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Serviço Social na contemporaneidade tendências e debates atuais

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Serviço Social na contemporaneidade: 
tendências e debates atuais
Apresentação
A trajetória histórica do Serviço Social acompanhou os desdobramentos das transformações 
societárias, não sendo dissociada das lutas sociais em busca da democratização do Brasil. Passou, 
portanto, por períodos de intensificação das desigualdades sociais ao mesmo tempo em que o 
Estado assume, gradativamente, seu papel e responsabilidade no enfrentamento da questão social.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará o Serviço Social na Contemporaneidade, suas 
tendências e debates atuais, bebendo da fonte teórica das produções consagradas do Serviço 
Social. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Situar o serviço social em sua trajetória histórica e em seus desdobramentos no contexto de 
intensificação das desigualdades sociais.
•
Reconhecer as contradições da questão social, suas expressões e os desafios que impõem aos 
assistentes sociais na contemporaneidade.
•
Relacionar o projeto ético-político profissional dos assistentes sociais com as transformações 
societárias no Brasil do século XXI.
•
Desafio
Você é um assistente social, concursado e recém-nomeado em um município de pequeno porte, 
lotado na Secretaria de Assistência Social, que atua em um Centro de Referência Especializado de 
Assistência Social (CREAS) o qual atende famílias e indivíduos que tiveram seus direitos sociais 
ameaçados ou violados.
Como assistente social, é importante que você saiba que o papel do CREAS compreende:
Em um dia de trabalho você recebe uma nomeação do Juiz da Comarca para que realizasse um 
“Estudo Social na residência de Maria Joaquina da Silva”, significando, nesses termos, que o poder 
judiciário solicita à assistente social do poder executivo a realizar uma visita domiciliar na casa da 
usuária e relatá-la ao juiz em documento por ele nomeado de "Estudo social".
Coincidentemente, se tratava de uma usuária do CREAS. Aqui, é importante que seja 
esclarecido que o correto a constar no documento do Juiz seria “Perícia social” em lugar de “Estudo 
social na residência”, sendo que o produto dessa Perícia seria o Laudo Técnico. Também, que 
Estudo Social é amplo, e a visita domiciliar é um instrumento, apenas, que pode ser utilizado para 
compor o Estudo Social.
Agora, analisando o que prevê o Código de Ética de 1993 acerca dos direitos e das 
responsabilidades gerais do(a) assistente social e o documento do Ministério do Desenvolvimento 
Social e Combate à Fome aqui apresentado, como você deveria proceder? Considerando a história 
relatada, elabore uma resposta com o devido embasamento teórico.
Infográfico
Acompanhe no Infográfico a relação entre os Códigos de Ética do Serviço Social com as 
transformações societárias nos aspectos social, político, econômico e cultural. Veja que o meio 
influencia os debates e linhas teóricas adotadas pela categoria dos Assistentes sociais na mesma 
medida em que a profissão também infere na sociedade pelas suas atuações profissionais.
Conteúdo do livro
No Serviço Social, as contradições inerentes à questão social, bem como as contradições das 
formas disponíveis ao seu enfrentamento devem ser consideradas. São muitos os desafios impostos 
aos assistentes sociais na contemporaneidade, mas um dos maiores deles é a sua própria superação 
e constante amadurecimento, pois, em tempos de crises, nos mais diversos níveis, é fundamental, 
ao profissional, o constante aprofundamento do conhecimento.
Acompanhe a leitura do capítulo Serviço Social na contemporaneidade: tendências e debates 
atuais, da obra Fundamentos Histórico e Teórico Metodológicos do Serviço Social III e IV, que serve 
como referencial teórico para esta Unidade de Aprendizagem.
Boa leitura.
FUNDAMENTOS 
HISTÓRICO E 
TEÓRICO 
METODOLÓGICOS 
DO SERVIÇO 
SOCIAL III E IV
Andréia Saraiva Lima
 
Serviço Social na 
contemporaneidade: 
tendências e debates atuais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Situar o Serviço Social em sua trajetória histórica e em seus desdo-
bramentos no contexto de intensificação das desigualdades sociais.
  Reconhecer as contradições da Questão Social, suas expressões e os 
desafios que impõem aos assistentes sociais na contemporaneidade.
  Relacionar o Projeto Ético-Político profissional dos assistentes sociais 
com as transformações societárias no Brasil do século XXI.
Introdução
Neste capítulo, você estudará o Serviço Social na contemporaneidade, 
suas tendências e debates atuais, bebendo da fonte teórica das produções 
consagradas do Serviço Social. Para isso, são destacados autores como 
Iamamoto, que, em sua obra O Serviço Social na Contemporaneidade: 
trabalho e formação profissional (2003), apresenta reflexões sempre atuais 
acerca do Serviço Social contextualizado e em seu movimento histórico, 
além de outras visões que podem contribuir imensamente para o seu 
aprendizado.
A trajetória histórica da profissão acompanhou os desdobramentos 
das transformações societárias, não sendo dissociada das lutas sociais 
em busca da democratização do Brasil. Passou, portanto, por períodos 
de intensificação das desigualdades sociais ao mesmo tempo em que 
o Estado assume, gradativamente, seu papel e sua responsabilidade no 
enfrentamento da Questão Social.
Neste capítulo, serão apresentadas as contradições inerentes à Questão 
Social, bem como as contradições das formas disponíveis ao seu enfrenta-
mento. São muitos os desafios impostos aos assistentes sociais na contem-
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poraneidade, mas um dos maiores é a sua própria superação e o constante 
amadurecimento, pois em tempos de crise, nos mais diversos níveis, é fun-
damental ao profissional o constante aprofundamento do conhecimento.
