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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LÍNGUA ESPANHOLA I 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
1 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 4 
2 CULTURA ..................................................................................................................... 5 
3 COMUNICAÇÃO EM ESPANHOL .............................................................................. 11 
4 LÍNGUA ESPANHOLA NO CENÁRIO MUNDIAL ....................................................... 17 
5 IDENTIDADE NACIONAL: UMA QUESTÃO DE LÍNGUA ........................................... 22 
6 A CHEGADA DO IMPÉRIO ROMANO À PENÍNSULA IBÉRICA ................................ 23 
7 O PROCESSO DE ROMANIZAÇÃO LINGUÍSTICA ................................................... 25 
8 A LÍNGUA ROMANCE: LEGADO DA ROMANIZAÇÃO .............................................. 27 
9 LÍNGUA ESPANHOLA: A FILHA DO LATIM ............................................................... 30 
10 A EVOLUÇÃO GRAMATICAL DA LÍNGUA ESPANHOLA DESDE NEBRIJA ATÉ O 
SÉCULO XX....................................................................................................................32 
10.1 O período medieval ................................................................................................ 34 
10.2 O espanhol moderno .............................................................................................. 35 
10.3 O espanhol contemporâneo ................................................................................... 36 
11 AS DIFERENTES VISÕES GRAMATICAIS NA HISTÓRIA DA LÍNGUA 
ESPANHOLA...................................................................................................................38 
11.1 Diferenciação de metaclasses de palavras invariáveis e indeclináveis .................. 39 
11.2 A invariabilidade como característica comum a todas as classes .......................... 41 
11.3 A ausência de especificação .................................................................................. 41 
12 DIFERENTES ABORDAGENS DE NOMENCLATURA NA HISTÓRIA GRAMATICAL 
DA LÍNGUA ESPANHOLA ............................................................................................. 42 
12.1 Definições................................................................................................................43 
13 CONCORDÂNCIA VERBAL: OS CASOS DOS SUJEITOS EXPRESSO E TÁCITO..45 
 
2 
 
14 COMPLEMENTOS: DIRETO, INDIRETO, DE RÉGIMEN VERBAL E 
CIRCUNSTANCIAL ........................................................................................................ 50 
14.1 Complementos direto e indireto .............................................................................. 50 
14.2 Complemento de régimen preposicional e circunstancial ...................................... 53 
15 ORAÇÕES EM LÍNGUA ESPANHOLA: IMPERATIVAS, INTERROGATIVAS, 
EXCLAMATIVAS E DE NEGAÇÃO ................................................................................ 55 
15.1 Orações declarativas: afirmativas e negativas ....................................................... 56 
15.2 Orações interrogativas ........................................................................................... 57 
15.3 Orações exclamativas ............................................................................................ 58 
15.4 Orações imperativas............................................................................................... 58 
16 A ORGANIZAÇÃO DA NUEVA GRAMÁTICA DE LA LENGUA ESPAÑOLA DA RAE 
(SÉCULO XXI) ............................................................................................................... 60 
17 REAL ACADEMIA ESPAÑOLA: ORIGEM E NOMENCLATURA .............................. 62 
18 A NOMENCLATURA DA LÍNGUA ESPANHOLA E A SUA IMPORTÂNCIA PARA O 
ENSINO...........................................................................................................................66 
19 O QUE SIGNIFICA “GRAMÁTICA” E QUAIS SÃO OS SEUS TIPOS? ..................... 68 
20 O PERCURSO DA GRAMÁTICA DA LÍNGUA ESPANHOLA ................................... 72 
21 O SÉCULO XXI E A NUEVA GRAMÁTICA DE LA LENGUA ESPAÑOLA: UMA 
GRAMÁTICA CONTEMPORÂNEA ................................................................................ 75 
21.1 Fonologia/fonética .................................................................................................. 77 
21.2 Morfologia................................................................................................................77 
21.3 Sintaxe.....................................................................................................................78 
22 OBJETO DE ESTUDO DA FONÉTICA ..................................................................... 81 
23 IMPORTÂNCIA DA FONÉTICA NO ESTUDO DA LÍNGUA ...................................... 86 
24 DIFERENTES PRONÚNCIAS DA LÍNGUA ESPANHOLA A PARTIR DA ANÁLISE 
FONÉTICA.......................................................................... ............................................88 
 
3 
 
25 ESTUDOS DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA ................................................................ 91 
25.1 Definição..................................................................................................................91 
26 DIFERENTES VARIAÇÕES DA LÍNGUA ESPANHOLA ........................................... 95 
27 ELEMENTOS HISTÓRICOS, GEOGRÁFICOS E SOCIAIS ASSOCIADOS À 
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA ............................................................................................. 98 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O grupo educacional Faveni, esclarece que o material virtual é semelhante ao da 
sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se 
levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que 
seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a 
pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, 
é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao 
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância 
exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um 
horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A 
vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A 
organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos 
definidos para as atividades. 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 CULTURA 
A língua espanhola surgiu numa região que vivia em guerra e que, por isso, era 
cheia de fortifi cações e castelos de pedra — motivo pelo qual esse lugar passou a se 
chamar Castela (em espanhol, Castilla). As pessoas que viviam nessa região falavam o 
latim de forma diferente: misturavam termos germânicos e romanos (BIZELLO, 2019). 
No período da reconquista, houve uma desagregação dos povos, que fez com 
que não houvesse mais comunicação entre eles. Essa não comunicação gerou muitas 
diferenças e, por isso, surgiram o galego, o catalão, o basco e o castelhano (língua de 
Castela). Entretanto, devido à força política e literária de Castela, o castelhano passou a 
ser considerado mais importante. Dessa forma, o latim vulgar falado antes se modificou. 
Outras línguas se misturaram a ele e, ao contrário do que ocorreu com os seus vizinhos, 
surgiram mais ditongos, e os falantes diminuíram as vogais postônicas e introduziram 
sons guturais e velares (BIZELLO, 2019). 
É importante destacar, porém, que essas mudanças eram predominantemente 
orais. Naescrita, a chamada língua romance ganhou mais espaço na época dos reis 
católicos, pois passou a ser tratada como língua oficial da corte e, assim, foi se 
desprendendo das regras latinas. Dessa forma, o castelhano apareceu na literatura, nas 
crônicas reais e na legislação. Outra mudança significativa do período do Rei Alfonso X 
foi a ordem da frase, que passou a se basear em sujeito, verbo e complemento. Além 
disso, o latim culto passou cada vez mais a se misturar com o latim vulgar. Nessa época, 
também houve a mistura com o galego, o catalão, o italiano e o francês (BIZELLO, 2019). 
Durante a conquista da América, embora os espanhóis impusessem a sua língua 
como oficial, o contato com os povos conquistados levou esse idioma a mais 
transformações. No período depois da conquista da América, o espanhol se assemelhava 
mais ao que é hoje. Nessa época, surgiram as regras de bom uso da língua e, para isso, 
Antonio de Nebrija escreveu a Gramática castellana e Juan Valdés escreveu o Diálogo 
de la lengua. Na literatura, a obra de Cervantes, além da sua importância literária, surgiu 
como modelo de perfeição de linguagem: ele mesclou a linguagem culta do personagem 
Quixote com a língua do povo do personagem Sancho (BIZELLO, 2019). 
 
6 
 
Outro fato que contribuiu para a força da língua espanhola foi a fundação da Real 
Academia Española (RAE), em 1713, indo ao encontro do momento do espanhol no 
mundo. Embora a Espanha como país não estivesse em evidência, o espanhol era 
considerado a língua da ciência e da educação. De acordo com o Portal do Governo da 
Espanha (2017, documento on-line), o país: 
[…] contaba en 1492 con una potente maquinaria de guerra, una sólida 
economía, una proyección exterior, una experiencia marinera y exploradora de 
rutas mercantiles y un notable potencial científico-técnico: matemáticos, 
geógrafos, astrónomos y constructores navales. 
A conquista da América gerou uma questão a ser resolvida: como nomear a 
língua? Castelhano, por ser a língua de Castela, ou espanhol, por ser a língua da 
Espanha? Ainda que as duas denominações sejam adequadas, os hispanohablantes da 
América costumam dizer que falam castelhano, e não espanhol — que seria a língua da 
Espanha. Veja na Figura 1 os países que falam espanhol (SÓ ESPANHOL, 2018). 
 
 
 
Um aspecto que merece destaque é que, ao longo da história do castelhano, 
houve uma mistura com outras línguas que se adequaram ao espanhol. Segundo 
Fuentes (1991, p. 97), “[…] a partir de la revolución industrial del siglo XIX, y con la 
 
7 
 
intensificación del comercio anglosajón, se adoptaron muchos términos del inglés que se 
adecuaron al español”. 
Nesse contexto, foi construída a identidade cultural da língua espanhola: com 
diversidade e mistura de valores. Aliás, a própria história da Espanha se fundamenta na 
diversidade e na influência de diferentes povos, que deixaram as suas marcas nas 
tradições, na língua e na arquitetura do país (BIZELLO, 2019). 
Uma das tradições mais conhecidas da Espanha é a tourada, um evento ocorre 
em Plazas de Toros espalhadas por todo o país. Entretanto, na atualidade esse aspecto 
cultural tem sofrido modificações e é inclusive proibido em várias regiões. De acordo com 
Jokura (2018, documento on-line): 
É um espetáculo sangrento em que um toureiro enfrenta, quase sempre até a 
morte, um touro selvagem dentro de uma arena. A fiesta nacional da Espanha 
tem origem em caçadas a touros que rolavam já no século 3 a.C. No fim do século 
18 — quando assumiu seu formato atual —, a distração já havia caído 
definitivamente no gosto popular. 
Além disso, a Espanha é conhecida pelas suas festas populares. 
 
 Las Fallas: ocorre em Valência como uma competição de grandes 
esculturas, que são conhecidas como fallas. 
 Semana Santa: no sul da Espanha, durante a Páscoa, várias procissões 
percorrem as cidades, principalmente Sevilha e Granada, as quais são 
decoradas com flores e símbolos religiosos. 
 Feira de Abril: em Sevilha, ocorre uma festa com comidas e bebidas 
típicas, apresentações culturais e passeios de carruagem com trajes 
típicos. 
 Fiestas de San Fermín: ocorrem em Pamplona como uma homenagem ao 
padroeiro da região. Os participantes se vestem de branco e usam um 
lenço vermelho no pescoço, antes de saírem correndo diante dos touros 
que são soltos nas ruas estreitas da cidade. 
 
8 
 
 La Tomatina: trata-se de uma batalha de tomates que ocorre em Buñol, a 
qual começa às 11h e dura o dia todo. Surgiu em 1945, quando um grupo 
de amigos fez uma guerra de tomates. 
 
A Argentina, na época das imigrações europeias, recebeu muitos estrangeiros, e 
a sua cultura é resultado dessa mistura. O tango, uma das suas maiores marcas, era 
considerado no início impróprio a ambientes familiares, pois surgiu nos subúrbios e 
bordéis. Quando passou a ser admitido nos salões, abdicou das coreografias mais 
extravagantes e sensuais. Outras marcas desse país são o futebol, o churrasco e o vinho. 
A Bolívia é um dos países colonizados pela Espanha que mais apresenta uma 
cultura autóctone. A tradição artística indígena aparece no exterior dos edifícios, 
geralmente revelando a flora e a fauna locais (BIZELLO, 2019). 
O Chile é um país que apresenta uma mistura cultural: há uma forte presença 
indígena (especialmente os mapuches) junto aos costumes católicos herdados dos 
espanhóis. Uma curiosidade a respeito desse país é que ele foi conquistado pela 
Espanha apenas no século XVII. A partir disso, teve uma grande exploração dos recursos 
naturais, que o levou a um auge econômico. A literatura chilena conta com prêmios Nobel 
(Pablo Neruda e Gabriela Mistral) e com muitas vendas internacionais, principalmente 
com as obras de Isabel Allende (BIZELLO, 2019). 
A Colômbia é um país marcado pelas festas culturais. O carnaval de negros e 
brancos ocorre em Pasto, a partir da primeira semana de janeiro, desde 1546, reunindo 
tradições étnicas andinas e do pacífico. Em 2009, foi declarado Patrimônio Cultural 
Imaterial da Humanidade pela UNESCO. O carnaval de Barranquilla é o principal festival 
colombiano, sendo reconhecido internacionalmente, e se destaca entre outros 
importantes festivais da América Latina. As Festas de Padroeiro (em San Andrés) 
envolvem todo o complexo de ilhas, com muita música caribenha e pratos típicos dessa 
região insular. Vale ressaltar também que, na Colômbia, há touradas em muitas festas 
(BIZELLO, 2019). 
A Costa Rica é um grande mosaico cultural. Há uma mistura da cultura africana, 
trazida pelos escravos, da caribenha, da espanhola e da jamaicana, resultado da 
imigração de trabalhadores (BIZELLO, 2019). 
 
9 
 
Cuba é um país conhecido pela implementação e manutenção do regime 
socialista, e pouco se fala nas mídias sobre a sua cultura. Ela é fruto da mistura dos 
aspectos espanhóis com costumes africanos, e a música é a expressão mais destacada 
nessa cultura: a rumba e a salsa são dançadas em todos os espaços (BIZELLO, 2019). 
O Equador tem na sua cultura a expressão da mistura de povos indígenas. As 
culturas pré-colombianas se destacam em cerâmica, confecção, escultura, pintura e 
trabalhos com ouro e prata. Na arte religiosa, presente em museus e igrejas, destacam-
se as obras coloniais religiosas realizadas pelos indígenas (BIZELLO, 2019). 
Em El Salvador, há uma mistura da cultura indígena (representada pelo legado 
do mundo maia) com a cultura espanhola (representada pelas construções arquitetônicas 
religiosas) (BIZELLO, 2019). 
Na Guatemala, a cultura maia está na religião, na arquitetura, nos costumes e 
nas vestimentas. Entretanto, a presença espanhola na época da colonização fez com que 
aspectos europeus se misturassem a essa cultura e formasse o que hoje é a cultura 
guatemalteca (BIZELLO, 2019). 
A Guiné Equatorial está localizada na África Ocidental. Como foi inicialmente 
colonizada por portugueses, tem raízes portuguesas na sua cultura — algunshabitantes 
da região falam português, mas cerca de 90% da população fala espanhol. Essa mistura 
de colonizadores deixou marcas, como o legado ibérico na gastronomia: a preferência 
por frutos do mar e o uso de azeite estão muito presentes. O cristianismo é a religião com 
mais praticantes, mas também há influências africanas (BIZELLO, 2019). 
Em Honduras, o espanhol é a língua predominante, embora alguns habitantes 
usem o inglês, e há misturas com dialetos indígenas e com o dialeto garifuna. Mistura é 
a palavra-chave para definir a cultura hondurenha: as ilhas da Baía têm população 
composta quase que totalmente por ingleses, contrastando com as ilhas de Bata, cuja 
população é em sua maioria negra (BIZELLO, 2019). 
O México foi território de muitas civilizações, das quais se destacam os maias e 
os astecas; logo, a sua cultura é marcada pelo legado desses povos e pela colonização 
espanhola. Uma evidência da pluralidade mexicana é a gastronomia, que foi reconhecida 
como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2010. De acordo com o 
Portal Universia ([201-?], documento on-line), 
 
10 
 
[...] a cozinha mexicana mistura ingredientes típicos da época pré-hispânica, 
como o milho, o chile, o cacau, o abacate e o nopal, com outros que foram 
introduzidos durante a época colonial, como as carnes, o arroz e o trigo. O pulque, 
a tequila e o mescal são as bebidas mais características. 
Uma festa popular no México é a que celebra o dia dos mortos: nos cemitérios, 
as pessoas comem, bebem, tocam músicas e realizam oferendas. 
Na Nicarágua, não há religião oficial, mas a maioria da população é católica. A 
literatura nicaraguense projetou-se no mundo com o modernista Rubén Darío, 
considerado um dos maiores poetas hispano-americanos (BIZELLO, 2019). 
O Panamá apresenta uma cultura em que há uma mistura das tradições 
espanholas, africanas, ameríndias e norte-americanas. De acordo com Nadale (2018, 
documento on-line), “No Corpus Christi, uma das tradições são os ‘diabinhos sujos’: 
figuras com máscara de papel machê, mortalha (geralmente preta e vermelha), 
castanholas e um sininho. Eles dançam pelas ruas, jogam água nas pessoas e fazem 
bagunça com as crianças”. 
A principal língua falada no Peru é o espanhol, a segunda mais falada é o 
quéchua — a língua antiga dos incas. Essa coexistência de culturas se manifesta em 
todos os aspectos da sociedade peruana, como a religião: a maioria da população 
peruana é católica, mas muitas crenças e costumes tradicionais permanecem. Há vários 
festivais tradicionais que mostram isso; o exemplo mais famoso é o festival Inti Raymi, 
quando Inti, o deus do Sol da cultura inca, é honrado em uma procissão (BIZELLO, 2019). 
Porto Rico tem uma cultura marcada pela colonização espanhola e pela condição 
contraditória de, mesmo após a independência, sofrer intervenções dos Estados Unidos. 
Essa peculiaridade surge também na língua. De acordo com as informações do Portal 
São Francisco ([201-?]), a “guerra da língua” demonstra que a população quer defender 
a sua identidade todas as vezes em que algum dos governadores tenta mudar a Lei da 
língua oficial única (1949), a qual determina que o ensino na escola pública seja feito 
somente em espanhol. “Porto Rico não é uma ilha bilíngue, mas um centro significativo, 
criador de cultura hispânica, onde é utilizado também o inglês como instrumento de 
comunicação”, frisa Ramón-Darío Molinary (apud PORTAL SÃO FRANCISCO ([201-?], 
documento on-line). 
 
11 
 
A República Dominicana tem como principal aspecto da sua identidade o 
merengue. Esse ritmo musical, que tem origem na fusão das músicas africanas com o 
pasodoble espanhol, era considerado vulgar, mas atualmente é a principal manifestação 
cultural da ilha (BIZELLO, 2019). 
O Uruguai tem forte tradição na figura do gaúcho, de onde surgem algumas 
danças e músicas folclóricas, como a milonga. Contudo, as danças e os rituais de origem 
africana revelam um rico folclore afro-uruguaio. O candomblé é uma dança que surgiu 
dessa tradição (BIZELLO, 2019). 
Na Venezuela, a música é uma forte expressão da sua cultura. Trata-se de uma 
mistura de espanhol com ritmos africanos e indígenas. 
Em resumo, a língua espanhola é um elemento cultural de vários países de 
diferentes continentes. Essa diversidade e mistura caracterizam as manifestações 
culturais de todas as regiões e contribuem com as variações linguísticas (BIZELLO, 
2019). 
3 COMUNICAÇÃO EM ESPANHOL 
Como em qualquer língua, há diferentes maneiras de expressar a mesma ideia 
em espanhol. Contudo, há as mais usuais e mais adequadas, de acordo com o contexto. 
Segundo Raúl Prada (2018, documento on-line): 
[…] se puede definir la comunicación como el encuentro de un organismo viviente 
con su medio ambiente o entorno, cuando se entiende por dicho encuentro la 
recepción de informaciones sobre el mundo circundante y una reacción ante la 
información recibida. Esta fórmula abarca todas las posibilidades de "encuentro" 
del hombre con su medio ambiente físico, social y cultural; las relaciones 
humanas en sus diversas manifestaciones: económicas, políticas, deportivas, 
etc.; donde caben también niveles de relación con los productos de la tecnología: 
comunicación hombre máquina en la industria, en los procesos de aprendizaje y 
en los del entretenimiento. Incluye, asimismo, la relación del hombre con los 
medios masivos. Cubre el entorno variado y complejo que rodea al ser humano, 
esfera dentro de la cual actúa reaccionando objetos, hechos, funciones y 
relaciones son agentes emisores de mensajes para el receptor. Del entorno 
parten señales de variada índole que el hombre acomoda a sus necesidades. 
 
12 
 
Nesse sentido, quem deseja se comunicar em outra língua — nesse caso, em 
espanhol — precisa conhecer e praticar formas simples de comunicação. Por exemplo, 
para perguntar um nome, podem-se usar as seguintes interrogações: 
¿Cómo te llamas? 
¿Cuál es tu/su nombre? 
¿Cómo se llama usted? 
 
Observe que as duas primeiras formas, com o uso de se, são utilizadas em 
contextos formais. Para dizer o seu nome, uma pessoa pode dizer: 
 
¡Hola! Me llamo... 
Mi nombre es... 
Soy... 
 
Contudo, a segunda forma indicada é pouco aplicada no dia a dia, surgindo mais 
em contextos formais. Para saudar alguém, usa-se: 
 
¡Buenos días! ¡Buenas tardes! ¡Buenas noches! 
¿Cómo está usted? ¿Cómo tú estás? ¿Como está vos? 
Hola, ¿qué tal? 
 
Note que, ao contrário do que ocorre na língua portuguesa, as saudações de 
acordo com o turno do dia (primeiro exemplo), em espanhol, são feitas no plural. As 
indicações que constituem o segundo exemplo são utilizadas tanto na finalidade social 
(isto é, apenas para saudar) como para realmente obter a resposta de como a pessoa 
está. Usted é usado em situações formais e pode ser substituído, por exemplo, por 
¿Cómo la señora está?. Tú indica um tratamento mais informal e íntimo, enquanto vos 
ocorre em localidades em que se usa o voseo (BIZELLO, 2019). 
 
 
13 
 
 
 
Verifique no Quadro 1 as maneiras formais e informais de perguntar e de 
responder como uma pessoa está (BIZELLO, 2019). 
 
 
 
Observe que os formais se relacionam com os pronomes de tratamento, que são 
flexionados na terceira pessoa. Já os informais são flexionados na segunda pessoa. Os 
verbos são conjugados de acordo com o pronome utilizado (BIZELLO, 2019). 
Há também diferentes formas de perguntar sobre o estado civil de alguém. Veja 
os exemplos a seguir. 
 
¿Cuál es el estado civil de tu hermana? 
¿Tu abuela está casada? 
¿Tu primo está soltero? 
¿Estás soltera o casada? 
 
