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OTORRINOLARINGOLOGIA VERTIGEM ● A vertigem é uma ilusão de movimento percebida como rotação. ● O equilíbrio possui o componente visual, proprioceptivo e coclear. A orelha interna possui a cóclea, responsável pela noção auditiva, e 3 canais semicirculares (labirinto) preenchidos por endolinfa. Ao mexer o corpo e/ou a cabeça, o labirinto dá a noção de movimento. Quando o paciente possui vertigem, grande parte do problema concentra-se nos canais semicirculares. No labirinto há porções dilatadas (ampolas) que contam com cílios em contato com o território nervoso, transmitindo a movimentação da endolinfa em sinal elétrico através do VIII par (nervo vestibulococlear) até o tronco e então ao córtex, interpretando o movimento. ● Síndromes vestibulares periféricas labirinto / 8º par ● Síndromes vestibulares centrais tronco / córtex SÍNDROMES VESTIBULARES CENTRAL PERIFÉRICA CAUSAS Vascular Neoplasia Posicional (VPPB) Neurite, Menière VERTIGEM Insidiosa, discreta, crônica Súbita, intensa, limitada NISTAGMO Vertical, multidirecional Não inibe com fixação Horizontal/rotatório, unidirecional Não inibe com fixação ZUMBIDO - + DISARTRIA, DISFASIA + - VERTIGEM POSTURAL PAROXÍSTICA BENIGNA (VPPB) Na estrutura labiríntica há cristais de carbonato de cálcio que ficam presos, que por algum motivo se soltam e ficam “boiando” nos canais semicirculares, modificando as propriedades da endolinfa e causando os sintomas. ● Principal causa de vertigem periférica! ● Canalitíase: desprendimento e flutuação de otolitos nos canais semicirculares ● Episódios rápidos, por movimentos da cabeça ● Mais comum em idosos Diagnóstico Manobra de Dix-Hallpike ● Reprodução dos sintomas à manobra ● Presença de nistagmo Tratamento ● Evitar antivertiginosos (Vertix): causam parkinsonismo ● Reposição dos otolitos: manobra de Epley OUTRAS CAUSAS PERIFÉRICAS DOENÇA DE MENIÈRE Hidropsia endolinfática e distorção do labirinto Vertigem recorrente + zumbido + hipoacusia Tratamento: dieta hipossódica, diurético, corticoide, cirurgia NEURITE VESTIBULAR Lesão neural inflamatória (“labirintite”) – quadro autolimitado! Crise vertiginosa após infecção de VAS Tratamento: sintomáticos (anti-histamínico / benzodiazepínico) corticoide / reabilitação vestibular RINITE ● Inflamação da mucosa nasal ● 1 ou mais dos seguintes achados: o Rinorreia, obstrução nasal, prurido e/ou espirros RINITE ALÉRGICA ● Exposição a alérgenos ↑IgE / histamina perene ou sazonal ● Ácaro do pó domiciliar ● História de atopia ● Características faciais + rinoscopia ● Testes alérgicos / IgE / eosinofilia Exame físico ● Sinal de Dennie-Morgan ● Prega nasal / saudação alérgica ● Edema/palidez da mucosa nasal CLASSIFICAÇÃO INTERMITENTE Sintomas < 4 dias/semana ou ≤ 4 semanas PERSISTENTE Sintomas > 4 dias/semana e ≥ 4 semanas ● LEVE: sono e atividades normais; sem incômodo ● MODERADA/GRAVE: comprometidos; incômodo TRATAMENTO Não farmacológico (higiene ambiental) Quarto ventilado e ensolarado; não fumar; evitar banhos quentes Evitar tapetes, cortinas, bichos de pelúcia... Limpeza sem vassouras ou espanadores Evitar animais de pelo e pena; não usar produtos de odor forte Farmacológico RINITE INTERMITENTE OU LEVE Corticoide tópico nasal (beclometasona, budesonida, fluticasona) Opção: anti-histamínicos 2ªG spray/oral: loratadina, fexofenadina (↓ sedação, SOS ou regular) Cromoglicato: < 2 anos; menos