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AULA 2 GESTÃO DE CARREIRAS, REMUNERAÇÃO E BENEFÍCIOS Profª Jaqueline Becker 2 CONVERSA INICIAL Seja bem-vindo! Na aula sobre os princípios e objetivos de remuneração, você acessará informações sobre conceitos e modelos de remuneração. No texto, abordaremos diversos assuntos a respeito de remuneração, meritocracia, reconhecimento, avaliação de desempenho e resultados. A aula foi didaticamente separada em cinco temas para nosso estudo, todavia, os assuntos se interligam e se relacionam. No primeiro tópico, abordaremos conceitos de remuneração. No segundo tópico, trataremos sobre os sistemas de remuneração: aspectos importantes para a construção e objetivos. No terceiro tópico, analisaremos conceitos de meritocracia, reconhecimento e o aspecto motivacional da remuneração. No quarto tópico, versaremos sobre o processo de avaliação de desempenho e a ligação com a remuneração. No quinto tópico, discutiremos se remuneração é custo ou um investimento. O objetivo do texto é que você adquira a habilidade conceitual dos assuntos, conheça sistemas de remuneração, compreenda o que é meritocracia, formas de reconhecimento, como a avaliação de desempenho se relaciona com o sistema de remuneração, para ter uma melhor desenvoltura no tema e poder orientar e tratar de questões pertinentes à remuneração de sua equipe atual ou quando for gestor de uma equipe. CONTEXTUALIZANDO Para iniciar o nosso estudo, apresento uma situação muito próxima ao que encontramos nos ambientes empresariais. Vamos a ela: João é um dos mais antigos gerentes operacionais de um grupo de postos de combustíveis. Ele trabalha na empresa há mais de 10 anos, foi admitido no cargo de caixa e, ao longo do tempo, foi promovido, ocupando o cargo de gerente responsável por um posto de combustível. Sabe que ocupa uma posição de responsabilidade, pois o posto fica aberto 24 horas por dia e o mercado é muito competitivo e dinâmico. Gosta do trabalho que realiza e seu cargo representa status para sua família (ele é de origem muito humilde). Ganha um ótimo salário fixo, conquistado pelos anos de trabalho, decorrentes de aumentos individuais por mérito e também em razão de ajustes por convenções coletivas. Guarda algumas preocupações, pois reconhece que seu salário está muito elevado. Tem receio de ser desligado da 3 empresa e não sabe se terá oportunidades de ser transferido para um cargo de nível superior dentro da organização. Então, se você fosse o chefe João, o que faria? Convido-lhe a mergulhar no estudo desta aula para refletir sobre a situação-problema. Venha descobrir conceitos e alternativas para ajudar o João na sua situação de emprego. TEMA 1 – FUNDAMENTOS DE REMUNERAÇÃO Os desafios atuais das organizações em fazer gestão de pessoas são inúmeros e complexos. Nesse sentido, é necessário definir processos de remuneração bem desenhados e que proporcionem o sentimento de justiça individual e a atribuição de recompensas que ofereçam retribuição e busca do desempenho excepcional, para que os indivíduos obtenham satisfação no trabalho. 1.1 Conceitos de remuneração total Remuneração é a recompensa que o indivíduo recebe como retorno pelo trabalho executado e tempo à disposição do empregador. A remuneração total é constituída pela soma da remuneração básica, mais incentivos salariais, também denominado como remuneração variável, e os benefícios, conhecidos como remuneração indireta. A Figura 1 demonstra a composição da remuneração. Figura 1 – Composição da remuneração A parte desta remuneração composta pelo salário e pela remuneração variável é concedida ao empregado em dinheiro. Já os benefícios são concedidos na forma de serviços. 