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Otorrinolaringologia – Amanda Longo Louzada 1 INFECÇÃO DE VIAS AÉREAS SUPERIORES DEFINIÇÃO: Termo genérico pelo qual são chamadas todas as doenças infecciosas que acometem as Vias Aéreas Superiores, quais sejam, o nariz, a faringe e a laringe. Estão entre as doenças infecciosas mais comuns na população. Atingem pessoas de todas as idades, principalmente crianças e idosos; Nesta aula iremos abordar somente NARIZ (próxima aula específica para OROFARINGE e LARINGE. EPIDEMIOLOGIA: Morbidade elevada; Alta frequência de consultas ambulatoriais e Pronto Socorro; Grande número de absenteísmo escolar e laboral; Risco de complicações; Uso abusivo de antibióticos. PATÓGENOS: Vírus são responsáveis pela maioria das infecções; Infecções bacterianas são mais proeminentes na OMA e PNM Streptococcus pneumoniae Haemophilus influenzae Moraxella catarrhalis Streptococcus pyogenes Mycoplasma sp. Chlamydiophila sp. Resistência a antibióticos é mais comum entre S. pneumoniae, H. influenzae, and M. catarrhalis isolados. RESFRIADO COMUM: Infecção de VAS que não têm sintomas de localização, pode ser considerada como um conjunto de infecçõesinespecíficas; Doença aguda autolimitada causada principalmente por um vírus; Não desenvolve imunidade permanente ETIOLOGIA: Quase todas causadas por vírus: Rinovírus (30- 40%) e pelo menos 50% dos resfriados em adultos, Influenza, Parainfluenza, Coronavírus e Adenovírus; Coronavírus e o VSR são responsáveis, cada um, por 10% (2014); Pandemia de COVID-19 (2020-2021); IVAS incidem principalmente do início do outono ao início da primavera INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA: É a doença + frequente entre humanos e a causa isolada + comum de absenteísmo escolar e laboral; Frequência varia com a idade. É comum em crianças com menos de 6 anos, inclusive entre as que não frequentam creches. Em climas temperados, os resfriados são epidêmicos durante os meses de inverno; Pode afetar de 3-4 x um adulto ao ano e 6–8 X uma criança MANIFESTAÇÕES: Provoca mais sintomas de vias aéreas altas. Síndrome catarral aguda por 1 semana aprox., rinorréia (geralmente clara no início da doença, podendo se tornar esbranquiçada ou amarelo- esverdeada.), congestão nasal, irritação da orofaringe e tosse. Pode ocorrer também febre, mal-estar, podendo ou não ter espirros, rouquidão, mialgia, fadiga e conjuntivite (adenovírus). Acúmulo de secreções nos seioS nasais e voz anasalada. Febre > que 38ºC é incomum em adultos e sua presença deve sugerir influenza ou uma complicação bacteriana do resfriado. A diferenciação de uma infecção viral primária e uma infecção bacteriana secundária não é fácil porque os vírus respiratórios podem envolver o ouvido médio ou seios paranasais na ausência de infecção bacteriana; TRANSMISSÃO: Ocorre de pessoa-pessoa, através de mãos e partículas inalatórias maiores e menores (rinovírus) A transmissão do influenza precisa de carga viral menor e possui menor período de incubação; PREVENÇÃO: Vacinas não apresentam grande probabilidade de serem úteis devido à multiplicação dos imunossorotipos e à ausência de uma imunidade sólida para a reinfecção com os outros vírus DIAGNÓSTICO: O autodiagnóstico geralmente é preciso. Testes laboratoriais, inclusive leucograma, não são úteis. O diagnóstico diferencial inclui presença de um corpo estranho intranasal em crianças e Otorrinolaringologia – Amanda Longo Louzada 2 INFECÇÃO DE VIAS AÉREAS SUPERIORES uma rinite alérgica ou vasomotora em adultos e crianças. TRATAMENTO: Apenas sintomático. NÃO FAZER USO DE ATB. PROGNÓSTICO: Ótimo, doença autolimitada. Os sintomas geralmente desaparecem em 5 a 7 dias em adulto e de 10 a 14 dias em crianças e lactente. GRIPE: AGENTE ETIOLÓGICO: Vírus RNA Família Ortomixovírus subdividido em três tipos de vírus antigenicamente distintos: A, B e C. MANIFESTAÇÕES: Início abrupto com febre (38-40ºC), calafrios, cefaléia (generalizada ou frontal), mialgia (+ em pernas e região lombossacra) , artralgia, mal- estar, tosse, dor de garganta, desconforto subesternal, fotofobia e queimação nos olhos; A febre abaixa em 2-3 dias. Achados físicos de rubor, pele quente e ressecada, sudorese, linfadenopatia cervical leve, roncos, sibilos e estertores dispersos Os sintomas sistêmicos predominam no início; À medida que os sintomas sistêmicos diminuem os achados respiratórios se tornam + evidentes; Tosse é o achado + evidente e perturbador; Mulheres no 2º ou 3º trimestre de gravidez podem ter as complicações aumentadas; A influenza ocorre durante todo o ano, mas é mais frequente nos meses do outono e do inverno, quando as temperaturas caem, principalmente no sul e sudeste do país. GRIPE X RESFRIADO COMUM: RESFRIADO COMUM: Geralmente a severidade dos sintomas aumenta rapidamente em 2-3 dias após a infecção, com uma duração média de 7- 10 dias. Alguns sintomas, no entanto, podem persistir por mais de 3 semanas; GRIPE: a associação da tosse e da febre no mesmo paciente apresenta um VALOR PREDITIVO POSITIVO DE CERCA DE 80% em diferenciar a infecção pelo vírus influenza dos outros quadros de infecção viral; Diferentemente da crença popular, a alteração de cor da secreção nasal não é um sinal específico de infecção bacteriana. A secreção mucopurulenta pode ocorrer pela degradação neutrofílica COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS: ¾ das mortes atribuídas ao Influenza; Infecção bacteriana; Idosos e pacientes com doenças metabólicas ou cardio-pulmonares crônicas; Reaparecimento de febre, aparecimento de tosse produtiva ou dor torácica após 7-14 dias do quadro agudo. TRATAMENTO: Orientar a conduta frente os casos de Síndrome Gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave, no país, considerando a atual abordagem terapêutica garantida pelo Ministério da Saúde RINOSSINUSITE AGUDA: A RS é definida como um processo inflamatório da mucosa do nariz e dos seios paranasais caracterizada por: Dois ou mais dos seguintes sintomas: obstrução nasal, rinorréia anterior ou posterior, dor ou pressão facial, redução ou perda do olfato; Um ou mais achados endoscópicos: pólipos, secreção mucopurulenta drenando do meato médio, edema obstrutivo da mucosa no meato médio; E/ou alterações de mucosa do complexo óstio- meatal (COM) ou seios paranasais visualizadas na tomografia computadorizada (TC). RINOSSINUSITE X SINUSITE: “O termo rinossinusite é atualmente consensual, já que a rinite e a sinusite são, frequentemente, uma doença em continuidade. A rinite existe isoladamente, mas a sinusite sem a rinite é de ocorrência rara (ex.: sinusite odontogênica).” ETIOLOGIA: Grande maioria dos casos de RS é viral / Alguns casos pode haver superinfecção bacteriana e mais raramente a RSA já se inicia como um quadro bacteriano; Sinusite bacteriana aguda: ◦ Infecção viral aguda: Obstrução dos óstios de drenagem dos seios; Otorrinolaringologia – Amanda Longo Louzada 3 INFECÇÃO DE VIAS AÉREAS SUPERIORES Distúrbio dos mecanismos de clearence de muco. SINUSITE BACTERIANA AGUDA: Sinusite bacteriana aguda: Aspiração do seio maxilar de 339 pacientes