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NEONATOLOGIA CLASSIFICAÇÃO DO RN IDADE GESTACIONAL Prematuro (< 37 sem ) Pré termo tardio (34 - 36s e 6 dias) Pré termo moderado (32 - 34s ) Pré termo extremo (< 32 sem) Termo (37 - 41s6d ) Pós-termo (≥ 42sem) IG NÃO CONFIÁVEL PELA GO Capurro: > 29 semanas. Existe o capurro somático (aspecto da pele, glândula mamária, pavilhão auricular, sulcos na região plantar e formação da aréola) e somato neurológico (só pode ser feito depois de 6h de vida) New ballard: realizada em prematuro PESO Peso adequado ao nascer (2500-3999g) Baixo peso ao nascer (< 2500g) Muito baixo peso ao nascer (< 1500g) Baixo peso extremo (< 1000g) PESO x IG Gráfico de crescimento GIG (grande para IG) > p90 AIG (adequada para IG): entre p10-90 PIG (pequena para IG) < p10 OBS: Sempre que criança > 37 semanas com menos de 2.000g = PIG! (caso o enunciado não dê o gráfico) Os recém nascidos perdem até 10% dos pesos nos primeiros dias de vida, e recuperam o peso de nascimento até o 10-14o dia de vida ● GIG → ○ Tem mais risco de hipoglicemia e complicações metabólicas! ○ Um dos principais efetores do crescimento na vida intraútero é a insulina – por isso, diante de um GIG, devemos pensar se esse feto era hiperinsulinêmico; a grande preocupação é apresentar hipoglicemia nas primeiras horas de vida devido ao excesso de insulina. ● PIG → peso para a IG está abaixo do percentil 10 – existem bebês que são constitucionalmente pequenos e que não sofreram crescimento restrito intraútero. TIPOS DE CIUR SIMÉTRICO TIPO I (1ª metade da gestação) 5-10% dos casos Agravo no início da gravidez Relação CC / CA mantida Ex.: trissomias, drogas, infecções do 1º trimestre (toxo, rubéola...) ASSIMÉTRICO TIPO II (2ª metade da gestação) 80% dos casos Agressão no 2º / 3º trimestre Relação ↑ CC / CA Ex.: insuficiência placentária → mulheres com risco de vasculopatia (hipertensa crônica, DM, LES) MISTO TIPO III Raro (associação de ambos) “Assimétrico precoce” → desde o início da gestação tem um crescimento lento, porém é assimétrico Ex.: infecções, cromossomopatias Hipoglicemia neonatal: ● Fisiopatologia: ○ Aumento da utilização de glicose → hiperinsulinismo/FMD, sepse ○ Diminuição dos estoques ou produção (não tem reserva) → prematuro, PIG, CIUR ● Valores de referência: ○ Primeiro dia de vida: glicemia < 40 ○ Segundo dia de vida: glicemia < 50 ○ Caso esteja maior que isso e sintomático, no RN de mãe diabética, deve investigar hipocalcemia e hipomagnesemia ● Quando estiver diante de um RN com mão diabética tenho que pensar em 3 distúrbios: ○ Hipoglicemia: ocorre por excesso de insulina ○ Hipocalcemia: mecanismo não elucidado ○ Hipomagnesemia: pode estar relacionado com a hipomagnesemia materna, que é comum em uma mãe diabética ● Dica para prova: RN com sintoma no primeiro dia de vida geralmente é hipoglicemia, a partir do segundo geralmente é hipocalcemia ● Tratamento: ○ Hipoglicêmico assintomático: oferecer alimentação → dosar glicemia → se manter hipoglicemia apesar da alimentação devo fazer a glicose parenteral (push/bolus de glicose + manutenção com infusão contínua) ○ Hipoglicêmico sintomático (convulsões, tremores, hipotonia, letargia, sucção débil): iniciar imediatamente glicose parenteral (push/bolus de glicose + manutenção com infusão contínua) → flush de glicose a 10% 2mL/Kg PRIMEIRO EXAME NEONATAL ● Exame de pele: ○ Eritema tóxico: ■ Dermatose benigna e autolimitada ■ Pápulas ou vesículas com halo de hiperemia → parecem picadas de mosquito ■ Geralmente, mais evidente no segundo de vida ■ Não tem necessidade de ser feito, mas no raspado é um material rico em eosinófilo ○ Melanose pustular ou Pustulose neonatal transitória: ■ Lesão benigna e autolimitada ■ Lesões desde o momento do nascimento ■ Inicialmente pústulas, que evoluem com descamação e surge uma hiperpigmentação residual ○ Miliária: ■ Obstrução dos ductos de glândulas sudoríparas, no qual o ponto de obstrução pode ser mais proximal ou profunda ■ Miliária rubra: obstrução mais profunda ■ Miliária cristalina: obstrução mais superficial ■ Piora com o calor/suor; é bom manter a criança mais fresca ○ Mancha mongólica: pigmentação cinza-azulada no dorso e nas nádegas ○ Mancha salmão: ■ Ectasia vascular ■ Manchas róseas pioram com choro; É uma condição que não respeita a linha médica, ou seja, acometimento bilateral. É importante destacar isso, pois existe uma condição chamada de mancha em vinho do porto, porém é uma mancha unilateral, que não varia, é fixa e possui coloração mais escurecida → relacionada à síndromes ■ Podem desaparecer ■ Localização: glabelas, pálpebras e nuca ● Avaliação do crânio: ○ Abaulamento craniano ■ Bossa serossanguínea: é uma coleção de sangue e transudato subgaleal, mole, cujos limites ultrapassam as linhas de sutura, provocado, geralmente, pela compressão prolongada do polo cefálico durante o trabalho de parto. A massa é mole, com sinal de Godet (cacifo) ao exame físico. A evolução é benigna e o quadro costuma resolver-se espontaneamente por reabsorção em poucos dias. É fator de risco para icterícia, conforme a hemorragia vai sendo reabsorvida ■ Cefalo-hematoma: é uma coleção subperiosteal, e, por isso, tem uma consistência mais endurecida, mais localizado (frequentemente no osso parietal) e o mais importante para a diferenciação com a bossa é que os limites são restritos às linhas de sutura. Esta hemorragia é decorrente de trauma no parto e tem resolução espontânea num período de 2 semanas a 3 meses, sem necessidade de qualquer intervenção. É fator de risco para icterícia, conforme a hemorragia vai sendo reabsorvida ○ Craniossinostose: ■ Conceito: fechamento prematuro de uma ou mais suturas cranianas → perda da capacidade de crescimento no sentido transversal da sutura ■ Formas de assimetria: ● Braquicefalia ● Dólico ou Escafocefalia: cabeça alongada antero-posteriomente ● Oftalmia neonatal (conjuntivite): oftalmia neonatal pode ser infecciosa ou química ○ Conjuntivite infecciosa: ■ Tipicamente conjuntivite pela Neisseria gonocócica ou pela Chlamydia Trachomatis ■ Tempo de incubação ● Tempo de incubação pela Neisseria: 2 a 5 dia de vida → MAIS PRECOCE ○ Tratamento com Ceftriaxona ● Tempo de incubação pela Chlamydia: 5 a 14 dias de vida ○ Formação de pseudomembrana ocular ○ Tratamento com macrolídeo: eritromicina ○ Conjuntivite química: ■ As medidas de profilaxia gonocócica fazem parte dos cuidados com todos os RN, mesmo quando a via de parto é cesariana. As infecções gonocócicas podem levar à cegueira e sepse neonatal. Existem diferentes estratégias para profilaxia, mas tradicionalmente é utilizado o método de Credé, que consiste na utilização do colírio de nitrato de prata. Esse método vem sendo abandonado devido a associação com conjuntivite química. A profilaxia é recomendada na primeira hora de vida, e NÃO tem impacto na prevenção da conjuntivite por Clamídia ● Gastroenteropatias: ○ Atresia esofágica: ■ Pode ser uma manifestação isolada ou pode estar associada a fístula traqueoesofágica (é mais comum estar associada do que isolado) ■ Clínica: ● Polidramnia (período fetal) ● Manifestações clínicas ao nascer: tosse, salivação excessiva, engasgo, dificuldades respiratórias (principalmente após primeira tentativa de alimentação) ● Incapacidade de progressão de sonda ■ Radiografia: ● Sonda enrolada, que não progride, em coto esofágico ● Gás no estômago indica a fístula traqueoesofágica (o ar não consegue passar pelo esôfago, pois está interrompido, porém passa pela fístula). Se não tiver gás no TGI quer dizer que não tem fístula ○ Atresia duodenal: ■ Associação com síndromes, principalmente, Síndrome de Down ■ Clínica: ● Vômitos biliosos após início da alimentação ■ Radiografia: sinal da dupla bolha → estômago e duodeno dilatado ○ Estenose hipertrófica do piloro: CUIDADO: NÃO está presente logo no nascimento ■ Vômitos NÃO biliosos ○ Enterocolite Necrotizante ■ Conceito: necrose de mucosa e/ou parede intestinal ■ Fator de risco: prematuridade, asfixia (sofrimento isquêmico) ■ A principal emergênciagastrointestinal, em um RN pré termo, é a enterocolite necrosante. Além disso, é a principal causa de sangramento intestinal no período neonatal. ■ As manifestações clínicas iniciais são: ● Vômitos biliosos ● Intolerância alimentar ● Distensão abdominal ● Sangramento retal ■ Diagnóstico: clínico radiológico ● Radiografia abdominal: ○ Pneumatose intestinal (presença de gás na parede do intestino) ○ Complicação: pneumoperitônio → indica perfuração ● Obs: ATÉ QUE SE PROVE O CONTRÁRIO, apesar da manifestação clínica não ser suficiente para fechar o diagnóstico, RN com sangramento retal é enterocolite necrotizante suspeita ■ Conduta: dieta zero e antibioticoterapia ■ Caso evolua com pneumoperitônio → intervenção cirúrgica → dependendo da extensão pode evoluir com síndrome do intestino curto ○ Defeitos de fechamento da parede abdominal ■ Onfalocele: herniação do conteúdo abdominal na linha média, pela cicatriz umbilical, recoberta por saco peritoneal com o cordão umbilical inserido no centro dessa massa. Pode estar associada a trissomias e outras anomalias congênitas, como a Síndrome de Beckwith-Wiedemann (onfalocele, gigantismo, macroglossia) ■ Gastrosquise: defeito a direita do cordão umbilical, com alças intestinais e outros órgãos podendo se exteriorizar através dessa abertura, sem a membrana peritoneal encobrindo o conteúdo exposto. ● Paralisia de Erb-Duchenne ○ É caracterizada pela incapacidade do recém-nascido de abduzir, rodar externamente e supinar o antebraço. Geralmente acomete fetos macrossômicos, durante a tração lateral da cabeça e do pescoço, sendo que em cerca de 50% dos casos há associação de história de distócia do ombro associada. É uma lesão do plexo braquial superior, mais especificamente do quinto e/ou sexto nervos cervicais, postura fixa de membro superior aduzido, rodado internamente e pronado, e o reflexo de moro está ausente deste lado. ● Paralisia de Kumple ○ É a lesão do sétimo e oitavo nervo cervical, acarretando paralisia da mão ipsilateral e lesão do primeiro nervo torácico, cuja injúria às suas fibras simpáticas produzem a síndrome de Horner (ptose e miose) REANIMAÇÃO NEONATAL Não significa o atendimento feito dentro da UTIN, mas o atendimento ao RN na sala de parto! 1 a cada 10 RN necessita de ajuda para respirar após o parto. Obs: o escore de Apgar não serve para ditar conduta na sala de parto, ou seja, para indicar reanimação neonatal e nem para prognóstico. É um dado retrospectivo. Obs: irritabilidade reflexa é em relação à sonda de aspiração. O apgar deve ser realizado no primeiro minuto de vida e no quinto, e caso o RN recebe pontuação <7 no quinto minuto, temos que continuar realizando o apgar de 5/5min até pelo menos vinte minutos de vida. ● São 3 perguntas para avaliar o RN e determinar se precisa de reanimação: o RN > 34 semanas? (ATUALIZAÇÃO - antes era RN a termo?) o Respirando ou chorando? o Tônus adequado? o Análise: ▪ Se IG > 34 semanas: ● Se > 34 sem + COM boa vitalidade (SIM para as 3 perguntas): Clampeamento do cordão de no mínimo 60 segundos (clampeamento oportuno) + colo materno. (ATUALIZAÇÃO - antes não falava mínimo de 60 seg, era de 1 a 3 minutos) ● Se > 34 sem + SEM boa vitalidade (NÃO para a pergunta 2 ou 3): Inicialmente estímulo tátil no dorso do RN pelo obstetra (ATUALIZAÇÃO - antes não tinha essa estímulo) + Clampeamento imediato do cordão + Mesa de Reanimação ▪ Se IG < 34 semanas: ● Se < 34 sem + COM boa vitalidade (NÃO só para a pergunta 1): Clampeamento do cordão com no mínimo 30 segundos + Mesa de reanimação ● Se < 34 sem + SEM boa vitalidade (NÃO para as 3 perguntas): Inicialmente estímulo tátil no dorso do RN pelo obstetra (ATUALIZAÇÃO - antes não tinha essa estímulo) + Clampeamento imediato do cordão + Mesa de Reanimação ▪ NÃO recomenda-se a ordenha do cordão umbilical (REFORÇADO NAS NOVAS DIRETRIZES) ● Indicações de clampeamento imediato do cordão umbilical: ○ RN nascido sem respirar ou sem chorar ou sem tônus adequado ○ HIV (segundo o MS)→ cuidado, pois a OMS fala que pode aguardar o clampeamento se não tiver outra indicação específica para clampeamento imediato ○ Circulação placentária ruim → não tem tempo definido mais, não é necessariamente imediato ○ DPP ● Clampeamento tardio do cordão umbilical: ○ Benefícios: ■ Melhorar os índices hematimétricos de 3-6 meses ■ Redução do risco de hemorragias ■ Redução de enterocolite necrotizante ■ Redução de sepse neonatal tardia ■ Redução de necessidade transfusão sanguínea e de surfactante ○ Efeitos adversos: ■ Elevação nos níveis de bilirrubina indireta ■ Elevação da necessidade de fototerapia nas primeiras semanas de vida PASSOS INICIAIS A primeira medida a ser realizada são os 4 passos/cuidados iniciais (ASPAS): existe um tempo de 30 segundos para realizar esses passos (ATUALIZAÇÃO → mudou a ordem, antes era APAS) ● > 34 semanas: ASPAS o Aquecer: ▪ A sala de parto deve ser entre 23° e 25°C (ATUALIZAÇÃO - antes era até 26o), campo previamente aquecido, fonte de calor radiante! → Para garantir a normotermia do RN: 36,5 a 37,5 ▪ Colocar criança sobre fonte de calor o Secar: retirar os campos úmidos! Se a criança está no saco não devemos secar! o Posicionar: leve extensão da cabeça o Aspirar Se necessário (via aérea obstruída): aspirar primeiro a boca e depois as narinas! o Oxímetro de pulso e monitor cardíaco no momento da VPP ● < 34 semanas: ASPAS o Aquecer: ▪ Se RN < 1000g: colchão térmico o Saco: saco plástico + touca dupla → NÃO TEM MAIS INDICAÇÃO DE SECAR O RN COM < 34 SEM o Posicionar: leve extensão da cabeça com coxim abaixo dos ombros o Aspirar Se necessário (via aérea obstruída) o Oxímetro de pulso e monitor cardíaco no momento dos passos iniciais (ATUALIZAÇÃO - antes o oxímetro era colocado nos passos iniciais, porém o monitor cardíaco somente junto com a VPP) OS PRÓXIMOS PASSOS Iniciar VPP se: ● FC < 100 OU ● Apneia OU ● Respiração irregular 30 segundos para essa avaliação Iniciar com máscara facial ● Frequência: 40 – 60 vezes/minuto (aperta-solta-solta) ● Oximetria de pulso (em MSD, para avaliar saturação pré-ductal) o Se < 34 sem: colocar o sensor desde os passos iniciais (APAS) ● Monitor cardíaco sempre durante a VPP, independente de IG ● Deve ser ventilada durante o Golden Minute! ● Após os 30 segundos, reavaliar (pela FC principalmente) O oxigênio pode ser: ● > 34 sem IG: o Dispositivo: AMBU, que é o balão auto inflável; OU Ventilação mecânica manual com dispositivo em T) o Concentração de O2: ar ambiente (AA - 21% de oxigênio) ● < 34 sem IG: o Dispositivo de escolha: VMM em T (ATUALIZAÇÃO - esse dispositivo me permite definir a pressão inspiratória e consegue manter uma pressão positiva no final da expiração - PEEP, me permite saber mais precisamente a concentração de O2 que está sendo fornecida, além de conseguir aplicar