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1 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................... 3 GESTÃO DE FARMÁCIAS ....................................................................... 4 GESTÃO DE COMPRAS .........................................................................11 GESTÃO DE ESTOQUES .......................................................................20 CADEIA DE SUPRIMENTOS E LOGÍSTICA ...........................................29 HABILIDADES EM ATENDER AS NECESSIDADES ..............................33 MARKETING EM FARMÁCIAS E DROGARIAS ......................................35 LEGISLAÇÃO APLICADA A FARMÁCIAS E DROGARIAS .....................38 8.1 Dispensação de medicamentos ......................................................... 58 8.2 Normas relativas à constituição ......................................................... 70 8.3 Normas técnicas – responsabilidades ............................................... 74 8.4 Normas ANVISA ................................................................................ 76 8.5 Normas de divulgação de produtos/promoção de medicamentos ..... 80 8.6 Aspectos fiscais: tributação ............................................................... 81 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................89 3 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 GESTÃO DE FARMÁCIAS Fonte: triersistemas.com.br Para acompanhar as transformações diárias que vem ocorrendo na economia mundial, à gestão de estoques dentro das organizações se torna fator primordial, uma vez que, um bom gerenciamento de estoques ajuda na redução dos valores monetários envolvidos, de forma a mantê-los os mais baixos possíveis, mas dentro dos níveis de segurança e dos volumes para o atendimento da demanda (PÊGO; MUQUIUTTI, 2018). As perguntas-chave que a gestão de estoque se propõe a responder, normalmente sujeitas a uma variedade de circunstâncias, são: quando pedir, quanto pedir e quanto manter em estoques de segurança (PÊGO; MUQUIUTTI. 2018). Uma gestão eficiente de estoques traz a possibilidade de a empresa obter avanços expressivos na sua administração, refletindo em uma melhora na eficiência da realização da produção planejada, gera maior segurança nas tomadas de decisões, além de antecipar prováveis demoras na entrega de pedidos (MONTANHEIRO; FERNANDES, 2008 apud BRITO, 2010). Por ter inúmeras funções e recursos essenciais, a gestão de estoques está se tornando cada vez mais importante dentro das organizações, já que uma empresa 5 que não possui uma gestão de estoques eficiente, pode ser uma empresa deficitária na entrega de seus serviços aos clientes. No caso de farmácias e drogarias, se seus estoques não forem administrados corretamente pode-se por exemplo, ter uma grande quantidade de determinado medicamento disponível, enquanto outro está em falta, o que acaba prejudicando a qualidade do serviço prestado. A gestão de estoques se constitui em uma série de ações que permitem ao administrador verificar se os estoques estão sendo bem utilizados, se estão bem localizados em relação aos setores que deles utilizam, assim como se estão sendo bem operacionalizados. Dessa forma, Dias (2010 apud Dantas, 2015, p.20) afirma que “conhecer o estoque de uma empresa é um grande desafio”. Esse desafio, pode estar relacionado a dificuldade em obter a quantidade correta de mercadoria estocada para atender as prioridades gerenciais de modo eficaz. Nesse sentido, Drucker (1999) contribui dizendo que a gestão na área da saúde é mais complexa do que em qualquer outra organização. Ou seja, gerenciar uma unidade hospitalar por exemplo, se torna mais complicado, devido a diversidade de procedimentos e recursos utilizados (PÊGO; MUQUIUTTI, 2018). Os objetivos de uma unidade de gerenciamento de materiais em hospitais e outras unidades de saúde visam garantir: a) a continuidade da oferta dos serviços de saúde; b) baixos custos de aquisição, de realização do pedido e de manutenção dos estoques; c) alta rotatividade dos estoques; d) qualidade no atendimento; e) qualidade dos materiais; f) bom relacionamento com os fornecedores; g) controles cadastrais e conhecimento do mercado e dos fornecedores; h) obter o máximo retorno; i) centralizar controles mesmo com descentralização de atividades; j) padronizar o uso de materiais (JÚNIOR, 2005 apud ANDREOLI, 2015, p. 6). Entende-se assim, que o setor de gerenciamento de mercadorias tem uma grande responsabilidade, devendo manter um controle continuo das ações para não prejudicar o bom funcionamento das instituições. Para uma melhor organização do setor de gestão de estoque, torna-se necessário estabelecer alguns critérios, os quais são apresentados por Dias (1995, p. 25) como princípios básicos para o controle de estoques: 1. Determinar o que, quando e quanto será necessário para o estoque; 6 2. Identificar e retirar do estoque os itens fora de uso e danificados; 3. Receber, armazenar e atender os materiais estocados de acordo com as necessidades; 4. Controlar os estoques em termos de quantidade e valor e fornecer informações sobre a reposição do estoque e; 5. Manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estados dos materiais estocados. Além de ser ater a esses princípios é fundamental na gestão de estoque, que se mantenha um planejamento e controle continuo de ações, promovendo a organização da estocagem e evitando assim a falta e o desperdício de mercadorias. O Planejamento é a função inicial da administração e deve ser vista como a locomotiva que puxa o trem das ações de organizar, liderar e controlar (PÊGO; MUQUIUTTI, 2018). Planejar é essencial para o bom andamento das ações que devem ser executadas no dia a dia da empresa. Sem o planejamento, fica difícil para o administrador saber como organizar os recursos da empresa. Para Slack (2002) uma das finalidades do planejamento e controle é garantir que os processos de produção ocorram de forma eficaz e eficientemente, acarretando na entrega de produtos e serviços conforme solicitação dos consumidores. O autor ainda comenta, que um plano pode ser definido como um conjunto de intenções e o controle como um conjunto de ações que visam ao direcionamento do plano. Sendo assim, “um dos principais motivos para um bom planejamento e controle de estoque é o grande impacto financeiro que pode ser alcançado aumentando a eficácia e eficiência das operações da organização” (BORGES et al., 2010, p. 25 apud MARTTELLI, 2015, p. 15). Dessa forma, o planejamento de estoque se torna um elemento essencial, (OLIVEIRA; MELO, 2015), existindo de acordo com os autores,alguns critérios para que essa atividade se desenvolva, entre os quais estão: 1. Atualizar constantemente o custo de cada produto; 7 2. Determinar os períodos de compra e os tamanhos dos lotes de cada produto para cada fornecedor; 3. Estabelecer o estoque de segurança, mínimo e máximo para cada produto; 4. Planejar constantemente as quantidades de estoque, baseadas em previsões de vendas; 5. Controlar a disponibilidade do estoque para eventuais faltas repentinas; 6. Comparar o custo de cada produto com o custo de colocar em estoque; 7. Controlar o estoque físico diariamente; 8. Realizar inventários periódicos com a finalidade de se compararem com os dados de controle de estoque; 9. Colocar o estoque num local estratégico; 10. Identificar, ordenar e etiquetar os produtos; 11. Codificar os produtos para uma consulta mais rápida; Estoques Competência 12. Atualizar os sistemas de informação para obter acessos e consultas rápidas de quantidades disponíveis de cada produto em estoque. De acordo com a Portaria nº4.283, de 30 de dezembro de 2010 o controle faz parte do processo de gestão, o qual permite o uso racional dos medicamentos, como também assegura o cumprimento dos procedimentos, além de balizar os prejuízos materiais e financeiros (BRASIL, 2010). Para um eficaz planejamento e controle dos medicamentos utilizados nos hospitais e unidades de saúde, são fundamentais as técnicas de normalização, as quais compreendem as etapas de seleção, especificação, classificação e codificação de produtos (SFORSIN et al., 2012). Dentro das farmácias é preciso estabelecer a seleção e padronização dos medicamentos, o que se trata de um processo dinâmico, contínuo, multidisciplinar e participativo (SFORSIN et al., 2012, p.4). A escolha de medicamentos tem como finalidade, eleger dentre todos os itens fornecidos pelo mercado, adotando critérios de eficácia, segurança, qualidade e custo, proporcionando condições para o uso seguro e racional de medicamentos, àqueles que são necessários para a utilização na Instituição. Assim, a etapa de escolha de medicamentos é entendida como um dos 8 procedimentos básicos em hospitais, o seu progresso integra as principais funções dos serviços da farmácia hospitalar (PÊGO; MUQUIUTTI, 2018). Para Sforsin et al. (2012) a seleção de medicamentos deve ser continuamente reavaliada, verificando os itens que não estão mais em uso e que devem ser eliminados ou trocados. Ademais, deve-se verificar também se é preciso introduzir itens com altos níveis de eficácia clínica, como também avaliar a utilização dos itens dispostos por meio do estabelecimento de protocolos e/ou procedimentos operacionais padrão. Já a padronização serve para facilitar os processos de compra, armazenagem, classificação