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PROPRIEDADE A propriedade é conceituada, com base no art. 1.228 do CC, como a faculdade do titular de usar, gozar, reivindicar e dispor de um bem. Nesse sentido: Usar = estar diretamente no local, tendo domínio físico sobre o bem; Gozar = hipótese em que o sujeito percebe os frutos. ATENÇÃO! Usufruto: “A” empresta sua propriedade para “B” que passa a alugar e recolher os frutos do aluguel para si. Dispor = aqui o sujeito pode vender, destruir, emprestar ou alienar o bem; Reinvindicar = é o direito de perseguir a coisa. Com o advento do Neoconstitucionalismo a propriedade deixou de ser ilimitada, devendo, desde a Constituição Federal de 88 ser utilizada de acordo com sua função social, vedando-se quaisquer abusos e, mais que isso, passou a propriedade a configurar um verdadeiro direito fundamental do ser humano. Em virtude disso, surge a teoria dos atos emulativos, prevista no art. 187 do CC, que proíbe a prática de atos que não tragam ao proprietário qualquer comodidade ou utilidade e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem, constituindo verdadeiro abuso de direto. Tipos de Propriedade 1- Plena: Quando todas as faculdade se acham reunidas na pessoa do proprietário. 2- Restrita ou Limitada: Quando se desmembra um ou alguns de seus poderes, passando-o para outrem. 3- Perpétua: A propriedade possui duração ilimitada. Presume-se que se adquire a propriedade para tê-la por tempo e forma ilimitada. Limites Físicos da Propriedade Conforme o art. 1.229 do CC, a altura e profundidade da propriedade é limitada de acordo com o interesse do proprietário. Significa dizer que, enquanto houver utilidade para o exercício da propriedade, será pare dela. Não se pode impedir, por exemplo, a passagem de um avião pelo espaço aéreo ou a construção de um metrô no subsolo. Contudo, de acordo com o art. 1.230 do Código, apesar dos limites acima citados, o proprietário não poderá se apropriar de jazidas, minas, demais recursos minerais, potenciais de energia hidráulica ou monumentos arqueológicos que estejam nas dimensões de sua propriedade. Nestes casos, a União indeniza o proprietário pela retirada destes materiais. No entanto, nada impede que faça uso direto dos recursos minerais de emprego imediato, como britas ou areias, desde que não haja transformação industrial. Características da Propriedade O Direito de Propriedade é: a) Complexo: pois constitui um conjunto de poderes ou faculdades b) Absoluto: possui oponibilidade (eficácia) erga omnes c) Perpétuo: não se extingue pelo não uso. Pode, inclusive, ser transmitido por herança d) Exclusivo: o poder dominial de um alguém exclui o de outrem, salvo em situações específicas como o condomínio e) Elástico: pode se desmembrar para formar outros direitos reais, ou seja, quando alguns de seus poderes ou faculdades são destacados para formar um outro direito real, sem que isso implique sua destruição. f) Limitado pela Ordem Constitucional: publicização dos direitos à propriedade Meios Processuais de Defesa da Propriedade 1- Ação Reivindicatória: fundada em direito real, é a principal forma de defender a propriedade. a. Prova da propriedade na Inicial: feita por meio de registro no cartório de imóveis, conforme art. 373, I, CPC) i. Caso de Herança: deve-se provar que a propriedade era do antecessor; ii. Caso de Usucapião: prova da propriedade ao longo do curso da ação 2- Ação Negatória: deve-se provar que a propriedade não foi desmembrada; 3- Ação Divisória: utilizada quando o coproprietário pretende dividir a propriedade; 4- Ação Demarcatória: pretende fixar a linha que delimita duas propriedades. Estatuto das Cidades (Lei nº 10.257/01) Prevê a possibilidade de a prefeitura local, verificando a inutilização de uma propriedade imóvel, determinar o parcelamento da propriedade ou edificação compulsória, em prazo igual ou superior a 1 ano. Ou seja, a prefeitura determina que o proprietário construa logo ou venda parcelas do terreno. Para tanto, essa determinação deve ser averbada em cartório de registro de imóveis e, na prática, a localização do terreno tende a ser estratégica (centro da cidade). Em caso de não cumprimento, surge a figura do IPTU SANÇÃO, que é um acréscimo/multa progressivo no tempo, mas que não pode ultrapassar o percentual de 15% no valor do imóvel, nem pode ser maior que o dobro cobrado no ano anterior. Limitações da Propriedade Caso não atendida a função social da propriedade haverão sansões para seu proprietário, aplicáveis na hipótese de imóvel não edificado, subutilizado ou não utilizado como forma de constranger o proprietário a observar a função social de seu imóvel. São elas: 1- Tombamento (art.216, § 1º CF): Ocorre quando o patrimônio tem muito valor histórico-cultural para a região, visando a proibição de demolição ou modificação. Por isso o poder público, por ato administrativo, limita os poderes de uso e propriedade e exige atuação do proprietário na manutenção. Se o proprietário não tiver dinheiro deve fazer requerimento para o órgão público específico para que este financie o custeio. O tombamento é um procedimento administrativo que determina restrição parcial ao direito de propriedade e, em vista disso, em regra, não há direito à indenização. 