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Traumatismo Dentário Introdução · Lesões em dente e processo alveolar Urgência · Diagnóstico deve ser estabelecido imediatamente p/ realizar o tratamento · Fatores predisponentes: oclusão tipo classe II de Angle, overjet excedendo 4mm, mordida aberta, lábio superior curto ou hipotônico e respirador bucal · + comum na infância: lesões de luxação do dente decíduos · + comum em adultos: fraturas de coroa Realizar anamnese detalhada: 1. Exame neurológico básico: distúrbios visuais, náuseas, vômito, períodos de inconsciência, amnésia, cefaleia e tontura 2. História médica do paciente 3. História do trauma Quando? Onde? Como ocorreu o trauma Que tratamento foi realizado desde o aparecimento da lesão? Alguém observou dentes ou fragmentos de dentes no local do acidente? 4. Exame clínico extra e intraoral Extraorais: lesões de tecidos moles e fraturas dos ossos da face Intraorais: Observar fraturas, mobilidade ou deslocamento de dentes, tecidos moles afetados, fratura óssea e oclusão 5. Exames complementares (Rx ou tomografia) Ver estágio de erupção dentária, grau de rizogênese dos dentes, se há reabsorções, deslocamento intrusivos ou extrusivos, fraturas ósseas ou dentárias e tamanho na câmara pulpar Testes · Teste de mobilidade · Teste de percussão · Teste de sensibilidade pulpar Obs. O teste de sensibilidade não índica o estado real do tecido pulpar, pois o suprimento nervoso está danificado e não funciona normalmente. O suprimento sanguíneo permanece intacto. Traumatismos · Tecidos duros dentais Fraturas coronárias, corono-radiculares ou radiculares · Ligamento Periodontal Fraturas dentárias Trinca Sensibilidade a percussão: Negativo Mobilidade: Negativo Teste de sensibilidade Positivo Rx S/ anormalidades radiográficas Tratamento: Em casos de trincas visíveis, realizar a aplicação de ácido/adesivo e selamento com resina composta, para prevenir a descoloração e contaminação bacteriana das trincas Fratura de esmalte Sensibilidade a percussão: Negativo Mobilidade: Negativo Teste de sensibilidade Positivo Rx Perda visível de esmalte Tratamento: · Se o fragmento dentário estiver presente, o mesmo pode ser colado ao dente · Dependendo da extensão e localização da fratura, pode ser feita a suavização das bordas da fratura ou restauração com resina composta Fratura de esmalte e dentina (Sem exposição) Sensibilidade a percussão: Negativo Mobilidade: Negativo Teste de sensibilidade Positivo Rx Perda visível de esmalte e dentina Tratamento: · Capeamento pulpar indireto - se for possível ver a polpa por translucidez - rosa e sem sangramento (HC + CIV + Resina) · Restauração provisória (CIV) · Restauração definitiva (adesivo + resina ou fragmento) · Proservação Fratura de esmalte - dentina (Com exposição) Sensibilidade a percussão: Negativo Mobilidade: Negativo Teste de sensibilidade Polpa exposta Rx Perda visível de esmalte Fatores que determinam o tratamento: · Aspectos da polpa · Tempo de exposição Enquanto mais tempo, mais radical · Tamanho da exposição Enquanto maior, mais radical · Grau de desenvolvimento radicular ápice completo normalmente é mais radical · Condições de higiene bucal Se má-higiene oral, tratamento radical pode ser necessário (exemplo uma cavidade com muito biofilme, em poucos minutos já deve ter contaminado a polpa, assim devemos optar por um tratamento mais radical, como a pulpotomia) Tratamento em dentes com rizogênese incompleta Preserva a polpa · Capeamento pulpar com hidróxido de cálcio ou pulpotomia parcial (jovens) · Pulpotomia parcial · Apicificação ou revascularização Tratamento em dentes com rizogênese completa · Preferencialmente: tratamento conservador como pulpotomia · Caso contrário: tratamento endodôntico. Ou se houver necessidade de colocação de Se ainda houver o fragmento pode usá-lo p/ restaurar dente ou fazer restauração com CIV e resina Fratura corono-radicular (Sem exposição) Dá para ver que está quebrado, mas não sai, pois está unido pelas fibras do cemento e do osso Sensibilidade a percussão: Positiva Mobilidade: Positiva no fragmento coronário Teste de sensibilidade Positiva no fragmento apical Rx Extensão apical da fratura geralmente não visível Antes de estabelecer um plano de tratamento, deve ser feita a estabilização temporária do fragmento fraturado ao(s) dentes(s) adjacente(s) ou ao segmento sem mobilidade Tratamento (depende do limite) 1. Próximo ao nível gengival: remoção do fragmento fraturado e restauração (CIV ou resina) 2. Extrusão ortodôntica ou cirúrgica 3. Tratamento endodôntico, se houver necrose 4. Extração 5. Sepultamento da raiz 6. Reimplante com ou sem rotação da raiz 7. Extração 8. Autotransplante Se houver, fratura do osso alveolar concomitantes, realizar sepultamento da raíz e adiar a extração Extrusão Cirúrgica e Ortodôntica Se a fratura envolver o espaço biológico, é necessário realizar o reposicionamento cirúrgico (extrusão cirúrgica) ou reposicionamento ortodôntico (extrusão ortodôntica) – opta-se preferencialmente pela ortodôntica. Passo a passo da Extrusão Ortodôntica: 1) Adaptação de botões ortodônticos (ou brackets) na V e L da coroa provisória 2) Alívio interno da placa no local do dente a ser tracionado de 1 a 2mm (corte da incisal da coroa provisória) 3) Adaptação do elástico ortodôntico (de L p V) 4) Após tração, margem cervical da fratura sem espaço biológico Readaptação da coroa provisória, contenção por 2 meses (semirrígida) e tratamento protético/restaurador definitivo Fratura corono-radicular (Com exposição) Sensibilidade a percussão: Positiva Mobilidade: Positiva no fragmento coronário Teste de sensibilidade Positiva no fragmento apical Rx Extensão apical da fratura geralmente não visível Tratamento: Antes de estabelecer um plano de tratamento, deve ser feita a estabilização temporária do fragmento solto ao(s) dentes(s) adjacente(s) ou ao segmento sem mobilidade · Rizogênese incompleta ou em jovens: Optar por pulpotomia parcial · Rizogênese completa: Tratamento endodôntico Fratura radiculares Sensibilidade a percussão: Pode estar sensível Mobilidade: Positiva + Sangramento via sulco gengival Teste de sensibilidade Negativo a primeiro momento Rx A fratura envolve a porção radicular e pode estar em um plano horizontal ou oblíquo Tratamento quando envolver espaço biológico: 1) Reposicionamento imediato 2) Estabilizar o fragmento coronário com contenção flexível por 4 semanas. Se a fratura for próxima da região cervical, a contenção pode ser mantida por mais tempo (até 4 meses) 3) Fraturas cervicais podem cicatrizar. Por isto, o fragmento coronário não deve ser removido na consulta de emergência, principalmente se não apresentar mobilidade Após o tratamento e proservação, se ocorrer necrose pulpar do fragmento coronário, realizar “apicificação” do fragmento coronário. O fragmento apical raramente desenvolve alterações patológicas que necessitem de tratamento. Plano Horizontal · Mobilidade: quanto mais cervical, maior · Palpação da mucosa vestibular, pode sentir a linha de fratura · Exame radiográfico de diferentes angulações, RX deve passar diretamente (através) da linha de fratura Tratamento de urgência da fratura radicular horizontal: 1) Anestesia 2) Reposicionamento 3) Fixação 4) Ajuste oclusal 5) Prescrição de bochechos com CHX 6) Analgésico e anti-inflamatórios 7) Proservação: acompanhamento clínico e radiográfico mensal para avaliar evolução e possíveis complicações 8) Imobilização semirrígida por 2 a 3 meses: o período pode ser aumentado de acordo com o nível da fratura e presença de mobilidade do fragmento coronário Consequência mais frequentes: Reparação na área da fratura, calcificação pulpar, reabsorção dentinária (interna), necrose pulpar (fragmento coronária) – reabsorção lateral a linha de fratura Proservação – preservaçãoda