e gerência dos estoques, pois o mesmo racionaliza a quantidade de itens (SFORSIN, et al., 2012). A padronização de medicamentos pode trazer algumas vantagens tais como: a confiança do uso do medicamento correto; a confiança de que os medicamentos disponíveis na farmácia hospitalar são apropriados aos tratamentos prescritos e melhor controle dos produtos abrigados em estoques (PATERNO, 1990 apud NOVAES et al., 2006 p .78). Selecionar medicamentos tem como objetivo, escolher dentre todos os itens fornecidos pelo mercado, adotando critérios de eficácia, segurança, qualidade e custo, propiciando condições para o uso seguro e racional de medicamentos, àqueles que são necessários para a utilização na Instituição (SFORSIN et al., 2012, p.5). Segundo Vecina Neto e Reinhardt Filho (1998, p. 24) os itens devem ser classificados de maneira simples e objetiva para facilitar a padronização, o armazenamento, à distribuição e o processamento eletrônico dos dados, que é obrigatório atualmente. É essencial para qualquer setor de materiais um sistema de classificação, uma vez que sem ele não pode haver um controle correto dos estoques, métodos de armazenagem apropriados e uma utilização adequada do almoxarifado (LIRA et al., 2013). Já a Codificação para Sforsin et al. (2012 p.5), significa simbolizar todo o conteúdo de informações necessárias, por meio de números e/ou letras com base na classificação obtida do medicamento de forma clara e concisa, evitando interpretações duvidosas ou confusas. 9 Além de classificar e codificar os medicamentos, cabe ao gestor da farmácia atentar-se para a necessidade de reposição do estoque, pois só assim evita-se a falta de produtos para atender às demandas. Para Oliveira a reposição de estoques tem como finalidade tornar mínimos os custos de conservação de estoques, contudo, sem por em risco o atendimento da demanda. Ou seja, encontrar o nível adequado de estoques para cada produto sem comprometer os serviços. “Quando os níveis de estoque atingem o mínimo, a empresa deve continuar comprando novos itens. Se você respeitar este nível é possível iniciar o processo de aquisição do item sem faltar (2015, p. 53 apud PÊGO; MUQUIUTTI, 2018 p.37). Assim como o controle de estoque é importante para evitar a falta de medicamentos, o controle de recebimento e armazenamento dos mesmos de forma correta, também merece atenção. São apresentadas por Valery (1989, p.11 apud PÊGO; MUQUIUTTI, 2018, p. 68) algumas instruções para a forma correta de recebimento dos medicamentos: 1. Devem existir instruções por escrito, descrevendo com detalhes o recebimento, a identificação e o manuseio dos medicamentos. 2. Elas devem indicar adequadamente os métodos de estocagem e definir os procedimentos burocráticos para com as outras áreas de organização. 3. No ato do recebimento, cada entrada deve ser examinada quanto a sua documentação e fisicamente inspecionada para se verificar suas condições, rotulagem, tipo e quantidade. 4. Se for o caso de recebimento de um produto com mais de um lote de fabricação, ele deve ser subdividido em quantos lotes forem necessários e estocados dessa forma. 5. Os lotes que forem submetidos a amostragem ou os julgados passíveis de análise, devem ser conservados em quarentena até decisão do Controle de Qualidade. A armazenagem refere-se ao gerenciamento do espaço necessário para manter o estoque. Isso envolve aspectos como a localização, as dimensões do local, 10 o arranjo espacial, a recuperação de estoques, o desenho das docas ou baias e a configuração do armazém (BALLOU, 1993, p. 40). Quando os medicamentos são armazenados de forma correta, facilita-se a distribuição, a qual consiste no suprimento de medicamentos às unidades de saúde, em quantidade, qualidade e tempo oportuno, para posterior dispensação à população usuária. De acordo com o autor, alguns requisitos devem ser observados quanto a distribuição de medicamentos, pois a mesma deve garantir rapidez e segurança na entrega, assim como eficiência no sistema de informação e controle. São também sugeridas pelo Ministério da Saúde (2002) algumas recomendações para Distribuição de Medicamentos: 1. Contemplar no planejamento da distribuição o cronograma de entrega, normas e procedimentos, instrumentos (formulários) para acompanhamento e controle. 2. Separar os medicamentos por ordem cronológica de prazo de validade. 3. Realizar inspeção física do medicamnto para identificar alterações no produto ou nas embalagens antes da distribuição. 4. Reconferir sempre o pedido antes da entrega. 5. Registrar a saída no sistema de controle, após a entrega do pedido. 6. Arquivar a segunda via do documento. 7. Elaborar relatórios mensais, informando aos gestores, as quantidades e recursos distribuídos, percentuais de cobertura etc. 8. Registrar em formulário próprio (em duas vias) os pedidos não atendidos na totalidade (nome da unidade, especificação do produto, quantidade total a receber,quantidade entregue, total do crédito e a data). Dessa forma, para a distribuição de medicamentos também é necessário um planejamento e controle das ações, considerando as normas e procedimentos para que se garanta assim, a disponibilidade do produto para os clientes no local e na quantidade correta, devendo a equipe responsável pela distribuição, ter dedicação e 11 zelo para que os medicamentos não sofram alterações e sejam entregues de acordo com o pedido. A dispensação é o ato farmacêutico de distribuir um ou mais medicamentos a um paciente em resposta a uma prescrição elaborada por um profissional autorizado (ARIAS, 1999 apud GALATO et al., 2008, p.3). De acordo com o Ministério da Saúde (2002) são objetivos da dispensação: 1. Educar para o uso correto do medicamento; 2. Contribuir para o cumprimento da prescrição médica; 3. Proporcionar uma atenção farmacêutica de qualidade; 4. Garantir o fornecimento do medicamento correto e na quantidade adequada. A dispensação, é entendida então, como uma forma de controlar a distribuição dos medicamentos prescritos pelos médicos, garantindo que os mesmos sejam utilizados de forma correta, evitando assim, o desperdício e o uso inadequado. GESTÃO DE COMPRAS Fonte:img.olx.com.br http://www.img.olx.com.br/ 12 O processo de compras no âmbito da saúde deve ser sempre bem planejado e programado. Ferramentas e procedimentos podem auxiliar o farmacêutico e os demais envolvidos nas atividades da farmácia hospitalar no momento de selecionar os medicamentos e produtos de saúde ofertados aos pacientes de dada instituição (LEITE, 2021). A fim de manter o controle do estoque, a aquisição desses produtos deve seguir uma periodicidade e uma lista padronizada de itens que facilitem a compra de uma quantidade suficiente para abastecer o estabelecimento ou instituição, sem que haja comprometimento de recursos financeiros de forma exagerada. Neste capítulo, você vai estudar fluxos e procedimentos aplicados ao ciclo da assistência farmacêutica no que concerne aos temas de seleção e aquisição de medicamentos e produtos para saúde. O processo de aquisição deve ser bem planejado em previsões e estimativas de consumo que não gerem faltas nem excessos de produtos nos estoques. O processo de compras, dentre outros processos do varejo, torna-se aquele onde as atividades a serem gerenciadas são as mais críticas. O adequado balanceamento do ritmo de vendas e o abastecimento de produtos é vital para os negócios do varejo. Para manter o caixa equilibrado, o volume de compras para um período deverá ser rigorosamente seguido, considerando inclusive a elaboração orçamentária do negócio. Segundo Ballou (2001) a boa coordenação entre operação, marketing, compras e todas as outras atividades dentro do canal de suprimentos, não podem ser gerenciadas de maneiras distintas. O inter-relacionamento entre estas atividades existe frequentemente, até um ponto em que uma atividade pode estar em detrimento a uma ou mais atividades. Falhar em compreender essas compensações pode afetar negativamente as operações. Para Martins e Campos (2009), a gestão de compras é uma atividade fundamental no gerenciamento de uma empresa. Suas decisões impactam diretamente em uma política de estoques eficiente e quando abordada de maneira 13 correta, auxilia na redução de custos e na otimização dos lucros, estando também relacionada, com a competitividade e o sucesso da organização. As compras ocupam uma posição estratégica na organização. As peças, os componentes e os suprimentos comprados representam entre 40 a 60% do valor das vendas de seus produtos finais. Por esse motivo, Slack (2002) destaca a necessidade de comprar “bem”, ou mesmo, comprar na quantidade correta e principalmente com o preço correto. Aplicação de critérios de aquisição Para iniciar o processo de aquisição de produtos na área de saúde, é preciso estabelecer uma normalização para a identificação de produtos. Esse processo é dividido em quatro etapas, como mostra a Figura 1. Figura 1. Fluxograma para aplicação do processo de normalização. Fonte: LEITE, 2021. Em paralelo a esse processo, podemos nos perguntar: Qual quantidade comprar? Qual montante de recursos financeiros pode ser empregado numa compra? De quanto em quanto tempo deve ser feita uma compra? Todas essas 14 perguntas fazem parte do planejamento, e mediante o estabelecimento de critérios e mensuração de demandas anteriores é preparado um fluxo a ser