum que essas pessoas mexam-se em suas cadeiras, ajeitando-se, pois mesmo que você não as tenha exposto (o que, aliás, não é recomendável, para evitar reações negativas como agressividade), elas entendem o recado e sabem que você estava falando com elas. Vergonha: demonstrada na incapacidade de o treinando expor-se. Isso pode ocorrer por medo de que suas palavras expressem fragilidades diante ao grupo. Isso pode ser resolvido a partir de um acordo feito desde o primeiro encontro, informando que o ambiente de treinamento é seguro e que nada do que for trabalhado dentro da sala deverá sair dali, com exceção dos conhecimentos que devem ser colocados em prática. Deve-se também incentivar o respeito aos conteúdos que forem trazidos pelos colegas, que todos devem sentir-se bem o suficiente a ponto de abrirem-se e exporem inclusive dúvidas, e que isso não deve ser utilizadocontra ninguém fora dali. É importante incentivar sempre a responsabilidade dos treinandos e reforçar a ideia de que “informação é poder”, e que precisam sempre estar atentos a como irão usar o conhecimento que adquirirem ali. Inflexibilidade: observamos isso naquelas pessoas que criam uma espécie de bloqueio para defenderem-se. Nada do que é dito que deve ser mudado elas entendem como problemas e nenhuma proposta de solução que as impacte é vista com bons olhos. Essas pessoas normalmente querem a mudança, desde que não chegue até elas. E com isso o capacitador deverá ter o jogo de cintura necessário para levá-las a comprometerem- se com o objetivo proposto. Impaciência: normalmente a percepção clássica da impaciência são os famosos “olhos revirados para cima”, “boca torcida” e aquela suspirada que a pessoa dá que mais parece um búfalo bravo. Esse tipo de comportamento pode refletir um pouco de soberba também, quando a pessoa olha você com ar de deboche, como se tudo o que você estivesse falando não valesse para ela em momento algum. Nessa hora, o capacitador pode inserir em seu discurso uma fala, demonstrando que está atento ao que se passa, como, por exemplo: “agora, é possível até que essas coisas nem façam tanto sentido para alguns de vocês, mas, lá na frente, quando enfrentarem essa situação, certamente lembrarão do que estamos falando aqui”. É bem comum que as pessoas percebam que o recado foi para elas, e mudem, inclusive, sua postura física, através do famoso “ajeitar-se na cadeira” ou “engolir seco”. Talvez você tenha identificado-se com muitas dessas situações que foram citadas e também é possível que tenha se assustado com algumas delas. Mas vale a pena dizer que isso é algo positivo, pois você está se preparando para o que vai acontecer na prática. Pode-se afirmar que pessoas são relativamente previsíveis, e em situações comuns, muitos comportamentos acabam manifestando-se de maneira repetida. Pode ser que você esteja em uma sala de treinamento com 50 pessoas e somente uma delas CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS | Lília Sabrina da Cunha 54 manifeste o que vimos acima, mas mesmo assim seu discurso deverá estar alinhado a ela. Precisamos estar sempre atentos aos comportamentos que se manifestam, pois normalmente eles são foco de futuros problemas ou situações que precisaremos tratar durante o processo de desenvolvimento das pessoas. E aí, está convencido de tudo isso? E se os conceitos estivessem reunidos em uma história? Leia a seguir o relato da nossa personagem (fictícia) Amanda Farias. Aqui, vamos trazer a experiência dessa capacitadora renomada, de mais de 15 anos de carreira, e ver como ela reverteu situações complicadas: Figura 2.1 – Amanda, a personagem do nosso relato a seguir. Fonte: Adaptado por Universidade La Salle (2021) com base em Freepik (2021). 55 Aprendizagem nas Organizações | UNIDADE 2 Esse relato evidencia os desafios que a realidade profissional nos reserva, além de trazer as possibilidades de enfrentamento - com cuidado, para não perdermos a turma. Já diz um professor, reconhecido como referência em treinamentos comportamentais no Brasil, Massaru Ogata, que “nunca devemos perder um treinando”. Isso porque normalmente é nesse tipo de situação conflituosa que o aluno tende a sentir-se ofendido e, até mesmo, sair da sala para não mais retornar. Nossa habilidade deve ser de, mesmo diante do enfrentamento, ser possível reverter a situação e retomar tanto o controle da situação, quanto garantir a manutenção do respeito nas relações. “Vou contar aqui duas situações que ocorreram comigo num mesmo período, em diferentes salas de treinamento. Duas empresas me contrataram para o desenvolvimento de lideranças. Em encontros diferentes, fui promovendo as abordagens diferenciadas e solicitando que as pessoas interagissem. Em cada um dos grupos, havia uma pessoa (homem) que olhava para tudo o que estava sendo desenvolvido fazendo pouco caso. Dava para notar nos bocejos frequentes, nas mãos no queixo e nas costas deitadas bem para a parte de trás da cadeira. Essas figuras reviravam os olhos vez ou outra, e os suspiros profundos eram frequentes também. O que eu fiz? Minha contrapartida foi retomar tudo o que já havia sido comentado e fazer com que essas pessoas sentissem que faziam parte daquele momento, mesmo que não quisessem. Mostrei também que seus comportamentos estavam sendo observados (aliás, muitas vezes as pessoas querem mesmo atenção, ainda que precisem comportar-se mal para isso). E o que aconteceu