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PEÇA DE INTERPOSIÇÃO e RAZÕES DO RECURSO 1. ENDEREÇAMENTO: 2. RECORRENTE: 3. RECORRIDO: 4. RAZÕES DO AGRAVO: 5. SÍNTESE DA DEMANDA 6. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA 6.1 – ASPECTOS PROCESSUAIS (CABIMENTO DO RECURSO (CLIA TRIP), E COMPETÊNCIA DO JUÍZO) 6.1.1 – EFEITO SUSPENSIVO? 6.2 – ASPECTOS MATERIAIS (CONSTITUCIONAIS, INFRA, SÚMULA E JURISPRUDÊNCIA) 7. PEDIDOS A) ADMISSIBILIDADE DO RECURSO + EFEITO SUSPENSIVO B) INTIMAÇÃO DO RECORRIDO (INTIMAÇÃO DO MP OU DA FAZENDA?) C) PEDIDO PRINCIPAL: PROVIMENTO DO RECURSO PARA REFORMAR OU ANULAR D) CONDENAÇÃO DAS CUSTAS, HONORÁRIOS E ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA? 8. FECHAMENTO (LOCAL, DATA E ASSINATURA) CAPÍTULO III - DO AGRAVO DE INSTRUMENTO Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I - tutelas provisórias; II - mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ; XII - (VETADO); XIII - outros casos expressamente referidos em lei. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio de petição com os seguintes requisitos: I - os nomes das partes; II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido; IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo. Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída: I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal; III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis. § 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais. § 2º No prazo do recurso, o agravo será interposto por: I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para julgá-lo; II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias; III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento; IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei; V - outra forma prevista em lei. § 3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932, parágrafo único . § 4º Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo fac-símile ou similar, as peças devem ser juntadas no momento de protocolo da petição original. § 5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput , facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia. Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso. § 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento. § 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput , no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento. § 3º O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento. Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV , o relator, no prazo de 5 (cinco) dias: I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; II - ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento, quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo de 15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do recurso; III - determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio eletrônico, quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias. Art. 1.020. O relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês da intimação do agravado. Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. § 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for proferida a decisão. § 2º Aplica-se o disposto no art. 231 , incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação. § 3º No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial. § 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem. § 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias. § 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso. Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo: I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo correio; II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por oficial de justiça; III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria; IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por edital; V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica; VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em cumprimento de carta; VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico; VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria. § 1º Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar corresponderá à última das datas a que se referem os incisos I a VI do caput . § 2º Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado individualmente. § 3º Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação de representante judicial, o dia do começo do prazo para cumprimento da determinação judicial corresponderá à dataem que se der a comunicação. § 4º Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com hora certa. Art. 5º CF/88 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; Art. 20 CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. (Vide ADIN 4815) Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. (Vide ADIN 4815) Quarta-feira, 10 de junho de 2015 STF afasta exigência prévia de autorização para biografias Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4815 e declarou inexigível a autorização prévia para a publicação de biografias. Seguindo o voto da relatora, ministra Cármen Lúcia, a decisão dá interpretação conforme a