efetivo RINITE MODERADA OU GRAVE Corticoide tópico ± anti-histamínicos Outros: corticoide oral, descongestionantes (pseudoefedrina, fenilefrina), antileucotrienos (montelukast) Imunoterapia específica ● Único comprovado que altera curso da doença ● Indicações: sensibilização comprovada; relação exposição x manifestação clínica; extrato alergênico disponível e padronizado OUTRAS RINITES ● Eosinofílica não-alérgica: eosinofilia + IgE normal ● Hormonal (gravidez, menstruação) ● Induzida por drogas: uso prolongado de vasoconstritores o Vasodilatadores (IECA, sildenafil) / AAS o Congestão nasal rebote, vermelhidão, friabilidade ● Atrófica (Klebsiella ozenae) ● Doença sistêmica (Wegener, sarcoidose), idiopática RINITE ● Clínica: ○ Prurido nasal ○ Mucosa nasal pálida ○ Espirros ○ Obstrução nasal ○ Coriza hialina ○ Coceira no olho ○ Associação com asma, atopia ● Classificação: ○ Gravidade ■ Leve: não exerce impacto no dia a dia do paciente ■ Moderado a grave: exerce impacto no dia a dia do paciente ● Sintomas > 4 vezes na semana ● Distúrbio do sono ● Prejuízo de atividades escolares e laborais ○ Frequência dos sintomas: ■ Persistente ■ Intermitente ● Tratamento: ○ Lavagem nasal com SF 0,9% ○ Crises: ■ Corticóide intranasal diariamente por 2 a 4 semanas nas crises: mometasona, fluticasona ■ Anti histamínico durante a crise SÍNDROMES VERTIGINOSAS AGUDAS ● Diferenciar a queixa de “Tontura”: ○ Vertigem: ■ Tontura rotatória (componente oscilatório), na qual o paciente tem a sensação de que ele ou o ambiente estão girando. É acompanhada de instabilidade, náuseas e vômitos ■ É essencial diferenciar se o paciente apresenta um episódio único e prolongado de vertigem (labirintite/neurite vestibular ou AVC) das vertigens recorrentes (VPPB, Doença de Meniere, Migrânea vestibular). ○ Desequilíbrio: dificuldade de ficar em pé e de caminhar, podendo haver quedas ○ Pré-síncope: sensação de escurecimento visual, quase desmaio e desfalecimento ○ Tontura inespecífica: mal-estar com descrição vaga, sem se encaixar nos tipos anteriores Propedêutica Diagnóstico ● EPISÓDIO ÚNICO E PROLONGADO Nos casos de episódios únicos e prolongados de vertigem devemos realizar 2 escores que vão me ajudar a diferenciar se a causa é central (AVC) ou periférica (labirintite/neurite vestibular). Isso deve ser feito se não houver déficit focal, porque se houver já temos que providenciar uma exame de imagem, já que a suspeita principal é um AVEi. Devemos usar os dois em associação ○ ABCD2 score: < 3 à causa provavelmente periférica ○ Acrônimo HINTS-PLUS: o HINTS maligno é confirmado com 1 dos achados (VOR normal ou nistagmo com mudança de direção ou desalinhamento vertical) e o benigno tem que ter todos os testes com características benignas ■ Head impulse (HI) ou Reflexo Vestíbulo-ocular (VOR) ● O paciente deve manter o olhar fixo no nariz do examinador, que vai realizar um movimento rápido e abrupto de rotação da cabeça para cada um dos lados. ○ Normal: olhos se mantêm fixos no alvo → CENTRAL ○ Alterado: movimento ocular pode ser mais lento que o movimento da cabeça, os olhos se atrasam e podemos observar uma sacada de correção para que o olho chegue ao alvo (nariz do examinador) → PERIFÉRICO ■ Nistagmo ● Deve-se avaliar a direção do nistagmo, que pode ser espontâneo ou não ● Solicitar que o paciente olhe para ambos os lados, para cima e para baixo, e avaliar a fase rápida do nistagmo ○ Nistagmo que