foi que, em determinado momento, quando surgiram algumas tarefas ao final dos treinamentos, essas pessoas que fizeram pouco caso eram justamente as responsáveis pela realização das tarefas e saíram meio contrariadas, falando mal e tentando desprezar o treinamento. Mas, na semana seguinte, eles precisaram trazer as soluções e, quando questionados sobre o impacto dessas ações, tiveram de admitir o quanto foi positivo o processo. Então, o que quero dizer com isso? Que mesmo a pessoa mais resistente precisa ser conquistada, não podemos negligenciá-la, caso contrário ela poderá levar o treinamento ao fracasso. Se estivermos bem preparados para enfrentar essas adversidades, nada nos pegará desprevenidos, e as chances de que nossos treinamentos tenham sucesso, por mais técnicos ou teóricos que sejam, aumentarão de forma significativa! Mas, para isso, precisamos pagar o preço de conhecer o lado mais difícil dessa atividade”. CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS | Lília Sabrina da Cunha 56 2.3 O que Deve ser Levado em Consideração na Educação de Adultos? Naturalmente, um programa de capacitação, treinamento, educação ou desenvolvimento de adultos deve funcionar de maneira distinta do que os destinados às crianças, por exemplo. Dessa maneira, aquele modelo tradicional de educação que conhecemos e que ainda é muito praticado, no qual o professor fala e o aluno ouve, absorvendo todas as informações como se fossem verdade absoluta, não funciona com adultos. Como já vimos anteriormente, a andragogia é quem se encarrega da aprendizagem adulta e defende que a apropriação do saber é individual, ou seja, o adulto só aprende se quiser e sentir necessidade. E diante disso, o capacitador, facilitador, professor ou treinador é quem mais terá de adaptar-se, incentivando e despertando esse interesse. E, ainda assim, ninguém será obrigado a aprender, independente se isso está ou não relacionado a alguma demanda empresarial. Outro desafio para o capacitador é o de trazer a informação e permitir que o participante a transforme em conhecimento. E isso ocorre através de sensibilização, convencimento e respeito, afinal de contas, estaremos interagindo com adultos. Para Kolb (1984 apud ENAP, 2015) a aprendizagem experiencial contempla uma percepção integrada e holística sobre o que é o processo de aprender. O autor acredita que é preciso considerar algumas variáveis como: percepção, cognição e comportamento. Destaca ainda que, ao contemplar esses aspectos, a aprendizagem promove transformação, contínua recriação (tendo em vista as ressignificações acerca do que já se sabe) e compreende os seguintes fatores: interação entre ação e reflexão, experiências passadas e atuais, através de um processo constante de feedback, onde: Segundo os princípios da andragogia, o processo de aprendizagem é mais efetivo quando tem um caráter vivencial. É a vivência que garantirá a aplicação prática das informações, possibilitando associações e conexões com o cotidiano. DESTAQUE 57 Aprendizagem nas Organizações | UNIDADE 2 Figura 2.2 – Processo de feedback. Fonte: Adaptado de Enap (2015). No que diz respeito à educação profissional, a formação e desenvolvimento das capacidades de cada indivíduo têm como meta, como sendo processo fundamental para a ampliação das aptidões ao longo das técnicas de ensino/aprendizagem, o ambiente favorável. O autor menciona ainda que algumas expectativaspor parte do capacitador ou professor, tais como iniciativa, competência, criatividade, integração, entre outros requisitos, deverão ser analisadas considerando a realidade dos alunos, que normalmente é a de um trabalhador que sai de seu expediente, cansado, e vai para a sala de aula. Com isso, sua motivação já está impactada pelo cansaço, o que pode prejudicar seu desempenho, e isso cada vez mais se torna um desafio para que as aulas sejam atrativas, dinâmicas e ativas (ENAP, 2015). Nesse contexto, Laffin (2012) afirma que a educação de adultos deve abordar, além dos conteúdos tradicionais, também conteúdos que possam empregar planejamento e orçamento familiar, organização social para a produção de trabalho, desenvolvimento de atividades econômicas, controle de patrimônio público, entre outros assuntos que possam captar a atenção adequada de cada trabalhador/estudante, facilitando assim o meio de aprendizagem. A aprendizagem para o adulto, portanto, requer uma ligação entre experimentar determinadas situações e fazer com que o indivíduo gere mudança, a partir dessa nova experiência. Dessa forma, o bom relacionamento com colegas, compartilhando experiências, interagindo espontaneamente e observando os erros e acertos das Re�exão Atividade Prática Ajuste do Modelo Interno Teste de Novas Ideias CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS | Lília Sabrina da Cunha 58 experiências contadas pelos demais, faz com que o aprendizado torne-se algo mais prazeroso e produtivo. Sendo assim, o estudante retorna com entusiasmo à sala de aula no dia seguinte, na busca de novas práticas educativas (LEITE, 2011). 