Serviço Social no Brasil: história e atualidade
Estamos vivendo, no Brasil, uma importante crise política, ética, econômica e 
social. Associado a isso, a perda de direitos trabalhistas vem sendo crescente. 
Os aspectos macrossocietários da contemporaneidade, como, por exemplo, 
a crise econômica o desemprego, o subemprego e a luta pela sobrevivência, 
são uma constante.
O Serviço Social é desafiado a analisar a realidade considerando seu movi-
mento histórico, e isso significa não apenas olhar para trás, mas acompanhar as 
transformações societárias do presente, identificando os seus fatores condicionan-
tes e as contradições inerentes à sociedade capitalista na qual estamos imersos.
 Segundo Iamamoto (2008), o alargamento dos horizontes e o consequente 
olhar para o movimento das classes sociais do Estado em suas relações com 
a sociedade foi importante não apenas para o Serviço Social iluminar as 
particularidades da profissão, mas, também, para avançar e apreendê-lo na 
história da sociedade da qual é parte. Por ter tido essa capacidade de olhar 
para dentro a partir do olhar para o todo, hoje, o Serviço Social é compreen-
dido como uma especialização inserida na divisão sóciotécnica do trabalho 
e estuda o processo de trabalho em que se insere o assistente social.
Para Iamamoto (2003), “[...] a expansão da profissão no Brasil está in-
timamente ligada ao padrão de desenvolvimento do período pós-guerra” 
(IAMAMOTO, 2003, p. 20). Segundo a autora, tratar o Serviço Social como 
especialização do trabalho, inserido na mercantilização, no universo do valor, 
significa privilegiar a produção e a reprodução da vida social como determinan-
tes na constituição da materialidade e da subjetividade das classes que vivem 
do trabalho. Nesse sentido, a produção/reprodução da vida social abrange a 
dimensão econômica e a reprodução das relações sociais de indivíduos, grupos 
e classes sociais, além das formas de pensar, ou as formas de consciência, a 
partir das quais se apreende a vida social: “Relações sociais que envolvem 
poder, sendo relações de luta e confronto entre classes esegmentos sociais, 
que têm no Estado uma expressão condensada da trama do poder vigente na 
sociedade” (IAMAMOTO, 2003 p. 20). Isso significa, ainda, a recusa de visões 
unilaterais ou isoladas da realidade social, ou seja, a afirmação da ótica da 
totalidade para a compreensão da dinâmica da vida social.
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Outro fator desenvolvido pela autora e que é importante tratar aqui é a de-
sorganização e a destruição dos serviços sociais públicos como um persistente 
desafio ao Serviço Social que trabalha no campo da defesa e/ou realização 
de direitos sociais e de cidadania na gestão da coisa pública. Essa realidade 
nos remete à reflexão contemporânea sobre o trabalho profissional, de modo 
que o Serviço Social tome “um banho de realidade brasileira, munindo-se de 
dados, informações e indicadores que possibilitem identificar as expressões 
particulares da questão social, assim como os processos sociais que as repro-
duzem” (IAMAMOTO, 2003, p. 37-38).
Serviço Social: trajetória histórica 
e desdobramentos no contexto de 
intensificação das desigualdades sociais
O Serviço Social surge no Brasil, de forma muito incipiente, em 1932, com a 
criação do Centro de Estudos e Ação Social e, do Curso Intensivo de Formação 
Social para Moças, em 1936, a primeira escola de Serviço Social, fundada pela 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, que formava profi ssionais para o 
exercício de ações sociais. Teve, portanto, sua raiz na Igreja Católica, formando 
exclusivamente moças ligadas à Igreja, pois os primeiros cursos tinham o 
objetivo de “[...] formar ideologicamente os quadros da Igreja, especialmente 
dos militantes da Ação Católica” (BARREIRO, 2010, p. 74).
Como não poderia ser diferente, em plenos anos 1930, período do governo 
populista e assistencialista de Getúlio Vargas, o Serviço Social ganhou espaço 
junto ao desenvolvimento industrial no Brasil: a população urbana aumentava 
e as greves e mobilizações contra a exploração do trabalho também.
Nesse sentido, o Governo Vargas, estrategicamente, buscava atender algumas 
das necessidades dos trabalhadores urbanos e, assim, controlá-los. De tal modo, 
também supria as necessidades dos donos do capital e dos meios de produção.
Diante disso, podemos afirmar que o Serviço Social surgiu para con-
trolar os trabalhadores, e não para garantir seus direitos, utilizando-se da 
doutrina de São Tomás de Aquino, do positivismo de Augusto Comte e do 
funcionalismo de Durkheim.
Durante o período de alavancagem da industrialização do país no Governo 
Vargas, de 1930 a 1945, ocorreu também o alargamento das desigualdades 
sociais. Com o objetivo de evitar a dependência dos produtos de outros países, 
foram realizados grandes investimentos na indústria. Apesar disso, as desi-
gualdades sociais foram inauguradas muito antes no Brasil, pois os sucessivos 
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governos oligárquicos e militares deixaram suas parcelas de contribuição para 
a sociedade brasileira, especialmente para a classe trabalhadora, que sempre 
acaba sendo a mais afetada.