Observe que uma pessoa pode estar soltera ou casada e ser viúda ou divorciada. 
Para conversar sobre a profissão das pessoas, pode-se recorrer a diferentes perguntas: 
 
14 
 
¿A qué te dedicas? 
¿En qué trabajas? 
¿Qué haces? 
 
Para responder a essas perguntas, o interlocutor pode dizer: 
 
Soy... 
Trabajo en...A comunicação pode ter como tema as datas. Nesse caso, podem surgir 
questões como: 
 
¿Qué día es hoy? 
¿Qué día de la semana...? 
¿Cuándo es...? 
 
Num diálogo, os interlocutores podem fazer perguntas referentes a descrições, 
como: 
 
¿Cómo es? 
¿De qué número/talla? 
¿De qué color? 
¿Con qué estampa? 
¿De qué está hecho? 
¿Cómo está? 
 
Veja no Quadro 2 como seria uma conversa sobre pedidos de comida (BIZELLO, 
2019). 
 
 
15 
 
 
 
Há diferentes formas de pedir informações sobre uma localização. Veja: 
 
¿Cómo se llega a ...? 
¿Hay una... cerca de aquí? 
 
Você notou que há situações em que se usa o verbo tener e, em outras, o verbo 
haber? Geralmente, o verbo tener é utilizado para indicar posse, já haber é aplicado para 
mostrar a existência. Além disso, haber nunca vai para o plural, enquanto tener nunca 
aparece com preposição (BIZELLO, 2019). Assim, observe os exemplos a seguir: 
 
Mi barrio no tiene árboles. 
En la sala, hay dos alumnos. 
Las salas tienen aire condicionado. 
En este barrio hay muchas flores. 
 
Ao contrário do que ocorre na língua portuguesa, o verbo tener é utilizado diante 
de hambre, sed, sueño e ganas. Veja: 
 
Tengo hambre. 
Todos tienen sed aqui. 
Ella tiene sueño. 
Tengo ganas de pasear. 
 
 
16 
 
Há situações em que a comunicação se relaciona com convites. Veja a seguir 
como fazer para convidar alguém: 
 
¿Quieres ir? 
¿Te gustaría ir conmigo? 
¿Te apuntas? 
 
Observe que a segunda pessoa é sempre a forma escolhida. Para aceitar, o 
interlocutor pode dizer: 
 
¡Claro! 
¡Por supuesto! 
¡Sí! 
¡Cuenta conmigo! 
 
Para recusar, o interlocutor pode dizer: 
 
No va a ser posible. 
No, perdona, tengo otro compromiso. 
Lo siento, no puedo. 
 
Em situações de comunicações comerciais, costuma-se perguntar: 
 
¿Cuánto vale? 
¿Cuánto cuesta? 
¿A cuánto está? 
 
De forma geral, essas diferenças referem-se ao estilo do falante e à situação de 
comunicação. Todavia, os diferentes modos de comunicação podem ser oriundos das 
variações linguísticas. Nesse sentido, encontram-se, na língua espanhola, diferenças de 
léxico (na Espanha, abacaxi é designado como piña; na América, como ananá) e de 
 
17 
 
pronúncia (a letra y pode ser pronunciada como fonema vocálico ou como fonema 
consonantal palatal) (BIZELLO, 2019). 
Em resumo, a observação e a aplicação dessas estruturas são fundamentais 
para o desenvolvimento da aprendizagem de uma língua estrangeira. Segundo Rosales 
Bremont, Zarate Ortiz e Lozano Rodríguez (2018, documento on-line): 
En el aprendizaje de una segunda lengua son importantes dos términos: uno de 
ellos es el aprendizaje de una lengua en sí, entendido éste como el desarrollo de 
conocimiento consciente de la segunda lengua; es decir, el dominio de sus reglas 
y fórmulas por medio de un estudio formal. 
Portanto, para que haja uma comunicação eficiente em língua espanhola, é 
necessário conhecer a cultura, os costumes e as variedades desse idioma (BIZELLO, 
2019). 
4 LÍNGUA ESPANHOLA NO CENÁRIO MUNDIAL 
Quando se fala em comunicação, é inegável o papel da linguagem na 
compreensão e na possibilidade de relações políticas, financeiras, comerciais e 
profissionais. Em um mundo globalizado, a comunicação eficiente é uma exigência. Para 
isso, utilizar ou conhecer os mesmos sinais e símbolos que o interlocutor é fundamental 
para emissores e receptores de mensagens. Assim, num mundo composto por tantas 
línguas diferentes e culturas diversificadas, é importante conhecer idiomas e culturas que 
podem facilitar ou engrandecer as relações (BIZELLO, 2019). 
 
 
Fonte: todamateria.com.br 
 
18 
 
Apontar uma língua predominante ou mais importante é uma atitude complexa, 
visto que há vários aspectos envolvidos, tanto nos critérios de escolha quanto nos 
elementos que promovem um idioma. De acordo com Xoán Lagares (2018, documento 
on-line): 
[...] ao pensarmos as relações entre línguas no espaço mundial, devemos prestar 
atenção nas relações entre os falantes, no modo como eles interagem entre si, 
com falantes da sua mesma língua e de outros idiomas. Essas relações são 
mediadas, por sua vez, por todo tipo de representações em torno de ideias de 
beleza, utilidade, identidade, representatividade etc., e mesmo por interdições 
sociais que têm a ver com os âmbitos de uso, as funções comunicativas ou os 
gêneros discursivos implicados na utilização de uma ou de outra língua. Assim, 
por exemplo, as "escolhas" de uso de falantes bilíngues, em situações de línguas 
em contato, estão condicionadas por toda uma história de coerções sociais 
construídas na relação entre grupos humanos e pelas relações de poder 
existentes. 
O espanhol soma um total de 480 milhões de falantes no mundo, segundo o 
relatório do Instituto Cervantes de Madri (2018). Dessa forma, revela-se como o segundo 
idioma mundial em termos de nativos — perde apenas para o chinês. Se considerarmos 
ainda os aprendizes distribuídos em todos os continentes, esse número supera os 577 
milhões. Isso significa que “[...] el español es la segunda lengua materna del mundo por 
número de hablantes, tras el chino mandarín, y también la segunda lengua en un cómputo 
global de hablantes (dominio nativo + competencia limitada + estudiantes de español)” 
(INSTITUTO CERVANTES, 2018, p. 5). Veja outros dados indicados pelo Instituto 
Cervantes (2018, p. 14): 
En 2018, el 7,6% de la población mundial es hispanohablante (esos 577 millones 
de usuarios potenciales de español mencionados en la primera línea). Las 
previsiones estiman que el peso de la comunidad hispanohablante en 2050 será 
ligeramente superior al actual (concretamente el 7,7% de la población mundial). 
Sin embargo, dichas previsiones también pronostican que, en 2100, este 
porcentaje se situará en el 6,6%, debido fundamentalmente al descenso de la 
población de los países hispanohablantes. Más de 21 millones de alumnos 
estudian español como lengua extranjera em 2018. En concreto 21.815.280. 
Além desses números, que mostram a relevância do idioma, o espanhol é o 
segundo idioma mais utilizado na comunicação internacional e o terceiro oficial no campo 
da política, da economia e da cultura internacional. Veja a seguir os números indicados 
pelo Instituto Cervantes (2018, p. 25). 
 
19 
 
La contribución del conjunto de los países hispanohablantes al PIB mundiales del 
6,9%. 
El PIB generado por el conjunto de los países hispanohablantes es superior al 
generado por el conjunto de los países donde el francés tiene estatus de lengua 
oficial. 
Norteamérica (México, Estados Unidos y Canadá) y España suman el 78% del 
poder de compra de los hispanohablantes. 
En 2016, el poder de compra de la población hispana de Estados Unidos era de 
1,4 billones de dólares y se espera que en 2021 este alcance los 1,66 billones. 
En el caso del español, la lengua común multiplica por cuatro las exportaciones 
bilaterales entre los países hispanohablantes. 
El 79% de las empresas exportadoras españolas cree que el hecho de que en el 
mercado de destino se hable en español puede facilitar su actividad internacional. 
Parte desses números se deve à influência dos latinos na sociedade: dos 21 
países nos quais o espanhol é a língua oficial, 19 são da América Latina. Estes mostram 
um grande crescimento econômico, e isso gera a necessidade de parcerias para 
negócios e o desenvolvimento de negociações. Nesse sentido, amplia-se a importância 
da língua espanhola no cenário mundial. Para quem negocia com esses países, é 
fundamental conhecer as suas particularidades, isto é, a sua cultura. Esse conhecimento 
torna-se uma importante ferramenta, já que quem desconhece a cultura de um povo pode 
cometer erros e gafes nas relações cotidianas de trabalho, numa imigração a um país de 
fala hispânica ou até mesmo num simples turismo no exterior. Conhecer a cultura de um 
povo garante o respeito à identidade da população e uma adaptação menos traumáticapara quem chega com outros costumes e vivências (BIZELLO, 2019). 
Vale ressaltar que algumas empresas têm exigido o diploma de espanhol como 
língua estrangeira (DELE) para que possam se certificar do nível de conhecimento que 
os seus colaboradores têm do espanhol. Para os brasileiros, a importância desse 
conhecimento é ainda maior, porque, com os acordos firmados com o Mercosul, ampliou-
se o número de negócios entre empresas brasileiras e estrangeiras que têm o espanhol 
como principal idioma. Essa necessidade de desenvolver a língua dos hermanos é 
ratificada pelas exigências de um mundo globalizado. Afinal, a comunicação com 
pessoas de diferentes lugares do mundo é não só uma realidade, mas também uma 
exigência. Conhecer outras línguas é, portanto, indispensável, seja no trabalho, seja nos 
estudos, seja para o lazer, seja para o simples contato com pessoas de outros países. 
Nesse sentido, vale ressaltar que o espanhol é a terceira língua mais utilizada nas redes 
sociais. Veja os resultados de pesquisas do Instituto Cervantes (2018, p. 40). 
 
20 
 
El español es la tercera lengua más utilizada en la Red. 
El 8,1% de los usuarios de Internet se comunica en español. 
El uso del español en la Red ha experimentado un crecimiento del 1.696% entre 
los años 2000 y 2017. 
Solo un país de habla hispana, México, se encuentra entre los diez con el mayor 
número de usuarios en Internet. 
El español es la segunda lengua más utilizada en Wikipedia, en Facebook y em 
Twitter. 
El número de usuarios de Facebook en español coloca a este idioma a gran 
distancia del portugués y del francés. 
El español es la segunda lengua más utilizada en Twitter en ciudades 
mayoritariamente anglófonas como Londres o Nueva York. 
O Brasil está muito próximo de países que têm o espanhol como o idioma oficial. 
Além disso, em algumas regiões dos Estados Unidos, essa também é uma língua 
importantíssima nas relações comerciais — 15% da população do país têm o espanhol 
como a sua primeira língua. Portanto, conhecê-la facilita também os negócios financeiros 
e profissionais com a maior potência do mundo. Há ainda muitos estudantes de espanhol 
nos Estados Unidos: “[…] el número de alumnos matriculados en cursos de español en 
las universidades estadounidenses supera al número total de alumnos matriculados en 
cursos de otras lenguas” (INSTITUTO CERVANTES, 2018, p. 15). Na África, desde 2001 
o espanhol é considerado uma das línguas oficiais da Organização da Unidade Africana 
(OUA), juntamente com o árabe, o francês, o inglês e o português. 
Isso significa que, nesse contexto, a língua espanhola se revela como uma das 
escolhas mais vantajosas para as questões profissionais, acadêmicas e culturais. No 
mundo acadêmico, principalmente no âmbito dos cursos de pós-graduação, há muita 
bibliografia escrita em espanhol e que não tem tradução para o português. Vale ressaltar 
a forte presença do espanhol na ciência e na cultura. Veja a seguir os dados 
apresentados pelo Instituto Cervantes (2018, p. 49). 
El porcentaje de participación del conjunto de los países hispanohablantes en la 
producción científica mundial ha experimentado un crecimiento constante desde 
1996. 
El principal actor en la difusión científica en español sigue siendo España, 
seguido a gran distancia de México. 
Casi el 75% de la producción científica en español se reparte entre tres áreas 
temáticas principales: ciencias sociales, ciencias médicas y artes y humanidades. 
Tres países hispanohablantes (España, Argentina y México) se encuentran entre 
los quince principales países productores de películas del mundo. 
España es el tercer país exportador de libros del mundo. 
Dos países hispanohablantes (España y Argentina) se encuentran entre los 15 
principales productores de libros del mundo. 
 
21 
 
El español científico y técnico se encuentra relegado a un plano secundario en el 
ámbito internacional. 
Quando se analisa o âmbito acadêmico, nota-se também a gama de 
oportunidades de estudos no exterior. Para os brasileiros, é mais próximo e mais barato 
estudar nos países vizinhos do que, por exemplo, ir aos Estados Unidos ou à Europa. 
Porém, como no Brasil há o costume de valorizar e seguir a cultura norte-americana, 
pouco se aproveita para imergir na cultura dos países hispanohablantes. Quando 
brasileiros se permitem conhecer esse universo, notam não só uma variedade de 
folclores, tradições, festividades, valores, mas também a similaridade com a diversidade 
cultural brasileira. Somos latino-americanos, colonizados por europeus, oriundos da 
mistura com povos pré-colombianos, marcados pela escravidão. Essa percepção é 
construída também pelos turistas: cresce cada vez mais o número de turistas no mundo 
hispânico (BIZELLO, 2019). 
No entanto, o espaço político do espanhol no mundo está relacionado também à 
valorização dada a esse idioma em cada país no qual ele é língua oficial. Segundo Xoán 
Lagares (2018), esse espaço está em permanente mutação, num jogo dinâmico de 
confrontos e de solidariedades. A crise econômica na Espanha e os sucessivos recortes 
orçamentários em políticas públicas provocaram nos últimos anos uma evidente 
desaceleração das ações de expansão ideadas pelos agentes da política linguística do 
espanhol. Por outro lado, novas iniciativas — muitas delas calcadas no modelo de ação 
inaugurado pela própria Espanha — surgem em diversos pontos do mundo hispânico. A 
Colômbia e a Argentina, por exemplo, têm investido no turismo idiomático, promovendo 
cursos para estrangeiros e buscando destacar a importância do espanhol no cenário 
mundial. 
Em síntese, a língua espanhola está crescendo e ocupando um lugar de 
destaque no cenário mundial. Assim, os aprendizes desse idioma têm maiores chances 
de se inserir na comunicação em âmbito global (BIZELLO, 2019). 
 
22 
 
5 IDENTIDADE NACIONAL: UMA QUESTÃO DE LÍNGUA 
Saussure (1969, p. 18) nos levanta a questão de que língua, além de ser “um 
sistema de signos distintos correspondentes a ideias distintas”, também é “um produto 
social da faculdade de linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas 
pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos” (SAUSSURE, 
1969, p. 17). 
Em outras palavras, além de ser um instrumento de fala e de comunicação, é 
ainda um fator constituinte da identidade pessoal e social. Segundo Saussure (1969, p. 
86), “nenhuma sociedade conhece nem conheceu jamais a língua de outro modo que não 
fosse como um produto herdado de gerações anteriores”. A língua como produto social 
da faculdade da linguagem é produzida a partir do indivíduo e/ou de um coletivo, pois “a 
língua não existe senão em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os 
membros da comunidade” (SAUSSURE, 1969, p. 22). 
O processo de criação, negociação e adoção de sentido de uma palavra se dá 
mediante uma aceitação do seu significado na coletividade. É nessa coletividade que o 
significado se elabora, pois, com o passar do tempo, vai sendo utilizado, desenvolvendo-
se, ganhando força, ressignificando-se e se modificando, ou seja, trata-se de um ciclo 
(fator diacrônico). Assim, a língua é um sistema de signos cuja principal função é 
justamente significar, ao mesmo tempo em que é um forte fator de identidade individual 
e coletiva, porque confere coesão social (ALVES, 2018). 
A língua é um dos elementos de identidade — embora não seja o único — e tem 
relação direta com o território que ocupa, dando sustentabilidade àquela sociedade que 
ali habita. Com esse pensamento, entende-se a importância de Roma para a civilização 
ocidental. A expansão militar do Império Romano envolveu não somente território, 
mudando as fronteiras, mas também mudou o mundo, influenciando-o com sua política, 
suas ideias, sua cultura e religião. Esta foi um veículo importante de difusão e 
oficialização do latim como a língua de todos os povos conquistados (ALVES, 2018).Ao aprender latim, o indivíduo se tornava parte daquela cultura e civilização, 
passando a fazer parte de um legado extraordinário, que perdurou grandiosamente 
durante muitos séculos, tornando-se influência não só em sua época, mas para além 
 
23 
 
daquele tempo. Até hoje esse povo e essa língua permanecem, seja como herança das 
novas línguas ou mesmo em palavras e expressões que se conservaram intactas, e são 
usadas no discurso jurídico e em textos religiosos, acadêmicos e científicos (ALVES, 
2018). 
6 A CHEGADA DO IMPÉRIO ROMANO À PENÍNSULA IBÉRICA 
No mundo ocidental atual, não há língua que não tenha a presença do latim em 
sua formação, e isso se deve ao prestígio de Roma. A cidade foi a capital de um dos 
maiores impérios do mundo antigo, deixando a sua marca na história com a cultura, 
política, religião e ciência. Essa grandiosidade foi alcançada graças ao processo de 
romanização (ALVES, 2018). 
No Mediterrâneo Ocidental, durante a Segunda Guerra Púnica (218 a.C.), as 
legiões romanas se moviam em direção à Hispânia, a fim de conquistar o território da 
Península Ibérica e libertá-la do domínio dos cartagineses — outro grande império que 
disputava o poder com Roma. 
No entanto, a chegada dos romanos na região ibérica não significou vitória certa. 
A pax romana, expressão latina que significa “a paz romana” e que representava uma 
relativa paz gerada pelo autoritarismo romano imposto por meio de armas e forças 
militares romanas, custou a chegar à Península Ibérica. Foi somente o fim das Guerras 
Cantábricas, com o processo de romanização, que assegurou a Roma as fronteiras 
conquistadas desse novo território. Esse capítulo da história tem uma enorme 
importância para a formação da língua espanhola (ALVES, 2018). 
Durante todo o século III a.C., ocorreu a romanização do território da Península 
Ibérica, mas o que nos interessa aqui é o território da Hispânia. Esse processo se 
prolongou até o século I a.C. e modificou muitos aspectos, inclusive a língua. A Figura 1 
mostra um exemplo da arquitetura romana, ainda presente no território onde hoje fica a 
Espanha (ALVES, 2018). 
 
 
24 
 
 
 
Ao longo de quase três séculos, nos principais centros conquistados, os povos 
que ali conviviam se estabeleceram por meio de uma negociação comunicativa bilíngue: 
a língua original do povo submetido ao poder de Roma e a língua oficial de Roma — o 
latim. Assim, essa romanização linguística se deu por um processo de socialização 
cultural, no qual a língua latina era imposta pelos conquistadores romanos. Esse 
processo não foi uniforme: os povos do norte foram os mais resistentes (ALVES, 2018). 
A romanização gradual fez com que o latim se transformasse em nossa base 
linguística. Essa língua passou a ser, então, usada na parte administrativa, legislativa, 
jurídica e nas ministrações religiosas, principalmente em sua variedade culta, na forma 
escrita. Enquanto isso, nos espaços públicos, a língua oral usada era a variedade vulgar, 
trazida pelos soldados e outros servidores do Império Romano, como os colonos e 
comerciantes. Essa variedade oral acabaria se transformando na base para o surgimento 
do castelhano. Porém, havia muitas outras línguas nesse território (ALVES, 2018). 
Antes do processo de romanização na Hispânia, já existiam outras línguas 
pertencente aos povos que habitavam naquele espaço conquistado, como os celtas, 
iberos e bascos. As línguas desses e de outros povos pertencem ao período chamado 
prerromano (em espanhol). Todas as línguas desse período desapareceram, exceto a 
 
25 
 
eusquera (língua basca), mas deixaram algumas palavras, como perro, peñasco, 
cacharro e outras terminadas em -arro, -orro, -asco (ALVES, 2018). 
7 O PROCESSO DE ROMANIZAÇÃO LINGUÍSTICA 
Romanização é, em outras palavras, tornar-se romano. Todo o território 
conquistado pelo Império Romano passou por esse processo; porém, para nós, o que 
interessa é como esse processo influenciou as mudanças linguísticas dos territórios 
ocupados pelos romanos, originando novas línguas (ALVES, 2018). 
Sabemos que a língua é um sistema de signos que serve de instrumento para a 
comunicação e, por ser um organismo vivo, vive em constante mudança. Esse estado 
natural da língua permitiu — e permite — atualizações e formação de novas palavras, 
novas estruturas e novos fonemas (ALVES, 2018). 
O período de romanização contribuiu de maneira expressiva para a evolução das 
línguas que passaram a estar em contato. Sistemas linguísticos diferentes, falados por 
povos diferentes, com culturas diferentes passaram a interagir no cotidiano e, por questão 
de sobrevivência, influenciaram-se mutuamente (ALVES, 2018). 
Os romanos, aos se estabelecerem no território da Hispânia, impuseram sua a 
cultura, o seu sistema político, administrativo e judiciário, e a sua língua, cabendo aos 
povos dominados adaptar-se a esse novo sistema — principalmente o linguístico. Essa 
imposição linguística fez com que, ao passar dos anos, os sistemas linguísticos que 
coexistiam fossem reduzidos, adaptados, modificados, para que as pessoas pudessem 
negociar, trabalhar, reclamar — enfim, para que houvesse comunicação (ALVES, 2018). 
Em um primeiro momento, conviviam o latim vulgar, o latim clássico e as línguas 
pertencentes aos outros povos. O latim vulgar era falado por todo tipo de romano em 
diversos lugares, como no comércio e em ambientes mais familiares. Já o latim clássico 
era usado em cerimônias, documentos jurídicos, legislativos, etc. Essa era a variedade 
usada principalmente para escrever, mas era lido e falado em eventos oficiais, em saraus 
e momentos religiosos, ou seja, em ambientes mais formais (ALVES, 2018). 
O resultado do contato linguístico, a imposição de uma língua de prestígio e a 
necessidade de sobreviver nesse ambiente multilíngue propiciaram mudanças dialetais 
 
26 
 
que foram surgindo de forma espontânea. Cada língua foi deixando de herança palavras, 
mudanças de articulação fonética, sistemas e estruturas, nutrindo assim a nova língua 
que começava a surgir: o romance (ALVES, 2018). 
A língua romance surgiu, então, de uma evolução do latim vulgar. Ela se originou 
a partir dessa tentativa de comunicação em um ambiente multilíngue que misturou, 
sobretudo, o latim vulgar às línguas dos povos dominados. Houve também alguma 
influência do latim clássico, com contribuições oriundas das literaturas e de documentos 
oficiais e religiosos, como ley (lex), orden (ordo, -inis), ciudad (civitas), fe (fides), diablo 
(diabolus – lat. tardio), virgen (virgo, -inis), ángel (angelus – lat. tardio), templo (templum) 
(ALVES, 2018). 
O romance foi, antes de tudo, uma língua para uso oral, sendo oriundo de outra 
língua oral (o latim vulgar), que contribuiu na organização fonética e lexical. Entretanto, 
cabia ao latim clássico a modalidade escrita e a influência na constituição da estrutura 
gramatical conhecida como SVO (sujeito–verbo– objeto). Não podemos nos esquecer 
também de que grandes celebridades, já nascidas nesses novos territórios, ajudaram no 
estabelecimento do latim na Hispânia, como é o caso de Lucius Annaeus Sêneca, que 
foi um advogado, intelectual e escritor do Império Romano, nascido na Hispânia (na 
região de Córdoba), que deixou obras como Medeia e Édipo. A Figura 2 apresenta uma 
estátua de Sêneca, que foi erguida em sua cidade natal (ALVES, 2018). 
 