2- Edificação compulsória (art. 184, §4º, II CF): 3- Requisição Administrativa: conforme art. 5º, XXV da CF, no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário a devida indenização ulterior, se houver dano. 4- Parcelamento (art. 184, §4º, II CF): 5- Cláusulas de impenhorabilidade: constituída mediante vontade privada, é a cláusula em que que as pessoas, quando da realização de seu testamento, ou de um ato de liberalidade, como uma doação, por exemplo, ao transferirem sua propriedade a terceiros, impõem condições a fim de que o bem transferido não mais saia do patrimônio da pessoa beneficiada, tornando-se assim impenhorável, incomunicável e ainda inalienável. A impenhorabilidade, genericamente, implica que o bem, recebido por testamento ou por doação, não mais poderá ser penhorado por dívida do novo proprietário. Da descoberta da propriedade Quem encontra algo perdido tem obrigação de devolver ao dono. Caso desconheça, deve entregar à autoridade competente (a doutrina majoritária entende ser o delegado de polícia). Entregando à autoridade, receberá recompensa de 5% e indenização de tudo o que gastou para cuidar da coisa perdida, uma vez que possui essa obrigação e, se por dolo, não o fizer, deverá responder pelo dano causado. O delegado de polícia deve divulgar editais ou publicação de imprensa para resgatarem o bem. Se passados 60 dias e não aparecer ninguém, venderá o bem em hasta pública. Feito isso, separa o valor do proprietário do bem e o restante fica com o município. Meios de Adquirir a Propriedade Registro de título de propriedade: Quando se tratar de bem imóvel, a propriedade será passada, via de regra, através do registro público. A cada nova alienação haverá um novo número de registro, mantendo-se, contudo, a matrícula inicial. A escritura pública é obrigatória para os imóveis cujo valor seja superior a 30 salários mínimos. No entanto, caso seja inferior, a transferência poderá ser feita por transmissão de compra e venda. • Atributos do registro público: a) Publicidade b) Força probante de fé pública c) Legalidade d) Obrigatoriedade quanto ao local e) Continuidade Usucapião: constitui o modo originário de aquisição de uma propriedade, mediante o exercício da posse pacífica e contínua, durante certo período de tempo previsto em lei. A usucapião trata de umaprescrição aquisitiva, com fundamento constitucional no princípio da função social da propriedade (art.5º), pois por meio do exercício da posse com o passar do tempo a pessoa adquire a propriedade. É também ação passível de audiência de conciliação, em âmbito processual. Quando se usucape um bem não é preciso identificar os proprietários antigos, bem como, são eliminadas todas as dívidas e garantias do imóvel. Podem ser objetos de usucapião quaisquer bens móveis ou imóveis (sendo mais comum a ocorrência nos bens imóveis). Contudo, para os bens imóveis públicos, não cabe o instituto da usucapião, salvo se o bem for desafetado antes da alienação (uma vez que são inalienáveis, impenhoráveis e imprescritíveis). Vale ressaltar que os bens que representam valores personalíssimos e inestimáveis não são passíveis de usucapião. A usucapião é possível por parte de qualquer pessoa, desde que preencha os requisitos gerais: a) Animus domini (usucapionem) b) Posse mansa e pacífica (ou seja, não contestada) c) Posse contínua e duradoura, não admitindo fração de tempo d) Posse justa (ou seja, não é clandestina, violenta ou precária) Possui legitimidade ativa para usucapir bens o possuidor, não sendo possível este direito ao mero detentor. Já o legitimado passivo é o proprietário do bem que não cumpriu a função social da propriedade. SOB PENA DE NULIDADE, SEMPRE SE DEVE INTIMAR AS FAZENDAS PÚBLICAS NOS PROCESSOS DE USUCAPIÃO (ESTAS TENTARÃO DESCOBRIR SE O BEM É PÚBLICO OU NÃO). ACESSIO TEMPUS Em algumas espécies de usucapião é possível haver a “soma de posses” para efeito de reconhecimento da usucapião (art. 1.243 CC). Ex.: ocupação do imóvel passada de pai para filho ou do vendedor para o comprador. Soma-se, então, o tempo de ocupação para atingir o tempo necessário para o direito de usucapião. EXCEÇÃO AO CRITÉRIO DO TEMPO No momento de ajuizamento da ação, não é necessário que esteja cumprido o requisito do tempo de ocupação em sua totalidade. Pode-se cumprir ao longo do processo, desde que o sujeito esteja de boa-fé (ex.: caso em que não possui total ciência exata do tempo). Outra possibilidade é quando faltar pouco tempo para atingir o requisito (ex.: 1 mês) São espécies de usucapião