não altera o lado, conforme a direção do olhar: PERIFÉRICO ○ Nistagmo que altera o lado, conforme a direção do olhar: CENTRAL ■ Test os Skew ou de desalinhamento vertical do olhar: ● O desalinhamento vertical dos olhos pode ser perceptível já na inspeção do olhar na posição primária ou pode ser evidenciado quando é feito uma cobertura alternada do olhar ● Chamamos de hipertrópico o olho mais elevado e hipotrópico o olho mais deprimido ○ Sem desalinhamento vertical do olhar: PERIFÉRICO ○ Desalinhamento vertical do olhar: CENTRAL ■ Plus: audição ● Esfregaço dos dedos ○ Qualquer perda auditiva: CENTRAL ○ Sem alterações auditivas: PERIFÉRICA ● VERTIGEM RECORRENTE ○ Nas vertigens recorrentes a anamnese é de grande importância pois a descrição da crise vai me dizer como seguir a propedêutica. ■ Crises recorrente de no máximo 1 minuto e desencadeadas por movimentos da cabeça ● PRINCIPAL SUSPEITA: VPPB ● Conduta diagnóstica: Manobra de Dix-Hallpike ■ Crises recorrente de maior duração: ● PRINCIPAIS SUSPEITAS: Doença de meniere (+alteração auditiva) e Migrânea vestibular (+cefaleia) VERTIGEM EPISÓDIO ÚNICO E PROLONGADO Realizar ABCD2 score e HINT-plus Labirintite / NeuriteVestibular ● Origem: periférica ● Fisiopatologia: reativação herpes simples, autoimune, lesão vasc do nervo vestibular ● Características: ○ ABCD2 score < 3 ○ Head impulse alterado (sacada) ○ Nistagmo sem alteração de direção ○ Snew Test: sem desalinhamento vertical ○ Audição normal ○ Tendência a queda para lado lesado ● Tratamento no PA: ○ Encaminhar para fisioterapia (reabilitação vestibular) ○ Corticosteróides na fase aguda ○ Controle dos sintomas: supressores vestibulares máximo 2 dias ■ Dimenidrinato, Meclizina, Benzodiazepínico ○ Podem evoluir para VPPB de canal posterior AVC de fossa posterior ● Origem: central ● Característica: ○ ABCD2 score > 3 ○ Head impulse normal (HI) ○ Reflexo vestíbulo ocular (VOR) normal ○ Nistagmo com alteração de direção ○ Test of skew (desalinhamento vertical): alterado ○ Audição alterada ● Sinais precoces (<48h) AVCi na imagem: ○ Apagamento dos sulcos ○ Perda da diferenciação da substância branca e cinzenta ○ Perda diferenciação núcleos da base ○ Sinal da corda: hiperdensidade da artéria acometida Vertigem recorrente/episódica Se duração até 1 minuto: Dix-Hallpike Se duração > 1 minuto: meniere ou migrânea Migrânea vestibular ● Características: ○ Duração de minutos a dias + enxaqueca ● Tratamento no PA: ○ Controle dos sintomas: supressores vestibulares à máximo 2 dias (Dimenidrinato, Meclizina) ● Tratamento da dor e profilaxia das crises: tratamento da enxaqueca Doença de Meniere ● Características: ○ Duração de minutos a poucas horas + sintomas auditivos (hipoacusia, zumbido e sensação de plenitude aural). Perda progressiva da audição ○ Relacionado com hábito de vida, principalmente álcool ● Tratamento no PA: ○ Controle dos sintomas: supressores vestibulares à máximo 2 dias (Dimenidrinato, Meclizina) ● Profilaxia das crises: ○ Betaistina ○ Dieta hipossódica ○ Diuréticos VPPB ● Causa mais comum de vertigem episódica ● Características: ○ Duração < 1 minutos + desencadeada por movimento ● Diagnóstico: ○ VPPB de canal posterior: Dix-Hallpike: latência (> 30s para aparecer), crescente/decrescente, fatigabilidade (dura < 1 min), horizontal e rotacional ○ VPPB horizontal: rolamento em supino ○ VPPB anterior: hiperextensão forçada/dix hallpike contralateral ● Tratamento