 
27 
 
 
8 A LÍNGUA ROMANCE: LEGADO DA ROMANIZAÇÃO 
O uso do latim na Hispânia foi um processo que garantiu a coesão do povo com 
o passar do tempo. É importante perceber que esse processo foi longo — durou séculos 
— e não foi um processo forçado. O peso das circunstâncias e das vantagens 
econômicas é que levou os povos conquistados a aceitarem as novas leis e estruturas 
impostas e, consequentemente, a usar a nova língua, mesmo que com dificuldades 
(ALVES, 2018). 
Essas dificuldades geraram adaptações e, com isso, novas línguas foramsurgindo: as consideradas neolatinas ou românicas. São línguas decorrentes do 
 
28 
 
processo de romanização dos territórios dominados pelo Império Romano. Estas 
passaram a ser percebidas e aceitas como unidades de identificação a partir do século 
V d.C., quando o Império Romano perdeu força política e governamental nas áreas antes 
ocupadas (ALVES, 2018). 
Quando o Império Romano começou o seu declínio, os visigodos passaram a 
ocupar a România. Sua maior influência linguística foi ao norte do território onde hoje é a 
Europa, dando origem ao alemão e ao inglês, por exemplo. Sobretudo no sul da Europa, 
por não serem muito influentes, os povos adotaram a língua dos vencidos (o latim), mas 
deixaram sua contribuição linguística nesse território, principalmente em vocábulos 
bélicos, como guerra, yelmo, guardián, espía, e também em nomes próprios, como 
Alfonso, Álvaro, Fernando (ALVES, 2018). 
O processo linguístico de latinização ou romanização linguística gerou 
transformações fonológicas e gramaticais distintas em diversas regiões, dificultando a 
compreensão e criando barreiras linguísticas. É nesse momento que surgem as línguas 
chamadas de romance. Não é uma fase muito diferenciada do latim, mas já começava a 
gerar uma nova identidade para as línguas que surgiriam posteriormente: as neolatinas 
(ALVES, 2018). 
Toda essa história influenciou o processo que originou a língua castelhana. 
Foram séculos de transformações e mudanças: novos territórios passaram a novos 
governos, novas limitações geográficas, novas conquistas e reconstrução da identidade 
local. Consequentemente, a língua é motriz para a criação da personalidade dos novos 
povos. Segundo Saussure (1969), a separação geográfica contribui, de maneira geral, 
para a diversidade linguística. 
Todavia, todo esse processo só iria se institucionalizar depois dos primeiros 
escritos, pois, conforme Saussure (1969), a língua literária tem poder de destruir uma 
língua natural, pois é ela que normalmente contém as regras e na qual é pautada a 
organização linguística de uma comunidade. Uma vez decidido qual é a língua oficial, ela 
se impõe sobre as outras que com ela coexistem, até o desaparecimento da menos 
importante socialmente, da menos estruturada ou da menos usada. 
Os primeiros escritos em romance foram encontrados nas Glosas Emilianenses 
e Silenses, ao final do século X e princípio do XI. Alguns monges, ao ler um códice em 
 
29 
 
latim, fizeram anotações ao lado dos escritos, a fim de aclarar as suas dúvidas com 
relação ao que liam. Essas anotações foram feitas na língua popularmente falada: o 
romance. Na Figura 3, você pode ver exemplos das anotações feitas nas Glosas 
(ALVES, 2018). 
 
 
 
A literatura foi outro fator essencial para a formação da língua castelhana. Um 
momento muito importante para a constituição dessa nova língua foram as poesias de 
Gonzalo de Berceo, no século XIII — poesias cultas, conhecidas como Mester de 
Clerencía. Além disso, há também o legado cultural deixado pelo rei Alfonso X, o Sábio 
(século XIII), pois, antes dele, cada um escrevia como queria ou podia, gerando um caos 
ortográfico. Sua insígnia de rei influenciou os outros escritores (ALVES, 2018). 
 
 
 
30 
 
A produção literária auxiliou na unificação das variantes dialetais e na fixação 
lexical-ortográfica. Foi assim também que, com mudanças e adaptações, surgiu a língua 
castelhana. Essa língua provém do romance, bem como o francês, o romeno, o 
português, o italiano e todas as chamadas línguas neolatinas (ALVES, 2018). 
9 LÍNGUA ESPANHOLA: A FILHA DO LATIM 
Hoje o latim é um exemplo da ligação entre o passado e o presente. Considerado 
por muitos como uma língua morta, em função de não ser mais falada por um povo, ainda 
mantém o seu valor e está bastante presente no dia a dia. Além do fator histórico que 
originou as línguas neolatinas, após o processo de romanização, o latim ainda faz parte 
do vocabulário usado atualmente. Um exemplo é o objeto no qual você anota os horários 
e as tarefas que realizará ao longo do dia: a agenda (ALVES, 2018). 
A palavra agenda vem do latim e é usada na sua forma conservada, mas nem 
nos damos conta disso, uma vez que ela já faz parte do nosso vocabulário cotidiano. No 
entanto, se você, ao ler um texto acadêmico ou um artigo falando sobre a teoria 
saussuriana da língua, encontrar a expressão a priori, seguramente dirá que ela está 
escrita em latim. Em ambos os casos, ocorre o que chamamos de latinismo (ALVES, 
2018). 
Latinismo se refere a palavras ou expressões latinas que foram introduzidas na 
língua espanhola e que mantiveram a sua forma e os seus significados idênticos ao que 
tinham no latim. Esse tipo de palavras e/ou expressões pode ser encontrado em todas 
as línguas que passaram pelo processo de romanização linguística, tornando-se uma 
língua neolatina (ALVES, 2018). 
 
 
 
 
31 
 
Podemos observar que alguns latinismos são mais habituais do que outros, 
dependendo do propósito para o qual o termo será usado. Algumas formas são tão 
comuns e assimiladas, que não percebemos mais sua origem latina, como é o caso de 
agenda e ómnibus; outras, como currículum vitae e ultimátum, preservam uma forma 
mais latinizada. Há também os menos habituais, mas existentes, como ad hoc (para tal 
fim, para isso), lapsus (erro), in albis (em branco) (ALVES, 2018). 
 
 
 
Assim, para usar num texto palavras e expressões em sua forma latina, convém 
levar em consideração algumas dicas: 
 
 Não abusar do seu uso, pois pode parecer pedante — pode ser usado 
para esclarecer um registro, seja ele formal ou informal, de acordo com a 
situação comunicativa; 
 Conhecer muito bem o seu significado; 
 Estar atento quanto à sua ortografia. 
 
No que se refere especialmente à ortografia, segundo a RAE (Real Academia 
Española), há latinismos que não são adaptados e mantêm a sua forma original, como o 
caso de quorum; enquanto outros foram adaptados ao sistema ortográfico da língua 
espanhola, como em cuórum (hispanização da palavra latina quorum). Dessa maneira, a 
RAE apresenta uma série de normativas a seguir, por exemplo, sempre que se optar pela 
forma não adaptada, deve-se fazer algum tipo de destaque, seja itálico ou entre aspas. 
Já para as formas adaptadas, é preciso estar atento à acentuação, que nesse caso segue 
a regra ortográfica, como vemos em cuórum, currículum, ultimatum (ALVES, 2018). 
 
32 
 
Para finalizar, você encontra a seguir uma lista de 10 expressões em latim. 
Aproveite para testar a sua aproximação com o latim e veja se essas expressões são 
mais ou menos habituais para você: 
 
 Ad referendum: sujeto a aprobación; 
 Agnus Dei: cordero de Dios; 
 Carpe diem: aprovecha cada día, no te fíes del mañana; 
 Data venia: dado el permiso; 
 Deficit/Déficit: saldo negativo; 
 Dura lex, sed lex: dura ley, pero es ley; 
 Fiat lux: que se haga luz; 
 Vox populi, vox Dei: la voz del pueblo, voz de Dios; 
 Paquiderme: piel muy gruesa – elefante; 
 Homo Sapiens: hombre sabio. 
 
 
10 A EVOLUÇÃO GRAMATICAL DA LÍNGUA ESPANHOLA DESDE NEBRIJA ATÉ 
O SÉCULO XX 
Ver a gramática como parte da nossa relação com a sociedade e com a história 
(ORLANDI, 1996) transforma a língua — um instrumento linguístico (AUROUX, 1992) — 
em um objeto vivo. A língua, além de representar uma comunidade de fala, faz parte das 
transformações históricas e sociais. Quando nos deparamos com a gramática, é 
 
33 
 
importante ressaltar que não estamos nos referindo necessariamente ao uso de uma 
língua (até porque ela está viva e, mesmo que de forma paulatina, sofre mudanças o 
tempo inteiro), mas falamos da construção de um objeto histórico. 
De acordo com Saussure (1986), considerado o pai da linguística, a concepção 
de gramática: “[...] é baseada na lógica e está desprovida de qualquer visão científica e 
desinteressada da própria língua; visa unicamente formularregras para distinguir as 
formas corretas das incorretas”. 
Já em estudos mais recentes, encontramos outra definição sobre a 
gramatização: caracteriza-se como “[...] o processo que conduz a descrever e 
instrumentar uma língua na base de duas tecnologias que são hoje os pilares de nosso 
saber metalinguístico: a gramática e o dicionário [...]” (AUROUX, 1992). 
A escrita é uma representação da língua falada, por meio de signos gráficos, que 
se conserva com o passar do tempo. Em contrapartida, a fala se desenvolve, modifica-
se e pode, inclusive, desaparecer. Segundo Orlandi (2001), “[...] a gramática é parte de 
um processo em que os sujeitos constituem-se em sua relação e participam da formação 
histórica [...]”. 
Cabe ressaltar que a língua escrita e a gramática preservam a cultura e uma 
suposta unificação linguística, uma vez que, pela gramática, é possível compreender a 
estrutura, o funcionamento e as mudanças. A formalização da língua, de certo modo, 
garante a permanência e a expansão dos sistemas de comunicação. Obviamente, a 
língua muda, e a gramática tenta acompanhá-la — esse é o principal motivo pelo qual as 
gramáticas da língua espanhola sofreram diversas transformações, desde a sua primeira 
edição até os dias de hoje (SPESSATO, 2018). 
Portanto, ao nos depararmos com a função da gramática, deparamo-nos com a 
organização da língua em um tripé organizacional: o falante, a língua e a sociedade em 
uma perspectiva histórica. Essa constituição organizacional representa a objetividade do 
saber sobre a língua, pois a escrita materializa aquilo que aprendemos com a nossa 
gramática universal (SPESSATO, 2018). 
Em A revolução tecnológica da gramatização, Auroux (1992) afirma que, entre 
os séculos V e XIX, ocorreu um processo único, chamado de “gramatização massiva”, a 
partir de uma só tradição linguística: a greco-latina. Essa gramática constitui a segunda 
 
34 
 
revolução técnico-linguística (a primeira foi o surgimento da escrita). Essa revolução criou 
uma rede de conhecimentos linguísticos centrada na Europa; nesse cenário, a primeira 
gramática de língua vulgar europeia foi escrita por Nebrija, a chamada Gramática 
castellana, como apresenta Castillo (1992, p. 221): 
La Gramática de la lengua castellana (1492) de Elio Antonio de Nebrija es una 
obra fundamental en la historia del pensamiento lingüístico hispánico, ya que es 
la primera gramática de una lengua romance. Nebrija alumbra el nacimiento de 
la lingüística española con una clara visión de las grandes posibilidades de 
nuestra lengua. Si en el período correspondiente a la lingüística española del 
Siglo de Oro la importancia de la obra gramatical del gran Maestro sevillano es 
decisiva, no es menos cierto que hoy sigue siendo una brillante referencia como 
fuente de inspiración para nuestros estudios gramaticales. Como recuerdan 
algunos estudiosos, nunca debe olvidarse el estudio de la vasta herencia 
lingüística de que hemos sido depositarios. Por ello, la proyección de la 
Gramática de la lengua castellana en el campo de nuestros estudios gramaticales 
constituye un buen estímulo para la docencia y para la investigación. 
Essa gramática da língua espanhola foi a primeira obra impressa e completa que 
se dedicou aos estudos da língua castelhana. Além disso, foi também a primeira 
gramática das línguas românicas, servindo de modelo a obras posteriores (SPESSATO, 
2018). 
Na formação do espanhol, cabe distinguir três importantes períodos: o medieval 
ou antigo (séculos X a XV), o moderno (séculos XVI a XVII) e, por fim, o contemporâneo, 
que marcou com a fundação da Real Academia Española (RAE), no século XVIII 
(SPESSATO, 2018). 
10.1 O período medieval 
O nome castellano foi determinado pela sua origem, e esse período se manteve 
dos séculos X a XV. Sua formação oficial se deu no século XVIII, com o rei Alfonso X, 
que ordenou que se escrevesse em espanhol, não mais em latim. O castelhano medieval 
possuía uma série de fonemas que hoje já não existem mais. Do ponto de vista 
gramatical, já não havia as declinações do latim, e eram as preposições que marcavam 
a função das palavras na oração. Os adjetivos possessivos eram acompanhados por 
artigos — hoje a regra proíbe esse uso. Além disso, não existia nada que normalizasse 
 
35 
 
a língua espanhola a fim de oficializá-la, uma vez que ela ainda era vista como uma 
“sublíngua”, ou uma língua inferior ao latim (SPESSATO, 2018). 
10.2 O espanhol moderno 
A publicação da obra de Nebrija marca o início da segunda etapa do espanhol, e 
é aqui que se consolida o idioma. Essa etapa é marcada pelas mudanças consonantais 
e pela consolidação definitiva do sistema fonológico do espanhol (SPESSATO, 2018). 
Do ponto de vista léxico, foram incorporadas novas palavras, principalmente em 
consequência do momento de expansão de Castela, que proporcionou um grande 
contato com novas culturas (SPESSATO, 2018). 
A consolidação do espanhol foi tão forte, que foi possível oficializá-lo inclusive 
em documentos importantes, os quais seguiam a gramática normativa de 1492. 
Para Nebrija (1992), a gramática se dividia em quatro áreas e, posteriormente, 
em uma quinta: 
 
1. Ortografía. 
Prosodia y sílaba. 
2. Etimología y dicción. 
3. Sintaxis. 
4. Las introducciones de la lengua castellana para los que de extraña lengua 
querrán deprender. 
 
O primeiro trata da ortografia, tomando por base a correspondência fonética da 
fala com a escrita — para Nebrija (1992), a pronúncia determinava as regras de 
ortografia. O segundo trata da sílaba e do acento, o terceiro apresenta as classes de 
palavras, o quarto aborda a ordem das orações e o quinto se refere à etimología e à 
sintaxis. Esse quinto ponto apresenta uma visão mais geral sobre a gramática da língua 
castelhana: ortografía, prosodia, etimología e sintaxis. Essa divisão perdurou até a Idade 
Moderna; no entanto, a sua análise sobre as partes da oração, como nombre, pronombre, 
artículo, verbo, preposición, adverbio e conjunción, continua até hoje. 
 
36 
 
Porém, o que mais chama atenção na comparação das gramáticas, em relação 
ao tempo em que elas estão inseridas, não são as nomenclaturas, mas a ideia que elas 
procuram passar. Por exemplo, para Nebrija (1992), a gramática é uma solução para 
evitar o desaparecimento da língua, ou seja, o seu objetivo era, sobretudo, preservar a 
língua. Atualmente, não apenas na Nueva Gramática de la Lengua Española 
(ASOCIACIÓN DE ACADEMIAS DE LA LENGUA ESPAÑOLA, 2009), da RAE, mas em 
tantas outras abordagens, a ideia da utilização da gramática serve para registrar o estado 
“atual” da língua, demarcando as suas transformações e o seu uso. 
Após a gramática precursora de Nebrija, outras obras seguiram um modelo 
similar. Inicialmente, esse mesmo autor publicou Reglas de ortografia, em 1517; após, 
em 1535, Valdés publicou Diálogo de la lengua; na sequência, surgiram, em 1552, Arte 
para bien leer y escribir, de Andrés Flórez; em 1556, La manera de escribir en castellano, 
de Martín Cordero; em 1558, Gramática Castellana, de Villón; e, por fim, em 1630, 
Ortografía castellana, de Correas (SPESSATO, 2018). 
10.3 O espanhol contemporâneo 
Em 1713, foi fundada a Real Academia Española, e a sua primeira tarefa foi 
estabelecer o idioma e acabar com as mudanças que ele havia sofrido nos últimos 
tempos. Nessa época, as mudanças fonéticas e fonológicas haviam cessado, e os 
tempos verbais simples e compostos eram os mesmos vigentes até a primeira metade 
do século XX (SPESSATO, 2018). 
O espanhol contemporâneo se compôs com a colaboração de alguns gramáticos 
importantíssimos, como Bello (1847) e Alarcos Llorach (1994). Inclusive, a gramática de 
Bello (1847) é considerada até os dias de hoje uma das mais importantes gramáticas da 
língua espanhola. Em relação à estrutura gramatical, os pronomes átonos já não se 
combinavam com as formas de particípio e, graças à variação morfológica, os elementosda oração podem ser ordenados de diferentes formas e inúmeros estilos literários. 
Enquanto Nebrija pregava a gramática como uma apropriação da língua 
castelhana fechada e sistematizada, Bello (1847) via a língua não como algo fechado e 
estreito, mas ampliada e com um funcionamento muito superior à escrita. Para Nebrija 
 
37 
 
(1992), a gramática organizava a língua para que ela não se modificasse (ou seja, a 
gramática mandava, e a língua obedecia); já para Bello (1847), a gramática apenas 
sistematizava o seu objeto vivo — a língua — e tentava acompanhar essa mudança 
linguística com as normas. 
Para Bello (1847), a língua continuava sendo uma unidade, mas uma unidade 
que possuía diversidade. O autor renegou a tradição imposta até então e passou a pensar 
a língua como um objeto vivo a ser estruturado e organizado pela gramática. A partir 
disso, ele não colocou em questão as nomenclaturas de forma gratuita; pelo contrário, 
ele as utilizou pensando no seu funcionamento e na sua estrutura estudada até então. 
Por exemplo, ao se referir a gênero gramatical, Bello (1847) não analisava a questão 
simplesmente de sexo biológico: ele conseguiu perceber que existem palavras que não 
possuem sexo, mas sim gênero feminino ou masculino. 
Obviamente, a terminologia sofreu transformações desde a sua primeira 
gramática. Contudo, cabe ressaltar que, ao estudar a nomenclatura na língua espanhola, 
estudamos uma nova língua latina. Em outras palavras, estamos nos referindo não a uma 
língua morta, mas a uma língua que sofreu transformações e que se transformou em 
línguas que conhecemos atualmente. A prova disso é que, ao falarmos em sujeito, 
predicado, substantivo ou adjetivo, não nos referimos apenas à nomenclatura do 
espanhol, mas também à do português, do francês, do italiano e, inclusive, do inglês 
(SPESSATO, 2018). 
Nesse sentido, a mudança de nomenclatura não interfere na análise gramatical, 
mas as mudanças linguísticas interferem na estrutura, e a nomenclatura deve 
acompanhar essas mudanças, trazendo uma explicação lógica da gramática. Inclusive, 
para Alarcos Llorach (1994), a terminologia não deve ser considerada uma grande 
preocupação, pois os termos gramaticais não devem ser um objeto de discussão 
científica: 
[...] las etiquetas, como las ideologías, nos importan poco [...]. En la práctica 
cualquier “significante” o etiqueta que utilicemos para referimos a un morfema 
puede ser válido [...]. Como las “etiquetas” que utilizamos unos y otros son 
bastante parecidas, resulta que gran parte de las discusiones, discrepancias y 
confusiones es un mero revolver naipes de barajas distintas. 
 
38 
 
Assim, o importante é entender o funcionamento da língua e se adequar à 
nomenclatura utilizada, já que esta não deve ser um problema, mas um auxílio para que 
possamos compreender melhor a estrutura da gramática do espanhol. 
 