1.1.1 Conceito de salário Etimologicamente, a palavrar salário é proveniente do latim salarium, que significa pagamento com sal. O sal foi por muito tempo uma moeda para pagamentos de transações comerciais. Atualmente, salário é o pagamento fixo fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce 4 em dinheiro que o empregado recebe de forma regular, por período mensal ou por hora. Na maioria das organizações, o salário é o principal componente da remuneração total dos empregados. • Salário nominal – ou salário base: volume de dinheiro fixado em contrato de trabalho pelo cargo ocupado. • Salário real: quantidade de bens que o empregado pode adquirir com o volume de dinheiro que recebe, ou seja, é o poder aquisitivo. • Salário líquido: montante final recebido, com os descontos. • Salário mínimo: mais baixo volume de dinheiro que o empregador pode pagar ao empregado. O salário pode ainda ser classificado como: • Salário profissional: previsto em lei para certas profissões, como Médicos e Engenheiros. • Salário normativo ou então piso salarial: estabelecido em sentença normativa, em convenções ou acordos coletivos. Salário é sempre remuneração, mas remuneração nem sempre é apenas salário. Os benefícios compõem a remuneração total e são vantagens concedidas na forma de serviços, e não em pagamento de dinheiro. 1.2 Conceito de remuneração variável Também chamada de incentivos salariais, a remuneração variável é a parcela da remuneração creditada periodicamente (mensal, trimestral, semestral, anual) a favor do empregado. Vincula os resultados da empresa com a recompensa dada aos empregados pelo esforço realizado, individualmente ou em grupo, e pelos resultados obtidos na busca das metas organizacionais. Seu objetivo é de fazer do empregado um aliado e um parceiro nos negócios da empresa. Um bom sistema de remuneração variável exige clareza na ligação dos resultados da empresa com o valor efetivamente recebido. Incluem: gratificações, prêmios, comissões, gorjetas, adicionais (periculosidade, insalubridade, adicional noturno), bônus e participação nos lucros. fcastro Realce fcastro Realce 5 1.3 Conceito de benefícios Também denominado de remuneração indireta, são vantagens, facilidades, conveniências e serviços sociais concedidos como pagamento adicional à remuneração. Concedido a todos os empregados ou a parte deles, dependendo do cargo ocupado, do desempenho do empregado. Tornam o emprego mais atraente e funcionam como diferencial para atrair, reter e reconhecer os empregados. Os benefícios constituem um valor considerável para as empresas e, muitas vezes, não são percebidos nem valorizados pelos empregados como componentes da remuneração. Nesse sentido, é importante que as empresas comuniquem aos indivíduos sobre a composição total da remuneração e os valores que os benefícios representam, demonstrando o esforço da organização em prol dos indivíduos. Os benefícios incluem uma variedade de facilidades e vantagens oferecidas pela organização, podem ser de caráter obrigatório ou facultativo. São benefícios obrigatórios ou legais: vale-transporte, 13º, férias, FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, auxílio-doença, salário-maternidade e salário-família. São benefícios espontâneos: assistência médica, bolsa de estudos, assistência odontológica, seguro de vida, vale-alimentação, vale- refeição, transporte fretado, complementação de aposentadoria, entre outros. É necessário observar que os benefícios citados como espontâneos, mas previstos nas convenções coletivas dos empregados, passam a ser considerados obrigatórios e devem ser concedidos, como mostra a Figura 2. fcastro Realce 6 Figura 2 – Composição dos benefícios Os benefícios servem para livrar os empregados de uma série de transtornos, como a busca por meios que teria de subsidiar por conta própria. TEMA 2 – SISTEMAS DE REMUNERAÇÃO A construção de um sistema de remuneração é uma tarefa necessária, importante e complexa. Sua existência deve estar fundamentada em parâmetros consistentes,confiáveis, voltados para o alcance dos objetivos estratégicos da empresa e para o reconhecimento dos indivíduos, sendo um fator fundamental para a gestão dos empregados e o alcance dos resultados do negócio. A palavra sistema significa um conjunto de partes unidas entre si por alguma forma de integração ou interdependência. Um sistema de remuneração oferece à empresa um conjunto integrado de normas e procedimentos para a tomada de decisões a respeito de assuntos relacionados à remuneração, os quais impactam os empregados e a gestão da organização. Benefícios obrigatórios Vale transporte 13º salário Férias FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço Auxílio-doença Salário-maternidade, salário- familia Benefícios espontâneos Ass. médica Bolsa de estudos Ass. odontológica Seguro de vida Vale-alimentação ou vale-refeição Complementação de aposentadoria fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce 7 Os sistemas de remuneração tradicionais, conhecidos popularmente como plano de cargos e salários, estabelecem medidas de pagamentos ligadas ao cargo desempenhado pelo empregado. Essa metodologia é ainda a mais utilizada e muitas vezes a única nas organizações. É importante constatar que o pagamento de salários pelo cargo, tende a não diferenciar os indivíduos que executam suas tarefas, contribuem e apresentam resultados diferentes. Sistema mais modernos preconizam o pagamento de valores em virtude do atingimento de metas organizacionais por meio de sistemas de remuneração variável. 