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Problema 5: fechamento Doença renal crônica Ref.: Seguro; Vianna; Galvão. Definição: Define-se como doença renal crônica (DRC) a diminuição permanente e geralmente progressiva da função renal. Essa perda da função renal pode ser observada através da redução irreversível do número de néfrons funcionante. Epidemiologia: De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia, a incidência de pacientes em diálise no Brasil vem aumentando de maneira progressiva, constituindo uma preocupação importante na área de saúde pública. Em 1994, 24 mil pacientes eram mantidos em programas de diálise crônica e, em 2004, este número aumentou para 59.153. Classificação: Manifestações clínicas: o Intoxicação hídrica manifestada pela congestão pulmonar, associada ou não à hiponatremia e à hipertensão arterial sistêmica de difícil controle; o Hipercalemia não-controlada, com o uso das resinas trocadoras de cátion; o Acidemia metabólica grave; o Serosites, em especial a pericardite; o Manifestações neurológicas, como a sonolência ou mesmo o torpor; o Náuseas, vômitos e soluços persistentes; o Sangramentos, principalmente aqueles que ocorrem no sistema digestório. Diagnóstico: O clearance de creatinina e a determinação da creatinina plasmática são usados como marcadores da FG. o Entretanto, esses exames podem não permitir o diagnóstico da DRC nos estágios iniciais (1 e 2). o Falhas decorrentes da coleta de urina e da interpretação dos valores da creatinina plasmática podem interferir no diagnóstico da DRC. Quanto aos valores da creatinina plasmática, deve-se lembrar que essa substância é um produto do catabolismo muscular e que, portanto, sua concentração pode variar de acordo com a massa muscular do indivíduo. Além disso, a presença no plasma de substâncias cromógenas à creatinina podem interferir em sua dosagem. Em casos de DRC em estágio 1, recomenda-se a quantificação da excreção urinária das proteínas totais. o Esse exame é o indicador precoce da presença da DRC. o A excreção de até 300mg de proteína, em coleta de urina de 24 horas, é considerada dentro da faixa da normalidade. o Proteinúria anormal: relação proteína/creatinina urinária maior ou igual a 200mg de proteína por grama de creatinina marcador da DRC. O teste mais sensível para o diagnóstico da doença renal é a avaliação seletiva da albumina da excreção urinária. o A presença de 30 a 300μg de albumina por miligrama de creatinina na urina de um indivíduo é considerada anormal e recebe o nome de microalbuminúria. Fisiopatologia: Os fatores patogênicos podem ser divididos em: o Imunológicos: São os mesmos que causam a glomerulopatia. Esses fatores, associados aos diversos mediadores da inflamação, podem continuar agredindo o glomérulo. Em muitas situações, a terapêutica da imunossupressão não está indicada e, em outras, a resposta nem sempre é satisfatória. o Não imunológicos: Podem ser representados pelo aumento da tensão mecânica na microcirculação renal, decorrente da redução do número de néfrons. O aumento da pressão intracapilar glomerular é traduzido em alterações na barreira do endotélio, ocasionando um processo inflamatório local e extravasamento das proteínas para a luz tubular. A proteína em excesso na luz tubular é mais um fator de agressão ao tecido renal. A DRC está associada a diversos fatores entre elas: o Obesidade; o HAS; o DM; o Inflamação. Em relação à inflamação, especificamente: A inflamação é a resposta do organismo a qualquer agressão sofrida. Especificamente em relação ao tecido renal, a inflamação participa de forma ativa dos mecanismos de progressão da lesão renal em doenças de diversas etiologias. Na DRC a resposta inflamatória contribui para a progressão da lesão renal., o papel do processo inflamatório tem sido evidenciado em malformações congênitas do trato urinário, tais como as uropatias obstrutivas. De forma resumida, os seguintes mecanismos fisiopatológicos têm sido propostos para explicar a progressão da DRC nas uropatias obstrutivas: 1) aumento do diâmetro e proliferação das células tubulares dos rins obstruídos; 2) estiramento mecânico das células tubulares pelo processo obstrutivo que promove recrutamento de células inflamatórias e liberação de citocinas e quimiocinas no tecido renal; 3) apoptose das células tubulares seguida de apoptose do compartimento intersticial; 4) transição epitelial-mesenquimal das células tubulares e intersticiais levando à formação de fibroblastos; 5) proliferação progressiva de fibroblastos e recruta�mento contínuo de células inflamatórias; 6) síntese de colágeno pelos fibroblastos com consequente