 
11 AS DIFERENTES VISÕES GRAMATICAIS NA HISTÓRIA DA LÍNGUA 
ESPANHOLA 
A preocupação em elaborar regras que deem conta da realidade da língua está 
presente na construção das gramáticas do espanhol. Nebrija (1992), com a sua primeira 
gramática, foi pretensioso e tinha alguns objetivos: (i) uniformizar a língua, de modo a 
criar condições para a sua perpetuidade; (ii) fazer da língua um instrumento de auxílio na 
manutenção da unidade de seus países; (iii) criar material pedagógico para que se 
pudesse ensinar a língua nacional aos povos conquistados. 
O autor, ao utilizar a nomenclatura latina e seguir a divisão grega da gramática, 
apresentou a sua obra em quatro partes: ortografia, prosódia, etimologia e sintaxe. No 
entanto, nem todas as classes gramaticais tiveram o mesmo valor para os gramáticos. O 
advérbio, a preposição, a conjunção e a interjeição não constituíram, na história das 
gramáticas, o centro de interesse, provavelmente por não se encontrarem no grupo das 
 
39 
 
“principais partes da oração”. Geralmente, o termo partículas é utilizado para representar 
o conjunto de palavras que são invariáveis. Bosque (2007, p. 193) começa seu capítulo 
dedicado a essas categorias gramaticais com a seguinte afirmação: “El diminutivo latino 
que reconocemos en el término partículas es el primer síntoma del tradicional desinterés 
por estas unidades, que se traduce en la relativa falta de atención que han recibido en 
nuestra tradición”. 
Essa visão sobre determinadas classes fez com que cada gramático, de acordo 
com o que acreditava, determinasse a importância e o valor dessas partículas na língua 
espanhola (SPESSATO, 2018). 
11.1 Diferenciação de metaclasses de palavras invariáveis e indeclináveis 
São três as principais obras que diferenciam uma (meta)classe de classes de 
palavras invariáveis e indeclináveis: Villalón, Correas e a Gramática de la Lengua 
Española (GRAE), de 1971. Embora essas três gramáticas procurassem delinear uma 
classe organizando as suas palavras em grupos, a sua visão é totalmente convergente. 
Por exemplo, a nomenclatura escolhida por Villalón para designar uma classe — ou 
metaclasse — das partículas se refere aos artigos e, abaixo deles, estão adverbio, 
preposición, conjunción e interjección. Essa colocação é surpreendente nos dias de hoje; 
todavia, para esse gramático, os artigos estariam em um patamar superior, uma vez que 
“[...] la voz artículo le sirve tanto para designar a las partes invariables de la oración como 
a los demostrativos. Únicamente falta el sentido propio de esta palabra para cualquier 
otro gramático […]” (VILLALÓN, 1971). Além disso, os artigos seriam: 
[…] todas aquellas diçiones y vocablos que el Latino llama indeclinables que usa 
la lengua Castellana de muchos vocablos y diçiones para manifestar el hombre 
sus conçibimientos y affectos del alma los cuales ni son nombres, ni verbos, ni 
pronombres. El Latino los llama preposiciones, aduerbios, interjeçiones, 
conjunçiones (VILLALÓN, 1971). 
No caso de Correas (1954), a metaclasse de partículas (ou partezillas) é somente 
uma classe de palavras em que o verbo e o nome estão no mesmo nível hierárquico. Já 
o advérbio, a preposição, a conjunção e a interjeição são subclasses de partículas. 
Inclusive, Correas (1954) insiste nessa hierarquia: 
 
40 
 
[…] Son pues las partes de la orazion tres, nonbre, verbo, particula) […] 
podriamos hazer todas quantas partes quisiesemos, i se podria prozeder casi en 
infinito, mas nunca saldriamos, ni salen de uno destos tres generos […]. I 
ansimesmo las espezies de adverbios, de conxunziones, i de preposiziones é 
interieziones: mas todas estas son partes menores espezificas contenidas 
debaxo de sus xeneros nonbre, verbo i particula, i no partes por si, sino partes de 
partes, aunque se dividan en espezies por sus calidades. 
No capítulo XII da gramática, Correas (1954) propõe uma definição diferente 
sobre a metaclasse. Nela, ele não apenas inclui a invariabilidade como critério de 
definição, mas também de alguma forma as características englobadas pelas quatro 
subclasses. 
La particula, ó partecilla es una palavra que sirve al nonbre, i verbo, i orazion, i 
sinifica alguna calidad, afecto i zircunstanzia, ó trava i xunta partes i oraziones, 
como bien, casi, tarde, nunca, ansi, i no tiene mas de una terminazion ó boz sin 
mas numero ni variazion (Correas, 1954, p. 133). 
Já a GRAE, de 1771, diferencia-se em maior medida das duas anteriores, 
principalmente por se tratar de um sistema mais complexo (REAL ACADEMIA 
ESPAÑOLA, 2001a). Por exemplo, Correas (1954) e Villalón (1971) tratam a gramática 
como um sistema composto por três partes da oração; todavia, a GRAE (de 1771) 
apresenta um sistema composto por nove partes e apresenta uma metaclasse específica 
para cada uma das partículas (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2001a). 
[…] y baxo el nombre genérico de partícula [Correas] comprehende la 
preposicion, el adverbio, la conjuncion, y la interjeccion. La Academia que tiene 
por verdaderas partes de la oracion las palabrasque Correas agrega al nombre 
y al verbo, y las que comprehende en la partícula, entiende que las partes de la 
oracion son nueve; y así quando alguna vez usa de la voz partícula no intenta 
designar a una parte determinada de la oracion, sino una voz, comun que 
conviene á todas las palabras que no son: nombre, pronombre, artículo, verbo, ni 
participio (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2001a). 
A RAE não concorda com o fato de que as partes invariáveis da oração formem 
uma categoria (ou mesmo uma metaclasse); ao contrário, acredita que todas as classes 
de palavras estão no mesmo nível (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2001a). 
 
41 
 
11.2 A invariabilidade como característica comum a todas as classes 
Os gramáticos desse segundo grupo não falam de nenhuma metaclasse e nem 
usam o termo partícula (exceto a GRAE de 1771) (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 
2001a). Entretanto, destacam que, de alguma forma, todas as classes possuem um 
caráter em comum: são invariáveis ou indeclináveis. 
Gayoso (2001) especifica, após enumerar as classes de palavras, que quatro 
delas são indeclináveis, e que isso é bastante comum na língua espanhola. Além disso, 
compara a sua língua com o latim e, com isso, mantém as definições de cada uma das 
partículas: 
La oracion Castellana tiene nueve partes, que son: Artículo, Nombre, Pronombre, 
Verbo, Participio, Preposicion, Adverbio, Interjeccion, y Conjuncion. Las cinco 
primeras se declinan: y las otras cuatro son indeclinables como las Latinas 
(GAYOSO, 2001). 
De acordo com Benito de San Pedro (2001), a propriedade morfológica é outro 
dos procedimentos frequentes que os gramáticos utilizam. O autor não deixa isso 
explícito em nenhum momento, mas as quatro partículas são descritas como lições de 
um mesmo capítulo, intitulado De las partes de la oración indeclinables. Logo, ele segue 
o modelo de Gayoso (2001), que mantém as definições de cada uma delas. 
Embora a GRAE de 1771, por um lado, adote posições distintas, por outro acaba 
convergindo com as opiniões anteriores (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2001a). Ao 
mesmo tempo em que considera que o termo partícula é comum às quatro palavras 
invariáveis, o seu tratamento também é muito similar ao de Gayoso (2001) de San Pedro 
(2001) e da GRAE de 1796 (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2001b). 
[…] estas partes de la oracion se dividen en declinables, é indeclinables […] y 
partes indeclinables son las que tienen un solo modo de significar acompañadas 
con aquellas á que pueden y deben juntarse. […] las indeclinables [son] adverbio, 
preposicion, conjuncion, interjección (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2001b). 
11.3 A ausência de especificação 
O último grupo de gramáticos é constituído por aqueles que não especificam 
nada. Por um lado, Nebrija (1992) e Jiménez Patón (2001) definem essas quatro classes 
 
42 
 
sem incluir características de invariabilidade, por exemplo. Por outro, Villar (2001) 
menciona classes as variáveis e, por dedução, o leitor da gramática pode compreender 
que as restantes são invariáveis. 
 
12 DIFERENTES ABORDAGENS DE NOMENCLATURA NA HISTÓRIA 
GRAMATICAL DA LÍNGUA ESPANHOLA 
Como você viu na seção anterior, a denominação das partículas não varia entre 
as gramáticas, ou seja, todos utilizam as mesmas terminologias: advérbio, preposição, 
conjunção e interjeição. Essa utilização é comum e constante na tradição gramatical: 
Desde Nebrija, los gramáticos españoles han introducido cambios sustanciales 
en las definiciones de lo que pretendían enseñar, pero las innovaciones que 
afectan a la doctrina difícilmente alcanzan al vocabulario. […] Las nociones de 
adverbio o de preposición que proporciona Saqueniza no guardan relación con 
las que enseñaba Ballot, salvo que ambos gramáticos utilizaron términos 
categoriales idénticos. […] El metalenguaje básico es casi lo único que 
permanece inmutable en la historia de la gramática (LLITERAS PONCEL, 1996, 
p. 131). 
Determinada nomenclatura permanece não apenas pela tradição latina 
precedente, mas também por permanecer intacta na tradição gramatical espanhola 
(provavelmente pelo fato de seguir a primeira gramática de Nebrija) (SPESSATO, 2018). 
 
43 
 
12.1 Definições 
Com o objetivo de comprovar que a nomenclatura das gramáticas normalmente 
não se modifica, mas a sua análise aprofundada sim, vamos comparar as abordagens 
gramaticais em relação aos advérbios e às interjeições. Antes disso, no entanto, é sempre 
interessante pesquisar quais foram os principais critérios para que a partícula fosse 
atribuída a um grupo específico. Portanto, inicialmente analisaremos os advérbios. 
Segundo Gómez Asencio (1981), os advérbios possuem dois critérios predominantes 
para a sua definição: 
[…] el criterio sintáctico colocacional («se junta a») es el que dicta el rasgo 
caracterizador de esta clase de palabras; y en todas aparece como segunda parte 
de la definición un rasgo semántico complementario que obedece a la utilización 
del criterio lógico-objetivo (vid. abajo el apartado dedicado a los valores 
encomendados al adverbio), exactamente lo mismo que sucedía en las 
definiciones más tradicionales en que estos autores con toda seguridad se 
inspiran (GÓMEZ ASENCIO, 1981). 
O critério semântico lógico-objetivo surge mediante a caracterização do advérbio 
como classe de palavras que normalmente modifica o verbo. O que se pode perceber é 
a evolução da análise do papel do advérbio nas gramáticas de língua espanhola. Sua 
abordagem iniciou de maneira mais básica, com Nebrija, e foi se especificando mais, com 
o passar dos séculos (SPESSATO, 2018). 
Para Nebrija (1992), o advérbio é só uma das dez classes de palavras, e o seu 
papel principal é mudar o valor do verbo: 
Adverbio es una delas diez partes dela oracion. La cual añadida al verbo hinche 
o mengua o muda la significacion de aquel como diziendo bien lee. mal lee. […]. 
I llama se adverbio por que comunmente se junta i arrima al verbo para 
determinar alguna qualidad enel. Assi como el nombre adjectivo determina 
alguna qualidad en el nombre substantivo (NEBRIJA, 1992). 
Segundo Villalón (1971), o advérbio muda o significado do verbo e a ideia que a 
oração busca passar. Ele afirma: 
Ay otras palabras, o vocablos en la lengua Castellana que el Latino llama 
Aduerbios: porque añadidos al verbo añaden, engrandeçen, o desminuyen la 
sinificaçion en la clausula Castellana en que se ponen […] 
 
44 
 
De acordo com Correas (1954), o advérbio, além de modificar o verbo, denota 
alguma circunstância a ele. Para o autor: 
El adverbio es una particula que comunmente se xunta la verbo para denotar 
alguna zircunstanzia ó calidad en él, como el nombre adxetivo se llega al 
sustantivo: i por esta xunta que haze con el verbo se llama adverbio […]. El qual 
acrezenta ó desminuie, hinche ó mengua, ó muda la sinificazion del verbo, como 
diziendo bien lee, mal escribe, no sabe nada… (CORREAS, 1954, p. 338). 
Tanto para Correas (1954), quanto para Nebrija (1992), o advérbio assume para 
o verbo o mesmo papel que o adjetivo assume para o substantivo. 
Já para a GRAE (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2001b), o advérbio, além de 
modificar o significado do verbo, é uma partícula invariável, ou seja, não possui gênero, 
nem número. Dessa forma, a sua definição é que o “Adverbio es una parte indeclinable 
de la oracion, que se junta al verbo para modificar su significacion, como: es tarde, escribe 
mal, lee bien […]” (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2001b). 
Além disso, a GRAE justifica outras construções que podem aparecer com ele, 
por exemplo, quando ele se une a outras partes da oração. Contudo, a ideia inicial de ser 
em função do verbo não é modificada, pois “[...] quando [el adverbio] se halla con otras 
partes de la oracion, no es porque va junto con ellas, sino con algun verbo que hay, ó 
debe suplirse […]” (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2001b). 
Ao comparar o grupo das interjeições, deparamo-nos com duas opiniões 
gramaticais distintas: há gramáticos que as consideram uma classe de palavrasou uma 
subclasse de palavras, e há aqueles que não as consideram uma classe. 
Os gramáticos que colocam as interjeições no mesmo nível de outras classes 
são representados por Villalón (1971), Correas (1954), Villar (2001) e pelas GRAEs. 
Contudo, para Nebrija (1992), a interjeição deve ser considerada um tipo de advérbio, e 
não uma classe gramatical. 
Los latinos como diximos en otro lugar: pusieron la interjection por parte dela 
oracion distinta delas otras. pero nos otros a imitacion delos griegos: contamos 
la con los adverbios. Assi que sera interjection una delas significaciones del 
adverbio: la cual significa alguna passion del anima con boz indeterminada, como 
ai (NEBRIJA, 1992). 
 
45 
 
Nesse sentido, pode-se afirmar que, mesmo com características específicas, 
normalmente há uma aproximação entre as nomenclaturas gramaticais, pois todas têm a 
mesma origem. Todavia, quando tratamos das interjeições, essa aproximação acaba 
sendo desestabilizada, e conseguimos perceber mais objetivamente as modificações que 
as nomenclaturas gramaticais sofreram com o passar dos séculos (SPESSATO, 2018). 
13 CONCORDÂNCIA VERBAL: OS CASOS DOS SUJEITOS EXPRESSO E TÁCITO 
Você sabe o que é sujeito? Em uma oração, sujeito é o elemento (pessoa, animal, 
coisa) que realiza, causa ou sofre a ação do verbo. De maneira mais simplificada, 
podemos dizer que é o elemento sobre o qual se diz alguma coisa na oração (WAQUIL, 
2018). 
Assim, a partir de uma perspectiva gramatical, podemos entender o sujeito como 
um sintagma (palavra ou conjunto de palavras que têm alguma função sintática) que 
mantém uma relação de concordância com o verbo. Esse sintagma pode estar formado 
por um núcleo, um determinante e um complemento (Figura 1) (WAQUIL, 2018). 
 
 
 
Geralmente, é possível reconhecer o sujeito em uma oração perguntando ao 
verbo ¿quién? Veja o exemplo no Quadro 1 a seguir: 
 
 
46 
 
 
 
É importante destacar que, embora seja muito útil, em grande parte dos casos, 
nem sempre essa pergunta nos leva ao sujeito. No caso de Me gusta mucho el frío, o 
sujeito não é agente da ação, mas paciente (é quem a sofre). Por isso, a pergunta que 
nos leva a ele deveria ser ¿qué me gusta?, e a resposta nos levaria ao sujeito: el frío 
(WAQUIL, 2018). 
De todos os modos, o verbo, sem dúvida, tem uma relação fundamental com o 
sujeito, já que é a partir dele que identificamos o elemento da oração que tem essa 
função. Antes de analisar essa relação, você vai ver quais os tipos de sujeitos que 
existem em espanhol (WAQUIL, 2018). 
Os critérios para definir a tipologia variam de acordo com a perspectiva. Aqui, 
veremos o critério gramatical denominado fonético, que classifica o sujeito de acordo 
com a sua existência explícita ou implícita em uma oração. Assim, distinguem-se os tipos 
a seguir: 
 
Sujeito expresso/explícito: é o que aparece e se destaca na oração de forma 
explícita (WAQUIL, 2018). 
 
Las clases de español son muy interesantes. 
María y Sabrina no quieren ir a la fiesta de Felipe. 
Mañana Pedro viene a visitarnos. 
¡Eso es una barbaridad! 
 
Sujeito tácito/implícito: é o que está subentendido na oração, embora não 
esteja representado explicitamente (WAQUIL, 2018). 
 
 
47 
 
Tenemos cinco días de vacaciones. (sujeito: nosotros) 
Fui a la playa dos veces el año pasado. (sujeito: yo) 
Jugaste al fútbol durante dos años en el centro deportivo, 
¿no? (sujeito: tú) 
Quiero ver dos películas en el cine. (sujeito: yo) 
 
O sujeito tácito também pode ser indeterminado, ou seja, embora saibamos a 
pessoa, não temos informação sobre outros traços, como número e gênero, a partir dos 
elementos e das informações que constam na oração: 
 
Es una persona muy tranquila, pero a veces se enfada. 
(sujeito: él ou ella). 
Robaron el centro comercial anoche. (sujeito: ellos ou ellas). 
 
Com base nesses dois tipos de sujeitos, podemos analisar a relação que eles 
desenvolvem com os verbos na oração — a denominada concordância verbal 
(WAQUIL, 2018). 
Costuma haver consenso entre os gramáticos a respeito de alguns dos critérios 
que definem a concordância verbal: é entendida como a harmonia entre verbo e sujeito, 
no que se refere a número e pessoa. Veja os exemplos a seguir: 
 
Rodolfo me dijo que tiene hambre. 
Las tijeras que me compré están sobre la mesa. 
 
A concordância do sujeito expresso com o verbo, em grande parte dos casos, é 
simples: se o número ou a pessoa do verbo muda, o sujeito também terá de mudar, e 
vice-versa. Em outras palavras, sujeito e verbo devem estar em harmonia no que se 
refere à pessoa e ao número (WAQUIL, 2018). 
 
La oficina está cerrada. 
Las oficinas está cerrada. (construção equivocada) 
 
48 
 
Las oficinas están cerradas. 
 
 
 
No entanto, há alguns casos especiais de concordância com sujeito explícito que 
você deve conhecer: 
 
 Sujeito composto por mais de um elemento, com uma conjunção 
copulativa – se os elementos se referem a objetos distintos, o verbo fica 
no plural: María y Juan tienen dos hijos. Se os elementos formam uma só 
unidade, o verbo fica no singular: El hambre en el mundo y su 
consecuencia desigualdad es lo que me entristece. Se os elementos se 
referem à mesma pessoa, o verbo se mantém no singular: El jugador de 
fútbol y héroe nacional es un hombre especial. 
 Sujeito composto por dois elementos coordenados que têm papel 
gramatical neutro, como verbos no infinitivo – o verbo deve ficar no 
singular: Me parece que cantar y bailar es lo que más le gusta a Camila. 
Se, no entanto, esses verbos representam realidades distintas, o verbo é 
conjugado no plural: Las mejores cosas de la vida son ir al cine y jugar al 
baloncesto. 
 Sujeito composto por dois elementos que se unem com tanto…como – o 
verbo é conjugado no plural: Tanto Julia como Verónica llegaron a las ocho 
de la mañana. 
 
49 
 
 Sujeito formado por um substantivo coletivo – o verbo é conjugado no 
singular: El clero es un grupo muy respetado./La manada destruyó todo 
(WAQUIL, 2018). 
 
 
 
Com o sujeito tácito, a questão da concordância verbal é imprescindível — e 
mesmo inerente à sua existência. Como o sujeito, nesse caso, não é representado nem 
por um pronome, nem por um substantivo ou sintagma nominal, só é possível inferir quem 
ele é a partir do verbo presente na oração e de sua desinência. Em outras palavras, se o 
verbo está conjugado na primeira pessoa do plural (nosotros), sabemos que o sujeito 
também é essa pessoa: 
 
Fuimos a la fiesta de nuestros amigos. (sujeito: nosotros) 
Comieron nuestra comida con mucho gusto. 
(sujeito: ellos/ellas) 
Fui a París el año pasado. (sujeito: yo) 
¡Estáis lindos! (sujeito: vosotros) 
Me contaste esta historia ayer. (sujeito: tú) 
 
Esse tipo de estrutura é muito recorrente em língua espanhola, a qual — assim 
como o árabe e o latim, por exemplo — não requer um sujeito obrigatoriamente expresso. 
É comum, portanto, que as orações se constituam com o sujeito tácito, oculto ou elíptico, 
de modo que é apenas por meio da análise do contexto e da conjugação do verbo 
presente que podemos constatar a quem se refere o predicado da oração. Línguas como 
 
50 
 
o inglês, por outro lado, não admitem essa estrutura e precisam expressar explicitamente 
o sujeito em suas orações (WAQUIL, 2018). 
14 COMPLEMENTOS: DIRETO, INDIRETO, DE RÉGIMEN VERBAL E 
CIRCUNSTANCIAL 
A língua espanhola é muito rica. Uma prova disso são as possibilidades de 
complemento que os verbos comportam. Nos estudos gramaticais, também no que se 
refere à análise sintática, tem grande importância e destaque a noção de complemento 
— elementos que se relacionam com os verbos em uma oração, tanto em um vínculo 
obrigatório como em um vínculo opcional e contextual. Você vai aprender agora sobre 
quatro tipos de estruturas que podem complementar os verbos: os complementos direto 
e indireto, que se relacionam com a transitividade dosverbos; o de “régimen 
preposicional”, com sintagma preposicional obrigatório; e o circunstancial, que destaca 
alguma característica da ação em questão (WAQUIL, 2018). 
14.1 Complementos direto e indireto 
Em língua espanhola, distinguem-se dois tipos de estruturas que complementam 
verbos transitivos: os complementos diretos e os indiretos. Verbos transitivos são 
aqueles que precisam de um elemento que os oriente ou determine, isto é, que exigem 
um complemento para que seu significado seja completo (WAQUIL, 2018). 
 