o modo CPAP) o Concentração de O2: 30% ● Oxigênio em excesso retarda o retorno da respiração espontânea ● Obs: a saturação normal de um RN até 5 minutos de vida é de 70-80%, entre o 5o e 10o minuto é esperado 80-90% e após 10 minutos 85-95% Se após 30 segundos de VPP: ● FC < 100 → avaliar técnica ● Ajustes: ○ Verificar ajuste face-máscara ○ Verificar permeabilidade das vias aéreas ○ Avaliar O2 Se após verificação da técnica FC se manter < 100 bpm: avaliar indicação de máscara laríngea Se após VPP e Máscara laríngea (se indicado), manter FC < 100 bpm: indicar IOT ● Importante: a única indicação de IOT antes de VPP é a hérnia diafragmática, que podemos ter um diagnóstico do USG do pré natal ou suspeitar pelo abdome escavado do RN ● RN > 34 semanas: ○ Se após verificação da técnica o RN se manter com FC < 100bm: indicar Máscara laríngea (ATUALIZAÇÃO - antes já ia direto para IOT) ● RN < 34 semanas: para essa idade gestacional não há indicação de máscara laríngea, portanto se após revisão da técnica, o RN se manter com FC < 100bpm, está indicado a IOT Iniciar Massagem Cardíaca Externa (MCE) se: ● FC < 60bpm ● 1/3 inferior do esterno ● Profundidade de 1/3 do diâmetro AP ● MCE por 60 segundos ● 3 compressõespara 1 ventilação (3:1) → 1 e 2 e 3 ventila ● Técnica dos 2 dedos: quando há somente 1 socorrista ● Técnica dos 2 polegares (melhor opção): quando há mais de 1 socorrista Infundir Epinefrina se FC < 60 após 60 segundos de MCE ● Via traqueal: só a primeira dose, depois pela cateterização da veia umbilical ● EV: veia umbilical em intervalos de 3 – 5 min; Existe a opção de via intra óssea, mas não é a via de escolha, pelo maior risco de complicação ● SF 0,9%: se indícios de hipovolemia (evidências de choque hipovolêmico) o Volume de 10ml/kg o Pode ocorrer na DPP! RN BANHADO EM MECÔNIO RN A TERMO VIGOROSO, com boa vitalidade ao nascer = colo materno! RN DEPRIMIDO, com vitalidade ruim (sem tônus ou respiração adequada) = clampeamento imediato do cordão + APAS (SEMPRE aspirar boca e narinas) + sequência normal se necessário ● Iniciar VPP → não existe mais a indicação de fazer aspiração da traquéia antes de ventilar a criança ● Após VPP 30’’, se a criança não melhorar → laringoscopia o RN → entubar → aspiração traqueal uma única vez sob visualização direta TRIAGEM NEONATAL Triagens mais comuns: ● Triagem metabólica (Teste do pezinho) ● Teste do oxímetro (Teste do coraçãozinho) ● Reflexo vermelho (Teste do olhinho) ● Triagem auditiva (Teste da orelhinha) ● Análise do frênulo lingual (Teste da linguinha) 1. TRIAGEM METABÓLICA“teste do pezinho” – coleta sangue do calcanhar da criança ○ Identifica condições que necessitam de intervenção precoce ○ Feito entre o 3º e 5º dias de vida ▪ Se realizado nas primeiras 48 horas, o hipotireoidismo pode dar falso + (devido ao estresse do parto) e a fenilcetonúria, falso - (ainda não houve tempo suficiente para acúmulo, devido a baixa ingesta de leite) ○ Rastreia: HF HF HF T ▪ Hipotireoidismo congênito (↑TSH): disgenesia tireoidiana ▪ Fenilcetonúria (↑FAL/fenilalanina): erro inato do metabolismo da fenilalanina ▪ Hemoglobinopatias: RN hígido → padrão HbFA; a. falciforme → padrão HbFS / traço falciforme = Hb FAS ▪ Fibrose cística (↑IRT -tripsina imunorreativa-): enzimas pancreáticas refluem para a circulação → o teste do pezinho só identifica essa doença quando é feito em até 30 dias, posteriormente, se a suspeita prevalecer deve ser feita a dosagem de cloreto no suor ▪ Hiperplasia adrenal congênita (↑17-OH-progesterona): deficiência da enzima 21 hidroxilase ▪ DeFiciência de biotinidase ▪ Toxoplasmose congênita ○ OBS: Galactosemia e deficiência de G6PD não são rastreados no programa de triagem neonatal do Ministério da Saúde ▪ A G6PD é a forma mais comum de deficiência eritrocitária neonatal e é uma condição de herança genética, na qual há um defeito na enzima G6PD eritrocitária que gera NADPH e protege as hemácias do estresse oxidativo. Assim, a icterícia ocorre por hemólise e por alteração na eliminação hepática da bilirrubina 2. TESTE DA OXIMETRIA: “teste do coraçãozinho” ○ Identificação precoce de cardiopatias congênitas canal dependente→ que evoluem com grave deterioração do RN e podem levar ao óbito após fechamento do canal arterial ○ ATUALIZAÇÃO - descrição do fluxograma: ▪ Só pode ser feito em RN com > 35 semanas de idade gestacional, entre 24 e 48 horas de vida ▪ Se sat < 89%: TESTE POSITIVO → realizar avaliação neonatal completa e cardiológica (exame físico e ECOCARDIOGRAMA). NÃO dar alta sem realização do ECO ▪ Se sat entre 90 e 94% ou diferença entre MSD e MMI > 4% → repetir oximetria de pulso em 1 hora → ● Se Sat < 89% → TESTE POSITIVO: exame neonatal e cardiológico completo (exame físico + ECO) ● Se mantido sat entre 90 e 94% ou diferença entre MSD e MMI > 4% → repetir novamente a oximetria de pulso em 1 hora → TESTE POSITIVO: se manter as mesmas características exame neonatal e cardiológico completo (exame físico + ECO) ● Se sat > 95% E diferença entre MSD e MMI < 3%: TESTE NEGATIVO → seguimento neonatal de rotina ▪ Se sat entre 90 e 94 E diferença entre MSD e MMI < 3%: TESTE NEGATIVO → seguimento neonatal de rotina Entendimento da circulação fetal x RN: ● No feto, o sangue é oxigenado pela placenta através da veia umbilical, que deságua em VCI → AD → AE pelo forame oval → VE → aorta. Ou seja, o VD recebe sangue oxigenado ● O AD também recebe sangue oxigenado pela VCS, que não vai para o AE através do forame oval, ele segue para VD → a. pulmonar → canal arterial → aorta ● Na vida intrauterina há uma alta resistência vascular pulmonar e uma baixa resistência vascular sistêmica, já que os pulmões estão colabados. Na vida intrauterina há comunicações diretas do coração direito para o esquerdo, sem precisar passar pelo pulmão: ○ Forame oval: comunica átrio direito com o esquerdo; ○ Canal arterial: comunica a artéria pulmonar com a artéria aorta ● Após o nascimento o pulmão expande, reduzindo a resistência no leito vascular pulmonar e consequentemente culminando em fechamento do canal arterial e do forame oval. ● Cardiopatias: canal dependente ○ Estenose da valva pulmonar: como o sangue não consegue passar para a circulação pulmonar, ele é desviado para o coração esquerdo através do forame oval, já que logo após o nascimento ele ainda está aberto. Além disso, parte do sangue que sai do VE é desviado para o pulmão através do canal arterial, o que permite a oxigenação do sangue → shunt da esquerda para a direita. Esse caso é uma cardiopatia canal dependente, já que é esse trecho que permite a oxigenação do sangue → após fechamento ocorre queda de saturação e cianose. Aorta recebe mistura de sangue oxigenado e desoxigenado ○ Coarctação de aorta grave: nesses casos, o sangue oxigenado que chega no AE/VE através das veias pulmonares, não consegue ultrapassar a coarctação na aorta. Sendo assim, esse sangue retorna para o coração direito através de uma comunicação, que muitas vezes pode ser CIV, e posteriormente é direcionado para a artéria pulmonar, que direciona esse sangue misturado para a aorta através do canal arterial → Shunt da direita para a esquerda. Nesses casos, a redução da oxigenação ocorre pós canal arterial, por isso quando medida em MSD (pré ductal) a saturação pode estar boa, já que a subclávia direita SEMPRE emerge da aorta antes do canal arterial. O tronco braquiocefálico pode ou não emergir antes do canal, não