Naquele período, entre 1930 e 1940, o Serviço Social buscava sua bagagem 
teórica na filosofia de São Tomás de Aquino, chamada de tomista, que defendia 
a democracia orgânica e comunitário-personalista, ou seja, a sociedade deveria 
organizar-se em torno da comunidade. Essa forma de organização comunitária 
resultaria em um progresso técnico e industrial, norteado pela “[...] ética da pessoa 
e do amor, culminando na cristianização das classes dominantes, na conquista 
das massas e na conscientização dos trabalhadores” (BARREIRO, 2010, p. 74).
Precisamos lembrar que o Brasil viveu avanços no que se refere à implanta-
ção de políticas sociais e à aquisição de direitos trabalhistas; a população fazia 
resistência a partir de importantes movimentos sociais, mesmo que o governo de 
Getúlio Vargas tratasse os direitos sociais e as políticas públicas como concessão. 
Apesar da conquista de direitos sociais, o contexto era o de uma ditadura militar, 
de maneira que foram infligidas sérias restrições de direitos civis e políticos.
O Serviço Social não surgiu no Brasil antes de ter sido inaugurado em países 
da Europa e nos Estados Unidos da América e, por isso, importou a bagagem 
teórica desses países, sem considerar as diferenças socioculturais existentes.
Até 1965, o Serviço Social tinha um embasamento teórico-metodológico 
que reforçava o status quo e, portanto, servia aos interesses do capital. Dessa 
forma, em pleno período de intensificação do controle e da repressão sobre 
a classe trabalhadora, a categoria profissional vinha se questionando sobre 
a sua própria atuação.
Assim, começa a despontar o Movimento de Reconceituação, no ano 
de 1965, com o objetivo de rever a prática, buscar embasamento teórico-
-metodológico para a construção da sua própria teorização, assumir a dimensão 
política do Serviço Social e, posteriormente, romper com o Serviço Social 
tradicional. Esse Movimento, que estabeleceu amplos debates no interior da 
categoria profissional, durou até 1985 e apresentou três vertentes principais 
no Serviço Social: a vertente da conservação modernizadora, a vertente fe-
nomenológica e a vertente marxista.
Quanto à economia, vale mencionar o período do milagre econômico que 
se deu juntamente aos anos de chumbo, no governo de Emílio Garrastazu 
Médici, de 1969 a 1974. Esse momento histórico foi caracterizado por intensa 
violência política, luta armada e terrorismo. O governo arbitrava em assuntos 
relacionados à cultura e, principalmente, nos meios de comunicação, utilizando 
a censura para influenciar massivamente a sociedade da época, padronizando 
comportamentos, especialmente de consumo.
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Afirmava-se que era preciso “fazer a riqueza crescer para depois dividi-la”, 
mas, obviamente, essa divisão nunca aconteceu. Nessa linha de raciocínio, 
o governo realizou empréstimos internacionais para investir nas indústrias, 
o que resultou em um grande crescimento nas indústrias automobilísticas e 
de eletrodomésticos.
Conheça a história da famosa e polêmica frase de Delfim 
Netto, em que comparava a economia do País a um bolo.
https://goo.gl/r8NMPy
Essa promessa, quase a garantia de crescimento econômico e da acumulação 
de capital nacional e internacional, somente poderia ser efetivada à custa da 
exploração da classe trabalhadora, que vinha enfrentando o arrocho salarial, 
péssimas condições de trabalho e perdas de direitos civis e políticos aliados 
à pressão política. As indústrias só não cresciam mais que a dívida externa, 
que chegava a US$ 100 bilhões em 1984 (COUTO, 2004).
O Serviço Social, enquanto fruto do padrão de produção e desenvolvimento 
do pós-guerra, sob a hegemonia norte-americana, tensionado pela Guerra Fria 
diante das ameaças comunistas, é afetado por essa conjuntura. No Brasil, vive-
mos os “30 anos gloriosos do pós-guerra” até meados dos anos 1970, período 
que se caracterizou pela expansão da atividade da indústria, conduzida pelos 
princípios do taylorista/fordista, enquanto estratégia adotada, pelos grandes 
proprietários dos meios de produção, para a racionalização e organização da 
produção. Entretanto, começam a surgir indícios de esgotamento desse padrão 
de desenvolvimento, que culminou na crise de 1970, com claros sinais de es-
tagnação da economia capitalista e altos índices inflacionários. Tais mudanças 
na divisão social e técnica do trabalho criaram as condições necessárias para 
as revoluções cientifica e tecnológica e afetaram as formas de produção e 
as de gestão da força de trabalho, que pretendiam responder aos padrões de 
qualidade,competitividade e rentabilidade da produção estabelecidos pela 
competitividade capitalista internacional (IAMAMOTO, 2003).
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Dessa forma, surgiu o trabalhador polivalente, que é desafiado a desempe-
nhar múltiplas tarefas ao mesmo tempo e pelo mesmo salário, configurando 
um movimento de construção/desconstrução de habilidades e qualificações 
profissionais. Naquele período, ocorreu a diminuição das ofertas de emprego 
e a precarização das relações e dos direitos do trabalho. Ampliou-se, por-
tanto, o desemprego estrutural, gerando alterações na esfera do trabalho, 
comprometendo transversalmente o espaço ocupacional do assistente social 
no que se refere às condições de trabalho, às demandas apresentadas, às 
funções desempenhadas, às propostas de trabalho do Serviço Social e à 
qualificação exigida.
Olhando para fora do Serviço Social, podemos afirmar que, quando ocor-
reu a primeira crise do capital ou “crise do petróleo” após a Segunda Guerra 
Mundial, o mundo viu-se abalado e, no Brasil, não poderia ser diferente. A 
economia brasileira entrou em crise com a descoberta de que o petróleo não 
é um recurso natural renovável; essa notícia provocou muitas variações em 
seu preço, desestabilizando economias e gerando conflitos internacionais.
