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Novas estratégias e tecnologias aplicadas ao Serviço Social APRESENTAÇÃO O serviço social caracteriza-se por ser uma profissão interventiva na realidade. É no cotidiano q ue o fazer profissional se materializa, que as demandas postas pelos usuários são apresentadas e que os instrumentos técnico-operativos, éticos e políticos presentes no exercício profissional do assistente social são apontados. O conhecimento da vida cotidiana se constitui como base necessária à prática profissional. É nes se sentido que a tecnologia da informação pode ser utilizada na intervenção como um fator capa z de propiciar aos profissionais meios para superar as dificuldades encontradas no trabalho cotid iano. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver a tecnologia associada às relações sociais, o uso da tecnologia da informação no cotidiano de trabalho e o seu reconhecimento como ferramenta de empoderamento na atuação do assistente social. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Apontar novas estratégia e tecnologias no processo de intervenção do assistente social. • Discutir sobre o cotidiano e a práxis profissional. • Reconhecer a informação como ferramenta de empoderamento dos sujeitos na atuação prof issional do assistente social. • DESAFIO A noção de “era tecnológica” e “informacional” tem um profundo conteúdo ideológico, sendo u sada para legitimar a forma de organização social vigente. A tecnologia tem sido hegemonicame nte utilizada nos espaços de trabalho e o acesso à informática tem gerado novas configurações s ocioculturais. A informatização e o acesso aos computadores e aos recursos tecnológicos têm possibilitado aos profissionais planejar, executar e avaliar suas atividades. No Serviço Social, considera-se que as tecnologias da informação ainda se encontram em processo de incorporação. Como ferramenta p ara potencializar o trabalho, as tecnologias surgem para auxiliar na intervenção profissional e ga rantir trocas de informação que possam beneficiar os usuários dos serviços. Você é assistente social e trabalha na Secretaria de Assistência Social do município. No setor e m que trabalha, foi instalado um sistema informatizado de proteção à infância e à adolescência q ue, por meio de um programa de microcomputador, auxilia no monitoramento da operacionaliza ção das medidas de proteção a crianças e adolescentes do município. Como profissional que trab alha no setor, você utiliza a plataforma para subsidiar suas intervenções. Refletindo sobre o imp acto da tecnologia da informação no seu trabalho, pense sobre o seguinte questionamento: a info rmatização propiciou melhorias para o Serviço Social? INFOGRÁFICO Na era informacional, os impactos que a tecnologia traz às relações socias no âmbito da econom ia, da política e relacional é inegável. A inovação tecnológica vem modificando o modo do hom em como ser social. Analisar os impactos que o avanço tecnológico e a disseminação da informa ção e do conhecimento tem gerado na sociedade contemporânea se faz necessário na prática de t rabalho do assistente social. É imprescindível a rigorosa apreciação crítica da palavra tecnologia nos dias atuais, tendo em vi sta que “as presentes condições sociais possibilitam a utilização das discussões sobre a técnica, s uas relações com as ciências e o papel que desempenha na vida dos homens para fins nitidament e ideológicos” (VIEIRA PINTO, 2005, p. 228). No Infográfico a seguir, você vai ver como a palavra tecnologia pode ser usada de forma variada e imprimir significados diferentes no contexto social, além de potencializar o trabalho do assiste nte social. CONTEÚDO DO LIVRO Como profissão inscrita na divisão sociotécnica do trabalho, o Serviço Social, assim como diver sas profissões, sofre os impactos das novas tecnologias. As mudanças ocorridas nas relações soc ias na “sociedade da informação” têm gerado saltos no modo de organização da produção, bem como alterações na relação do homem com o trabalho e como ser social. A evolução tecnológica, em sua pluralidade de manifestações, sobretudo o desenvolvimento da i nformática, coloca a possibilidade de lidar com uma grande quantidade de dados e informações que possibilitam novas propostas de intervenção. A injunção de novas tecnologias da informaçã o desafia o assistente social nos espaços de trabalho a reavaliar e aprimorar sua intervenção dian te dos avanços informacionais. Na obra Estratégias e técnicas em Serviço Social II, leia o capítulo Novas estratégias e tecnologi as aplicadas ao Serviço Social, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, no qual você vai a prender sobre a utilização da tecnologia no processo de intervenção do assistente social, aprende r sobre a práxis profissional no cotidiano e ver a informação como ferramenta de empoderament o dos sujeitos no exercício profissional. Boa leitura. ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS EM SERVIÇO SOCIAL II Géssika Mayara dos Santos Revisão técnica: Andréia Saraiva Lima Mestre em Serviço Social Graduada em Serviço Social Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147 D695e Doreto, Daniella Tech. Estratégias e técnicas em Serviço Social II [recurso eletrônico] / Daniella Tech Doreto, Géssika Mayara dos Santos, Klauze Silva ; [revisão técnica: Andréia Saraiva Lima]. – Porto Alegre: SAGAH, 2019. ISBN 978-85-9502-844-9 1. Serviço social. I. Santos, Géssika Mayara dos. II. Silva, Klauze. CDU 364 Novas estratégias e tecnologias aplicadas ao Serviço Social Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Apontar novas estratégias e tecnologias no processo de intervenção do assistente social. Discutir sobre a categoria cotidiano e sobre a práxis profissional. Reconhecer a informação como ferramenta de empoderamento dos sujeitos na atuação profissional do assistente social. Introdução Entre as inúmeras questões que perpassam o cotidiano do assistente social e impactam o exercício profissional, encontra-se o debate sobre o uso de inovações tecnológicas no trabalho profissional. A incorporação da tecnologia concretiza-se no trabalho cotidiano das instituições. Ao se apropriar de recursos tecnológicos, o Serviço Social amplia as possibilidades de sua intervenção tanto para agilizar seu trabalho como para facilitar a comunicação com outras instituições, a troca de informações, a criação e a atualização de banco de dados, pro- porcionando melhorias na qualidade de atendimentos aos usuários e usuárias dos seus serviços. Neste capítulo, você verá a tecnologia da informação e seus impactos nas relações sociais, o uso da informação no cotidiano da prática profis- sional e seu reconhecimento como ferramenta de empoderamento na atuação do assistente social. Tecnologias e relações sociais: impacto dos avanços tecnológicos na intervenção profissional do assistente social A sociedade está sempre em constante processo de transformação. Seja na economia, na linguagem, na educação, no trabalho, seja nas evoluções tec- nológicas, as relações sociais estão sempre em movimento, exigindo novas habilidades e novas respostas na intervenção profi ssional. Na contemporaneidade, as inovações tecnológicas vêm alterando diferentes dimensões da vida social e econômica. Nas últimas décadas do século XX, vivenciamos grandes mudanças, tanto no campo socioeconômico e político como na cultura, na ciência e na tecnologia, ganhando intensidade com a propagação da Internet. A comunicação em rede por meio do computador e do celular, que conecta as pessoas em segundos, gerou impacto na forma de comunicação, revolucio- nando o modo de se relacionar em sociedade e os padrões de trabalho. A globalização vem disseminando padrões culturais, adotados em um processo de complexas interconexões entre sociedades, culturas, instituições e indivíduos, o que estimula e favorece a renovação dos nossos relacionamen-tos. Estamos o tempo todo concentrados, informados e interligados. A todo momento estamos buscando informações. O que é informação? Informação é o resultado do processamento, da manipulação e da organização de dados, de tal forma que represente uma modificação (quantitativa ou qualitativa) no conhecimento do sistema (pessoa, animal ou máquina) que a recebe. Esta “revolução informacional”, marcada pela busca constante de informação, da comunicação em rede, da veiculação de notícias imediatas pela propagação da Internet e dos avanços de novas tecnologias, altera a relação das pessoas com o tempo e sua territorialidade. De acordo com Castells (2000, p. 31): [...] a nova sociedade emergente desse processo de transformação capitalista e também informacional, embora apresente variação histórica considerável nos diferentes países, conforme sua história, cultura, instituições e relação específica com o capitalismo global e a tecnologia informacional. Novas estratégias e tecnologias aplicadas ao Serviço Social2 Toda essa mudança conjuntural e relacional tem demandado dos profis- sionais a capacidade de realizar intervenções consistentes, coordenadas e informatizadas. Nesse sentido, “[...] o debate sobre as tecnologias de infor- mação nos processos de trabalho do Serviço Social não pode ser encarado como algo isolado do conjunto das condições históricas e sociais” (SILVA, 2003, documento on-line). Hoje, a informatização é uma questão fundamental que perpassa todas a áreas de conhecimento. A