seguido. A determinação da quantidade tem como base a avaliação retrospectiva do consumo e a estimativa ou projeção de consumo por um determinado tempo. As programações costumam acontecer anualmente, mas podem ser revistas a cada trimestre ou semestre. O certo é que, quanto mais de perto for feito o acompanhamento dessa programação, menos faltas ocorrerão na unidade e excessos de produtos serão evitados. As taxas de consumo nas unidades hospitalares por exemplo, podem ocorrer de forma horizontal, ou seja, de forma constante para o período avaliado, o que gera poucas flutuações de consumo. Nesse cenário, fica mais simples o planejamento, mas essa não é a situação da maior parte das instituições. Outros padrões envolvem consumo crescente, decrescente, aleatório ou irregular. Uma situação muito específica é o consumo sazonal, em que a variação pode ser positiva ou negativa, com flutuação de consumo de no mínimo 25%, tendo como causas externas epidemias, surtos, estação do ano, entre outras (CAVALLINI, 2010). Diante de um cenário em que o consumo pode variar bastante, uma estimativa de consumo deve ser investigada e calculada pelo farmacêutico responsável junto com o setor de compras. A demanda para um determinado período deve ser projetada por meio de fórmulas matemáticas que auxiliam na programação. O primeiro passo é atualizar o consumo do ano anterior, acrescendo o crescimento vegetativo da população ou estabelecendo a média móvel de cada produto. Vejamos a aplicação da fórmula para o cálculo da média móvel. Para o cálculo de projeção de consumo futuro, a fórmula aplicada é a seguinte: 15 Onde CM é o consumo médio, C é o consumo de cada período (mensal ou quinzenal) e n é o número de períodos utilizados para a determinação do consumo (de 3 a 12 períodos). Como exemplo, aplicamos a fórmula no cálculo de consumo de Dipirona 500mg em comprimido para os próximos seis meses, com base nos últimos seis meses: Assim, espera-se um valor de consumo na faixa aproximada de 152 comprimidos de Dipirona 500mg, facilitando a projeção da demanda em torno dessa média. Para a definição de quanto tempo será necessário para fazer reposição no estoque, vamos explicar alguns conceitos que estão interligados. Esses conceitos indicam em que ponto do estoque deverá ser acionada uma nova compra. 1. Estoque real (ER): representa a quantidade de produto existente no hospital no momento atual. 2. Estoque virtual (EV): representa o estoque atual somado à quantidade solicitada para aquisição. 3. Tempo de ressuprimento (TR): é a soma de todos os tempos internos e externos desde a cotação do produto até a chegada na Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF), permitindo prever em quanto tempo chegará uma nova solicitação. 4. Estoque mínimo (Emín): quantidade mínima capaz de aguardar aumento no TR ou aumento de consumo. O Emín é calculado pela seguinte fórmula: Onde: 16 ΔD é a diferença entre o maior consumo do período analisado e a média; ΔTR é a diferença entre o maior tempo de ressuprimento do período analisado e a média. Estoque máximo (Emáx): quantidade máxima que deverá ser mantidaem estoque. Para sua determinação, soma-se ao Emín a quantidade necessária para um período determinado de ressuprimento, de acordo com a fórmula: Onde PR é o período entre dois pedidos ou avaliação de estoque. Ponto de pedido (PP): quantidade existente no estoque que aciona a emissão de um novo pedido de compra. Quando o estoque atinge esse valor, a quantidade no saldo de estoque ainda suporta o consumo durante o TR. Veja a fórmula aplicada nesse cálculo: Com a normalização implantada e os parâmetros que definirão as quantidades solicitadas atualizadas, pode-se dar prosseguimento ao processo de aquisição com a compra propriamente dita. Muitos fornecedores estão disponíveis no mercado, sendo fundamental para um processo seguro e eficaz contar com fornecedores que sejam coerentes com as políticas de compras. De modo geral, compradores e fornecedores não estão em disputa, e sim em busca de uma condição em que ambos possam usufruir de vantagens e de estabilidade nas relações. Por isso, manter um cadastro de fornecedores é importante, pois facilita o acompanhamento da evolução do mercado de fornecedores e dá apoio ao comprador na manutenção dos seus dados cadastrais. Assim, uma das formas de realizar essa atividade é manter as informações sobre fornecedores e mercadorias atualizadas, retirando e acrescentando 17 informações continuamente, monitorando suas respostas e realizando um trabalho de comparação das consultas efetuadas com as propostas obtidas, além de avaliar os custos dos produtos, os prazos de fornecimento e a qualidade dos produtos oferecidos. Nas instituições públicas, esse processo leva tempo para ser padronizado. De todo modo, de acordo com Moraes, Decco e Flexa (2017), três itens podem ser imprescindíveis para uma pré-qualificação de fornecedores: 1. análise documental, tanto do ponto vista da regularidade fiscal quanto do ponto de vista da regularidade sanitária do produto; 2. análise técnica de amostras; 3. formalização dos setores responsáveis pelas compras do hospital. A depender do tipo de hospital, se público ou privado, o processo de seleção do fornecedor pode se dar de diferentes formas, mas deve seguir segundo Viana (2012) um roteiro de etapas do processo de aquisição, conforme disposto na Figura 2. Figura 2. Etapas do processo de aquisição. Fonte: LEITE, 2021. 18 A seleção dos fornecedores nas instituições privadas se dá por cotação e compra direta. O setor de cotação contata três ou mais fornecedores da lista de fornecedores cadastrados, pesquisa o melhor preço e as melhores condições e solicita a quantidade para atender a um determinado período. Normalmente, este é um processo rápido, principalmente quando comparado à escolha de fornecedor por parte de hospitais públicos. Essa etapa nas unidades públicas deve ser a mais imparcial e aberta possível, seguindo os princípios da administração pública. Assim, é elaborado um edital com todos os itens, especificando suas características o mais detalhadamente possível. Em seguida, efetua-se pesquisa de preço no mercado, para estimar o valor provável da compra e posterior comparação com os preços cotados na licitação. A pesquisa de preços não deve se limitar à consulta junto aos fornecedores, devendo ser consultados também os sites de Secretarias de Saúde que disponibilizam os preços pagos, o Banco de Preços em Saúde (BPS) do Ministério da Saúde, o Comprasnet, entre outros, a fim de verificar os preços pagos em outras compras públicas. Todo esse processo recai na etapa de licitação, que abrange a habilitação e qualificação de fornecedores, a abertura de propostas (na maioria das vezes em formato digital), o julgamento das propostas/classificação que atenda às exigências do edital e, por fim, a formalização do contrato. A licitação engloba um conjunto de procedimentos formais que devem ser registrados em processo próprio, observando os princípios da legalidade, igualdade, publicidade, probidade administrativa, vinculação ao Edital, julgamento objetivo, entre outros. Essa etapa visa garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a seleção da proposta mais vantajosa para a administração. Veja no Quadro 1 as modalidades de licitação segundo a Lei nº 8666, de 1993, conhecida como Lei das Licitações. 19 Quadro 1. Descrição das modalidades de licitação e suas características Fonte: LEITE, 2021 20 GESTÃO DE ESTOQUES Fonte: jordans.com O estoque é criado, com intuito de compensar as diferenças de tempo entre oferta e demanda. Assim, o gerenciamento do estoque é fundamental para na rentabilidade da empresa, não correspondendo somente ao armazenamento dos produtos, mas sendo responsável também, por cuidar desse capital estacionado. Para Ballou (2006), os estoques são amontoados de componentes primários, materiais em processos e produtos finais, que surgem em diversos pontos da produção dos mesmos nas empresas. Segundo Ching (2008), os estoques são capitais inativos que poderiam estar sendo investidos de outras formas, assim redirecionam fundos que poderiam ser usados em outros serviços e tem o mesmo custo que qualquer outro investimento da empresa. Porém o mesmo ressalta, que sem estoque é impossível trabalhar em uma empresa, pois ele funciona como amortecedor entre as etapas de produção até a chegada ao consumidor. Dias (2012) afirma que as empresas têm como objetivo minimizar os capitais investidos em estoques, otimizando a administração geral e procurando assim, maximizar o lucro. De acordo com Pozo (2002, p 34) “a correta administração de materiais pode ser facilmente percebida quando os bens necessários não estão 21 disponíveis no momento exato e correto para atender a demanda e as necessidades do mercado”. Os custos para manter os estoques, segundo Ballou (2006), variam entre 20% e 40% do valor do mesmo, o que comprova o quão importante é ter uma administração de estoques adequada em uma empresa. De acordo com Paoleschi (2009), o controle de estoque é aplicado para monitorar os processos reais, por isso é imprescindível o conhecimento das atividades para um controle eficaz. Entre as principais atividades de controle de estoque estão: 1. Conhecer o saldo existente de materiais (diário, mensal, anual), como também, o que se pretende estocar para dimensionar a área a ser utilizada; 2. Organizar o almoxarifado da melhor forma, seja por rua, armazém, prateleira, gaveta; 3. Verificar se o ambiente necessita de climatização, entre outras. Além disso, alguns aspectos devem estar claros antes de se criar um sistema de controle de estoques, entre os quais estão a definição de quais tipos de estoques há na empresa, qual o nível adequado em que o estoque deve permanecer para suprir as demandas e qual a relação entre o nível de estoque e o capital necessário envolvido (DIAS, 2012). Tipos de estoque Como se sabe, a quantidade de produtos em estoque, deve ser planejada e controlada, pois como afirma Chiavenato (2005) isso evita que a produção seja interrompida, bem como previne excessos, os quais causam custos para a empresa. Alguns autores (BALLOU, 2006; DIAS, 2012) tem afirmado que os estoques são divididos de acordo com suas funções, para que ocorra um melhor gerenciamento do estoque existente na empresa. No Quadro 02 abaixo, são apresentados alguns tipos de estoques que podem ser encontrados nas organizações, bem como suas definições. 