Prévia do material em texto
PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 1 Síndromes Arteriais Principais doenças arteriais Arteriosclerose Arterite (tromboangiite obliterante, arterite temporal, arterite de Takayau, poliarterite nodosa, etc) Aneurismas Síndrome aórtica aguda (dissecção, ulcera penetrante e hematoma mural) Fístulas e malformações arteriovenosas Traumatismos arteriais Há uma série de doenças que acometem o sistema; nosso objetivo é compreender, reconhecer e intervir. É preciso olhar para todas as especialidades para reconhecer essas doenças. Anamnese – Dados importantes 1. Sexo Masculino: tromboangiite obliterante (9:1) Feminino: arterite de Takayasu, varizes, Raynaud e livedo reticular. Algumas doenças são mais comuns em determinado sexo e os sintomas são semelhantes na maioria das doenças. O comprometimento vascular oferece natureza limitada de sintomas, por isso dados epidemiológicos podem ajudar no diagnóstico. 2. Idade Tromboangiite obliterante, arterite de Takayasu e doenças vasospásticas < 40 anos Aterosclerose surge após 40-50 anos Arterite temporal = acima de 60 anos Arterite temporal decorre de uma inflamação da artéria temporal, o paciente tem dor local. Se ele é jovem, provavelmente arterite temporal não é o caso. 3. Raça Tromboangiite obliterante, por exemplo, tem maior incidência entre os povos orientais e semitas. A ulcera de perna da anemia falciforme ocorre geralmente em negros e pardos. 4. HPP Lues (= sífilis) Tuberculose Doenças cardíacas Febre reumática Diabetes Hipertensão arterial Cirurgias: H. inguinal Dissecção venosa Cateterismo Cirurgia ortopédica 5. Profissão Martelo pneumático (Raynaud) Frigoríficos (vasoespasmo) Lavoura de trigo (ergot) Derivados de ergot (ergotamina) são substâncias que atuam de maneira análoga a neosaldina, ou seja, fazem vasoespasmo (a enxaqueca é vasoditalação das arteríolas cerebrais - uso de neosaldina – vasoespasmo). 6. Tabaco Vasoespasmo Edema da íntima Adesividade plaquetária Exame físico Inspeção Palpação Ausculta Pressão arterial dos quatro membros Dor Claudicação intermitente Progressiva Pode evoluir até dor em repouso Obriga a interrupção do exercício Passa a dormir com pés apensos na cama Surge edema postural e piora da dor Acaricia o membro na cama É nos membros inferiores O paciente apresente alteração da marcha. É característico o paciente que começa a andar e sente uma dor. Dependendo da condição que ele traz, podemos linkar com doença arterial ou venosa. Cada caso tem suas peculiaridades No caso da arterial, a claudicação piora em atividades. A artéria está vascularizando menos e com a atividade há demanda de ATP e aumento do consumo de oxigênio. Isso aumenta a dor. Quanto mais o paciente anda, mais dor ele sente, o paciente refere isso. Quando o paciente cessa a atividade, há reestabelecimento do fluxo. PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 2 Em claudicação progressiva, o paciente evolui com dor até mesmo em repouso. Se o paciente possui dor em repouso, significa que a isquemia é eminente e está a ponto de acontecer a qualquer momento). Na claudicação arterial o exercício piora a dor, mas quando o paciente fica de repouso em pé, a dor melhora. Quando deita, a dor piora. Em estágios avançados, o paciente dorme com o pé para fora da cama. Se a doença progredir, mesmo assim ele tem dor intensa.No caso da claudicação venosa, o exercício melhora a dor, porém o repouso de pé não melhora. Quando o paciente fica de repouso com a perna para o alto, há melhora do retorno venoso. Tudo que vai dificultar o retorno venoso do paciente (como ficar em pé, por exemplo) vai piorar o quadro de dor. Coloração Depende do fluxo sanguíneo, saturação de oxigênio e melanina. Palidez – cianose – eritrocianose – rubor: fenômeno de Raynaud. Deflagrada na exposição ao frio. Livedo reticular. Deflagrada na exposição ao frio. Em pele sofre alterações em doenças com distúrbios de perfusão – é possível encontrar palidez, cianose e eritrocianose. Fenômeno de Raynaud: vasoconstrição periférica gera palidez sangue acumula naquela região, o que gera cianose por concentração de carboxihemoglobina vasodilatação arterial reflexa resposta da microrcirculação a isquemia hiperemia como consequência Frio vasoespasmo palidez lentifica