deposição de matriz extracelular e fibrose renal. O estado inflamatório crônico observado na DRC se associa à elevação dos níveis séricos de proteínas inflamatórias de fase aguda, como a proteína C reativa (PCR), e de uma variedade de mediadores imuno- inflamatórios, tais como citocinas, componentes do sistema de complemento, prostagladinas e leucotrienos. Os pacientes com DRC apresentam um fenótipo pró-inflamatório que se acentua na medida em que a lesão renal segue rumo a seu estágio terminal. Além disso, tem sido mostrado que alguns polimorfismos de genes que codificam mediadores inflamatórios estão associados a pior evolução de pacientes com DRC. A deterioração da função renal tem sido associada ao aumento dos níveis séricos de PCR, de citocinas e dos receptores solúveis para estas citocinas nos diferentes estágios da DRC. A liberação de citocinas também se relaciona aos efeitos hemodinâmicos e locais da ativação do sistema renina angiotensina (SRA). Em relação a obesidade: O acúmulo de lípides nos macrófagos pode alterar o fenótipo dessas células e favorecer o surgimento de um ambiente pró-inflamatório responsável pelas modificações fisiopatológicas do rim associadas à obesidade. Diversas citocinas pró-inflamatórias produzidas pelo tecido adiposo e por células inflamatórias têm sido relacionadas às lesões renais induzidas pela obesidade. Dentre esses mediadores, merecem menção o inibidor da ativação do plasminogênio-1 (PAI-1), a quimiocina MCP-1 e a resistina. Os níveis elevados de colesterol podem estimular a produção de superóxido que, por sua vez, contribuem para a disfunção renal observada em pacientes obesos O estresse oxidativo, a inflamação e a disfunção endotelial secundária favorecem a instalação e a progressão DRC. DRC e NO: Na função renal o NO é um importante modulador da taxa de filtração glomerular (TFG), entretanto não é um mediador direto. O NO produzido na mácula densa pela ativação da nNOS atenua a constrição da arteríola eferente, consequentemente a ausência desta ação, resulta em vasoconstrição, retenção de sódio e água induzindo a HAS. Como causas prováveis da deficiência de NO na DRC podem ser atribuídas limitações na disponibilidade do substrato (L-arginina), devido sua diminuição na biossíntese renal e transporte diminuído de L- arginina em células endoteliais em pacientes urêmicos. Inflamação, hipertensão arterial, proteinúria e NO na DRC A participação das ERRO (espécies reativas de O) contribuem para HAS, proteinúria e progressão da DRC. Nestas condições fatores comuns estão associados a instalação do processo inflamatório, como: (a) AII; (b) produção de ERO; (c) retenção de sódio; (d) participação do sistema nervoso simpático; (e) aldosterona e (f) “shear stress”. O processo inflamatório envolvido com estes fatores promove vasoconstrição, elevação da pressão arterial e disfunção endotelial. A AII promove aumento da atividade de linfócitos T e macrófagos no endotélio vascular, bem como, o aumento na liberação de substâncias quimiotáxicas. Ambos os eventos estimulam a instalação do processo inflamatório, causando a disfunção endotelial, produção de ERO,diminuição da disponibilidade de NO, hipertrofia e hiperplasia da parede dos vasos, consequentemente vasoconstrição, hipertensão e progressão da DRC. Fatores de risco: Tabagismo: a nicotina exerce um efeito vasoconstritor, o que contribui para a DRC. Dislipidemia: é frequentemente diagnosticada nos pacientes portadores de DRC. Estas alterações metabólicas contribuem para a ocorrência de eventos cardiovasculares. Anemia: pode ser decorrente de eritropoietina, estoques de ferros, vitamina B12 e ácido fólico. Hiperucimemia: tem como manifestação clínica agota. HAS: deve ser controlada, porque a tensão mecânica na microcirculação renal é um fator determinante na progressão da DRC. o Recomenda-se que a pressão arterial sistêmica (PAS) seja mantida a valores inferiores a 130 x 80mmHg. o Quanto ao tratamento farmacológico, os medicamentos de escolha são os que impedem a formação e/ou ação da angiotensina II. DM: O aumento da filtração glomerular (hiperfiltração) e/ou presença da microalbuminúria incipiente são as manifestações mais precoces da nefropatia diabética. Nos dois casos, PROCLIM SEMCAD a hiperglicemia é o início de tudo. Hiperglicemia Dislipidemia em diabéticos Hiperparatireoidismo Tratamento e aspectos biopsicossiais Ref.: Seguro; Costa; Silva, Salgado. Formas de tratamento: Dieta: Os pacientes sob regime dietético hipoprotéico podem retardar em até um ano o início da diálise. Entretanto, o risco do desenvolvimento de desnutrição nesses pacientes é maior. Controle de eletrólitos: Ca e P o Recomenda-se a manutenção do fósforo entre 2,7 a 4,6mg/dL, nos estágios 3 e 4 de DRC, através de restrição dietética. A ingestão diária de fósforo, nesses casos, deve ficar entre 800 a 1.000mg/dia. Quando a restrição dietética não surtir efeito, deve-se prescrever quelantes intestinais de fósforo. O carbonato de cálcio é preconizado na dose de 5g por via oral, junto às refeições. Potássio Bicarbonato Atividade física Medicamentos: Inibidores da enzima de conversão da angiotensina II: o Retardam a progressão da DRC; o Diminuem a pressão arterial de maneira mais eficaz. Antagonistas do receptor AT1 da angiotensina II retarda a progressão da doença. Bloqueadores dos canais de cálcio: o Melhora o controle da Hipertensão sistólica; o Diminui o estresse no nível vascular. Betabloqueadores: apresenta efeito cardioprotetor. Diuréticos: indicados no tratamento do edema Tratamento dialítico: O método dialítico é determinado pelo nefrologista, que orienta o paciente sobre as vantagens de um método em relação a outro. No caso dos pacientes diabéticos, infelizmente nenhum método mostrou ser mais eficiente, por isso alguns centros nefrológicos adotam a conduta do transplante renal precoce. Segundo as diretrizes estabelecidas pela Sociedade Brasileira de Nefrologia, os pacientes que precisam de hemodiálise devem ser submetidos à construção prévia de um acesso vascular permanente. A recomendação é de que a fístula seja implantada em todos os pacientes que apresentem FG inferior a 25mL/min. A razão para tal antecedência é para que a fístula só seja puncionada após três a quatro meses de sua construção, e nunca no prazo inferior a um mês. Aspectos biopsicossoaciais: O paciente é conduzido a conviver diariamente com uma doença incurável, que o obriga a uma forma de tratamento dolorosa, de longa duração e que provoca, juntamente com a evolução da doença e suas complicações, ainda maiores limitações e alterações de grande impacto. Essas limitações repercutem tanto em sua própria vida, quanto na do seu grupo familiar, afetando as várias dimensões do ser humano, sejam elas de ordem física, psicológica, econômica ou social. A depressão afeta tanto os pacientes quanto os cuidadores. Os cuidadores informais são, normalmente, familiares, do sexo feminino, não remunerados, com pouco conhecimento técnico e pouco assistidos e orientados pelos serviços de saúde, que modificam suas rotinas para auxiliarem no cuidado com a saúde de seus ente-queridos. Verifica-se características que evidenciam vulnerabilidades à baixa escolaridade, sendo esta, um fator que limita as oportunidades de emprego, situação que pode justificar a baixa renda. Usuários em terapia hemodialítica deixam de exercer atividades laborais e instrumentais, em decorrência das limitações que a DRC causa ao corpo do indivíduo, levando a um baixo rendimento físico, o que, inevitavelmente, reflete na sua QV. Usuários decepcionados como a sua DRC, assim como frustrados com o peso que a doença traz à sua vida, a ponto de muitos declararem sentirem-se um peso para sua família. Fases do processo de adoecimento: Fases de crise: sentimentos de choque e incertezas, além de envolver a aprendizagem de algumas tarefas práticas como lidar com a dor, a incapacitação, o ambiente hospitalar, os procedimentos terapêuticos. Nessa fase, estão incluídos dois períodos: 1) Início gradual, que permite um ajustamento à medida que a doença desenvolve; 2) Início agudo, cujo momento exige uma rápida mobilização dos recursos para enfrentar a crise. Função do médico: ao revelar o diagnóstico para a família, é estar atento para o nível de estruturação e conhecimento intelectual do grupo familiar. Fase crônica: se caracteriza como o momento de conviver com a doença, sendo marcado pela sua constância ou progressão e pode abranger a morte ou a sobrevivência do paciente. Esse é um período geralmente longo que se estrutura conforme as percepções da família em relação ao processo de adoecer. a progressão da doença pode ser vivenciada pela família, em especial pelos pais, por sentimento de impotência, ansiedade, depressão, culpa, raiva, tristeza e medo da perda do filho. Fase terminal: Essa fase abrange os períodos de luto, resolução da perda e retomada das atividades habituais presentes antes do surgimento da doença. Pontua-se que a separação das fases não é tão estanque como apresentada, uma vez que é necessário considerar os diversos tipos de doenças e características. As fases estão intimamente ligadas umas às outras e o reajustamento da estrutura familiar, de papéis, de resolução de problemas estará relacionado à maneira como as famílias se