22 Quadro 02.Tipos de estoque Fonte: DIAS (2012) Dessa forma, os gestores devem analisar o tipo de estoque que melhor se encaixa em suas organizações, se atentando desde o momento da compra de matéria-prima até a chegada do produto ao cliente,afim de evitar futuros problemas. Gestão e Controle de estoque Para minimizar os custos, as empresas adotam uma política de tamanho mínimo de pedidos para tentar obter algumas economias de escala em transporte e serviço, uma vez que, pois, essa ação, auxilia na redução o número de pedidos necessários para um determinado volume de negócios. Por meio de uma gestão eficiente de estoque, Veríssimo e Musetti (2003 p. 54) consideram possíveis a “redução de estoque, otimização da movimentação e utilização do armazém, agilidade no atendimento ao cliente e na linha de produção, 23 redução do índice de material obsoleto, precisão e exatidão das indicações”. Com isso, pode-se conseguir a redução de custos, melhoria da integração do processo de almoxarifado com os demais processos da organização e a melhoria do atendimento ao cliente. Entretanto, as empresas precisam manter estoques, pois é fundamental que as mesmas sejam capazes de se proteger de mudanças inesperadas e incertezas na demanda e no lead time e contra o aumento de preços, bem como para possibilitar economias de escala em compras e transportes e ter segurança contra eventualidades. Assim, considera-se dois aspectos importantes da gestão de estoques, a previsão de demanda e o cálculo de quantidades de pedidos de reabastecimento. No gerenciamento do sistema de estoques, os gerentes estão envolvidos em três principais tipos de decisões, sendo eles: 1) quanto pedir: cada vez que um pedido de abastecimento é colocado, de que tamanho ele deve ser?; 2) quando pedir: em que momento ou nível de estoque, o pedido de reabastecimento deve ser colocado?; 3) como controlar o sistema? Que procedimentos e rotinas devem ser implantados para ajudar a tomar estas decisões? As decisões de estoque são baseadas nos temas que ajudam os gerentes a tomar decisões do dia-a-dia. Este processo inclui atividades desde a chegada do produto, armazenamento, colocação de pedidos, embarque de mercadorias e controle de movimento. Acredita-se que o nível mínimo de estoque seja importante para que a empresa possa atender a todas as solicitações dos clientes e consequentemente, manter o seu percentual de vendas, uma vez que o cliente certamente se dirigirá a outro estabelecimento, caso solicite um produto e receba a informação de que o mesmo está indisponível no estoque. 24 A quantidade a comprar também é influenciada pela demanda, que pode ser permanente, sazonal, irregular, decrescente e derivada. Já a decisão de qual arranjo específico escolher, será influenciada por uma compreensão adequada das vantagens e desvantagens de cada tipo. O arranjo físico pode ser estruturado da seguinte forma: 1) Posicional: no que diz respeito à localização física dos recursos transformativos, conhecidos como centros de recursos; 2) Por processo: desenhado por uma combinação de processos de intuição, bom senso, tentativa e erro aplicados sistematicamente; 3) Celular: representa um compromisso entre flexibilidade de layout físico por processo e simplicidade de layout físico por produto; e 4) Por produto: pedindo recursos incorporando os requisitos de processamento do produto ou serviço produzido. Uma ferramenta interessante para auxiliar nesse processo é a curva ABC, que pode ser usada para determinar quando fazer o pedido, levando em consideração o lead time de reposição e a quantidade média de produto vendido em um determinado período. Curva ABC Existem diferentes técnicas de controle de estoques, as quais podem ser aplicadas a qualquer item e cada item, será controlado com base na mesma disponibilidade desejada, podendo ser acompanhado de forma periódica ou constante. Entretanto é essencial que as organizações compreendam que nem todos os itens estocados, necessitam ser mantidos e gerenciados na mesma intensidade, uma vez que alguns itens são mais relevantes que outros, assim como podem haver clientes que exijam um melhor nível de serviço. O método da curva ABC pode tanto ser utilizado para gerenciar os estoques, quanto para elaborar uma política de venda visando o estabelecimento de 25 prioridades. Assim, o administrador a usa como um parâmetro que informa sobre a necessidade de aquisição de itens essenciais para o controle do estoque, os quais podem variar de acordo com a demanda do consumidor (PINTO, 2002). Dessa forma, a curva ABC apresenta-se como uma importante ferramenta utilizada na aplicação de uma política de controle de estoque, auxiliando na determinação da ordem de prioridade dos produtos estocados e mostrando ao gestor quais itens devem receber maior atenção. Sendo assim, torna-se importante que os produtos não sejam tratados com igualdade, visto que eles se diferem em demandas, lucros e competitividade no mercado (BALLOU, 2006), além de que em alguns casos, determinados produtos têm custos de manutenção maiores que outros, o que de acordo com Corrêa e Corrêa (2012), enfatiza a necessidade de definir os itens que devem ter maior atenção na empresa. Dessa forma, para Slack, Chambers e, Johnston (2009, p. 377) “os itens com movimentação de valor particularmente alto demandam controle cuidadoso, enquanto aqueles com baixas movimentações de valor não precisam ser controlados tão rigorosamente”. A estrutura da curva ABC, conforme Krajewski, Ritzman e Malhotra, (2009) incide na divisão dos produtos em três classes, diferenciadas de acordo com seu custo financeiro, afim de sinalizar aos administradores quais os itens possuem maiores valores. Ching (2008) relembra que este método já é aplicado em muitas indústrias há anos e que se baseia no diagrama de Pareto, que pode também ser conhecido como regra 80/20. Aplicando esses percentuais à Curva ABC, acredita que, frequentemente, 20% dos itens estocados representam 80% do valor total em estoque (MOREIRA, 2014). É importante ressaltar, que embora diferentes autores (BALLOU, 2006; DIAS, 2012) tenham afirmado que os produtos podem ser classificados como A, B e C, não existe, porém, uma forma estrita para agrupar os itens nas classes citadas, podendo assim, variar a cada situação. As três classes são caracterizadas da seguinte forma: 26 Classe A: representa os produtos mais importantes para a administração, ou seja, necessitam de maior atenção, chegando no máximo a 20% dos itens e não devendo ultrapassar 50% dos custos totais de investimento. Classe B: são os itens com saídas menores quando comparados com a classe A, por isso, são considerados intermediários na distribuição, representando 30% dos itens e não devendo ultrapassar 30% dos custos totais. Representam um custo médio podendo calcular uma quantidade que minimize o custo total (Lote Econômico de Compras), como também o ponto de pedido afim de cobrir os gastos com estoques de segurança. Classe C: corresponde aos produtos que a atenção não precisa ser tão rigorosa, já que representam o menor custo, sendo de fácil obtenção. Representam 50% dos itens e não devem exceder 20% dos custos totais. Para a aplicação da curva ABC, Corrêa e Corrêa (2012), apontam que existem alguns passos a serem seguidos. Primeiramente, deve-se determinar a quantidade total utilizada no ano anterior, o custo médio e anual de cada item. Em seguida, deve- se colocar todos os itens em valor decrescente do custo total de investimento encontrado anteriormente e calcular os valores acumulados de toda lista na ordem definida. Por fim, deve-se colocar em termos percentuais os valores encontrados, plotar em um num gráfico e assim, definir as classes A, B e C pela inclinação da curva (Figura 3). 