El celular manda mensajes de texto. 
El celular manda seria uma oração 
Incompleta e, portanto, incorreta. 
La película muestra la vida en Colombia. 
La película muestra seria uma oração sem sentido. 
Los chicos quieren volver, no te preocupes. 
 
Los chicos quieren seria uma oração incompreensível. 
 
51 
 
O complemento direto pode ter a forma de substantivos ou sintagmas nominais, 
pronomes e orações subordinadas substantivas (WAQUIL, 2018). 
 
Amparo envió mensajes ayer. (Substantivo) 
Amparo envió un mensaje ayer. (Sintagma nominal) 
Amparo lo envió ayer. (Pronome) 
Amparo me dijo que me enviaría la carta 
Ayer. (Oração subordinada) 
 
Quando o complemento direto se refere a pessoas ou a seres de modo geral, é 
acompanhado pela preposição “a”. Se é relativo a objetos inanimados, geralmente, não 
se usa a preposição: 
 
Vimos la película en la tele. 
Vimos a tu hermana en el cine. 
 
 
 
Para reconhecer o complemento direto em uma oração, veja algumas dicas que 
podem lhe ajudar — embora não se apliquem a todos os casos, a grande maioria pode 
lhe ser útil. A primeira delas é trocar a unidade ou a estrutura por seu pronome pessoal 
átono correspondente: la, las, lo, los (WAQUIL, 2018). 
 
Compramos la corbata roja./ La compramos. 
Compramos las mochilas nuevas para el comienzo de las 
clases./ Las compramos para el comienzo de las clases. 
Compramos el libro que pidió la profesora./Lo compramos. 
 
52 
 
Compramos los billetes con la tarjeta de crédito./ 
Los compramos con la tarjeta de crédito. 
 
Outra opção é transformar a oração de ativa para passiva: se o complemento, 
nessa transformação, tiver a sua função alterada para sujeito paciente (que sofre/recebe 
a ação), o complemento é, de fato, direto (WAQUIL, 2018). 
 
Pedro adquirió el departamento con mucho esfuerzo. 
El departamento fue adquirido por Pedro con mucho esfuerzo. 
 
 
 
O complemento indireto, embora também se relacione com um verbo transitivo, 
geralmente é opcional (diferentemente do complemento direto) e indica o receptor da 
ação do verbo, isto é, o complemento indireto indica a quem ou a que se dirige a ação do 
verbo (WAQUIL, 2018). 
 
Llevamos un regalo a Esmeralda. 
Julieta nos dio las llaves de la casa. 
Es el cumple de María. Le compramos el bolso que quería. 
A mí no pueden decir que no. 
 
Ainda que comumente se refira a pessoas ou seres, também pode ser 
representado por um objeto inanimado: 
 
Echamos sal a la comida. 
 
 
53 
 
Em espanhol, quando o complemento indireto tem a forma de um sintagma 
nominal, ele é introduzido pela preposição “a”. A outra possiblidade é que ele seja um 
pronome átono (me, te, le, nos, os, les), sem preposição, ou tônico/ oblíquo, quando a 
preposição também é obrigatória (a mí, a ti, a él/ella/usted, a nosotros(as), a vosotros(as), 
a ellos/ellas/ustedes) (WAQUIL, 2018). 
 
Carlos compró el libro a Esteban. 
Carlos le compró el libro. 
Carlos compró el libro a él. 
 
Com o objetivo de dar ênfase a uma oração, é possível inserir um complemento 
indireto não obrigatório, cuja função é apenas destacar o que se diz: 
 
¡No me comas las manzanas, están podridas! 
 
O pronome, nesse caso, apesar de funcionar como um complemento indireto, é 
totalmente dispensável para a compreensão da oração, e sua ausência apenas lhe tiraria 
a força emocional (WAQUIL, 2018). 
 
 
14.2 Complemento de régimen preposicional e circunstancial 
Para uma efetiva compreensão das orações em língua espanhola, é importante 
conhecer e distinguir outros dois tipos de complemento, os quais se relacionam com os 
verbos e são fundamentais para o domínio de sua sintaxe (WAQUIL, 2018). 
 
54 
 
O complemento de régimen preposicional (regência, em português) é 
extremamente importante, já que é exigido pelo verbo para complementá-lo, e não pode 
ser deslocado, nem eliminado. Sempre é introduzido por uma preposição, a qual nunca 
varia, de modo que se configura como um sintagma preposicional. Assim, por exemplo, 
as gramáticas costumam apresentar listas com verbos e a preposição pela qual devem 
ser, obrigatoriamente, acompanhados, como os casos a seguir: 
 
 
 
Mesmo que a preposição nunca possa ser eliminada nesses casos, o outro 
elemento do sintagma pode ser substituído por um pronome tônico (él, ella, ellos, ellas, 
eso...), desde que seja mantida a preposição (WAQUIL, 2018). 
 
Nos acordamos de la historia de Pilar ayer. 
Nos acordamos de eso ayer. 
Los españoles confían mucho en la justicia. 
Los españoles confían mucho en ella. 
 
Outro tipo de complemento que tem características muito diversas das do de 
régimen preposicional é o circunstancial. Trata-se de um sintagma que pode ser 
adverbial, nominal ou preposicional e que destaca alguma característica ou circunstância 
de lugar, tempo, modo, causa, finalidade, instrumento, etc., complementando o verbo. 
Esse tipo de complemento pode ser eliminado da oração, deslocado da ordem em que 
aparece ou substituído. Para reconhecer esse complemento na oração, algumas 
perguntas podem ser feitas (Quadro 3): 
 
55 
 
 
 
Existem algumas construções, no entanto, em que o complemento circunstancial 
pode ser obrigatório para que a oração seja compreensível: Felipe reside en Madrid. 
Nesses casos, a diferença em relação ao complemento de régimen preposicional é que 
o circunstancial pode ser substituído por um advérbio, como em Felipe reside allá 
(WAQUIL, 2018). 
15 ORAÇÕES EM LÍNGUA ESPANHOLA: IMPERATIVAS, INTERROGATIVAS, 
EXCLAMATIVAS E DE NEGAÇÃO 
Um elemento fundamental dos estudos gramaticais em língua espanhola é a 
análise das orações, outro objeto da área da sintaxe. Uma oração pode ser entendida 
como um conjunto de palavras ou apenas uma palavra que expressa uma ideia ou uma 
informação de modo completo. Quando nos expressamos, transmitimos nossas ideias 
por meio de orações, e essa transmissão é feita com alguma intenção e a partir de ânimos 
diferentes, relacionados à intenção que temos ou ao contexto em que estamos (WAQUIL, 
2018). 
 
56 
 
Se a nossa intenção é perguntar alguma coisa, a oração que construímos, em 
língua espanhola, é denominada interrogativa. Se algo nos surpreende, chama a atenção 
ou assusta, produzimos orações exclamativas. Se queremos ordenar algo com ênfase, 
utilizamos orações imperativas. Além dessas, as orações mais comumente produzidas 
são as declarativas (afirmativas ou negativas), a partir das quais falamos de alguma 
informação concreta (Quadro 4) (WAQUIL, 2018). 
 
 
 
A seguir, você vai ver um pouco mais sobre cada uma dessas possibilidades. 
15.1 Orações declarativas: afirmativas e negativas 
Grande parte das orações que produzimos e enunciamos no dia a dia são 
denominadas declarativas, isto é, têm a função de declarar algo. Essas orações, 
utilizadas tanto na oralidade quanto na escrita, referem-se a algo concreto e objetivo, e 
têm uma função informativa. No que se refere à sua estrutura, podem se formar com o 
verbo conjugado tanto no presente, quanto no passado ou no futuro (WAQUIL, 2018): 
 
Isabel trabaja en el centro de la ciudad. 
Isabel trabajaba en el centro de la ciudad. 
Isabel trabajará en el centro de la ciudad. 
 
Além disso, as orações declarativas podem se referir à informação enunciada, 
afirmando-a ou negando-a — é por isso que são divididas em orações declarativas 
 
57 
 
afirmativas(Pedro estudia todos los días) e orações declarativas negativas (Pedro no 
estudia todos los días). As negativas, ainda que em sua maioria se baseiem na presença 
do advérbio no, também podem ser formuladas com outros pronomes indefinidos, como 
vemos nos exemplos a seguir (WAQUIL, 2018): 
 
Ningún coche puede cruzar esta avenida ahora. 
Nadie avisó que el concierto empezaba a las diez. 
Nunca han pintado la casa de mi abuela. 
Carlota tampoco me dijo que venía. 
15.2 Orações interrogativas 
Quando temos alguma dúvida sobre algo, comunicamo-nos por orações 
interrogativas, que podem ser dirigidas a alguém ou mesmo retóricas (feitas a nós 
mesmos) (WAQUIL, 2018): 
 
¿Qué te parece si vamos a la playa mañana? 
Dios mío, ¿qué hago yo? 
 
As interrogativas podem ser de dois tipos: indiretas e diretas. Em ambos os 
casos, o pronome interrogativo (qué, quién, cuándo, dónde, cuánto) deve ser acentuado. 
 
¿Cuándo llega Juan? 
Quería saber cuándo llega Juan, lo extraño mucho... 
 
Nas interrogativas diretas, temos um enunciado próprio; já nas indiretas, a oração 
interrogativa é subordinada a uma principal (Em Quería saber cuándo llega Juan, cuándo 
llega Juan é subordinada a Quería saber) (WAQUIL, 2018). 
As interrogativas diretas também têm uma subdivisão interna. Podem ser 
pronominais, quando a oração inclui um pronome, advérbio ou determinante interrogativo 
(¿Quién es tu madre?); disjuntivas, quando as respostas possíveis estão na formulação 
 
58 
 
da pergunta de modo implícito (¿Te buscamos ahora o más tarde?); polares, quando a 
resposta pode ser duas opções opostas, como sim ou não (¿Tienen hambre? – resposta: 
sí o no); alternativas, quando oferecemos pelos menos duas opções para a pessoa a 
quem nos dirigimos (¿Invitamos a Marta o a Carolina?) (WAQUIL, 2018). 
15.3 Orações exclamativas 
A construção de orações exclamativas está muito relacionada à entonação 
empregada pelo falante que a produz (escrita ou oralmente), e expressa um estado de 
ânimo específico, como os exemplos a seguir (WAQUIL, 2018): 
 
 Surpresa: ¡No me lo puedo creer! 
 Alegria: ¡Aprobamos en el test! 
 Indignação: ¡Qué barbaridad! 
 Susto: ¡Ay, niño! Así me matas de susto. 
 Medo: ¡Estoy temblando! 
 Raiva: ¡La injusticia me vuelve loco! 
 
As orações exclamativas podem ser formadas com os pronomes exclamativos 
(que sempre são acentuados – qué, quién, cuánto, cuándo, dónde), como em ¡Qué linda 
casa! ou ¡Cuánto tiempo sin vernos! Esses pronomes, porém, não são necessários, e a 
exclamação pode ser construída em uma oração sem a sua utilização, como em ¡Estáis 
otra vez retrasados! ou ¡No la hemos invitado! 
15.4 Orações imperativas 
Quando queremos dar uma ordem, fazer um pedido com ênfase ou proibir 
alguém de fazer algo, de modo que o interlocutor aja da forma correspondente, formamos 
orações imperativas, cuja estrutura se baseia em um verbo conjugado no modo 
gramatical imperativo. Um modo gramatical é um traço que indica a forma pela qual o 
verbo pode ser expressado (e, consequentemente, conjugado). Em espanhol, além do 
 
59 
 
imperativo, também contamos com os modos indicativo e subjuntivo, que indicam outras 
formas de expressar o verbo (WAQUIL, 2018). 
 
 
 
Há casos em que as orações imperativas correspondem, ao mesmo tempo, a 
orações exclamativas, como em ¡Ven! ou ¡Acércate ahora! Além disso, outra opção em 
relação à formação de orações imperativas é a sua formação em negativa, isto é, orações 
cuja ordem se refere a algo que o interlocutor não deve fazer. Nesses casos, em língua 
espanhola, a conjugação para o verbo é outra e, por isso, fala-se em imperativo afirmativo 
e imperativo negativo (WAQUIL, 2018). 
 
 
 
 
60 
 
 
16 A ORGANIZAÇÃO DA NUEVA GRAMÁTICA DE LA LENGUA ESPAÑOLA DA 
RAE (SÉCULO XXI) 
A Nueva Gramática de la Lengua Española, da Real Academia Española de la 
Lengua ‒ RAE (2010) é a primeira gramática acadêmica desde 1931. Ignacio Bosque é 
o autor e coordenador de uma obra que é o resultado de onze anos de trabalho das 22 
academias da língua, as quais representam os países cuja língua oficial é o espanhol. 
Ela oferece não apenas uma descrição detalhada da língua espanhola, mas também uma 
avaliação normativa de seus usos nas diferentes variedades linguísticas. Ressalta-se que 
mais de uma centena de consultores e especialistas americanos e europeus estiveram 
envolvidos na sua preparação. 
Com essa obra, visa-se apresentar ao mundo a gramática da língua espanhola 
como um trabalho coletivo. Além disso, busca-se descrever as construções gramaticais 
típicas do espanhol e refletir adequadamente sobre as suas variantes fônicas, 
morfológicas e sintáticas, bem como oferecer recomendações de natureza normativa e 
apresentar-se como um trabalho de referência para o conhecimento e ensino da língua 
espanhola (SPESSATO, 2018). 
A Nueva Gramática de la Lengua Española possui um caráter social, uma vez 
que reflete a unidade e a diversidade do espanhol, e mostra a língua espanhola a partir 
de todas as áreas linguísticas, com as suas variantes geográficas e sociais. Ainda, tem 
um caráter descritivo, porque expõe as diretrizes que compõem a estrutura da língua e 
 
61 
 
analisa detalhadamente as propriedades de cada construção. Além disso, possui um 
caráter normativo, uma vez que recomenda alguns usos e desencoraja outros. O seu 
caráter sintético fica por conta da apresentação de uma síntese de estudos clássicos e 
modernos sobre a gramática do espanhol, combinando tradição e novidade. Por fim, da 
perspectiva prática, estabelece um ponto de referência para estudantes e professores de 
espanhol em vários níveis acadêmicos (SPESSATO, 2018). 
A divisão interna da Nueva Gramática de la Lengua Española (REAL ACADEMIA 
ESPAÑOLA, 2010) é paradoxal, pois aparentemente é simples, se for analisada nas suas 
três subdivisões internas. Todavia, é extremamente complexa, considerando a 
quantidade de capítulos e subdivisões que compõem cada parte. A primeira parte, 
Cuestiones Generales, possui um capítulo chamado Partes de la gramática: Unidades 
fundamentales del análisis gramatical, o qual conta com sete subcapítulos. A segunda 
parte, Morfología, é composta por dez capítulos, os quais apresentam, no mínimo, três 
subcapítulos cada. A terceira parte, Sintaxis, possui 37 capítulos, compostos por, no 
mínimo, cinco subcapítulos. 
Segundo a Nueva Gramática de la Lengua Española, a gramática estuda a 
estrutura das palavras e a forma como elas se relacionam. Nesse sentido, ela 
compreende que a morfologia se ocupa da estrutura interna das palavras, da sua 
constituição interna e das suas variações; já a sintaxe corresponde à análise da forma 
como as palavras se combinam e se organizam linearmente, assim como os grupos que 
elas formam. A gramática é, portanto, uma disciplina combinatória, centrada 
fundamentalmente na constituição interna das mensagens e no sistema que permite criá-
las e interpretá-las. No entanto, não se constata na gramática a semântica (que cuida do 
significado linguístico), nem a pragmática (que analisa o uso que os falantes fazem dos 
recursos idiomáticos). Em um sentido mais amplo, a gramática compreende ainda a 
análise dos sons da fala, que compete à fonética, e a sua organização, que corresponde 
à fonologia (SPESSATO, 2018). 
Cada parte da gramática pertence a várias unidades fundamentais e as suas 
diversas relações. Dessa maneira, na fonologia, os traços distintivos se agrupam em 
fonemas, os quais constituem as sílabas. Os segmentos da morfologia são os morfemas, 
 
62 
 
os quais se agrupam em palavras; enquanto isso, o vocábulo constitui a unidade máxima 
da morfologia e a unidade mínima da sintaxe (SPESSATO, 2018). 
As palavras pertencem a determinada categoria ou classe, em função de suas 
propriedades morfológicas ou sintáticas, formando grupos sintáticos; por exemplo, mi 
bufanda (minha manta) é um grupo nominal,e beber leche (beber leite) é um grupo 
verbal. A combinação de determinados grupos sintáticos forma as orações, as quais 
relacionam um sujeito com um predicado. As funções sintáticas, como el sujeto (o 
sujeito), são unidades relacionais (SPESSATO, 2018). 
 
 
17 REAL ACADEMIA ESPAÑOLA: ORIGEM E NOMENCLATURA 
A Nueva Gramática de la Lengua Española, como já referido, é uma obra coletiva. 
Na sua elaboração, não foram ignoradas as obras de seus antepassados; pelo contrário, 
a ideia do seu nascimento se deu em onze anos de pesquisa e de estudo, em que as 
principais gramáticas vistas até então auxiliaram na sua formação, combinando-se aos 
atuais estudos da área (SPESSATO, 2018). 
A última edição de uma gramática da Real Academia Española foi publicada em 
1931. No entanto, em 1973, a RAE publicou uma nova gramática chamada Esbozo de 
una Nueva Gramática de la Lengua Española, que se apresentava como uma nova 
gramática acadêmica, desenvolvida com aspectos da linguística estruturalista. Porém, 
essa obra não teve a sua continuidade concretizada (SPESSATO, 2018). 
As gramáticas publicadas nos últimos 30 anos possuem uma análise 
consideravelmente mais detalhada que as gramáticas clássicas, e é essa linha que a 
 
63 
 
Nueva Gramática de la Lengua Española segue. Ela busca unir a tradição com a 
novidade; dessa forma, “asume, por lo tanto, las mejores aportaciones de la tradición 
gramatical hispánica y las completa con las procedentes de la bibliografía gramatical 
contemporánea.” (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2010). Em essência, a Nueva 
Gramática de la Lengua Española inspirou-se nas gramáticas mais importantes da 
história da língua espanhola. 
Até a publicação da gramática da RAE (2010), a Gramática de la Lengua 
Española (1994), de Emilio Alarcos Alarcos, juntamente com o Esbozo (REAL 
ACADEMIA ESPAÑOLA, 1973), eram consideradas pela Real Academia Española as 
gramáticas de referência do século XX. Inclusive, ambas as publicações foram 
produzidas no âmbito desse órgão institucional. Alarcos foi o primeiro e maior 
representante da corrente estruturalista no campo da linguística na Espanha, e a sua 
gramática, mesmo após a publicação da gramática oficial da RAE, continua sendo uma 
das principais referências mundiais do espanhol. Como Alarcos (1994) reconhece, a sua 
gramática possui uma análise e uma linguagem bastante aprofundadas e se direciona a 
estudiosos do idioma. O autor utiliza a terminologia gramatical da tradição linguística 
espanhola, em termos de classificação morfológica e função sintática (substantivo, 
adjetivo, artigo, sujeito, predicado, objeto direto, etc.), embora incorpore contribuições 
conceituais do estruturalismo (morfema, suplemento, adjacente, etc.); contudo, ele 
também mantém as nomenclaturas mais específicas. Essa mescla acaba tornando a sua 
gramática pouco acessível a um público não especializado. No entanto, a nomenclatura 
utilizada para a descrição dos tempos verbais é a mesma que foi introduzida por Andrés 
Bello (1847), há mais de um século, e que permanece com a Nueva Gramática de la 
Lengua Española da RAE. 
Alarcos (1994) divide a sua gramática em três partes. A primeira é a fonologia, 
em que os problemas básicos (fonemas, sílabas, acento e entonação) são expostos com 
simplicidade. A segunda se chama Las unidades en el enunciado: forma y función, em 
que a análise passa a ser morfológica; nessa parte, inclui- -se a descrição morfossintática 
dos diferentes tipos de palavras (substantivos, adjetivos, demonstrativos, possessivos, 
relativos, interrogativos, indefinidos, números, advérbios, verbos, pronomes, 
preposições, conjunções e interjeições). A terceira parte, apresentada como Estructura 
 
64 
 
de los enunciados: oraciones y frases, inclui a descrição sintática das diferentes funções 
de sentença (núcleo verbal e adjacente: sujeito, objeto direto, objeto preposicionado, 
objeto indireto, adjacente e atributos circunstanciais), das orações complexas 
(coordenadas e subordinadas: de substantivo, de adjetivo, de comparativo, de 
consequência, de advérbio, de causa, de finalidade, de concessão e de condição) e de 
frases ou declarações sem núcleo verbal. 
A Gramática Española, de Juan Alcina Franch e José Manuel Blecua, publicada 
em 1975, simultaneamente descreve de forma detalhada o sistema da língua espanhola 
e sintetiza os trabalhos gramaticais mais importantes publicados até a data da sua 
redação. Sua descrição abrange a fonética e a fonologia, a morfologia e a sintaxe. Essa 
obra não tem pretensões normativas — apesar de sua época de publicação — e é vista 
como um importante material de consulta sobre a estrutura do espanhol. Destaca-se o 
fato de que a linguagem tomada como modelo é a da península espanhola culta, mas 
são apresentados também registros e frequências na fala, o que provavelmente inspirou 
a Nueva Gramática de la Lengua Española (SPESSATO, 2018). 
A referida obra trata de quatro aspectos da gramática (introdução histórica e 
teórica, fonética e fonologia, morfologia e sintaxe), que são desenvolvidos em 10 
capítulos de comprimento variável. A introdução histórica apresenta uma imagem 
bastante sucinta e resumida das principais questões teóricas que surgiram ao longo da 
história da linguística e suas repercussões nos estudos sobre a língua espanhola, 
estendendo-se até o ano de 1973. A fonética e a fonologia são trabalhadas de uma forma 
ampla e detalhada. Já as exposições dedicadas à morfologia são divididas em cinco 
capítulos: no primeiro, são expostas as bases teóricas do estudo e, nos quatro seguintes, 
são analisadas as classes de palavras (substantivo, adjetivo, categorizadores nominais 
de gênero, número, artigo, pronome, advérbio, verbo e interjeição). A sintaxe é descrita 
nos quatro capítulos finais do trabalho e, após expor algumas noções sintáticas, como os 
conceitos de enunciação e frase, são definidos e classificados os elementos da sentença, 
de maneira bastante aprofundada. Essa gramática espanhola realiza uma descrição 
meticulosa e exaustiva do sistema da língua espanhola em seus três níveis: fonológico, 
morfológico e sintático (SPESSATO, 2018). 
 