é uma certeza; a saturação dos membros inferiores é sempre pós ductal. ○ Para manter o canal arterial aberto: Prostaglandinas 3. TESTE AUDITIVO: “teste da orelhinha” ○ Pesquisa da Emissão Otoacústica (EOA) → PEATE-A: avalia apenas para surdez pré-neural (até a cóclea) → estímulo sonoro até a cóclea (não serve para a surdez neurossensorial - tronco cerebral) ○ Em crianças com fator de risco para perda acústica ou naqueles que possuem falha no teste de emissão otoacústica apenas o EOA não é suficiente → solicitar BERA (potencial auditivo do tronco encefálico) ○ Realizar antes da alta hospitalar; quem realiza é, geralmente, a equipe da fonoaudiologia 4. PESQUISA DO REFLEXO VERMELHO: “teste do olhinho” ○ Normal: reflexo vermelho presente, bilateral e simétrico ○ Essa avaliação deve ser feita antes da alta da maternidade e deve ser repetida 3 vezes no primeiro ano de vida da criança ○ Alteração: reflexo pupilar branco → leucocoria (retinoblastoma, catarata congênita, glaucoma congênito, retinopatia da prematuridade no estágio 5, inflamações intraoculares da retina e vítreo ) 5. TRIAGEM DO FRÊNULO LINGUAL: (“teste da linguinha”) ○ Avaliar anquiloglossia (frênulo curto → pode atrapalhar amamentação e desenvolvimento de fala) ○ Escala de Bristol ○ Propor frenectomia Obs: rubéola pode alterar teste da orelhinha (surdez), do coraçãozinho (cardiopatia congênita - persistência do canal arterial) e do reflexo vermelho (catarata congênita, ) PRESCRIÇÃO DAS PRIMEIRAS 24 HORAS DO RN ● Aleitamento materno exclusivo ● Vitamina K: 1g de vitamina K (IM ou SC) com o intuito de evitar a doença hemorrágica do RN forma clássica. A doença hemorrágica do RN pode ser: ○ Precoce: ocorre antes de 24 horas de vida; não é evitada pela dose profilática; geralmente ocorre por uso de algum medicamento que antagonizaou inibe a vitamina K ○ Clássica: ocorre entre o 2o e 7o dia de vida; é evitada pela dose profilática de vitamina K; se apresenta com sangramentos espontâneos ○ Tardia: ocorre a partir da 3a semana de vida, geralmente decorrente de alguma doença de base ● Vacina anti-hepatite B 0,5 mL intramuscular (primeiras 12 horas de vida) ○ Não interessa o peso do RN ● Vacina BCG intradérmica ○ Mínimo de 2000Kg ● Nitrato de prata colírio a 1% (método de credé) → hoje em dia não é tão usado mais ● Alojamento conjunto / observar icterícia / demais cuidados DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS DISTÚRBIOS RESP. DO RN (5 principais) ● Doença da membrana hialina ● Pneumonia neonatal e Sepse neonatal ● Taquipneia transitória do recém-nascido ● Síndrome de aspiração meconial ● Hipertensão pulmonar persistente HISTÓRIA ● Idade gestacional ● Forma de parto (vaginal / cesárea eletiva ou após TP) ● Fatores específicos: mecônio no líquido amniótico CLÍNICA Achados inespecíficos Desconforto respiratório: a clínica entre as doenças são muito parecidas ● Taquipneia ● Tiragem (retração) / batimento de asa nasal / gemidos / cianose EVOLUÇÃO DO QUADRO Algumas doenças pioram e outras melhoram nas primeiras horas de vida RADIOGRAFIA ● Padrão do infiltrado ● Expansibilidade pulmonar Doença da Membrana Hialina Diminuição da concentração de surfactante alveolar (Síndrome do Desconforto Respiratório) O surfactante é composto por lipídeos e proteínas, e começa a ser sintetizado a partir de 20-24 semanas de gestação pelos pneumócitos II, atingindo quantidade suficiente no interior dos alvéolos com 34 semanas. A função do surfactante é reduzir a tensão superficial na interface ar-líquido no interior dos alvéolos, impedindo o colapso alveolar na expiração, devido a atração entre as moléculas de água. O RN com SDR apresenta pouco surfactante, o que culmina em colapso alveolar durante a expiração. O colapso alveolar causa hipoxemia e hipercapnia. INSTABILIDADE ALVEOLAR Diminuição do tempo de troca gasosa Aumento do trabalho respiratório ● Diminuição do tempo de troca gasosa→ o RN rapidamente desenvolve hipoxemia, sendo o primeiro distúrbio respiratório a se desenvolver ● Aumento do trabalho respiratório → é muito mais trabalhoso encher um alvéolo colabado; o RN evolui com falência e fadiga respiratória, de maneira que os alvéolos acabam ficando permanentemente fechados, causando microatelectasias, impedindo a ventilação e retendo CO2, causando acidose respiratória. Sendo assim, a hipercapnia me demonstra uma doença mais avançada, com hipoventilação mais intensa, devido ao maior número de alvéolos atelectasiados Fatores de risco ● Prematuridade (< 34 semanas) - FATOR DE RISCO MAIS IMPORTANTE. Quanto mais prematuro maior o risco e maior a gravidade → abaixo de 34 semanas não tem surfactante suficiente para manter os alvéolos aberto ● Sexo masculino – a maturação no sexo masculino é mais lenta do que no sexo feminino ● Diabetes materna – a insulina retarda a maturação pulmonar, assim o RN de mãe diabética pode ter doença da membrana hialina mesmo que nascido a termo → o feto de mãe diabética produz muita insulina, devido a grande quantidade de glicose que recebe pela placenta ● Asfixia aguda: destrói os pneumócitos tipo 2 (que sintetizam o surfactante) Observação: ● Existem 2 hormônios que atuam na maturação pulmonar: o Cortisol ACELERA a maturação pulmonar o Insulina ATRASA a maturação pulmonar ● DM materno → hiperinsulinemia no feto → GIG → ↓surfactante → doença da membrana hialina. Pode ter Doença da membrana hialina mesmo depois de 34 semanas ● Doença de base → sofrimento fetal crônico → PIG → elevação do cortisol → aceleração da maturação pulmonar Fator protetor ● Aumento da produção de cortisol → hormônio contra-insulínico → acelera a maturação pulmonar ○ Sofrimento fetal crônico: insuficiência placentária ○ Rotura prolongada de membrana Obs: 2 RNs de IG 30 semanas, sendo um GIG filho de mãe diabética e um PIG filho de mãe com insuficiência placentária/CIUR → o RN GIG com macrossomia tem mais risco de SDR do que o PIG Clínica ● Início nas primeiras horas de nascimento → desconforto respiratório precoce ● Taquipnéia, retrações costais, gemido, batimento de asa nasal, cianose ● Piora nas primeiras 24-48h. A partir do 3º dia de vida espera-se que ocorra uma melhora Radiografia ● Infiltrado reticulogranular difuso OU em padrão de vidro moído/fosco com a formação de aerobroncograma → são regiões de microatelectasias, devido aos alvéolos colapsados, justapostas a áreas insufladas que são alguns alvéolos não colapsados ● Volume pulmonar reduzido Prevenção: ● Pré natal adequado: evitando parto prematuro ● Se gestante com ameaça de parto prematuro entre 24-34 semanas de IG: realizar corticoide antenatal → aceleração maturação pulmonar ● Antigamente existia a possibilidade de surfactante profilático, ou seja, logo que retirava-se o RN do útero materno já era intubado e administrado o surfactante, antes mesmo do RN ter demonstrado sinais de desconforto respiratório. Porém, essa não é uma prática realizada com frequência atualmente. NÃO confundir com o surfactante que ainda é realizado nos casos de SDR grave, que já entra em tratamento, e não em profilaxia. Tratamento ● CPAP nasal (Continuous Positive Air Pressure) – mantém a estabilidade alveolar, impedindo o colapso durante a expiração o Pronga nasal o O CPAP tem que ser iniciado na sala de parto ● Surfactante exógeno para quadros graves o Idealmente nas primeiras 2 horas de vida o Administração: ▪ Via cateter fino: laringoscopo, passo o cateter, jogo o