27 Figura 3: Apresenta um modelo da curva ABC. Fonte: LEITE, 2021. Para Ching (2008) ao se estabelecer uma política de estoquetendo como base a curva ABC, torna-se essencial a definição dos níveis de serviços que serão oferecidos pelos três distintos grupos, por exemplo, 99% para itens A, 95% para itens B e 85% para itens C, pois isso reduzirá o capital empatado em estoque. Para se calcular a representatividade de cada item em estoque, é necessário multiplicar o consumo anual de cada item, por seu respectivo custo. Em seguida, deve- se listar em ordem decrescente de valor e calcular o percentual relativo de cada item em relação ao custo total do estoque (100%). Na avaliação dos resultados da curva ABC, percebe-se o giro dos itens no estoque, o nível da lucratividade e o grau de representação no faturamento da organização. Cobertura e giro de estoque Alguns autores (CHING, 2008; PAZO, 2002) consideram fundamental, para o eficiente gerenciamento de estoque, equilibrar os custos de manter e realizar pedidos, assim como o custo da falta de estoque, que somados, denomina-se custo total. É perfeitamente compreensível que esses custos sejam conflitantes, pois quanto maior as quantidades estocadas, maior será os custos de manutenção e consequentemente maior será o estoque médio e mais alto será o custo de mantê-lo. 28 Existem dois importantes procedimentos que auxiliam no controle do estoque: a cobertura e o giro de estoques. Enquanto a cobertura calcula o tempo de durabilidade do estoque, caso não seja reabastecido, o giro de estoque se responsabiliza por calcular a frequência com que o estoque é completamente usado em um período de tempo. Para Martins e Campos (2009) a análise da cobertura de estoque se faz essencial por indicar as quantidades em unidades de tempo, ou seja, em dias ou semanas, que o estoque adquirido será suficiente para cobrir a demanda média. Abaixo se tem a fórmula para calcular a cobertura de estoque: A gestão de estoques por meio dos giros ou rotatividade, é responsável pela avaliação do capital investido em estoque, comparado com os custos das vendas ou quantidade média de materiais estocados, dividido pelo custo anual das vendas. Quanto maior for o número da rotatividade, melhor será a administração da logística de suprimento da empresa, menores serão seus custos e maior será sua competitividade. Em uma análise mais objetiva, Ballou (2001) classifica os giros de estoques como o quociente de vendas anuais sobre o investimento médio em estoque para o mesmo período de tempo, no qual as vendas e o investimento em estoque são valorizados no segmento do canal logístico, no qual os itens são mantidos em estoque. Isto é: Cobertura de estoque = Valor de estoque _________________ Valor do consumo Giro de estoque = Valor consumo no período _________________________ Valor do estoque no período 29 A maneira como os estoques são gerenciados determinará o equilíbrio entre os objetivos de custos e de serviço ao cliente. Os estoques fornecem um nível de disponibilidade de produto e serviço, os quais quando localizados próximo dos clientes, podem satisfazer uma exigência elevada de nível de serviço ao cliente. A presença desses estoques ao cliente pode não apenas manter as vendas, mas realmente aumentá-las. CADEIA DE SUPRIMENTOS E LOGÍSTICA Fonte: niversob2b.com Nos últimos anos, devido ao processo de globalização, as organizações precisaram procurar sistemas estratégicos para gerir de uma forma mais adequada e com mais eficiência, os novos conceitos do mercado, o qual valorizam a qualidade, o tempo, o lugar e as informações do produto. Para Ballou (2006), a cadeia de suprimentos refere-se a um conjunto de atividades, repetidas durante o processo de transformação da matéria-prima em produto acabado, as quais são ditas como atividades funcionais e agregam valor ao consumidor. Segundo Christopher (2011), a cadeia de suprimentos é uma rede de 30 organizações envolvidas pelo montante e a jusante, nos diferentes processos e atividades que agregam valor ao consumidor final em produtos e serviços. De acordo com Chopra e Meindl (2011) direta ou indiretamente, as etapas envolvidas no atendimento de um pedido, são parte da gestão da cadeia de suprimentos. Essa gestão não inclui apenas fornecedores e fabricantes, mas conta com tudo o que faz parte desse processo, até que chegue as mãos do cliente, como o armazenamento em depósitos, transportadores e os varejistas. Nesse sentido, Ching (2008) ressalta que a empresa só terá vantagens competitivas no mercado, por meio do aumento da produtividade, pelo desenvolvimento de produtos diferenciados e pelo alto nível de serviço voltado ao cliente e para alcançar o objetivo pretendido, essas atividades devem abranger todas as partes relacionadas a empresa, tanto dentro, quanto fora. Assim, a cadeira de suprimentos torna-se o campo de batalha onde é determinado o sucesso ou o fracasso final da empresa (MARTINS; CAMPOS, 2009). A literatura da área, aponta dois objetivos-chaves na cadeia de suprimentos: 1. Satisfazer efetivamente o cliente, criando um diferencial em relação ao concorrente; 2. Minimizar os custos financeiros, pelo uso de menos capital de giro, e os custos operacionais, diminuindo desperdícios e evitando ao máximo, atividades que não agregam valor ao produto, tais como: espera, armazenamentos, transportes e controles. Uma importante decisão a ser tomara pela gerência, refere-se ao quanto deve- se abastecer cada produto ou serviço, por meio de um fornecedor único ou por mais de um. A vantagem de se trabalhar com um fornecedor único está na maior confiabilidade, na melhor qualidade da prestação de serviço, na melhor comunicação, bem como na durabilidade das relações. Porém, a falha no fornecimento acarretará maiores riscos e os efeitos de flutuações no volume de demanda poderão ser mais relevantes. É importante considerar também, que quando se trabalha com fornecedor único, o poder de negociação preço fica comprometido (MARTINS; CAMPOS, 2009). 31 Ao adotar uma abordagem holística na cadeia de suprimentos, torna-se possível uma análise mais completa, que acarreta em melhorias efetivas, viabilizando por exemplo, que o gerente consiga identificar qual procedimento da cadeia de suprimentos, está causando a maior parte dos atrasos e assim buscar estratégias para solucionar a problemática, para que o tempo de processamento seja otimizado. Geralmente, recomenda-se analisar toda a cadeia de suprimento para aumentar a eficiência, o que permite a manutenção de estoques somente onde seja necessário, identificando falhas, balanceando capacidade e coordenando um fluxo suave de materiais. Não é coincidência que a logística de suprimentos tem se destacado, tornando-se fator determinante ao administrar a cadeia de suprimentos. Assim, a relação entre fornecedor e consumidor quando bem-sucedida, garante diferencial competitivo e a sobrevivência da empresa. Por isso, as empresas devem cada vez mais, ter uma logística de suprimentos projetada para a flexibilidade e eficiência de resposta (MARTINS; CAMPOS, 2009). O conceito de logística possui relações com as estratégias utilizadas pelas forças militares, onde realizava-se ao longo do processo de combate, o abastecimento e movimentação de armamentos e munições, para os locais certos. Assim, entende-se que as atividades logísticas são utilizadas há muitos anos, embora a logística empresarial seja uma área relativamente nova, a qual inclui as áreas de produção, financeira e marketing, afim de melhorar a administração atravésdo planejamento de bens e serviços. A logística empresarial tem como objetivo mostrar como a administração pode ser eficaz nos serviços de distribuição aos consumidores, utilizando o planejamento, a organização e a gestão efetiva, para ações de movimentação e armazenagem de forma que favoreça o fluxo de produtos (GARCIA; GARCIA; STRASSBURG, 2003). Ela é considerada como uma extensão do controle da gestão física, que começa pelo canal de distribuição e se prolonga até o final da cadeia produtiva da empresa. Christopher (2011, p. 2) define a logística como: 32 O processo de gestão estratégica da aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e estoques finais (e os fluxos de informação relacionados) por meio da organização e seus canais de comercialização, de tal forma que as rentabilidades atual e futura sejam maximizadas através da execução de pedidos, visando custo benefício. A logística é considerada perfeita, quando existe uma relação entre os materiais e as informações, começando pela administração dos materiais e chegando a distribuição física dos produtos e serviços oferecidos pela empresa, de forma que ao final, o cliente sinta-se satisfeito. O conceito de logística, de acordo com Ching (2008), foi evoluindo com o aumento competitivo do mercado, o qual passou a exigir das empresas, um diferencial em sua produtividade e qualidade dos produtos e/ou serviços oferecidos aos consumidores, assumindo a logística então, um papel fundamental na integração das áreas da produção. Para Dias (2012) quando a logística é bem planejada e executada, tem-se a garantia de reduzir os custos do estoque, transporte e distribuição, além de otimizar o tempo das operações e diminuir a ocorrência de produtos defeituosos, bem como perdas por falhas na produção. Para a logística exercer sua devida função tanto no ambiente interno, quanto externo da organização, existem atividades primárias e secundárias a serem seguidas. As atividades primárias são fundamentais, pois contribuem com a maior parte do custo total que a função da logística exerce. Já as atividades secundárias, são contribuintes das primárias e simulam a menor parte dos custos. No quadro 03 abaixo, são apresentadas as atividades primárias e secundárias, seguidas de suas respectivas definições: 33 Quadro 03: Atividades primárias e secundárias Fonte: DIAS, 2012. HABILIDADES EM ATENDER AS NECESSIDADES Fonte: santaluciadrogarias.com 34 É de fundamental importância que as empresas tomem conhecimento das necessidades e desejos do consumidor, pois através disso a mesma poderá desenvolver uma vantagem competitiva, que através de estratégias venham a atender as necessidades do mercado (RODRIGUES, 2017). As empresas estão cada vez mais preocupadas com as necessidades e opiniões dos consumidores para tomar decisões acerca de um produto e buscam através de pesquisa e análises entender o que influencia seu comportamento. E com esse conhecimento sobre o cliente também possam ter vantagens sobre seus concorrentes (COBRA, 1998, p.85 apud RODRIGUES, 2017). O atendimento está diretamente relacionado às ações que uma organização pode ou não realizar, de acordo com suas normas e regras. A qualidade no atendimento é a porta de entrada de uma empresa, considerando que a primeira impressão é a que fica e que a base da filosofia da qualidade total na atualidade é a premissa do cliente em primeiro lugar (RODRIGUES, 2017). Quando a empresa oferece um bom atendimento, o cliente fica sempre satisfeito, mesmo quando a empresa não dispõe do que ele procura. Assim, manter o foco no cliente torna-se um objetivo da organização, que deseja captar novos clientes, além de estabelecer uma relação de confiança e credibilidade com seus clientes antigos. Para alcançar a valorização dos clientes, é importante que a empresa leve em consideração as sugestões e reclamações dos mesmos, a fim de corrigir possíveis erros que no futuro, poderão causar consequências para a empresa, como por exemplo, o desenvolvimento de uma imagem negativa que poderá afastar potenciais clientes (RODRIGUES, 2017). Existem alguns requisitos básicos para um bom atendimento ao cliente, tais como: 1. Conhecer – suas funções, a empresa, as normas e procedimentos; 2. Ouvir – para compreender o cliente e saber o que ele deseja sem desgastes e sem adivinhações; 3. Falar – utilizar um vocabulário simples, claro e objetivo, evitando termos técnicos, gírias; 35 4. Perceber – o cliente na sua totalidade, os gestos, as expressões faciais e a postura do cliente. MARKETING EM FARMÁCIAS E DROGARIAS Fonte: interplayers.com A administração eficiente das farmácias, assim como em outras empresas, é fator determinante para a sobrevivência e o futuro da organização, cabendo aos gestores assim, as funções típicas dos administradores, em especial as de planejar, organizar, dirigir e controlar (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA - CFF, 2008). Segundo o CFF (2008), para nortear decisões e ações, deve-se considerar o consumidor como o centro de todo o processo, além de compreender o papel estratégico das farmácias, na disponibilização integrada de produtos e serviços de promoção, prevenção, cura e reabilitação de saúde. Porém, para que sejam possíveis níveis de lucratividade e retorno sobre o investimento, é necessário, por parte dos profissionais, o desenvolvimento de novas competências e habilidades. Assim, o planejamento de marketing se apresenta como importante ferramenta para se estabelecer decisões administrativas e gerenciais de curto, médio e longo prazos, visando à busca da fidelização dos clientes, bem como a conquista de novos, 36 através do cumprimento da missão da prática farmacêutica na cadeia de distribuição de medicamentos. Gestão de marketing Definido pelo Conselho Federal de Farmácia como “processo social e gerencial, através do qual indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam e de que necessitam, criando e trocando produtos e valores uns com os outros” (CFF, 2008), o marketing pressupõe que clientes com necessidades e poder aquisitivo diferentes tendem a realizar compras, levando em consideração o bom atendimento, o benefício, o preço e a logística que a empresa fornece. A questão central da gestão de marketing é identificar ou desenvolver as melhores ferramentas aos seus diferentes mercados. Assim, segundo o CFF (2008), pode‑se pensar em termos de um processo de marketing com três objetivos: 1. Criar ou identificar valor, 2. Desenvolver e entregar valor, 3. Alinhar pessoas ao valor. Porém, não é fácil atender a esses objetivos, pois a sociedade e o ambiente de negócios estão em constantes mudanças, o que se justifica pela rapidez dos avanços tecnológicos, pelo processo de globalização, pela ordem econômica vigente e pelo novo comportamento do comprador. Ao gestor dessa área, compete identificar as oportunidades que se apresentam para o estabelecimento farmacêutico, bem como as ameaças que serão enfrentadas na tentativa de cumprir os objetivos estabelecidos. Em um ambiente de negócios tão mutável e competitivo é essencial que a empresa defina claramente as suas políticas de marketing. Nos últimos anos, muitas organizações adotaram a política de marketing de massa, conseguindo assim, aumentar significativamente sua participação no mercado. O que se busca atualmente no mercado, são políticas de marketing que priorizem a qualidade do 37 relacionamento, optando por resultados de médio e longo prazos, consequentemente, mais sustentáveis e previsíveis. Ou seja, o pensamento estratégico de marketing, como forma de condução dos negócios, pressupõe a compreensão do ambiente de atuação da empresa e deseu público‑alvo, como pré‑requisitos para o direcionamento harmônico das atividades, controles, determinação de orçamentos, projeção de vendas e lucros, visando à criação deste valor superior ao consumidor (CFF, 2008). Plano de marketing Para elaborar um plano de marketing, é necessário formular algumas questões, entre as quais estão (CFF, 2008): 1. Qual situação econômica (inflação, poder aquisitivo) ambiente está enfrentando? 2. Quais oportunidades e problemas se apresentam? 3. Quais resultados espera alcançar? 4. O que exatamente se vende? 5. Quem são meus concorrentes? 6. Quem são meus clientes? 7. Por que eles devem comprar o meu produto ou serviço, em vez daqueles oferecidos por meus concorrentes? 8. Como divulgar meu produto ou serviço aos clientes? 9. Quem fará o que? Quando? 10. Quanto custará? Qual é o retorno? 11. Como medir o progresso, de forma a possibilitar ajustes? Além disso, o processo de gestão de marketing está diretamente relacionado a três pontos principais: 1. Capacidade de estoque de produtos, diversidade de serviços, tendo um mix (em quantidades e variedades) que atenda às necessidades 38 e/ou desejos do cliente; 2. Capacidade de distribuição, velocidade de entregar produtos ou serviços; 3. Capacidade de atendimento com pessoas em quantidade e com competências suficientes para um atendimento diferenciado. LEGISLAÇÃO APLICADA A FARMÁCIAS E DROGARIAS Fonte: neilpatel.com Antes de iniciar a discussão sobre a legislação aplicada a farmácias e drogarias, é importante ressaltar que existe uma diferença entre as mesmas. A drogaria não possui um objeto social tão abrangente quanto a farmácia, portanto, conforme o Decreto nº 74.170/1974, são empresas que dispensam e vendem medicamentos, insumos farmacêuticos e afins em suas embalagens originais. Já as farmácias, podem realizar atividades mais extensas, como a manipulação de fórmulas oficiais, o comércio de medicamentos, de insumos farmacêuticos e produtos afins, incluindo o fornecimento destes ao consumidor, a título oneroso ou gratuito, e ao serviço privado de unidade hospitalar ou qualquer outra assistência médica equivalente (BRASIL, 1974). 39 A farmácia, enquanto uma unidade de prestação de serviços, pode ser categorizada em dois tipos, de acordo com a Lei nº 13.021/2014 (BRASIL, 2014): 1. Farmácia sem manipulação ou drogaria: estabelecimento destinado à dispensação e venda de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e afins em suas embalagens originais; 2. Farmácia com Manipulação: Estabelecimento destinado à manipulação de fórmulas oficiais e magistrais, venda de medicamentos, insumos farmacêuticos e afins, inclusive dispensação e atendimento particular em enfermaria ou outro atendimento médico equivalente. A farmácia também pode manter um laboratório de análises clínicas, desde que esteja em uma instalação separada e sob a responsabilidade profissional do farmacêutico bioquímico. Além disso, as mesmas normativas citadas anteriormente, regulamentam as atividades das farmácias de medicamentos prescritos e das farmácias homeopáticas, cada uma com sua peculiaridade (SEBRAE, 2015). A partir disso, serão apresentadas a seguir, as legislações que orientam a abertura e o funcionamento de farmácias e drogarias, bem como a atuação profissional dos farmacêuticos. CLASSIFICAÇÃO NACIONAL DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS – CNAE A Classificação Nacional das Atividades Econômicas – CNAE, refere-se a uma classificação, utilizada com o objetivo de homogeneizar os códigos de identificação das unidades produtivas do país, nos cadastros e registros da administração pública nas três esferas de governo, principalmente na área tributária, e contribuir para a melhoria da qualidade dos sistemas de informação, que apoiam as decisões e ações do Estado e também permitem uma maior articulação inter sistemas (SEBRAE, 2015). De acordo com a CNAE, versão 2.2, as atividades de farmácia estão inseridas na seção G, divisão 47, grupo Grupo 477, que trata do comércio varejista de produtos farmacêuticos, perfumaria e cosméticos e artigos médicos, ópticos e ortopédicos. 