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Mycobacterium spp Prof. Dr. Eliclécio Rodrigues Ordem Actinomycetales Família Mycobacteriaceae Genero Mycobacterium Aproximadamente 156 espécies e 13 sub-espécies no gênero Mycobacterium Classificação Clínica das Micobactérias Grupos Exemplos 1. Patógeno obrigatório M. tuberculosis, M. bovis, M. leprae, M. avium subsp. paratuberculosis (doença de Crohn) 2. Patógeno cutâneo M. marinum, M. ulcerans. 3. Patógeno oportunista M. kansasii, M. avium intracellulare, M. xenopi. 4. Não ou raramente patógeno M. gordonae, M. smegmatis. 5. Patógeno animal M. lepraemuriu, M. caprae M. pennipedi Classificação Família: Micobacteriaceae Gênero: Mycobacterium Mycobacterium leprae Complexo M. tuberculosis Complexo M. avium Micobactérias não tuberculosas (MNT). Mycobacterium tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. microti (roedores), M. caprae (caprinos), M. canetti (var. do M. tuberSomália), M. pinnipedii (leões) 99,9% de identidade genética (RNAr 16S) Complexo Mycobacterium tuberculosis Mycobacterium avium subsp. avium M. avium subsp. hominissuis M. avium subsp. paratuberculosis M. intracellulare Complexo M. avium Infecções oportunistas em pacientes com AIDS Micobactérias não tuberculosas (MNT) Classificação Runyon (1959) (Grupos I, II, II e IV) tempo crescimento produção pigmento carotenóide organismos “atípicos” Infecções linfáticas, pulmonares, esqueléticas, cutâneas e disseminadas. Micobactérias não tuberculosas ou atípicas (MNT) patogênicas para o homem segundo classificação de Runyon * Usualmente saprófitas, porém há registros de doenças provocadas por elas. Fonte: adaptado de Runyon ( ATS Statement, 1997) In: Ministério da Saúde,2007 Grupos Espécies de crescimento Apresentação clínica comum Tempo Grupo I Fotocromogênicas M. kansasii Pulmonar e ganglionar Lento M.marinum Lesões cutâneas Rápido M.simiae pulmonar Lento M. asiaticum pulmonar Lento Grupo II Escotocromogênicas M. scrofulaceum M. xenopi M. szulgai M. gordonae M. flavencens Pulmonar e ganglionar Pulmonar Pulmonar *Não patogênica *Não patogênica Lento Lento Lento Grupo III Não cromogênicas Complexo M. avium (inclui Pulmonar, ganglionar ou Lento M.intracellulare) disseminada M. malmoense Pulmonar Lento M. hemophilum Cutânea e de tecidos moles Lento M. terrae * Não patogênica Lento M. ulcerans Úlceras cutâneas Lento M. noncromogenicum Úlceras cutâneas Lento Grupo IV De Crescimento Rápido- Complexo M. fortuitum (inclui M.chelonae), M.abscessus M. thermoresistible M. neoaurum Pulmonar, tecidos moles, óssea * Não patogênica *Nãopatogênica Rápido Rápido Rápido Características Gerais Bacilos (pleomórficos) retos ou encurvados, cocobacilos, filamentosos ou formas ramificadas. (0,2- 0,6 µm por 1-10 µm) Não formam esporo, flagelo ou cápsula Parede: Complexa quanto a composição química Lipídeos (60% PS): Natureza hidrofóbica para a parede (30% do genoma da bactéria relacionado a produção destes lipídeos) (Ácido micólico = 70 a 80 carbonos) (* características importantes) (ácido N-glicolilmurâmico) AG: Arabinogalactana mAG: micolil arabinogalactana mAGP: mAGpeptideoglicano LAM: Lipoarabinomanana LM: Lipomanana PIM: Fosfatidil inositol-manose * Bacilos Álcool Ácidos Resistentes (BAAR) (Ziehl-Neelsen) Características Gerais Intracelulares - infectam e proliferam-se no interior de macrófagos Características Gerais M. intracellulare Cultivo: Meio de cultura Lowenstein-Jensen (Albumina, Lecitina (Ovo), Glicerol, Asparagina, Sais Minerais e Verde Malaquita (agente inibidor) Middlebrook (agar (7H10 e 7H11) e caldo (7H9))(sais