O Brasil entrou fundo nessa crise porque importava 80% do petróleo 
consumido. Com o arrocho salarial imposto à classe trabalhadora, a maioria 
da população não tinha poder de compra, não podendo consumir os produtos 
brasileiros que, por sua vez, tornaram-se muito caros.
Portanto, além da grave situação política que o Brasil enfrentava com a 
ditadura militar, ainda havia a crise econômica, que foi sendo agravada desde 
o Brasil Império, na verdade, passando posteriormente pelos governos oligár-
quicos, que governavam para seus próprios interesses econômicos, ligados à 
produção de café e do leite.
Nesse contexto de ditadura militar, repressão e crises econômicas, o 
Serviço Social esteve em um processo de profundas transformações, bus-
cando novas correntes teóricas e refletindo sobre sua própria formação e 
atuação profissional.
Antes do processo de reconceituação do Serviço Social, passamos pelos 
governos de Getúlio Vargas, em 1930, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e 
João Goulart. O Movimento de Reconceituação iniciou no governo de Hum-
berto Castelo Branco, continuando nos governos de Artur da Costa e Silva, 
da Junta Militar (que impediu a posse de Pedro Aleixo), Emílio Garrastazu 
Médici, Ernesto Geisel, João Figueiredo e, por fim, José Sarney (vice-presidente 
que assumiu a presidência devido à morte de Tancredo Neves).
O Serviço Social brasileiro, nesse período de reconceituação da profissão, 
não ficou voltado somente para o seu interior, mas esteve atento às trans-
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formações, às resistências contra o autoritarismo e às crises econômicas, 
políticas e sociais, não somente como observador, mas participativamente. Os 
profissionais lutaram ao lado de movimentos sociais, estudantis e sindicais 
pela redemocratização do país. Olhar para fora de si proporcionou as condi-
ções efetivas de transformação e rompimento com as posturas balizadas no 
positivismo, clientelismo e assistencialismo.
A partir do Movimento de Reconceituação, mais especificamente no fim 
dos anos 1970 e início de 1980, durante o governo Geisel, o Serviço Social 
passou a se aproximar da teoria social crítica de Marx e a compreender o 
objeto profissional como a Questão Social, fruto da relação capital/trabalho.
Questão social apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades 
da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é 
cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto 
a apropriação dos seus frutos torna-se cada vez mais privada, monopolizada 
por uma parte da sociedade (IAMAMOTO, 2003, p. 27).
A Questão Social, em suas múltiplas manifestações, é o objeto do Serviço 
Social. Por ser multifacetada, exige a leitura necessária, profunda e constante 
da realidade, identificando as suas contradições articuladamente ao movimento 
histórico no qual é engendrada.
O Projeto Ético-Político profissional dos 
assistentes sociais e as transformações 
societárias no Brasil do século XXI
Com a institucionalização da profi ssão, em 1945, foi necessária a elaboração 
do Código de Ética, publicado em 1947. Em sua introdução, já é possível 
identifi car o posicionamento da profi ssão em relação à sua atuação profi ssio-
nal. Na época, a ética e a moral eram conceituadas como “[...] a ciência dos 
princípios e das normas que se devem seguir para fazer o bem e evitar o mal” 
(ASSOCIAÇÃO..., 1947, documento on-line).
Outro ponto importante do Código de Ética de 1947, também na sua introdução, 
é a relevância dada à rigidez moral. Segundo consta no documento, compreendia-
-se que o Serviço Social não tratava apenas de fator material e “[...] não se limita 
à remoção de um mal físico, ou a uma transação comercial ou monetária, mas 
7Serviço Social na contemporaneidade: tendências e debates atuais
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tratava com pessoas humanas desajustadas ou empenhadas no desenvolvimento 
da própria personalidade” (ASSOCIAÇÃO..., 1947, documento on-line).
Portanto, o Serviço Social apresentava características moralizantes, apoiava-
-se na matriz positivista, funcionalista, concebendo os sujeitos da ação pro-
fissional como desajustados. Nesse sentido, as pessoas deveriam se ajustar à 
sociedade e desenvolver a própria personalidade.
Esse pequeno exemplo espelha o Serviço Social da época, que foi criado 
para atender a essa lógica moralista católica e capitalista desenvolvimentista 
de Getúlio Vargas. Fica muito clara a sua raiz teórica e metodológica quando 
adentramos nesse importante documento no que concerne a seus deveres:
É dever do Assistente Social: 1. Cumprir os compromissos assumidos, respei-
tando a lei de Deus, os direitos naturais do homem, inspirando-se sempre em 
todos seus atos profissionais, no bem comum e nos dispositivos da lei, tendo 
em mente o juramento prestado diante do testemunho de Deus (ASSOCIA-
ÇÃO..., 1947, documento on-line).
O Código de Ética de 1965 foi aprovado um ano depois do Golpe de 1964, 
momento repressivo no qual a profissão vinha passando por pressões polí-
ticas importantes. Foi também esse o período do início do Movimento de 
Reconceituação da profissão, que estava começando a questionar-se sobre a 
quem estavam servindo realmente. Algumas mudanças importantes já eram 
apresentadas, como, por exemplo, a formação da consciência profissional 
enquanto fator essencial, valorizando o Código de Ética como instrumento 
de apoio e orientação para os assistentes sociais. Também estão destacadas, 
nesse documento, as dimensões técnica e científica do Serviço Social, bem 
como a noção de responsabilidade ampliada.