40 Dentro do grupo selecionado, as CNAE´s que deverão ser utilizados na constituição de uma atividade de farmácia são as seguintes: 1. 4771-7/01: COMÉRCIO VAREJISTA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS, SEM MANIPULAÇÃO DE FÓRMULAS. 2. 4771-7/02: COMÉRCIO VAREJISTA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS, COM MANIPULAÇÃO DE FÓRMULAS. 3. 4771-7/03: COMÉRCIO VAREJISTA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS HOMEOPÁTICOS. As regulamentações e considerações desse grupo na CNAE incluem o comércio varejista de medicamentos e produtos farmacêuticos de uso humano e veterinário, assim como a venda a retalho de plantas medicinais (fitoterápicos) e de produtos homeopáticos, a venda de medicamentos fabricados internamente por meio de fórmulas (farmácias manipuladoras) e a venda ao público de medicamentos fabricados em centros de manipulação. As farmácias também podem vender cosméticos, produtos de higiene pessoal e produtos de perfumaria. Nesse caso, deve-se complementar as atividades com o seguinte: CNAE: 4772-5/00: COMÉRCIO VAREJISTA DE COSMÉTICOS, PRODUTOS DE PERFUMARIA E DE HIGIENE PESSOAL Os varejistas especializados em fraldas descartáveis e absorventes higiênicos, também pertencem a essa classificação. Não há restrições à utilização de duas ou mais CNAE's e a empresa a ser criada deve determinar sua atividade principal (SEBRAE, 2015). Etapas da abertura de farmácias e drogarias Abrir farmácias e drogarias não é um processo simples. Existem várias etapas e documentos a serem obtidos em diferentes órgãos para que o estabelecimento esteja apto a iniciar suas atividades de forma legal. No início do processo de abertura, 41 o ideal é consultar a prefeitura, a Vigilância Sanitária (VISA) local e o Conselho Regional de Farmácia (CRF) da respectiva jurisdição, a fim de obter informações sobre as exigências para regularização do estabelecimento. Esses requisitos podem variar nos diferentes territórios, principalmente em relação ao preenchimento de formulários e protocolos. De forma geral, após definir o local e o imóvel, a fase inicial consiste em concluir trâmites contábeis e administrativos, como (BOTELHO JUNIOR, 2021; SALES, 2021): 1. Obtenção do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) na Secretaria da Receita Federal; 2. Registro do Contrato Social na Junta Comercial do estado; 3. Registro na Secretaria Estadual da Fazenda, para obter a inscrição estadual; 4. Registro na prefeitura, para obter a inscrição municipal e o alvará de funcionamento (para essa fase, recomenda-se o auxílio de um contador). Com a estrutura já organizada e adequada, é preciso obter o auto de vistoria com o corpo de bombeiros, que após uma visita técnica, avalia se o estabelecimento cumpre as exigências mínimas de segurança e proteção contra incêndio. Além disso, para garantir a qualidade e segurança dos produtos dispensados e comercializados nas farmácias e drogarias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da RDC nº 44/2009, dispõe sobre as boas práticas farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e para a prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias (ANVISA, 2009). De acordo com a RDC nº 44/2009, as farmácias e drogarias devem apresentar os seguintes documentos para funcionamento: 1. Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE), expedida pela Anvisa; 2. Autorização Especial de Funcionamento (AE) para farmácias, expedida pela Anvisa (quando aplicável); 42 3. Licença ou alvará sanitário expedido pelo órgão estadual ou municipal de vigilância sanitária; 4. Certidãode Regularidade Técnica emitida pelo Conselho Regional de Farmácia (CRF) da respectiva jurisdição; 5. Manual de boas práticas farmacêuticas. A AFE é o ato legal expedido pela Anvisa que permite o funcionamento de empresas, estabelecimentos, instituições e órgãos sujeitos à vigilância sanitária. É por meio desse documento, que as farmácias e drogarias são autorizadas a comercializar medicamentos. Quanto aos estabelecimentos que devem apresentar a AE, o CRF-RJ (2015) declara que: A AE é exigida para as atividades de armazenamento, distribuição, embalagem, expedição, exportação, extração, fabricação, fracionamento, importação, produção, purificação, reembalagem, síntese, transformação e transporte, ou qualquer outra, para qualquer fim, com substâncias sujeitas a controle especial ou com os medicamentos que as contenham, segundo o disposto na Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio 1998, e na Portaria SVS/MS nº 6, de 29 de janeiro de 1999. A AE também é obrigatória para as atividades de plantio, cultivo e colheita de plantas das quais possam ser extraídas substâncias sujeitas a controle especial. Dessa forma, se o estabelecimento for uma farmácia que desenvolva atividades relativas à manipulação de substâncias sujeitas a controle especial constante, nas listas anexas à Portaria nº 344/1998 (BRASIL, 1998), será necessário solicitar à Anvisa a autorização especial (AE) (ANVISA, 2019). As farmácias e drogarias também devem atender à RDC nº 275/2019 (ANVISA, 2019), que dispõe sobre procedimentos para a concessão, alteração e cancelamento das autorizações AFE e AE. De acordo com CRF-SP (2019), a AFE e a AE não são documentos sujeitos à renovação anual desde 2014, quando foi sancionada a Lei nº 13.043/2014 (BRASIL, 2014), que extinguiu a obrigação de renovação de tais documentos para empresas e estabelecimentos. Sendo assim, as farmácias e drogarias devem ter apenas as autorizações iniciais de funcionamento, sendo obrigadas de peticionamento, somente em casos de alteração de dados, como mudança de endereço, de responsável legal, entre outros. 43 O alvará sanitário, chamado muitas vezes de Licença de Funcionamento (LF), é um documento emitido pela vigilância sanitária competente, seja a nível municipal, regional ou estadual, sendo obrigatório para todos os estabelecimentos que realizam atividades de interesse da saúde, o que inclui as farmácias e drogarias. A validade da LF para farmácias e drogarias, pode variar de acordo com a jurisdição. Geralmente, a validade dessa licença é anual, mas em alguns municípios, como em São Paulo, o documento chega a ter validade de 3 anos, sendo necessário solicitar sua renovação após esse prazo (CRF-SP, 2019). A Certidão de Regularidade (CR) refere-se a um documento expedido pelo Conselho Regional de Farmácia (CRF), com validade anual, que tem o intuito de comprovar que as atividades farmacêuticas desenvolvidas naquele estabelecimento, são exercidas por profissional habilitado e registrado adequadamente junto ao CRF. Para solicitações de renovação de CR, o responsável deve entrar em contato com o CRF da respectiva jurisdição. Em muitos estados, esse serviço pode ser realizado de forma on-line (CRF-SP, 2019). Já o manual de boas práticas farmacêuticas, é um documento que deve ser elaborado pelo próprio estabelecimento, contemplando as atividades a serem realizadas e as normas dispostas na RDC nº 44/2009 (ANVISA, 2009). Essa RDC também exige que o estabelecimento deve ter procedimentos operacionais padrão (POPs) e registros, assim como toda a documentação deve ser mantida no estabelecimento por no mínimo cinco anos, pois ela pode ser requisitada pelo órgão de vigilância sanitária responsável pela fiscalização (MACHADO, 2021). O requerimento desses documentos e a preparação da farmácia de qualquer natureza quanto a aspectos técnicos, podem ser realizados com o auxílio do farmacêutico. Além disso, para que sejam concedidos alguns dos documentos citados, a existência de um farmacêutico RT é obrigatória (FERREIRA, 2021). Ademais, os documentos sanitários, que consistem em licença ou alvará sanitário, AFE e AE, devem ser mantidos no estabelecimento para consulta. No entanto, somente o alvará sanitário, assim como a Certidão de Regularidade Técnica, deve ser fixado em local visível ao público (ANVISA, 2009). 44 Informações em bases sanitárias nacionais e locais As normas sobre a parte empresarial e os serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias obedecem a regulamentações federais, enquanto o licenciamento e a fiscalização sanitária, variam de acordo com o estado e o município (CORRER; OTUKI, 2013). No âmbito federal, existem alguns atos normativos que dispõem de forma geral sobre a avaliação sanitária. Contudo, é no âmbito estadual e/ou municipal que são desenvolvidas as legislações específicas, sobre as quais também é importante ter conhecimento. No quadro 04 a seguir, encontram-se os principais atos normativos, necessários para a abertura de farmácias e drogarias (FERREIRA, 2021): Quadro 04. Legislação de âmbito nacional que regulamenta a avaliação sanitária para a abertura de farmácias e drogarias. 