vitalidade pulpar 75% dos casos Tratamento caso ocorra necrose do fragmento depois da situação de urgência, faremos uma apicificação Apicificação com Ca(OH)2 1) Isolamento absoluto 2) Antissepsia do campo operatório 3) Abertura coronária 4) Neutralização do conteúdo septo/tóxico do canal radicular 5) Odontometria (tomar como referência a linha de fratura) 6) Preparo biomecânico (0,5 a 1mm aquém da linha de fratura – Utilizar NaOCl 1%) 7) Secagem do canal radicular 8) Remoção da smear layer (EDTA por 3 min) 9) Irrigação final com NaOCl 0,5% 10) Secagem 11) Preenchimento com medicação intracanal: pasta com hidróxido de cálcio (Ca(OH)2 + soro fisiológico) por 14 dias 12) Aguardar 14 dias 13) Preenchimento do canal (até a linha de fratura) com pasta a base de hidróxido de cálcio com veículo viscoso (propileno, polietilenoglicol ou glicerina...) – trocas de 30 a 60 dias Apicificação com MTA É semelhante a técnica com Ca(OH)2. Após o preenchimento com pasta a base de hidróxido de cálcio (Ca(OH)2 + soro fisiológico) por 14 dias, procede-se... 1. Abertura 2. Remoção do curativo 3. Colocação do tampão com MTA no forame do fragmento coronário 4. Colocação de bolinha de algodão úmida 5. Selamento coronário provisório 6. Após 24h a 7 dias realizar a obturação definitiva Reparo no local da fratura Há variações neste processo de cura: de acordo com o deslocamento dos fragmentos e presença de reação inflamatória no local Radiograficamente e histologicamente: · Cura com o tecido calcificado · Interposição de tecido conjuntivo · Interposição de tecido ósseo e conjuntivo · Ausência de reparo Estabilização das fraturas dentárias Deve ser feita com dois dentes para mesial e dois dentes para distal do dente fraturado · Rígida: fio ortodôntico rígido + colagem com resina composta · Semirrígida: fio ortodôntico leve + colagem com resina composta · ou aparelho ortodôntico com fio leve · Flexível: fio de nylon + colagem com resina composta ou splint de resina composta Acompanhamento da fratura dentária Todos: 6-8 semanas e 1 ano: exames clínicos e radiográficos Fratura radicular 4 semanas ou 4 meses: exames clínicos e radiográficos + remoção da contenção 6-8 semanas, 6 meses, 1 ano e 5 anos: exames clínicos e radiográficos Obs. Após um trauma, dentes que não tiveram exposição pulpar, podem dar falso-negativo durante 9 meses (mesmo não ocorrendo necrose pulpar). Aguardar esse período p/ abordagem endodôntica. Fratura no tecido dento-alveolar Etiologia · Frequente em dentes anteriores · 16% das injúrias da face · 1/200 crianças tem 1 dente avulsionado no ano · Atividade da infância e adolescente Quando o trauma ocorre na Dentição decídua pode haver consequências na DP 1. Hipoplasia 2. Hipocalcificação 3. Dilaceração radicular 4. Distúrbios no padrão de erupção 5. Necrose pulpar 6. Processos infecciosos Obs. Do 1 ao 4: período de calcificação da dentição secundária Concussão Achado Clínico Sensibilidade ao toque Sensibilidade a percussão: POSITIVA Mobilidade: NEGATIVA Teste de sensibilidade POSITIVA Rx Ausência de alterações dentárias Tratamento - Nenhum tratamento é necessário - Orientações + Acompanhamento clínico (1 ano) Orientações · Dieta pastosa · Escovação dentária após as refeições com escova macia ou uso de cotonete · Uso de clorexidina aquosa 0,12% duas vezes ao dia, sem álcool, durante 2 semanas · Ligar imediatamente caso o aparelho se solte Subluxação Achados Clínicos Sensibilidade ao toque Mobilidade aumentada Sangramento via sulco gengival Sensibilidade a percussão: POSITIVA Mobilidade: Aumentada e sangramento da gengiva Teste de sensibilidade Podem ser inicialmente negativo Rx Normalmente não observadas Tratamento - Contenção semirrígida/flexível p/ estabilizar o elemento dentário (2 semanas) - Orientações + acompanhamento Luxação extrusiva Achados Clínicos: Deslocamento parcial do alvéolo Dente parece alongado Mobilidade excessiva Pode haver interferência