Quando o documento versa sobre a pluralidade, destaca que “Um Có-
digo de Ética se destina a profissionais de diferentes credos e princípios 
filosóficos, devendo ser aplicável a todos” (CONSELHO..., 1965, documento 
on-line) – essa afirmação já rompe com a ideia do código de 1947, que trazia 
a crença em Deus.
Esse Código de Ética já trazia a Criação do Conselho de classe, mas com 
outra nomenclatura, diferente da que temos atualmente. Em seu artigo 3°, 
versa sobre a criação do órgão: “Ao Conselho Federal de Assistentes Sociais 
(CFAS) e aos Conselhos Regionais de Assistentes Sociais (CRAS), órgãos 
criados para orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão e do 
presente Código” (CONSELHO..., 1965, documento on-line).
Serviço Social na contemporaneidade: tendências e debates atuais8
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Segundo Barroco (2005), os Códigos de Ética de 1965 a 1975 permanecem 
com as mesmas concepções do tradicionalismo, apresentando apenas algumas 
diferenças pontuais quanto ao pluralismo na década de 1960. A fundamentação 
tomista evidenciada nesse Código de Ética é também a base teórica dos códigos 
de ética de países como, por exemplo, a França e a Bélgica.
Outro aspecto a assinalar é a visão de Caso, Grupo e Comunidade expli-
citada no documento, diferentemente do primeiro Código de Ética.
Art. 7° - Ao assistente social cumpre contribuir para o bem comum, esfor-
çando-se para que o maior número de criaturas humanas dele se beneficiem, 
capacitando indivíduos, grupos e comunidades para sua melhor integração 
social (CONSELHO..., 1965, documento on-line).
Diante disso, algumas mudanças são constatáveis, mas os Códigos de Ética 
continuaram a refletir o gradual amadurecimento profissional.
Barroco (2005) afirma que, no Código de Ética de 1975, retrocede-se em 
aspectos, como o respeito aos princípios democráticos na perspectiva da luta 
pelo estabelecimento de uma ordem social justa e o dever de respeitar as posi-
ções filosóficas, políticas e religiosas, ou seja, o pluralismo, pois esses pontos 
foram excluídos do documento. O documento também reafirmava a posição 
acrítica em relação à ação disciplinadora do Estado, que teria o direito de 
interferir e arbitrar sobre as atividades profissionais em nome do bem comum. 
Tratou-se, portanto, da reafirmação do conservadorismo da mesma forma que 
a vertente fenomenológica proposta por Ana Augusta de Almeida em 1977.
Estando o Serviço Social em pleno processo de reconceituação de suas 
bases teórico-metodológicas, aliado ao fato de que se estava em um período 
de enfraquecimento da ditadura militar no Brasil, foi natural o avanço dos 
debates e a elaboração de um novo Código de Ética, sintonizado com o desejo 
de ruptura com o autoritarismo, o assistencialismo e o clientelismo. Assim, 
em 1986, foi aprovado o novo Código de Ética profissional.
Projeto Ético-Político e os Códigos de Ética 
de 1986 e de 1993
Você sabe o que é o Projeto Ético-Político profi ssional e em qual documento o 
encontramos? Como ele se materializa na ação profi ssional do assistente social?
O Projeto Ético-Político do Serviço Social está expresso nos principais 
documentos que regem a profissão: o Código de Ética e a Lei de Regula-
9Serviço Social na contemporaneidade: tendências e debates atuais
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mentação da Profissão, que são o espelho do pensamento de uma categoria 
profissional em uma determinada época, como pudemos observar com os 
Códigos de Ética de 1947 e 1965 e como vamos constatar nos Códigos de 
1986 e 1993.
O Código de Ética de 1986, já em sua introdução, apresentava as suas trans-
formações morais e práticas, relacionando-as com as modificações ocorridas 
na sociedade brasileira. “De acordo com a forma em que esta se organiza para 
produzir, cria seu governo, suas instituições e sua moral” (CONSELHO..., 
1986, documento on-line).
O presente Código de Ética Profissional do Serviço Social é resultado de um 
amplo processo de trabalho conjunto, desencadeado a partir de 1983. Em 
diferentes momentos deste processo, os assistentes sociais foram solicitados, 
através do CFAS/CRAS e demais entidades de organização da categoria, a 
dar contribuições e a participar de comissões, debates, assembleias, semi-
nários e encontros regionais e nacionais. Seu conteúdo expressa princípios 
e diretrizes norteadores da prática profissional determinados socialmente, 
e traz a marca da conjuntura atual da sociedade brasileira (CONSELHO..., 
1986, documento on-line).
O referido Código de Ética introduziu o que chamou de “uma nova 
ética, tendo como referência o encaminhamento da prática profissional 
articulada às lutas da classe trabalhadora” (CONSELHO..., 1986, docu-
mento on-line). Entretanto, espelha, também, as vertentes teóricas que 
compuseram os debates no interior da categoria profissional, entre as quais 
estão o ecletismo e a fenomenologia, que são, ainda, a representação da 
conservação modernizadora.
Contudo, essa foi a primeira expressão da aproximação do Serviço Social 
com a teoria marxista; já havia a compreensão da Questão Social como seu 
objeto, e a profissão começou a materializar a questão em sua regulamentação 
e ordenação, formalizando seu compromisso com a classe trabalhadora.