Constituição da República aos artigos 20 e 21 do Código Civil, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença de pessoa biografada, relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas). Na ADI 4815, a Associação Nacional dos Editores de Livros (ANEL) sustentava que os artigos 20 e 21 do Código Civil conteriam regras incompatíveis com a liberdade de expressão e de informação. O tema foi objeto de audiência pública convocada pela relatora em novembro de 2013, com a participação de 17 expositores. Confira, abaixo, os principais pontos dos votos proferidos. Relatora A ministra Cármen Lúcia destacou que a Constituição prevê, nos casos de violação da privacidade, da intimidade, da honra e da imagem, a reparação indenizatória, e proíbe “toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”. Assim, uma regra infraconstitucional (o Código Civil) não pode abolir o direito de expressão e criação de obras literárias. “Não é proibindo, recolhendo obras ou impedindo sua circulação, calando-se a palavra e amordaçando a história que se consegue cumprir a Constituição”, afirmou. “A norma infraconstitucional não pode amesquinhar preceitos constitucionais, impondo restrições ao exercício de liberdades”. Ministro Luís Roberto Barroso O ministro destacou que o caso envolve uma tensão entre a liberdade de expressão e o direito à informação, de um lado, e os direitos da personalidade (privacidade, imagem e honra), do outro – e, no caso, o Código Civil ponderou essa tensão em desfavor da liberdade de expressão, que tem posição preferencial dentro do sistema constitucional. Essa posição decorre tanto do texto constitucional como pelo histórico brasileiro de censura a jornais, revistas e obras artísticas, que perdurou até a última ditadura militar. Barroso ressaltou, porém, que os direitos do biografado não ficarão desprotegidos: qualquer sanção pelo uso abusivo da liberdade de expressão deverá dar preferência aos mecanismos de reparação a posteriori, como a retificação, o direito de resposta, a indenização e até mesmo, em último caso, a responsabilização penal. (Leia a íntegra do voto do ministro Luís Roberto Barroso.) Ministra Rosa Weber A ministra Rosa Weber manifestou seu entendimento de que controlar as biografias implica tentar controlar ou apagar a história, e a autorização prévia constitui uma forma de censura, incompatível com o estado democrático de direito. “A biografia é sempre uma versão, e sobre uma vida pode haver várias versões”, afirmou, citando depoimento da audiência pública sobre o tema. Ministro Luiz Fux O ministro destacou que a notoriedade do biografado é adquirida pela comunhão de sentimentos públicos de admiração e enaltecimento do trabalho, constituindo um fato histórico que revela a importância de informar e ser informado. Em seu entendimento, são poucas as pessoas biografadas, e, na medida em que cresce a notoriedade, reduz-se a esfera da privacidade da pessoa. No caso das biografias, é necessária uma proteção intensa à liberdade de informação, como direito fundamental. Ministro Dias Toffoli Para o ministro, obrigar uma pessoa a obter previamente autorização para lançar uma obra pode levar à obstrução de estudo e análise de História. “A Corte está afastando a ideia de censura, que, no Estado Democrático de Direito, é inaceitável”, afirmou. O ministro ponderou, no entanto, que a decisão tomada no julgamento não autoriza o pleno uso da imagem das pessoas de maneira absoluta por quem quer que seja. “Há a possibilidade, sim, de intervenção judicial no que diz respeito aos abusos, às inverdades manifestas, aos prejuízos que ocorram a uma dada pessoa”, assinalou. Ministro Gilmar Mendes Segundo o ministro, fazer com que a publicação de biografia dependa de prévia autorização traz sério dano para a liberdade de comunicação. Ele destacou também a necessidade de se assentar, caso o biografado entenda que seus direitos foram violados publicação de obra não autorizadas, a reparação poderá ser efetivada de outras formas além da indenização, tais como a publicação de ressalva ou nova edição com correção. Ministro Marco Aurélio O ministro destacou que há, nas gerações atuais, interesse na preservação da memória do país. “E biografia, em última análise, quer dizer memória”, assinalou. “Biografia, independentemente de autorização, é memória do país. É algo que direciona a busca de dias melhores nessa sofrida República”, afirmou. Por fim, o ministro salientou que, havendo conflito entre o interesse individual e o coletivo, deve-se dar primazia ao segundo. Ministro Celso de Mello O decano do STF afirmou que a garantia fundamental da liberdade de expressão é um direito contramajoritário, ou seja, o fato de uma ideia ser considerada errada por particulares ou pelas autoridades públicas não é argumento bastante para que sua veiculação seja condicionada à prévia autorização. O ministro assinalou que a Constituição Federal veda qualquer censura de natureza política, ideológica ou artística. Mas ressaltou que a incitação ao ódio público contra qualquer pessoa, grupo social ou confessional não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão. “Não devemos