surfactante na traqueia e volto para o CPAP ▪ INSURE: intubo, administro o surfactante, extubo e volto para o CPAP ▪ Obs: O surfactante tem que ser administrado na traqueia, sendo assim, antigamente intubava o RN para administrar o surfactante, porém, atualmente já existem essas 2 possibilidades, sendo que o cateter fino é a via de escolha, por ser menos invasivo ● Ventilação mecânica (se CPAP não resolveu) ● Antibióticos: isso é feito pois em um primeiro momento podemos não conseguir diferenciar uma sepse/pnm neonatal de uma doença da membrana hialina. Principalmente porque a imagem da pnm por streptococcus agalactiae, que é o principal agente causador, é exatamente igual à doença da membrana hialina Pneumonia / Sepse Neonatal SEPSE NEONATAL - primeiros 28 dias de vida SEPSE PRECOCE Nas primeiras 48h de vida ● Via: o Ascendente: bactérias do trato genital materno o Intraparto ● Agentes: o Estreptococo do grupo B (S. agalactiae; GBS) – a sepse pelo GBS é doença muito grave o Enterobactérias (E. coli) o Listeria SEPSE TARDIA Manifesta-se a partir do 7º dia ● Via: o Nosocomial o Comunitária ● Agentes: o Estafilococos (Stafilo coagulase negativo - ptt o epidermiditis- e S. aureus) o Enterobactérias (gram neg) o Fungos ● Quando suspeitar de infecção fúngica? o Peso < 1000g (extremo baixo peso) o Nutrição parenteral (NPT) o Antibioticoterapia com sinais de sepse Fatores de risco ● Sepse neonatal precoce: o Ruptura prolongada de membranas (bolsa rota > 18 horas) o Corioamnionite o Colonização materna por germes patogênicos (GBS): por isso a importância de fazer a cultura do canal vaginal e retal por volta da 34-36 sem de IG → rastreio o Prematuridade ● Sepse neonatal precoce e tardia: o Prematuridade: ▪ FR para sepse precoce: gestante não teve tempo de realizar rastreio e profilaxia para GBS (precoce) ▪ FR para sepse tardia: RN fica mais tempo em ambiente hospitalar e tem menos defesa (tardia) Clínica ● Pode ser assintomático nas primeiras horas de vida o Taquipneia: geralmente, é a primeira manifestação, já que a PNM costuma ser a primeira manifestação da sepse neonatal o Desconforto respiratório o Alterações sistêmicas: distermia (febre ou hipotermia), alteração do estado de alerta, cardiocirculatório e gastrointestinal o Esse fator é muito importante para diferenciar sepse neonatal de SDR, já que essa última tende a se manifestar nas primeiras horas de vida e a sepse pode demorar 48hpara se manifestar Avaliação complementar ● Radiografia de tórax o Infiltrado reticulogranular difuso (aerobroncograma) → São regiões de microatelectasias, devido aos alvéolos colapsados, justapostas a áreas insufladas que são alguns alvéolos não colapsados o Padrão de vidro fosco / moído o A radiografia é igual na SDR, por isso não me ajuda a diferenciá-las ● Exames laboratoriais: o Inespecíficos: ▪ PCR ▪ Hemograma ● Neutrofilia: alta especificidade para infecção ● Relação I/T aumentada: feita através dos neutrófilos imaturos e os totais o Relação I/T > 0,2 sugere infecção bacteriana e indica antibioticoterapia → alta sensibilidade. A relação I/T aumentada é basicamente um desvio para esquerda, ou seja, aumento das formas jovens de neutrófilos o Identificação do agente em um líquido corporal estéril ▪ Hemocultura ▪ Punção lombar e cultura do LCR ▪ Urocultura: somente na infecção tardia; na infecção precoce só é realizada se o RN tiver sabidamente uma mal formação do trato genitourinário Tratamento ● Sepse precoce: Ampicilina (pega bem Listeria) + aminoglicosídeo (gentamicina) o Cobertura para GBS + gram-negativos! ● Na sepse tardia, o ATB depende do perfil de resistência bacteriana da UTI. o Geralmente um agente com cobertura para staphylococcus e gram negativos Profilaxia de sepse por GBS ● Primária: GO faz profilaxia intraparto ● Secundária: pediatra já dá antibiótico antes do RN apresentar sintomas, dependendo da indicação ○ A abordagem, inicialmente, é separar os RN em dois grupos principais: os com idade gestacional de 35 semanas e aqueles com idade inferior. Dentro das diretrizes, em RN de IG < 35, se a mãe teve indicação de profilaxia, é quase inevitável fazer a antibioticoterapia, porém, naqueles acima de 35 semanas existe um fluxograma a ser seguido (FLUXOGRAMA A): ○ Obs: profilaxia materna intraparto adequada → deve ter sido iniciada antes de 4 horas do parto e deve ter sido feita com ampicilina ou cefazolina ou penicilina TTRN – Taquipnéia Transitória do Recém-Nascido ● Também chamada de SDR tipo II ou Síndrome do Pulmão Úmido ● Ocorre pelo retardo da absorção do líquido pulmonar! As catecolaminas liberadas durante o parto sinalizam a reabsorção do líquido, e neste RN isto não acontece Fatores de risco: ● Ausência de trabalho de parto ● Cesariana eletiva, sem trabalho de parto ● Parto iterativo: não tem tempo de ter um longo trabalho de parto Clínica ● Início nas primeiras horas de vida; resolução geralmente até 24 horas (pode ser até 72h) ● Desconforto respiratório leve-moderado- taquipnéia leve/moderada ● Rápida resolução Radiologia ● Congestão hilar ● Aumento da trama vascular ● Líquido cisural ● Derrame ● Cardiomegalia ● Hiperinsuflação (arcos c. retificados) → Aumento do volume pulmonar (mucosa de bronquíolos edemaciada) ● Aumentos dos espaços intercostais Tratamento – suporte! ● Melhor em até 72h ● Oxigenoterapia (FiO2 até 40% → cateter nasal, Hood) → geralmente necessitam de baixa concentração de O2 ● Suporte geral → SNE ● NÃO fazer diurético Prevenção ● Evitar cesariana eletiva Síndrome de Aspiração Meconial Ocorre pela eliminação e aspiração de mecônio intraútero, que fisiologicamente só deveria ser liberado em 24-48h, já que o esfíncter anal do feto geralmente fica contraído. A asfixia fetal e outras casusa de sofrimento fetal, podem levar a um relaxamento do esfíncter anal do feto, provocando a liberação de mecônio. A peristalse fetal é desorganizada na maior parte da gestação, sendo não-propulsiva. Por mais que o mecônio chegue na ampola retal, o esfíncter anal está contraído. A asfixia promove o relaxamento e, caso a ampola retal tenha mecônio, este será eliminado. A asfixia aumenta o número de incursões respiratórias, fazendo com que o mecônio chegue na traquéia, podendo atingir as vias aéreas inferiores e causando a SAM. Ocorre então um bloqueio mecânico expiratório, fazendo aprisionamento de ar e hiperinsuflação. O mecônio também desencadeia uma pneumonite química e pode predispor a ocorrência de infecção bactériana secundária, diminuindo a complacência pulmonar, necessitando de muita força para insuflar os pulmões. Fatores de risco ● Ocorre em RN > 40 semanas: RN termo e pós-termo ● Sofrimento fetal aguda predispõe a SAM Clínica ● Início nas primeiras horas ● Desconforto respiratório grave → diferente da taquipneia transitória do RN, que geralmente é mais branda Radiologia ● Infiltrados alveolares GROSSEIROS ● Aprisionamento de ar ● Pneumotórax → geralmente, pois o RN precisa de ventilação mecânica, podendo levar à barotrauma ● Volume pulmonar aumentado Complicações: Hipertensão pulmonar persistente Tratamento: BASICAMENTE SUPORTE ● Geralmente, necessita de Ventilação mecânica invasiva ● Antibioticoterapia ● Surfactante: mecônico culmina em destruição/inativação do surfactante; além disso a asfixia aguda reduz a produção de surfactante pelos pneumócitos Como evitar a SAM? ● RN AT sem sinais de asfixia o Nenhuma medida especial – colo materno! ● RN deprimido