2.1 Composição dos salários Para a construção do sistema de remuneração de uma organização, é necessária uma análise criteriosa de uma diversidade de informações internas e externas que se inter-relacionam e compõe o aspecto do salário fixo, como mostra a Figura 3. Figura 3 – Composição dos salários 2.2 Critérios para a construção do sistema de remuneração Alguns critérios são fundamentais para a definição do sistema de remuneração das organizações: • Equilíbrio interno versus equilíbrio externo: as organizações precisam equilibrar sua consistência de estrutura salarial para que os empregados tenham a percepção de justiça quando comparam com o que contribuem e o retorno que elas recebem, como também quando se comparam com colegas de trabalho. Os indivíduos também consideram a medida de justiça fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce 8 salarial quando comparam seus salários com o que o mercado paga. Essas percepções de medidas e julgamento de justiça são pessoais e subjetivas. As organizações têm a tarefa de construir seu sistema de remuneração baseado em dados verdadeiros, considerando a diversidade de percepções. • Remuneração fixa, remuneração variável ou as duas: a remuneração fixa deve seguir determinações legais de salários mínimos ou piso salarial estabelecido nas convenções ou acordos coletivos. A remuneração variável também pode ter determinações em convenções ou acordos coletivos. O mais comum é que essa modalidade varie conforme critérios internos previamente deliberados como metas e lucros. A opção pela composição é uma definição organizacional em razão do negócio da empresa, mercado e adoção de práticas mais modernas. A Figura 4 apresenta três hipóteses de composição salarial. Figura 4 – Composição remuneração total • Remuneração abaixo do mercado ou acima do mercado: a escolha por pagar acima ou abaixo do mercado afeta os custos da organização e a satisfação dos colaboradores. A definição dessa prática está alicerçada em dados do mercado, orçamento e planejamento. A tendência de pagar acima do mercado é comum em empresas mais arrojadas, que apostam que os indivíduos fazem a diferença nos resultados e procuram reter e motivar seus empregados para reduzir custos de rotatividade e absenteísmo. fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce 9 • Mercado de referência: conhecer e estabelecer o mercado pesquisado para comparação salarial, podendo ser: por região, faturamento ou ramo de negócios é um fator importante na composição da avaliação do sistema. • Prêmios monetários ou prêmios não monetários: os prêmios monetários são os salários e a remuneração variável e os prêmios não monetários são trabalhos desafiantes, segurança no emprego, reconhecimento e presentes. • Remuneração aberta versus remuneração confidencial: a remuneração aberta expõe informações sobre dados de remuneração. As organizações podem definir níveis de abertura das informações aos empregados. Esse caso força a empresa, os gestores e o RH a estabelecer e praticar uma política objetiva e igualitária que deve ser defendida publicamente. • Centralização ou descentralização das decisões salariais: no sistema centralizado, as decisões são analisadas e tomadas por poucos, normalmente pelos principais executivos da empresa. Quando as decisões são descentralizadas, os gestores devem ser preparados para avaliar seus funcionários para comunicar, dar feedback e decidir. • Remuneração por desempenho ou por tempo de casa: algumas convenções ou acordos coletivos estabelecem regras sobre pagamentos por antiguidade. A definição pela escolha de remunerar de acordo com as contribuições individuais é uma tendência do mercado de trabalho. Analisar os critérios citados e acompanhar as práticas