retroceder nesse processo de conquista das liberdades democráticas. O peso da censura, ninguém o suporta”, afirmou o ministro. Ministro Ricardo Lewandowski O presidente do STF afirmou que o Tribunal vive um momento histórico ao reafirmar a tese de que não é possível que haja censura ou se exija autorização prévia para a produção e publicação de biografias. O ministro observou que a regra estabelecida com o julgamento é de que a censura prévia está afastada, com plena liberdade de expressão artística, científica, histórica e literária, desde que não se ofendam os direitos constitucionais dos biografados. PEÇA DE INTERPOSIÇÃO E RAZÕES DO RECURSO 1. ENDEREÇAMENTO: Ao Presidente Do Tribunal De Justiça De São Paulo 2. RECORRENTE: Editora Cruzeiro 3. RECORRIDA: Jaqueline 4. RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO Editora Cruzeiro, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), neste ato representada por seu sóciodiretor ..., com endereço eletrônico ..., domiciliado no endereço ..., por intermédio de seu advogado infrassinado, com instrumento de procuração anexo, vem à presença desta Corte, com fundamento nos artigos 1015 e seguintes do Código de Processo Civil (CPC), interpor Agravo de instrumento em face da decisão interlocutória proferida nos autos da ação ajuizada por Jaqueline, brasileira, estado civil ..., existência de união estável ..., cantora, inscrita no CPF sob o n.º ..., com endereço eletrônico ..., residente e domiciliada no endereço ..., em Minas Gerais, nesta lide representada por seu advogado ..., pelos fatos e fundamentos que a seguir serão expostos. 5. SÍNTESE DA DEMANDA A editora Cruzeiro, agravante, lançou uma biografia da cantora Jaqueline, agravada, que fez grande sucesso nas décadas de 1980 e 1990, e, por conta do consumo exagerado de drogas, dentre outros excessos, acabou por se afastar da vida artística, vivendo reclusa em uma chácara no interior de Minas Gerais, há quase vinte anos. Poucos dias após o início da venda dos livros, e alguns dias antes de um evento nacional organizado para sua divulgação, por meio de oficial de justiça, a editora foi citada para responder a uma ação de indenização por danos morais cumulada com obrigação de fazer, ajuizada por Jaqueline. No mesmo mandado, a editora foi intimada a cumprir decisão do Juízo da 1ª Vara Cível da Comarca da Capital do Estado de São Paulo, que deferiu a antecipação de tutela para condenar a ré a não mais vender exemplares da biografia, bem a recolher todos aqueles que já tivessem sido remetidos a pontos de venda e ainda não tivessem sido comprados, no prazo de setenta e duas horas, sob pena de multa diária de cinquenta mil reais. decisão acolheu os fundamentos da petição inicial, no sentido de que a obra revela fatos da imagem e da vida privada da cantora sem que tenha havido sua autorização prévia, o que gera lesão à sua personalidade e dano moral, nos termos dos artigos 20 e 21 do Código Civil, e que, sem a imediata interrupção da divulgação da biografia, essa lesão se ampliaria e se consumaria de forma definitiva, revelando o perigo de dano irreparável e o risco ao resultado útil do processo. A decisão, todavia, não merece prosperar, sendo imperiosa sua reforma pelo que será apresentado a seguir: 6. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA 6.1 – ASPECTOS PROCESSUAIS (CABIMENTO DO RECURSO (CLIA TRIP), E COMPETÊNCIA DO JUÍZO) O cabimento do presente agravo de instrumento encontra respaldo no artigo 1.015, I, do Código de Processo Civil , que reza caber agravo de instrumento contra decisão interlocutória que verse sobre tutela provisória, como na demanda em tela. A legitimidade e o interesse da Editora agravante também é evidente partindo-se do pressuposto de que a editora é a parte requerida da demanda principal, bem como é diretamente atingida pela eficácia da decisão. O recurso é adequado, visto que interposto ao Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo, pois a decisão interlocutória impugnada foi proferida pela 1ª Vara Cível da Comarca da Capital do Estado de São Paulo. Adiante, tem-se por tempestivo o recurso de agravo de instrumento pois interposto no prazo de 15 dias úteis a contar da ciência da decisão, por meio da juntada do mandado que comprova o feito aos autos do processo, em atendimento ao artigo 1003, §5º, do CPC, e do artigo 231, inciso II, do mesmo diploma legal. Não há qualquer fato impeditivo ou extintivo do recurso, pois o agravante não desistiu, nem renunciou ao direito de recorrer, nem mesmo concorda com a decisão no sentido de cumpri-la integralmente, sem impugná- la, o que revelaria preclusão lógica. Ademais, o recurso é interposto em peça escrita endereçado a este Corte, competente para julgamento do agravo, com a comprovação do preparo, por meio da guia e do comprovante de pagamento em anexo. Por fim, é inconteste a admissibilidade do presente recurso. 