45 Fonte: FERREIRA, 2021. O profissional pode pesquisar por número do ato, ano e assunto. Pode ainda, selecionar filtros, como tipo de ato (Portaria, Resolução, Lei), assuntos (medicamentos, insumos farmacêuticos) e status da legislação (vigente, vigente com 46 alteração, revogada). Se o ato normativo for de âmbito local (estadual ou municipal), o profissional deve pesquisar nos sites do estado e/ou da prefeitura. Portanto, as informações sobre os documentos necessários para o requerimento e os requisitos avaliados, assim como qualquer outra dúvida sobre o assunto, geralmente são encontradas em sítios eletrônicos da prefeitura, em abas específicas. Outro local de pesquisa pode ser o site da Secretaria Estadual de Saúde do estado em questão. Nos dois tipos de site, é preciso procurar pela seção de VISA. Contudo, pode ser que a VISA tenha um site próprio. Existem VISA locais que disponibilizam roteiros de auto inspeção. É possível consultá-los em sites de prefeituras, na seção de vigilância sanitária. Esses instrumentos podem ser norteadores na organização do estabelecimento. As dúvidas acerca do processo de obtenção de AFE e AE podem ser sanadas no site da Anvisa. Existe também um site (figura 04) de consultas desse órgão, onde é possível verificar os documentos necessários à concessão das autorizações. Figura 04. Leiaute do site de consultas vinculado à Anvisa. Fonte: ANVISA, 2021. Outra fonte de informação são os sites dos CRF. É possível entrar em contato com a assessoria técnica para sanar dúvidas ou verificar se existem publicações que 47 orientem o processo de abertura de farmácias e drogarias. Todos os sites citados também têm um espaço “Fale conosco” on-line ou por telefone, aos quais o profissional pode recorrer em caso de dúvidas. Após consultar a legislação, se adequar quanto aos requisitos para a concessão de documentos sanitários e obtê-los, as farmácias e drogarias vão estar aptas a finalizar o processo. Assim, se o Certificado de Regularidade Técnica estiver emitido e a AFE e a AE, quando for o caso, forem publicadas no DOU, o estabelecimento estará com todos os trâmites finalizados para iniciar suas atividades (FERREIRA, 2021). Documentação sanitária para abertura de farmácias e drogarias Segundo a Lei nº 13.021/2014 (BRASIL, 2014), artigo 6º, “[...] para o funcionamento das farmácias de qualquer natureza, exigem-se a autorização e o licenciamento da autoridade competente”. É importante destacar também que, segundo o Código de Ética da Profissão Farmacêutica, “[...] é proibido ao farmacêutico exercera profissão em estabelecimento não registrado, cadastrado e licenciado nos órgãos de fiscalização sanitária” (CFF, 2014). Assim, é uma responsabilidade desse profissional, colaborar ativamente no processo de regularização sanitária de farmácias e drogarias. Dessa forma, a RDC nº 67/2007 (ANVISA, 2007), que dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias, considera que a documentação é parte essencial do sistema de garantia da qualidade. A legislação sanitária pertence ao contexto do sistema jurídico brasileiro e é constituída por normas, sejam elas leis, portarias e decretos que estabelecem critérios quanto às condições, assim como a relação de produtos e serviços de interesse da saúde. Como o funcionamento desses estabelecimentos envolve risco sanitário, eles estão sujeitos a autorização e controle pelos órgãos de vigilância sanitária e são regulamentados por legislações específicas. Assim, para legalizar o início das atividades de farmácias e drogarias, a documentação gerada após avaliação e inspeção sanitária é essencial. 48 As ações da VISA têm como princípio o grau de risco sanitário do estabelecimento, referente a suas atividades e produtos. Farmácias e drogarias são classificadas como risco alto e, por isso, de acordo com a legislação vigente, a concessão de licença ou alvará sanitário é de responsabilidade dos estados, Distrito Federal e municípios (ANVISA, 2009, 2018). O alvará sanitário é um documento definido nos termos da lei como “[...] ato legal que permite o funcionamento de estabelecimentos, constatada sua conformidade com requisitos legais e regulamentares” (ANVISA, 2018, documento on-line). Ele está condicionado ao cumprimento de exigências técnicas, à inspeção da VISA local e ao pagamento da taxa de inspeção (FERREIRA, 2021). A regulamentação sanitária inicia-se, na maioria dos entes federativos, pela avaliação do projeto arquitetônico. Geralmente, há um setor na VISA local, relacionado a arquitetura e engenharia, responsável por isso. Para que o alvará sanitário seja concedido, além da avaliação de documentação e aprovação do projeto arquitetônico, durante o processo de registro é feita uma inspeção prévia no estabelecimento pela VISA local (ANVISA, 2009). Os principais aspectos inspecionados na visita inicial para concessão do alvará são infraestrutura, ambientes internos e externos do estabelecimento, fluxos, dimensões, produtos, instalações, equipamentos, normas e rotinas (BOTELHO JUNIOR, 2021; SALES, 2021). O Quadro 05 traz mais detalhes sobre os requisitos básicos avaliados na concessão. Vale ressaltar que, dependendo da legislação local, eles podem variar (FERREIRA, 2021). 49 Quadro 05. Aspectos avaliados na inspeção para concessão do alvará sanitário Fonte: FERREIRA (2021). 50 A VISA de alguns locais também pode exigir a relação ou o organograma dos profissionais do estabelecimento, com descrição de cargos e funções, e a lista de equipamentos que a farmácia dispõe. O roteiro de inspeção sanitária geralmente não é aplicado de forma minuciosa na inspeção inicial. A utilização sistemática do mesmo, costuma acontecer nas inspeções de rotina (BASTOS; COSTA; CASTRO, 2011). Ao final da inspeção, o fiscal elabora um relatório com a descrição das características e condições sanitárias do estabelecimento (BASTOS; COSTA; CASTRO, 2011). O alvará poderá ou não ser liberado, a depender da conformidade dos aspectos observados. Quando constatadas irregularidades, o fiscal sinaliza as providências que devem ser adotadas e a farmácia ou drogaria tem um prazo para se readequar. Após sanadas todas as exigências, o alvará pode ser liberado. A duração do processo é variável e depende do órgão local e da aprovação em cada etapa. A Figura 05 mostra um exemplo de fluxo até a concessão do alvará (FERREIRA, 2021). Figura 05. Exemplo de fluxo de etapas até a concessão do alvará sanitário. Fonte: FERREIRA, 2021. 51 Após a obtenção do relatório satisfatório, relacionado à inspeção sanitária, a farmácia ou drogaria pode dar entrada no requerimento da AFE. Além disso é importante ressaltar, que o funcionamento de farmácias e drogarias sem o alvará é considerado infração sanitária, cuja consequência pode ser advertência, interdição, cancelamento de autorização e de licença e/ou multa (FERREIRA, 2021). Autorização de Funcionamento (AFE) e Autorização Especial de Funcionamento (AE). Como se sabe, a AFE é uma permissão para que farmácias e drogarias possam funcionar, mediante a solicitação de cadastramento da sua atividade. AFE e AE são solicitadas por petição eletrônica, no início das atividades dos estabelecimentos. Existem manuais disponíveis na internet que auxiliam a utilizá-lo. Não há necessidade de enviar documentos físicos e, portanto, todo o processo é feito on-line. A contar da data de recebimento, a Anvisa aprecia a petição de concessão em um prazo de 30 dias corridos. Quando a Anvisa não se manifesta nesse período, há concessão automática (ANVISA, 2019). Para a concessão das autorizações, são necessários os documentos: comprovante de pagamento da Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária (TFVS), formulários de petição corretamente preenchidos e disponíveis no site da Anvisa e declarações preenchidas constantes nos anexos da RDC nº 275/2019 (ANVISA, 2019). A emissão de AFE e AE é condicionada à liberação das atividades do estabelecimento, incluídas na licença de funcionamento emitida pelo competente órgão sanitário local. Após análise da documentação e conclusão de todos os trâmites, se o pedido for deferido, há publicação no Diário Oficial da União (DOU) com o número da autorização (ANVISA, 2019). Desde a publicação da Lei nº 13.043/2014 (BRASIL, 2014b), não há obrigatoriedade de renovação anual de AFE e AE. Essa renovação passou a ser automática (FERREIRA, 2021). 52 Renovação de alvará sanitário Como se sabe, o alvará sanitário ou LF, é emitido pelo órgão estadual ou municipal de vigilância sanitária e cada estado tem sua própria legislação sobre os procedimentos para licenciamento e renovação do mesmo. No estado de São Paulo, a Portaria CVS nº 01/2019 é a que dispõe sobre o licenciamento dos estabelecimentos de interesse da saúde (SÃO PAULO, 2019). A LF de estabelecimentos de interesse da saúde é emitida em nome da razão social ou do responsável legal, quando se tratar de pessoa jurídica ou de pessoa física, respectivamente. De acordo com o art. 11 dessa Portaria, a LF entra em vigor na data do deferimento da solicitação e tem validade de um ano, podendo ser revalidada, mediante solicitação, por períodos iguais e sucessivos (SÃO PAULO, 2019). No entanto, se a LF for emitida pela vigilância sanitária do município, a sua validade é fixada em regulamentação específica. De acordo com o art. 13 da Portaria CVS nº 01/2019, a não renovação da LF de estabelecimentos de interesse da saúde resulta em seu cancelamento pela vigilância sanitária competente (SÃO PAULO, 2019). Para a renovação da licença de funcionamento no estado de São Paulo, o estabelecimento deve apresentar, junto com a solicitação de renovação (Quadro 06), o comprovante de pagamento da taxa de fiscalização (MACHADO, 2021). 53 Quadro 06. Exemplo de solicitação de atos de vigilância sanitária do estado de São Paulo. 54 55 56 Fonte: MACHADO (2021). 57 O requerimento de renovação do alvará sanitário em outros estados, geralmente é mais simples. No Rio Grande do Sul, o alvará sanitário também
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