o Passos iniciais: APAS (aquecer, posicionar, aspirar boca e narina, secar)! o Se necessário, VPP! o IOT apenas após ventilar! Hipertensão Pulmonar Persistente No período intrauterino a pressão arterial pulmonar é maior do que a pressão arterial sistêmica, já que o pulmão está cheio de líquido. No momento do parto esse líquido intrapulmonar é eliminado e substituído por oxigênio, e assim a pressão arterial pulmonar reduz. Portanto, a Hipertensão pulmonar persistente, indica uma persistência da circulação fetal. Isso ocorre, pois em algumas situações, principalmente na asfixia e na SAM, ocorre um impedimento do relaxamento da musculatura broncoalveolar. Clínica ● Taquipneia + sinais de desconforto ● Labilidade ao manuseio → queda da saturação ao manuseio Tratamento ● Suporte ● Óxido nítrico INFECÇÕES CONGÊNITAS São aquelas que se estabelecem por TRANSMISSÃO VIA HEMATOGÊNICA TRANSPLACENTÁRIA Quando suspeitar? Maioria das crianças: assintomáticas Suspeita com doença ou sorologia materna Regra geral: quanto mais adiantada a gestação maior o risco de infecção, porém quanto mais adiantada menor risco de doença grave ATENÇÃO: ● IgM no RN = INFECÇÃO → não passa pela placenta ● IgG no RN = PODE SER MATERNA SINTOMÁTICAS ● Quadro antenatal (abortamento, CIUR, prematuridade, natimorto, PIG) ● Quando inespecífico ou específico ● Visceral (hepatomegalia, já que a veia umbilical drena para o fígado) – Ocular (coriorretinite, catarata, microftalmia) – Neurológico – Cutâneo (icterícia, exantema maculopapular, exantema petequial ou purpúrico) – Medula (plaquetopenia) ● Sequelas (neurológica / visual / auditiva) SÍFILIS – Treponema pallidum ● A transmissão pode ocorrer em qualquer estágio da doença materna. o Risco maior na sífilis 1ª e 2ª! ● Agente: Treponema pallidum ● Evento SENTINELA para pré natal adequado SÍFILIS PRECOCE (<2 anos) INESPECÍFICO: hepatomegalia, esplenomegalia, petéquias RINITE SIFILÍTICA = obstrução nasal intensa e secreção sanguinolenta → altamente destrutiva e infectante LESÕES CUTÂNEAS E MUCOSAS ● Condiloma plano – lesão única ao redor de orifícios (anais, p.ex.) → cuidado antes de acionar o conselho tutelar e polícia na presença de condiloma plano, já que a transmissão pode ser por via sexual, mas também pode ter sido infecção congênita ● Pênfigo palmo-plantar: exantema vesicobolhoso, descamativo, geralmente palmo-plantar →m diagnóstico diferencial com doença estafilocócica LESÕES ÓSSEAS - Periostite – porção longa de ossos longos e também nos ossos planos - Rx com sinal de duplo-contorno (reação periosteal) o Osteocondrite – reação inflamatória na articulação + metáfise. São lesões dolorosas, a criança chora durante a manipulação ou movimentação o Pseudoparalisia de Parrot: ↓mobilidade secundária à dor presente na sífilis congênita SÍFILIS TARDIA ( >2 anos) - SEQUELAS FRONTE OLÍMPICA: abaulamento do osso frontal NARIZ EM SELA: desmoronamento da base nasal RÁGADES SIFILÍTICAS: sulcos ao redor de orifícios ALTERAÇÕES DENTÁRIAS: ● Dentesde Hutchinson (incisivos centrais alterados) ● Molar em amora TÍBIA EM SABRE: encurvada ARTICULAÇÃO DE CLUTTON: derrame articular estéril crônico no joelho CERATITE INTERSTICIAL: alteração corneana OBS: todas as lesões da sífilis são altamente contagiosas, por conter o treponema pallidum na secreção, por isso é necessário precaução de contato Avaliação do RN Para todo RN o qual a mãe teve diagnóstico de sífilis durante a gestação ● IMPORTANTE: o Existem os RN com sífilis congênita e os RN expostos a sífilis, que são situações distintas e por isso merecem condutas diferentes ▪ TODA sífilis congênita tem que realizar rastreio completo (VDRL, hemograma, RX de ossos longos e punção liquórica), precisam ser notificados (notificação compulsória ao SINAN) e devem receber tratamento de acordo com o resultado dos exames ● Avaliação clínica cuidadosa o Rastreio: ▪ Para TODOS: VDRL ▪ Para gestante com sífilis NÃO tratada ou INADEQUADAMENTE tratada: rastreio completo → VDRL. RX de ossos longos, líquor, hemograma ● VDRL de sangue periférico – avalia a atividade da doença e grau de lesão tecidual → deve ser realizado em TODOS os RN o NÃO pode ser sangue de cordão umbilical o Na avaliação do RN só é feito teste não treponêmico, pois o treponêmico pode dar positivo devido a mãe VDRL TODOS OS RN Hemograma Anemia ⇓ plaquetas ⇑ ou ⇓ WBC Punção lombar Basta 1 critério alterado para fechar diagnóstico de neurossífilis ● VDRL+ em qualquer título (mais específico) OU ● ↑ Células (>25) OU ● ↑ Proteínas (>150) Raio-x de ossos longos Osteocondrite / periostite Tratamento ● Como foi o tratamento da gestante? Saber caracterizar o tratamento inadequado! TRATAMENTO MATERNO ADEQUADO? ● Tratamento com penicilina benzatina. Obs: se alergia à penicilina tem que dessensibilizar ● Adequado para a fase (primária, secundária, terciária) ● Antigamente teria que terminar o tratamento < 30 dias antes do parto, atualmente, só é necessário ter iniciado o tratamento antes de 30 dias do parto, não precisa ter terminado ● Avaliar risco de reinfecção - parceiro não tratado ● Queda dos títulos de VDRL em 2 diluições em 3 meses ou 4 diluições em 6 meses ● Comprovação de tratamento Definição de sífilis congênita epidemiológica: mãe inadequadamente tratada → notificar + rastreio completo + tratar Mãe NÃO TRATADA / INADEQUADAMENTE TRATADA Realizar todos os exames e tratar todos os casos! É CASO DE SÍFILIS CONGÊNITA → NOTIFICAR LÍQUOR ALTERADO Penicilina cristalina IV 10 dias 50.000 UI/Kg/dose de 12/12h na primeira semana de vida e depois da primeira semana de vida de 8/8h LÍQUOR NORMAL E OUTRA ALTERAÇÃO Penicilina cristalina IV 10 dias OU Penicilina procaína IM 10 dias RN ASSSINTOMÁTICO E TODOS OS EXAMES NORMAIS (VRDL NR) Penicilina benzatina em dose única (acompanhamento) (*) Se não houver certeza de acompanhamento, tratar por 10 dias, uma vez que a dose única pode não erradicar completamente o Treponema. MÃE ADEQUADAMENTE TRATADA VDRL do RN sempre! RN SINTOMÁTICO OU VDRL > que o materno em 2 diluições Notificar, solicitar todos os exames e tratar Penicilina cristalina ou penicilina procaína por 10 dias RN ASSINTOMÁTICO e VDRL < ao materno em 2 diluições RN com exame físico normal: acompanhar RN com exame físico alterado: avaliar VDRL VDRL reagente: notificar, rastrear e penicilina cristalina ou procaína 10d, dependendo dos exames VDRL não reagente: avaliar STORCH ACOMPANHAMENTO ● DEVE SER REALIZADO PARA TODO RN COM SÍFILIS CONGÊNITA E OS RNs EXPOSTO À SÍFILIS ● Acompanhamento clínico seriado (1, 3, 6, 12 e 18 meses) o Exame físico o VDRL seriado o Avaliação auditiva e visual (semestralmente nos primeiros dois anos de vida) o LCR seriado de RN que teve neurossífilis: punção lombar a cada 6 meses ● Alta: o Sem alteração dos exames o Assintomático o VDRL negativo por 2 vezes consecutivas TOXOPLASMOSE CONGÊNITA Toxoplasma gondii A doença aguda pode se resolver sozinha, mas o paciente não fica curado, estabelecendo uma infecção latente, a qual não transmite para o feto, exceto se reativação em imunodeprimido. A transmissão para o feto ocorre durante a infecção aguda, ou seja, a gestante precisa ter contraído a infecção durante a gestação. Manifestação clínica do feto com toxo congênita: ● Maioria assintomática ● Tétrade de sabin: ○ Hidrocefalia: manifestação mais comum ○ Coriorretinite: muito específico, apesar de não ser patognomônico ○ Calcificações cerebrais difusas → muito específico, apesar de não ser patognomônico ■ Apesar de CMV também causar calcificação, aqui é em todo o parênquima cerebral ○ Retardo mental Diagnóstico da gestante ● Rastreio pré natal: o IgM - IgG + → gestante não suscetível, infecção antiga, cicatriz sorológica o IgM + IgG - → infecção durante a gestação o IgM + IgG + → não dá para saber se a gestante se contaminou antes ou durante a gestação, por isso a conduta é → solicitar teste IgG com avidez: ▪ Se alta avidez (> 60%): infecção há mais de 12 - 16 semanas → infecção adquirida antes da gestação ● Rastreio pós natal: o Se IgM positivo: é toxoplasmose congênita, pois o IgM não ultrapassa barreira placentária o IgG positivo: IgG ultrapassa a barreira placentária ▪ Se titulação > materna: suspeita de infecção congênita → nesse caso fazer dosagens seriadas do IgG e ver se está aumentando a titulação ▪ Se titulação do RN < que a materna: sugere que seja anticorpo que ultrapassou a barreira placentária Tratamento: ● Se identificado na gestação: tratamento da gestante ○ Após a sorologia de toxoplasmose, se suspeita de infecção recente, já deve ser iniciado o tratamento medicamentoso materno, que inicialmente só tem a função de reduzir a parasitemia. O tratamento fetal só é realizado após a confirmação de infecção fetal, isso para evitar toxicidade fetal TRATAMENTO NA GESTANTE No momento do diagnóstico ESPIRAMICINA Principal objetivo: evitar a infecção fetal Infecção fetal documentada SULFADIAZINA + PIRIMETAMINA + ÁCIDO FOLÍNICO (após 1º trimestre até IG de 36sem, depois volta a fazer espiramicina) → tratamento teratogênico ● TRATAMENTO PÓS NATAL: TODAS OS RN COM TOXO, INDEPENDENTE DE SINTOMAS ○ Sulfadiazina + Pirimetamina + ácido folínico → por 12 meses ○ Corticóide (dexametasona por 8 semanas): indicação ■ Se reação inflamatória acentuada: proteína LCR > 1g/dL ■ Coriorretinite grave Investigação do feto ● 2 formas: o USG fetal seriada: avaliar hidrocefalia o Amniocentese (PCR do LA – identificação do DNA do toxoplasma no líquido amniótico) → mais invasivo MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS INVESTIGAÇÃO DO RN MAIORIA ASSINTOMÁTICO — TRÍADE DE SABIN --- Hidrocefalia: mais comum Coriorretinite: muito específico, porém não patognomônico Calcificações difusas: muito específico, porém não patognomônico. CMV tbem tem calcificação, mas não é por todo o parênquima Sorologia Fundo de olho Imagem do SNC Avaliação LCR CITOMEGALOVIROSE – CMV da família dos herpes-vírus ● O vírus permanece para sempre no organismo, na forma de infecção latente. A transmissão geralmente ocorre na infecção aguda, porém é possível ocorrer pela reativação de uma infecção latente, e passar por via transplacentária. ● Manifestações Clínicas: o Assintomático: 90% dos casos o 3 manifestações inespecíficas frequentes: ▪ Microcefalia ▪ PIG ▪ Exantema petequial purpúrico o Manifestação mais específica: ▪ Calcificações periventriculares o Outras: rash petequial, icterícia, hepatomegalia ● Sequela: o tratamento reduz o risco dessas sequelas o Sequelas neurológicas o Surdez neurossensorial o Obs: Infecção congênita pelo CMV é a principal causa de surdez neurossensorial não hereditária na infância TRATAMENTO Ganciclovir IV por 6 semanas → casos graves Só trata as crianças sintomáticas. Atualmente, vem sendo aceito usar o ganciclovir só para casos mais graves e o Valganciclovir para casos mais brandos ● Diagnóstico: o Dosagem de CMV na urina nas primeiras 3 semanas de vida (PCR para CMV) → se eu fizer depois dessas 3 semanas não vou saber se é infecção congênita ou pós natal RUBÉOLA CONGÊNITA● Só irá transmitir o vírus da rubéola a mulher que é primoinfectada durante a gestação. ● A mulher que é infectada no primeiro trimestre neste caso tem grandes chances de infectar o concepto, e, o problema é que infecções nesse período tem grandes chances também de repercussões clínicas, com consequências graves. Se adquirida depois do primeiro trimestre pode transmitir a doença fetal, porém o feto não vai desenvolver a infecção sistêmica, ou seja, a síndrome, serão manifestações mais inespecíficas/isoladas. CLÍNICA ● Catarata congênita → pesquisa do reflexo vermelho (alteração: reflexo assimétrico / reflexo branco / leucocoria) ● Surdez (é uma das manifestações mais frequentes nas crianças sintomáticas) ● Cardiopatia congênita (só estará presente quando a infecção tiver ocorrido nas primeiras semanas de gestação – particularmente nas primeiras 8 semanas) → principais: Persistência de canal arterial e estenose de artéria pulmonar Tratamento: manejo de sequelas (corrigir catarata, etc...); NÃO tem tratamento ● Evitar transmissão! RN / lactente com síndrome da rubéola congênita tem excreção prolongada do vírus (essa criança não pode ter contato com uma gestante suscetível) VARICELA CONGÊNITA ● Conceito: Síndrome de varicela congênita → só ocorre em gestantes infectadas com < 20 semanas de IG ● Sinais e sintomas: o Hipoplasia de membros o Lesões cicatriciais o Doença neurológica ZIKA CONGÊNITA Manifestação clínica: ● MICROCEFALIA ○ Masculino: PC < 30,54cm ○ Feminino: PC < 30,24 cm ● Malformações do SNC, oculares e dos membros Diagnóstico: ● PCR, sorologia, neuroimagem Prevenção: ● Se mulher teve diagnóstico de ZIka: tem que ficar pelo menos 6 meses sem engravidar ● Se homem teve diagnóstico de ZIka: tem que ficar pelo menos 2 meses sem gerar prole Tratamento: ● Se identificado na gestação: tratamento da gestante ICTERÍCIA NEONATAL A icterícia é uma coloração amarelada da pele das mucosas como consequência do aumento sérico das bilirrubinas. Na maior parte das vezes relaciona-se a um processo patológico, porém 60% dos RN a termo ficam ictéricos na primeira semana de vida, e este geralmente é um processo fisiológico. Todos estes mecanismos aumentam a BI, o qual leva à icterícia fisiológica! Porém nem toda icterícia é fisiológica! ● Epidemiologia: o 60% de todos os RN a termo ficam ictéricos o 80% de todos os RN pré-termo ficam ictéricos o Na maioria das vezes, a icterícia é fisiológica ● Metabolismo da bilirrubina: A hemoglobina é degradada e forma bilirrubina indireta (BI), a qual é hidrossolúvel e deve ser eliminada, e para isso precisa ser transformada em lipossolúvel. A BI liga-se a albumina, é captada pelo hepatócito e nele sofre conjugação com 1 ou 2 moléculas de ácido glicurônico, formando um mono ou diglicuronídeo (BD), através da glicuroniltransferase. A BD lipossolúvel pode ser excretada na bile e ser retirada do organismo pelo intestino. Na vida fetal a bilirrubina é excretada pela placenta - apenas na sua forma indireta (BI) - logo, a captação e conjugação do RN é diminuída ao nascimento. ● Bb indireta (lipossolúvel) é proveniente do grupo heme da molécula de hemoglobina → tóxico, tem que ser eliminada, para isso a sua conjugação. BB indireta é carreada pela albumina até o fígado ● A Bb indireta é neurotóxica, que pode levar à encefalopatia bilirrubínica (Kernicterus). No fígado, é captada pelo hepatócito e conjugada em ácido glicurônico (enzima: glicuroniltransferase) → Bb direta (hidrossolúvel) → excretada na bile no intestino ● Quem elimina a Bb indireta do feto é a placenta ● Durante a vida fetal há pouca captação e conjugação da bilirrubina no hepatócito, pois precisa mantê-la indireta para eliminar pela placenta. A placenta não elimina bilirrubina direta Provável icterícia fisiológica ● A icterícia (sinal) torna-se evidente entre 