65 
 
Publicada há mais de 150 anos, a Gramática de la lengua castellana destinada 
al uso de los americanos, de Andrés Bello (1847), em suas próprias palavras: 
[...] se dirigen a mis hermanos, los habitantes de Hispanoamérica. Juzgo 
importante la conservación de la lengua de nuestros padres en su posible pureza, 
como un medio providencial de comunicación y un vínculo de fraternidad entre 
las varias naciones de origen español derramadas sobre los dos continentes. 
Constata-se, por meio da citação, o principal objetivo da gramática: fornecer uma 
manutenção da unidade de linguagem, mas sem tomar a norma peninsular como 
referência exclusiva. Essa ideia, embora exposta por Bello há mais de 100 anos, é a 
fundamentadora da Nueva Gramática de la Lengua Española (REAL ACADEMIA 
ESPAÑOLA, 2010). Apesar de a antiguidade e os seus destinatários serem os falantes 
hispano-americanos, a gramática de Bello continua sendo um dos principais manuais de 
gramática do espanhol, devido à correção de sua análise e à profundidade de suas 
intuições. Bello, como já foi dito, tinha a intenção de preservar a união linguística contra 
os neologismos lexicais, por medo de desintegrar o espanhol. Embora os seus medos se 
baseassem apenas na intuição (ou seja, não houvesse um aprofundamento sobre 
questões sociolinguísticas e de cunho da evolução da língua), isso não impediu que o 
manual trouxesse análises altamente atuais, que continuam sendo usadas por 
pesquisadores da linguagem de perspectivas muito diversas e, inclusive, diacrônicas. 
A gramática de Bello (1847) tem uma clara intenção prescritiva em seu título. Sua 
concepção de gramática, altamente relevante, consiste em ensinar os significados e usos 
de cada forma, como se não houvesse outro idioma no mundo, alémdo castelhano. Essa 
perspectiva radicalmente sincrônica, em conjunto com a combinação de significados e 
de usos de cada forma, é hoje o objetivo descritivo da gramática da língua espanhola 
(SPESSATO, 2018). 
Mesmo não podendo renunciar ao instrumental explicativo gramatical no qual 
estava inserido, Bello tem um caráter vanguardista, pois conseguiu ver as limitações 
descritivas das grandes correntes da análise gramatical de seu tempo. A grande 
originalidade de Bello, no entanto, reside no uso lúcido que ele fez desse instrumento 
para a descrição de fenômenos gramaticais fundamentais do espanhol, como modos e 
tempos verbais ou artigos. Obviamente, as gramáticas evoluíram muito desde lá, mas é 
 
66 
 
impossível negar todo o legado gramatical que Andrés Bello nos deixou para a formação 
da Nueva Gramática de la Lengua Española da RAE. (SPESSATO, 2018) 
 
 
18 A NOMENCLATURA DA LÍNGUA ESPANHOLA E A SUA IMPORTÂNCIA PARA 
O ENSINO 
Todos os recursos da língua, em todos os seus planos (fonológico, morfológico, 
sintático, semântico e pragmático) e níveis (lexical, frasal e textual-discursivo), em termos 
de unidades e estruturas (fonológicas, morfológicas ou sintáticas), estruturam-se 
seguindo a lógica, mas de forma inconsciente, pois a criança nasce com uma 
predisposição natural para a aprendizagem da sua língua materna. Essa predisposição 
natural é exatamente o que chamamos de gramática universal: um conjunto de princípios 
(responsáveis pelos aspectos comuns a todas as línguas humanas) e parâmetros 
(explicam a variação encontrada entre as línguas) que permitem a uma criança normal o 
desenvolvimento da linguagem, durante os seus primeiros anos de vida, a partir da 
exposição à sua língua materna. Todavia, essa gramática não deve ser confundida com 
a gramática que estudamos nos manuais (SPESSATO, 2018). 
Pensar sobre a sua estrutura gramatical é uma atividade indispensável para o 
amadurecimento das competências linguísticas e culturais de qualquer idioma. Sabe-se 
que a língua espanhola é um sistema complexo; compreender a sua nomenclatura e 
referenciá-la com os seus significados faz com que o estudante também consiga analisar 
 
67 
 
as relações entre os seus subgrupos, o que resulta num domínio maior do idioma 
(SPESSATO, 2018). 
Provavelmente, você já se perguntou o porquê de estudar a nomenclatura 
gramatical, ou mesmo o porquê de estudar gramática. Essa questão perpassa séculos, 
mas foi justificada ainda na primeira gramática acadêmica da língua espanhola (da RAE), 
em 1771, em seu prólogo: 
“La Gramática [...] nos hace ver el maravilloso artificio de la lengua, 
enseñandonos de qué partes consta, sus nombres, definiciones, y oficios, y como 
se juntan y enlazan para formar el texido de la oración”. 
A Nueva Gramática de la Lengua Española (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 
2010) visa demonstrar o espanhol como uma unidade, porém com suas diversidades. Em 
outras palavras, ela não possui um caráter autoritário: não preconiza uma única forma 
apresentada como correta da língua espanhola. A normatização se apresenta nela como 
uma variável da descrição das construções gramaticais, em que algumas são comuns a 
todos os falantes de espanhol, enquanto outras não. Além disso, ela agrega a ideia de 
ausência ou presença de prestígio social. 
Portanto, cabe ressaltar que a nomenclatura gramatical atual na língua 
espanhola é um meio de leitura de mundo e de compreensão do funcionamento do 
idioma. Sua importância se deve, principalmente, ao fato de ter como objetivo trazer aos 
falantes de espanhol espalhados pelo mundo a reflexão da língua espanhola como 
conscientizadora das suas inúmeras possibilidades. Trata-se não apenas de um idioma 
que possui uma unidade, mas uma riqueza patrimonial que leva em consideração as suas 
mudanças e variações (SPESSATO, 2018). 
[...] la nueva gramática académica quiere contribuir a que los hispanohablantes 
reflexionen sobre su propia lengua, tomen conciencia de sus posibilidades 
expresivas, de las estructuras lingüísticas que la caracterizan y de la enorme 
riqueza patrimonial que suponen su unidad y su variedad. La nueva gramática 
pretende ayudar, asimismo, a que los hablantes conserven este patrimonio, 
amplíen su dominio del idioma, y ensanchen con ello su propia cultura y su 
formación integral (Prólogo da Nueva Gramática de la Lengua Española). 
Assim, essa nomenclatura é importante para o ensino da língua espanhola, pois 
mostra o seu funcionamento, os seus usos nas suas diferentes modalidades escrita e 
 
68 
 
oral e como ela se organiza. Dentro do campo de ensino de espanhol para estrangeiros, 
essa informação também é de grande relevância, uma vez que entender o funcionamento 
da gramática não apenas auxilia na resolução da questão da equivalência funcional com 
a língua materna, mas serve principalmente como um recurso para se alcançar o 
aprendizado consciente sobre regras que contribuem para a compreensão do sistema 
linguístico (SPESSATO, 2018). 
Portanto, para que você tenha domínio completo da língua espanhola, não basta 
saber se comunicar — afinal, o processo de comunicação abrange muito mais do que a 
oralidade. Dominar o espanhol significa compreender a sua cultura, o seu sistema 
linguístico e a sua gramática (SPESSATO, 2018). 
 
 
19 O QUE SIGNIFICA “GRAMÁTICA” E QUAIS SÃO OS SEUS TIPOS? 
O termo gramática é polissêmico: ele pode se referir: 1) à ciência que se dedica 
ao estudo da língua, suas características, possibilidades e componentes; 2) à arte de 
colocar a língua em prática, do ponto de vista da fala ou da escrita, de modo correto e 
adequado, demonstrando domínio desta; 3) ao conjunto de normas, regras e princípios 
que caracterizam determinada língua e o seu funcionamento. Embora essas acepções 
se diferenciem, podemos encontrar um denominador comum entre elas: a gramática tem 
 
69 
 
como base uma língua, as combinações que lhe são típicas e os preceitos que definem 
o seu uso (WAQUIL, 2018). 
O espanhol não foge à regra, sendo objeto da gramática desde o século XV, com 
o trabalho do mestre Antonio de Nebrija. Em 1492, ele publicou a primeira gramática 
dedicada à língua espanhola (e a primeira dedicada às línguas de origem românica), a 
Gramática de la lengua castellana, a qual tem um papel fundamental na história, uma vez 
que serviu de modelo para o desenvolvimento de inúmeros trabalhos, nas mais diversas 
línguas (WAQUIL, 2018). 
De 1492 até hoje, o caminho percorrido pelos gramáticos de língua espanhola 
levou — e segue levando — a uma produção muito variada, com a qual estudantes, 
professores e demais interessados nessa língua podem contar. Assim, distinguem-se 
muitos tipos de gramáticas do espanhol, as quais, ainda que tenham objetivos diferentes, 
apresentam um caráter pedagógico, isto é, caracterizam-se por um componente didático 
e têm o objetivo de ensinar algum aspecto específico relacionado à gramática. Veja os 
tipos mais comuns e discutidos de gramáticas de língua espanhola: 
 
 Gramática tradicional: com foco na classificação e na terminologia que 
classifica os conceitos gramaticais das línguas, exibe regras concretas e 
normas internas, que objetivam apresentar a língua em questão, em 
termos de sintaxe (indicando as possibilidades de estruturas das orações) 
morfologia (apontando as possibilidades de formas e variações das 
palavras) e análise de orações. Apesar de suas limitações, é a mais 
comumente utilizada no ensino de línguas em escolas, para crianças e 
aprendizes de língua estrangeira (WAQUIL, 2018). 
 Gramática funcional: baseia-se na linguagem enquanto instrumento 
social e no estudo de seus elementos a partir do contexto, das situações 
comunicativas e de interações sociais em que é empregada e organizada. 
O foco dessa gramática está nas relações funcionais entre os constituintes 
de uma língua, que se constatam em três níveis — o semântico, o sintático 
e o pragmático.70 
 
 Gramática gerativa: descreve as línguas a partir de sua análise sintática 
e da sua capacidade de gerar construções com base na recursividade, isto 
é, sustentadas por regras e unidades abstratas. As sequências sintáticas 
analisadas são decompostas no que se denomina constituintes sintáticos 
— combinações que são compostas por um núcleo (WAQUIL, 2018). 
 Gramática formal: dedica-se ao estudo das línguas a partir de uma 
perspectiva matemática, definindo as regras (de acordo com a sintaxe da 
língua em questão) pelas quais é possível produzir cadeias de caracteres 
que compõem — e geram — uma linguagem formal. Também tem a 
função de permitir o reconhecimento de uma cadeia como pertencente ou 
não a uma linguagem, bem como analisar a sua correção e incorreção. 
 
Cabe destacar, no entanto, dois tipos de gramáticas frequentemente colocados 
em oposição no estudo da língua espanhola: a normativa (também denominada 
prescritiva) e a descritiva (Figura 1). A gramática normativa, como o próprio nome 
indica, baseia-se na apresentação de normas, regras e determinações a respeito da 
língua, geralmente ignorando variantes geográficas ou de classe social, por exemplo. 
Assim, busca padronizar a norma culta do idioma, impondo regras de uso, 
recomendações ou até mesmo, dependendo da abordagem escolhida, obrigações para 
o falante. Em geral, privilegia alguma variedade linguística e o modo escrito da língua, e 
é produzida por uma instituição oficial reguladora do idioma (WAQUIL, 2018). 
Por outro lado, a gramática descritiva toma como base o uso da língua, a partir 
do qual, sem juízo de valor (diferentemente da prescritiva), descreve a utilização em 
contextos reais de um idioma, analisando de modo mais global e democrático os diversos 
aspectos que esse idioma pode apresentar, com base na observação de comunidades 
linguísticas (WAQUIL, 2018). 
Em espanhol, é muito comum encontrar obras que misturam as duas 
perspectivas, produzindo descrições da língua, mas oferecendo versões de construções 
linguísticas ou de formas de pronúncia, por exemplo, mais “corretas” e “adequadas”, em 
comparação com outras. Por outro lado, também há obras que claramente expressam o 
seu objetivo e ponto de vista sobre a língua, como é o caso de Hablar y escribir 
 
71 
 
correctamente: gramática normativa del español actual, de Leonardo Gómez Torrego, 
publicada em 2006. Como fica claro pelo próprio título, a sua proposta é apresentar uma 
versão, segundo o autor, “correta” da língua espanhola contemporânea em suas formas 
falada e escrita. Além disso, a obra é descrita como 
“[...] una herramienta utilísima para profesores y estudiantes de español, que 
tienen la obligación de conocer las actuales normas de corrección gramatical y 
los cambios normativos que se han producido ultimamente [...]” (GÓMEZ 
TORREGO, 2006, grifo nosso). 
Desse modo, fica clara a característica de imposição em sua abordagem, já que, 
ainda que reconheça as mudanças sofridas pela língua espanhola, propõe normatizá-las 
e as apresenta como regras. Embora possa parecer fácil questionar essa perspectiva 
gramatical, podemos entender o seu valor na resolução de dúvidas e inseguranças que 
surjam naqueles que se interessam pelo espanhol na sua modalidade culta (WAQUIL, 
2018). 
Em contrapartida, contamos com o exemplo da Gramática descriptiva de la 
lengua española, de Ignacio Bosque e Violeta Demonte, que coordenaram uma equipe 
de mais de setenta linguistas de diferentes lugares para a organização da obra, publicada 
em 1999. Afastando-se da perspectiva normativa, os autores se propõem a descrever a 
língua espanhola no que se refere aos seus aspectos morfológicos e sintáticos. Trata-se 
de uma obra abrangente, que busca representar variedades linguísticas e que, embora 
não dê o mesmo espaço às variantes americanas que dá à espanhola, considera a sua 
importância e reconhece a existência de alternativas e possibilidades expressivas dentro 
de um mesmo sistema — o da língua espanhola (WAQUIL, 2018). 
 
 
72 
 
 
 
Ainda que a Real Academia Española (RAE) simplifique, definindo gramática 
como “[...] parte de la linguística que estudia los elementos de una lengua, así como la 
forma en que estos se organizan y se combinan [...]”,vimos que são diversas as 
possibilidades de realizar esse estudo. Com base em uma visão de língua e em um 
recorte que se queira apresentar aos interessados nela, diversas abordagens podem ser 
selecionadas e, do mesmo modo, diferentes obras podem servir como objeto de consulta. 
20 O PERCURSO DA GRAMÁTICA DA LÍNGUA ESPANHOLA 
Falar da história da gramática da língua espanhola é voltar, impreterivelmente, 
ao ano de 1492, não porque foi o ano em que Cristóvão Colombo chegou às Américas, 
mas porque foi quando o sevilhano humanista Elio Antonio de Nebrija (1441-1522), 
considerado por muitos como o pai da língua espanhola, publicou a Gramática de la 
lengua castellana (Figura 2). Essa obra marca o nascimento da gramática e da linguística 
espanhola. 
Mas por que voltar tanto no tempo? Porque, ainda que a distância entre Nebrija 
e o estudos linguísticos atuais, em termos de cronologia e metodologia, seja muito 
grande, a base do que se produz hoje e do que se produzirá no futuro está justamente 
 
73 
 
nessa data, quando o sevilhano elaborou do zero — mas tomando como referência a 
produção teórica latina — a obra base da gramática da língua espanhola e das línguas 
românicas de modo geral. Foi somente a partir desse trabalho que Portugal, Itália e 
França, por exemplo, começaram a pensar e organizar sistematicamente as suas 
respectivas línguas, décadas depois da publicação da obra de Nebrija (WAQUIL, 2018). 
Três objetivos específicos basearam a “Gramática”: 1) contribuir para a 
consolidação e fixação da língua espanhola, de modo a garantir a sua sobrevivência; 2) 
facilitar o acesso ao latim, já que, conhecendo com precisão o espanhol, os falantes 
teriam acesso mais fácil à língua latina; 3) ensinar o espanhol a falantes de outros idiomas 
(WAQUIL, 2018). 
Apesar de seus méritos, Nebrija foi muito criticado, principalmente porque era 
andaluz, ou seja, falante de um espanhol não padrão, segundo os castelhanos. Não 
obstante, seu trabalho inaugurou o que seria um longo caminho na história da gramática 
da língua espanhola, até então sem precedentes (WAQUIL, 2018). 
Assim, com total independência do latim, a “Gramática” focava completamente 
no espanhol e era dividida em uma parte destinada à metodologia, composta por regras 
e princípios que regiam a língua (o que confere à obra um caráter normativo), e em uma 
parte histórica, que retomava poetas e autores cujas obras foram produzidas em língua 
espanhola, como testemunhos do seu uso adequado e correto (WAQUIL, 2018). 
 
 
74 
 
 
 
Com a publicação do trabalho de Nebrija, estabeleceu-se então um marco nos 
estudos gramaticais: a partir da “Gramática”, foi fundada a área — ciência, arte ou 
disciplina — que colaboraria para o estabelecimento da linguística. Assim, nos séculos 
posteriores (XVI a XVIII), passaram a se multiplicar o estudo, o trabalho e a produção de 
gramáticas, entre as quais se destacam a Gramática castellana (VILLALÓN, 1558), a 
Instituciones de la gramática española (JIMÉNEZ PATÓN, 1614), a Gramática de la 
lengua castellana (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 1796), entre outras. 
No século XIX, período em que ainda conviviam duas abordagens gramaticais 
distintas (a tradicional, baseada na teoria grecolatina, e a racionalista, influência dos 
franceses), merece destaque especial o trabalho de Bello (2002), Gramática: gramática 
de la lengua castellana destinada al uso de los americanos, que teve o mérito de unir 
abordagens distintas e produzir um sistema gramatical que viria a servir de referência 
para a elaboração de autores posteriores. 
O século XX, por sua vez, é reconhecido como a época em que passaram a se 
desenvolver e seaplicar diversas correntes linguísticas, em diferentes momentos. Nesse 
cenário, começaram a ser empregados métodos científicos e sistemáticos para a 
produção de obras e estudos científicos, tomando a linguagem como objeto. Esse 
 
75 
 
movimento levou à publicação de trabalhos consagrados e renomados, como os Estudios 
de gramática funcional del español (ALARCOS, 1970). 
Para entender o percurso realizado pelos estudos gramaticais em língua 
espanhola, é fundamental olhar para o passado, para os precursores e iniciadores de 
uma tradição tão rica. No entanto, cabe destacar também a importância do passado para 
o que se faz hoje: conhecer a tradição gramatical nos oferece tanto a possibilidade de 
entendê-la para poder criticá-la, quanto a possibilidade de aproveitá-la, tirando dela 
ensinamentos que contribuam para a produção atual (WAQUIL, 2018). 
É nesse sentido que se manifesta Peñalver Castillo (1992), que, analisando o 
caráter normativo da obra de Nebrija, sugere que se evite negar totalmente o trabalho do 
pai da gramática espanhola. Peñalver Castillo (1992) propõe o contrário: que se possa 
utilizar o caráter normativo, aliando-o ao descritivo, considerando objetivos pedagógicos 
que levem em conta a importância de apresentar para os estudantes e interessados na 
língua espanhola, entre outras coisas, as regras, já que “[...] uma síntese fundamentada 
e científica entre as duas concepções pode contribuir decisivamente para abrir novos 
caminhos no ensino do espanhol como língua materna e a melhorar sua didática [...]” 
(PEÑALVER CASTILLO, 1992, p. 226). 
21 O SÉCULO XXI E A NUEVA GRAMÁTICA DE LA LENGUA ESPAÑOLA: UMA 
GRAMÁTICA CONTEMPORÂNEA 
A gramática do espanhol, como vimos, percorreu um longo e rico caminho até os 
dias de hoje. Analisada, pensada e produzida a partir de muitas perspectivas, 
acompanhou a evolução dos tempos, o desenvolvimento dos mais de 20 países que têm 
o espanhol como língua oficial e a configuração, estruturação e afirmação do pensamento 
científico. Atualmente, os idiomas podem ser analisados sob o ponto de vista de 
diferentes tipos de gramática, com os mais variados objetivos: observar as regras de 
formação das palavras, descobrir suas possibilidades combinatórias, inteirar-se dos usos 
padrão, etc (WAQUIL, 2018). 
Sem entrar no mérito de qual estudo gramatical é mais ou menos eficiente ou 
relevante, e sem classificá-lo como melhor ou pior, é importante que o estudante, o 
 
76 
 
professor ou qualquer interessado na língua espanhola tenha um conhecimento dos 
elementos base da gramática dessa língua. Assim, cabe destacar que, muito 
resumidamente, uma gramática representa ou é composta por um estudo das palavras, 
a partir de dois aspectos que lhe são fundamentais: a sua formação e as suas 
combinações. Nesse contexto, estamos nos situando nas áreas linguísticas que se 
denominam morfologia (área que se centra na estrutura das palavras) e sintaxe (cujo foco 
está nas relações e nos grupos que as palavras podem formar). Além disso, costumam 
integrar a gramática de língua espanhola as análises fonológicas (sobre os sons da 
língua) e fonética (centrada na organização dos sons em termos linguísticos) (WAQUIL, 
2018). 
A Real Academia Española, instituição fundada em 1713 por Juan Manuel 
Fernández Pacheco, é reconhecida por seu trabalho de fomento da língua espanhola, 
por meio de pesquisa e elaboração de obras que têm papel fundamental na organização 
e difusão da língua. A Nueva gramática de la lengua española (2009-2011) é um marco 
nos estudos gramaticais em espanhol, ao ser introduzida, no século XXI, como uma obra 
de enorme valor didático. Ela se propõe, ao mesmo tempo, a uma abordagem descritiva 
e normativa, já que apresenta a língua padrão e seus registros formais, mas também 
descreve a variação linguística de acordo com questões geográficas, sociais e de estilo. 
Ainda, trata-se de uma obra sincrônica, uma vez que se centra na língua atual e 
em uso corrente, mas também apresenta referências históricas, oferece explicações 
etimológicas e cita autores e acepções de outras épocas da língua espanhola. Além 
disso, embora não negue a tradição iniciada por Antonio de Nebrija, séculos antes, está 
formulada e sustentada em princípios metodológicos e científicos da gramática 
contemporânea (WAQUIL, 2018). 
A seguir, com base no reconhecido trabalho da RAE, apresentaremos as 
principais características tomadas como base de análise e produção gramatical em língua 
espanhola, apontando elementos linguísticos fundamentais, divididos nas três grandes 
áreas objeto de atenção da gramática: fonologia/ fonética, morfologia e sintaxe (WAQUIL, 
2018). 
 