2.3.1 Elaboração de Capacitações com Metodologia Andragógica Para que as capacitações com metodologia andragógica ocorram de maneira adequada, é possível seguir um pequeno checklist de atribuições. Vamos ver juntos? • Utilizar técnicas e estratégias de aprendizado adequadas para a construção do conhecimento; • Dar enfoque aos participantes e suas necessidades, ao invés de focar somente no conteúdo; • Entender que absorver conteúdos não gera aprendizagem. Gera apenas uma mente cheia de informações; • Adotar recursos diversificados; • Incentivar a interação através de troca de ideias (deixar que as pessoas falem); • Atividades práticas que promovam engajamento (o conhecimento deve gerar transformação); • Alinhamento entre conhecimentos teóricos e prática diária; • Conteúdos constantemente atualizados (estar atento às modificações no contexto profissional do público a ser impactado); • Adotar exemplos, cases, simulações e discussões que estabeleçam ligação com a realidade do participante. Em termos práticos, a andragogia nos faz entender que cursos e treinamentos para adultos precisam focar mais o processo (metodologia) e menos o conteúdo. O capacitador deve atuar no planejamento efetivo dos cursos e treinamentos, criando estratégias de aprendizagem atentando sempre ao perfil de seu público que será impactado e estar de acordo com os objetivos de aprendizagem. Dessa forma, adotar estratégias como estudos de casos, dramatizações, simulações e autoavaliação são interessantes. Sendo assim, o instrutor e multiplicador adota um papel de facilitador da aprendizagem, e um dos fatores mais importantes para que isso seja possível é o relacionamento entre ele e o participante. 59 Aprendizagem nas Organizações | UNIDADE 2 Uma grande questão a ser pensada, por exemplo, é a de que, ao investir em treinamento e desenvolvimento, as empresas dão maior destaque a questões como diagnóstico, definição dos gaps de aprendizagem e elegibilidade dos participantes. Dessa forma, a abordagem a ser utilizada vai sendo deixada para um segundo plano e, consequentemente, reduzida a uma importância menor do que merece. 2.4 Desafios na Educação de Adultos De um lado, está o modelo tradicional de ensino, que é unidirecional. Normalmente, esse formato coloca o participante em uma posição de passividade, na qual o instrutor é o detentor do conhecimento e tem o papel de transmiti-lo. O participante, por sua vez, deve memorizar e estruturar a informação em seu cérebro para acessá-la quando necessário. As avaliações, ao invés de comprovarem a aplicação prática do conhecimento, testam se o aluno absorveu os conceitos. Knowles (2011) aponta para o fato de que a aplicação na vida real não é objeto de preocupação na maioria dos casos, infelizmente. Com isso, os profissionais que trabalham na área de desenvolvimento de RH são desafiados a aliar teoria e prática, buscando novas alternativas para manter as pessoas motivadas a desenvolverem-se. Esse cenário tem estimulado a nossa constante reflexão sobre qual é a maneira mais eficiente de promover-se a educação de adultos nas organizações. Malcolm Knowles (2011, p. 31) defende a afirmação de que “não podemos ensinar um adulto, mas sim, ajudá-lo a aprender”. Os princípios apresentados pelo autor classificam cada um dos membros de uma corporação como corresponsáveis pelo seu processo de aprendizagem. O autor defende ainda que a transmissão da informação deixa de ser o fim do processo e passa a ser o meio. Sempre que há espaço para a discussão conceitual, a partir da necessidade específica de aprendizado, as definições são feitas em conjunto com o participante. O repertório de cada um é considerado uma ferramenta tão importante quanto os conceitos teóricos e casos externos, evidenciando aqui, novamente, a história e conhecimentos prévios do adulto. CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS | Lília Sabrina da Cunha 60 A esse respeito, já dizia um provérbio chinês: “Se queres colher em três anos, planta trigo. Se queres colher em dez anos, planta uma árvore. Mas se queres colher para sempre, desenvolve um homem”. Mas, para que isso ocorra, é necessário haver interação - e, para isso, é preciso que haja vínculo entre aprendizes e capacitadores. É decisivo que exista boa aceitação do capacitador, sob pena de todo investimento ser em vão. David Ausubel (1982) também trouxe sua contribuição para a aprendizagem, propondo que os conhecimentos prévios dos alunos sejam valorizados, de modo que sejam capazes de construir um processo de assimilação efetivo. Esse autor propõe que a aprendizagem seja significativa, e que para isso, depende de dois fatores: o primeiro, é que o aluno esteja disposto a aprender, e o segundo, é que o conteúdo aprendido seja significativo. Para ilustrar essas definições, imagine um grupo de executivos que precisa desenvolver determinada habilidade. Evidentemente, não seria adequado pautar esse processo em um treinamento tradicional, baseado em sala de aula com slides de conceitos sobre a matéria, com base em referências. A contrapartida mais adequada seria utilizar práticas mais assertivas, como a adoção de debates sobre conceitos relacionados às competências exigidas no processo de desenvolvimento, bem como a descoberta de novas possibilidades adequadas à realidade de cada um, além de considerar outros ambientes e/ou estratégias de aprendizagem. O que nos parece interessante é que este modelo permite uma mudança significativa do papel do RH das empresas. A área de desenvolvimento de pessoas, treinamento e desenvolvimento ou educação corporativa deixa de simplesmente definir temas, abordagens e objetivos de aprendizagem de maneira isolada e passa a auxiliar os participantes a enfrentarem os novos desafios. A compreensão dos conceitos da