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Contestação em Reclamação Trabalhista

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AO JUÍZO DA 2ª VARA DO TRABALHO DE GOTHAN CITY
AUTOS Nº 1146-63.2022.5.18.0002
A empresa MEGANACAS, com qualificação já descrita na inicial desse processo, em razão de reclamação trabalhista que lhe move a Sra. Arlekina Coringa, que também já está qualificada nos autos, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, apresentar peça de defesa dos interesses da pessoa jurídica, oportunamente a
CONTESTAÇÃO, 
com fulcro no art. 300 do CPC, c/c art. 847 da CLT, por força do art. 769 do mesmo dispositivo, pelos motivos de fato e de direito que seguem.
I - DOS FATOS
A reclamante Arlekina Coringa, moveu reclamação trabalhista contra a reclamada, informando que havia sido admitida em 18.11.2008 e dispensada sem justa causa em 23.06.2022, mediante aviso prévio trabalhado, tendo a homologação da rescisão contratual ocorrido em 19.08.2022; informa ainda que havia uma norma interna garantindo ao empregado, com mais de 10 (dez) anos de serviço, o direito a receber do empregador 1 (um) relógio folheado a ouro, e que isso não foi observado; alega que cumpria jornada de trabalho de segunda a sexta-feira, das 15h às 19h, sem intervalo, e que recebia participação nos lucros (PL) uma vez a cada semestre, mas que ela não era integrada para fim algum. Por fim, a reclamante requer o pagamento de multa prevista no art. 477 da CLT, alegando que a homologação ocorreu a destempo; que a reclamada seja condenada em obrigação de fazer materializada na entrega de um relógio folheado a ouro, além de hora extra pela ausência de pausa alimentar e integração da PL nas verbas salariais, FGTS e aquelas devidas pela ruptura, com o devido pagamento das diferenças correlatas.
II - DO MÉRITO
a) Da multa prevista art. 477 da CLT
O art. 477, parágrafo 6º, da CLT prevê que o pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a partir do término do contrato.
A dispensa da ex-funcionária Arlekina Coringa ocorreu em 23.06.2022, mas a homologação da rescisão ocorreu somente em 19.08.2022.
Sendo devido a aplicação de multa conforme prevista no art. 477, parágrafo 6º, da CLT, este pedido é procedente.
b) Da obrigação de entrega de 1 (um) relógio folheado a ouro
A Súmula 51 do Tribunal Superior do Trabalho, prevê que cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento.
É de conhecimento pelas partes de que havia uma norma interna, garantindo ao empregado que completasse dez (10) anos de serviço, o direito a receber do empregador, 1 (um) relógio folheado a ouro.
Em fevereiro de 2021, esse regulamento interno recebeu alterações e foi substituído por um novo regulamento, que passou a prever a entrega de 1 (um) kit contendo foto do empregado com a equipe e 1 (uma) caneta tinteiro grafada com o nome do funcionário.
A admissão da reclamante ocorreu em 18.11.2008, e após 10 (dez) anos, ela continuava sendo funcionária, pois a sua dispensa se deu somente em 23.06.2022.
Sendo devido a entrega de 1 (um) relógio folheado a ouro, em observação ao previsto no regulamento vigente à época do período em que a reclamante completou 10 (dez) anos de serviço, este pedido é procedente.
c) Da hora extra pela ausência de pausa alimentar
O art. 71, parágrafo 1º, prevê que em trabalhos onde a jornada não exceda de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas.
Conforme anotado na CTPS da reclamante, a mesma cumpria jornada de trabalho de segunda à sexta-feira, no horário inicial de 15h e término às 19h, totalizando 4 (quatro) horas de trabalho, ou seja, não há obrigatoriedade em cessão de intervalo ou ainda de pausa alimentar.
Sendo indevido o pleito de hora extra pela ausência de pausa alimentar, este pedido é improcedente.
d) Da integração do PL nas verbas rescisórias, FGTS e aquelas devidas pela ruptura, com o pagamento das diferenças correlatas
A Lei nº 10.101/2000, em seu artigo 2º, inciso II, positivou que a participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um procedimento descrito, escolhido pelas partes de comum acordo, quer seja, convenção ou acordo coletivo.
Ocorre que a comarca de Gothan City não possui convenção ou acordo coletivo firmado entre a categoria.
Por isto, o art. 3º da mesma lei citada, prevê que a participação de que trata o art. 2º, não substitui ou complementa remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade.
Sendo indevido o pedido de integração da PL nas verbas rescisórias, FGTS e aquelas devidas pela ruptura, com o pagamento das diferenças correlatas, este pedido é improcedente.
III – DOS PEDIDOS
Conforme todo o exposto, requer a Vossa Excelência, caso assim entenda, que julgue procedência parcial dos pedidos formulados pela autora da demanda, com a devida apreciação das matérias de direito alegadas no tópico II.
Protesta ainda provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito.
Requer todas as publicações e intimações relativas ao feito sejam feitas em nome do advogado Valdir Menezes Jr., OAB nº 00000, com escritório localizado na Avenida Intergalática, nº 000, cidade de Dagobah, MA, sob pena de nulidade.
Nestes termos, pede deferimento.
Dagobah, MA, 23 de novembro de 2022.
A. VALDIR R. MENEZES JR.

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