2o e 3o dia de vida. Se começar antes de 24 horas, ou se iniciar muito depois de 3 dias, afasta-se icterícia fisiológica ● Pico da icterícia: entre 3o e 4o dia, que pode variar de acordo com a alimentação o Se está em uso de fórmula este pico é alcançado mais rapidamente e decresce mais rapidamente, isso pois os níveis de elevação são menores ● Possíveis explicações: ● Produção exagerada de bilirrubina → a Bb é proveniente da degradação do heme da Hb (que leva à formação da bilirrubina indireta) – o RN possui muitas hemácias (pelo reflexo da hipóxia intra-uterina) e a meia-vida de suas hemácias é mais curta (muita HbF) ● Captação e conjugação deficientes (pela diminuição da atividade da glicuroniltransferase) → durante a vida fetal quem excreta a bilirrubina é a placenta (e a placenta excreta a bilirrubina indireta), logo, os mecanismos de captação / conjugação precisam amadurecer nos primeiros dias de vida, pois na vida intra-útero, a conjugação não é útil, uma vez que a Bb é excretada em sua forma indireta ● Aumento do ciclo êntero-hepatico (aumento da atividade da betaglicuronidase) → nos primeiros dias de vida, o trânsito intestinal é mais lento, o que proporciona maior tempo para a ação da betaglicuronidase ▪ Início da alimentação → trânsito intestinal lento → maior tempo para a beta-glicuronidase tem para desconjugar a bilirrubina ▪ Bactérias que atuam na bilirrubina direta ainda não estão presentes, então a beta-glicuronidase tem mais tempo para agir na bilirrubina direta. Quando você tem bactérias isso impede a ação da beta-glicuronidase. Obs: as bactérias, quando presentes, transformam bilirrubina direta me urobilirrubinogênio, que é excretado na urina. ● Aumento fisiológico da Bb: fisiologicamente, pode aumentar 2-3 mg/dL por dia, até 12: o 1º dia: 3 mg/dL o 2º dia: 6 mg/dL o 3º dia: 9 mg/dL … o Obs: todos os RN têm aumento de bb nos primeiros dias, porém nem todas vão se manifestar com icterícia o A bilirrubina para se manifestar como icterícia tem que ter valores de no mínimo 5mg/dL ● Dura poucos dias: pois os mecanismo vão se amadurecer o Rn a termo dura 5 dias o RN pré termo dura até 2 semanas ● Aumento menor que 5mg/dL/dia ● Nível máximo de bilirrubina em RN a termo é de 12mg/dL ● Aumento apenas de bilirrubina indireta Provável icterícia não fisiológica ● Início < 24h de vida – a bilirrubina pode aumentar fisiologicamente 3mg/dL/dia, e para detectar icterícia o nível sérico deve ser >5! ● Aumento > 5mg/dL/dia ● Nível elevado de bilirrubina (> 12-13mg/dL à termo; > 14-15mg/dL prematuro) ● Outra alteração clínica: hepatomegalia, lesões de pele... ● Icterícia persistente (por mais de 7 – 10 dias à termo; mais de 10 – 14 dias em prematuros) ● Colestase - ↑BD ● Zonas de Kramer: Avaliação complementar do RN ● BB Total e frações ● Hemograma ● Reticulócitos ● Coombs direto do RN (ac na superfície da hemácia) ● Tipo sanguíneo do RN e fator RH ● Hematoscopia – microesferócitos (esferocitose ou incompatibilidade ABO → diferenciar pelo coombs direto, que na esferocitose nunca pode ser positivo), corpúsculos de Heinz (deficiência de G6PD) ICTERÍCIA PRECOCE Anemia hemolítica (causa mais frequente) ● Incompatibilidade materno-fetal → anemias aloimunes (imunomediadas) o Incompatibilidade RH: mãe é Rh- e o RN Rh+ ▪ É a mais grave ▪ A mãe produz Ac Anti-Rh que atravessam a placenta e destroem as hemácias fetais. Ocorre nas mulheres previamente sensibilizadas (multíparas) ▪ Solicitar coombs indireto para a gestante, que será positivo na incompatibilidade (detecta Ac Anti-D): indica sensibilização prévia ▪ O coombs direto realizado no RN: será positivo -> Ac ligado na superfície das hemácias fetais o Incompatibilidade ABO: Mãe O e RN A ou B ▪ Na incompatibilidade materno-fetal ABO, não faz sentido fazer coombs indireto, pois já espera-se que toda mulher seja sensibilizada, já que todo O é naturalmente sensibilizada ao longo da vida. Apesar de ser possível, é muito difícil uma mãe A ter incompatibilidade com um RN B, pois os anticorpos produzidos por essa geralmente não passam pela placenta. A mesma ocorre para mães B e RN A. ▪ Coombs direto – detecta Ac nas hemácias – pode ser positivo ou negativo,porque pode ser uma doença mais branda ▪ Hematoscopia: pode ser encontrado microesferócitos também ▪ Teste do Eluato → identifica a presença de anticorpos anti-A e anti-B; esse teste não positiva em incompatibilidade RH e sim na ABO ● Icterícia um pouco mais tardia: terceiro dia o Esferocitose ▪ Coombs direto sempre negativo (não tem ac causando hemólise) → não tem anticorpo, pois ocorre por defeito de membrana ▪ Hematoscopia: microesferócitos ▪ Teste de fragilidade osmótica o Deficiência de G6PD: ▪ Coombs direto sempre negativo (não tem ac causando hemólise) → não tem anticorpo, pois ocorrer por deficiência enzimática → aumento do estresse oxidativo ▪ Hematoscopia: Corpúsculo de Heinz ICTERÍCIA PERSISTENTE OU TARDIA ● Icterícia do leite materno (Bilirrubina indireta) o Inicia em torno do 4º dia e permanece até a 2ª semana de vida, RN em AME e que permanece ictérico o Presença de substância do leite materno que interfere no metabolismo da bilirrubina, aumentando a atividade da betaglicorunidase que fica no intestino. Assim, maior quantidade de bilirrubina direta é desconjugada e retorna o Resolve-se após alguns dias/semanas ou após suspender amamentação e aguardar bilirrubinas caírem (48h). Ao retornar amamentação as bilirrubinas sobem novamente, nunca ao mesmo valor anterior. ● Icterícia do Aleitamento (Bilirrubina indireta) → é como se fosse uma exacerbação da icterícia fisiológica (mesmos mecanismos envolvidos) o Dificuldade na amamentação leva a um trânsito intestinal diminuído, com aumento da circulação entero-hepática da bilirrubina e consequentemente aumenta a desconjugação da BD pela betaglicorunidase o Início precoce (2º – 3º dia). o Clínica: perda de peso, icterícia o Tratamento: corrigir amamentação ● Atresia de vias biliares → BD (colestase): o Urgência diagnóstica! o A forma mais comum se desenvolve após o nascimento. No momento do nascimento as vias biliares estão normais, com drenagem biliar pérvia, mas pode evoluir com estenose progressiva e fibrose das vias biliares, principalmente na extra-hepática, nos primeiros dias → não consegue excretar bile o Manifestação ▪ Icterícia persistente + sinais de colestase (pode aparecer depois da icterícia) o Tratamento: ▪ A cirurgia de Kasai deve ser feita até a 8ª semana de vida (quanto mais precoce maior a taxa de sucesso) → Portoenterostomia (anastomose da parte das vias biliares que ainda estão pérvias com o intestino, restabelecendo o fluxo biliar ▪ As cirurgias não resolutivas ou aqueles RN que não fizeram a cirurgia podem precisar de transplante hepático o Exames complementares: ▪ Exame de imagem (USG): sinal do portão triangular ▪ Biópsia hepática percutânea: importante para diferenciar de hepatite neonatal idiopática ▪ Padrão ouro: colangiografia Tratamento do excesso de bilirrubina INDIRETA: ● Fototerapia: transforma a Bb indireta na derme em hidrossolúvel → elimina pela urina → criança despida sob a luz. Indicações: o RN < 24 horas de vida ictérico o Sempre que Bilirrubina indireta > 17 mg/dL devo fazer. Cuidado: não quer dizer que não pode ser feito em valores menores ● Exsanguíneotransfusão o Indicada principalmente em casos de incompatibilidade Rh
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