andragogia torna este profissional tecnicamente mais preparado para atuar em todas as etapas: diagnóstico, desenho instrucional, gestão de parceiros e provedores, planos de aula etc (KNOWLES, 2011). DESTAQUE Dessa maneira, apresenta-se aqui um grande desafio para o capacitador: o de adaptar-se ao seu público, conquistando-o. DESTAQUE 61 Aprendizagem nas Organizações | UNIDADE 2 A aprendizagem significativa opõe-se aos métodos de memorização, pois eles estariam ligados somente a uma assimilação momentânea e, muitas vezes,ligada apenas a uma necessidade de avaliar o quanto se sabe. Uma aprendizagem, para ser significativa, necessita passar por um processo de descoberta, no qual a compreensão vai fazendo-se na medida em que os conhecimentos vão sendo recebidos. Essa forma de descobrir o conhecimento gera uma oportunidade para professores, instrutores e capacitadores, no que diz respeito sobre as formas de interagir e propor as intervenções de aprendizagem. 2.5 Os Fatores Decisivos para a Aprendizagem Todo o treinamento/capacitação empresarial é um processo de aprendizagem. E aprender é essencialmente expandir a capacidade de ação efetiva. Para isso, o capacitador deve estar atento aos aspectos abaixo: Experiência e Reflexão Para que haja aprendizagem, é preciso que a pessoa passe pela experiência. Portanto, é necessário que o facilitador propicie estrategicamente experiências de aprendizado aos seus treinandos. Uma experiência de aprendizado geralmente decorre de atividades práticas altamente selecionadas e elaboradas durante o planejamento do treinamento. Tais práticas precisam estar absolutamente relacionadas com o tema em questão, mas mais do que isso: precisam estar conectadas fortemente com o objetivo de aprendizagem. Mas para ir além e gerar transformação, é necessário que o facilitador saiba promover reflexões sobre a experiência. Nesse caso, perguntas inteligentes podem ser as portas de entrada para um salto de consciência. Mudança e Transformação Pessoal Um treinamento precisa alavancar mudanças. Mas toda mudança nasce a partir da mentalidade. Uma pequena ampliada no modelo mental e voilà: a pessoa começa a enxergar o mundo de forma diferente. E quando modifica o modo como percebe o mundo, muda também sua forma de agir nele. Portanto, seu desempenho muda e, consequentemente, ela passa a colher resultados melhores. CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS | Lília Sabrina da Cunha 62 Perceba que a simples transmissão de conteúdo, por mais interessante e bem apresentado que seja, sem a experimentação e a reflexão, é insuficiente para produzir mudanças. Sem incorporação dos conhecimentos no cotidiano, não haverá aprendizagem e muito menos transformação pessoal. Propósito Os participantes de qualquer curso ou treinamento têm algumas perguntas básicas em sua mente, tais como: • O que aprenderei nesse treinamento? • Por que aprender isso é importante? • Como a aprendizagem será conduzida? • Afinal de contas, isso serve para quê? • O que eu faço com essas informações? Aqui, já temos grandes desafios quando a metodologia ou o conteúdo não podem ser compartilhados, como nos casos em que a proposta é de um treinamento vivencial, por exemplo, o qual será visto. Nessas situações, se você souber o que vai acontecer, perde-se o encanto da surpresa diante do desafio. E é comum que, mesmo assim, as pessoas queiram saber o que vai rolar dentro do treinamento. Então, uma boa saída é dizer que “será bom para você” ou “você vai surpreender-se positivamente”. Então, uma das primeiras tarefas dos responsáveis pela educação corporativa é deixar bem clara a resposta a essas perguntas e ajudar os participantes a tomarem consciência da necessidade de aprendizagem. Isso poderá ser feito antes do curso, por meio de comunicação adequada e convites amistosos. Também pode ser feito durante o treinamento, através de ferramentas que ajudem o participante a tomar consciência de que aqueles ensinamentos serão úteis em sua vida pessoal e profissional e estão ligados a um propósito válido. Situar os participantes sobre o tema do curso e sua importância na vida e no trabalho ajuda a fazer essa conexão e a haver um sentido em aprender. Garantia da liberdade Adultos têm necessidade de serem responsáveis pelas próprias decisões, de dirigir a si mesmos e terem autonomia. E podem resistir às situações em que alguém imponha a sua vontade a eles. 63 Aprendizagem nas Organizações | UNIDADE 2 Figura 2.3 – Autonomia. Fonte: Adaptado por Universidade La Salle (2021) com base em Freepik (2021). Eles querem ter liberdade de escolha. Escolher se vão participar ou não, de que forma vão fazer as atividades, etc. A metodologia dos cursos e treinamentos precisa ser pensada em termos de experiências de aprendizagem condizentes com essa necessidade. Na prática: crie oportunidades para que o treinando possa exercer sua criatividade, pensar por si mesmo em relação ao tema proposto, e procure gerar espaços onde ele possa manifestar-se, dialogar e propor soluções. Adultos aprendem mais e melhor quando se sentem mais livres e autônomos, e não apenas dirigidos. Respeitar suas histórias Adultos possuem experiências prévias e modelos mentais pré-formados sobre a vida, o mundo, o trabalho e sobre como as coisas funcionam. É necessário que o capacitador tenha habilidade na construção de experiências de aprendizagem capazes de resgatar tais experiências, valorizando