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SINDROME DE MÁ ABSORÇÃO INTESTINAL E DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS DIARREIAS: Definida como aumento do conteúdo líquido das fezes, geralmente relacionada ao aumento do número de evacuações (≥ 3 evacuações/dia). Classificação: Local: Mecanismo: o Não invasiva: sem muco/pus/sangue o Invasiva: com muco/pus/sangue Infecciosa ou inflamatória Tempo: o Aguda: ≤ 2 semanas Causa mais comum é infecção Tipo secretório o Crônica: > 4 semanas Causas mais comuns (dependem do país): infecção, DII, deficiência de lactase SÍNDROME DISABSORTIVA: Onde é feita a absorção? Intestino delgado: absorção de nutrientes síndrome disabsortiva Intestino grosso: absorção do resto dos líquidos Definição: falha na absorção do alimento ingerido e/ou falha na digestão para absorver Não são todas as síndromes disabsortivas que acontecem por alteração no delgado. O que mais chama atenção na disabsorção é a esteatorreia Abordagem diagnóstica: Anamnese e exame físico Confirmar disabsorção: o Teste quantitativo de gordura fecal: dieta hiperlipídica por 3 dias – armazenar as fezes > 7g/dia o Teste qualitativo da gordura fecal com corante Sudan III o Teste semiquantitativo: Esteatócrito Definir se a alteração é na absorção (delgado) ou na digestão: o Teste da D-xilose urinária A Xilose não depende da digestão para ser absorvida absorção no delgado e eliminação na urina na forma de D-xilose Normal: > 5 g mucosa normal – alteração na digestão Alterado: < 5g alteração na absorção: Lesão da mucosa Supercrescimento bacteriano Diagnósticos diferenciais: o Pancreatite crônica (digestão): exame de imagem, teste da secretina, ↓ elastase fecal o Lesão da mucosa: exame de imagem + biópsia o Crescimento bacteriano: aspirado duodenal + cultura o Deficiência de lactase: exalação de hidrogênio DOENÇAS DISABSORTIVAS: A. DOENÇA DE WHIPPLE: Agente etiológico: Tropheryma whipplei infiltração de macrófagos PAS positivo na mucosa de delgado Epidemiologia: o Homens ± 50 anos o 1/3 dos casos: zona rural o 2/3 dos casos: história de exposição ao solo ou animais Quadro clínico: o Síndrome disabsortiva SINDROME DE MÁ ABSORÇÃO INTESTINAL E DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS o Artralgia/artrite o Miorritmia oculomastigatória – convergência ocular de acordo com a mastigação Diagnóstico: o Biópsia de delgado: macrófagos PAS + Tratamento: o Ceftriaxone IV (2 semanas) – ataque o SMZ/TMP (1 ano) – manutenção B. DOENÇA CELÍACA: Fisiopatologia: o Predisposição: HLA-DQ2/DQ8, Síndrome de Down, Turner, Williams o Ingestão do “gatilho”: Gliadina do gluten (trigo, centeio, cevada) o Reação imune mediada por linfócitos inflamação da mucosa do delgado Quadro clínico: o Clássico: diarreia alta, esteatorreia, distensão abdominal o Subclínico: Osteopenia + emagrecimento Anemia ferropriva refratária! – doença celíaca e síndrome nefrótica Mulheres: menarca tardia, menopausa precoce, infertilidade, abortos de repetição o Doenças imunes associadas: DM1, Hashimoto, Hepatite autoimune, Deficiência de IgA, Dermatite herpetiforme Diagnóstico: o Clássico: Autoanticorpo positivo – Antitransglutaminase IgA + Biópsia distal do duodeno e bulbo positiva (atrofia de vilosidade, hiperplasia de criptas e linfócitos intraepiteliais) diagnóstico provável Iniciar dieta sem glúten – melhora + anticorpo negativo Doença celíaca o Sociedade Europeia 2020 – em criança sintomática: IgA total e Autoanticorpo positivo – antitransglutaminase IgA ≥ 10x Diagnóstico provável Solicitar Anti-endomísio IgA – se positivo Doença celíaca Se IgA total negativo pode ter os outros anticorpos negativos pedir anticorpo IgG e fazer endoscopia com biópsia o Paciente com síndrome disabsortiva com dermatite herpetiforme biopsiada