de mercado são essenciais para elaborar um sistema de remuneração adequado para a organização de hoje e voltado para a organização de amanhã. Os dados de mercado servem como uma referência, e não para serem copiados de uma empresa para outra. A cultura organizacional é um fator importante a ser considerado na construção do sistema de remuneração. No momento da composição do sistema de remuneração, é importante avaliar os indivíduos da organização, suas expectativas e cultura. Por exemplo, a maneira de compor o sistema de uma empresa com o quadro de empregados composto por indivíduos predominantemente casados pode ser distinta de um quadro de indivíduos predominantemente solteiros. fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce 10 2.3 Objetivo do sistema de remuneração Relatamos, a seguir, alguns motivos para construir um sistema de remuneração organizacional: • estabelecer uma política salarial justa e competitiva com base em informações internas e dados de mercado; • definir as responsabilidades de todos os atores no processo, gestores, RH e empregado; • elaborar descrições de cargo que representem o ideal do que deve ser desenvolvido na função determinando possibilidades de percursos de carreira e indicadores de desempenho dos cargos; • determinar os valores salariais relativos aos cargos; • definir regras de ajuste salarial; • elaborar normas que demonstrem o tratamento equitativo/justo aos empregados; • apresentar um sistema de remuneração capaz de reter os empregados que apresentam bons resultados como também atrair novos indivíduos para os postos abertos; • alinhar os interesses de resultados financeiros da organização com os interesses particulares dos empregados; • estimular os empregados na busca de um bom desempenho e investir no seu desenvolvimento; • realizar uma melhor gestão dos custos de folha de pagamento. De posse das informações, podemos considerar que existe um sistema ideal de remuneração? Em virtude da variedade de critérios para construção do plano de remuneração, culturas organizacionais distintas e grande flexibilidade para a construção do mix de remuneração, não existem modelos universais e cada empresa terá que construir o seu. TEMA 3 – MERITOCRACIA E RECONHECIMENTO Quando tratamos de meritocracia, ou seja, da atribuição de ajustes salariais aos empregados em razão de excelentes resultados, estamos falando de uma forma de reconhecimento dos indivíduos nas organizações. fcastroRealce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce 11 3.1 Compreendendo mais sobre meritocracia Meritocracia é um sistema ou modelo de premiação realizado aos empregados de uma organização em função de esforço, dedicação, resultados individuais apresentados, ou seja, verba destinada à distribuição dos empregados com melhor desempenho. A palavra meritocracia é uma composição de duas palavras originadas do latim, o meritum, que significa “mérito” e “cracia” que quer dizer “poder”, portanto, significa “poder do mérito”. Algumas organizações têm uma política de atribuição dos aumentos aos empregados que se destacam com base em critérios preestabelecidos. Esta é uma forma de concessão de aumentos por liberalidade organizacional. As empresas alinham a estratégia de meritocracia com o planejamento financeiro, prevendo um percentual de aumentos de folha de pagamento, para distribuição anual. Esta prática tem como objetivo engajar os funcionários que trazem resultados significados em suas atividades. 3.1.1 Meritocracia motiva os indivíduos Quando o indivíduo percebe que, por mais que ele se esforce e traga resultados para a organização, não será valorizado, menos satisfeito ou motivado ele ficará e menor será seu comprometimento com o resultado do seu trabalho. Nesse contexto, um programa organizacional de meritocracia e a sua prática efetiva é um fator importante para gerar satisfação nos empregados. 