a bagagem vivencial dos participantes. Dessa maneira, faz-se necessário estabelecer uma ponte entre o conhecimento a ser aprendido e aquilo que o participante já possui. “As pessoas não resistem a mudanças, resistem a serem mudadas”. DESTAQUE CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS | Lília Sabrina da Cunha 64 O capacitador, diante dessa realidade, deve também construir cenários de reflexão que possibilitem que a mente do participante elabore novas ideias acerca de problemas cotidianos, remexendo em questões limitadas a crenças, que muitas vezes engessam a permissão da pessoa para pensar diferente, ou ao menos, cogitar novas perspectivas ou possibilidades. Sentir-se inspirado Todo o desejo de aprender de um adulto surge a partir de uma necessidade. Nas organizações, esse desejo pode surgir a partir de uma demanda de trabalho, um novo conhecimento a ser assimilado. Além disso, a disposição por aprender pode estar relacionada ao momento da vida em que a pessoa encontra-se. Cada transição remete a uma nova necessidade de aprender algo novo. Investigar, portanto, essas informações sobre o público a ser treinado ou desenvolvido, apresenta-se como um desafio para o capacitador. Conheça seu público, investigue sobre suas vidas e adapte seu treinamento, seu discurso e, principalmente, as dinâmicas que você pretende utilizar. Aplicação na vida real Os adultos aprendem melhor quando o curso ou treinamento é voltado para situações do cotidiano. Relacionar o discurso à realidade do trabalho ou da vida pessoal passa a ter sentido, pois as pessoas desenvolvem estratégias para o enfrentamento dessas situações. O adulto interessa-se em aprender aquilo que tem aplicabilidade prática. Então, entregue conteúdos e exemplos que sejam de rápida aplicação, que sejam compreensíveis e tenham relação com os desafios enfrentados no cotidiano do trabalho. Uma dica: estabeleça conexão entre o tema proposto e a vida pessoal do participante. Faça isso de forma lúdica, quem sabe até engraçada. Instigue que se divirtam enquanto aprendem. Dessa maneira, você estará entregando conteúdo de utilidade pessoal, que poderá também ser aplicado na vida social do indivíduo. Automaticamente, esse novo comportamento ou conhecimento impactará a relação com os colegas dentro da empresa. É preciso entender que, se o aprendizado for embasado somente em exemplos do que seria o ideal, sem considerar o real, a prática diferencia-se disso, tudo ficará muito difícil de ser compreendido. Isso porque o treinando necessita sentir que o que está sendo dito relaciona-se de alguma forma com sua vida fora da empresa. 65 Aprendizagem nas Organizações | UNIDADE 2 Além disso, é preciso entender que, mesmo o treinamento sendo profissional, precisaremos falar de aspectos pessoais, pois já passou o tempo em que as pessoas eram obrigadas a deixar de fora a vida pessoal a partir do momento em que assumem a carga horária para a qual foram contratadas. 2.6 Comunicação e Retenção da Aprendizagem Cada ser humano, por ser diferente, tem particularidadestambém no que se refere ao jeito de aprender, de assimilar as informações. Isso porque possuímos diferentes canais de aprendizagem. Podemos apropriar-nos disso estudando a programação neurolinguística. Conhecida por PNL e criada por Richard Bandler (1986), a neurolinguística nos mostra que a nossa comunicação das informações requer várias formas de expressão, em virtude de que as pessoas aprendem de maneiras diferentes. Se quisermos atingir positivamente um número maior de alunos, por exemplo, deveremos adaptar os materiais aos diferentes estilos de entendimento. Além disso, a PNL tem como base os estudos de William Edward, que elaborou suas pesquisas com base no pensamento criativo, em todo o cérebro. Passou por mais de 30 anos de estudo para entender que as portas da percepção que temos do mundo passam por nossos sentidos (INSTITUTO BRASILEIRO DE COACHING, 2017). Alguns testes, conhecidos como testes representacionais, são capazes de identificar quais os estilos de aprendizagem. Os mais conhecidos são: auditivo, visual e sinestésico. Vejamos cada um deles: AUDITIVO: são pessoas que aprendem mais pela escuta, têm capacidade de assimilação e memorização mais aguçada pela escuta. São mais adeptos a estudar utilizando um estímulo auditivo, por exemplo. VISUAL: precisam visualizar mais para assimilar as informações, irão anotar mais, precisam ter informações para estudar posteriormente. É um estilo que precisará de recursos visuais para assimilar o conhecimento. SINESTÉSICO: este perfil aprende vivenciando e sentindo. O sinestésico vai preferir também participar de vivências práticas, valorizando o contato físico. Atividades que sejam sentidas e que explorem emoções também o satisfaz. CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS | Lília Sabrina da Cunha 66 Quando pretendemos transmitir uma informação, ou comunicar algo, é importante identificarmos o canal mais adequado ao estilo do receptor. Ou, em casos nos quais isso não é possível, devemos adaptar os materiais e o estilo de ensino aos diferentes perfis de aprendizagem. 