6.1 – ASPECTOS PROCESSUAIS (CABIMENTO DO RECURSO (CLIA TRIP), E COMPETÊNCIA DO JUÍZO) 6.1.1 – EFEITO SUSPENSIVO? Uma vez admitido, é imperioso ao Desembargador relator conceder efeito suspensivo à decisão monocrática para Deve ser deduzido pedido de concessão de efeito suspensivo ao agravo, de forma a evitar risco de dano grave, na forma do Art. 995, parágrafo único e/ou Art. 1.019, inciso I, ambos do CPC/15. Aquele dispositivo diz que “os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso”. Mas, “a eficácia da da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. Ora, retirar a venda dos livros às vésperas do evento nacional que fará a sua divulgação já é motivo suficiente para se perceber o impacto financeiro que uma decisão dessa natureza poderá causar à editora agravante, sem falar numa multa diária de cinquenta mil reais, que reforçaria tamanho dano material sofrido pela editora em face da decisão judicial que merece reforma. 6.2 – ASPECTOS MATERIAIS (CONSTITUCIONAIS, INFRA, SÚMULA E JURISPRUDÊNCIA) No que tange ao mérito, impende salientar que, partindo da norma constitucional, em seu artigo 5º, inciso IX, tem-se que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. Ora, a partir desse direito fundamental, e do que está posto nos artigos 20 e 21 do Código Civil, o Supremo Tribunal Federal teve que se debruçar sobre a matéria, por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 4815, para entender que é inexigível a autorização prévia para a publicação de biografias. Seguindo o voto da relatora, ministra Cármen Lúcia, a decisão dá interpretação conforme a Constituição da República aos artigos 20 e 21 do Código Civil, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença de pessoa biografada, relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas) porque, em apertada síntese, o Supremo Tribunal Federal concluiu que uma regra infraconstitucional (o Código Civil) não pode abolir o o direito de expressão e criação de obras literárias. “Não é proibindo, recolhendo obras ou impedindo sua circulação, calando-se a palavra e amordaçando a história que se consegue cumprir a Constituição”, afirmou a relatora, pois “a norma infraconstitucional não pode amesquinhar preceitos constitucionais, impondo restrições ao exercício de liberdades”. Diante disso, a decisão interlocutória aqui impugnada viola, flagrantemente, os preceitos constitucionais da liberdade de expressão, numa tentativa de apagar a história, e instituir uma forma velada ou ostensiva de censura, incompatível com a democracia. Se houver abuso na liberdade de expressão daquele que relata uma versão da história, que sempre pode ter várias versões, será sempre possível buscar o Judiciário para evitar o excesso, mas nunca para impedir o exercício da liberdade enquanto direito fundamental conquistado. Assim, é absolutamente necessária a reforma da decisão interlocutória impugnada que está na contramão dos ditames constitucionais aqui explicitados. 7. PEDIDOS A) ADMISSIBILIDADE DO RECURSO + EFEITO SUSPENSIVO Isto posto, requer a agravante a admissibilidade do recurso de agravo de instrumento, com a suspensão da eficácia da decisão interlocutória que determinou condenar a ré a não mais vender exemplares da biografia, bem a recolhertodos aqueles que já tivessem sido remetidos a pontos de venda e ainda não tivessem sido comprados, no prazo de setenta e duas horas, sob pena de multa diária de cinquenta mil reais. B) INTIMAÇÃO DO RECORRIDO (INTIMAÇÃO DO MP OU DA FAZENDA?) Seja intimada a agravada, na pessoa do seu advogado, para, no prazo legal, apresentar suas contrarrazões, e depois do prazo de 15 dias das contrarrazões, com ou sem elas, seja intimado o Parquet para apresentar seu parecer, nos exatos termos dos artigo 1.019 do CPC C) PEDIDO PRINCIPAL: PROVIMENTO DO RECURSO PARA REFORMAR OU ANULAR: Seja, ao final, provido o recurso para reformar a decisão interlocutória e permitir a veiculação da obra literária como expressão da liberdade e do Estado Democrático de Direito. D) CONDENAÇÃO DAS CUSTAS, HONORÁRIOS E ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA? Seja, ao final, condenada a agravada no ônus da sucumbência. 8. FECHAMENTO (LOCAL, DATA E ASSINATURA) São Paulo, data. Advogado ... OAB n.º ... A decisão impugnada é uma decisão interlocutória que concedeu tutela provisória, razão pela qual o recurso cabível para sua impugnação é o agravo de instrumento (Art. 1.015, inciso I, do CPC/15), cuja interposição deve ocorrer dentro dos próximos quinze dias úteis (Art. 1.003, § 5º, do CPC/15), já que se contam da data da juntada aos autos do mandado de intimação (Art. 231, inciso II, do CPC/15). No mérito, deve ser impugnada a probabilidade do direito, de acordo com a interpretação conforme à Constituição dada aos artigos 20 e 21 do CC pela jurisprudência superior, no sentido de ser inexigível autorização de pessoa biografada. A ponderação, nesta hipótese, deve privilegiar a liberdade de expressão, assegurada pelo Art. 5º, IX, da Constituição da República, especialmente em se tratando de pessoa notória, cabível somente, em caso de abuso, a responsabilização posterior, mas não a censura prévia. Deve ser deduzido pedido de concessão de efeito suspensivo ao agravo, de forma a evitar risco de dano grave, na forma do Art. 995, parágrafo único e/ou Art. 1.019, inciso I, ambos do CPC/15.
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