Foi a partir das lutas sociais pela democracia no Brasil que o Serviço Social 
ampliou o debate acerca do seu Projeto Ético-Político profissional. A Cons-
tituição Federal de 1988 foi o marco da democracia e da garantia de direitos, 
vindo a fortalecer a ruptura já avançada com o Serviço Social tradicional.
Naquele momento, foi criado o tripé da seguridade social brasileira: saúde, 
previdência e assistência social. Ainda que limitada devido aos sucessivos 
governos neoliberais que tivemos, foi um importante avanço para a garantia 
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de direitos. Nesse sentido, o Serviço Social veio a defender a Política de 
Seguridade Social na perspectiva das garantias de direitos, embasado no 
Projeto Ético-Político.
José Paulo Netto (1999, p. 95) define o Projeto Ético-Político do Serviço 
Social como:
[...] conjunto de valores que legitimam socialmente o Serviço Social, delimi-
tam e priorizam seus objetivos e funções, formulam as condições teóricas, 
institucionais e práticas para o seu exercício, prescrevem normas para o 
comportamento dos profissionais e estabelecem as balizas de sua relação com 
o usuário de seus serviços, com as outras profissões e com as organizações 
e instituições sociais.
Você sabe como esses princípios se traduzem no Serviço Social? Tanto 
na Lei de Regulamentação da profissão quanto no Código de Ética profis-
sional de 1993.
O Código de Ética de 1993 foi elaborado a partir da necessidade de 
que se reforçassem os princípios conquistados no documento de 1986. O 
novo Código de Ética reafirmou e fortaleceu os valores da liberdade e 
da justiça social, tendo a democracia admitida como valor ético-político 
fundamental e como o único padrão de organização político-social capaz de 
assegurar a explicitação dos valores essenciais da liberdade e da equidade 
(BRASIL, 2011).
Segundo consta no Código de Ética de 1993, em seus princípios básicos, o 
Serviço Social optou “[...] por um projeto profissional vinculado ao processo 
de construção de uma nova ordem societária, sem dominação, exploração de 
classe, etnia e gênero” (BRASIL, 2011, p. 24).
A Lei n° 8.662/93 regulamenta a profissão, estabelecendo as atribui-
ções dos assistentes sociais em relação às suas competências e novas 
nomenclaturas para o órgão fiscalizador da profissão. Assim, altera as 
denominações do Conselho Federal de Assistentes Sociais (CFAS) e dos 
Conselhos Regionais de Assistentes Sociais (CRAS) para, respectivamente, 
Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e Conselhos Regionais de 
Serviço Social (CRESS).
A supramencionada lei é fundamental para a profissão, pois lhe dá le-
gitimidade e a institucionaliza, além de estabelecer a atuação dos órgãos 
fiscalizadores e normativos, bases nas quais o Serviço Social se apoia para o 
desempenho das suas atividades profissionais.
11Serviço Social na contemporaneidade: tendências e debates atuais
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As contradições da questão social, suas 
expressões e os desafios que impõem aos 
assistentes sociais na contemporaneidade
A Questão Social existe mesmo antes de ser compreendida pelo Serviço Social 
como seu objeto de intervenção: está atrelada à urbanização e ao processo de 
industrialização, por isso é conceituada como fruto da relação capital/trabalho.
As expressões da Questão Social produzidas por essarelação capital/
trabalho são múltiplas e precisam ser compreendias em seus 360 graus, ou 
seja, analisando-se todos os seus lados, por dentro e por fora. Por exemplo, 
em relação à exclusão do mercado formal de trabalho, é preciso analisar os 
fatores condicionantes e determinantes, as consequências diretas e indiretas 
na sociedade, nas comunidades de diferentes classes sociais. Trata-se da 
dimensão investigativa da profissão que precisa ser colocada em ação para a 
compreensão aprofundada do objeto de estudo.
A Questão Social é uma só, mas ela se desdobra em expressões singulares e 
plurais na vida dos indivíduos sociais. Imagine que um sujeito de quarenta anos 
de idade, com baixa escolaridade, pai de família sem casa própria, morando de 
aluguel, é demitido de seu emprego formal. Se isso ocorresse nos dias atuais, 
em meio a uma crise política, econômica e social, como essa expressão da 
Questão Social iria afetar esse sujeito e a sua família? Quais são os fatores 
macroestruturais envolvidos? Quais são os fatores territoriais que podem ser 
analisados? Quais são as estratégias que podem ser utilizadas para garantir 
os direitos dessa família?
Contudo, é preciso compreender, ao mesmo tempo, que existem fatores 
externos à vontade dos sujeitos, que têm formas de enfrentamento particu-
lares que devem ser respeitadas. Ao mesmo tempo, o Estado tem o papel 
fundamental de estruturar mecanismos de enfrentamento da Questão Social, 
não podendo deixar esse encargo, exclusivamente, aos indivíduos sociais ou 
mesmo à sociedade civil.
O Estado, ao mesmo tempo em que produz e reproduz as desigualdades 
sociais, cria mecanismos de controle da pobreza, visando reduzir as desi-
gualdades sociais e preservar-se no poder. Entretanto, os governos de matriz 
teórica liberal compreendem que as políticas sociais são gastos, despesas que 
não geram desenvolvimento econômico. As políticas de cunho liberal com-
preendem que “[...] cada indivíduo age em seu próprio interesse econômico; 
quando atuando junto a uma coletividade de indivíduos, maximiza o bem-estar 
coletivo” (BEHRIG; BOSCHETTI, 2006, p. 56).