3.2 Compreendendo mais sobre reconhecimento Reconhecimento é toda forma de atribuição de valor positivo ao trabalho de um indivíduo, pode ser ele financeiro ou não financeiro. Todo indivíduo deseja ser reconhecido e o processo de reconhecimento vai além de valores financeiros recebidos como salário fixo e variável. Existem várias formas de reconhecimento como: agradecimento, cartas de reconhecimento, confraternizações em comemoração a resultados obtidos, prêmios, participação em projetos especiais, entre outros. Sentir-se valorizado, receber incentivo pessoal, a admiração de outras pessoas ou mesmo um elogio é uma forma de reconhecimento. A falta de reconhecimento é geralmente um dos pontos que aparecem como mais baixos nas pesquisas de clima organizacional. Pude constatar esses fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce 12 dados nas diversas pesquisas de clima que realizei e nos resultados que já avaliei. O tema reconhecimento é normalmente um dos tópicos investigado nas enquetes e esse assunto não trata apenas de questões salariais. O tema salário e remuneração é distinto e também faz parte das enquetes. Quando há oportunidade de os empregados verbalizarem o que desejam como reconhecimento são relatadas simples demandas de um “bom dia”, um elogio e um tratamento respeitoso. O reconhecimento se refere, portanto, a um feedback realizado em função de um trabalho bem feito ou um comportamento excelente. Também pode ser fornecido aos empregados quando estes apresentam dificuldade de desempenho no trabalho, e o líder reconhece sua existência e constrói planos de ação para o desenvolvimento do indivíduo. O reconhecimento por via de elogios não deve ser banalizado, soar falso ou indistinto, conveniente para qualquer situação. Da mesma forma, o elogio exagerado fragiliza, pois o indivíduo pode acreditar que já fez o seu máximo e não se esforçar mais. A empresa deve fornecer feedback positivos pelos resultados efetivamente excepcionais e de destaque e transmitir autenticidade ao empregado para continuar a buscar resultados excelentes. 3.2.1 Reconhecimento motiva os indivíduos O filósofo Mario Sergio Cortella afirma em seu livro Por que fazemos o que fazemos” que a ausência de reconhecimento é a grade causa da desmotivação atual das pessoas e que reconhecimento é uma excelente fonte de estímulo. Portanto, seu exercício é uma das formas de gerar satisfação e, consequentemente, a automotivação para os indivíduos buscarem agir de forma mais comprometida com os resultados do trabalho (Cortella, 2016, p. 66). A fonte da desmotivação é o não reconhecimento. Afinal de contas, se a pessoa está naquela atividade, algum motivo forte ela teve – pode ser a necessidade, a vontade de fazer aquilo, mas ela está exercendo aquele oficio por alguma razão. Essa razão vai minguando quando o reconhecimento é corriqueiro. Cortella (2016) afirma ainda que a motivação é um processo diferente de estímulo, ou seja, a motivação é interna, um estado dos indivíduos desencadeado por questões particulares e os estímulos são processos que as empresas e gestores podem realizar para impulsionar os indivíduos a encontrar sua automotivação. fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce 13 Nesse contexto, ações de aprimoramento dos processos de gestão de pessoas geram estímulos para os indivíduos dentro de uma organização e, assim, os processos de meritocracia e de reconhecimento, se bem realizados, geram satisfação no trabalho. 3.3 Salário é um fator de motivação A palavra motivo é proveniente do latim motivus e significa aquilo que se movimenta, que faz andar. Assim, motivo é tudo que impulsiona uma pessoa a agir de determinada forma. Falar sobre motivação é uma tarefa complexa, que envolve vários aspectos individuais, como: expectativas, necessidades, história de vida e desejos. Não existem fatores motivacionais universais, ou seja, que sirvam de padrão para todas as pessoas, pois eles variam de indivíduo para indivíduo. O dinheiro pode ser um fator motivador para realizar tarefas com mais empenho, comprometimento e busca de resultados efetivos. Todavia, para que isso ocorra, o indivíduo precisa perceber que o seu esforço o leva de fato ao aumento de sua remuneração. O problema é que a maioria dos empregados não sentem tal relação e julgam que os aumentos e promoções que ocorrem dentro de uma organização são estabelecidos em função de tempo de empresa, idade, favoritismos, falta de reconhecimento ou pura sorte. Muitos estudos constataram que o salário isoladamente não é um fator de motivação dos indivíduos, à medida que precisa estar associado a outros processos internos de gestão de pessoas como planos de carreira, treinamento e desenvolvimento e avaliação de desempenho. Esses programas interagem fortemente