77 
 
21.1 Fonologia/fonética 
Assim como no português, os sons do espanhol se dividem em vocálicos e 
consoantes; unidos, eles formam cadeias que compõem as sílabas, consideradas o 
menor grupo que apresenta estrutura interna. É nesse sentido que a RAE, em sua 
gramática, apresenta a oposição entre unidades do espanhol, como em dado e dato: 
essas palavras se diferenciam em função de unidades da língua que são abstratas, como 
os fonemas /t/ e /d/ (WAQUIL, 2018). 
As unidades fonológicas, em língua espanhola, interferem fortemente nos 
processos morfológicos. Assim, por exemplo, alterações de vogais geram processos de 
ditongação, como pensar ~ pienso, llover ~ llueve, as quais são extremamente frequentes 
em espanhol. De forma similar, alterações de consoantes afetam unidades como sueco 
~ Suecia (alteração entre os fonemas /k/ e /s/) ou filólogo ~ filología (alteração entre os 
fonemas /g/ e /x/) (WAQUIL, 2018). 
21.2 Morfologia 
A área da morfologia se dedica à análise da estrutura e da formação das 
palavras, suas possibilidades de variação e a função gramatical que apresentam em 
relação umas às outras. Na gramática de língua espanhola, esse estudo se dá em duas 
abordagens: a morfologia flexiva e a morfologia léxica (WAQUIL, 2018). 
A morfologia flexiva analisa as flexões às quais se submetem as unidades que 
formam as palavras (morfemas), em sua relação umas com as outras, as quais produzem 
alterações de sentido gramatical e têm consequências para a sintaxe. Para tal, são 
analisados os elementos que influenciam a estrutura das palavras por meio de flexões 
(que indicam alguma informação sobre as palavras). No caso da língua espanhola, essas 
flexões são número (ciudad/ciudades), gênero (escocês/escocesa), pessoa (él/ella), caso 
(yo – caso nominativo; me – caso acusativo), tempo (estuvimos, están), aspecto (estoy 
comiendo, comimos) e modo (quiero que vengas – modo subjuntivo; ¡ven! – modo 
imperativo) (WAQUIL, 2018). 
 
78 
 
Já a morfologia léxica se dedica ao estudo da formação das palavras em dois 
processos básicos, que afetam a base léxica: a composição e a derivação. No processo 
de composição, duas bases léxicas se juntam e formam uma palavra, como lavamanos. 
Na derivação, a partir de uma base léxica que carrega o significado, acrescenta-se um 
afixo (que contribui com informação nova), formando uma nova unidade: cohabitar. O 
afixo acrescentado nesse processo pode ser um prefixo — anteposto à base (reponer) 
— ou um sufixo — posposto a ela (rojizo). Por fim, há casos em que ambos os processos 
(composição e derivação), unidos, formam uma nova unidade. Esse processo duplo é 
denominado parassíntese, como cuentacorrentista (composição de cuenta com corriente 
e sufixação com –ista) (WAQUIL, 2018). 
21.3 Sintaxe 
Em espanhol, considera-se que existem nove classes de palavras, as quais 
podem se combinar umas com as outras, em relações que são objeto de estudo da 
sintaxe: substantivo, pronome, artigo, adjetivo, advérbio, verbo, preposição, conjunção e 
interjeição. Os artigos, pronomes e alguns casos de advérbios, preposições, conjunções 
e verbos contêm informação apenas gramatical, de modo que são abstratos e 
desempenham função de referenciar, indicar plural ou colaborarcom a organização 
sintática das orações. Por outro lado, há classes de palavras que se caracterizam pelo 
conteúdo léxico que carregam, como os substantivos, os adjetivos e quase todos os 
verbos e advérbios (WAQUIL, 2018). 
 
 
79 
 
 
 
Além disso, na sintaxe da língua espanhola, entende-se que as palavras, 
enquanto unidades sintáticas, podem, a partir de um núcleo, formar grupos, frases ou 
sintagmas que desempenham funções sintáticas. Assim, podem ser identificados grupos 
nominais (Comimos la manzana verde), grupos adjetivais (Esta revista no es fácil de 
comprar), grupos verbais (Se fueron a pasear ahora), grupos adverbiais (Estamos muy 
lejos), grupos pronominais (¿Quién de ustedes vendrá mañana?) e grupos 
preposicionais (No ganó por imprudente). Todos esses grupos são constituídos a partir 
da base que lhes dá nome (por exemplo, grupos adverbiais se estruturam em torno de 
um advérbio) (WAQUIL, 2018). 
Esses grupos são compreendidos como constituídos por um grau de liberdade, 
em oposição às locuções, que são grupos sintáticos mais fixos e lexicalizados, os quais 
funcionam como uma só unidade. Uma locução verbal (llevar a cabo), por exemplo, 
equivale a um verbo (realizar); uma locução conjuntiva (a pesar de), a uma conjunção 
(aunque); uma locução adjetiva (sano y salvo), a um adjetivo (bien) (WAQUIL, 2018). 
Vale destacar também as funções sintáticas que se identificam na língua 
espanhola e que cumprem um papel fundamental na sua gramática, já que “[...] 
representam as formas pelas quais se manifestam as relações que expressam os 
argumentos [...]” (REAL ACADEMIA ESPAÑOLA, 2009, p. 15), sendo reconhecidas por 
marcas que as indicam. As mais conhecidas em espanhol (assim como em português) 
 
80 
 
são as de sujeito e predicado. Por exemplo, na frase Juan se compró unos libros, Juan 
tem a função de sujeito, e unos libros, de predicado. 
Finalmente, a noção de orações tem grande importância para a gramática. Trata-
se de unidades que são compostas por sujeito e predicado e que, em espanhol, têm a 
particularidade bastante comum da omissão do sujeito. Em outras palavras, a informação 
referente ao sujeito está na oração, mas não é necessariamente explicitada: em 
Dormiremos mañana, sabemos que o sujeito é nosotros pela conjugação verbal 
(WAQUIL, 2018). 
Há alguns critérios que permitem classificar as orações em língua espanhola. O 
primeiro deles — a atitude do falante (ou modalidade) — divide as orações em 
declarativas (Está nevando), interrogativas (Qué pasa?), exclamativas (No me digas!) e 
imperativas (Se prohíbe fumar). De acordo com o predicado (ou as exigências que o 
verbo em questão tem), distinguem-se orações transitivas (o verbo exige complemento 
— Coge la pelota, por favor), intransitivas (o verbo não exige complemento — Ayer llovía) 
e copulativas (formadas por um verbo copulativo, como ser, estar, parecer — Lo que 
importa es ser feliz.) (WAQUIL, 2018). 
Por fim, segundo a dependência/independência que a oração apresenta em 
relação a outras, podem ser identificadas orações simples (que não dependem e não se 
relacionam com outra que a modifique — La fiesta está llena), subordinadas (que se 
inserem em uma oração principal, a qual modificam — La ropa que me compré está muy 
larga) e compostas (identificadas porque contêm pelo menos uma oração subordinada 
— Los niños juegan y luego comen.) (WAQUIL, 2018). 
Além disso, uma gramática contemporânea do espanhol que corresponda à 
língua que encontramos hoje, espalhada em mais de 20 países, deve ter um caráter 
democrático e considerar as nacionalidades que têm como o espanhol língua oficial. As 
diferenças e as particularidades de uso da língua dessas nacionalidades se manifestam 
em todos os níveis gramaticais (morfológico, sintático, fonológico) e, por isso, são 
fundamentais para que se possa ter a devida compreensão da amplitude tão 
característica desse idioma (WAQUIL, 2018). 
É importante reconhecer, por fim, que a “Nueva gramática de la lengua española” 
é um excelente referencial para qualquer interessado em conhecer as palavras da língua, 
 
81 
 
no que se refere à sua formação, às possibilidades combinatórias e aos sons e às 
unidades que a caracterizam. No entanto, para a sua publicação, em 2009, foi 
imprescindível que, cinco séculos antes, Antonio de Nebrija nos tivesse brindado com o 
início dos estudos gramaticais. Foi a partir deles que toda a tradição gramatical da língua 
se desenvolveu e, principalmente, que estudos contemporâneos como o da RAE 
puderam cimentar-se, desenvolvendo os seus próprios pressupostos teóricos. A 
discussão sobre os trabalhos de seus antecessores serviu tanto para mostrar as falhas 
destes, quanto para promover e divulgar os seus próprios princípios científicos (WAQUIL, 
2018). 
22 OBJETO DE ESTUDO DA FONÉTICA 
A língua está presente em qualquer ato de comunicação, e sabemos que todo 
ato de fala se manifesta em uma sequência de sons proferidos pelo falante. Desde a 
infância, somos habituados a associar certos segmentos dessas sequências a certos 
signifi cados. Por exemplo, a série de sons representados na escrita pela sequência de 
letras da palavra casa imediatamente evoca o conceito de “moradia”. Segmentos como 
esse, dentro da sequência pronunciada, são signos, ou seja, são unidades sonoras que 
carregam um signifi cado. De acordo com Alarcos Llorach (1999), o ato de fala retrata a 
coexistência de signos e signifi cado sonoro, pois ambos os componentes são 
combinados e ordenados segundo as regras de cada idioma. O estudo dos signos e suas 
combinações é um dos domínios atribuídos à gramática internalizada de cada 
interlocutor. 
A fonética é a área responsável por estudar os sons de maneira física, isto é, 
como eles são produzidos no nosso aparelho fonador. Na fonética, estudamos as partes 
que correspondem aos signos linguísticos, mas não necessariamente os seus 
significados. Atrelados aos estudos da fonética, encontramos também os estudos da 
fonologia, que averigua o sistema dos sons, a sua estrutura e o seu funcionamento. 
Assim, segundo os estudos de Matzenauer (2014, p. 13), “[...] a fonética apreende os 
sons efetivamente realizados pelos falantes da língua em toda sua diversidade; a 
fonologia abstrai essa diversidade para captar o sistema que caracteriza a língua”. Desse 
 
82 
 
modo, ainda que sejam estudos separados, a fonética pode auxiliar os estudos da 
fonologia, de maneira que muitas vezes os estudos andam juntos. 
Toda e qualquer língua pode ser analisada fonética e fonologicamente. Além 
disso, tanto uma como outra são passíveis de serem descritas por meio de alfabetos 
elaborados que representam, por exemplo, os seus sons. É importante, assim, que você 
saiba as características peculiares de cada uma, para que não as confunda. Nas 
descrições fonéticas, atribuímos o uso de colchetes (por exemplo, [t] e [d]) para 
representar o que chamamos de fones; nas descrições fonológicas, representamos os 
fonemas por meio de barras (por exemplo, /t/ e /d/). Logo, podemos representar os sons 
de uma língua por meio de dois níveis de descrição: o fonético e o fonológico (FELIPE, 
2019). 
O plano de estudo da fonética é aprofundado em três aspectos: articulatório, 
acústico e perceptual. O primeiro aborda como os sons são produzidos e articulados no 
aparelho fonador no corpo humano; o segundo, as propriedades físicas da propagação 
dos sons, isto é, as ondas sonoras que produzimos em um ato de fala; e o terceiro, como 
recebemos e interpretamos uma onda sonora. A unidade comum representada pelos 
sons dentro da língua é chamada, na fonética, de fone. Segundo Battisti (2014, p. 64), 
fone é o “[...] som da fala, de natureza linguística”. Entretanto, outros tipos de sons, como 
trovões, espirros, bocejos, etc., não são considerados parte do estudo fonético. 
Para representar um fone na escrita, utilizamos também um alfabeto específico, 
chamadode Alfabeto Fonético Internacional (IPA), elaborado pela Associação 
Internacional de Fonética. A Figura 1 apresenta os símbolos utilizados na descrição dos 
fones por meio do IPA (FELIPE, 2019). 
 
 
83 
 
 
 
Por exemplo, a consoante ñ é grafada no Alfabeto Fonético Internacional como 
[ɲ], correspondente ao dígrafo nh em niño, no espanhol, e ninho, em português. Além de 
sentidos diferentes, essas palavras apresentam quantidades de letras diferentes, mas o 
mesmo número de fones. Assim como no alfabeto que conhecemos, no alfabeto fonético, 
cada símbolo designa um único fone; no entanto, para abranger os inúmeros fones que 
 
84 
 
produzimos em uma língua, esses fones são descritos no alfabeto fonético conforme a 
sua articulação no aparelho fonador. Veja a seguir alguns exemplos utilizando a 
transcrição fonética (FELIPE, 2019). 
 
 
 
Observe que, quando realizamos a transcrição fonética, nem sempre o número 
de letras corresponde ao número de fones. Por exemplo, em aburrido, temos oito letras, 
mas sete fones. Para entendermos mais sobre os fones, precisamos estudar outras 
nomenclaturas importantes no que tange à fonética. Por isso, vamos retomar a relação 
entre fone e fonema, definindo e exemplificando este último (FELIPE, 2019). 
De acordo com Battisti (2014), a fonologia é responsável por estudar o sistema 
dos sons, isto é, o padrão produzido inconscientemente pela nossa mente e que remete 
a um sistema no qual esses sons descrevem uma sequência. Logo, os fonemas são, 
para Battisti (2014, p. 66), “[...] a unidade mínima de som capaz de produzir diferença de 
significado”. Por exemplo, os fones [t] e [d], do ponto de vista articulatório, são sons bem 
parecidos, devido à proximidade da produção dos seus sons, mas essa diferença mínima 
de produção nos faz distinguir [t] e [d], que correspondem a “[...] unidades de som com 
valor contrastivo ou distintivo no sistema” (BATTISTI, 2014, p. 65). Dessa forma, esses 
dois sons coincidem com os fonemas /t/ e /d/ e os fones [t] e [d], respectivamente. Veja 
um exemplo: 
 
/t/ − pata 
/d/ − data 
 
85 
 
Nesse exemplo, distinguimos as duas palavras pela distinção que fazemos entre 
t e d. Logo, por haver essa distinção, conferimos outro significado às palavras apenas 
por ouvir uma ou outra. Assim, facilmente observamos que pata, em espanhol, não 
significa a mesma coisa que data. A primeira tem como tradução o feminino de pato ou a 
pata de um animal; o segundo pode ser traduzido para data e tem como sinônimo, na 
língua espanhola, a palavra fecha. Veja, em outro exemplo, outros pares mínimos, como 
em paño (pano) e baño (banho). Essa relação que fazemos entre os fones e os fonemas 
em uma língua é denominada na fonética de alofonia. Para Battisti (2014, p. 70), a 
alofonia “[...] dá origem à variação fonético-fonológica nas línguas do mundo, a um tipo 
de variação determinado por um ambiente ou contexto sonoro específico”. Desse modo, 
um alofone é, na realidade, uma variação de um fonema, mas que não modifica o sentido 
da palavra. Veja um exemplo a seguir. 
 
 
 
Vejamos agora as partes que definem a fonética em três aspectos: articulatória, 
acústica e perceptual. A fonética articulatória compreende o modo como produzimos 
os sons no nosso corpo — no nosso aparelho fonador. Por exemplo, quando produzimos 
o som das vogais, não há obstrução na passagem do ar; entretanto, experimente produzir 
o som de uma consoante. Provavelmente você perceberá que algum articulador entrará 
em ação para a produção do som, como podemos ver na emissão da consoante “b”: para 
produzi-la, precisamos encostar os lábios e, portanto, obstruir a corrente de ar. Já a 
fonética acústica estuda as propriedades físicas nos processos de fala. Na realidade, 
esse estudo visa somente à análise das ondas sonoras, como vibração, ressonância, 
altura, intensidade, entre outros aspectos do campo da física. A fonética perceptual — 
 
86 
 
ou auditiva — colabora para os estudos da fonética, finalizando todos os modos de 
produção, articulação, emissão e compreensão dos sons. Logo, fica a cargo desse ramo 
estudar como o ouvido humano recebe as ondas sonoras advindas dos processos da 
fala; a interface desse estudo se dá com os estudos nas áreas da neurologia e da 
psicologia (FELIPE, 2019). 
Vale ressaltar, no entanto, que para o ensino e a aprendizagem de línguas, saber 
qual é o objeto de estudo da fonética não é suficiente. Por isso, a seguir você verá a 
importância da fonética no estudo da língua (FELIPE, 2019). 
 
 
23 IMPORTÂNCIA DA FONÉTICA NO ESTUDO DA LÍNGUA 
A fonética tem papel fundamental no estudo de línguas estrangeiras, em função 
da sua importância na aquisição das competências orais e auditivas necessárias no 
processo comunicativo. Partindo da ideia de que aprendemos uma língua para poder 
utilizá-la, é inegável que, de forma a usá-la bem, precisamos abordar tanto os seus 
aspectos gramaticais como os orais, isto é, os fonético-fonológicos (FELIPE, 2019). 
É importante lembrar que o ensino de língua, em meados da década de 1970, 
pautava-se no estudo isolado de formas gramaticais e era distante do enfoque 
comunicativo. Desse modo, ensinar a pronúncia, por exemplo, era uma atividade 
desestimulante, pautada na aproximação da pronúncia a um falante nativo. Imagine o 
quão desesperador é aprender uma língua com o objetivo de pronunciar igual àqueles 
que a têm como língua materna. É claro que podemos, em uma aula, abordar a pronúncia 
e tentar aproximá-la a um nativo; no entanto, devemos nos preocupar com outros 
 
87 
 
aspectos mais válidos, como ler e compreender diferentes tipos de texto, conseguir se 
comunicar em diferentes esferas, compreender diferentes sotaques, etc (FELIPE, 2019). 
Dentro da história, a fonética passou a ser estudada muito antes do que 
imaginamos. Já na Antiguidade, por exemplo, os gregos e os romanos demonstravam 
uma curiosidade sobre aquilo que hoje já distinguimos: a letra versus o fone. No entanto, 
segundo Borstel, Klein e Hitz (2002), a grafia ainda era extremamente influenciada pela 
maneira como se falava. Eles exemplificam essa visão em seu trabalho: 
Exemplifica-se com um fragmento de um texto arcaico de Vasconcelos sobre o 
português escrito, provavelmente, do século XIII ou XIV: “Lenda do Rrey Leyr – 
Este rrey Leyr nom ouue fi lho, mas ouue três fi lhas muy fermosas e amaua-as 
muito. E huum dia ouue sas rrazõoes com ellas e disse-lhes que lhe dissessem 
verdade, qual dêllas o amaua mais...” (VASCONCELOS, 1970, p. 40, apud 
BORSTEL; KLEIN, HITZ, 2002, p. 356). 
A fonética passou a ter reconhecimento nos estudos da língua a partir do século 
XVII, com as pesquisas da fonética articulatória. No século XIX, conceituou-se a fonética 
mais claramente, observando-a e comparando-a às demais línguas — surgiu, assim, a 
conhecida “Lei de Grimm”, uma evolução de algumas consoantes nas línguas 
germânicas (FELIPE, 2019). 
Após esse avanço, muitos estudos pontuam que, antes de um professor de língua 
ensinar a escrita, por exemplo, é imprescindível que o aluno entre em contato com os 
aspectos fonéticos que remetem à audição e à oralidade. Diferentemente do que 
constatamos no passado, hoje a fonética tem espaço importantíssimo nas aulas de 
língua, visto que entendemos que, para uma aprendizagem efetiva, é necessária a 
mobilização de quatro habilidades linguísticas: ler e escrever, ouvir e falar (FELIPE, 
2019). 
Além dessas habilidades necessárias, é com o estudo da fonética em sala de 
aula que podemos refletir sobre alguns estigmas internalizados no ensino de língua, 
oriundos do preconceito linguístico. Em contraste com a língua portuguesa, em que o 
português brasileiro por vezes é visto como uma língua não correspondente ao português 
de Portugal, o espanhol é regido e normatizado de forma unificada pela Real Academia 
Española (RAE). Surgida em meados de 1700, essa instituição se responsabilizapor 
alimentar, até hoje, tudo o que se refere à língua espanhola, como variações fonético-
 
88 
 
fonológicas e lexicais, novas entradas lexicais, etc. É importante notar que a RAE não 
tem uma referência específica, pois há 21 academias — dos 21 países falantes de 
espanhol — trabalhando a serviço do espanhol, sendo, portanto, representante de no 
mínimo 21 variedades da língua. Dessa forma, o espanhol nos é apresentado como uma 
língua falada em diversos países, mas com variações específicas (FELIPE, 2019). 
Assim, quando abordamos em sala de aula como é a pronúncia de determinada 
palavra na Espanha e na América, estamos desmistificando o preconceito ainda existente 
de que apenas um espanhol é “certo”, e que exclusivamente este deve ser ensinado em 
sala de aula. Desse modo, a fonética colabora também, no estudo da língua, para 
acompanharmos os diferentes modos de falar em diferentes regiões hispanohablantes. 
Logo, ela permite também que estudemos aspectos interculturais importantes que 
caracterizam a língua (FELIPE, 2019). 
 