com sinusite comunitária: Crescimento de bactéria em 59% Streptococcus pneumoniae 41%; Haemophilus influenzae 35%; Anaeróbios: 7%; Outros: Moraxella catarrhalis, S. aureus e outras espécies de estreptococos. FUNGOS: Suspeitar em imunossuprimidos: Neoplasias hematológicas; Neutropenia; AIDS avançado; Diabetes. SINTOMAS: A suspeita de uma RS bacteriana após um quadro viral deve ser levantada se houver permanência dos sintomas após 10 dias, ou piora destessintomas após cinco dias; Dor/pressão facial; Obstrução nasal; ↓ olfato; Secreção nasal purulenta (também na viral); Gotejamento nasal posterior; Espirros; ◦ Cefaleia; Dor maxilar; Febre Sinais Sugestivos de Rinossinusite bacteriana: Edema periorbitária, sem hiperemia ou sinais infecciosos, que neste caso levantariam suspeita de alguma complicação Halitose, causada pela presença de secreções purulentas Dor à palpação facial correspondente à região dos seios Secreção em região de meato médio ou nas fossas nasais Drenagem posterior de secreção mucopurulenta Hiperemia da parede posterior da orofaringe Exame Físico: Sinal de Ewing: dor à compressão do arco supraciliar (indicativo de sinusite frontal) Sinal de Grunwald: dor à compressão da parede medial da órbita (indicativo de sinusite etmoidal) DIAGNÓSTICO: O diagnóstico da RSAB é clínico, baseado em sintomas e sinais. Caracteriza-se pela presença de dois ou mais sintomas, que devem ser: obstrução / congestão nasal ou descarga nasal (gotejamento nasal anterior / posterior); associados ou não a pressão / dor facial e / ou redução ou perda do olfato. É baseado na história clínica e nos achados de exame físico; Raio-X: observar a qualidade, se desenvolvimento do seio paranasal é compatível com a idade e não utilizá-lo como parâmetro de melhora ou cura; Um exame normal deve ser interpretado com cautela, pois em um estudo realizado na disciplina de ORL da USP, em 43% dos pacientes com diagnóstico de rinossinusite aguda atendidos no PS , o raio X encontrava-se normal. Imagem não é recomendada nos casos não complicados; Na ausência de forte evidência clinica: a duração da doença é útil: Sinusite bacteriana é incomum em pacientes com menos de 7 dias de sintomas!!! 0,5 a 2% das IVAS evoluem para uma rinossinusite bacteriana, e aproximadamente Otorrinolaringologia – Amanda Longo Louzada 4 INFECÇÃO DE VIAS AÉREAS SUPERIORES 90% das rinossinusites bacterianas são precedidas por um episódio viral. TRATAMENTO: Resolução da inflamação/infecção = patência do complexo osteo-meatal. Desbloqueio nasal Soro fisiológico nasal, descongestionantes, corticóides nasais; Sintomáticos: Descongestionante oral x nasal; Anti-histamínico (pacientes alérgicos); Anti-inflamatórios: AINEs (sem evidência) Corticoide intranasal. ATB. COMPLICAÇÕES: Celulite periorbitária (eritema, edema, febre e toxemia); Tromboflebite séptica do seio cavernoso; Meningite; Empiema subdural; Abscesso cerebral. INFECÇÕES FÚNGICAS DOS SEIOS PARANASAIS: Podem existir vários fungos normalmente encontrados no meio ambiente no nariz e nos seios paranasais da maioria das pessoas saudáveis; Bolas de fungo: supercrescimentos do fungo Aspergillus em pessoas em geral saudáveis. Os sintomas incluem dor nos seios paranasais, pressão, congestão nasal e drenagem de líquidos. A cirurgia é necessária para abrir os seios paranasais afetados e eliminar os resíduos de fungos. Sinusite fúngica invasiva: Imunodeprimidos (quimioterapia ou por doenças como diabetes mal controlado, leucemia, linfoma, mieloma múltiplo ou AIDS. Ela pode se disseminar rapidamente);