e alinham informações aos empregados sobre valorização, reconhecimento, compromissos éticos de relacionamento e bem-estar social. Os indivíduos precisam receber para manter suas condições básicas de sobrevivência como alimentação, saúde e moradia e quando o salário recebido não garante o pagamento da subsistência básica, ou então quando a empresa atrasa a remuneração, torna-se um fator de desmotivação. Portanto, a remuneração isoladamente não motiva, mas a remuneração inadequada ou sua falta desmotiva os indivíduos. fcastro Realce fcastro Realce 14 3.4 Comunicação na meritocracia e reconhecimento Receber um reconhecimento por meio de um elogio ou ser informado de um aumento salarial por mérito dependem de um bom processo de comunicação. As pessoas precisam saber como são avaliadas na organização, os elementos do sistema de remuneração, suas políticas e regras. Cabe a empresa comunicar o que espera dos empregados para que estes possam crescer, assim como criar programas para o desenvolvimento dos indivíduos. Infelizmente, a comunicação de um mérito e de reconhecimentos é realizada de maneira parca, o que gera compreensões equivocadas. Ainda existe a prática de pouco informar os indivíduos sobre dados do sistema de remuneração, e quem não tem informação, completa com imaginação! Ou seja, a faltade explicações e dados sobre o sistema de remuneração salarial e suas atribuições gera um grande risco de interpretação errônea. TEMA 4 – AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E REMUNERAÇÃO Cotidianamente, realizamos avaliação de pessoas, coisas e situações, no perímetro de nossa vida particular de maneira subjetiva ou então usando métricas. Avaliamos nosso trabalho, nosso chefe, nosso professor, nossos relacionamentos, o que comemos, o que vestimos, o que compramos, os serviços que utilizamos, entre outros. As organizações também realizam processos de avaliação de seus resultados, sejam eles financeiros, comerciais, de produção e de desempenho das pessoas. As avaliações do desempenho humano necessitam de programas que busquem eliminar a subjetividade, ou seja, a impressão a respeito dos comportamentos pessoais observados no trabalho. Bons programas de avaliação de desempenho criam medidas objetivas e numéricas para comparar resultados esperados com resultados obtidos. Os programas de avaliação de desempenho e os planos de remuneração são instrumentos de gestão estabelecidos pelas organizações que têm como meta definir diretrizes para propiciar o desenvolvimento dos indivíduos e consequentemente das empresas. fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce 15 4.1 O que é avaliação Avaliar é apreciar qualitativamente, estimar, ajuizar, criticar, julgar ou medir algo ou alguma coisa. 4.2 O que é desempenho Desempenho é o comportamento do empregado e resultados apresentados durante a execução das tarefas. 4.3 O que é avaliação de desempenho Avaliação de desempenho é um processo utilizado pelas organizações para medir a performance dos empregados, realizado a partir da comparação dos objetivos estabelecidos para os cargos ou comportamentos esperados pelos empregados versus o resultado obtido, ou seja, uma medida do real versus ideal. É importante destacar que uma avaliação de pessoas seja mais que uma atividade orientada para um resultado passado, mas também possa criar elementos de reflexão e ação visando ao atingimento de metas para o futuro. 4.4 O que é medido na avaliação de desempenho O processo de avaliação de desempenho mede indicadores de comportamentos, indicadores de resultados, ou engloba os dois na sua composição. A Figura 5 mostra exemplos de indicadores de resultado e indicadores de comportamento. fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce 16 Figura 5 – Indicadores para avaliação de desempenho A definição dos indicadores organizacionais deve ser estabelecida pela diretoria, gestores e RH, de acordo com os cargos e o planejamento estratégico da organização. Os resultados dos programas de avaliação de desempenho apresentam os gaps, ou seja, as diferenças entre o que era previsto e o que é encontrado e geram planos de desenvolvimento dos indivíduos. 