relacionam e partilham as experiências de vida em comum. Anemia e DRC Ref.: Abensur; Oliveira; Almerinda A DRC é uma situação inflamatória que interfere na síntese e ação de eritropoetina, assim como na absorção intestinal de ferro e na sua mobilização dos estoques. Fisiopatologia: O fígado é o local da produção de proteínas de transporte de ferro. Essas proteínas contêm as maiores reservas de ferro não funcionais (Ferritina e hemossiderina) O ferro obtido pela dieta é absorvido especialmente no duodeno, porém apenas o ferro ferroso é absorvido e transportado pela membrana apical do enterócito para a membrana basolateral, este é então exportado através da membrana basolateral dos enterócitos pela ferroportina, depois ligado à transferrina no plasma e transportada para uso em órgãos-alvo e seu armazenamento. A liberação desse mineral é regulada pela hepcidina, um hormônio que é produzido pelos hepatócitos. Quando os estoques de ferro estão adequados ou elevados, a hepcidina é secretada e se liga à ferroportina intestinal, causando internalização e destruição da ferroportina. Após a ativação do sistema imune, há a liberação de alguns mediadores como as citocinas: IL-1, IL-6, TNF-α e INF- 36. A IL-6 estimula a expressão da hepcidina inibindo a absorção duodenal do ferro. Como resultado, ocorre uma diminuição do ferro sérico levando uma atenuação da liberação do ferro para a M.O, consequentemente contribuindo para o surgimento da anemia, mesmo com a presença das reservas totais do ferro, causando a deficiência funcional de ferro Anemia como fatorde progressão da DRC: A anemia decorrente da redução do número de néfrons parece contribuir para a piora do processo de fibrose túbulo-intersticial das nefropatias crônicas, através da hipóxia e do estresse oxidativo. A anemia diminui o potencial anti-oxidante do sangue na vigência de geração aumentada de espécies reativas de oxigênio, acarretando efeitos deletérios às células tubulares. Diagnóstico: O diagnóstico de anemia em pacientes adultos (acima de 18 anos) com doença renal crônica (DRC), independentemente do estágio da doença, deverão obedecer aos critérios diagnósticos recomendados para a população geral (Evidência B). • Homens: nível de hemoglobina menor que 13,0 g/dL; • Mulheres e homens acima de 65 anos: nível de hemoglobina menor que 12,0 g/dL. Este é um critério diagnóstico e não de intervenção. A anemia da DRC é normocítica (volume corpuscular médio, VCM, entre 80 e 96 fentolitros, fl) e normocrômica (concen�tração de hemoglobina corpuscular mé�dia, CHCM, entre 32 e 36 g/dL) e atribuída a um déficit relativo de eritropoietina, porém, pode ter como fatores agravante a deficiência de ferro, a presença de fenômeno inflamatório e outras causas não relacionadas à DRC que podem alterar as características hematimétricas da anemia. Para avaliação correta da anemia, é preciso levar em conta o estágio da DRC. A anemia da DRC, em geral, manifesta-se quando a taxa de filtração glomerular (TFG) diminui para níveis me�nores que 70 mL/min/1,73m2 em homens e 50 ml/min/1,73m2 em mulheres. A anemia da DRC é habitualmente assintomática e de instalação lenta. O diagnóstico preciso e a abordagem terapêutica precoce são cruciais para que os conhecidos efeitos deletérios da anemia sobre os sistemas cardiovascular e nervoso e, talvez, sobre a progressão da doença renal possam ser prevenidos. Em pacientes, em qualquer estágio de DRC, que apresentem estoques inadequados de ferro, essa anormalidade já pode ser identificada, inclusive nos estágios 1 e 2, quando a saturação de transferrina for abaixo de 20% e a ferritina abaixo de 12 ng/mL Em pacientes portadores de DRC em estágios mais avançados,3-10 índices de saturação de transferrina abaixo de 20% têm uma sensibilidade de cerca de 80% em identificar casos de anemia por de�ficiência absoluta de ferro. Tratamento: O tratamento da ADC geralmente ocorre quando a anemia prejudica a qualidade de vida do paciente Estudos clínicos demonstraram que o uso de AEE melhoram a qualidade de vida das pessoas, desde que os níveis de hemoglobina não ultrapassem 13 mg/dl, pois podem trazer doenças como hipertensão arterial e trombose de acesso vascular. Os estoques de ferro devem ser monitorados, para melhor resposta ao tratamento com eritropoietina, devido à deficiência de ferro ser uma das principais causas de falha ao tratamento. Estima-se que pacientes em hemodiálise perdem em média 2 g de ferro por ano, na própria diálise, ou por hemorragias e redução da absorção intestinal do ferro, fazendo-se necessária a avaliação e reposição apropriada deste.
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