2.7 Metodologias para a Educação de Adultos nas Organizações Essa frase diz muito a respeito dos desafios no processo de desenvolvimento de adultos. Aprender dentro dessa ideia nos remete a pensar em movimento. O adulto precisa aprender em movimento, seja este de pensar diferente, de rever crenças, de movimentar o corpo, assumir papéis diferentes, resolver problemas, e até mesmo adotar posturas distintas na resolução de um conflito. São inúmeras as estratégias que podem ser adotadas num processo de capacitação, intercalando com o conteúdo obrigatório e que normalmente é o objetivo do treinamento contratado. A grande questão aqui é o que utilizar para que esse conteúdo seja efetivamente assimilado e, principalmente, adotado na prática. Não apenas o conteúdo dos cursos deve ser mudado, mas também o método de ensino. As aulas expositivas devem dar lugar aos exercícios em sala de aula, nos quais há uma maior participação dos alunos. O lema para essas turmas deve ser “deixe a turma fazer o trabalho”. Deve haver um grande espaço para fóruns, discussões e debates. Para a prática da leitura, devem ser usados jornais, circulares e revistas, além dos livros didáticos. Se você desejar entender um pouco mais sobre a contribuição dos princípios da PNL na educação, poderá acessar um artigo chamado “A contribuição da programação neurolinguística para o exercício da docência no ensinouniversitário”. O link está aqui: http://gg.gg/xgbp6 SAIBA MAIS Albert Einstein disse: “Aprendizagem é experiência, todo o resto é informação”. DESTAQUE 67 Aprendizagem nas Organizações | UNIDADE 2 Para que um programa de educação de adultos obtenha sucesso, há alguns elementos que devem ser incorporados. E, para isso, o capacitador é desafiado a ter um perfil criativo, de modo a buscar no mercado novas estratégias que se adequem ao público e o contexto em que está inserido. Caso contrário, seu treinamento não passará de mais um, entre tantos os que os treinandos participarão ao longo de suas vidas. Os programas de capacitação precisam considerar a exposição de experiências de vida dos adultos, leituras, cursos realizados, e até mesmo suas dificuldades e anseios, pois a prática de trocar as informações vivenciadas proporciona amadurecimento e evolução no aprendizado. Dessa forma, a andragogia faz-se presente e necessária, para que a evolução, tanto da empresa, quanto do colaborador, seja efetivada. Diante dessa busca incessante de capacitação e desenvolvimento profissional, o adulto disponibiliza-se a instruir-se com mais exatidão, a fim de amadurecer cada vez mais o desenvolvimento de suas tarefas. Salienta-se que a forma de aprender do adulto está mais focada em estudar situações da vida real, gerando dessa forma motivação e despertando interesse do adulto em manter a autoestima elevada, e melhorando sua qualidade de vida (ENAP, 2015). Estrategicamente, empresas criam sua forma objetiva de capacitar seus empregados, já que tal capacitação resulta na aquisição metódica de normas e conhecimentos, que resultem em melhoria da produtividade, gerando a mudança organizacional. Mas, para tanto, é necessário que a empresa identifique quais competências farão a diferença para o sucesso do negócio. Franco et al.(2015) mencionam que, no intuito de propiciar uma aprendizagem construtiva, facilitando a assimilação e entendimento com base em novas ideias e experiências, as empresas, em geral, têm cada vez mais buscado por pessoas dinâmicas, proativas e criativas, entendendo que estas trarão maiores resultados à organização. Silva (2008) ressalta a importância de manter as diferenças individuais, tais como vivências e habilidades do adulto, respeito de conhecimentos e forma de compartilhar áreas de carência no intuito de suprir essas insuficiências, porém enfatiza os desafios em administrar diferentes personalidades e expectativas. Dessa forma, as empresas precisam de um plano de desenvolvimento variado, a ser compartilhado entre empresa e colaborador, permitindo que desafios a serem desenvolvidos sejam também estabelecidos em comum acordo. CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS | Lília Sabrina da Cunha 68 Colaboradores, de uma forma geral, compreendem a urgência na busca de desenvolvimento intelectual, a fim de um bom relacionamento organizacional, sendo assim, estabelecem como objetivos a busca pela aprendizagem contínua, contemplando as exigências do clima organizacional (SHINODA et al., 2014). Muitos educadores, instrutores e consultores deparam-se com a dúvida sobre como atuar no ambiente empresarial. Nesse contexto, o site Andragogia Brasil (2017a) nos mostra que o ensino para adultos pode certamente sair da sala de aula, tornando-se também um processo in company. Sabe-se que empresas que optam por treinamentos baseados nos modelos andragógicos estimulam a responsabilidade, o comprometimento, a autoestima, bem como a capacidade de grupos de colaboradores resolverem com mais propriedade seus problemas de trabalho. Sendo assim, observa-se que a evolução do quadro profissional torna-se constante quando a produtividade faz-se a partir da motivação dos instrutores e educadores. Quando se fala especificamente sobre educação corporativa, Franco et al. (2015) destacam a importância da análise crítica empresarial, no que diz respeito à verificação de treinamento e desenvolvimento embasando eventos de capacitação a fim de verificar a percepção do funcionário sob a ótica das atividades desempenhadas por eles, e exigidas por seus superiores. Sabendo que a andragogia propõe mudanças na educação de adultos, outro desafio que as empresas enfrentam no que diz respeito à educação corporativa é a adaptação de infraestrutura para