tecnologia tem estado cada vez mais presente nos espaços sociais, sendo o uso do computador apontado como uma das principais consequências do desenvolvimento tecnológico. De acordo com Pinto (2005), a conceituação do que seria tecnologia tem como ponto de partida a compreensão do processo de desenvolvimento das forças produtivas da sociedade, sendo a principal delas o trabalho. Destaca- -se que a tecnologia pode ser entendida como o estado do desenvolvimento do trabalho social, explicada pelo conjunto da sociedade. Segundo Harvey (1992, p. 137): As mudanças tecnológicas de automação, a diversificação e inovação das linhas de produtos, a busca de novos mercados, a dispersão geográfica industrial para “zonas de controle do trabalho mais fácil” forma as medidas tomadas pela produção norte-americana em sua reestruturação produtiva, e forma estas que forneceram condições técnicas para a VI Revolução Tecnológica. Nesse sentido, a incorporação de novas tecnologias às relações de trabalho tem gerado transformações das forças de produção, acumulação e organização acessíveis pelas tecnologias de informação e comunicação (TICs). Entende-se as TICs como conjuntos de dispositivos e serviços, composta por computadores, softwares, sistemas de redes, etc., as quais teriam a capacidade de processar e distribuir informações para as organizações e os sujeitos sociais. Por estarem presentes nos espaços de trabalho profissional em uma pers- pectiva de totalidade, as tecnologias de informação podem atender a interesses do capital e do trabalho no processo contraditório de reprodução das relações sociais capitalistas. De acordo com Veloso (2009) em outros termos, a influência que as TI podem exercer no campo econômico, político e social depende da sua concretização como instrumento que pode vir a reforçar ou não a lógica da acumulação capitalista. Dessa forma, as habilidades profissionais devem ir além do domínio do recurso tecnológico, e o assistente social é desafiado a reavaliar e aprimorar a sua contribuição político-profissional. Cabe a ele desenvolver uma com- 3Novas estratégias e tecnologias aplicadas ao Serviço Social petência crítica que permita uma aprimoração do recurso tecnológico como instrumento potencializador, a fim de aprimorar suas habilidades reflexiva e propositiva de atuação profissional. Cotidiano: locus do exercício profissional O assistente social tem uma ação profi ssional que se tece no dia a dia dos usuários, na particularidade de suas vidas, entre vulnerabilidades e neces- sidades que demandam ações múltiplas. O conhecimento da vida cotidiana constitui-se como base necessária à prática profi ssional. É no cotidiano que o fazer profi ssional se materializa, que as demandas postas pelos usuários são apresentadas e que os instrumentos técnico-operativos, éticos e políticos presentes no exercício profi ssional do assistente social são apontados. Segundo Heller (2000, p. 18): A vida cotidiana é, em grande medida, heterógena, e isso sob vários aspectos, sobre-tudo no que se refere à significação de atividade. São partes orgânica da vida cotidiana: a organização do trabalho e da vida privada, os lazeres e o descanso, a atividade social sistematizada, o intercambio e purificação. Mas a significação da vida cotidiana tal como seu conteúdo não apenas heterogêneo, mas igualmente hierárquica... hierarquia que por sua vez não é imutável. A vida cotidiana, segundo Heller (2000), é o espaço da vida onde se parti- cipa com todos os aspectos da personalidade, requerido a todo momento para respostas imediatas a diferentes questões. É na vida cotidiana que vivemos e agimos, é nela que predomina a existência de ideias necessárias à realização das atividades imediatas na reprodução da vida social e individua. A autora ainda destaca que: As ideias necessárias a cotidianidade jamais se eleva ao plano da teoria, do mesmo modo a atividade cotidiana não é práxis. A atividade prática do indivíduo só se eleva ao nível da práxis quanto é atividade humano-genérica consciente; na unidade viva e muda de particularidade e generosidade, ou seja na cotidianidade, a atividade individual não é mais do que uma parte da práxis da ação total da humanidade, construindo a partir do dado, produz algo novo, sem com isso transformar em novo o já dado (HELLER, 2000, p. 31–2.) O pensamento cotidiano é composto de pensamentos fragmentários, de juízos e avaliações. A pessoas agem simplesmente a partir de um sistema de ideia predominante na sociedade em termos de uso, costumes, crenças e Novas estratégias e tecnologias aplicadas ao Serviço Social4 valores, que põem em movimento ações. No cotidiano, os sujeitos respondem a demandas muito diversas, difusas, imediatas, e