o fluxo sanguíneo Hb tem maior troca com o tecido e acumula CO2, pois não há oxigenação cianose vasodilatação reflexa aumento do fluxo sanguíneo hiperemia Livedo reticular: acontece com pessoas muito brancas e em bebês. Aspecto de manchinhas vermelhas na pele é uma resposta ao frio. Há pontos de palidez e ponto de vascularização aumentada formam um desenho marmorizado na pele. Eritrocianose: é uma cianose não tipicamente roxa, mas vinho. Significa isquemia. Acontece quando a resposta da microcirculação não foi efetiva para refazer a perfusão do membro, em Raynaud isso não acontece pois ele é um evento benigno e não isquemia o membro. Frialdade Temperatura cutânea Frialdade na área isquêmica inversamente proporcional a circulação colateral. É preciso sempre comparar os segmentos. É a percepção do membro mais frio. É permanente e o grau de frialdade (o ponto onde fica gelado) é menor quanto maior for a circulação colateral, e vice-versa. Quando mais a circulação for desenvolvida, menor vai ser área isquêmica menor e, consequentemente, a área de frialdade é menor. A circulação colateral mantêm uma parte do tecido viável, esse tecido está frio, mas ainda é um tecido viável. PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 3 Frialdade: diminuição da temperatura porque tem menos sangue chegando naquele local. Artéria obstruída – ela se divide e em diversos ramos, mas uma parte dela já está obstruída e abaixo dessa obstrução há isquemia. A FRIALDADE NA ÁREA ISQUÊMICA É INVERSAMENTE PROPORCIONAL A CIRCULAÇÃO COLATERAL. QUANTO MAIOR CIRCULAÇÃO COLATERAL, MENOR A FRIALDADE. Atrofia Alterações cutâneas Atrofia – diminuição de tecido – queda dos pelos – alterações ungueais – ulceras – calosidades – edema – bolhas – gangrena (alterações agudas). Alterações ungueais: onicogrifose. As gangrenas são alterações agudas. Gangrena seca: parece uma mumificação Gangrena úmida: secreção, pus e odor forte, tem infecção bacteriana. Síndromes arteriais periféricas Manifestações clínicas Intensidade e tipo dependem da área acometida AVE IAM Isquemia mesentérica Isquemia de membros Síndrome isquêmica aguda dos membros Dor variável, súbita ou insidiosa – depende do quanto obstruiu, se tem alteração de neuropatia junto. Insidiosa: a claudicação entra nesse grupo; piora progressivamente. Parestesia – dormência, formigamento e diminuição da sensibilidade. Paralisia – perda do movimento – se tem isquemia o aporte de oxigênio é menor e há menos ATP sendo fabricado naquele local, isso compromete motilidade. Alteração da cor e temperatura da pele (frialdade) Contratura muscular Lesões da pele (bolhas) Ausência de pulsos periféricos, distalmente à oclusão Dor piora intensidade disfunção Eritrocianose – isquemia fixa – necrose – amputação do membro Dor Pequena a fortíssima intensidade (sudorese/choque) Ausente (circulação colateral) Persistência da isquemia – perda da sensibilidade tátil, térmica e dolorosa Mialgia (2º local) à palpação e mobilização Contratura de Volkmann (4-6h) Cianose Palidez seguida por cianose Enchimento lentificado Desaparece a cianose com a compressão Se não desaparecer = ISQUEMIA IRREVERSÍVEL A cianose pode ou não ser fixa Cianose fixa: quando aperta o membro para pesquisar enchimento capilar ele não temesvaziamento, ou seja, não tem a palidez da pesquisa de enchimento capilar. Cianose não fixa: cianose que desaparece com a compressão PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 4 Evolução clínica Síndrome isquêmica crônica Sintomatologia depende: Grau de acometimento arterial Localização da lesão Grau de desenvolvimento da circulação colateral Claudicação intermitente Isquemia grave: Dor em repouso Perda de pelos Ulceras periungueais – abre feridas por má perfusão Eritrocianose Onicogrifose Gangrena de pododáctilos Síndrome de Leriche Dor tipo claudicação em nádegas e coxas Impotência sexual Hipotrofia muscular de coxas e pernas – a musculatura reduz de volume, sendo distrófica (não é totalmente atrófica). Qual local da obstrução? Acontece no final da aorta abdominal. Nesse caso, vai ter frialdade. Arteriosclerose É uma perda da elasticidade de uma artéria. Pode acontecer em qualquer artéria, em aorta ou uma mínima artéria do dedo do pé. É uma condição que agrupa diversas doenças com