já pode iniciar o tratamento e solicitar anticorpo para monitorar o tratamento o Adulto: Autoanticopro positivo (antitransglutaminase IgA) + biópsia duodenal positivo doença celíaca Tratamento: o Dieta sem glúten – deve ser bem feita, rigorosa Complicação: Linfoma não Hodgkin intestinal DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS: Doença de Crohn (DC) e Retocolite Ulcerativa (RCU): São doenças idiopáticas e sistêmicas Fator de risco principal: história familiar Mais comum em brancos Pioram com AINE Relação com tabagismo: o Favorece DC o Protege contra a RCU A. RETOCOLITE ULCERATIVA: Anatomopatologia: o Retocólon (poupa ânus) Retossigmoidite (50%) Colite esquerda (30%) Pancolite (20%) – pode ter ileite de refluxo, gerando síndrome disabsortiva Pode ter RCU sem pegar reto – geralmente em crianças (5- 30%) o Superficial – erosões da mucosa o Progressão ascendente e contínua Alterações clínico-patológicas: o Erosões lineares e cincunferencias na mucosa - sangramento colônico SINDROME DE MÁ ABSORÇÃO INTESTINAL E DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS o Perda das haustrações – RX em cano de chumbo o Pseudopólipos Biópsia: Criptite superficial, microabscessos B. DOENÇA DE CROHN: Anatomopatologia: o Boca ao ânus: “poupa o reto” Ileocolite (50%) Anal (33%) o Acometimento transmural o Progressão salteada/ descontínua Alterações clínico-patológicas: o Úlceras aftoides: precoces o Estenoses o Lesão em pedras de calçamento o Fístulas o Fissuras perianais Biópsia: granuloma não-caseoso Manifestações extra intestinais das DII: R – resposta imune (febre, leucocitose, ↑ PCR) C – colangite esclerosante (RCU) U – uveite (mais comum é episclerite) E – eritema nodoso (DC) e pioderma gangrenoso D – dor articular e Espondilite anquilosante C – cálculos renais e biliares (DC) Diagnóstico das DII: Colonoscopia + biópsia o Para ver delgado pode usar a cápsula endoscópica Imagem: o EnteroTC e EnteroRM – mais usado para acompanhamento e avaliação do que para diagnóstico Autoanticorpos: o ASCA – DC (60%) o p-ANCA – RCU (70%) Calprotectina fecal: marcador de inflamação intestinal o Na síndrome do intestino irritável vai estar negativa – Diagnóstico diferencial o Avaliar tratamento também Tratamento clínico das DII: 1. Mesalazina, Sulfassalazina (+ folato): VO ou retal o Dependem da ativação de bactérias colônicas o Agem bem em doença distal 2. Corticoide: retal, VO ou IV o Usar preferencialmente para ataque, indução de remissão 3. Imunossupressor: Azatioprina, Ciclosporina 4. Inibidor TNF-Alfa: Infliximab, Adalimumab Tratamento cirúrgico das DII: Indicações: o Fístulas e fissuras refratárias o Obstrução intestinal (geralmente em DC, se em RCU pensar em neoplasia) o Hemorragia/ megacólon tóxico refratários o Displasia de alto grau ou câncer Quais cirurgias? o Retocolite ulcerativa: Colectomia + ileostomia – geralmente utilizada para urgência (Procto)colectomia + anastomose entre bolsa ileal + reto ou ânus Mulher jovem com desejo de engravidar preferencial anastomose com reto o Doença de Crohn: Ressecção do segmento doente – geralmente na urgência por obstrução intestinal Estricturoplastia (estenoplastia) Complicações das DII: Megacólon tóxico: SINDROME DE MÁ ABSORÇÃO INTESTINAL E DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS o Clínica: distensão + dor + febre + leucocitose + anemia + ↑ FC + ↓ PA e sensório o RX: cólon transverso ≥ 6cm o Tratamento: ATB + corticoide IV ± Ciclosporina ou Infliximab Refratário: colectomia + ileostomia Câncer Colorretal:o Aumento do risco depende da extensão e duração da doença, presença de colangite esclerossante (RCU) o Diagnóstico/vigilância: 8 – 10 anos de doença = ileocolona + biópsia anual o Tratamento: displasia de alto grau ou câncer = colectomia