 
24 DIFERENTES PRONÚNCIAS DA LÍNGUA ESPANHOLA A PARTIR DA ANÁLISE 
FONÉTICA 
Conforme o contexto social, histórico e geográfi co, a língua se modifi ca e 
apresenta inúmeras variações, vistas na pronúncia, no léxico, na sintaxe, etc. A partir da 
 
89 
 
análise fonética, podemos averiguar os diversos modos de pronunciar a língua espanhola 
pelo mundo. Vamos primeiramente estudar o alfabeto da língua espanhola (Quadro 1) e, 
a partir dele, aprofundar o nosso conhecimento acerca das pronúncias realizadas pelos 
falantes (FELIPE, 2019). 
 
 
 
A letras que estão marcadas em negrito no quadro apresentam variações nos 21 
países de fala espanhola. Por exemplo, na Espanha, a letra “Z”, diante de “A” “O” e “U” 
(za, zo e zu), é pronunciada com o fonema [θ] (visto no th de think em inglês), como em 
zapato [ θa 'pa to ]. Já na América, a mesma palavra é falada com outro alofone: a 
pronúncia é [ sa 'pa to ]. Esse caso ocorre também com a letra “C”, diante de “E” e “I” (ce 
e ci), como em cielo. Na Espanha, a pronúncia é [ 'θje lo ]; na América, é [ sje lo ] (FELIPE, 
2019). 
Além dos exemplos mencionados acima, a principal diferença entre os países 
latinos se configura na pronúncia das letras “LL” e “Y”. Veja o Quadro 2 (FELIPE, 2019). 
 
 
90 
 
 
 
Como você pôde perceber, falar espanhol corresponde não somente a conseguir 
se comunicar, mas também a mergulhar em diferentes universos sociais e linguísticos. O 
nosso papel como professores perpassa o ensino formal desse idioma: devemos 
conscientizar os nossos alunos de que o sotaque escolhido será reconhecido em 
qualquer canto do universo. Nesse sentido, a RAE cumpre bem o seu papel de respeitar 
 
91 
 
todas as variantes, fazendo com que elas formem essa unidade linguística e cultural 
heterogênea que é a língua espanhola (FELIPE, 2019). 
25 ESTUDOS DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA 
As línguas são sistemas vivos e estão em constantes modificações. Essas 
modificações levam ao surgimento de variação linguística, isto é, diversificação de 
aspectos da língua, como vocabulário, pronúncia e questões sintáticas e morfológicas. 
Você conhece variações da língua espanhola? Já percebeu os elementos que estão 
associados a elas? 
25.1 Definição 
Ao realizar estudos sobre uma língua, pretende-se analisar questões próprias de 
um sistema de comunicação utilizado por um grupo, de determinada região. Para estudar 
a língua espanhola, é preciso observar o sistema utilizado em mais de uma região, por 
mais de um grupo regional e até mesmo por mais de um grupo social. Afi nal, o espanhol 
é o idioma ofi cial de 21 países, os quais pertencem inclusive a três continentes diferentes 
(BIZELLO, 2019). 
Para entender melhor como esse processo funciona, vamos recorrer à definição 
de língua apresentada pelo dicionário on-line da Real Academia Española (RAE): 
[…] 2. f. Sistema de comunicación verbal propio de una comunidad humana y que 
cuenta generalmente con escritura. 
3. f. Sistema lingüístico considerado en su estructura. 
4. f. Vocabulario y gramática propios y característicos de una época, de un 
escritor o de un grupo social. La lengua de Góngora. La lengua gauchesca 
(LENGUA, 2018, documento on-line). 
Note que, nas definições apresentadas, de forma geral, há uma menção à 
comunidade ou à sociedade, isto é, aos falantes/usuários da língua. Esses usuários são 
os responsáveis pelas pequenas modificações que são incorporadas a esse sistema. Isso 
ocorre porque a língua não é um sistema imutável e homogêneo como muitos acreditam: 
a mudança linguística é contínua, gradual e dinâmica (BIZELLO, 2019). 
 
92 
 
Essa crença na imutabilidade da língua se deve a várias questões, mas 
certamente um fator de peso é o conjunto de regras estabelecidas pelas gramáticas 
normativas. Essas normas, porém, não visam eliminar as diferenças linguísticas 
existentes entre uma mesma comunidade de falantes, e sim determinar orientações a um 
modelo para a escrita, o qual geralmente é tratado com mais prestígio e valorização 
(BIZELLO, 2019). 
 
 
 
No entanto, como a língua é um sistema vivo, essas normas não impedem que 
transformações ocorram — principalmente aquelas que não modificam a espinha dorsal 
da língua. Essa constatação revela que a língua é um sistema heterogêneo e 
diversificado. Você já pensou por que isso acontece? Simples: todas as comunidades 
linguísticas passam por variadas experiências (sociais, políticas, históricas, culturais), 
que interferem no comportamento linguístico dos seus componentes. Essas 
interferências geram a chamada variação linguística (BIZELLO, 2019). 
Segundo o Diccionario de términos clave de ELE, elaborado pelo Centro Virtual 
del Instituto Cervantes, o termo variedad lingüística (2018, documento on-line) refere-
se a: 
La diversidad de usos de una misma lengua según la situación comunicativa, 
geográfica o histórica en que se emplea y según el nivel de conocimiento 
lingüístico de quien la utiliza. Así pues, em función de la variable que interviene, 
se distinguen cuatro tipos de variedades: las variedades funcionales o diafásicas, 
las variedades socioculturales o diastráticas, las variedades geográficas o 
diatópicas y las variedades históricas o diacrónicas. 
Portanto, as línguas variam no tempo (gerações diferentes podem revelar 
variações diferentes), no espaço (países cuja língua oficial é a mesma podem apresentar 
variações), na sociedade (pessoas de classes sociais diferentes podem utilizar variações 
 
93 
 
diferentes) e na situação (o mesmo falante pode utilizar expressões mais formais ou 
informais, de acordo com a situação) (BIZELLO, 2019). 
O surgimento dessas variedades se deve à chamada interacción lingüística 
(GODENZZI, 2007). Esse conceito descreve as relações que se estabelecem entre duas 
variedades em um espaço geográfico e social determinado e define o processo do 
bilinguismo social, ou seja, ratifica a existência de usos alternantes de línguas, de acordo 
com a situação. De acordo com Durán y Ramos (1989, p. 97), “El habla, el contacto 
lingüístico y las características sociolingüísticas de los pueblos son determinados por 
hechos históricos de naturaleza sociocultural”. 
Entretanto, as variedades linguísticas não surgem aleatoriamente. A ação 
comunicativa está associada com vários aspectos ideológicos, sociais e culturais, os 
quais serão determinantes na participação de um falante em um grupo social. Portanto, 
a variedade costuma responder às necessidades comunicativas (BIZELLO, 2019). 
Os textos escritos costumam empregar a variedade padrão: a língua espanhola 
de Madrid. Assim, mesmo nas reportagens regionais, é comum o uso da variedade 
utilizada onde surgiu o espanhol. Um exemplo de variação é a palavra bus: os 
colombianos usam-na na linguagem informal para designar ônibus. O exemplo a seguir 
analisa essa variação (BIZELLO, 2019). 
 
 
 
 
9495 
 
26 DIFERENTES VARIAÇÕES DA LÍNGUA ESPANHOLA 
O espanhol é uma língua nativa falada por mais de 480 milhões de pessoas, 
espalhadas por vários países. Essa língua é considerada homogênea, pois compartilha 
um sistema alfabético simples, um léxico comum e uma sintaxe básica, e não apresenta 
obstáculos para que esses falantes se comuniquem com efi ciência. Todavia, uma análise 
mais cautelosa revela algumas variedades (BIZELLO, 2019). 
Assim como ocorre, por exemplo, com a língua portuguesa no Brasil, a língua 
espanhola é falada de diferentes formas, conforme a região do falante e a situação de 
comunicação. Conforme alerta Moreno Fernández (2010, p. 24): 
La variación lingüística consiste em la alternancia […] de unos elementos que 
cumplen unas mismas funciones, responden a una misma intención comunicativa 
y ocupan unos mismos espacios lingüísticos, em cualquiera de los niveles que 
conforman la lengua. 
Observe como isso ocorre nas expressões usadas para falar ao telefone. No 
Uruguai, atende-se uma chamada falando ¡Hola! ¿Quién habla? O termo descolgar 
significa atender ao telefone, e teléfono portátil é celular. Já a expressão “Quer deixar 
recado?” é construída assim: ¿Quieres dejar algo dicho?. Na Espanha, para coger ou 
atender el telefono, fala-se ¡Dígame!. Para perguntar se a pessoa quer deixar recado, 
usa-se ¿Quieres dejar un recado?. O termo usado para celular é teléfono movil ou portátil. 
Na Argentina, atende-se ou se agarra el teléfono com ¡Hola! ou ¿Sí?, e se usa um movil, 
um movicón ou um Motorola (termos usados para celular). Na Colômbia, para colgar el 
teléfono, diz-se ¡Aló! ¡A ver! O termo usado para celular é teléfono celular. Em Cuba, para 
coger el teléfono, diz-se ¡Oigo! ¿Sí? ¡Diga!, e também se usa teléfono celular. No Chile 
se colga el telefono com ¡Aló! e se diz teléfono celular (BIZELLO, 2019). 
Essa diversidade de formas de comunicação surge também no vocabulário. 
Observe algumas palavras que aparecem no portal Descubra o mundo em intercâmbio. 
Na Colômbia, chamam Papai Noel de Papá Noel; no México e na América Central, Santa 
Claus; no Chile, Viejito Pascuero. Pipoca é chamada de rositas em Cuba, pipoca na 
Bolívia, pó no Uruguai, cabrita no Chile, cotufa na Venezuela, canchita ou popcor no Peru, 
 
96 
 
crispetas na Colômbia, pochoclo na Argentina e palomitas no México. Banqueta (México), 
vereda (Argentina) e acera (Espanha) designam calçada (BIZELLO, 2019). 
As diferenças se estendem para palavras de vestuário. Veja a seguir algumas 
diferenças lexicais (BIZELLO, 2019). 
 
 Saia: falda (Espanha, Chile, México, Uruguai e Venezuela) e pollera 
(Chile, Argentina e Uruguai). 
 Camiseta: camiseta (Espanha, México e Uruguai), remera (Argentina e 
Uruguai), chomba (Argentina), polera (Chile), franela (Venezuela), buzo 
(Uruguai). 
 Calcinhas: bragas (Espanha), bombachas (Argentina e Uruguai), calzones 
(Chile e México), pantaletas (México e Venezuela), blumer (Venezuela). 
 Sutiã: sostén (Espanha, Chile, Uruguai e Venezuela), sutién ou soutién 
(Argentina e Uruguai), corpiño (Argentina e Uruguai), brassiere (México e 
Venezuela), brassier ou brasier (México), sujetador (Espanha). 
 Jaqueta de frio: cazadora (Espanha), campera (Argentina e Uruguai), 
casaca (Chile), chamarra (México), chaqueta (Venezuela). 
 Bife: filete (Espanha), bife (Argentina e Uruguai), bistec (Espanha, Chile, 
México e Venezuela), beaf-steak (Chile), churrasco (Uruguai). 
 
 
 
Quando se observam situações informais, as diferenças se acentuam: estar de 
ressaca, na Espanha, é tener resaca; no México, tener cruda; na Colômbia, tener 
guayabo; no Chile, tener caña. Também se notam variedades na expressão “isso é legal”: 
 
97 
 
na Espanha, é esto mola; no México, está chido; na República Dominicana, esto tá; em 
Porto Rico, está chévere; na Colômbia, está bacano (BIZELLO, 2019). 
No café da manhã, você encontrará mantequilla na Espanha, no Chile, no México 
e na Venezuela, e manteca na Argentina e no Uruguai. O pão de forma é pan de molde 
na Espanha, no Chile e no Uruguai; pan de miga na Argentina; pan bimbo no México; e 
pan cuadrado na Venezuela (BIZELLO, 2019). 
As diferenças se evidenciam na fonética: as pronúncias do /s/, do /x/ e do /y/ são 
as que mais diferem. Na Espanha, as letras c (seguida de e e i) e z são pronunciadas 
com a língua entre os dentes, ou seja, com fonema fricativo interdental surdo. Já na 
América, essas mesmas letras são pronunciadas da mesma forma que a letra s, isto é, 
com fonema fricativo palatal surdo. Nesse sentido, para os espanhóis, há diferença no 
som das palavras ciento e siento; já na pronúncia americana, não há distinções, então a 
percepção do sentido se dá no contexto. Quanto à pronúncia da letra s, há ainda mais 
possibilidades: na região do Rio da Prata, na América, ela pode ser aspirada quando 
aparece antes de consoantes; na Andaluzia, na Espanha, pode ser eliminada da fala em 
qualquer palavra, desde que seja a última da sílaba. Nessa região da Europa, é comum 
a supressão de fonemas, o que também revela as variedades linguísticas fonéticas 
(BIZELLO, 2019). 
O dígrafo ll é pronunciado na Espanha com som do lh do português, isto é, com 
fonema lateral palatal sonoro. Já na América, pode ser pronunciado com som de ch 
(fonema fricativo palatal surdo), com som de j (fricativo palatal sonoro), com som de dz 
(fricativo alveolopalatal sonoro) — as duas primeiras possibilidades são mais comuns na 
região do Rio da Prata. Na Argentina, no Uruguai e no Paraguai, a pronúncia do dígrafo 
ll costuma coincidir com a da letra y. Assim, não há diferença na expressão das letras 
iniciais de yo e llamo. Contudo, no restante da América também existe a possibilidade de 
as duas letras serem pronunciadas com fonema fricativo alveolopalatal sonoro. Já na 
Espanha, a letra y é pronunciada como fonema vocálico (BIZELLO, 2019). 
É fácil encontrar a influência das línguas nativas no vocabulário dos dialetos 
latino-americanos. O uso da segunda pessoa, seja no singular ou no plural, apresenta 
contrastes significativos nos dialetos espanhóis, variando até mesmo as conjugações 
verbais. Na região do Rio da Prata, principalmente na Argentina, usa-se o voseo: uso do 
 
98 
 
pronome vos no lugar de tú. O uso desse pronome de tratamento altera também a 
conjugação: no presente do indicativo e no imperativo afirmativo, os verbos são 
flexionados de forma diferente à da segunda pessoa do singular. Veja um exemplo: 
 
Presente: Vos querés x Tú quieres 
Imperativo: Vos hablás x Tú hablas 
 
As disparidades ocorrem no próprio território espanhol, que é dividido entre os 
dialetos falados nas regiões da Andaluzia, das Ilhas Canárias, da Galícia e de Castela — 
este último é o adotado para a padronização da língua. As diferenças principais localizam-
se na pronúncia das vogais e no vocabulário. Já na América Latina, muitas variações da 
língua têm relação com as línguas nativas indígenas e com a imigração europeia para a 
região (BIZELLO, 2019). 
Em resumo, as principais variações linguísticas da língua espanhola estão 
associadas ao lugar de origem do falante. Entretanto, há diferentes elementos que 
provocam as variedades, como você verá na próxima seção. 
27 ELEMENTOS HISTÓRICOS, GEOGRÁFICOS E SOCIAIS ASSOCIADOS À 
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA 
Quem usa e observa a língua espanhola constata frequentemente que nem todos 
os falantes utilizam a língua da mesma maneira, isto é, nem todos usam a mesma 
variedade linguística. Além disso, sabe-se que o espanhol atual não é o mesmo falado 
na Espanha no século XV, por exemplo, quando houve a conquista da América. Da 
mesma forma, constata-se que o falante uruguaio não usa a mesma variedade que o 
peruano, ou que o peruano não fala como o caribenho, e assim por diante. Evidencia-se, 
portanto, que é possível identifi car a origem do falante apenas pela observação sobre a 
sua fala. Isso signifi ca que os falantesusam traços iguais, que identifi cam a língua, mas 
esta permite uma flexibilidade (BIZELLO, 2019). 
A variação linguística pode se manifestar em diferentes níveis da língua: fonético, 
lexical e gramatical. Geralmente, o léxico é a parte que mais apresenta variações; são 
 
99 
 
poucas as alterações de nível fonético e gramatical. Entretanto, as variações de todos os 
níveis podem estar associadas a diferentes elementos: históricos, geográficos e sociais. 
De acordo com o Centro Virtual Cervantes (VARIACIÓN LINGÜÍSTICA, 2018, documento 
on-line): 
En cuanto a los tipos de variación, se distinguen, por un lado, las variaciones 
determinadas por las características personales de quien emplea la lengua y, por 
otro lado, las variaciones condicionadas por factores del contexto: 
- La variación lingüística relacionada con el usuario tiene que ver con la 
interrelación entre variedad lingüística y características del hablante. 
- Según su origen geográfico, se distingue entre dialectos o variedades 
diatópicas. 
- Según su formación cultural, se establecen distintos niveles de lengua o 
variedades diastráticas. 
- Según su edad o profesión, se distingue entre jergas o lenguas especiales. 
- La variación lingüística determinada por el contexto de uso caracteriza los 
distintos registros de lengua, también llamados variedades funcionales o 
diafásicas. 
Dessa forma, o elemento geográfico faz parte da variedade diatópica que 
costuma ser associada aos dialetos. No caso do espanhol, costuma-se dividir as zonas 
de fala em dois grandes blocos: o europeu e o americano. No entanto, nem o espanhol 
da Espanha, nem o espanhol da América são uniformes. Portanto, a variação linguística 
diatópica deve ser analisada em cada área que apresenta alguma uniformidade na 
variação. Assim, não se corre o risco de cair em generalizações extremas (BIZELLO, 
2019). 
Os dados geográficos facilitam a compreensão do uso de variações, pois a 
proximidade com regiões de línguas diferentes, por exemplo, pode contribuir para a 
influência. Na Espanha, geralmente se dividem os dialetos em duas zonas: a centro-norte 
e a andaluza. Essa divisão está associada à própria história da língua espanhola, que 
nasceu da evolução do latim perto da região onde hoje se localiza Burgos, ou seja, no 
norte de Castela. A expansão para o sul, isto é, até Andaluzia, ocorreu séculos mais 
tarde. Veja no Quadro 1 algumas características do espanhol do centro-norte da Espanha 
(BIZELLO, 2019). 
 
 
100 
 
 
 
Na América, há ainda mais divisões dialetais, pois cada país foi colonizado em 
épocas diferentes e teve graus distintos de interferência da língua local. Segundo Cos 
Ruiz (2018, p. 339), as falas dos hispanohablantes da América podem ser divididas de 
acordo com a Figura 1. 
 
 
101 
 
 
 
Veja algumas diferenças significativas (BIZELLO, 2019). 
 
 Todos os dialetos das Américas usam o yeísmo, à exceção do espanhol 
andino, que distingue o som de ll e y. 
 No espanhol americano, há uma tendência à aspiração do fonema /s/ em 
final de sílaba, mas o México e a zona andina não seguem essa tendência. 
 Na Costa Rica, na Guatemala e na zona andina, a vibrante múltipla é 
assibilada. No Caribe, é velarizada. 
 No Caribe, as vogais são nasalizadas se estão perto de uma consoante 
nasal. 
 No México e na zona andina, há uma tendência de as vogais tornarem-se 
a sílaba átona: todos [toas]. 
 O voseo é típico da Argentina, mas é utilizado também no Uruguai e em 
algumas regiões da Bolívia, do Chile, da Colômbia e da Venezuela. 
 
102 
 
 Na Venezuela e no Panamá, quando há sujeito preposto, é comum o uso 
de infinitivo depois de para: para yo poder venir. 
 
Outro elemento que constitui a variação é o aspecto social: são as chamadas 
variações diastráticas. Elas têm relação com o grau de formação e domínio da língua. 
Geralmente, são classificadas em nível alto ou culto (os recursos linguísticos são diversos 
e elaborados, e têm grande prestígio na sociedade); médio (o falante tem um 
conhecimento médio sobre o idioma) e baixo (pouco domínio da língua, por isso é 
considerado vulgar). Já as variedades diafásicas têm relação com o contexto ou com a 
situação de comunicação. As gírias são um exemplo desse tipo de variação (BIZELLO, 
2019). 
O elemento histórico também influencia as variações. O uso atual de voseo tem 
as suas raízes em várias transformações anteriores. Por volta do século IV, vos era um 
pronome utilizado para dirigir-se a autoridades supremas, como os imperadores ou reis. 
Com a queda do Império Romano, esse pronome continuou a ser utilizado para grandes 
autoridades, como políticos, militares e religiosos. Nesse sentido, vos era mais formal e 
tú era utilizado para tratamento informal, ou seja, entre pessoas de mesmo nível. Depois 
da reconquista da Península Ibérica pelos reis católicos, houve várias modificações na 
língua, e uma delas foi que o tú seria o pronome de segunda pessoa do singular e o vos, 
o de segunda do plural. Com o tempo, essa forma de tratamento entrou em desuso e foi 
substituída por vuestramerced que, mais adiante, transformou-se em usted (BIZELLO, 
2019). 
Outro exemplo da interferência histórica é o contato entre as línguas. Na América, 
por exemplo, há grande influência das línguas indígenas. Embora algumas dessas 
línguas indígenas tenham desaparecido com a chegada dos espanhóis, em outras 
regiões, os habitantes mantiveram os seus idiomas, uma vez que, fora das cidades de 
maior prestígio e poder espanhol, principalmente as cidades de mais difícil acesso, era 
mais fácil que os habitantes conseguissem manter as suas origens. Assim, o contato das 
comunidades de hispanohablantes com as comunidades indígenas favoreceu as 
variedades de acordo com o nível e a situação de contato (BIZELLO, 2019). 
 
103 
 
Dessa forma, constata-se que há diferentes elementos envolvidos na variação 
linguística do espanhol. Por mais que as alterações mais evidentes sejam as 
relacionadas às questões geográficas, é preciso considerar que há outros fatores de 
peso, como os elementos históricos e sociais, que impulsionam as modificações 
(BIZELLO, 2019). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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