no PA: ○ Posterior: manobras de Epley e Semont ○ Horizontal: lampert (churrasco) e Gufoni ○ Anterior: Yacovino e Epley contralateral EPISTAXE Trata-se de um sangramento de origem na mucosa nasal, que acomete 60% da população ao longo da vida, sendo que de 6-10% necessitam de atendimento médico. ANTERIOR ● Provém da área de Little (plexo de Kiesselbach) – anastomoses entre os sistemas carotídeos interno e externo ● 90% dos casos ● Crianças / adultos jovens ● Autolimitada ● Principais causas: trauma e irritação ● Geralmente se exterioriza POSTERIOR ● Origina-se nos ramos posterolaterais da artéria esfenopalatina ● 10% dos casos ● Pacientes mais velhos ● Causas principais: anticoagulantes, coagulo/vasculopatias ● Mais grave; pode levar à broncoaspiração ABORDAGEM 1) Hemodinâmica / via aérea 2) Medidas gerais A) Assoar o nariz (remover coágulos) B) Borrifar vasoconstritor (oximetazolina) C) Compressão das narinas por 10-15 min (gelo local) MEDIDAS ESPECÍFICAS 1) Cauterização (química, elétrica, laser) 2) Tamponamento (anterior e posterior) 3) Embolização / cirurgia (ligaduras) Tamponamento nasal ● Camadas de gaze (sangramento anterior) ● Cateter de Foley (sangramento posterior) – deve ser temporário pelo risco de isquemia ROUQUIDÃO ● Benigna: funcional, laringites, neurológica, doenças sistêmicas ● Maligna: câncer de laringe Sinais de alarme: tosse intensa, hemoptise, perda ponderal, odinofagia, disfagia, otalgia CÂNCER DE LARINGE Fatores de risco e histologia ● Mais frequente em homens > 50 anos ● Tabagismo e etilismo ● Infecções (HPV, EBV) ● Dieta pobre em frutas e vegetais ● Ocupacional (níquel, fibras têxteis) ● Principal subtipo: CA células escamosas (epidermoide) Quadro clínico ● Rouquidão > 2 semanas ● Linfonodomegalia cervical (persistente) ● Obstrução respiratória / síndrome consumptiva ● Outras malignidades (pulmão e esôfago) Diagnóstico ● Laringoscopia direta com biópsia Tratamento - Doença localizada (I / II) ● Limitado à laringe, cordas ainda móveis o Radioterapia / cirurgia - Doença avançada locorregional (III) ● Erosão de cartilagem, cordas fixas, linfonodo o Cirurgia / QT + RT adjuvantes / Ac anti-EGFR (receptor do fator de crescimento epidérmico) - Doença metastática (IV) ● Extralaríngea, linfonodo > 6cm, metástases o QT e RT paliativas / traqueostomia / Ac anti-EGFR SÍNDROME DA APNEIA/HIPOPNEIA OBSTRUTIVA DO SONO (SAHOS) ● Bloqueio inspiratório da via respiratória ao longo do sono ● Hipoxemia, hiperatividade simpática, resistência à insulina Fatores de risco/associados ● Sexo masculino, 40 – 65 anos ● Obesidade ● Hipotireoidismo, acromegalia, Ehler-Danlos Clínica ● Roncos + sonolência diurna (sono não reparador) ● HAS / depressão / déficit cognitivo / esteatose ● AVE / IAM (fator independente!) Diagnóstico ● Polissonografia ≥ 5 episódios/hora de sono (IAH – índice de apneia/hipopneia) o Assintomáticos IAH ≥ 15 o Opção: HAST (home sleep apnea testing) ● Diferencial: ocupacional, narcolepsia, pernas inquietas, apneia central CLASSIFICAÇÃO TRATAMENTO LEVE (IAH 5 – 15) Assintomático/oligossintomático Dispositivo oral / CPAP MODERADA (IAH 15 – 30) Alteração funcional, HAS GRAVE (IAH > 30) ou SatO2 < 90% em > 20% do sono Sintomas francos, alto risco cardiovascular CPAP Tratamento ● Todos → perda ponderal, atividade física, abstinência alcoólica ● Intolerância ao CPAP / refratários: cirurgia
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