4.4 Objetivo do processo de avaliação de desempenho A análise da diferença obtida entre o comportamento apresentado pelo empregado, ou seja, o real e o comportamento desejado, e a consequente construção do plano de desenvolvimento, são o foco essencial dos processos de avaliação de desempenho. A avaliação de desempenho fornece medidas sobre comportamentos passados dos indivíduos, um bom programa de avaliação de desempenho deve estabelecer planos de ação para a melhoria dos resultados futuros. 4.5 Interface entre sistema de avaliação de desempenho e remuneração Uma política de remuneração estabelece uma diversidade de normas e regras a respeito da administração dos cargos e dos salários. Essa política norteia o planejamento de carreira e planos de treinamento e desenvolvimento. Por exemplo, quando um indivíduo ocupa um cargo de assistente e tem interesse em fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce 17 ascender ao cargo de analista, precisará conhecer os requisitos do cargo, como escolaridade, experiência, idioma, informática, entre outros, para verificar se consegue atendê-los e, se não, o que precisa fazer para se desenvolver e um dia vir a ocupar essa posição. Um bom programa de avaliação de desempenho fornece indicadores de metas de resultados dos cargos e parâmetros esperados dos comportamentos dos empregados com a finalidade de dar subsídios para os programas de treinamento e desenvolvimento. Por exemplo, um indivíduo que realiza seu processo de avaliação de desempenho terá a informação das metas de resultados que atingiu ou não e quais são os comportamentos que são sua fortaleza e quais precisa desenvolver. A partir do resultado da avaliação de desempenho, poderá construir um plano de ação para o seu desenvolvimento. A ligação entre as práticas do sistema de avaliação de desempenho e do sistema de remuneração de maneira incondicional gera muitos questionamentos e não há uma unanimidade na forma de execução dessas rotinas nas organizações. É necessário tomar cuidados quanto aos seguintes aspectos: • os gestores e colaboradores devem realizar a avalição de desempenho de maneira real, ou seja, sem manipular informação prevendo consequências salariais; • não será possível revisar os salários dos empregados, caso todos os resultados das avaliações de desempenho sejam excelentes, à medida que as empresas não conseguem suportar aumentos massivos nas folhas de pagamento. A avaliação de desempenho estabelece uma ligação com as práticas de remuneração na medida em que identifica e avalia as entregas dos indivíduos dentro da organização e pode dar subsídios para a realização do reconhecimento e remuneração de maneira compatível com essas entregas, fazendo, assim, uma gestão estruturada da meritocracia. TEMA 5 – REMUNERAÇÃO – CUSTO OU INVESTIMENTO A remuneração total dos empregados constitui o mais importante valor de muitas organizações em seu orçamento. Os valores de folha de pagamentos, somados a encargos e benefícios, podem chegar a 80% do orçamento anual de despesas de uma empresa. Portanto, a maneira de administração da fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce 18 remuneração de uma organização faz total diferença para o atingimento do seu sucesso ou para seu fracasso. A diferença de resultados nas organizações é determinada pelos indivíduos, uma vez que, se estiverem comprometidos com a organização, apresentam comportamentos esperados, resultados diferenciados e, portanto, retorno financeiro. O equilíbrio entre as entregas dos empregados e os valores recebidos é fundamental. Por exemplo, uma empresa de auditoria necessita de profissionais altamente qualificados para atender aos projetos dos clientes. Se no seu quadro de efetivos tiver um profissional ganhando um salário acima da faixa salarial do cargo, ou seja, mais do que deveria receber e sua entrega de trabalho é fraca, a empresa está com um custo excedente. Entretanto, se a mesma empresa tiver no quadro um indivíduo com ótimos resultados, mas com um salário abaixo da faixa e do que o mercado pratica, corre o risco de perder essa pessoa para um concorrente. Dessa forma, a maneira como a organização constitui o seu sistema de remuneração fará uma diferença significativa nos resultados e na manutenção da empresa. Exemplo de uma empresa comercial, seu sistema de remuneração deve ser composto com um grande percentual de atribuição de remuneração variável às equipes comerciais, ou seja, atribuição de comissão. Dessa forma, a organização