tais processos de aprendizagem, já que o ambiente deve ser propício para um bom desenvolvimento e deve estimular a participação e troca de conhecimento. Quando o assunto é desenvolver competênciasnecessárias para atingimento de resultados, empresas devem constituir suas metas a fim de propor maneiras de colocar em prática o que se foi absorvido no processo de aprendizagem andragógico, instigando no colaborador seu autodesenvolvimento e questões necessárias para que o processo estratégico da empresa aprimore-se constantemente. Vale ressaltar que, para que as melhorias de cultura da empresa ocorram, é necessário que se abra espaço para o empregado compartilhar suas experiências e informações, pois desta forma, o indivíduo irá absorver com propriedade o que foi estudado, gerando assim mudanças de comportamento permanente no mercado. 69 Aprendizagem nas Organizações | UNIDADE 2 Costa (2011) investigou e identificou através de análise de processo de aprendizagem que alguns elementos do ambiente organizacional, tais como cultura, valores, estruturas organizacionais e políticas de gestão de pessoas, influenciam e facilitam o processo de aprendizagem dos sujeitos investigados. No quadro abaixo, pode-se observar de que forma o ambiente organizacional torna-se propício para que a aprendizagem do adulto seja efetiva e assertiva. Quadro 2.2 – Obstáculos x Fatores positivos de aprendizagem organizacional. OBSTÁCULOS PARA APRENDIZAGEM FATORES POSITIVOS • Colaborador/estudante que apresenta bloqueio na sua comunicação; • Sofre pressão para atingir resultados; • Possui restrição de acesso às culturas e normas da empresa. • Ambiente para comunicação de fácil acesso e sem restrições; • Empresa responsabiliza-se em oferecer recursos ilimitados de aprendizagem. Fonte: Adaptado de Costa (2011). No âmbito geral da andragogia, quando as empresas ampliam seus fatores positivos com relação à aprendizagem de seus colaboradores, estas tendem a aprofundar estratégias de capacitação, constituindo paradigmas assertivos de treinamento e desenvolvimento, explicitando melhorias no desenvolvimento de seus funcionários, fazendo com que o amadurecimento dos esforços de ambas as partes seja notável e permanente. Vídeos cansativos, inúmeros slides e transmissão de conhecimento unilateral definitivamente não combinam com educação de adultos. Enquanto não tratarmos adultos como adultos, não despertaremos seu interesse. A didática no ensino superior precisa ser diferente, pois o aluno virou adulto. Ele agora está trabalhando e possui experiências que podem e devem ser compartilhadas em sala de aula. CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS | Lília Sabrina da Cunha 70 2.8 A Relação Entre Andragogia e Treinamento de Adultos nas Empresas Investir no desenvolvimento das pessoas que realizam o trabalho nas empresas significa investir na qualidade dos produtos e serviços. Consequentemente, representa atender melhor os clientes, ampliando as vendas, etc. Atualmente o investimento em atividades de treinamento adquire maior impacto pelos motivos a seguir, conforme abordagem de Tachizawa (2006): A. As deficiências observadas na educação regular fazem com que os alunos saiam das escolas e faculdades com um nível de conhecimento muito aquém do desejável; B. As características peculiares a determinados cargos e empresas exigem uma adaptação dos empregados recém contratados; C. A constante evolução tecnológica requer a atualização de conhecimentos dos empregados; D. Cumpre explorar o inesgotável potencial de crescimento encontrado nos seres humanos. Portanto, o desenvolvimento das pessoas nas organizações deve privilegiar não apenas as que exercem papel de direção e supervisão, mas também as que trabalham nos vários setores da cadeia produtiva. Afinal, os resultados decorrem das atividades de todos. Dessa forma, Tachizawa (2006) também afirma que atividades de treinamento adotadas com adultos devem atentar para as seguintes ressalvas: A. Não existem técnicas melhores ou piores, mas, sim, técnicas mais ou menos adequadas conforme os objetivos que se pretenda atingir; B. O treinamento deve ter base nos princípios universais do ensino convencional, ou seja, deve-se atentar para a necessidade de um ambiente formal onde o capacitador continua detendo o conhecimento, porém, também deverá sofrer os devidos ajustamentos induzidos pelas condições de aprendizagem e finalidades do programa proposto na empresa em questão; C. O treinamento tem como objetivo preparar as pessoas para a execução imediata das diversas tarefas peculiares à organização; 71 Aprendizagem nas Organizações | UNIDADE 2 D. O treinamento deve proporcionar oportunidades para o contínuo desenvolvimento pessoal, não apenas para o cargo atualmente ocupado, mas também para outros que o indivíduo possa vir a exercer. Além desses aspectos, é importante frisar que, ao capacitar as pessoas, espera-se que estas mudem o comportamento, a fim de criar entre elas um clima mais satisfatório e aumentando com isso suas motivações, que apesar de serem intrínsecas (existem dentro de cada um de nós) podem ser incentivadas com uma boa condução. Também deve permitir que haja mais receptividade entre as técnicas de supervisão e gestão e a obediência das regras. Dessa maneira, um bom programa de capacitação e desenvolvimento deverá fazer com que as pessoas saiam dele muito melhores do que estavam quando entraram, então