oclusal Mobilidade: Excessiva Teste de sensibilidade NEGATIVO Rx LP apical aumentado Tratamento - Reposicionar dente, inserindo o mesmo no alvéolo. - Estabilizar com contenção semirrígida/flexível (2-4 semanas). - Se houver necrose, fazer endo Luxação lateral Achados Clínicos Deslocamento parcial Ausência de mobilidade Pode haver interferência oclusal Sensibilidade a percussão: Som metálico á percussão Mobilidade: NEGATIVO Teste de sensibilidade NEGATIVO Rx ELP aumentado + fratura do processo alveolar Tratamento - Reposicionar dente digitalmente ou com o fórceps. - Estabilizar com contenção semirrígida ou flexível por 4 semanas - Monitorar vitalidade pulpar. = - Se necrosar, fazer endo (é frequente) - Reabsorção radicular e anquilose são incomuns - Orientações + acompanhamento clínico - Extração se houver risco de aspiração ou ingestão Intrusão Achados Clínicos Este é o pior prognóstico Deslocamento através da tábua óssea ou que colide com o sucessor Dente desaparece (quase) completamente do alvéolo Sensibilidade a percussão: Som metálico a percussão Mobilidade: Negativo Teste de sensibilidade Negativo Rx ELP pode estar ausente em parte ou em toda a porção radicular. JAC está localizada mais apicalmente em comparação aos dentes adjacentes. Intrusão com ápice em formação · Permitir erupção sem intervenção que ocorrerá até 6 meses · Se nenhum movimento for observado dentro de algumas semanas, iniciar o reposicionamento ortodôntico · Se a intrusão for maior que 7mm, reposicionar com abordagens cirúrgicas ou ortodônticas · Vitalidade pulpar preservadas nas intrusões brandas 7mm Intrusão com ápice formado completamente · Permitir a erupção s/ intervenção em dentes que intruíram menos que 3 mm · Se intrusão for maior que 7 mm, reposicionar cirurgicamente · Se não houver modificação natural em 2-4 semanas, abordar cirúrgica ou ortodôntica, antes que desenvolva anquilose · Necrose pulpar é frequente · Reposicionamento cirúrgico + contenção · Anquilose e reabsorção radicular Dente decíduo: se encostar no permanente, deve ser tirado Avulsão · Situação em que o dente sai completamente do alvéolo, com danos a polpa e tecidos periodontais. · Uma vez desarticulado, perde seu suprimento sanguíneo e começa imediatamente a diminuir sua atividade metabólica Reimplante dentários: É o procedimento cirúrgico que visa a recolocação de volta aos alvéolos. Tratamento mais escolhido. · Contraindicações do reimplante: Presença de cáries extensas, doenças periodontais, pacientes que não colaboram ou imunossuprimidos · Fatores determinantes para o reimplante: Desenvolvimento radicular, presença de bactérias, tempo extra alveolar e meio de estocagem · Prognóstico depende: do tempo fora do alvéolo, meio de manutenção, estágio de desenvolvimento da raiz, medicamento intracanal, tipo e tempo de contenção e condições da célula do ligamento periodontal · Reimplante de no máximo 30 min 90% de sucesso Problemas: inflamação periodontal, reabsorção radicular e anquilose alvéolo-dentário Como orientar o paciente? · Paciente deve encontrar o dente e segurá-lo pela coroa · Se dente sujo, lavar ele em água fria e colocá-lo de volta no alvéolo · Morder lençol ou algo p/ manter o dente em posição · Se não for possível, colocá-lo, guardar dente em condições adequadas · Ideal: meio de cultura de células ou solução balanceada de Hanks · Leite · Solução salina (soro fisiológico) · Saliva (mantendo o dente na boca, desde que não engula) Viabilidade do Reimplante · Reimplante imediato: células do ligamento periodontal estão provavelmente viáveis · Dente fora do alvéolo mantido em local adequado por menos de 60 min: células do ligamento periodontal podem estar viáveis, mas comprometidas · Dente fora do alvéolo que não foi mantido em local adequado ou tempo superior a 60 min: células do ligamento periodontal não estão viáveis
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