fisiopatologias diferentes. Esclerose senil de grandes vasos – hipertensão sistólica Mediosclerose de Monckberg – traqueia de passarinho Há fibrose da camada média. A artéria é constituída por três camadas e a túnica média tem deposição de tecido de cicatrização (fibrose). Isso traz um dado que chama atenção para achado relacionado com envelhecimento. Não possui relação com a íntima ou com endotélio, por isso não é fator de risco para obstrução dessa artéria. Essa condição é muito encontrada em pacientes idosos na artéria radial. Como achar? Ao palpar a artéria deveríamos sentir ela lisa, mas os depósitos de fibrose na camada média fazem com que essa artéria tenha um efeito de traqueia ao toque, ou seja, ela vira uma artéria irregular (por isso é chamada de traqueia de passarinho. ESSA CONDIÇÃO NÃO TRADUZ RISCO CARDIOVASCULAR Arteriosclerose – pressão arterial, exame de fundo de olho Aterosclerose – evento trombótico* Microangiopatia diabética – mucopolissacarídeos Paciente com diabetes não controlado possui formação de mucopolissacarídeos (produto de glicação avançada) que são depositados na microcirculação – dificuldade do fluxo – perfusão dificultada. Aterosclerose* Subtipo mais comum e mais associado à trombose. A aterosclerose é endurecimento da artéria por depósito de gordura na artéria, há formação da placa de ateroma. A artéria perde a elasticidade, ficando mais rígida. Fatores de risco: Dislipidemia – colesterol elevado HAS e DM Tabagismo Obesidade Estresse Anticoncepcionais – hipercoagulabilidade deixa o sangue mais viscoso e mais propenso a formação de trombos, aumentando a chance oclusão. PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 5 A deposição Endotélio estímulo local faz migração de macrófagos a partir da parede dos vasos eles chegam por resposta inflamatória (fatores de risco) macrófago internaliza gotículas lipídicas e vira uma célula enorme cheia de lipídios e células espumosas com vacúolos de gordura aumento do volume espessando a subíntima fibroblastos chegam e fazem depósito de fibrose aumento da placa e aumenta a rigidez. A placa estreita o lúmen até o momento que rompe – formação de coágulo que pode reduzir a luz ou ocluir completamente. Se reduz a luz: angina Se oclui: infarto Tromboangiite – Doença de Buerger Alteração inflamatória das pequenas e médias artérias das extremidades, que se acompanha de comprometimento das veias superficiais e profundas. Flebite (inflamação da veia) em várias fases evolutivas. Lesões endoteliais dando início à formação de trombos que ocluem o lúmen arterial. Homens jovens (9:1) Na fase inicial das flebites o paciente apresenta frebícula, dor no trajeto da veia comprometida, edema no membro afetado e episódios de fenômeno de Raynaud. Na fase de comprometimento arterial, pode surgir claudicação intermitente e até gangrena. Não consegue dormir, sentado e afagando o membro comprometido (frialdade, edema, eritrocianose, hiperidrose e lesões ulceradas ou necróticas nos pododáctilos). Arterite Aortite sifilítica Treponema pallidum 10-20 anos após Aorta ascendente e válvula aórtica (insuficiência) e IAM Arterite de Takayasu – etiologia desconhecida Mulheres < 40 anos Coronárias e artérias pulmonares Sintomas sistêmicos (febre, mialgia, dor no trajeto) Fibrose tardia e dilatação aneurismática Aneurismas > 50%, se menor = ectasia Toda dilatação de uma artéria, sendo essa dilatação maior que 50% que essa artéria. Se for menor que 50%, isso é uma ectasia. Pseudoaneurisma – falso aneurisma, não envolve as três camadas do vaso, em aneurisma todas as camadas estão dilatadas Idosos, tabagismo, > homens Dor, rubor adjacente, rouquidão (nervo laríngeo recorrente) PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 6 Aneurismas dissecantes Há três camadas, no dissecante há dilatação da artéria associada ao aumento da pressão arterial que cria ruptura no endotélio. O fluxo sanguíneo que passa ali começa a se insinuar e cria um novo lúmen, como se fosse uma nova artéria por baixo do endotélio – parece uma dupla luz dentro da artéria. O sangue separa o endotélio da camada média. O quadro clínico é uma dor insuportável, sensação de morte eminente, na em medida que separa o endotélio o paciente vai sentindo dor. Muitas vezes o resultado é abordagem cirúrgica.