respondem a elas de forma superficial, espontânea e individual. A esfera cotidiana tende à alienação, ao cumprimento de rotinas e tarefas, limitadas à superficialidade e ao senso comum. A diversidade de atividades na cotidianidade conduz a visão limitada dos fenômenos sociais, que são esvaziados no sentido histórico-econômico, político e conjuntural. É na vida cotidiana que a prática profissional acontece. É nesse espaço marcado por contradições, fragmentação e diversidade de valores e crenças que a atividade profissional do assistente social incide. Ele é o locus do exercício profissional enquanto esfera singular vinculada à totalidade histórica. Nesse aspecto, pensar a atividade profissional cotidiana demanda toda uma reflexão teórico-prática por parte dos assistentes sociais, pois o exercício profissional destituído de teoria e de reflexão é uma imersão na reprodução ampliada da ignorância sobre os problemas reais e que estão inseridos aos usuários dos serviços sociais. Na análise do cotidiano do exercício profissional do assistente social, consideramos que a sua prática está interligada a outros complexos causais maiores: políticas sociais, Estado, crise estrutural do capital, etc. “A prática profissional não é uma práxis social, mas uma parte, uma atividade que se insere numa práxis social” (SANTOS, 2010, p. 44). A práxis é uma totalidade que compreende, em si, duas unidades complexas: a teoria e a prática. De acordo com Guerra (2009), a práxis é a atividade prática transformadora da realidade natural e/ou social. Por isso, entendemos que, enquanto práxis social orientada por uma visão crítica-ontológica ao cotidiano, o trabalho do assistente social efetua-se por duas categorias:teleologia e causalidade. O exercício profissional do assistente social requer que se apreenda da forma mais rica as determinações possíveis à realidade (causalidade) e que, diante disso, sejam pensadas as estratégias de intervenção (pôr teleológico). De acordo com Guerra (2009, p. 163), “A medida que a ordem social se complexifica, a causalidade e previsibilidade contempladas [...] já não são suficientes para explicar os novos fenômenos, processos e relações sociais que aí aparecem”. A dimensão teleológica imprime propósito, objetivo e finalidade ao profissional e possibilita a suspensão da imediaticidade coti- diana para uma intervenção crítica. É pela teologização que as orientações sociais, os planejamentos e os encaminhamentos são realizados, por meio de uma intervenção pensada. A teleologia possibilita perceber a natureza do conjunto causal, das causalidades das relações e das dinâmicas sociais que constitui o cotidiano. 5Novas estratégias e tecnologias aplicadas ao Serviço Social Nesse sentindo, como categoria reflexiva, a teleologia permite, por meio do movimento do real, da razão, construir categorias para auxiliar a compreensão e a ação profissional. A prática profissional só se eleva ao nível de práxis quando se torna atividade humano-consciente, ou seja, quando transcende a mera cotidianidade. Tecnologia da informação: estratégias para o exercício profissional Como decorrência das transformações econômicas e ideológicas na con- temporaneidade, o assistente social é desafi ado a reavaliar e aprimorar a sua intervenção em relação às tecnologias de informação. Na era informacional, a rapidez com que o conhecimento, as técnicas e os materiais se modifi cam rebate aos profi ssionais para que respondam as exigências crescentemente complexas do mercado, que se coloca diante da urgência de repensar as estratégias para o exercício profi ssional. De acordo com Veloso (2006), em termos gerais, vislumbra-se uma ten- dência de valorização da tecnologia da informação por parte dos assistentes sociais, manifestada pela postura favorável ao uso do computador e dos recursos oferecidos pelas inovações tecnológicas no cotidiano profissional. Sobre a informática, Faleiros (1996, p. 32) salienta: Por meio da informática, torna-se possível não só obter informação como também produzi-la de forma mais coletiva, participativa, de qualidade e mais barata. As agências de informação criadas pelas redes de organismos sociais de caráter popular e democrático podem transmitir e intercambiar mensagens no sentido de fortalecer suas propostas e suas lutas [...] A tecnologia é um instrumento de modernização e, ao mesmo tempo, de organização de redes comunitárias e de grupos, de fortalecimento do poder da população. O uso da informática facilita o acesso do usuário ao próprio prontuário, embora tenha servido também ao controle desse mesmo usuário. A tecnologia e as disseminações do conhecimento desempenham um papel estratégico no trabalho do assistente