isso se apresenta também como um desafio para o condutor desse processo, que envolve o RH inevitavelmente, mas que também está nas mãos do capacitador do momento. Em algumas empresas, ainda há uma grande preocupação em desenvolver somente executivos em alta hierarquia ou o nível gerencial, porém, isso vai de encontro às tendências das organizações, onde há preocupação em conferir maior autoridade a todos os colaboradores, desde que possuam responsabilidade para isso. Por outro lado, sabemos que atualmente os trabalhadores têm maior necessidade de educação básica e de treinamento para qualificarem-se no trabalho. Faz-se necessário, dessa forma, oferecer um treinamento contínuo também preocupado com as novas tecnologias disponíveis e com as tendências de técnicas e métodos. CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS | Lília Sabrina da Cunha 72 Síntese da Unidade Os adultos são motivados a buscar o aprendizado conforme vivenciam necessidades e interesses que a aprendizagem satisfará. A orientação dos adultos para a aprendizagem é centrada na vida. A experiência é a fonte mais rica para a aprendizagem dos adultos. Os adultos têm uma profunda necessidade de autodirigir-se. As diferenças individuais entre as pessoas aumentam com a idade. Dessa forma, é necessário que o profissional que estiver à frente do desenvolvimento dos programas de capacitação possua uma visão holística e integrada sobre as particularidades dos treinandos. Essa visão vai desde o entendimento de quais são as necessidades dos adultos até a escolha da metodologia e técnicas adotadas durante a capacitação. Nesta etapa, também conhecemos os fatores considerados decisivos para que a aprendizagem de adultos seja significativa, garantindo e evidenciando o papel do professor, instrutor ou capacitador nesse processo. 73 Aprendizagem nas Organizações | UNIDADE 2 Bibliografia AUSUBEL, D. P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982. BANDLER, R. Ressignificando: programação neurolinguística e a transformação do significado. São Paulo: Summus, 1986. CAMPOS, L. S. Andragogia e integração de atividades de tradução textual no ensino/aprendizagem de línguas. 134p. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada) – Universidade de Brasília. Brasília, 2009. Disponível em: http://gg.gg/xgdle Acesso em: 21 dez. 2021. COMO aplicar um treinamento empresarial com os conceitos de andragogia. Andragogia Brasil, 2017a. Disponível em http://gg.gg/b4ho5. Acesso em: 21 dez. 2021. COSTA, L. A. da. Ambiente organizacional e sua influência no processo de aprendizagem dos indivíduos. In: ANTONELLO, C. S.; GODOY, A. S. (Orgs). Aprendizagem organizacional no Brasil. PortoAlegre: Editora Bookman, 2011. CPDEC - CENTRO DE PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO CONTINUADA. CDPEC, 2017. Página Inicial. Disponível em: http://gg.gg/b4how. Acesso em: 21 dez. 2021. ENAP - ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ENAP, 2015. Página Inicial. Disponível em: http://gg.gg/b4hp4. Acesso em: 21 dez. 2021. ENSINO de Adultos. Andragogia Brasil, 2017b. Disponível em: http://gg.gg/vzf29. Acesso em: 21 dez. 2021. FRANCO, D. S. et al. A andragogia na educação corporativa: o caso de uma empresa metalúrgica. Revista de Administração da Unimep, v. 13, n. 2, p. 74-99, 2015. Disponível em: http://gg.gg/b4hpb. Acesso em: 21 dez. 2021. INSTITUTO BRASILEIRO DE COACHING. Apostila professional and self coaching. São Paulo: IBC, 2017. CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS | Lília Sabrina da Cunha 74 KNOWLES, M. S. Aprendizagem de resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da educação corporativa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. LAFFIN, M. Trabalho, economia solidária e processos educativos. In: LAFFIN, M. H. L. F. (Org). Educação de jovens e adultos, diversidade e o mundo do trabalho. Ijuí: Ed. Unijuí, 2012. LEITE, I. C. B. V. O aprendizado da função gerencial por meio da experiência. In: ANTONELLO, C. S.; GODOY, A. S. (Orgs). Aprendizagem organizacional no Brasil. Porto Alegre: Editora Bookman, 2011. MADRUGA, R. Treinamento e desenvolvimento com foco em educação corporativa. São Paulo: Editora Saraiva, 2017. MORAES, M. V. G. Treinamento e Desenvolvimento - Educação Corporativa - Para as Áreas de Saúde, Segurança do Trabalho e Recursos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2011. NOE, R. A. Treinamento e desenvolvimento de pessoas. Porto Alegre: Grupo A, 2015. SHINODA, A. C. M. et al. Um estudo sobre a utilização de andragogia no ensino de pós-graduação em Administração. Revista de Gestão, v. 21, n. 4, p. 507-523, 2014. Disponível em: http://gg.gg/b4hqi. Acesso em: 21 dez. 2021. SILVA, M. G. R. da. Coach e papéis gerenciais. In: ANTONELLO, C. S.; BOFF, L. H.; RUAS, R. L. (Orgs). Os novos horizontes da gestão. Porto Alegre: Bookman, 2008. TACHIZAWA, T. Gestão com pessoas: uma abordagem aplicada às estratégias de negócios. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. Se você encontrar algum problema neste material, entre em contato pelo email eadproducao@unilasalle.edu.br. Descreva o que você encontrou e indique a página. Lembre-se: a boa educação se faz com a contribuição de todos! CONTRIBUA COM A QUALIDADE DO SEU CURSO Av. Victor Barreto, 2288 | Canoas - RS CEP: 92010-000 | 0800 541 8500 eadproducao@unilasalle.edu.br
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