Serviço Social na contemporaneidade: tendências e debates atuais12
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Mas a retirada de direitos também estimula as resistências da sociedade que, 
a partir de movimentos sociais, organiza-se para impor correlação de forças, 
visando impedir o aprofundamento das desigualdades sociais ao privilegiar a 
classe burguesa. Contraditoriamente, o Estado, que deveria proteger as classes 
subalternas, cria barreiras burocráticas e legais para o seu acesso aos direitos 
sociais de forma igualitária.
Um exemplo de perdas de direitos é a reforma trabalhista ocorrida em 
2017. A Lei n° 13.467/2017 alterou pontos importantes da Consolidação das 
Leis Trabalhistas (CLT), afetando a relação entre empregador e empregado, 
questões sindicais e regulação de questões judiciais advindas de reivindica-
ções trabalhistas. As mudanças beneficiam os empregadores e favorecem, 
claramente, o subemprego no Brasil, enfraquecem os sindicatos e inibem 
o trabalhador a usufruir de direitos, uma vez que precisa negociá-los com 
seu empregador.
A partir do momento em que a contribuição sindical passou a ser opcional, 
somente havendo o desconto referente a um dia de salário, mediante autorização 
prévia do próprio empregado, foram reduzidos drasticamente os recursos dos 
sindicados e, consequentemente, seu poder de atuação.
As convenções e os acordos coletivos somente eram válidos, antes da 
reforma, caso não fossem contrários à lei e se mantivessem vantagens ao 
empregado. Entretanto, atualmente, a convenção coletiva e o acordo coletivo 
de trabalho são superiores à lei, permitindo acordos entre patrão e emprega-
dos, por exemplo: jornada de trabalho, observados os limites constitucionais; 
banco de horas; intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de 30 
minutos para jornadas superiores a 6 horas; plano de cargos, salários e funções 
compatíveis com a condição pessoal do empregado e identificação dos cargos 
que se enquadram como funções de confiança; representante dos trabalha-
dores no local de trabalho; teletrabalho, regime de sobreaviso e trabalho 
intermitente; seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; valor 
dos depósitos mensais e da indenização rescisória do FGTS; salário-mínimo; 
valor nominal do 13º salário; remuneração do trabalho noturno superior à 
do diurno; salário-família; repouso semanal remunerado; remuneração do 
serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% à do normal; número 
de dias de férias devidas ao empregado; gozo de férias anuais remuneradas 
com, pelo menos, um 1/3 a mais do que o salário normal.
A lógica da reforma foi a prevalência dos direitos dos empregadores sobre 
os empregados, uma vez que, em situação de crise financeira, as negociações 
se limitam à garantia do emprego. O desemprego, a inflação e o reduzido 
13Serviço Social na contemporaneidade: tendências e debates atuais
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investimento em políticas públicas inibem o trabalhador a exigir seus direitos 
e o colocam em uma posição vulnerável.
O Governo Temer teve como meta a redução dos gastos públicos, como 
de fato se percebe nos valores destinados aos poderes Legislativo, Executivo 
e Judiciário no país. Assim, determinou-se, em 2016, que os gastos públicos 
somente poderão crescer conforme a inflação do ano anterior, o que se dará 
por 20 anos, impedindo melhorias nas áreas da saúde, assistência social e pre-
vidência, por exemplo – trata-se de um freio no desenvolvimento social do país.
Além disso, afirma-se que a previdência social necessita de uma grande 
reforma para equilibrar as contas públicas. Entretanto, segundo a Comissão 
Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Previdência Social afirma, a previdên-
cia é superavitária e a falta de recursos se deve à má gestão. A CPI também 
comprovou que, nos últimos 20 anos, mais de R$ 2 trilhões deixaram de entrar 
nos cofres do INSS e que grande parte desse valor é proveniente da sonegação 
de empresas que não recolhem os benefícios e não são cobradas pelo governo. 
Portanto, o relatório aponta a inexistência de qualquer necessidade de ser 
realizada a reforma nas regras previdenciárias (SENADO FEDERAL, 2017).
Vivemos e continuaremos vivendo por pelo menos 20 anos ainda um 
momento histórico de retirada de direitos, havendo esperança de superarmos, 
antes disso, as crises ética, política e econômica. Trata-se de uma disputa de 
interesses que privilegia os detentores do capital e dos meios de produção em 
detrimento da classe dos trabalhadores.
Esses exemplos de perdas de direitos recentes no Brasil apontam, igual-
mente, um desafio para o Serviço Social, que tem como princípio a garantia 
de direitos dos sujeitos de sua ação profissional. Como garantir acesso aos 
direitos sem mecanismos e recursos adequados a isso? Como desenvolver 
políticas públicas com recursos drasticamente reduzidos? Quais são as estra-
tégias disponíveis ao Serviço Social para o enfrentamento das expressões da 
Questão Social manifestadas em seu cotidiano profissional?
Lidar com situações de vulnerabilidade, risco social e violação de direitos 
de sujeitos sociais exige habilidade em analisar a realidade, articular recursos 
e estabelecer articulações junto à rede socioassistencial, partindo do princípio 
de que as expressões da Questão Social são multifacetadas e, por isso, não 
podem ser enfrentadas, efetivamente, por apenas uma política pública. A 
conjuntura social, política e econômica apresenta limitações que impõem ao 
Serviço Social a capacidade de superação das imposições de políticas sociais 
residuais, focalizadas a partir de recursos insuficientes.