social. Trata-se de um uso que pode potencializar a dimensão investigativa do trabalho profissional, oferecendo elementos e condições para melhor organização dos dados e das informações que perpassam cotidianamente o trabalho. Entre a ampla diversidade de inovações tecnológicas aplicadas nos espa- ços de trabalho e na vida social encontra-se as tecnologias da informação. Novas estratégias e tecnologias aplicadas ao Serviço Social6 Segundo Veloso (2013), as tecnologias da informação oscilam entre as ati- vidades desenvolvidas pelos recursos da informática, em que a automatiza- ção das tarefas acontece, e a aplicação de diferentes ramos na geração, no processamento e na difusão da informação, enfatizando a manipulação e a organização de dados para utilização posteriores. Segundo Veloso (2013, documento on-line): De forma geral, a definição de TI remete ao conjunto de dispositivos, serviços e conhecimentos relacionados a uma determinada infraestrutura composta por computadores, softwares, sistemas de redes, etc [...] que teriam a capacidade de processar e distribuir informações para a organização e os sujeitos sociais que compõem a sociedade. Pensar a tecnologia da informação em relação ao processo de trabalho em que se inscreve o assistente social confere ao profissional dispor de alguns requisitos na qualificação dos serviços, pois o uso das TI amplia a capacidade de gerir, controlar e distribuir informações, subsidiando tomadas de decisões e aprimorando processos de gestão no exercício profissional. A incorporação das tecnologias é concebida como uma das formas disponíveis para potencializar e instrumentalizar o trabalho profissional com vistas a avançar na luta pela defesa de direitos, pela ampliação e a consolidação da cidadania e pelo aprofundamento da democracia. De acordo com Veloso (2009), propor, planejar, elaborar, avaliar e conduzir ações e serviços de programas e políticas sociais são dimensões do trabalho que podem, também, ser potencializadas pelo uso das TI, que precisam ser utilizadas de forma articulada a outras competências fundamentais (teórica, política, técnica e ética). O uso da TI pode promover alterações no exercício profissional no aten- dimento aos usuários e no desempenho das suas atividades, como assessoria, supervisão, formulação e implementação de políticas. De acordo com dados divulgados em pesquisa feita por Veloso (2013) com assistentes sociais sobre a informática e a tecnologia da informação como potencializador do trabalho, verificou-se que o recurso tecnológico segundo os profissionais desempenha três possibilidades principais no trabalho cotidiano. A primeira refere-se à possibilidade de agilização do trabalho e de dinamização do atendimento, organização e tratamento de dados, uso de redes e da Internet. Sendo o acesso à Internet o fator de contribuição durante os atendimentos, agilizando encaminhamentos, relatórios, etc. A segunda possibilidade refere-se à TI na dinamização do atendimento 7Novas estratégias e tecnologias aplicadas ao Serviço Social prestado aos usuários e às usuárias dos serviços, vista como uma forma de democratizar as informações e ampliar o acesso dos usuários aos direitos sociais. A terceira possibilidade citada pelos profissionais destaca a possi- bilidade de aprimoramento da organização e do tratamento de dados como contribuição que a TI pode oferecer ao Serviço Social. Segundo Veloso (2013, documento on-line.): [...] o uso da TI pode facilitar os processos que envolvam comunicação, troca/ busca de informações e registro. Permite agilizar a produção de relatórios, a busca de recursos, instituições, textos e diversos outros materiais de interesse dos(as) profissionais. Proporciona, ainda, a rapidez nos fluxos de trabalho, podendo ser utilizada para dar transparências aos processos, e estimula novas formas de intervenção [...]. Nesse sentido, a utilização crítica e competente dos recursos da TI pode provocar alterações no desempenho das atribuições e competências profis- sionais. A incorporação dos recursos tecnológicos coloca a necessidade de: Um profissional informado, crítico e propositivo, que aposte no protagonismo dos sujeitos sociais. Mas também um profissional versado no instrumental técnico-operativo, capaz de realizar as ações profissionais aos níveis de assessoria, planejamento, negociação, pesquisa e ação direta, estimuladoras da participação dos usuários na formulação, gestão e avaliação de programas e serviços sociais de qualidade (IAMAMOTO, 1998, p. 144). CASTELLS, M. A sociedade em rede: a era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 2000. FALEIROS, V. P. Serviço social: questões presentes para o futuro. Serviço Social e Socie- dade, v. 50, nº. 17, 1996. GUERRA, Y. A instrumentalidade do serviço social. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2009. HARVEY, D. Condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, 1992. HELLER, A. O cotidiano e a história. São Paulo: Paze Terra, 2000. IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profis- sional. São Paulo: Cortez, 1998. Novas estratégias e tecnologias aplicadas ao Serviço Social8 PINTO, Á. V. O conceito de tecnologia. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005. v. 1. SANTOS, C. M. Na prática a teoria é outra? Metas e dilemas na relação entre teoria e prática, instrumentos e técnicas no Serviço Social. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. SILVA, M. A. O assistente social e tecnologia da informação. Serviço Social em Revista, v. 6, nº. 1, 2003. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v6n1_marcio. htm. Acesso em: 2 abr. 2019. VELOSO, R. Serviço social, tecnologia da informação e trabalho. São Paulo: Cortez, 2013. E-pub. VELOSO, R. Tecnologia da informação: contribuição importante para o exercício profissio- nal? Tese (Doutorado) — Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de janeiro, 2006. VELOSO, R. Tecnologias da informação: potencialidades contraditórias. In: SALES, M. A.; RUIZ, J. L. S. (org.). Mídia, questão social e serviço social. São Paulo: Cortez, 2009. 9Novas estratégias e tecnologias aplicadas ao Serviço Social DICA DO PROFESSOR Estudar a categoria “cotidiano”, na perspectiva dialética, permite ao assistente social elaborar co m mais competência a práxis profissional. Conforme as transformações da sociedade no cotidian o, novas estratégias e tecnologias surgem no processo de intervenção do Assistente Social, dand o lugar a práticas hoje sem muita adesão dos usuários. Nesse sentido, nessa dica do professor você verá como a informação adequadamente veiculada, utilizando-se das novas tecnologias, pode ser uma ferramenta de empoderamento dos sujeitos na atuação profissional do assistente social na atualidade, permitindo assim, uma práxis com intenc ionalidade. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. NA PRÁTICA Pensar a incorporação da tecnologia de informação ao trabalho cotidiano do assistente social sup õe pensar nas possibilidades de mudanças qualitativas. Conformado como instrumental que busc a fortalecer a intervenção, o uso de bancos de dados eletrônicos, planilhas, editores de textos ou ainda outros aplicativos encontrados em programas de computadores (softwares) podem ser utili zados como um passo para o fortalecimento do processo de trabalho. Acompanhe no anexo o trabalho de uma assistente social que precisa captar as possibilidades da tecnologia da informação no exercício cotidiano e seus diferentes usos nos espaços de trabalho. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/7663c7451cc1ef9602750ffb69b0d095 SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo r: O Serviço Social no cotidiano: fios e desafios Neste artigo, você verá um texto que trata dos conflitos entre a estrutura econômica e política ne oliberal do capitalismo e a proposta de cidadania e de defesa de direitos do Serviço Social crític o no cotidiano profissional das instituições. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Assistente social e tecnologias de informação Leia no artigo um texto que discorre sobre a abordagem da tecnologia da informação junto aos p rocessos de trabalho do assistente social. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. O potencial das tecnologias da informação no serviço social No Serviço Social, o significado de um projeto ético-político crítico nos remete à efetiva tomada de consciência dos fundamentos sobre os quais a prática profissional se desenvolve fundamenta da por concepções teórico-metodológicas críticas e capazes de viabilizar uma análise concreta d a realidade social. Nesse aspecto, ao analisar a sociedade da informação, é indissociável a incorp oração das tecnologias da informação ao Serviço Social no trabalho cotidiano das instituições. N este vídeo você vai ver o potencial das tecnologias da informação para o projeto ético-político e profissional do Serviço Social, na concretização de trabalhos consistentes, críticos e competente s. http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n120/07.pdf?v=1217698137 http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v6n1_marcio.htm?v=951781326 Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. http://pvbps-sambavideos.akamaized.net/account/2975/3/2019-04-18/video/0e8d202a6b77349ec53c59ee4ad6241d/0e8d202a6b77349ec53c59ee4ad6241d_720p.mp4
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