específicos, vitaminas, cofatores, acido oléico, albumina, catalase, glicerol, asparagina) cresce menos contaminantes que o contendo ovo Stonebrink (Sem glicerol, com piruvato) M. bovis Dubois, Ogawa Características Gerais Cultivo: Condições de cultivo Aeróbios Estritos (requer O2 ) Crescimento Lento: (10 dias a 3 semanas) *tempo de geração de 18 a 24 horas); Rápido: 3 a 7 dias: (normalmente as saprofíticas) Características Gerais Lowenstein-Jensen Stonebrink Mycobacterium tuberculosis ❖1882- Robert Koch – "Bacilo de Koch“ (BK) Tuberculose era causa de 1 a cada 4 óbitos na Europa há 100 anos atrás, ❖Com a descoberta da estreptomicina (1944) a tuberculose passou a ter cura, ❖Há 15 anos: Reemergência da tuberculose nos países desenvolvidos. Nos países em desenvolvimento, nunca havia sido controlada, ❖1993: OMS declara tuberculose emergência global. Estratégia do Tratamento Diretamente Observado (DOTS) ❖1998: Decifrado o genoma do M.tuberculosis. Prioridade do Ministério da Saúde a partir de 1996 Principal agente de tuberculose no homem Dimensões 0,3 a 0,6 mm por 1,0 a 4,0 mm Tempo de geração de 24 horas Fosfolipases C, lipases e esterases Mycobacterium tuberculosis Virulência: Propriedades metabólicas e/ou estruturais →modulam a resposta imune Sem Fatores de Virulência Clássicos (toxinas, adesinas, cápsula polissacarídica) *Componentes lipídios estão envolvidos na patogênese (Intracelulares facultativas e não destruídos no interior dos fagócitos ---> Evita fusão do fagossoma com o lisossoma ) (Resposta mediada por células) Infecções que podem durar a vida toda do indivíduo Patogenia Outras bactérias e Warner & Mizrahi, 2007. Nature Medicine 13, 282 - 284 A maioria das bactérias e micobactérias não patogênicas são rapidamente mortas quando fagossomo fundi- se com lisossomos. Por outro lado, o M. tuberculosis permanece dentro dos fagossomos e a bactéria libera PknG (proteina kinase G) para bloquear a fusão fagossomo com lisossomo. Transmissão Interpessoal - fatores de infecciosidade Inalação gotícula Ingestão com leite contaminado - atualmente incomum - pasteurização Inoculação - pessoal laboratório - patologistas Tcell I Primary lesion I M. tub.e- r - c.u- l.osls Foemy -IW""=lm glantcell ..--- r Lymphnodes Persistngmycobactcria Inprlma.ylympnnode lesionsandInleslon·free lymphnodes Rrmcaseouscore 1nhibitilgbactenalgrowth PersistÍ'l!Jmycobacteria inlesioo-freetissue f - - r t -T"'\' Necrose caseosaDevido fofolipídios Órgãos mais frequentemente acometidos: Pulmões, gânglios, pleura, rins, cérebro, ossos .. ....-.-I :.:._·.- I Tb cutânea www.anaisdedermatologia.org.br http://www.anaisdedermatologia.org.br/ 2-10 semanas = sistema imune Tuberculose Infecção (sem doença) ❖bacilos presentes macrófagos granulomas ❖detecção= prova tuberculínica ❖não transmitem bacilos Tuberculose doença ❖ qualquer fase da vida ❖sistema imune ❖sistema imune ❖ multiplicação bacilos Risco progressão da infecção para doença maior para infecções ou doenças que debilitam o sistema imunológico Diabetes Mellitus Infecção pelo HIV Tratamento prolongado com corticosteróide Terapia imunossupressora Doenças renais crônica Desnutrição Sintomas Tosse (por mais de 15 dias), Dispnéia, Cansaço fácil, Dor torácica, Rouquidão, Febre (mais comum ao entardecer), Sudorese Noturna, Falta de apetite, Emagrecimento Diagnóstico Clínico História Clínica Exame Físico Exame radiológico Prova tuberculínica Diagnóstico Exame bacteriológico (laboratorial) Baciloscopia Cultura Outros métodos Amostras ClínicasExame Direto para pesquisa de BAAR (BK) (Ziehl-Neelsen ou Kinyoun)Limite de detecção -104 bacilo/mL material (2 a 3 amostras) Diagnóstico Laboratorial Frasco estéril boca larga Kinyoun Baciloscopia Permite descobrir fontes de infecção = Bacilíferos Detecta 70 a 80% casos Tb Indicações: -pacientes adultos com sintomas respiratórios -pacientes com alterações ao RX -contato de casos de Tb M. bovis (BCG-Bacille Calmette et Guérin) M. intracellulare Cultura (Lowestein-Jensen, Middlebrook) limite de detecção-102 bacilo/mL (O aumento da tensão de CO2 intensifica o crescimento) Indicações:- Suspeita de TB pulmonar com exame direto negativo - Diagnóstico de forma extra-pulmonares - Casos suspeitos de resistência bacteriana às drogas (testes de sensibilidade a drogas) Diagnóstico Laboratorial BACTEC™ 460TB System Mycobacterial Culture Media Este sistema detecta o crescimento das micobactérias num meio líquido de Middlebrook (7H12 e 7H13, para as hemoculturas) que contém ácido palmítico marcado com C14. A metabolização deste ácido leva á libertação de 14CO2, que é medido e transformado num valor numérico Diagnóstico Laboratorial Identificação Bioquímica: Produção de Niacina, Redução de nitrato a nitrito (Nitrato redutase), Hidrólise do Tween, Catalase a 68oC, Urease Testes moleculares: Sondas M. tuberculosis PCR Amplificação de sequencias espécies especificas –RNAr 16S Contato com pessoas com Tb Sintomas e sinais sugestivos: •tosse seca ou produtiva por 3 semanas ou + •febre vespertina •perda de peso •sudorese noturna •dor de cabeça História de tratamento anterior para Tb Presença fatores de risco: infecção pelo HIV, câncer, etilismo Diagnóstico clínicoHistória Clínica Imunodiagnóstico: Teste da Tuberculina Proteínas de transporte e porinas da parede (Teste Cutâneo) Hipersensibilidade mediada por células X Tuberculina ou PPD (Purified Protein Derivative) (0,1 mL de solução de tuberculina = 0,04 µg) A classificação: não reator, reator fraco e reator forte não está mais recomendada, pois a interpretação do teste e seus valores de corte podem variar de acordo com a população e o risco de adoecimento. Reatora = Presença de infecção não suficiente para diagnóstico da Tb doença DiagnósticoProva da Tuberculina Hipersensibilidade do tipo IV – Reações Granulomatosas leitura: 48 a 72 horas (96h) diâmetro mm Radiografia do Tórax Casos suspeitos e baciloscopia negativa Drogas para Tratamento Padronizado e duração de 6 meses - Esquema Básico Nos dois primeiros meses: Isoniazida, Rifampicina e Pirazinamida e Etambutol Nos quatro últimos meses: Isoniazida e Rifampicina Tratamento responsabilidade exclusiva do setor público de saúde Vacinação BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) (1921) (M. bovis modificado) (50% de proteção) Resistência as condições ambientais Sensíveis a temperaturas elevadas (pasteurização ) *Resistência as condições ambientais (dessecação e desinfetantes) Natureza hidrofóbica da superficie e crescimento em agregados (corantes e antibacterianos adicionados em meios seletivos) Mycobacterium leprae Gerhard Henrick Armauer Hansen (1841-1912) Agente da lepra (hanseníase ou mal de Hansen) (1873) 1970 Infecção Sistêmica em Tatu (semelhante a hanseníase lepramatosa em humanos) Calcula-se cerca de 12 milhões de pessoas no mundo com hanseniase (Brasil 4,6/10 mil Hab.) Mycobacterium leprae Morfologia semelhante ao M. tuberculosis; bacilos retos ou ligeiramente encurvados; BAAR; não móveis e não produtores de esporos; não são cultivados em meios de cultura artificiais mas apenas em culturas de células; Características gerais Coloração de Ziehl Neelsen Aspectos Gerais da Doença Afeta principalmente a pele e os