e seus requisitos específicos: • Usucapião extraordinária: o Posse de 15 anos • Usucapião Ordinária: o Posse de 10 anos ▪ “Será de 5 anos o prazo, se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelado posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido sua moradia, ou realizado investimento de interesse social e econômico”. o Justo título e boa fé • Usucapião Rural ou pro labore: nesse caso a propriedade tornou-se produtiva e moradia habitual. Requer: o Posse de 5 anos o Área não superior a 50 hectares o Deve ter tornado a propriedade produtiva por seu trabalho ou de sua família o Não cabe acessiu tempus o Rito Sumaríssimo • Usucapião Urbana ou pro misero: o Posse de 5 anos o Área de até 250 m² o A propriedade deve estar servindo de moradia (vide art. 183 CF) o Não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural o Não cabe acessiu tempus o Rito sumário • Usucapião pelo abandono do lar: o Posse de 2 anos o Posse direta, com exclusividade o Imóvel de até 250m² o Propriedade era dividida com ex- conjuge ou ex companheiro que abandonou o lar o Abandono deve ser voluntário e unilateral o Propriedade utilizada para moradia própria do usucapiente ou da família o Não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural o Não cabe acessiu tempus • Usucapião Coletiva: o Posse de 5 anos o População de baixa renda o Ocupação com fins de moradia (não pode estabelecer propriedade comercial, mesmo após a ação de usucapião) o Áreas com mais de 250m² o Impossibilidade de identificar os limites dos terrenos ocupados por cada possuidor o Os possuidores não podem ser proprietários de outro imóvel urbano ou rural o O juiz, na ação de usucapião, dividirá a área igualmente entre cada possuidor, salvo se os ocupantes solicitarem, expressamente, a divisão de forma diversa. Acessão: A acessão poderá ser natural ou artificial, mas, por sua natureza, sempre implicará em aumento da coisa. • Naturais/Físicas a) Formação de ilhas: diante da formação de ilhas no meio de um rio, divide-se a ilha formada em linhas imaginárias de acordo com as propriedades arredores. b) Aluvião: “é o aumento lento e paulatino da margem do terreno, mediante acúmulo natural de detritos e sedimentos”, em outras palavras, ocorre quando uma faixa ligada a uma propriedade, feita de atritos, terra, depósitos naturais. Nesse caso, o acréscimo pertencerá ao proprietário do terreno ao qual está ligado. c) Avulsão: ocorre quando, por força natural violenta, uma porção de terra se desloca de uma propriedade para outra através do curso do rio. Neste caso o novo dono deve pagar indenização ao antigo dono para adquirir o pedaço deslocado de terra. O antigo dono deve cobrar a indenização no prazo decadencial de 1 ano, caso contrário o novo dono adquirirá a porção de terra sem ter que pagar indenização. Se o novo dono se recursar a pagar, deve permitir que o antigo dono acesse o local, ou providenciar que se remova a parte acrescida. d) Abandono de Álveo: consiste no leito seco do rio. Se um rio abrir um “braço” na área de uma propriedade, tudo que se formar ali pertencerá ao dono da respectiva propriedade. Obs.: As correntes de água devem ser comuns e não podem ser navegadas por barcos comerciais. • Industriais: toda construção ou plantação realizada em uma propriedade presume-se ser do dono da propriedade (art. 1.253). a) Plantações (art. 1.255): Se alguém planta em terreno alheio, de boa fé, a colheita lhe pertence, desde que indenize o dono da propriedade (parágrafo único). Contudo, se estava de má fé, terá que indenizar o proprietário e ainda pagar perdas e danos lato sensu e devolver a colheita ao proprietário da terra. Se ambas as partes estiverem de má fé (art. 1.256) a colheita será do proprietário do terreno, mas este terá que ressarcir as despesas com as sementes e plantio. b) Construções: conforme art. 1.258, se a construção não ultrapassar 20% do terreno alheio e o construtor está de boa fé, pagará indenização ao proprietário do terreno “invadido”, devolvendo, também o valor correspondente à desvalorização da área remanescente, e terá poder sobre a construção. Por outro lado, conforme o parágrafo único do artigo acima citado, aquele que, de má fé, construir em terreno alheio e não for possível destruir a construção na porção da área ”invadida”, deverá pagar 10x o valor Novo Desdobramento em perdas e danos para adquirir a parte do solo que invadiu. Contudo, se ultrapassar 20% de ocupação do terreno alheio, estando de boa fé, para adquirir direito à porção construída, deverá responder por perdas e danos abrangendo o valor que a construção acrescer ao terreno + o valor da área perdida + a desvalorização da área remanescente. Diferentemente, ultrapassando os 20% e estando de má fé, será obrigado a demolir a construção, pagar perdas e danos em dobro. Direito Hereditário (civil 8)
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