estimula os indivíduos na busca de resultados para as duas partes, para o próprio empregado e para a empresa. A remuneração é um custo considerável no que se refere a valor financeiro a ser desembolsado para o pagamento dos salários, benefícios e encargos sociais. A remuneração é um investimento dedifícil contabilização, pois o resultado promovido pelas pessoas não segue uma lógica matemática. Pode um investimento realizado hoje apenas apresentar seu retorno após muito tempo, quem sabe anos, por exemplo, uma contratação de um profissional com um salário elevado gera um custo fixo, todavia, o resultado que o empregado traz poderá ser recebido após anos, pois este indivíduo pode criar valor para a empresa, satisfazer, aumentar e reter clientes, apresentar ações de economia financeira, ou também de retorno financeiro, melhoria da qualidade dos produtos e processos, todos esses indicadores construídos aos poucos. Remuneração é um custo? Sim, no caso de o processo estar mal administrado! Remuneração é um investimento? Sim, quando os indivíduos aportam valor para a organização e são considerados fonte de receita. fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce fcastro Realce 19 FINALIZANDO Os temas analisados demonstram que o caminho adequado para um programa de remuneração competitivo e que atenda aos anseios dos empregados precisa estar bem alinhado com os programas internos de gestão de pessoas, ou seja, se um indivíduo apresenta resultados significativos para a organização, as políticas e práticas de remuneração, carreira e desenvolvimento precisam dar subsídios para bem remunerar, dar visibilidade de carreira e desenvolver essa pessoa. O planejamento de RH e da política de remuneração deve dar subsídios para a gestão do capital intelectual, traçar estratégias para a atração, retenção, desenvolvimento e potencialização dos indivíduos, fatores preponderantes para o sucesso das pessoas e, assim, da organização. Analisamos as bases conceituais que permeiam o tema de remuneração, discutimos o fator da motivação sobre os salários, analisamos os sistemas de remuneração e possibilidades de composição, estudamos meritocracia e reconhecimento, avaliamos a relação entre os programas de avaliação de desempenho e as políticas de remuneração e refletimos sobre o fator custo ou investimento que permeia o tema de remuneração. Vamos retornar à situação-problema apresentada no início do texto. Então, após analisar conceitos, princípios e objetivos sobre remuneração o que o gestor do João deve realizar? Considere que João gosta do seu trabalho, está comprometido com a empresa e a empresa também demonstra apreço pelo trabalho dele. Sugere-se que o gestor do João verifique as políticas de remuneração para analisar possibilidades internas, converse com ele informando sobre sua situação, investigue se ele tem disponibilidade para uma mobilidade profissional em que seu salário possa ficar melhor posicionado na estrutura salarial da empresa. Esta aula não tem a pretensão de esgotar o estudo sobre os princípios e objetivos de remuneração. Abordaremos novos aspectos sobre o assunto nas próximas aulas. A apostila tem a meta de demonstrar pontos referenciais para que você aprofunde o estudo e possa aplicar os conhecimentos na sua vida pessoal e profissional. 20 REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Remuneração, benefícios e relações do trabalho: como reter talentos na organização [livro eletrônico], Barueri: Manole, 2015. CORTELLA, M. S. Por que fazemos o que fazemos? Aflições vitais sobre trabalho, carreira e realizações. São Paulo: Planeta, 2016. MARRAS, J. P. Administração de remuneração [livro eletrônico]. São Paulo: Pearson, 2012. MORENO, A. I. Administração de cargos e salários [livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes, 2014. ORSI, A. Remuneração de pessoas nas organizações [livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes, 2015. PASCHOAL, L. Administração de cargos e salários: manual prático e novas metodologias. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2007. PONTES, B. R. Administração de cargos e salários: carreira e remuneração. São Paulo: LTR, 2011. SALICIO, C. F. Sistema de remuneração, incentivo e carreira [livro eletrônico]. São Paulo: Pearson, 2015.
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