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRADE ASSISTENTES SOCIAIS. Código de ética profissional dos 
assistentes sociais. São Paulo, 1947. Disponível em: <http://cress-sp.org.br/wp-content/
uploads/2015/10/C%C3%B3digo-de-%C3%89tica-1947.pdf>. Acesso em: 04 mar. 2018.
BARREIRO, I. M. F. Política de educação no campo: para além da alfabetização (1952-
1963). São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. Disponível em: <https://repositorio.unesp.
br/handle/11449/109160>. Acesso em: 14 abr. 2018.
BARROCO, M. L. S. Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos. 3. ed. São Paulo: 
Cotez, 2005.
BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Política Social: fundamentos e história. São Paulo: Cortez, 
2006. (Coleção Biblioteca Básica de Serviço Social).
BOSCHETTI, I. Seguridade Social e projeto ético-político do Serviço Social: que direitos 
para qual cidadania? Serviço Social e Sociedade, n. 79, p.108-130, 2004.
BRASIL. Código de ética do/a assistente social: lei nº 8.662/93 de regulamentação da 
profissão. 9. ed. Brasília, DF: Conselho Federal de Serviço Social, 2011. Disponível em: 
<http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP2011_CFESS.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE ASSISTENTES SOCIAIS. Código de Ética Profissional do Assistente 
Social: aprovado a 8 de maio de 1965. Rio de Janeiro, 1965. Disponível em: <http://
www.cfess.org.br/arquivos/CEP_1965.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE ASSISTENTES SOCIAIS. Código de Ética Profissional do Assistente 
Social: aprovado em 09 de maio de 1986. Rio de Janeiro, 1986. Disponível em: <http://
www.cfess.org.br/arquivos/CEP_1986.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2018.
COUTO, B. R. O Direito Social na Sociedade Brasileira: uma equação possível? São Paulo: 
Cortez, 2004.
IAMAMOTO, M. V. Serviço Social em tempo de Capital Fetiche: capital financeiro, trabalho 
e questão social. 2. ed. São Paulo: Cortez 2008.
IAMAMOTO, M. V. Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profis-
sional. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
NETTO, J. P. A construção do projeto ético-político do serviço Social frente a crise 
contemporânea. In: Curso de Capacitação em Serviço Social e Política Social. Módulo 
02, Brasília: CEAD - Universidade de Brasília, 1999.
SENADO FEDERAL. Paim destaca relatório da CPI da Previdência e cobra combate à 
sonegação. 03 out. 2017. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/ma-
terias/2017/10/30/paim-destaca-relatorio-da-cpi-da-previdencia-e-cobra-combate-
-a-sonegacao>. Acesso em: 27 mar. 2018.
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Leituras recomendadas
BARREIRO, I. M. F. Pressupostos filosóficos e ideológicos da política: parceria com a igreja. 
São Paulo: UNESP, 2010. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/q7zxz/pdf/bar-
reiro-9788579831300-04.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2018.
BRASIL. Lei n° 8.662, de 7 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de Assistente Social 
e dá outras providências. Brasília, DF, 1993. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/L8662.htm>. Acesso em: 22 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho 
(CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, 
de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 
1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Brasília, DF, 2017. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.
htm>. Acesso em: 27 mar. 2018.
CONSELHO FEDERAL DE ASSISTENTES SOCIAIS. Código de Ética Profissional do Assistente 
Social: aprovado em 30 de janeiro de 1975. Rio de Janeiro, 1975. Disponível em: <http://
www.cfess.org.br/arquivos/CEP_1975.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2018.
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Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
 
Dica do professor
Acompanhe nesta Dica do Professor um recorte sobre a nossa história atual. Você irá acompanhar 
a conjuntura política brasileira de 2011 a 2018. Assista.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/603e64ee5210f0ceb1c06f52d9a1d857
Na prática
Acompanhe este caso, ocorrido em uma instituição não governamental de uma grande cidade, a 
qual atende, especialmente, crianças em idade escolar e suas famílias com o objetivo de 
desenvolver os vínculos familiares e as habilidades criativas e de convivência das crianças por 
meio do oferecimento de oficinas de teatro e música. Nessa instituição, trabalha uma assistente 
social contratada para realizar o acompanhamento social das crianças e de suas famílias.
Em um atendimento a uma família devido à ausência das crianças no projeto social, a Assistente 
Social poderia adotar duas bases teóricas e metodológicas de acordo com o período histórico no 
qual o Serviço Social se insere.
Observe um exemplo de como seria o atendimento do Serviço Social tradicional e compare-o com 
o Serviço Social de Matriz teórica marxista (pós reconceituação):
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Palestra Yolanda Guerra
Assista à palestra de uma das autoras mais consagradas da área do Serviço Social em homenagem 
aos 80 anos da profissão no Brasil. Sempre atual e relevante o conteúdo apresentado contribui 
muito para o estudo acerca do conteúdo estudado.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Código de Ética do(a) Assistente Social - Lei 8662/93
Outro material indicado para o aprofundamento deste estudo é o Código de Ética profissional e a 
Lei de Regulamentação da Profissão em sua íntegra. A edição apresentada é ilustrativa e 
demonstra, claramente, o projeto ético político da profissão.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
História do Brasil por Bóris Fausto – Redemocratização
Neste link, você vai acompanhar a apresentação da história do Brasil a partir de 1985 pelo 
historiador Bóris Fausto, rico em conteúdo. Assista a sua versão da história e relacione-a com o 
estudo desta Unidade de Aprendizagem.
https://www.youtube.com/embed/Toai_NpzGXA
http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP2011_CFESS.pdf
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
https://www.youtube.com/watch?v=s58MLzbSXxY

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