nervos, mas pode atingir outros orgãos -Tecidos mais frios como pele, nervos superficiais, nariz, faringe, laringe, olhos e testículos. (ToC ótima = 30oC) - Lesões cutâneas na forma de máculas pálidas e anestésicas, nódulos eritematosos ou infiltração cutânea difusa. -Distúrbios: anestesia, neurite, reabsorção óssea e encurtamento dos ossos. Patogenicidade -Hanseníase Tuberculóide: curso benigno e não progressivo com máculas cutâneas (perda de sensibilidade e alopécia). Ausência ou pequena quantidade de bacilos nas lesões (não bacilífera). -Hanseníase Lepromatosa (Hanseniase Virchowiana): progressiva e maligna, com lesões cutâneas e formas nodulares que desfiguram o corpo. Grande quantidade de bacilos nas lesões (Altamente contagiosa – secreções serosanguinolentas) Dasypus novemcinctus Diagnóstico - Coloração pelo método de Ziehl-Neelsen Tratamento Rifampicina, Clofazimina, Dapsona Vacina Não existe (Casos da BCG dar Imunidade) Modo transmissão: • pessoa doente eliminando bacilo para meio • vias áreas superiores • necessário contato direto Hanseníase As características genéticas tem importância relevante na destruição ou multiplicação do bacilo no sistema macrofágico do hospedeiro (classificação OMS). Paucibacilares - apresentam resistência ao bacilo (<5 lesões)abrigam pequeno número bacilo não infectam outras pessoas cura espontânea Multibacilares/ (> 5 lesões) Lepra lepromatosa Hanseníase Na forma paucibacilar- A resposta imune parece ser regulada pela subpopulação celular com padrão Th1 que libera as citocinas IL2, IL12, IL15, IL18 e IFN α , que promovem ativação dos macrófagos, resultando em uma resposta vigorosa contra os bacilos e desencadeia a resposta celular Na forma multibacilar - Apresenta o padrão Th2 que promove a liberação de IL4, IL10 e IL13, responsáveis pela desativação dos macrófagos, aumentando a proliferação bacilar. sinais e sintomas dermatológicos -Lesões -Alteração sensibilidade -Mais freqüentes: face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas Hanseníase – Aspectos clínicos Sinais e sintomas neurológicos -Dor e espessamento nervos periféricos -Perda sensibilidade área inervadas (olhos, mãos e pés) -Perda força músculos inervados (pálpebras) -Neurite Hanseníase – Aspectos clínicos Laboratorial Baciloscopia – Coloração de Ziehl-Neelsen: Raspados de pele, mucosa nasal ou amostras de biópsia da pele do lobo da orelhas Apoio ao diagnóstico clínico : Pesquisa de sensibilidade nas lesões Cultura Hanseníase - Diagnóstico PQT (poliquimioterapia) oral com dose mensal na unidade de saúde (dose supervisionada) Demais doses auto-administradas (pelo paciente em sua moradia) Cuidados com os olhos, mãos e pés, para prevenção de incapacidades ❖Início do tratamento : transmissão da doença é interrompida ❖Tratamento completo e correto : cura da doença. Hanseníase - Tratamento • RIFAMPICINA • DAPSONA ESQUEMA PAUCIBACILAR (PB)- PACIENTES COM ATÉ 5 LESÕES 6 doses em até 9 meses Hanseníase - Tratamento • RIFAMPICINA • CLOFAZIMINA • DAPSONA Duração do tratamento: 12 doses em até 18 meses. ESQUEMA MULTIBACILAR (MB)- PACIENTES COM MAIS DE 5 LESÕES Hanseníase - Tratamento Hanseníase - Tratamento • ❖ Necessário identificar a fonte de contágio do doente, descobrir novos casos de hanseníase entre os contatos intradomiciliares - toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido com o doente, nos últimos cinco anos. • ❖Fácil diagnosticar e tratar • ❖ Tem cura • ❖ Tardiamente = graves conseqüências • (incapacidade física) Hanseníase - Epidemiologia Muito obrigado
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